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PROCESSO PENAL III Indicações de livros: - Fernando Tonino; - Guilherme Nutti; - Feitosa; - Pacelli. INTRODUÇÃO Inicialmente, insta destacar a diferença entre processo e procedimento. O processo é o instrumento que se usa para obter a prestação jurisdicional; é onde se tem pronunciamento da justiça sobre determinado assunto. Já procedimento, é forma, é o que difere os atos de um processo para outro. O procedimento pode ser classificado em comum e especial. O procedimento comum, como o próprio nome diz, não tem peculiaridades o distinga de um caso para outro, ou de uma situação para outra. Possui passos que processos da mesma categoria seguem; é a regra. O procedimento especial é aplicado quando há casos específicos (para certos crimes ou em virtude da função que o acusado ocupa, por exemplo). É a exceção. O procedimento comum pode ser ainda: ordinário, sumário e sumaríssimo. Para definir qual o tipo de procedimento comum, existem regras. Para o ordinário, se usa o máximo da que pode ser aplicada, em tese; exemplo: 4 a 8 anos o 8 será definitivo. Será observado o rito ordinário nos casos em que o crime cometido tiver pena máxima igual ou superior a 4 anos. No rito ordinário, o processo deve começar e terminar em 60 dias (incompatível com a realidade). Os crimes de competência do júri, no entanto, não seguem essa regra da definição do rito pelo quantum da pena em tese. O rito sumário será aplicado nos casos em que a pena máxima em tese for inferior a 4 anos e superior a dois anos, isto é, entre 2 e 4 anos. O rito sumaríssimo é adotado para as infrações penais de menor potencial ofensivo. A pena pode ser privativa de liberdade ou apenas multa. Esse rito existe apenas nos Jesp, federal e estadual. A lei que aumentou o limite da pena para dois anos (antes era de um ano – Lei 9099/95) é a Lei 10.259/01 (reformou o CPP), que prevê que se submetem ao Jesp todos os crimes de até dois anos. O rito especial para os crimes de pena igual ou inferior a dois anos está, portanto, revogado. Se houver lei específica e posterior, esta prevalecerá; por exemplo, se a lei de tóxicos previr um rito especial, deverá ser obedecido. Resumindo: se alguma lei posterior à reforma do CPP previr o procedimento especial para o crime de menor potencial ofensivo, esta será aplicada; caso contrário, aplicar-se-á a lei do Jesp. No rito sumaríssimo não existe citação por edital caso não se encontre o réu. Se houver necessidade de citação por edital, o processo irá para a justiça comum. INQUÉRITO Quando ocorre a infração penal, há que se apurar os fatos, o que a polícia faz por meio de inquérito policial. O inquérito não é obrigatório em todo processo, já que se os dados já forem do conhecimento da polícia, não há necessidade para tanto.

Processo Penal III Meu Estudo

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PROCESSO PENAL III

Indicações de livros: - Fernando Tonino; - Guilherme Nutti; - Feitosa; - Pacelli.

INTRODUÇÃO

Inicialmente, insta destacar a diferença entre processo e procedimento. O processo é o instrumento que se usa para obter a prestação jurisdicional; é onde se tem pronunciamento da justiça sobre determinado assunto. Já procedimento, é forma, é o que difere os atos de um processo para outro.

O procedimento pode ser classificado em comum e especial. O procedimento comum, como o próprio nome diz, não tem peculiaridades o distinga de um caso para outro, ou de uma situação para outra. Possui passos que processos da mesma categoria seguem; é a regra. O procedimento especial é aplicado quando há casos específicos (para certos crimes ou em virtude da função que o acusado ocupa, por exemplo). É a exceção.

O procedimento comum pode ser ainda: ordinário, sumário e sumaríssimo. Para definir qual o tipo de procedimento comum, existem regras. Para o ordinário, se usa o máximo da que pode ser aplicada, em tese; exemplo: 4 a 8 anos à o 8 será definitivo. Será observado o rito ordinário nos casos em que o crime cometido tiver pena máxima igual ou superior a 4 anos. No rito ordinário, o processo deve começar e terminar em 60 dias (incompatível com a realidade).

Os crimes de competência do júri, no entanto, não seguem essa regra da definição do rito pelo quantum da pena em tese.

O rito sumário será aplicado nos casos em que a pena máxima em tese for inferior a 4 anos e superior a dois anos, isto é, entre 2 e 4 anos.

O rito sumaríssimo é adotado para as infrações penais de menor potencial ofensivo. A pena pode ser privativa de liberdade ou apenas multa. Esse rito existe apenas nos Jesp, federal e estadual. A lei que aumentou o limite da pena para dois anos (antes era de um ano – Lei 9099/95) é a Lei 10.259/01 (reformou o CPP), que prevê que se submetem ao Jesp todos os crimes de até dois anos. O rito especial para os crimes de pena igual ou inferior a dois anos está, portanto, revogado. Se houver lei específica e posterior, esta prevalecerá; por exemplo, se a lei de tóxicos previr um rito especial, deverá ser obedecido. Resumindo: se alguma lei posterior à reforma do CPP previr o procedimento especial para o crime de menor potencial ofensivo, esta será aplicada; caso contrário, aplicar-se-á a lei do Jesp.

No rito sumaríssimo não existe citação por edital caso não se encontre o réu. Se houver necessidade de citação por edital, o processo irá para a justiça comum.

INQUÉRITO Quando ocorre a infração penal, há que se apurar os fatos, o que a polícia faz por

meio de inquérito policial. O inquérito não é obrigatório em todo processo, já que se os dados já forem do conhecimento da polícia, não há necessidade para tanto.

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Depois de feito, o inquérito é então encaminhado para o Ministério Público. O MP pode entender que o fato não configura crime ou que já ocorreu a prescrição e pedir o arquivamento do caso ao juiz.

O juiz discordando do MP e entendendo que ocorreu o crime, enviará o inquérito ao Procurador Geral que decidirá se arquiva ou não, mesmo se não for de acordo com o entendimento do juiz.

