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Naomi Sugita Reis PROCESSO PENAL II ___________________________________________ A INFLUÊNCIA DO DIREITO PENAL DO INIMIGO NO DIREITO PROCESSUAL Jakobs parte do pressuposto do contrato social onde todos têm sua liberdade, mas, concordam em diminuí-la em favor do Estado, que é o ente que luta pelo bem comum. Com isso, cidadão é o sujeito que age de acordo com as regras do contrato social, e inimigo é a pessoa que se recusa a agir segundo as regras estabelecidas. Após o atentado de 2001, é possível relacionar, ainda, o direito penal do inimigo como os islâmicos frente aos EUA. Assim, se compararmos o julgamento do cidadão e do inimigo quando os mesmos praticarem um crime, no direito penal do cidadão, ele tem que ter a garantia de todas as regras do direito processual penal para que só depois possa ser punido. Mas não o inimigo, ele tem que ter um processo penal rígido com menos garantias, até porque, por não respeitar o contrato social, este não precisará ser seguido em relação a ele. O problema deste direito penal é que o inimigo é uma feição que pode ser encaixada a qualquer pessoa, e na sua busca, passamos a relativizar as garantias bem como a abranger o conceito do inimigo e, com isso, abranger ainda mais a diminuição de garantias. TEORIA GERAL DAS PROVAS O Processo Penal sempre aborda fatos do passado, trazendo uma reconstrução de um acontecimento, podendo o juiz tomar conhecimento deste através das provas e podendo, ainda, dizer o direito dando sua sentença ao final {que é a versão que o juiz criou para aqueles fatos}. Quando se fala de verdade real, a doutrina trata como um dogma já superado, sendo como uma crença de que em um processo poderá ser atingida a verdade absoluta, exatamente como ela foi. Sendo então um resultado do sistema inquisitório, em que o juiz precisa buscar provas e chegar a verdade - os fins justificando os meios. Um processo nunca dará os fatos exatamente como o são, ainda que não haja má-fé. Nos dias de hoje, é defendida a verdade processual por Gustavo Badaró, em que a finalidade do processo não é de chegar a verdade, mas esta sendo como uma probabilidade de que os fatos ocorreram de determinada maneira. Porém, Aury Lopes o crítica em relação a verdade processual que emana do processo, pois não tem como gerar a qualquer verdade, sendo a sentença como um ato de convencimento do juiz. O juiz não conhece a verdade dos fatos, o que ele conhece é contaminado, porque cada um de nós tem visões diferentes. Citando Carnelucci, a 1

Processo Penal 2.1. - WordPress.com · 2019. 1. 17. · O Processo Penal sempre aborda fatos do passado, trazendo uma reconstrução de um acontecimento, podendo o juiz tomar conhecimento

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  • Naomi Sugita Reis

    PROCESSO PENAL II ___________________________________________

    A INFLUÊNCIA DO DIREITO PENAL DO INIMIGO NO DIREITO PROCESSUAL

    Jakobs parte do pressuposto do contrato social onde todos têm sua liberdade, mas, concordam em diminuí-la em favor do Estado, que é o ente que luta pelo bem comum. Com isso, cidadão é o sujeito que age de acordo com as regras do contrato social, e inimigo é a pessoa que se recusa a agir segundo as regras estabelecidas. Após o atentado de 2001, é possível relacionar, ainda, o direito penal do inimigo como os islâmicos frente aos EUA. Assim, se compararmos o julgamento do cidadão e do inimigo quando os mesmos praticarem um crime, no direito penal do cidadão, ele tem que ter a garantia de todas as regras do direito processual penal para que só depois possa ser punido. Mas não o inimigo, ele tem que ter um processo penal rígido com menos garantias, até porque, por não respeitar o contrato social, este não precisará ser seguido em relação a ele. O problema deste direito penal é que o inimigo é uma feição que pode ser encaixada a qualquer pessoa, e na sua busca, passamos a relativizar as garantias bem como a abranger o conceito do inimigo e, com isso, abranger ainda mais a diminuição de garantias.

    TEORIA GERAL DAS PROVAS

    O Processo Penal sempre aborda fatos do passado, trazendo uma reconstrução de um acontecimento, podendo o juiz tomar conhecimento deste através das provas e podendo, ainda, dizer o direito dando sua sentença ao final {que é a versão que o juiz criou para aqueles fatos}.

    Quando se fala de verdade real, a doutrina trata como um dogma já superado, sendo como uma crença de que em um processo poderá ser atingida a verdade absoluta, exatamente como ela foi. Sendo então um resultado do sistema inquisitório, em que o juiz precisa buscar provas e chegar a verdade - os fins justificando os meios. Um processo nunca dará os fatos exatamente como o são, ainda que não haja má-fé.

    Nos dias de hoje, é defendida a verdade processual por Gustavo Badaró, em que a finalidade do processo não é de chegar a verdade, mas esta sendo como uma probabilidade de que os fatos ocorreram de determinada maneira.

    Porém, Aury Lopes o crítica em relação a verdade processual que emana do processo, pois não tem como gerar a qualquer verdade, sendo a sentença como um ato de convencimento do juiz. O juiz não conhece a verdade dos fatos, o que ele conhece é contaminado, porque cada um de nós tem visões diferentes. Citando Carnelucci, a

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  • Naomi Sugita Reissentença tem que dar uma certeza jurídica, sendo o mais próximo da realidade, aproximando-se da idéia de Badaró, porém não sendo atingida nenhuma verdade.

    SISTEMAS PROCESSUAIS

    I. Sistema acusatório: {Roma Antiga} ele tem, em primeiro lugar, uma distinção muito clara entre julgar e acusar. A produção probatória cabia às partes e ao juiz caberia simplesmente julgar, portanto, o juiz não produzia prova. O contraditório e a ampla defesa eram presentes neste sistema.

    A. Críticas: a crítica maior é o fato de deixar as manifestações judiciais condicionadas às provas que eram trazidas pelas partes. Isso se dá pela possibildade de as partes omitirem provas. com essa crítica pode ser justificado que o juiz deveria interferir para a produção de provas e então julgar.

    II. Sistema inquisitório: {Idade Média até a Revolução Francesa} tem como grande característica o juiz passar a agir não só como julgador, mas como o sujeito que iniciará a produção das provas. O grande ponto é de que o juiz passa a ter as hipóteses na cabeça dele e passa agir para comprovar suas próprias suspeitas. O Direito Canônico contribuiu para a disseminação desse sistema. O réu passa a ser objeto de prova, pois é necessário arrancar dele a verdade e como ele deveria estar à disposição do juiz, haviam inúmeras prisões provisórias. E como era necessário que o réu “confessasse”, haviam, também, inúmeros métodos de tortuta, para poder chegar a essa confissão. Além do processo deixar de ser público, foram abolidos o contraditório e a ampla defesa. Tudo isso com a justificativa da proteção do interesse público {Estado-Igreja}. Não é só a unificação, mas quem produz a prova, isto é inquisitório. Depois de todos os abusos e depois da Revolução Francesa, há o início de um sistema misto.

    III. Sistema misto: {depois da Revolução Francesa} o sistema inquisitório deveria ser superado, mas não dava para abrir mão dele. Um ideal era de que não tinha como uma pessoa, ao mesmo tempo, produzir provas e julgar. À partir do momento em que há uma separação da produção de provas e do julgamento, terá uma fase de inquérito {ex. procedimento do delegado} e uma fase de julgamento {ex. processo presidido pelo juiz após a denúncia do MP}. O processo, hoje em dia, é misto, pois temos uma investigação preliminar e depois um processo de julgamento. O sistema misto é quando o juiz não tem acesso às provas produzidas no inquérito policial e ele não pode produzir provas.

    • No Brasil temos o sistema neoinquisitório, porque o juiz pode produzir provas e tem acesso ao inquérito policial {art. 155, 156 CPP} o ponto chave é a produção da prova, o seja, o sistema é acusatório quando o juiz não produz prova e o sistema será inquisitório quando o juiz puder prouzir provas.

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  • Naomi Sugita ReisPRINCÍPIOS

    I. Contraditório e ampla defesa: Direito à informação + reação com paridade de armas. Junto ao contraditório vem o direito fundamental à informação {de existência da prova, de que a prova está presente no processo}. A partir do momento em que há o direito à informação {contraditório}, nasce o direito de questionar amplamente {dentro dos termos legais} aquela prova. O contraditório não é só informação, é uma informação que dá direito à defesa dos interesses {serve tanto para o réu quanto para o autor}. A defesa deve ser feita de maneira ampla e com paridade de armas.

    II. Identidade física do juiz: {art. 399 §2º CPP} o juiz do processo onde foram produzidas as provas deve ser o mesmo juiz que sentenciará a ação penal. O juiz que tem contato direto com a prova, é o juiz que conhecerá melhor o processo e dará uma decisão mais adequada às provas apresentadas. É um princípio muito dificil de ser seguido, ou seja, ele é facilmente mitigado {CPC/73 - a regra é a identidade física do juiz, mas pode ser quebrada em variados casos}. Diante de situações de férias, de remoção de juízes, promoção, entre outros, não há previsão legal. A sentença que é dada por um juiz que não foi o mesmo que acompanhou o processo não será nula. O que se espera hoje, é de que os critérios do CPC/73 sejam transferidos. Este princípio deve ser observado, mas ele não tem aplicabilidade absoluta.

    III. Presunção de inocência: {art. 5º LIII - CF} ninguém poderá ser considerado culpado antes do trânsito em julgado de uma sentença. Olhando para o âmbito processual, esse inciso impõe um dever de tratamento → o acusado deve ser tratado como inocente durante todo o processo pelo juiz. O juiz não pode tomar medidas partindo do pressuporto de que essa pessoa é culpada. A consequência processual desse dever de tratamento → IN DUBIO PRO REU. Há uma presunção que deve ser quebrada pelo acusador.

