Processos Necessários Para Realizar Um Projeto de Mdl e Gerar Creditos de Carbono

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    PROCESSOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR UM PROJETO DE MDL EGERAR CRÉDITOS DE CARBONO 1 

    BASSO, R. L.2; BERTAGNOLLI, D. D. de O.3; LONDERO, P. R.2; OLIVEIRA, L. A.de2; SCHUMACHER, L. I.3 1 Trabalho de Pesquisa _UNIFRA2

     Acadêmicas do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), SantaMaria, RS, Brasil3 Professoras do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), SantaMaria, RS, BrasilE-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];[email protected]; [email protected] 

    RESUMO

    Na busca por práticas sustentáveis, que ajudem a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, asempresas passaram a participar de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Assim,esta pesquisa visa identificar e analisar os processos necessários para a elaboração de um projeto de

    MDL e geração de créditos de carbono em uma empresa que possui créditos de carbono validados ecomparar com a teoria. A pesquisa classifica-se, como qualitativa, descritiva, bibliográfica,documental e estudo de caso. Conclui-se que a teoria diverge da prática na certificação, na literaturaapurou-se que o órgão responsável por esta etapa deve ser uma Entidade Operacional Designada(EOD) diferente daquela que validou o Documento de Concepção do Projeto (DCP), a EOD quecertificou o MDL da Geradora de Energia Elétrica Alegrete é a Det Norske Veritas   (DNV), mesmaempresa responsável pela validação do DCP.

    Palavras-chave: Sustentabilidade; Protocolo de Quioto; MDL; Créditos de Carbono.

    1 INTRODUÇÃO

    A preocupação com o ambiente tem provocado na sociedade e nas empresas a

    busca por atitudes sustentáveis. Desta forma, ao buscar comportamentos ecologicamente

    corretos, a gestão das organizações torna-se cada vez mais complexa, a partir do momento

    que se passa a utilizar novas tecnologias e ideias inovadoras capazes de reduzir as

    emissões dos gases que prejudicam o meio ambiente.

    Assim, as empresas perceberam que o uso de práticas sustentáveis durante seus

    processos produtivos ajudaria a reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs),

    mantendo sua competitividade no mercado, e isso foi possível com o surgimento do

    Protocolo de Quioto. O mesmo possibilitou às empresas situadas nos países em

    desenvolvimento, como o Brasil, participarem voluntariamente de projetos de Mecanismo de

    Desenvolvimento Limpo (MDL), para a comercialização de créditos de carbono por meio da

    redução de gases do efeito estufa.

    Nesse contexto da sustentabilidade, surge o problema da pesquisa: quais são os

    processos necessários para a elaboração de um projeto de MDL e a geração dos créditos

    de carbono em uma empresa que possui créditos validados?

    Este estudo tem como objetivo geral identificar e analisar os processos necessários

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    para a elaboração de um projeto de MDL e geração de créditos de carbono em uma

    empresa que possui créditos de carbono validados e comparar com a teoria. Para alcançar

    o objetivo geral, foram elencados alguns objetivos específicos: levantar na literatura os

    processos necessários para o desenvolvimento de um projeto de MDL e geração dos

    créditos de carbono, verificar na empresa pesquisada quais os processos necessários para

    a elaboração do projeto de MDL e geração dos créditos de carbono, além de estabelecer um

    comparativo entre a teoria e a prática.

    2 REFERENCIAL TEÓRICO

    Este segmento tem como objetivo apresentar o referencial teórico que serviu de

    suporte para o presente estudo: Protocolo de Quioto, Mecanismo de Desenvolvimento

    Limpo e geração dos créditos de carbono.

    A acumulação na atmosfera dos gases emitidos pela queima de combustíveis fósseis

    aumentou as consequências do efeito estufa no decorrer dos anos e causou o aquecimento

    global, que é considerado um dos principais problemas ambientais, pois afeta toda a

    humanidade, já que as alterações climáticas trazem consequências não só ecológicas, mas

    também socioeconômicas.

    Para reduzir o acúmulo desses gases prejudiciais à atmosfera, surgiu o Protocolo de

    Quioto, em dezembro de 1997 na cidade de Quioto, no Japão, durante a terceira

    Conferência das Partes (COP-3), como uma forma de amenizar a interferência do homemno meio ambiente e suas consequências, fazendo com que os países industrializados

    reduzam suas emissões dos GEEs.

    Então, os países que aderiram ao Protocolo de Quioto são divididos em três grupos:

    Anexo I, Anexo II e Não-Anexo I, sendo que cada um deles possui compromissos diferentes

    em relação ao Protocolo.