Se o inquérito for encaminhado ao MP, ele pode: - pedir diligência ao delegado (ex: ouvir testemunha); - oferecer denúncia (denúncia é a petição inicial dos crimes de ação pública,

queixa da ação privada), (o juiz não pode obrigar o procurador a oferecer denúncia se ele entender que houve crime);

- pedir para arquivar. Polícia faz o inquérito à envia para o MP, que opina pelo arquivamento ou

nãoà envia para o juiz à se o juiz achar que houve crime, ele envia o inquérito para o procurador geral à decide se arquiva ou não, ou se faz diligência.

DENÚNCIA

Se o procurador resolver oferecer denúncia, deverá endereçar ao juiz com

qualificação daquele que propõe (não o nome do procurador, mas o do MP); qualificação do acusado (inclusive seus caracteres físicos); e a descrição do fato.

Se houver a intenção de oitiva de testemunha, o rol deverá ser apresentado com a própria denuncia, sob pena de perder o direito de produzir tal prova. Lembrando que poderão ser chamadas até oito testemunhas, não computando aquelas que não prestam compromisso.

O fato imputado ao réu deverá ser encaixado a um tipo legal, no entanto, o “encaixe” errado não gera nulidade da denúncia. O réu se defenderá do fato e não do tipo penal, por isso não ocorre nulidade. A fixação do tipo penal será importante apenas para a fixação da pena.

Na denúncia o MP requer a condenação do réu, mas, de acordo com entendimento jurisprudencial, nada impede que o MP recorra em favor do acusado.

Realizada a denuncia, esta é enviada ao juiz que decide se recebe ou se rejeita. A denuncia será rejeitada quando:

Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: I - for manifestamente inepta; II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou, III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.

Contra a decisão do juiz que rejeita a denuncia cabe recurso em sentido estrito

no prazo de cinco dias (artigo 581 do CPP). A decisão que recebe a denuncia é irrecorrível. Se for caso de rejeitar a denúncia

e o juiz a receber, cabe habeas corpus, que não é um recurso propriamente dito. Recebida a denuncia, o juiz cita o réu para apresentar defesa preliminar (feita

por advogado) no prazo de 10 dias.

Art. 396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.

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Alega-se o que quiser na defesa, e se houver um argumento muito forte, pode gerar até o julgamento antecipado, feito após a defesa preliminar. O julgamento antecipado ocorre quando:

- a parte não é autora do crime ou; - há causa de exclusão de culpabilidade.* *Se, no entanto a tese da acusação for a de que o réu é incapaz, não há o

julgamento antecipado porque o réu pode pegar medida de segurança; e é necessário que o réu se defenda dessa tese, e possivelmente prove sua inocência por completo, sem necessidade sequer de MS.

Importante: se durante a instrução o promotor perceber que o crime foi mais ou menos grave, ele deverá aditar a denúncia, caso em que deve ocorrer nova instrução.

CITAÇÃO, DEFESA PRELIMINAR, ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA E AIJ

A citação do réu pode ser pessoal ou por edital. Lembrando que no sumário não

cabe a citação por edital; e que se o réu estiver preso no mesmo Estado que tramita o processo a citação não pode ser por edital, o que gerar a nulidade de todo o processo se for feita.

O réu é citado para apresentar defesa preliminar em 10 dias, em que pode argüir qualquer coisa. Se o acusado é citado por edital e ele não aparece para apresentar defesa, o processo é suspenso, bem como o prazo de prescrição.

Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação, por escrito, no prazo de 10 (dez) dias § 1o O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. § 2o A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa. § 3o Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.

Apresentada a defesa preliminar, o juiz pode: - absolver por justa causa (absolvição sumária – julgamento antecipado). A

absolvição sumária pode ocorrer se: há causas da exclusão da ilicitude, causas de exclusão de culpabilidade; causas da extinção da punibilidade, ou; o fato narrado não é crime. Contra a absolvição sumária o recurso cabível é o de apelação (exceto no caso de extinção da punibilidade que cabe recurso em sentido restrito). Se recorrido, o juiz reexamina e entende que não é caso de absolvição sumária, ele marca uma data para audiência de instrução e julgamento;

Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar: I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do fato; II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou IV - extinta a punibilidade do agente

- entender de plano que não é caso de absolvição sumária e designar AIJ, quando

serão ouvidas as testemunhas arroladas pela acusação e depois pela defesa. Na AIJ, o réu não é obrigado a ir; se não quiser depor, não precisa; não precisa responder ao

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interrogatório das partes; e o juiz pode perguntar. Após, cada parte tem 20 minutos para fazer as alegações finais, ou requerem 5 dias para entregar as alegações em forma de memorial. Apresentadas as alegações finais, o juiz tem 10 dias no ordinário e 5 no sumário para proferir a sentença; quando as alegações são feitas a própria AIJ, o juiz pode dar a sentença na hora (mas que juiz que vai querer falar na cara do traficante que ele vai ser preso por 15 anos?! A maioria pede os dias para “pensar no assunto”).

A AIJ segue a ordem: - ouve-se a vítima (se ela tiver viva, por óbvio); - ouvem-se as testemunhas arroladas pela acusação e depois pela defesa - esclarecimentos do perito (se requerido e deferido pelo juiz – art.411, p. 1º); - acareações (réu/vítima, réu/testemunha, e vítima e testemunha; sendo que nos

processos de competência do júri só pode ser entre testemunhas); - reconhecimento de pessoas e coisas; - interrogatório do acusado; - realização de diligências; - prazo para apresentar alegações finais; - juiz profere a sentença (na própria audiência se a alegação for oral, ou; 10 dias

no ordinário, e 5 no sumário se a alegação for oral ou em forma de memorial) Nos crimes dolosos contra a vida, após a instrução o juiz decide se manda pro

júri (pronuncia) ou se absolve sumariamente (art. 397)

RITO SUMÁRIO Pode arrolar apenas 5 testemunhas (8 no ordinário); e o tempo do processo deve

ser de 30 dias (60 no ordinário). No resto é igual ao ordinário.

PROCESSOS DA COMPETÊNCIA DO JÚRI É um rito especial. É a sociedade que julga o réu. Os jurados não podem

conversar entre si; devem ser alfabetizados, maiores de 18 anos, pessoa idônea. Inicialmente, os homicídios culposo, privilegiado, simples e o qualificado não

vão para o júri, exceto se o suposto autor também cometeu homicídio doloso, aí os dois crimes serão julgados pelo júri (caso da prova).