    ÔNUS DA PROVA artigo 156 CPP

    Ônus é um encargo que cabe às partes de demonstrar, por meio de provas, o que está alegando. O ponto de partida do ônus da prova é sobre a acusação, tendo que produzir provas que permitam a quebra da presunção de inocência - autoria - e provar a materialidade de um crime. Se não for possível comprovar isso, de maneira inequívoca, não haverá quebra da presunção de inocência.

    I. Álibi: neste caso, basicamente, é uma prova de que o réu não estava no local dos fatos e que não poderia praticar o crime. Ele é trazido pela defesa, comprovando que o réu estava em outra localidade. O álibi é um interesse da defesa, e não um ônus. Não há uma presunção de culpa, portanto, o réu não é obrigado a comprovar sua inocência. Mas, a acusação tem ônus de rebater todas as teses do sujeito → quebrar a presunção de inocência. Se a defesa apresentar um álibi mentiroso, não será comprovado que ele praticou o crime, a acusação ainda deverá comprovar a autoria.

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  • Naomi Sugita Reis II. Tipicidade: a acusação precisa comprovar não apenas a autoria, mas que a conduta se

    enquadra nos termos de um tipo penal {também por meio de provas}. Entretanto, há polêmica em relação aos elementos subjetivos {o que se passa na cabeça da pessoa}.

    A. O ônus de comprovar um crime culposo {negligência, imprudência ou imperícia} é da acusação.

    B. Em relação aos crimes dolosos, há uma divergência na doutrina. Segundo a antiga, o dolo é presumido - o que viola a presunção de inocência. E a doutrina mais moderna diz que a acusação tem que mostrar o dolo, por meio de elementos externos.

    III. Antijuridicidade: o crime não é só tipicidade, é também culpabilidade e antijuridicidade. Geralmente, quando existe a tipicidade, já há indício de antijuridicidade, aí então terão que existir as excludentes de antijuridicidade para que possa ser retirada a ideia de crime. O ônus da comprovação de que uma conduta não é antijurídica {presença de uma causa excludente de antijuridicidade - art. 23 CP} é da defesa {entendimento majoritário da doutrina} → se a defesa não comprovar o excludente de ilicitude, o réu será condenado. A doutrina trabalha com um conceito de que a antijuridicidade é um fato impeditivo, ela impede o direito punitivo do Estado, portanto, quem tem o ônus de alegar e comprovar os excludentes é a própria defesa. Entretanto, a doutrina mais atual tem defendido que a acusação quando narra na denúncia um fato, este é criminoso. Cabe à acusação comprovar que o fato é típico e que não estão presentes nenhuma das causas de excludentes de antijuridicidade, para que possa o réu ser condenado. O réu, portanto, tem interesse em comprovar os excludentes, entretanto, não tem o ônus. É ônus da acusação comprovar a conduta antijutrídica.

    A. No caso de dúvida da existência de antijuridicidade, se for pelo princípio do in dubio pro reu, o acusado será absolvido. Ocorrendo dúvidas da existencia da causa de exludente de antijuridicidade, mesmo que essa prova não tenha sido comprovada por A + B é possível a absolvição do acusado, também.

    IV. Culpabilidade: {imputabilidade; potencial consciência da ilicitude; exibilidade de conduta diversa - estando presentes esses três elementos, existirá culpabilidade}. Mas, que nem na antijuridicidade, para a doutrina majoritária, o ônus de comprovar que a conduta é culpável é da defesa. Enquanto, na doutrina atual, quem tem o ônus é tanto a defesa quanto a acusação.

    V. Inversão do ônus da prova: lavagem de dinheiro - existe um crime antecedente, anterior, que dá ganhos provenientes de ilicitude. O sujeito vai ocultar, dissminar a origem ilícita do dinheiro. Portanto, o dinheiro, depois da lavagem, será lícito. A inversão do ônus da prova está presente no art. 4º da Lei 9.613/98 - a qual prevê medidas assecuratórias {durante a investigação de lavagem de dinheiro, descobre que o pai faturou com obras superfaturadas, ai ele comprou um apartamento em BC em nome do filho - limpou o dinheiro} o juiz fala que o apartamento pode ser congelado,

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  • Naomi Sugita Reisbloqueado cautelarmente, para poder preservar o bem em caso de eventual condenação - não faz isso para punir a pessoa, mas para poder vender o apartamento em caso de condenação e então poder reaver esse dinheiro lavado. O art. 130, I e II do CPP prevê a possibilidade do filho entrar no processo e falar para o juiz que ele é um terceiro de boa-fé e que deu o dinheiro lícito para o pai comprar o apartamento. A liberação do bloqueio só vai acontecer se a parte comprovar que o dinheiro é lícito {no caso de medida assecuratória} → por isso que é a inversão do ônus da prova, porque antes o ônus era do MP de comprovar que o dinheiro era de “picaretagem” e, para liberar o bloqueio feito pela medida assecuratória, o ônus é da defesa {isso não acontece no processo, porque continua sempre a acusação com o ônus da prova}.

    ELEMENTOS INFORMATIVOS E ELEMENTOS DE PROVA

    Elementos informativos são aqueles colhidos no inquérito policial, portanto, não submetidos ao contraditório e ampla defesa. Segundo o artigo 155 do CPP, o juiz não pode se fundar exclusivamente nos elementos informativos.

    Os elementos de prova são produzidos sob o crivo do contraditório e da ampla defesa. A prova é um elemento de juízo. O elemento de informação que vem do inquérito policial pode ser utilizado para o convencimento do juiz, mas de maneira complementar e não exclusiva - o juiz tem que olhar para as provas produzidas no processo, mas se ele achar que precisa de alguma informação a mais, ele pode complementar seu convencimento com os elementos informativos - feitos no inquérito policial.

    PROVAS CAUTELARES

    São aqulas provas produzidas antes do tempo por motivos de necessidade. Elas são produzidas antes, a fim de evitar seu desaparecimento. Em regra, elas só podem ser produzidas com ordem judicial. O maior exemplo é interceptação telefônica - efeito surpresa - se não for decretada em determinado momento anterior, as conversas serão mais cuidadosas entre os investigados e seria possível evitar a condenação.

    Essa produção de prova, mesmo sendo produzida por juiz, não se submete ao contraditório e à ampla defesa regulares. Existe um contraditório diferido, nesse caso a parte não participa da produção da prova, mas poderá, em momento posterior da formação da prova, se manifestar.

    PROVAS ANTECIPADAS

    Também há risco de desaparecimento só que, neste caso, o contraditório é real, e não diferido, que nem nas provas cautelares. Apesar de a prova ser produzida com antecedência, as partes vão participar da produção dessa prova. O que tem que ser feita é a antecipação do momento de produção da prova. Nesse caso, o juiz com fundamento no artigo 155 CPP vai iniciar a audiência antecipadamente. Por mais que a testemunha seja ouvida antes do momento adequado, a acusação e a defesa poderão fazer-lhe perguntas.

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  • Naomi Sugita Reis

    O artigo 366 do CPP prevê que no caso de revelia da citação, vai ser suspendido o processo e suspendida a prescrição, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas entendidas como urgentes, com observância do contraditório {com perguntas da defesa e do MP}. O juiz não pode simplesmente determinar a produção antecipada de provas, sempre que houver revelia - Sumula 455 STJ: no caso da revelia, o juiz só pode determinar a produção antecipada das provas se ele fundamentar a decisão concretamente - indicando a necessidade de antecipar a prova, explicando o porquê que ele tomou a decisão, baseando-se nos elementos do processo. A fundamentação de que as vitimas esquecerão com o tempo não cola.

    O juiz tem que observar os artigos 381 a 383 do CPC, que regulam a produção antecipada de provas, analogicamente, eles servem para o Processo Penal.

    PROVAS NÃO REPETÍVEIS

    Além de haver uma produção antecipada de provas, elas não serão repetíveis e o delegado está autorizado para produzir essas provas, caso contrário, elas desaparecem. Elas, portanto, podem ser produzidas por quem investiga. {Art. 6º, VII - CPP}. Exemplos: um caso de homicídio, estupro, soco na cara fazer exames na vítima {para gerar prova da lesão}.

    Quando os elementos são colhidos, eles vão ser submetidos a perícia e então será feito um laudo. O qual será juntado aos autos e ambas as partes terão possibilidade de apresentar um parecer sobre esse laudo {contraditório}, podendo nomear um assistente técnico para auxiliá-las na formulação das perguntas que serão feitas ao perito {o qual pode ser ouvido em audiência ou escever}.

    PROVA EMPRESTADA

    Ocorre quando uma prova é produzida em um processo e é originalmente emprestada a outro processo. Quando a prova é emprestada, esta terá a mesma natureza do processo de origem, tendo o mesmo peso probatório, também.

    Para uma prova poder ser emprestada, é necessário que ela seja validamente produzida. Ou seja, nesta situação, há de serem observadas as regras legais de produção de prova. Além disso, ela tem que ser integralmente transferida.

    Existem o processo A e o processo B, o primeiro está julgando roubo {art. 157 CP} e o segundo está julgando furto {art. 155 CP}, e ambos julgam o mesmo réu. Então, no processo B, tem uma determinada testemunha, no seu depoimento, acabou de produzir uma prova contra o réu no processo A {depois da denúncia, o MP não pode simplesmente arrolar mais testemunhas, portanto essa testemunha supracitada não poderá testemunhar no processo A. Ou seja, a prova vai ser emprestada a esse processo}.