    O Anexo I é composto pelas nações desenvolvidas que faziam parte da Organização

    para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica (OECD) em 1992, e os países em

    economia de transição, que têm metas a serem cumpridas. Fazem parte do Anexo II osmembros da OECD que não são economias de transição (LIMIRO, 2011). Segundo

    Protocolo de Quioto (1997), a responsabilidade do Anexo II é fornecer recursos financeiros

    para os países em desenvolvimento realizarem atividades de redução de emissões. As

    “Partes Não-Anexo I” são os países em desenvolvimento, que segundo Limiro (2011), não

    possuem metas de redução de gases de efeito estufa.

    Porém, o Protocolo só entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 quando obteve a

    adesão do Canadá e da Rússia, o que foi suficiente para atingir a quantidade de países

    responsáveis por 55% do total das emissões do mundo (com base nos níveis de poluentes

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    emitidos em 1990). O principal objetivo do Protocolo de Quioto é reduzir a emissão de

    poluentes em 5,2% no Anexo I, esse objetivo corresponde ao primeiro período do Protocolo,

    que vai de 2008 a 2012 (LIMIRO, 2011).

    Para facilitar as reduções foram estabelecidos três mecanismos de flexibilização: o

    Comércio de Emissões; a Implementação Conjunta; e o Mecanismo de Desenvolvimento

    Limpo (MDL), neste é permitida a participação voluntária de países em desenvolvimento.

    Com isso, o garante-se que os países, em cooperação, podem distribuir suas eficiências

    ambientais para os demais com a finalidade de buscar o objetivo global de redução de

    emissões (BARBIERI; RIBEIRO, 2007).

    As nações desenvolvidas possuidoras de recursos financeiros e de metas a serem

    atingidas para a mitigação de GEEs, podem ajudar os países em desenvolvimento para que

    estes viabilizem o desenvolvimento sustentável por meio de implementação de projetos de

    MDL, capazes de contribuir para o cumprimento das metas do Protocolo. Assim, percebe-se

    que por meio do auxílio financeiro dos países desenvolvidos pode-se mudar as práticas

    existentes, reduzindo os índices de poluição, mostrando que o mundo está cada vez mais

    preocupado com a conservação do planeta.

    O MDL gera permissões de emissão de carbono, por meio da redução de GEEs da

    atmosfera, sendo que será implementado pelos países desenvolvidos nos territórios dos que

    estão em desenvolvimento, gerando Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), também

    chamadas de créditos de carbono e o país investidor poderá adquiri-los como cumprimento

    parcial de suas metas (LIMIRO, 2011).Segundo Barbieri e Ribeiro (2007, p. 3), o MDL

    envolve a criação e a implantação de projetos para diminuir e eliminar gasesde efeito estufa nos países em desenvolvimento, os quais poderão serfinanciados pelos países desenvolvidos em troca de créditos para seremabatidos dos seus compromissos de redução de emissões.

    Segundo Limiro (2011), uma tonelada de CO2 equivalente removido da atmosfera

    dará origem a um crédito de carbono que poderá ser negociado no mercado mundial, esse

    cálculo é efetuado por empresas especializadas. A comercialização das RCEs no chamado

    mercado de carbono pode ocorrer desde a elaboração do projeto de MDL até as emissões

    das RCEs.

    A elaboração de atividades de projeto de MDL segue uma série de etapas e regras

    severas, para que haja eficiência e confiabilidade no sistema no que se refere ao balanço

    global de reduções de emissões, por isso foi criado o ciclo do MDL, por meio do qual os

    créditos de carbono são gerados.

    De acordo com Mozzer, Magalhães e Shellard (2007), o balanço global de reduções

    de emissões, diz respeito à diferença entre o montante de reduções de emissões de GEEs

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    alcançadas por uma atividade de projeto de MDL e o valor abatido das obrigações de

    reduções de um país Anexo I, as quais devem se equilibrar e refletir precisamente os níveis

    de redução que teriam sido alcançados na ausência do MDL. Caso ocorra um desequilíbrio,

    a diferença encontrada representaria um montante de GEEs lançados na atmosfera, o que é

    contra o MDL.