Aqui a instrução deve durar 90 dias no máximo. Após, os autos são conclusos para o juiz, que tem 4 opções: 1) Impronuncia: (apelação) não tem prova da autoria ou da

materialidade. Só faz coisa julgada formal, não faz coisa julgada material, e por isso, se surgirem novas provas, pode ser feito novo processo versando sobre o mesmo crime, se tiver dentro do prazo prescricional.

Art. 416. Contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária caberá apelação.

2) Desclassificar: (recurso em sentido estrito) houve o crime, mas não é da competência do júri.

3) Absolvição sumária: (apelação) há prova da autoria e da materialidade, no entanto, há causas de exclusão da culpabilidade ou da antijuridicidade. Há o reexame obrigatório (o recurso de ofício também, que vem antes da apelação, se esta for interposta). Só faz

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coisa julgada (formal e material) depois de confirmada a decisão pelo tribunal. Se o tribunal cassar a AS, ocorre a pronúncia.

4) Pronuncia: (recurso em sentido estrito) se for verificado que há prova de autoria e materialidade, não há causa de absolvição sumária nem desclassificação, o magistrado pronuncia o réu em sentença. Essa sentença de pronúncia não precisa de fundamento, entretanto, não pode ser lida para os jurados por poder influenciar sua decisão, pois é peça de acusação. A leitura é causa de nulidade absoluta. Na pronúncia o juiz pode decretar a prisão do réu, somente se presentes os requisitos da preventiva.

COMPOSIÇÃO DO JÚRI

Estando tudo correto e não se retratando da pronuncia em caso de RSE, o juiz

convoca os jurados, que serão leigos. No mês de outubro o juiz já faz a lista de quem será jurado no ano seguinte, o

número de jurados na lista depende do numero de habitantes. Contra os nomes da lista geral cabe RSE, devendo provar porque aquela pessoa não está apta a ser jurada.

No dia do julgamento chama-se 25 jurados da lista para uma pauta. O juiz faz audiência pública para sortear os 25. Sorteados, esses 25 serão intimados pelo oficial de justiça, podendo a intimação ser pessoal, por telefone, por correio, por correio eletrônico...

Na data marcada na intimação, pelo menos 15 jurados deverão comparecer (quorum mínimo pra não ter outro sorteio para chamar mais 25). Os que não comparecem são excluídos da pauta do processo seguinte e pagam multa.

Os que compareceram, deverão voltar no dia seguinte para sessão do mesmo processo.

Assim, há a lista suplementar, que serve contem os nomes dos que serão intimados caso não se atinja o quorum mínimo. Comparecendo os 15, o juiz sorteia novamente para saber quais os 7 que irão efetivamente compor o júri.

Acusação e defesa podem recusar até 3 jurados sem justificativa. Não existe substituição de jurado, então se um passou mal no dia do julgamento,

ta lascado porque tem que participar de qualquer jeito. O júri é soberano, mas há o caso em que cabe apelação contra a decisão dos

jurados, que é quando esta decisão for manifestamente contrária à prova dos autos. No caso que ela cobrou na prova, o acusado apelou contra a decisão do júri, mas no enunciado foi informado que três testemunhas disseram ter visto o réu cometer o crime, logo, havia prova nos autos que apoiasse a decisão dos jurados, e por isso não deveria ser anulada a decisão.

DIFERENÇAS DO ORDINÁRIO P/ O JÚRI

Nos processos de competência do júri, deve-se dar vista ao MP por 5 dias da

defesa preliminar. No rito ordinário pode haver o julgamento antecipado, enquanto que no tribunal

do júri não pode haver o julgamento antecipado.

DOS DEBATES E DOS QUESITOS

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Se a ação for privada, depois da instrução, fala o querelante e depois o MP.

Art. 476. Encerrada a instrução, será concedida a palavra ao Ministério Público, que fará a acusação, nos limites da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, sustentando, se for o caso, a existência de circunstância agravante. § 1o O assistente falará depois do Ministério Público. § 2o Tratando-se de ação penal de iniciativa privada, falará em primeiro lugar o querelante e, em seguida, o Ministério Público, salvo se este houver retomado a titularidade da ação, na forma do art. 29 deste Código. § 3o Finda a acusação, terá a palavra a defesa. § 4o A acusação poderá replicar e a defesa treplicar, sendo admitida a reinquirição de testemunha já ouvida em plenário. Por isso as testemunhas não são dispensadas (caso da mãe da Nardoni).

Se for um réu: - acusação: 01h30min - defesa: 01h30min - réplica: 01h00min - tréplica: 01h00min Se forem mais de um réu: - acusação: 02h30min - defesa: 02h30min - réplica: 02h00min - tréplica: 02h30min

Art. 477. O tempo destinado à acusação e à defesa será de uma hora e meia para cada, e de uma hora para a réplica e outro tanto para a tréplica. § 1o Havendo mais de um acusador ou mais de um defensor, combinarão entre si a distribuição do tempo, que, na falta de acordo, será dividido pelo juiz presidente, de forma a não exceder o determinado neste artigo. § 2o Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo para a acusação e a defesa será acrescido de 1 (uma) hora e elevado ao dobro o da réplica e da tréplica, observado o disposto no § 1o deste artigo.

Se não houver réplica (acusação), também não pode haver tréplica (defesa). O juiz faz algumas perguntas para os jurados (quesitos) para saber se eles

prestaram atenção mesmo e se estão cientes do caso. Essas perguntas versam sobre a autoria e a materialidade, pode acontecer de os jurados acharem que não é caso de competência do tribunal do júri e eles mesmos desclassificarem o crime, caso em que o juiz que presidir a sessão deverá julgar. Exemplo de pergunta que o juiz pode fazer: “houve o fato?”; “fulano levou um tiro?”; “há provas?”; “o réu deve ser absolvido?”... lembrando que a ordem das perguntas é sempre primeiro sobre a materialidade (se teve ou não crime) e depois sobre a autoria (se foi o réu ou não que cometeu o crime).