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  • Naomi Sugita ReisI. Limites:

    A. Tem que ser produzida perante um juiz natural: o juiz com poder, proveniente da CF e da lei, de julgar o fato. A doutrina minoritária diz que os dois processos que estão ocorrendo devem estar sob a jurisdição do mesmo juízo {mesma vara}. E a doutrina majoritária diz que é necessário apenas que haja um juiz com poder jurisdicional para julgar os casos, independentemente do local do juízo - o processo tem que correr, portanto, perante o Poder Judiciário.

    B. Os processos têm que ter o mesmo objeto: pode pegar a prova de processo civil, ou trabalhista e emprestar para o penal, mas, como é uma prova testemunhal, passa a ser prova documental {não vai ter a mesma natureza} a qual pode ser contraditada de várias maneiras diferentes, ou seja tem um peso menor.

    C. Devem ser observados o contraditório e a ampla defesa: no processo original, tem que ter o mesmo réu e o contraditório e a ampla defesa dele, tendo um advogado, ter feito perguntas à testemunha…

    D. Validamente produzida: para uma prova poder ser emprestada, é necessário que ela seja validamente produzida. Ou seja, nesta situação, há de serem observadas as regras legais de produção de prova.

    PROVAS NOMINADAS E INOMINADAS

    São as provas que estão previstas, tipificadas na lei. Como, por exemplo, a interceptação telefônica.

    São as provas que não possuem previsão legal. Portanto, elas poderão ser produzidas em casos excepcionais. Um exemplo, para o Processo Penal, pode ser o programa “Teste de Fidelidade”. {Artigo 369 CPC}.

    INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ Artigo 156 - CPP

    I. Durante a investigação preliminar {inciso I}: provas urgentes e relevantes. Ele não pode investigar de ofício durante o inquérito, porque ele não é acusador, ele é julgador. E é o Ministério Público quem deve acusar {baseando-se na CF}. {Art. 3º da Lei 9034/95: o juiz poderia liderar totalmente o processo que investigava tráfico de drogas etc - foi declarado inconstitucional - contra o artigo 29 da CF}. Entretanto, o juiz pode agir mediante invocação por parte do delegado {ele não forma a prova para sua convicção, ele apenas serve para garantir os direitos do investigado}.

    II. Durante o processo {inciso II}: temos, no Brasil, uma neoinquisição, como visto anteriormente. É trabalhado com a ideia de que o juiz tem que ser imparcial, mas ele poderá produzir provas para dirimir dúvidas em relação às provas que já foram

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  • Naomi Sugita Reisproduzidas. Ele não pode tomar lugar da parte no processo, fazendo perguntas que vão além. O juiz precisa fundamentar as suas perguntas, dizendo o porquê de estar produzindo as provas {se ele não fundamentar, essas provas perderão a validade}.

    LIMITAÇÕES PENAIS AO DIREITO À PROVA

    À partir do momento em que o juiz pode produzir provas, estas não podem substituir as produzidas pelas partes, elas serão apenas complementares. Quando a prova é juntada no processo, ela não vai ser exclusivamente da defesa ou da acusação - a prova é do processo no todo {qualquer um poderá fazer menção a ela no processo}. O magistrado fará, então, uma análise do conjunto probatório, para então julgar. Ele tem o poder de negar que determinadas provas cheguem ao processo por elas não terem nada a ver com o que está sendo julgado.

    Art. 400, §1º - CPP: A regra é a inclusão total das provas {todas as provas devem ser juntadas}, mas há uma exceção, a qual diz que as provas juntadas devem ter relação com o fato narrado pela acusação {por ser a prova impertinente, irrelevante, protelatória}. Isso pode acontecer quando o advogado de defesa arrola diversas pessoas fora da cidade - para ter várias cartas precatórias e demorar mais.

    PROVAS ILEGAIS

    I. Provas ilícitas: art. 5º, LVI - CF e o art. 157 - CPP trazem pra nos o que é a prova ilícita. São as provas que violam as normas constitucionais e direito material {Código Penal}. A criação da prova ilícita viola regras constitucionais, e viola o direito material, porque quando é criada uma prova fazendo um ato ilícito, a prova será ilícita, por tabela {confissão mediante tortura; invadir domicílio e interceptação telefônica - ambos sem mandado judicial}. A prova ilícita será nula, não poderá ser repetida e deverá ser destruída {o conteúdo não poderá ser repetido -impossibilidade} porque foram colhidas em um momento de surpresa. Esse tipo de prova acontece, normalmente, quando não tem autorização judicial.

    A. Provas ilíticas originárias {art. 157 - CPP}: são as provas produzidas por meio de um crime {interceptação telefônica sem mandado judicial, por exemplo}.

    B. Provas ilícitas por derivação {art. 157 §1º - CPP}: em uma interceptação telefônica ilegal {originária} o reu fala que ele matou a vítima e que a faca com o sangue da vítima está na casa de um terceiro, então com um mandado judicial entra na casa do terceiro e apreende a faca {lícito, aparentemente}, além disso faz um exame de DNA {lícito, aparentemente}. A apreensão e o exame de DNA serão provas ilícitas por derivação, pois dependem da prova ilícita originária - Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada {se a base é ilícita, o que deriva dessa base é ilícito também}. Outro exemplo, em que o réu é torturado e revela os bens onde estão os bens da vítima {será tudo ilícito}. Entretanto, só será ilícita a prova por derivação se houver nexo de causalidade entre ela e a prova original.

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    C. Limitações às provas ilícitas por derivação:

    1. Teoria da fonte independente: se a acusação comprovar que conseguiu a nova prova de maneira completamente independente {sem nenhum tipo de contato com a prova ilícita}, ela será considerada legal.

    2. Teoria da descoberta inevitável: quando é comprovado que, apesar da prova ilícita originária, era inevitável a acusação chegar a essa nova prova. Essa teoria pode ser adotada no Brasil por causa do artigo 157 §2º - CPP : a prova nova seria encontrada.

    D. Teoria da serendipidade: {encontro fortuito de provas} você tem um telefone interceptado legalmente por um cirme de estelionato, e uma pessoa te liga e confessa um homicídio. Pode ser considerada a confissão e todas as outras provas válidas contra a pessoa que confessou. Dentro da finalidade da investigação, quando é descoberta prova contra terceiros que não têm nada a ver com a investigação, essas provas são consideradas dentro da lei - lícitas. Se a autoridade estiver dentro da lei e dentro da finalidade na produção de provas, o que deriva disso estará dentro da lei também. Quando a polícia vai apreender um tigre na casa de um indivíduo e um dos policiais entra na casa desse indivíduo e começa a fuçar nas gavetas e descobre que ele estava sonegando impostos, mas ele saiu da finalidade do ato de apreender o tigre, portanto, não tem como ser lícita e nem utilizada. No caso de investigação do escritório de advocacia, se o advogado está sendo investigado, não pode ser apreendido nada que comprove crime de seus clientes {só poderão ser usados os documentos do cliente se tiver ligação com o advogado}.

    II. Provas ilegítimas: são as provas em que a violação atinge norma processual, são criadas em desrespeito às normas do processo {Legislação extravagante ou CPP} - quando viola o artigo 226 - CPP {quando não são colocadas as 5 pessoas para a vítima identificar quem era o autor do crime}. Quando elas são ilegítimas, há a aplicação do regime das nulidades - a prova ilegítima será nula, e para provar isso vai ter que justificar {art; 563 e ss - CPP}. Os atos nulos deverão ser repetidos {art. 573}.

    PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE

    I. Pro reo: a justiça tem admitido a utilização de prova ilícita, desde que esta seja o único meio de prova de inocência do réu. Os argumentos mais poderosos são o estado de necessidade ou legítima defesa {a conduta da pessoa é típica, em regra, mas acaba não sendo uma conduta ilícita tendo em vista sua situação}.

    II. Pro societate: é legítima a utilização de provas ilíticas para condenar um “inimigo”. Em relação a grandes estragos causados por pessoas que realizaram ilícitos. Tem os inimigos, portanto, contra os inimigos pode fazer tudo, supostamente. Mas é uma relativização perigosa. Não é utilizado isso no direito brasileiro.

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    LIMITES EXTRAPENAIS DA PROVA

    Os limites penais da prova são que o juiz pode indeferir determinadas provas quando elas são impertinentes e as provas ilegais não podem ser utilizadas no processo {com exceção da proporcionalidade pro reo}. Os limites extrapeais da prova são os que se encontram no Código Civil, ou no âmbito cível, por exemplo.

    SISTEMAS DE AVALIAÇÃO DE PROVA

    O que a lei fala sobre a vinculação do juiz com as provas produzidas no processo.

    I. Íntima convicção: o magistrado é livre para apreciar a prova e chegar às suas conclusões. Ele pode firmar a sua decisão baseada na sua íntima convicção, mas com elementos que, muitas vezes, não estão no processo {julga de acordo com o que ele sente}. Em virtude de sua íntima convicção, não há necessidade de fundamentação. Mas, isso não pode ser utilizado, devido a nossa legislação, a qual impõe a fundamentação/ motivação {o juiz olhar a prova do processo e dizer o que ele acha}. Entretanto, existem hoje em dia um caso em que pode ser usada essa íntima convicção: Tribunal do Júri {o jurado decide o caso e não precisa fundamentar} - a qual pode ser alvo de uma apelação, ainda.

    II. Prova tarifada: sistema de regras legais. Quem dá valor à prova é a lei e não o juiz, o qual deverá ir de acordo com essa valoração. A confissão é a rainha das provas - é um sistema de prova que tem como origem o processo inquisitório E NÃO VALE MAIS. Podem ser trazidas 500 testemunhas que falem uma mesma coisa {de que uma pessoa matou o irmão}, mas é necessário um documento falando do parentesco {documental}.