    Para evitar esse desequilíbrio, são necessários múltiplos estágios de controle, por

    entes distintos atuando independentemente no sistema, para que a confiabilidade do mesmo

    seja garantida. Desta forma, para que resultem em créditos de carbono, as atividades de

    projeto do MDL devem, necessariamente, passar pelo ciclo do projeto que apresenta as

    seguintes etapas:

      CICLO DE SUBMISSÃO – é composto por três etapas:

    1) Elaboração do Documento de Concepção de Projeto (DCP): a primeira etapa é de

    responsabilidade dos participantes do projeto. Esse documento deverá incluir, segundo

    Mozzer, Magalhães e Shellard (2007), a descrição: das atividades de projeto, dos

    participantes, da metodologia da linha de base, das metodologias para o cálculo da redução

    de emissões e para o estabelecimento dos limites da atividade e das fugas, do plano de

    monitoramento, assim como o período de obtenção dos créditos;

    2) Validação: de acordo com Limiro (2011), para assegurar transparência e eficiência

    às atividades de projeto de MDL, foram criadas as Entidades Operacionais Designadas

    (EOD), cuja função é validar os projetos ou verificar e certificar as reduções das emissões

    antrópicas de GEEs;3) Aprovação pela Autoridade Nacional Designada (AND): antes de ser efetivada a

    validação do DCP, a EOD necessitará encaminhar o relatório de validação para apreciação

    e aprovação da Autoridade Nacional Designada (AND), que no Brasil é a Comissão

    Interministerial de Mudança Global do Clima (Cimgc), a qual é responsável pela implantação

    do MDL e da declaração que a participação do país anfitrião é voluntária e que o MDL

    contribui para o alcance de seu desenvolvimento sustentável (LIMIRO, 2011);

    4) Submissão ao Conselho Executivo para registro: conforme Seiffert (2009), o

    registro é a aceitação formal de um projeto validado como atividade de projeto do MDL, peloConselho Executivo do MDL, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).

      CICLO DE VERIFICAÇÃO – é neste ciclo que serão quantificadas as reduções

    de emissões de GEEs efetivamente alcançadas pelo projeto ao longo de um determinado

    período de tempo.

    5) Monitoramento: envolve a coleta e o armazenamento de todos os dados

    necessários para calcular a redução das emissões de GEEs, de acordo com o DCP, que

    tenha ocorrido dentro dos limites da atividade de projeto e dentro do período de obtenção

    dos créditos. A fase de monitoramento poderá ser realizada quantas vezes o desenvolvedor

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    do projeto achar conveniente ao longo da existência do projeto (MOZZER; MAGALHÃES;

    SHELLARD, 2007);

    6) Verificação/Certificação: é um processo de auditoria periódico e independente

    para revisar os cálculos relativos à redução de emissões ou à remoção de CO2 resultantes

    do MDL (MOZZER; MAGALHÃES; SHELLARD, 2007). De acordo com Limiro (2011), essa

    etapa deve ser realizada por uma EOD diferente daquela que validou o DCP;

    7) Emissão das RCEs: é a comprovação de que as reduções de emissões de gases

    de efeito estufa decorrentes das atividades de projeto são reais, mensuráveis e de longo

    prazo e que por isso, podem dar origem a RCEs, que são emitidas pelo Conselho Executivo

    do MDL.

    Segundo Limiro (2011), o período de obtenção de créditos pode ser de no máximo

    10 anos para projetos de período fixo ou de 7 anos para projetos de período renovável (os

    projetos são renováveis por no máximo três períodos de 7 anos dando um total de 21 anos).

    Posteriormente à emissão das RCEs, a empresa possuidora de tais certificados,

    poderá vendê-los, buscando assim um maior retorno sobre seus investimentos, bem como,

    um diferencial em relação a seus concorrentes.

    3 METODOLOGIA

    A presente pesquisa classifica-se, quanto à forma de abordagem do problema como

    qualitativa, quanto ao objetivo como descritiva, porque descreve os processos do projeto deMDL e geração de créditos de carbono do grupo Pilecco Nobre.

    Quanto aos procedimentos técnicos esta pesquisa classifica-se como bibliográfica,

    documental e estudo de caso, pois estudou-se o caso do grupo Pilecco Nobre Alimentos.