Se a resposta for “NÃO” para perguntas tais como “houve o crime?” e “foi o réu que matou?”, a absolvição é implicada.

O quesito da desclassificação vem antes do quesito da absolvição, porque se desclassifica, não há que se falar em absolvição ou condenação.

Depois de respondidos os quesitos, apenas os jurados vão para a sala especial, sem público. Recolhe-se em uma urna a cédula utilizada e em outra urna, a não utilizada.

Art. 482. O Conselho de Sentença será questionado sobre matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido.

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Parágrafo único. Os quesitos serão redigidos em proposições afirmativas, simples e distintas, de modo que cada um deles possa ser respondido com suficiente clareza e necessária precisão. Na sua elaboração, o presidente levará em conta os termos da pronúncia ou das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação, do interrogatório e das alegações das partes. Art. 483. Os quesitos serão formulados na seguinte ordem, indagando sobre: I – a materialidade do fato; II – a autoria ou participação; III – se o acusado deve ser absolvido; IV – se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa; V – se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. § 1o A resposta negativa, de mais de 3 (três) jurados, a qualquer dos quesitos referidos nos incisos I e II do caput deste artigo encerra a votação e implica a absolvição do acusado. § 2o Respondidos afirmativamente por mais de 3 (três) jurados os quesitos relativos aos incisos I e II do caput deste artigo será formulado quesito com a seguinte redação: O jurado absolve o acusado? § 3o Decidindo os jurados pela condenação, o julgamento prossegue, devendo ser formulados quesitos sobre: I – causa de diminuição de pena alegada pela defesa; II – circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena, reconhecidas na pronúncia ou em decisões posteriores que julgaram admissível a acusação. § 4o Sustentada a desclassificação da infração para outra de competência do juiz singular, será formulado quesito a respeito, para ser respondido após o 2o (segundo) ou 3o (terceiro) quesito, conforme o caso. § 5o Sustentada a tese de ocorrência do crime na sua forma tentada ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, sendo este da competência do Tribunal do Júri, o juiz formulará quesito acerca destas questões, para ser respondido após o segundo quesito. § 6o Havendo mais de um crime ou mais de um acusado, os quesitos serão formulados em séries distintas.

Ler essa parte de júri toda no código pq tem decorebinha!

JUIZADO ESPECIAL LEI 9099/95 E LEI 10259/01 Abarca os crimes de menor potencial ofensivo; oferece resposta mais rápida para

a sociedade. Sua finalidade é desafogar a justiça comum. Há uma audiência preliminar em que se dá ao acusado a possibilidade de

transação penal ou composição. Serão de competência do Jesp os crimes com a pena em tese de no máximo dois

anos e nas contravenções penais, salvo se para essas infrações estiver previsto um rito especial. Se tiver previsão de um crime com pena menor de dois anos e rito especial, a lei que prevê que o rito desse crime é especial tem que ser depois de 2001, porque a regra é que seja do Jesp.

Lei 10.259/01 à revogou a 9.099 que dizia que os crimes do Jesp eram de pena de até um ano. Agora os crimes com pena máxima até dois anos são do Jesp.

Diferenças para os outros ritos: - tudo é oral, somente sendo reduzido a termo o essencial; - são apenas 3 testemunhas (8 no ordinário, 5 no sumário); Em geral, após uma infração, vai-se à delegacia para lavrar o TCO (termo

circunstanciado da ocorrência) e manda pro Jesp. Marca-se uma audiência preliminar em que o promotor, as partes e seus

advogados deverão comparecer.

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Se o crime for de ação penal pública, o promotor pode dar chance ao acusado de pagar em dinheiro ou então prestar serviços comunitários. Se o acusado aceitar, está feita a transação e o acusado está isento de um processo. Ou seja, na transação, ocorre um acordo, mas que não significa que o acusado assumiu o fato! Aqui não se apura a culpa. O réu não poderá fazer uma nova transação dentro do prazo de cinco anos. Cumprida a transação, extingui-se a punibilidade.

Nos crimes de ação penal privada, o acusador não pode propor a transação, que só existe em ação pública!

Só há processo se a vítima quiser, quando a ação é privada. O MP não pode meter o bedelho se o ofendido que sabe se quer ou não processar o ofensor. Não existe transação, mas existe a composição, que é a reparação do dano, em que o dinheiro vai diretamente para a vítima; enquanto na transação o dinheiro vai é para o Estado, porque sendo a ação pública, o ofendido é a sociedade, e sendo a ação privada, o único ofendido é a vítima mesmo.

Se for ação privada e a vítima não quiser fazer a composição, ela tem que oferecer a representação contra o acusado no prazo de 6 meses.

Suspensão condicional do processo: o juiz é quem fixa, não podendo o réu aceitar ou recusar a seu gosto. O requisito é que a pena mínima fixada em tese seja de no máximo um ano. Aqui o processo chegou a iniciar, diferente da transação e da composição.

A transação, a composição e a suspensão condicional do processo podem ser utilizadas em qualquer rito, e não só no Jesp.

Se não houver a T e nem a C, abre vista ao MP, que pode: - pedir o arquivamento; - oferecer denúncia e pedir a citação.

OBSERVAÇÕES AO QUESTIONÁRIO - Nos processos da competência do júri e nos processos do rito sumaríssimo a

sentença não tem relatório; - Sentença absolutória imprópria: absolve-se o réu por ser inimputável por

doença mental e impõe MS; - Princípio da correlação da acusação e da sentença: o juiz não pode condenar o

réu a pena superior àquela prevista na peça de acusação (denúncia ou queixa); e nem pode condenar por outro motivo senão aquele exposto. Se o juiz verificar que no processo há mais coisa que na denúncia, deve abrir vista para emendar a denuncia, aumentando-a (emendatio libelis). Se não quiser emendar, equivale a pedido de arquivamento.

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.

- Explique o artigo 383 do CPP?

Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em conseqüência, tenha de aplicar pena mais grave.

É a mutatio libelis. É apenas corrigir a denúncia, sem instrução.

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- Para os crimes contra a honra, utiliza-se o Jesp.