    III. Livre conhecimento motivado: o juiz tem liberdade para fazer seu conhecimento e todas as provas do processo são consideradas iguais, perante ele. É desse sistema que decorre que o mundo do juiz é o mundo dos autos {ele não pode julgar baseando-se em algo que está fora do processo}. O juiz tem liberdade para ponderar os elementos de provas, mas ele deve explicar o porquê que para ele determinadas provas tiveram mais peso do que outras para firmar o seu conhecimento e o motivo de sua decisão. Ele tem que motivar porque é necessário que haja uma espécie de controle.

    PROVAS EM ESPÉCIE

    EXAME DE CORPO DE DELITO

    I. Corpo delito: não é um corpo de uma pessoa, mas toda a cena de um delito - vestígios que são deixados pela prática de um delito. Por exemplo, em um caso de latrocínio: é feito um laudo do local, da arma, do corpo. Vale para todos os crimes que deixem vestígio.

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  • Naomi Sugita ReisII. Exame de corpo de delito: é um exame realizado por pessoas com conhecimento

    técnico, o qual recai sobre os vestígios que são deixados pela prática de um delito, para dizer o que aconteceu, como… Ele é importante, mas não é o único laudo pericial que existe em um processo {podem ser feitos laudos em outas ocasiões, que não sejam de corpo de delito}. O delegado toma conhecimento, manda a polícia e a lei da um poder para eles de isolarem o local {não precisa de mandado judicial}. O juiz, de maneira complementar, pode pedir determinadas perícias, assim como as partes. O exame pode ser realizado em qualquer data, horário e local. O artigo 184 - CPP prevê que o magistrado não pode negar a realização do exame de corpo de delito, assim como no artigo 400, §1º - se for impertinente a perícia, será indeferida.

    A. O laudo de insanidade mental só pode ser produzido mediante autorização ou determinação judicial, ao contrário do exame de corpo de delito {art. 149 CPP} - o delegado tem que requerer junto ao judiciário a realização desse laudo.

    III. Laudo pericial: é o documento produzido pelos peritos, que deverão expor o que eles analisaram e suas conclusões. Os termos do laudo pericial estão no art. 160 CPP. Ele começa descrevendo as características do que ele analisa, depois ele descreve os métodos que ele utilizou para fazer a perícia. Esse laudo é extremamente específico. A regra é que a perícia seja feita por peritos oficiais {concursado e portador de diploma superior}. O laudo feito por peritos oficiais será subscrito por apenas um perito. E os laudos de peritos não oficiais serão subscritos por dois peritos. Em caso de perícias complexas, que exigem mais de um perito oficial de áreas diversas, é possível a nomeação de dois ou mais peritos {mas cada perito pode entender de maneira diferente, eles devem nesse caso, cada um apresentar o seu laudo e suas razões de convencimento técnico e o juiz vai, então, nomear um terceiro perito, o qual decidirá o que quiser, e o juiz então vai analisar baseado em todos os laudos}. A Sumula 361 STF diz nulo o exame realizado por um só perito {mas isso não vale mais - um perito só oficial pode lavrar o laudo}. Entretanto, em relação aos peritos não oficiais é que ela vale, assim como nas perícias completas.

    A. Peritos oficiais e não oficiais: quem faz esse laudo é um perito, que no caso do processo penal, podem ser oficiais ou não oficiais. O perito é um auxiliar técnico do magistrado. Quem escolhe é o juiz. Os peritos sofrem as mesmas regras de impedimento e suspeição que o juiz {art. 280 CPP}. Em relação ao juiz deprecante e deprecado, em ação penal pública, será o deprecado que vai escolher, mas tem exceção na ação penal privada {as partes podem entrar em um acordo para escolher qual vai ser o juízo (deprecante ou deprecado) que produzirá a prova}. O perito tem que prestar compromisso e caso ele incorra em algum erro doloso, reponderá ele por crime de falsa perícia. Existem os peritos não oficiais, que não são concursados mas possuem diploma de curso superior e habilitação técnica {aplicando a regra do art. 327 CP - funcionário público todos que exercem atividade pública - por isso que os peritos não oficiais passam a ser considerados funcionários públicos para fins penais}, além disso, eles estão sujeitos a impedimento e suspeição.

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  • Naomi Sugita Reis

    B. Questões específicas:

    1. {Art. 50, §1º Lei 11.343/06} para lavratura do auto de prisão em flagrante, basta a presença de um laudo de constatação provisória {ex. para ver se é droga mesmo}. Quem lavra esse auto é um perito oficial ou uma pessoa idônea - alguém que trabalha da delegacia {não tem parâmetros para estabelecer isso}.

    2. {Art. 530-D CPP} para comprovar os crimes contra a propriedade material, é necessário uma perícia oficial.

    3. {Art. 77 §1º Lei 9.099/95 - JECRIM} no caso do JECRIM, que é um procedimento mais rápido, se o sujeito tiver qualquer documento médico que comprove a lesão corporal, isso pode substituir o laudo pericial oficial.

    C. Assistentes técnicos: há possibilidade de as partes serem assitidas por assistentes técnicos para análise de perícias, tendo em vista que o perito é um assistente técnico do juiz e não das partes, o qual tem que ser imparcial. O assistente técnico é uma pessoa especialista que vem aos autos para formular perguntas aos peritos, para que eles esclareçam dúvidas. Já que ele é vinculado à parte, não tem como ele fazer uma falsa perícia, tendo em vista que ele não faz laudo, mas um parecer e suas impressões são vinculadas à parte {mostrar falhas na perícia}. A parte tem que requerer a admissão/ habilitação do assistente técnico e o juiz determinará um prazo para a apresentação de quesitos de maneira escrita para o IC ou IML, mas ele pode ser ovido em juízo também. O parecer de um assistente tecnico pode ajudar a formular o convencimento do juiz.

    D. Momento da juntada do laudo: o recebimento do laudo não precisa estar pronto, porque existem outros meios de prova para o juiz poder receber a denuncia {mas tem casos em que precisa existir o laudo de constatação provisória - tráfico}. Pode ser que o laudo seja juntado a qualquer momento no processo. Mas, levando em consideração que o laudo pode ser juntado a qualquer momento no processo, as partes devem ser intimadas dessa juntada. No caso dos laudos periciais, na maioria das vezes, o contraditório é diferido {não vai ter contraditório real porque o perito tem que colher os elementos e então vai ser feito o laudo, em caso de homicidio e o assitente não vai estar presente na produção desse laudo, ele só vai falar/ questionar na hora do processo}.

    IV. Exame de corpo de delito direto e indireto:

    A. Direto: aquele que é realizado diretamente sobre os vestígios e com base nesse contato, ele fará o laudo. O perito, nesse caso vai pegar o sangue da vítima encontrado no local e vai extrair os elementos que ele precisa para fazer o laudo.

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  • Naomi Sugita ReisB. Indireto: quando substitui o laudo pericial por outros meios de prova. Existem duas

    correntes que abordam esse tema. O artigo 167 CPP diz que não havendo vestígios, o depoimento testemunhal, perante a autoridade policial e em juízo, pode substituí-los. A outra corrente diz que a testemunha vai relatar o que aconteceu para o perito e, com base nos elementos trazidos por essa testemunha, ele vai formular o laudo. A doutrina majoritária está se baseando muito na segunda corrente, mas a jurisprudência diz que o artigo 167 é muito claro.

    V. Ausência do exame de corpo de delito: não há possibilidade de não ser feito o exame em caso de crime que deixe qualquer tipo de vestígio. A partir do momento em que a lei exige o exame de delito, sua ausência no processo gera nulidade deste {prova ilegítima - não obseva as regras do processo}. O artigo 564, III, b que traz as hipoteses de nulidade do proceso diz que a nulidade ocorrera por falta do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestígios. Por exemplo, se os vestígios existiam, mas foram perdidos, vai ser feito o exame de corpo de delito indireto.

    VI. Questões específicas: quando a lei prevê hipóteses específicas para determinados tipos de laudo.

    A. Autópsia: {art. 162 CPP} é um termo que está ultrapassado, o nome que deveria ser utilizado é necropsia. Vai ser feita a partir de 6 horas do óbito. Se essa regra não for observada, não vai ser gerada nulidade porque essa autópsia é livre.

    B. Laudo complementar de lesões corporais: {art. 168 §2º CPP} em caso de lesões corporais, se o primeiro exame for incompleto, de ofício ou a requerimento das partes, pode ser feito outro exame - para ver quais foram as consequencias dessa lesão para o corpo e vida da pessoa. O perito, na segunda perícia pode ter uma percepção diferente/ diversa da primeira. A falta de exame complementar pode ser suprida pelo testemunho de alguém.

    C. Local de morte: {art. 169 CPP} o laudo de local de morte é realizado a parte da perícia do local onde foram encontrados os vestígio do corpo.

    INTERROGATÓRIO

    I. Considerações gerais: {art. 166,168 CPP} o interrogatório é um ato presidido pelo juiz em que o acusado é ouvido sobre elementos de sua história, de sua pessoa e dos fatos. O interrogatório não é uma produção de provas pelo juiz. Quando se pensa em ampla defesa, ela se divide em duas partes: defesa técnica {feita pelo advogado} e a autodefesa {por si mesmo - é um direito e não um dever - se ele quiser ficar inerte durante todo o processo, ele pode}. O direito de ser ouvido no processo encontra-se no interrogatório.