    A coleta de dados ocorreu em outubro de 2011, durante uma visita realizada à

    empresa Pilecco Nobre Alimentos Ltda. e à Geradora de Energia Elétrica Alegrete (GEEA),

    na oportunidade realizou-se uma reunião com o gerente do MDL (engenheiro químico), com

    o supervisor do MDL 1 (administrador) e com o supervisor do MDL 2 (contador), por meio de

    uma entrevista não estruturada e uma conversa informal. Ademais, pode-se visitar asinstalações produtivas do grupo e observar todo o processo de geração dos créditos de

    carbono pela GEEA, a qual é responsável pelo projeto de MDL do grupo. Os documentos 

    fornecidos pela empresa foram: Monitoring Report Form   – CDM-MR (Formulário de

    Relatório de Monitoramento), Clean Development Mechanism Simplified Project Design

    Document for Small-Scale Project Activities   – SSC-CDM-PDD (Documento de Concepção

    do Projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Simplificado de Atividades de Projeto

    de Pequena Escala), slides apresentados à GEEA e elaborados pela Mitsubishi UFJ Morgan

    Stanlei, Verification/Certification Report (Relatório de Verificação/Certificação) elaborado

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    pela DNV. Estes foram tratados de forma a organizá-los para posterior análise, buscando

    atingir os objetivos da pesquisa. Com a análise dos mesmos, pode-se verificar na empresa

    pesquisada quais os processos necessários para a elaboração do projeto de MDL e geração

    dos créditos de carbono, além de estabelecer um comparativo entre a teoria e a prática.

    4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

    Situado na cidade de Alegrete, Rio Grande do Sul, o Grupo Pilecco Nobre possui

    como principal atividade a indústria orizícola, sempre pensando no desenvolvimento

    sustentável, com o equilíbrio do meio ambiente e a sociedade.

    O grupo sempre buscou novas tecnologias, tendo em vista o desenvolvimento

    sustentável e a adoção de ideias inovadoras para reduzir os GEEs e por isso possui

    geração de créditos de carbono, por meio de um projeto de MDL em uma de suas

    empresas, a GEEA, que utiliza os resíduos provenientes do beneficiamento do arroz de

    outra empresa do grupo, a Pilecco Nobre Alimentos Ltda. e de terceiros para produzir

    energia elétrica renovável.

    Desta forma, evita a decomposição da biomassa, responsável por gerar o gás

    metano, que possui um potencial de aquecimento global 21 vezes mais prejudicial que o

    CO2, emitido pela GEEA na queima da casca do arroz. E também, gera créditos de carbono

    a partir da produção de energia com biomassa renovável, onde 75 a 80% da energia

    produzida é disponibilizada à concessionária de energia local, pois quando considera-se aausência do projeto há maior geração de eletricidade por meio de termoelétricas movidas a

    combustível fóssil. No quadro 1, pode-se verificar as etapas que fazem parte do ciclo de

    MDL, de acordo com o que foi levantado na literatura e o que foi analisado na prática.

    CICLO DO PROJETO DEMDL

    ÓRGÃO RESPONSÁVELDESCRIÇÃO DO CICLO NA

    PRÁTICACiclo de Submissão: Ciclo de Submissão:  Ciclo de Submissão: 

    1) Elaboração do Documentode Concepção de Projeto(DCP)

    Participantes do projeto

    Nesta etapa, a GEEA teve aparceria da empresa japonesaMitsubishi UFJ Morgan Stanlei. Versão 1: 21 jan. 2003 – Adoçãoinicial.Versão 2: 08 jul. 2005 – • OConselho concordou em revisar oMDL DCP para orientação eesclarecimentos prestados peloConselho desde a versão 01 dodocumento.• Como consequência, asorientações para preenchimentodo DCP foram revisadas deacordo com a versão 2.

    2) Validação EOD Validação em 6 de março de 2007pela EOD Det Norske Veritas

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    Climate Change Services AS(DNV).

    3) Aprovação AND, que no Brasil é a Cimgc

    Atestada a participação voluntáriae que o projeto contribui para odesenvolvimento sustentável dopaís.

    4) Registro Conselho Executivo do MDL Aceitação formal do projeto é pré-

    requisito para as outras etapas.Ciclo de Verificação: Ciclo de Verificação:  Ciclo de Verificação: 

    5) Monitoramento Participantes do projeto

    Realizado pelo supervisor de MDL1, supervisor de MDL 2 e gerentedo MDL que verificam váriosparâmetros.

    6) Verificação/Certificação EOD diferente daquela quevalidou o DCP

    A empresa possui créditos decarbono certificados pela DNVreferentes ao período de agosto àdezembro de 2010.

    7) Emissão das RCEs Conselho Executivo do MDL

    Cumpridas todas as etapas, há acerteza de que as reduções deemissão de GEEs são reais,

    mensuráveis e de longo prazo epodem dar origem às RCEs,podendo ser utilizadas comocumprimento parcial das metas doProtocolo de Quioto.