CRIMES FALIMENTARES LEI 11101/05 O juiz que julga o crime falimentar é o juiz da vara comum, e não o juiz da vara

de falência! A pena é superior a 2 anos e inferior a 4, logo, rito sumário. O promotor pode oferecer a denúncia quando: - recebe o relatório circunstanciado apresentado pelo administrador da falência - há o pedido de falência; - o MP pode pedir para ser feito inquérito após a sentença. O MP oferece denuncia em 5 dias se o réu estiver preso e em 15 se o réu estiver

solto.

EXECUÇÃO PENAL Quando o juiz profere a sentença, ele já fixa a pena Em regra, o regime da pena começa no fechado. Indulto: total ou parcial. É causa de extinção da punibilidade se total e reduz a

pena se for parcial. É um benefício concedido pelo Presidente da República, como forma de presentear o condenado.

O que a prof falou aqui é mais matéria de penitenciário!

RECURSOS

PRINCÍPIOS DOS RECURSOS 1- Duplo Grau de Jurisdição: remete o recurso para o tribunal competente para

reavaliar a matéria. • Jesp Federal: turma recursal => turma regional => turma nacional =>

STJ/STF. • Jesp Estadual: turma recursal => cabe reclamação. Se violar

jurisprudência ou sumula do STJ, não cabe recurso para o superior mesmo, mas cabe reclamação (óbvio, porque pedir pro próprio tribunal reavaliar a sua decisão não vai significar nada, já que provavelmente a decisão será mantida; então só reclamação pro STJ); e cabe ainda Recurso Extraordinário para o STF.

2- Fungibilidade recursal: recebe-se o recurso, mesmo que interposto com o nome errado, se a fundamentação estiver correta. Admite-se essa hipótese, no entanto, se o recurso tiver sido interposto no prazo certo, isto é, no prazo do recurso que deveria ter sido interposto, e não no prazo daquele do nome incorreto. 3- Voluntariedade dos recursos: interpõe-se o recurso se for o desejado. Há, entretanto, exceções em que o duplo grau é obrigatório, há o reexame necessário, também chamado de recurso de ofício, que incide, por exemplo, nos casos:

• Se o juiz conceder habeas corpus (artigo 574, I CPP); • Se o juiz conceder a reabilitação (artigo 746 CPP) e;

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• Se o juiz decidir pelo arquivamento de inquérito policial ou se absolver o réu em crimes contra a economia popular/saúde pública (há um claro interesse na sociedade nesses casos, e por isso a necessidade de se reexaminar a decisão para minimizar as possibilidades de equivoco).

Uma reforma recente ocorreu no artigo 574, II do CPP, no sentido de que não existe mais o recurso de ofício nos casos em que há a absolvição sumária do réu, nem mesmo em tribunal do júri. 4- Disponibilidade dos recursos: é um desdobramento do principio anterior. Ocorre quando o recorrente desiste do recurso. Ele pode optar por interpor e pode optar por desistir do recurso. Importa lembrar que o Ministério Público não pode desistir do recurso uma vez interposto (art.576 CPP).

Art. 576. O Ministério Público não poderá desistir de recurso que haja interposto.

5- Unirrecorribilidade: para cada decisão cabe apenas um único recurso. A única exceção é: a parte interpõe embargos infringentes contra o acórdão não unânime, e cumulativamente interpõe Recurso Especial para o STJ contra a parte que discorda. Nesse caso o STJ recebe ambos os recursos e suspende o Resp até que seja julgado os embargos. 6- Reformatio In Pejus ou Non Reformatio In Pejus ou Princípio da Reformatio: em recurso exclusivo da defesa a situação do acusado não poderá ser agravada, ou seja, se o MP não recorrer, o julgador não poderá aumentar a pena. Esse é o chamado efeito prodrômico (proibição da reformatio in pejus). Princípio da proibição da reformatio in pejus indireta: é em recurso exclusivo da defesa cumulado com anulação. Por exemplo: houve a decisão de primeira instância contra a qual foi interposto o recurso exclusivo da defesa; o tribunal anula aquela decisão determinando que o juiz de primeiro grau profira nova decisão, remetendo os autos àquela instância. Nesse caso, a nova decisão que irá substituir a decisão anulada não poderá ser pior para o réu do que aquela que foi anulada. A professora acha que é um absurdo, como de fato o é, uma vez que uma decisão nula terá força para continuar produzindo efeitos, no caso, será uma limitação para a nova decisão. Até mesmo se a causa da nulidade for contra preceito específico de lei, a decisão será limitante. Discussão: no tribunal do júri, prevalece a soberania do júri ou a reformatio? A situação é a seguinte: houve recurso exclusivo da defesa com a anulação do veredicto dos jurados, o que obriga a organização de um novo júri com um novo conselho de sentença. Estaria o novo júri vinculado à decisão do antigo júri? Como quem fixa a pena é o juiz, os novos jurados poderão decidir livremente, mas o juiz ainda será subordinado àquela pena fixada anteriormente. Isso é um entendimento bem recente. Ver STF HC 89544. 7- Reformatio in mellius: é a reforma da decisão recorrida para melhorar a situação do réu, sendo que o recurso era exclusivo da acusação. Existem duas correntes: a minoritária, que entende não ser possível a melhora para o réu; e a majoritária, que entende ser possível a melhora (princípio do favor rei – interesse do acusado).

EFEITOS DOS RECURSOS

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1- Devolutivo: devolve para o tribunal a matéria de discordância. Pela inércia,

o tribunal só julga se for provocado. 2- Suspensivo: a decisão recorrida não será apta a produzir efeitos enquanto

não for julgado o recurso. O recurso de apelação terá efeito suspensivo se for contra decisão condenatória; e não terá efeito suspensivo se for contra decisão absolutória (lembrar que é sempre o que beneficiar mais o réu, logo, se ele for condenado e recorrer, ainda não será preso; e se for absolvido e a acusação recorrer, ele poderá quedar solto)

3- Regressivo ou hiterativo ou diferido: consiste na devolução da matéria impugnada ao próprio órgão jurisdicional que prolatou a decisão recorrida. É o juízo de retratação. Exemplos: o recurso em sentido estrito e o agravo podem ter o juízo de retratação.