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  • Naomi Sugita ReisII. Natureza jurídica do interrogatório:

    A. Era visto como um meio de prova, levando em consideração que o acusado era um elemento de prova. Mas, se ele fosse considerado como meio de prova, ele não teria nem direito ao silêncio {o que tem}. Além disso, está previsto no artigo 5º, LXIII da Constituição que uma pessoa não pode produzir prova contra si mesma.

    B. Natureza mista: o STF entende que o interrogatório é um meio de defesa e é um meio de formação de convicção do magistrado, ele é meio de prova também {mas o juiz não pode forçar essa produção de prova - se ocorrer isso, o réu pode denunciar em ata, o interrogatório será anulado e o juiz será afastado}. Se o juiz achou imbecil o que o réu disse no interrogatório, vai ter que dizer isso na sentença e não durante o interrogatório.

    C. Meio de defesa: no caso do artigo 5º, LXIII, junto com o princípio da ampla defesa, vê que o interrogatório é um meio de defesa e não de produção de provas. Oportunizando ao acusado se apresentar em juízo e dizer sua versão dos fatos. Se o réu for intimado, ele não é obrigado a comparecer ao interrogatório. Não vai ser olhado para o âmbito probatório do interrogatório.

    III. Momento do interrogatório: Rito ordinário/ sumário — denúncia → recebimento → citação → resposta à acusação → audiência {ouve a vítima, as testemunhas e o interrogatório do acusado}. Como que o réu vai trazer para o interrogatório a sua auto defesa se ele não sabe das provas e as informações? Por isso que o interrogatório foi colocado por último, para que ele tenha conhecimento de todas as provas produzidas no processo, para então poder se defender.

    A. Exceções:

    1. Prerrogativa de foro: sujeitos que exercem determinados cargos e em virtude desses, eles serão julgados por órgãos colegiados {STJ, TJ…}. O artigo 7º da Lei 8.038/90 que discilplina os procedimentos prevê o interrogatório como o primeiro ato {logo depois da citação - com a citação, já é dada a data do interrogatório}. Mas, o entendimento do Supremo, é que mesmo nos processos de prerrogativa de foro, pode ser o interrogatório como último ato.

    2. Lei de tóxicos: artigo 57 da Lei 11.343/06. Casos de tráficos etc. Tem a denuncia → notificação do réu → a defesa vai apresentar uma defesa preliminar que necessariamente deve abordar a denúncia → o magistrado vai receber ou rejeitar a denúncia → se receber vai haver a citação do réu para que ele seja interrogado. Ou seja, o interrogatório é o primeiro ato, o qual antecede toda a produção de provas. Os tribunais superiores entendem que a produção do interrogatório não viola a ampla defesa e nem o contraditório {não se aplica a mesma coisa que é aplicada nos casos de prerrogativa de foro}. Isso acontece também na Lei de Licitações.

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  • Naomi Sugita Reis

    IV. Ausência de interrogatório: o interrogatório é uma execução da auto defesa. Não é abordado o fato de o réu se recusar a prestar depoimento {direito dele}. À partir do momento em que a Constiuição prevê a existência de um interrogatório, o juiz é obrigado a realizá-lo, designando uma data. O réu pode optar por comparecer ao interrogatório ou não, e a falar ou não no interrogatório. Quando não há um interrogatório, por culpa do juiz, o processo será NULO.

    V. Características do interrogatório: artigos 185 e ss. do CPP.

    A. Ato personalíssimo: não tem como o réu ser substituído por ninguém - nem mesmo seu advogado.

    B. Ato protegido/ ato contraditório: ele não se contradiz. O juiz faz as perguntas dele, e é por ai que começa. Quando forem concluídas as perguntas dele, vai ser aberto para a acusação fazer as perguntas. E, depois que a acusação encerrar suas perguntas, a defesa {advogado} fará suas perguntas para o réu. Se o réu quiser ficar em silêncio, ele pode; assim como ele pode escolher a que perguntas responder.

    1. No caso de dois ou mais acusados: A e B acusados por crime de roubo. O juiz faz a pergunta para o A, assim como a acusação e a defesa do A. É possível que a defesa do corréu {B} interrogue o réu {A}. Ou seja, quem está sendo interrogado, pode responder às perguntas da sua defesa e, também, da defesa do corréu. Mas, obviamente, ele não é obrigado a responder.

    C. O réu deve ser assistido tecnicamente durante a realização do ato: por um advogado. Se não houver essa assistência, está violando a ampla defesa, tornando nulo o interrogatório. Quando o MP que dá causa à nulidade, não seria possível declarar a nulidade. Não basta apenas a presença do defensor, mas uma garantia de entrevista reservada com esse defensor {art. 185 §5º} o réu pode se entrevistar com o seu defensor antes da audiência e se o juiz deixar de oportunizar esse direito, haverá nulidade.

    D. Ato oral {art. 192 CPP}

    E. Ato individual: se tiver mais de um acusado, cada um deverá ser interrogado separadamente. Cada audiência é individual.

    F. Ato bifásico: a primeira fase {art. 187 §1º} recai sobre a pessoa do acusado — a história de vida dele {se o acusado mentir, não gerará prejuízo contra ele — ele não pode produzir prova contra si mesmo} enquanto a segunda parte {art. 187, §2º} recai sobre o fato.

    G. Ato protegido pelo direito ao silêncio: {art. 5º, LXIII - CF e art. 116 - CPP}

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  • Naomi Sugita ReisH. Autodeterminação: é o acusado responder o que bem quiser. Além disso, a

    questão do interrogatorio cabe aqui porque a partir de um momento que o réu tem autodeterminação, não pode ser feito um interrogatório muito longo {se for longo demais, pode ser considerado como prova ilícita}.

    I. Realizável a qualquer momento: o juiz pode, ao final do processo, designar outro interrogatório, no caso de tóxicos {o réu pode ser ouvido quando o processo já está em grau de recurso}. Se o juiz entender que é necessário outro interrogatório, é possível realizá-lo. Assim como, diante de um fato novo, as partes podem requerir novo interrogatório.

    J. O interrogatório por videoconferência tem nas hipeteses de que trazer o acusado apresenta perigo para os outros {uma decisão motivada permite um interrogatório por videoconferência}. Mas, este interrogatório tem que ter as mesmas garantias do interrogatório presencial.

    VI. Condução coercitiva {art. 260CPP} ela é uma privação de liberdade do acusado ou do investigado, os quais serão trazidos perante a autoridade policial ou judicial. Como se trata de uma medida de privação de liberdade, entende-se que a autoridade que expedirá essa condução coercitiva é o juiz. O STF, na sua decisão mais recente, disse que os delegados de polícia podem fazer e o STJ reafirmou que não. Para que haja necessidade de uma condução coercitiva, é preciso que o indivíduo seja intimado para prestar interrogatório e se negue a ir. Portanto, se uma pessoa nunca tiver sido intimada, não pode ser sujeita a condução coercitiva. Essa redação reflete um período inquisitório e, mesmo assim, não houve nenhum tipo de substituição nos dias de hoje. A partir do momento em que se ve o interrogatório como meio de defesa {Constituição} e não mais como meio de acusação, a condução coercitiva é inconstitucional - viola o direito de não produzir prova contra si mesmo. Qualquer hipótese em que o sujeito vá produzir prova contra si mesmo, não é passível de condução coercitiva. Não é só no interrogatório, portanto. Mas, quando não é exigida uma conduta ativa do réu, pode ocorrer a conduçao coercitiva {reconhecimento}. As provas produzidas no inquérito não se anulam em relação ao interrogatório prestado sob condução coercitiva. Entretanto, a testemunha é passível de condução coercitiva, tendo em vista que ela é meio de prova contra outros, assim como o ofendido {tem que comparecer}.

    VII.Confissão: é admitir contra si a acusação que foi feita. É o ato em que o réu admite a autoria ou participação do fato que foi imputado. Ela tem que ser um ato solene {na medida em que deve ser realizada na frente de uma autoridade competente} - deve ter algo no processo que traga essa confissão e registre ela perante a autoridade judicial. Não há confissão ficta no processo, ela tem que ser expressa, além de ser pessoal. Além disso, ela tem que ser um ato voluntário — espontâneo. Muitas vezes as confissões podem ter o fato ou o elemento subjetivo do tipo {dolo/ culpa}. A confissão pode, ainda, trazer uma narrativa dos pormenores do fato que nem estão na denúncia. Ela acontece quando o réu admite que realizou o tipo, só ele e mais ninguém.

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  • Naomi Sugita Reis

    A. A confissão é retratável: o sujeito pode desdizer o que falou. O réu pode ter confessado na delegacia e depois, em juízo, dizer que não era bem aquilo. Entretanto, ela vai depender da apreciação das provas pelo juiz.

    B. A confissão é divisível: o juiz pode aceitar uma parte da confissão e a outra parte não. O réu pode confessar uma parte do crime e a outra não {o sujeito é acusado de matar a vítima para subtrair o carro e depois ocultou o cadáver - o réu pode dizer que realmente realizou o latrocínio, mas não a ocultação de cadáver}.

    C. Valor probatório: o juiz tem que comparar a confissão com os outros elementos de prova, ver se é coerente - a confissão não é mais a rainha das provas. Ela só pode embasar uma condenação se estiver em harmonia com as demais provas do processo {artigo 197 CPP}. TACITAMENTE REVOGADO: O silêncio do acusado não será visto como confissão, mas será usado como ajuda para formar o convencimento do magistrado {artigo 198 CPP}. A confissão realizada no inquérito policial terá validade se tiver em consonância com os demais elementos de prova, produzidos em contraditório judicial - mas o juiz não pode firmar seu convencimento apenas nessa confissão.