    Quadro 1: Ciclos do projeto de MDL

    A estrutura e equipamentos da GEEA são diferenciadas, pois as instalações e a

    infra-estrutura são de alta tecnologia, visto que foram criados equipamentos específicos

    para a adequação às necessidades da geradora. Também, houve treinamento com os

    colaboradores, sendo que os mesmos tomaram conhecimento do funcionamento e foramconscientizados da importância do projeto, principalmente para o meio ambiente, uma vez

    que todos desempenhariam papéis importantes na implantação e monitoramento do mesmo,

     já que participam das auditorias da ONU para a validação dos créditos, nas quais não pode

    haver falhas, do contrário, os créditos já gerados são perdidos.

    Para realizar as etapas referentes ciclo de submissão, que são a elaboração do

    DCP, validação, aprovação e registro do MDL, a GEEA teve a parceria da empresa

     japonesa Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei que está integrada para a geração dos créditos de

    carbono, num total de aproximadamente 400 mil toneladas de CO2 pelo período de dez

    anos. A Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei é a empresa de consultoria do MDL responsável pela

    análise e viabilidade econômica, além de ter encaminhado o projeto para a validação,

    aprovação e registro nos órgãos competentes. Hoje, ela faz a consultoria relacionada à

    etapa de monitoramento – ciclo de verificação – por meio de auditores que visitam a

    empresa com a periodicidade de 6 meses, atuando como sócia do projeto, pois 7,5% do

    total de créditos gerados pela GEEA, pertencem à Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei .

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    Há uma equipe responsável pelo monitoramento dos dados e cálculos do projeto de

    MDL para as consultorias, a fim de obter a certificação do mesmo e emissão dos créditos de

    carbono, esta equipe é composta de três profissionais, como observa-se na figura 1.

    Figura 1: Equipe do projeto de MDL da GEEA

    O administrador, é o supervisor MDL 1 que une os dados das planilhas com a

    Planilha Master MDL, verifica os seguintes parâmetros: eletricidade fornecida à rede;

    quantidade de biomassa consumida; quantidade de biomassa transportada; distância média

    incremental para o transporte; capacidade do caminhão; composição da biomassa; fração

    de metano capturado ou queimado no aterro; potencial de aquecimento global; excedente

    de biomassa.O supervisor MDL 2, que é o contador, verifica procedimentos dos operadores e

    monitora os dados das planilhas, verifica o status de calibração dos equipamentos, pesquisa

    dados e prepara relatórios de cálculo de redução de emissões.

    O engenheiro químico, que é o gerente do MDL, prepara e implementa programa de

    treinamento, checa a consistência dos resultados do relatório de cálculo de redução de

    emissões mensalmente, prepara o Relatório de Monitoramento, que é a 5ª etapa e está

    dentro do ciclo de verificação, e conduz a comunicação com a Entidade Operacional

    Designada Det Norske Veritas Climate Change Services AS   (DNV), única empresacredenciada pela ONU a certificar os projetos de MDL com o objetivo de negociar créditos

    de carbono no Brasil, a qual validou o Projeto GEEA em 06 de março de 2007.

    A empresa possui créditos de carbono certificados pela DNV – 6ª etapa, ciclo de

    verificação – e emitidos pelo Conselho Executivo do MDL – 7ª etapa, ciclo de verificação –

    referentes ao período de agosto à dezembro de 2010, e está aguardando para vendê-los em

    período mais favorável, pois os créditos estão aproximadamente € 10. As RCEs do período

    posterior à dezembro de 2010, na data da visita à empresa, estavam na etapa de

    monitoramento, onde aguardavam a avaliação da ONU.

    Estes créditos são provenientes das reduções de emissão dos gases de efeito estufa

    referentes ao metano que deixou de ser liberado pela biomassa durante sua decomposição

    caso fosse deixada em aterro, mais a parcela da energia que vai para a rede elétrica da

    distribuidora, e por isso passa a utilizar uma parte de energia provinda de uma fonte

    renovável. Além disso, como parte dos insumos utilizados na produção da energia são

    doados por terceiros, precisam ser transportados até a geradora, deste modo deve-se

    descontar a emissão de GEEs provenientes do transporte de casca de arroz que utiliza óleo

    diesel, um combustível fóssil. A figura 2 refere-se ao cálculo dos créditos de carbono.