4- Extensivo: caso a decisão esteja baseada em caráter objetivo, ela se estende aos demais acusados. Isto é, havendo dois ou mais réus, com idêntica situação processual e fática, se apenas um deles recorrer e obtiver qualquer benefício, será o mesmo estendido aos demais que não recorreram; se, no entanto, o benefício tiver sido concedido em razão de condição pessoal do recorrente, não aproveitará aos demais (artigo 580 do CPP).

Art. 580. No caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros.

5- Substitutivo: não tem na apostila, mas ela deu em sala. Caso o recurso seja conhecido, a decisão proferida pelo tribunal tem o condão de substituir a decisão recorrida, no que tiver sido objeto de impugnação.

CONCEITO DE RECURSO

Pedido de reexame de decisão em que se pretende a mudança desta. O

recurso é, via de regra, para o órgão superior àquele que proferiu a decisão. É um garantia para o cidadão para evitar o poder concentrado em uma única instancia; sendo que só pode aproveitar dessa garantia quem tiver interesse em modificar essa decisão, conforme preleciona o artigo 577 do CPP.

Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou pelo réu, seu procurador ou seu defensor. Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão.

A título de curiosidade, um réu que foi absolvido no penal por

insuficiência de provas pode recorrer para alterar a fundamentação da sentença para que, provando sua inocência, seja inocentado também de um processo cível que sofre.

Importa ressaltar que não é cabível recurso contra decisão transitada em julgado.

RECURSO (GÊNERO)

As espécies de recursos são nominadas; somente o recurso inominado

não tem nome. Uau!

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Obedecendo ao principio da fungibilidade, um recurso que tenha nome, mas não foi nomeado, ou um recurso que tenha sido nomeado de forma errada e esteja corretamente fundamentado e interposto no devido prazo, o juiz o receberá.

Os recursos constitucionais são: recurso extraordinário, o recurso especial e o recurso ordinário.

Há o duplo grau obrigatório/ reexame necessário/ recurso de ofício nos casos:

- habeas corpus - mandado de segurança - absolvição sumária no caso de crime contra a vida - reabilitação - absolvição nos crimes contra a economia popular Os recursos são: recurso em sentido estrito, apelação, ED, embargos

infringentes, habeas corpus, revisão criminal, carta testemunhável, correição parcial, agravo em execução, agravo de instrumento, incidente de conformização regional e nacional de jurisprudência e o recurso inominado.

RECURSO EM SENTIDO ESTRITO - RSE

É interposto em primeira instância, isto é, contra decisão interlocutória,

sentença ou despacho, podendo haver o juízo de retratação (vide n* 3 dos efeitos dos recursos). A decisão recorrida, porém, deve observar o artigo 581 (numerus clausus).

Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: I - que não receber a denúncia ou a queixa; II - que concluir pela incompetência do juízo; III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; IV – que pronunciar o réu; V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante; VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa extintiva da punibilidade; X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; XI - que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena; XII - que conceder, negar ou revogar livramento condicional; XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; XVII - que decidir sobre a unificação de penas; XVIII - que decidir o incidente de falsidade; XIX - que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em julgado; XX - que impuser medida de segurança por transgressão de outra; XXI - que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 774; XXII - que revogar a medida de segurança; XXIII - que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei admita a revogação; XXIV - que converter a multa em detenção ou em prisão simples.

Portanto, se não for o caso de nenhuma das hipóteses acima, não caberá

recurso em sentido estrito.

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O recurso em sentido estrito deverá ser interposto dentro do prazo de cinco dias perante o juiz que proferiu a decisão. Este fará o juízo de admissibilidade observando os seguintes requisitos:

- A legitimidade para recorrer; - A presença de interesse na modificação da decisão. Em regra o

absolvido não tem, exceto nos casos que eu já expliquei para modificar a fundamentação;

- A tempestividade. Recebido e admitido o recurso, o juiz dará vista ao recorrente para

arrazoar em dois dias, e, após, dará vista ao recorrido para contrarrazoar também em dois dias.

Se o juiz negou a fiança, caso do inciso V do artigo 581, caberá o recurso em sentido estrito. Após o MP apresentar as contrarrazões, o processo vai concluso para o juiz, caso em que ele poderá se retratar. Não se retratando ele manda para o tribunal; e se não mandar para o tribunal, cabe ainda a carta testemunhável no prazo de 48 horas, que é cabível quando o juiz indefere o seguimento do recurso para o tribunal. Essa carta testemunhável é dirigida ao escrivão, que vai processar e tem trinta dias para mandar para o tribunal. Se o pessoal tiver uma birra com o advogado e não mandar para o tribunal dentro dos trinta dias, o advogado pode comunicar a corregedoria e o escrivão pode até perder o cargo. Com essa carta, o juiz pode reconsiderar a decisão de negar seguimento ao recurso em sentido estrito. Resumindo, se o juiz não recebe o recurso em sentido estrito, cabe carta testemunhável.

O juiz pode fazer um juízo de retratação e voltar atrás da decisão recorrida, no entanto, se, por exemplo, o acusado recorre e o juiz muda a decisão, se o MP recorrer, ele não vai poder mudar a decisão de novo! Só cabe um juízo de retratação para cada decisão.

Se houver alguma hipótese do artigo 581 na fase de execução o que cabe é agravo à execução e não mais o recurso em sentido estrito, sendo que não tem prazo previsto para esse agravo, logo, utiliza-se o prazo do RSE, que é de cinco dias.

Nos casos de crimes dolosos contra a vida, havendo a impronúncia ou a absolvição sumária, não caberá RSE e sim apelação mesmo, já que ambos serão como sentença.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA

É o prazo que se ultrapassado não haverá processo. Os critérios utilizados

são: o máximo da pena em tesa, abstrato (é a pena base) e o artigo 109 do CP. Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Prescrição das penas restritivas de direito

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Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as privativas de liberdade.

Durante o período prescricional podem ocorrer fatos que interrompem ou

suspendem o prazo. Lembrando que se a pena for fixada, o prazo prescricional passa a ser calculado em cima da própria pena fixada e não mais da pena máxima fixada no tipo legal.