    D. Vantagem de uma confissão: circunstância atenuante. O juiz pode reduzir, minimamente, a pena do réu.

    COLABORAÇÃO/ DELAÇÃO PREMIADA

    Neste caso, ele não só confessa a prática do crime, mas traz elementos que identifiquem os demais coautores e partícipes da organização criminosa e as infrações penais por eles praticadas; revele a estrutura hierárquica e a divisão de tarefas da organização criminosa; pevina infrações penais decorrentes das atividades da organização criminosa; recupere total ou parcial o produto ou o proveito das infrações penais praticadas pela organização criminosa; localizar eventual vítima com a sua integridade física preservada. Além de ele confessar, ele permite a percepção legal de outros crimes. O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 a pena privativa de liberdade ou substituí-la por pena restritiva de direitos.

    I. Natureza jurídica: o delator não pode ser visto como uma testemunha. Ele tem interesse no processo, de receber uma atenuante ou melhorar sua progressão de pena. Ele é um acusado, mas está delatando, porque além de confessar, ele está entregando outros.

    II. Delação Premiada x Colaboração Premiada: mas no fundo é a mesma coisa.

    A. A colaboração: o agente, além de confessar, colabora para o encontro do produto do crime ou da vítima do delito.

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  • Naomi Sugita ReisB. Na delação, o delator entrega outras pessoas implicadas no delito.

    III. Hipóteses:

    A. {artigo 159, §4º - CP} se você tem um crime de extorsão mediante sequestro envolvendo vários autores, e você delata os outros e ainda diz onde está a vítima do delito, você terá a sua pena reduzida de 1/3 a 2/3. O que importa é contribuir para o salvamento da vítima.

    B. {artigo 41 - Lei 11.343/06} se um agente delatar os coautores do crime e contribuir para que seja apreendido o produto do crime {droga} ele terá redução de pena de 1/3 a 2/3. Uma vertente diz que não é necessário contribuir para os dois, basta contribuir para um só {Renato Brasileiro}.

    C. {artgo 25 - Lei 7492/86} nos crimes praticados por associação criminosa ou por duas ou mais pessoas, se uma delas delatar para a autoridade policial toda a organização, ela terá redução de pena.

    D. {art. 16 - Lei 8.137/90} quando a sonegação fiscal é feita em organização criminosa ou em coautoria, e uma das pessoas delatar tudo, ela terá redução de pena.

    E. {artigo 1º, §5º - Lei 9.613/98} a pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3 e cumprida em regime aberto ou semi aberto. A pessoa pode até ser passível de perdão judicial. Tudo isso depende do tipo da delação. Mas, a pessoa só vai saber qual foi o seu grau de declaração na hora da sentença {o MP não pode declarar nada}. Se o juiz entender que sem aquela delação, nunca seria descoberto o crime e nada, o delator será isento de pena. O delator não se livra do processo, ele vai ter que participar normalmente do processo, ele só não vai poder ter uma certeza do que acontecerá com ele.

    F. {artigos 86 e 87 - Lei 11.529} - acordo de leniência. Pessoas físicas e jurídicas que praticam condutas atentatórias à livre concorrência {cartel}. Mas, pessoa jurídica não responde por um crime {a não ser por crime ambiental}. O CADE poderá celebrar acordo de leniência, o qual terá efeitos na seara administrativa e no âmbito penal {é um tipo de delação}. Quem faz o acordo de leniência é a pessoa física. A consequencia penal desse acordo, caso seja bem sucedido, é a extinção de punibilidade do sujeito.

    IV. Proteção à testemunha {artigo 13 - Lei 9.807/99}: alguns requisitos têm que ser cumpridos pelo relator. O sujeito tem que trazer a identificação dos demais autores, a localização da vítima com vida ou a recuperação do produto de crime. A aplicação da premiação legal vai ser analisada em comparação com o tipo. No caso da acusação de trafico de entorpecentes, se o colaborador se enquadrar nos termos da lei 9807, ele

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  • Naomi Sugita Reispode até ter o perdão judicial. Não há uma exigência dos três requisitos em todos os casos para que possa ser feito o perdão judicial.

    V. Colaboração premiada na Lei 12.850/13 {organização criminosa}: é ponto mais importante no tema de colaboração premiada, porque ela trouxe uma disciplina de como deve ser feito o acordo de delação/colaboração e não apenas as consequências. O artigo 1º, §1º traz um tipo penal de organização criminosa, ou seja, o ponto de partida é uma investigação do crime de organização criminosa.

    A. Voluntariedade: o artigo 4º fala que o acordo de delação deve ser voluntário. Isso significa que o sujeito deve fazer a delação sem qualquer tipo de coação física ou moral. Ela decorre do fato de o sujeito ter sido livre em sua manifestação de vontade para aderir ao acordo. O artigo 1º, §5º da Lei 9.613 diz que na lavagem de dinheiro o acordo tem que ser espontâneo {nesse caso não tem nem coação e nem sugerimentos ao sujeito — ele do nada faz o acordo de delação}. Tendo em vista que sua delação não precisa ser espontâneo, pode delatar em virtude de sugestões ou pedido de terceiros. O STF entende que se a pessoa está presa não significa que a delação não vai ser voluntária — não atrapalha a voluntariedade se o sujeito estiver preso. 1. A lei não liga para a motivação do sujeito para delatar. Não importa. Mas, o

    juiz tem que analisar e comparar com o resto das provas, porque as vezes essa delação pode ser feita por vingança e ser mentira {aí o sujeito não vai se beneficiar}.

    B. Eficácia {artigo 4º}: o que que a delação deve trazer? Só tem sentido dar um prêmio ao colaborador se ele trouxer informações e elementos de prova que os órgãos de investigação nunca atingiriam sozinhos ou atingiriam depois de anos e anos. O acordo tem que ser eficaz no sentido em que tem que trazer um ou mais resultados do artigo 4º: 1. a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa e das

    infrações penais por eles praticadas; 2. a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização

    criminosa; 3. a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização

    criminosa; 4. a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações penais

    praticadas pela organização criminosa; 5. a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada.

    C. Regra da corroboração: a delação, ao contrário do que a mídia da a entender, não tem valor probatório absoluto. Ela não é sozinha algo que vai levar à condenação de alguém. Ela pode abrir uma investigação criminal. A delação pode sustentar uma denúncia em juízo {que não precisa ter prova aboluta, mas precisa ter uma prova mínima para sustentar uma acusação}. O grau de prova que deve respaldar a

    �19

  • Naomi Sugita Reiscolaboração é que ela para gerar uma acusação não pode. O juiz, para chegar ao juizo comprobatório, a delação deve corroborar com as outras provas do processo {artigo 4º, §16}. Geralmente pede ao delator onde estão as provas para sustentar essa delação.

    D. Procedimento — acordo de delação {art. 6º}: o sujeito passa a querer delatar, então é feito um termo de acordo por escrito {o delatado tem que ter uma garantia jurídica}. O acordo deve conter:

    1. O relato da colaboração e seus possíveis resultados {resumo das informações que a delação vai trazer e os meios que ele tem pra comprovar} Tem que constar o porquê o sujeito está delatando e qual vai ser seu prêmio.

    2. Tem que ter as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado. Não é só porque o sujeito quer delatar que é preciso aceitar essa delação.

    3. É feito uma declaração de aceitação dos termos da delação {o qual vai ser assinado pelo delator e pelo seu advogado, que vai ser sempre presente na delação}.

    4. As assinaturas do representante do MP e/ou do delegado também devem estar presentes nos termos.

    5. E, por fim, terá a especificação das medidas de proteção ao colaborador e à sua família, quando necessário.

    E. Legitimidade: o magistrado não participa da elaboração do termo de acordo, ele fica fora dessa negociação {art. 4º, §6º}. O delegado de polícia com manifestação do Ministério Público pode fazer o acordo, mas sozinho não pode fazer o acordo. A manifestação do Ministério Público significa que ele vai ter que ter uma atuação ao lado do delegado, participando do acordo de delação premiada. O titular da ação penal é o MP, porque é ele quem vai buscar a condenação dos delatados — a delação serve para trazer elementos de prova para a acusação {MP}. Se o delegado quer o acordo de delação e o promotor não quer, é feita uma analogia com o artigo 28 do CPP e vai ser enviada a questão ao Procurador. O Ministério Público pode ser parte do acordo sem o delegado. No caso de ação penal privada, quando o MP perde o prazo para prestar a denúncia, e a vítima pode prestar a queixa crime no lugar do promotor mas não pode oferecer acordo de delação com o sujeito.

    F. Retratação do acordo: uma confissão pode ser retratada. A retratação da delação premiada também pode ocorrer, desde que feita antes da homologação {acordo entregue ao juiz para a confirmação dos termos}. As partes podem retratar-se da proposta sendo que as provas trazidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas no processo. Tanto a acusação quanto o delator podem desistir do acordo de delação.

    G. Intervenção do juiz: o juiz não faz uma análise valorativa do acordo.

    �20

  • Naomi Sugita Reis1. A primeira intervenção do juiz é a homologação do acordo {ele não vai fazer um

    juízo de valor das provas}. Na homologação, o juiz analisa se o acordo de delação seguiu os termos da lei {pega o art. 6º e compara com o acordo de delação}. Se houver uma ilegalidade {falta de um dos requisitos ou falta de voluntariedade}, o juiz não homologará. É possível o juiz para verificação do processo de legalidade da delação, ouvir o delator, na presença do defensor dele, para tirar as dúvidas em relação à legalidade da delação. Homologado o acordo, ele será válido. Se o acordo for eficaz, o juiz vai chegar no fim do processo e vai premiar o sujeito.