    Supervisor MDL 1

    (administrador)

    Supervisor MDL 2

    (contador)

    Gerente do MDL

    (engenheiro químico)

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    Sendo assim, os GEEs sequestrados da atmosfera pelo projeto de MDL da GEEA

    são responsáveis pela geração dos créditos de carbono, os quais são calculados de acordo

    com o que está demonstrado na figura anterior. Outro método de representar o cálculo do

    valor das emissões geradas no período do projeto está exposto na fórmula 1.

    A fórmula acima faz parte do cálculo dos créditos de carbono, onde ER é o valor das

    emissões geradas no período, BE1  são as emissões da queima de combustível fóssil nas

    termoelétricas da rede, BE2 são as emissões evitadas de metano que ocorreriam no aterro

    de casca de arroz e PE1  são as emissões do projeto relativas ao transporte da casca de

    arroz. A partir deste cálculo, as RCEs podem ser emitidas pelo Conselho Executivo do MDL,

    encerrando-se os ciclos do projeto.

    5 CONCLUSÃO

    Por meio deste estudo, foi possível identificar e analisar os processos necessários

    para a elaboração de um projeto de MDL e geração de créditos de carbono em uma

    empresa que possui créditos de carbono validados e comparar com a teoria. Para isso,

    estudou-se o caso do Grupo Pilecco Nobre, que gera créditos de carbono por meio do

    projeto de MDL da Geradora de Energia Elétrica Alegrete (GEEA).

    No intuito de conhecer as etapas de elaboração de um projeto de MDL, levantou-se

    na literatura os processos necessários para o desenvolvimento de um projeto de MDL e

    geração dos créditos de carbono. Sendo que, foram levantadas 7 etapas para elaboração do

    MDL, divididas em dois ciclos: ciclo de submissão (elaboração do DCP – validação –

    aprovação – submissão) e ciclo de verificação (monitoramento – certificação – emissão).

    Também, foram verificados na empresa pesquisada quais os processos necessários

    para a elaboração do projeto de MDL e geração dos créditos de carbono. Com a análise

    destas informações pode-se observar, na prática, que a GEEA cumpriu todas as etapas

    Crédito deCarbono

    Metano que seria gerado pela decomposição - (CO2 emitido pela GEEA - CO2 emitido pelo transporte) +parcela de energia colocada na rede elétrica comunitária

    Figura 2: Cálculo dos Créditos de Carbono 

    ER = BE1

    + BE2 – PE

    Fórmula 1: Cálculo do valor das emissões geradas no período. Fonte: Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei ,2005.

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    relacionadas ao ciclo do MDL e geração dos créditos de carbono, dando credibilidade ao

    seu projeto.

    Além disso, foi estabelecido um comparativo entre a teoria e a prática quanto à

    elaboração de projetos de MDL, no qual foi apurado que a empresa realizou todos os

    processos necessários para o desenvolvimento de seu projeto de MDL e geração dos

    créditos de carbono em conformidade com o que foi levantado na literatura, porém encontra-

    se um ponto no qual a teoria diverge da prática, e isso ocorre na 6ª etapa que é a

    verificação/certificação do MDL, na literatura o órgão responsável por esta etapa deve ser

    uma EOD diferente daquela que validou o Documento de Concepção do Projeto (DCP). No

    entanto, a EOD que certificou o projeto de MDL da GEEA é a Det Norske Veritas Climate

    Change Services AS  (DNV), a mesma foi responsável pela validação do DCP.

    Conforme entrevista com os responsáveis pelo projeto, isso ocorreu devido à DNV

    ser a única EOD no Brasil credenciada pela ONU a certificar projetos de MDL para a

    geração dos créditos de carbono.

    REFERÊNCIAS

    BARBIERI, Karen Simões; RIBEIRO, Maisa de Souza. Mercado de créditos de carbono: aspectos

    comerciais e contábeis. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 7., 2007,

    São Paulo. Anais eletrônicos. São Paulo: USP, 2007. Disponível em:

    . Acesso em: 07 abr. 2011.

    BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Protocolo de quioto. Editado e traduzido pelo Ministério

    da Ciência e Tecnologia com o apoio do Ministério das Relações Exteriores da República Federativa

    do Brasil. Disponível em:

    . Acesso em: 05 ago.

    2011.

    LIMIRO, Danielle. Créditos de carbono: protocolo de Kyoto e projetos MDL. 2.ed. Curitiba: Juruá,

    2011.

    MITSUBISHI UFJ MORGAN STANLEY . Introdução aos projetos da GEEA. Tóquio. 04 ago. 2005.

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    MOZZER, Gustavo Barbosa; MAGALHÃES, Danielle de Araújo; SHELLARD, Sofia Nicoletti. Ciclo de

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