Prescrição retroativa: o prazo prescricional começa a partir do fato (crime)! A prescrição retroativa só começa a contar da data do recebimento da denuncia até a sentença. Há causas interruptivas da prescrição como, por exemplo, o recebimento da denúncia, em que o prazo já contado é desconsiderado e começa uma nova contagem. Como dito anteriormente, uma vez individualizada a pena para aquele réu, caso a prescrição tenha sido diminuída, tem que se fazer o cálculo para saber se já não estava prescrito.

Por exemplo: João matou Maria. Em tese, tomando a pena fixada no tipo legal, o prazo

prescricional seria de 20 anos, porque seria o caso do inciso I do artigo 109 do CP (a pena máxima do homicídio simples é 20 anos, logo, maior que 12). Mas supondo que o processo demorou demais e na hora de fixar a pena para o caso de João, o juiz fixou em 6 anos só. Supondo que o processo tenha demorado 15 anos para ser instaurado, ao conferir com o artigo 109, nas penas de 6 anos o prazo prescricional é de 12 anos (caso do inciso III); portanto, como demorou 15 anos o processo e a prescrição ocorreu com 12, João está livre porque ocorreu a prescrição retroativa. Então o réu, mesmo condenado não será preso.

O juiz só não pode decretar a prescrição retroativa ao proferir a sentença porque pode ter recurso pra discutir a pena, então ter que esperar confirmar aquela pena e, conseqüentemente, a prescrição. Supondo que o MP recorra e consiga aumentar a pena, voltando o prazo prescricional para o maior tempo, não ocorrerá prescrição, por isso a cautela de esperar o recurso que discuta o tempo de condenação.

Prescrição em perspectiva: assim como a retroativa, a em perspectiva também não começa a contar entre o fato e a denuncia. Segundo entendimento do STJ não é possível aplicar prescrição em perspectiva conforme Súmula 438, pois a prescrição decorre de condenação ou de aplicação da pena. Funciona da seguinte maneira: um crime em 1998, o recebimento da denúncia em 2003 e em 2010 que o juiz vai ver o processo. Verificando que no processo, se fosse condenado o réu e tivesse que aplicar a pena, ele não iria condenar o réu a mais de 2 anos, ocorreria a prescrição retroativa, logo em perspectiva poderia o juiz declarar a prescrição antecipadamente.

SUM 438 STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal.

Causas interruptivas da prescrição: artigo 117 CP. A prescrição pode

ser interrompido duas ou mais vezes!

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa; ------- do recebimento e não da propositura! II - pela pronúncia; ------- apenas nos crimes contra a vida

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III - pela decisão confirmatória da pronúncia; --------- houve o recurso que foi julgado e a pronuncia foi confirmada IV - pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI - pela reincidência. § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º - Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção.

Causas impeditivas da prescrição: artigo 116 do CP.

Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I - enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II - enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único - Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo.

APELAÇÃO

O recurso de apelação pode discutir o mérito. Cabível contra sentença

condenatória ou absolutória proferida por juiz singular, logo, exclui-se decisão do júri. Só cabe se for decisão de primeira instância!

As decisões terminativas ou com força de definitivas que não estejam elencadas no artigo 581 (hipótese de recurso em sentido estrito) suportam apelação. Cabe ainda apelação para discutir nulidades que possam ter ocorrido em processo da competência do júri; ressaltando que em processo de júri eu não discuto o mérito em si, exceto nos casos em que a decisão do júri for manifestamente contrária à prova dos autos. Nesses casos de nulidades do processo do júri cabem quantas apelações forem necessárias, mas somente nessa hipótese de ser o mérito contra a prova, ou não ser a respeito do mérito. O tribunal não vai alterar o julgamento, mas vai declarar a nulidade e a desconformidade com as provas e montar outro júri que ira decidir, observando os princípios recursais tais como o reformatio in pejus.

Cabe apelação contra o quantum da pena aplicada em processo do júri? Ahá! Pegadinha! É óbvio que cabe porque a pena quem fixa é o juiz, e, portanto cabe apelação contra a fixação da pena sim. Só não cabe apelação contra ato do júri mesmo, porque apelação é contra ato do juiz de primeiro grau somente!

O prazo de interposição é de cinco dias, por termo ou petição. Se for por termo, vai no cartório, manifesta a discordância em relação à sentença e informa que quer recorrer, preenchendo um formulário no cartório mesmo.

Assim como o recurso em sentido estrito, a apelação é dirigida ao juiz que proferiu a decisão. Ainda em semelhança ao recurso em sentido estrito, não há necessidade de entrar com as razões na mesma hora da petição de recurso. Aceito o recurso, o recorrente tem 8 dias para apresentar as razões e o recorrido tem mais 8 dias para apresentar as contrarrazões. Isso na justiça comum. No juizado especial tem-se somente 10 dias para arrazoar e contrarrazoar, sem distinção de prazo para recorrente e recorrido. à Isso de não ter distinção de prazo eu acho muito errado porque se o recorrente quiser sacanear o recorrido e

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apresentar as razões só no nono dia, o recorrido só tem um dia para contrarrazoar! Doidera!

Interposta a apelação em cinco dias, o juiz faz o juízo de admissibilidade (legitimidade, interesse e tempestividade), mas no caso de apelação, diferente do RSE, depois de juntadas as razões e contrarrazões, os autos vão direto para a instância superior, sem que possa haver o juízo de retratação. A única exceção em que pode ocorrer o juízo de retratação na apelação é se tiver mais de um réu e só um deles recorrer.

Se o recorrente apelar e não apresentar as razões existe dois entendimentos a respeito das providencias que devem ser tomadas. A primeira é que o tribunal aprecia toda a matéria; e a segunda é que o tribunal devolve para a instancia inferior para que o juiz mande o recorrente juntar as razões sob pena de indeferimento.

O assistente pode recorrer se o MP não recorrer? São divergentes as opiniões. Eu entendo que sim.

Assistente de acusação: pode ser: a vítima, ascendente, descendente ou irmão da vítima, que auxilia o MP. Se não podem advogar devem contratar um advogado para representá-los. Entra no processo depois de oferecida a denúncia, por meio de petição. Peticionado, o juiz abre vista ao MP. O assistente habilitado no processo pode recorrer no prazo de 5 dias após o MP ter recorrido; e o não habilitado tem ainda 15 dias para recorrer contados da data em que o MP recorreu. Da decisão que negou o pedido de habilitação do assistente não cabe recurso, mas tal decisão deverá ser fundamentada e caberá o mandado de segurança.