    2. O juiz poderá recusar a homologação se a proposta não atender aos requisitos legais. Mas não pode reformar o acordo. Se ele achar desproporcional a premiação que está sendo oferecida, ele não pode homologar o resto e mandar reformar essa parte. Ele tem que recusar o acordo integralmente, e mandará as partes se resolverem e trazerem um novo acordo.

    3. O juiz não será impedido de julgar a ação penal se ele homologar o acordo.

    H. Momento da delação: ela pode ser feita durante a investigação, durante a ação penal e até mesmo depois da condenação. O ponto que merece destaque é o momento pós-condenação, na qual não é mais possível o perdão judicial, só é possível a redução de pena.

    I. Publicidade: a partir do momento em que há o recebimento da denúnica por parte do juiz, as partes terão direito de saber o conteúdo do acordo de delação e da delação em si. A defesa tera o contraditório diferido em relação ao acordo de delação. O delator vai funcionar como testemunha, mas não é testemunha porque ele é parte no processo. Depois de todo o procedimento, o juiz vai analisar o grau de eficácia da delação e ver se é cabível ou não o benefício ao delator.

      DECLARAÇÕES DO OFENDIDO

    O ofendido é a vítima e portanto ele não é obrigado a falar a verdade, sendo que ele tem interesse em ver o acusado condenado. As palavras do ofendido podem servir como elemento de acusação do acusado e em algums crimes, dependendo da forma como eles são realizados, a palavra da vítima pode ter uma importancia maior {estupro, roubo à noite…}. A vítima pode pedir para tirar o acusado ou acusados da sala de audiência se ela se sentir mal na presença dele(s). O advogado do acusado, entretanto, não tem que se retirar da sala, porque a regra é a ampla defesa. Se o ofendido não comparecer à audiência em que foi regularmente intimado, ele vai ser conduzido coercitivamente para a audiência. Assim como para outros meios de prova não invasivos, em caso de lesão corporal gravíssima por enfermidade permanente, não é obrigado a extrair seu sangue para comprovar {é considerado invasivo}.

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  • Naomi Sugita ReisPROVA TESTEMUNHAL

    A testemunha não tem interesse nenhum na causa. E essa pessoa tem como função no processo declarar o que sabe e o que viu e sentiu sobre os fatos. No geral por uma questão histórica, qualquer pessoa pode ser testemunha {mas algumas são proibidas de depor}. O enfermo mental e os menores de idade podem depor, sem prejuízo algum — mas não têm o dever de dizer a verdade.

    I. Características

    A. Judicialidade: ela, de regra, é produzida em juízo, perante o Judiciário. Ainda que a prova seja produzida perante autoridade policial, ela deve ser repetida em juízo porque no inquérito não existe ampla defesa. E não é simplesmente confirmar o que tinha falado na delegacia, ela tem que começar como se nunca tivesse falado nada {causa de nulidade}.

    B. Oralidade: {art. 204 CPP} o depoimento deve ser prestado oralmente. Ela não pode trazer escritas as informações que sabe e entregá-las para o juiz, ela tem que contar o que ela sabe. Mas admite-se que a testemunha valha-se de anotações para lembrar sobre os fatos. O que não pode é escrever o depoimento inteiro. Há algumas exceções, entretanto {mudo e surdo mudo}.

    C. Objetividade: {art. 213 CPP} a testemunha, via de regra, depõe sobre os fatos — pergunta-se para a testemunha sobre os fatos narrados na denúncia. O juiz, ou os advogados vão perguntar objetivamente {você viu…}e, às vezes, vão perguntar o que a testemunha acha {você acha que o réu agiu…} sobre os fatos, pedem um juízo de valor.

    D. Retrospectividade: falar sobre o passado {delito}.

    E. Individualidade: as testemunhas são ouvidas separadamente {quando tem mais de uma testemunha no processo, separam-nas. O mestrado vai garantir que elas sejam colocadas em locais em que elas não tenham contato umas com as outras}.

    II. Deveres das testemunhas: toda testemunha deverá depor {toda pessoa pode depor e a partir do momento em que ela é arrolada, tem o dever de depor}. Se a testemunha se recusar a depor, ela pode ser conduzida coercitivamente a depor ou então pode ser enquadrada no crime de desobediência.

    A. Faculdades de depor: {art. 206 CPP} existem algumas hipoteses em que a testemunha pode escolher se vai prestar ou não o depoimento. Quem pode se recusar a depor: ascendente, o decendente, o afim em linha reta, o conjuge, o irmão o pai, a mãe ou o filho adotivo do acusado. Essa testemunha não precisa comparecer, mas precisa comunicar anteriormente. Mas, se não tem outra testemunha

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  • Naomi Sugita Reissobre o fato, essa faculdade deixa de existir. Entretanto, vai ser uma informante — não poderá prestar o compromisso de dizer a verdade.

    B. Proibições: são proibidas de depor as pessoas que devam guardar segredo, salvo se desobrigadas pela parte interessada {quem contou}. Pastor, padre, médico, psicólogo {pessoas que recebam confidências em função de sua profissão, ministério}. Enquanto essa “testemunha” não tenha a autorização da pessoa que confessou, ela não pode depor. Os deputados e senadores que em virtude da função recebem informações também são impedidos de depor em relação aos fatos relativos a essas informações. Alguns entendem que mesmo levantada a proibição de depor, o profisisonal será obrigado e outros entendem que ele vai passar a ter faculdade para isso.

    C. Advogado: {art. 7º Estatuto da OAB} em virtude do exercício da função dele, vai ter acesso a fatos e informações específicas. O inciso IX fala que o advogado é proibido de prestar depoimento, é proibido de ser testemunha. A parte pode abrir mão dessa proibição {quer que o advogado preste depoimento contra ele}. O advogado, mesmo autorizado pela parte, pode se recusar a prestar depoimento.

    D. Dever de comparecimento: a testemunha, em regra, tem o dever de depor quando arrolada. Se ela, regularmente intimada, não comparecer, pode ser conduzida coercitivamente {inclusive com o auxílio das forças judiciais}. A testemunha vai receber uma multa e além disso, vai ter que pagar as custas da condução para levá-la a juízo. Pode faltar apenas com justificação - portanto, não vai ser necessária a condução coercitiva. As pessoas doentes e enfermas podem ser ouvidas no local em que se econtram {o juiz vai até elas}. O presidente, o vice-presidente, os deputados, os senadores, governadores têm o dever de comparecer, mas podem agendar horario e dia que devem prestar seus depoimento. Quando tiver omissão por parte desse agente político regularmente arrolado e intimado, o juiz vai determinar o horário e a data. Mas isso é específico para essas pessoas em condição de testemunha e não de réu ou autor.

    E. Dever de dizer a verdade: ela se compromete a dizer a verdade. E, se ela mentir, vai responder pelo crime de falso testemunho. Entretanto, não são todas as pessoas que têm a obrigação de dizer a verdade, o que acontece no caso de quem tem faculdade de depor, menores de 14 anos, doentes mentais. O fato de essas pessoas não prestarem compromisso elas, por conseguite, não podem responder por crime de falso testemunho. Amigos e inimigos podem responder por falso testemunho.

    III. Procedimento probatório: começa com a petição inicial {denúnica/ queixa crime}. A acusação tem que arrolar as tesemunhas já de início porque ela tem que mostrar quais provas ela quer apresentar no processo. E, o acusado, tem que dar a resposta à acusação até 10 dias depois de ser citado — é aí onde ele vai arrolar as suas testemunhas. Depois de não absolvido o réu sumariamente, vai ter a audiência para a

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  • Naomi Sugita Reisoitiva dessas testemunhas {do autor e do réu}. Primeiro escuta a vítima, a testemunha de acusação, a testemunha de defesa, testemunha do juiz e depois parte para o interrogatório. As perguntas, no Processo Penal, são feitas diretamente pelas partes {se é testemunha arrolada pela acusação, o MP começa fazendo as perguntas e depois a defesa e se é testemunha arrolada pela defesa, esta começa perguntando e depois a acusação — o juiz fará perguntas complementares, no final — no caso de perguntas impertinentes, que poderão conduzir a resposta etc, o juiz não as permitirá}. O juiz poderá arrolar testemunhas também, as perguntas começarão pela acusação e depois para a defesa e o juiz fará suas perguntas só no final.

    IV. Contradita: {art. 207 CPP} uma pessoa será contraditada quando não puder depor em juízo {psiquiatra, por exemplo} — se a contradita for procedente, o juiz simplesmente a excluirá do processo. Ou então, a contradita pde ser feita para questionar a parcialidade da testemunha {acontece quando o policial é arrolado} — o depoimento dele vai ser desconsiderado como testemunhal e ele vai passar a ser considerado como informante.

    RECONHECIMENTO DE PESSOAS E COISAS Art. 226 e ss.

    Existem duas etapas em relação a esse tipo de prova. É o meio de prova em que uma pessoa vai ser chamada para descrever um objeto ou pessoa que deverá ser reconhecida. Essas pessoas deverão ser chamadas para fazerem um reconhecimento pessoal ou reconhecimento de objeto. Antes, é necessário que seja feita uma descrição do objeto que vai ser recohecido ou da pessoa que será reconhecida. O procedimento pode recair tanto em relação à pessoa do acusado quanto à pessoa da vítima. Quando houver necessidade de fazer reoconhecimento de pessoa, vai ser feita uma descrição física e ela será colocada ao lado de outras 4 pessoas que com ela tenham semelhanças físicas. Então a vítima ou testemunhas serão colocados em frente a essas pessoas para escolherem quem é o indivíduo em questão.

    O reconhecimento por fotogafria não é análogo ao reconhecimento de pessoas e coisas. Ele é uma espécie de prova atípica que não está disciplinada na lei. Mas a doutrina e jurisprudência vêm reconhecendo-a como válida. O reconhecimento por voz também é admitida, apesar de ser entendida como atípica.

    ACAREAÇÃO Art. 229 e 230

    Ocorre quando se coloca frente a frente duas ou mais pessoas que já prestaram depoimento no processo e tem como objetivo esclarecer pontos de divergência entre os depoimentos delas. Pode ocorrer entre testemunhas, entre o acusado e a testemunha, entre a vítima do crime e o acusado, entre testemunha e entre vítima, entre acusados, entre as vítimas… Pode decorrer que uma das pessoas reveja o que falou ou pode acontecer que nenhuma mude o seu depoimento — aí, a acareação não terá servido para nada. Não é

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  • Naomi Sugita Reisporque tem uma acareação que, obrigatoriamente, a divergência será sanada — o juiz não pode forçar as pessoas a mudarem seus depoimentos. Se alguma das testemunhas estiver ausente, usa o artigo 230 CPP.

    PROVA DOCUMENTAL

    I. Espécies de documentos:

    A. Cópia: reprodução de um documento original. A fotografia do documento, devidamente autenticada terá o mesmo valor do original. A simples cópia não terá o mesmo valor probatório do documento original ou da cotocópia autenticada.

    B. Público: é o documento elaborado por funcionário público no exercício de suas funções dentro dos requisitos estabelecidos em lei {carteira de identidade, carteira de motorista, CPF}.

    C. Particular: vai adotar a regra da exclusão - particular é o documento que não é público. Se tiver um funcionário públco comprando um carro, não é um documento público o de comprovação da venda.

    II. Momento da apresentação/ juntada: o artigo 231 do CPP diz que salvo os casos expressos em lei, as partes poderão apresentar documentos em qualquer parte do processo, mesmo na fase recursal — depois de proferida a sentença.

    A. A exceção está no rito do Júri: não pode apresentar prova sem a outra parte saber! Tem que mostrar antes para a outra parte. Quando estiver designada a data para julgamento, têm que ser apresentados os documentos pelo menos 3 dias uteis antes do julgamento.

    B. Pode ser espontânea ou provocada — se o juiz tiver ciência de existência de determinado documento que é importante para o esclarecimento dos fatos, ele poderá determinar a apresentação desse documento.

    III. Documentos em lingua estrangeira devem ser traduzidos. a lei da a entender que, quando as partes entendem a lingua do documento, não seria necessária a tradução. Mas, como os documentos e o processo são públicos, todos têm que entender. A regra, portanto, é absoluta: todos os documentos estrangeiros deevm ser traduzidos. A tradução deve ser feita por um tradutor público juramentado — se não tiver, o juiz pegará uma pessoa idônea.

    IV. Restituição de documentos: os documentos emprestados aos autos podem ser devolvidos quando eles não tiverem mais nenhuma utilidade com os autos debatidos no processo. Os documentos originais juntados a processos findos quando não exista mais motivo relevantes poderá sendo ouvido o MP devolvido ao seu dono.

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  • Naomi Sugita ReisBUSCA E APREENSÃO

    É um meio para obter determinadas provas. Portanto, é um meio para se chagar à prova. Busca e apreensão são coisas distintas. A busca é a diligência que é feita com o objetivo de procurar objetos ou pessoas {PF entrando numa residência}. Enquanto a apreensão é a medida de constrição de custodiar, pegar para si, a qual segue a busca — é o fruto da busca — é a constrição. Pode ocorrer a busca sem a apreensão. A busca e apreensão tem motivos próprios, mas precisam ser fundamentadas {tem fundamentos próprios - assim como a prisão preventiva}. A busca e apreensão pode prender alguém, mas tem que ter uma decisão específica em relação a isso - não basta apenas o mandado - a ordem de prisão constará junto. Podem ocorrer juntas, mas são coisas diferentes.

    I. Iniciativa: pode ser determinada de ofício ou a requerimento de qualquer das partes. É direcionado a algo específico - não é para dar uma geral no domicílio - tem que ser dito o que quer que seja apreendido.

    II. Objeto da busca e apreensão: o que pode ser apreendido. A intimidade é um direito garantido pela CF, assim, as cartas podem ser apreendidas - mas não podem ser abertas {o conteúdo dessa prova vai ser tido como prova ilícita}. Se a carta estiver lacrada, vai estar protegida com a intimidade e haverá violação de correspondência se for aberta e seu conteúdo será prova ilícita. A abertura vai depender de autorização judicial — o juiz terá que fundamentar concretamente. No caso de cartas abertas, não vai ser considerado como violação à intimidade e, portanto, podem ser abertas. A tendência é de que o WhatsApp não poderá ser violado também — só por meio de autorização judicial.

    A. A vítima de crime pode ser “apreendida” para que sejam feitas as providências necessárias.

    III. Espécies de busca:

    A. Domiciliar: art. 150 - o conceito legal de domicílio diz que é onde o indivíduo mora {cabine de caminhão, trailer, barco, quarto de pensão, hospital…}. A regra é a inviolabilidade do domicílio, mas ela pode ser quebrada por consentimento do morador, por flagrante delito {o sujeito está praticando o crime em seu domicílio} situação de emergência {alguém passando mal} e em cumprimento de ordem judicial durante o dia, salvo se o morador autorizar durante a noite {6h - 18h}. O local onde trabalha não pode ser adentrado, assim como casa de praia…

    1. A regra é a inviolabilidade do escritório de advocacia. A primeira exceção diz que presentes os indícios de autoria e materialidade por parte do advogado, pode ser feito mandado de busca e apreensão motivado e justificado, além disso, um membro da OAB tem que acompanhar na busca e apreensão. O que pode ser apreendido tem que ser justificado especificadamente na ordem de

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  • Naomi Sugita Reisbusca e apreensão e as provas tem que ser relacionadas ao advogados e não aos seus clientes.

    B. Execução: art. 241, 245 - os policiais chegarão ao domicílio e lerão a ordem de busca e apreensão para o morador e se ele resiste à ordem de busca e apreensão com violência ou grave ameaça, responderá ele pelo crime de resistência. Quando desobedece a ordem {fecha a porta e não deixa entrar}, poderá ser utilizada força para arrombar a porta. O uso da força pode tanto ser usado para arrombar a porta, quanto para arrombar gavetas e coisas existentes dentro da casa para descobrir o que se procura. O abuso de autoridade será caracterizado quando quem for fazer essa busca e apreensão pegar coisas a mais do que o mandado especificou. Ao final, a autoridade tem que lavrar um termo falando o que foi apreendido.

    1. Nos casos de ausência do morador na residência, vão ser chamadas duas testemunhas {vizinhos, normalmente} para assinarem o mandado e vai ser lavrado um termo onde os vizinhos assinarão o que foi apreendido.

    C. Descoberta de outros elementos: quando é descoberta de outros elementos, ela deve estar relacionada com a finalidade da busca e apreensão {a finalidade é apreender um tigre na casa do sujeito e, a partir do momento em que a autoridade competente pega documentos do escritório da casa, esses documentos serão considerados como ilícitos}. Se tiver, por exemplo, um corpo dentro da casa e o tigre estiver no quintal, não poderá entrar na casa e apreender o corpo — precisa de um madado para pegar esse corpo.

    D. Busca pessoal: “revista no sujeito” independerá de mandado em caso de ordem de prisão ou então em fundada suspeita de que o sujeito está carregando objetos do corpo delito — então poder prender, pode ser realizada por qualquer tipo de polícia - a guarda municipal não pode fazer isso, não tem atribuição para isso, tem apenas para proteger o património municipal. Se ele apreender algo que seja prova de crime, essa prova será considerada ilícita.

    INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA Lei 9.296/96 - pag. 1435 V.M.

    Nenhum direito é absoluto: a intimidade não é absoluta, por exemplo, pois ela pode ser mitigada pela interceptação telefônica, pela busca e apreensão. A ideia de que uma série de dispositivos constitucionais não podem ser quebrados não é válida, tendo em vista que podem ser quebradas. Ela será feita mediante autorização judicial, a pedido do investigador na investigação policial ou a requeriento do MP na investigação criminal e na instrução processual penal ou então de ofício.

    I. Requisitos: são comunicações telefônicas entre duas pessoas e há uma terceira pessoa que ouve a conversa, interceptando, sem que os sujeitos saibam. É necessário que haja um indício razoável de autoria e de materialidade para que o juiz possa autorizar a

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  • Naomi Sugita Reisinterceptação. Ela não pode ser, portanto, a primeira medida da investigação. Não tem recurso previsto contra isso, vai ter que ser impetrado um habeas corpus.

    II. Não será admitida a interceptação quando:

    A. Não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal.

    B. O crime é punível só por detenção.

    C. A prova puder ser feita por outros meios disponíveis.

    III. Decisão judicial: a decisão será fundamentada indicando a forma de execução da diligência, sob pena de ser anulada. Não poderá exceder o prazo de 15 dias, renovável por igual tempo não só uma vez, mas diversas vezes, desde que comprovada a necessidade da prova. Tem que ficar claro na decisão do juiz que as provas colhidas até o momento não vão longe e que a interceptação iria ajudar muito na investigação e poderia ajudar na conclusão de quem realizou o delito.

    IV. Procedimento: são as companias telefonicas que vão iniciar a interceptação — elas recebem ofício disso. Se elas não tiverem autorização judicial, elas responderão pelo artigo 10 da Lei. O MP tem que ter ciência dos métodos de interceptação. Terminada a interceptação, será feito um relatório integral da conversa — é necessária a transcrição integral da conversa, segundo a doutrina, e o Judiciário diz que não é necessária a integralidade.

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