Os recursos, apelações e embargos serão julgados pelo TJ ou TRF conforme o artigo 609 do CPP defende. O recurso do TJ militar e eleitoral são os que irão para o TRF.

EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE – EI e EN Lei de organização judiciária: é a constitucional. Quando a decisão dos

recursos julgados não for unânime de todos os julgadores e for desfavorável ao réu, caberá EI (questões materiais) ou E de nulidade (questões de nulidade) no prazo de 10 dias, como recurso exclusivo da defesa.

O recurso vai para a câmara (5 integrantes). O relator, revisor e vogal formam a turma. A decisão é por maioria.

Cabem EI e EN no julgamento de: recurso em sentido estrito, apelação e no agravo de execução (que substitui o RSE na LEP).

Da decisão do HC não cabem EI, e sim RO para o STJ, unânime ou não a decisão.

O recurso é dirigido ao relator, que se não receber o EI cabe agravo regimental. Só comparando, esse agravo regimental está para o EI assim como a carta testemunhável está para o RSE.

Assim como no RSE e diferente da apelação, pode haver o juízo de retratação.

REVISÃO CRIMINAL - RC

É uma ação autônoma e de natureza desconstitutiva, pois visa

restabelecer o status quo, se assemelhando à ação rescisória no cível, e visa

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provar que a condenação é indevida e que o condenado é inocente. Deve haver sentença transitada em julgado que condenou o réu, que pode ser inocentado agora.

Cabe a RC nos seguintes casos: - a decisão foi baseada em prova falsa; - a decisão for contrária à prova nos autos; - o juiz deixar de aplicar lei penal vigente no momento do caso ou; - a prova da inocência só pôde ser obtida após o transito em julgado. As partes são necessariamente outras. Os legitimados para interpor essa

ação são: o réu se estiver vivo, ascendente, descendente, cônjuge, irmão e companheiro (divergência).

É na verdade uma reclamação de um erro do judiciário e caberá indenização, se, contudo, a culpa tiver sido do réu, não terá este direito à indenização. O valor dessa indenização é apurado em posterior ação cível, e não no criminal mesmo. Se o crime tiver sido de ação privada, entende-se que quem deve pagar indenização ao réu foi o próprio autor da ação, e não o Estado, porque foi o autor que acusou falsamente o réu.

Não há prazo para interpor esta ação, e cabe também em casos de tribunal do júri.

Poderá ser proposta a ação por diversas vezes desde que surjam fatos novos.

HABEAS CORPUS - HC

Protege o direito de ir e vir; de locomoção. É uma garantia constitucional

e por isso não pode ser molestada por terceiros, podendo ser impetrado contra ato de autoridade ou de terceiros também! Um exemplo dado foi o da mulher que é presa dentro de casa pelo marido.

Pode ser preventivo ou liberatório. No caso do preventivo, o ato que feriu meu direito de locomoção pode estar prestes a acontecer, mas não aconteceu ainda. Evita um ato ilegal. Já o HC liberatório tem o escopo de terminar a coação ilegal e sem justa causa (artigo 648 do CPP).

O HC tem força para anular o processo por inteiro,mesmo que já tenha sentença. Um exemplo é de quando um preso no estado em que corre um processo contra ele é citado por edital. A citação nesse caso deve ser pessoal, porque está no mesmo estado, logo, cabe HC para anular todo o processo da citação em diante.

Quem vai apreciar o HC é dependente de quem é o coator. Se o coator for um particular, quem aprecia é o juiz; se o ato ilegal for de um diretor de uma penitenciária federal, já é de competência do tribunal apreciar o HC.

CORREIÇÃO PARCIAL - CP O prazo para sua interposição é de 10 dias e deverá ser dirigida ao

tribunal (onde segue o rito do agravo de instrumento) em petição com a exposição do fato e do direito, as razões do pedido da reforma, e a qualificação dos advogados; deverá ser instruída co cópias da decisão corrigida, certidão da respectiva intimação e das procurações dos advogados.

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Recebida a correição o tribunal pode: - pedir informações ao juiz da causa - atribuir efeito suspensivo - intimar o corrigido para responder no prazo de 10 dias, podendo juntar

documentos Os legitimados são: o MP, o defensor, o querelante, o querelado e o

curador. É admitido também que o assistente seja legitimado.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO - RE É aquele mediante o qual se propicia ao STF manter o primado da CR.

Por meio dele, como guardião da Lei Maior, o supremo tutela os mandamentos constitucionais.

Os casos julgados são quando: - a decisão contrariar dispositivo da CR; - declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; - julgar válida lei ou ato do governo local em face da CR; - julgar válida lei local em face de lei federal. Inicialmente esse recurso somente possuía efeito devolutivo e não

suspensivo, todavia, o STJ e o STF já estão se conscientizando de que deverá ser aceito o recurso em seu efeito suspensivo, tendo em vista que ninguém será condenado sem sentença transitada em julgado a esse respeito a súmula 267 do STJ.

O legitimado é a parte sucumbente. As súmulas 208 e 210 impõem limite à participação do assistente.

O prazo para sua interposição é de 15 dias, sendo a petição encaminhada para o presidente do tribunal recorrido e ao supremo tribunal federal com a exposição do fato e do direito, demonstração do cabimento (repercussão geral e prequestionamento) e as razões do pedido de reforma.

Protocolizada a petição, o recorrido é intimado para contrarrazoar em 15 dias. Após, os autos irão conclusos para o presidente, que fará o juízo de admissibilidade, autorizando ou não o seguimento do processo em 5 dias. Da decisão denegatória cabe agravo de instrumento.

RECURSO ESPECIAL - REsp

As hipóteses de cabimento estão previstas no artigo 105 da CR/88.o

procedimento é igual ao procedimento do RE. O prazo é de 15 dias. Exige-se o prequestionamento, mas não a repercussão geral e exige-se o

esgotamento das vias ordinárias. A respeito dos efeitos, cabe a mesma discussão que no RE.