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8/18/2019 Processos Necessários Para Realizar Um Projeto de Mdl e Gerar Creditos de Carbono
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PROCESSOS NECESSÁRIOS PARA REALIZAR UM PROJETO DE MDL EGERAR CRÉDITOS DE CARBONO 1
BASSO, R. L.2; BERTAGNOLLI, D. D. de O.3; LONDERO, P. R.2; OLIVEIRA, L. A.de2; SCHUMACHER, L. I.3 1 Trabalho de Pesquisa _UNIFRA2
Acadêmicas do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), SantaMaria, RS, Brasil3 Professoras do Curso de Ciências Contábeis do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA), SantaMaria, RS, BrasilE-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected];[email protected]; [email protected]
RESUMO
Na busca por práticas sustentáveis, que ajudem a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, asempresas passaram a participar de projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Assim,esta pesquisa visa identificar e analisar os processos necessários para a elaboração de um projeto de
MDL e geração de créditos de carbono em uma empresa que possui créditos de carbono validados ecomparar com a teoria. A pesquisa classifica-se, como qualitativa, descritiva, bibliográfica,documental e estudo de caso. Conclui-se que a teoria diverge da prática na certificação, na literaturaapurou-se que o órgão responsável por esta etapa deve ser uma Entidade Operacional Designada(EOD) diferente daquela que validou o Documento de Concepção do Projeto (DCP), a EOD quecertificou o MDL da Geradora de Energia Elétrica Alegrete é a Det Norske Veritas (DNV), mesmaempresa responsável pela validação do DCP.
Palavras-chave: Sustentabilidade; Protocolo de Quioto; MDL; Créditos de Carbono.
1 INTRODUÇÃO
A preocupação com o ambiente tem provocado na sociedade e nas empresas a
busca por atitudes sustentáveis. Desta forma, ao buscar comportamentos ecologicamente
corretos, a gestão das organizações torna-se cada vez mais complexa, a partir do momento
que se passa a utilizar novas tecnologias e ideias inovadoras capazes de reduzir as
emissões dos gases que prejudicam o meio ambiente.
Assim, as empresas perceberam que o uso de práticas sustentáveis durante seus
processos produtivos ajudaria a reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs),
mantendo sua competitividade no mercado, e isso foi possível com o surgimento do
Protocolo de Quioto. O mesmo possibilitou às empresas situadas nos países em
desenvolvimento, como o Brasil, participarem voluntariamente de projetos de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL), para a comercialização de créditos de carbono por meio da
redução de gases do efeito estufa.
Nesse contexto da sustentabilidade, surge o problema da pesquisa: quais são os
processos necessários para a elaboração de um projeto de MDL e a geração dos créditos
de carbono em uma empresa que possui créditos validados?
Este estudo tem como objetivo geral identificar e analisar os processos necessários
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para a elaboração de um projeto de MDL e geração de créditos de carbono em uma
empresa que possui créditos de carbono validados e comparar com a teoria. Para alcançar
o objetivo geral, foram elencados alguns objetivos específicos: levantar na literatura os
processos necessários para o desenvolvimento de um projeto de MDL e geração dos
créditos de carbono, verificar na empresa pesquisada quais os processos necessários para
a elaboração do projeto de MDL e geração dos créditos de carbono, além de estabelecer um
comparativo entre a teoria e a prática.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Este segmento tem como objetivo apresentar o referencial teórico que serviu de
suporte para o presente estudo: Protocolo de Quioto, Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo e geração dos créditos de carbono.
A acumulação na atmosfera dos gases emitidos pela queima de combustíveis fósseis
aumentou as consequências do efeito estufa no decorrer dos anos e causou o aquecimento
global, que é considerado um dos principais problemas ambientais, pois afeta toda a
humanidade, já que as alterações climáticas trazem consequências não só ecológicas, mas
também socioeconômicas.
Para reduzir o acúmulo desses gases prejudiciais à atmosfera, surgiu o Protocolo de
Quioto, em dezembro de 1997 na cidade de Quioto, no Japão, durante a terceira
Conferência das Partes (COP-3), como uma forma de amenizar a interferência do homemno meio ambiente e suas consequências, fazendo com que os países industrializados
reduzam suas emissões dos GEEs.
Então, os países que aderiram ao Protocolo de Quioto são divididos em três grupos:
Anexo I, Anexo II e Não-Anexo I, sendo que cada um deles possui compromissos diferentes
em relação ao Protocolo.
O Anexo I é composto pelas nações desenvolvidas que faziam parte da Organização
para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica (OECD) em 1992, e os países em
economia de transição, que têm metas a serem cumpridas. Fazem parte do Anexo II osmembros da OECD que não são economias de transição (LIMIRO, 2011). Segundo
Protocolo de Quioto (1997), a responsabilidade do Anexo II é fornecer recursos financeiros
para os países em desenvolvimento realizarem atividades de redução de emissões. As
“Partes Não-Anexo I” são os países em desenvolvimento, que segundo Limiro (2011), não
possuem metas de redução de gases de efeito estufa.
Porém, o Protocolo só entrou em vigor em 16 de fevereiro de 2005 quando obteve a
adesão do Canadá e da Rússia, o que foi suficiente para atingir a quantidade de países
responsáveis por 55% do total das emissões do mundo (com base nos níveis de poluentes
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emitidos em 1990). O principal objetivo do Protocolo de Quioto é reduzir a emissão de
poluentes em 5,2% no Anexo I, esse objetivo corresponde ao primeiro período do Protocolo,
que vai de 2008 a 2012 (LIMIRO, 2011).
Para facilitar as reduções foram estabelecidos três mecanismos de flexibilização: o
Comércio de Emissões; a Implementação Conjunta; e o Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo (MDL), neste é permitida a participação voluntária de países em desenvolvimento.
Com isso, o garante-se que os países, em cooperação, podem distribuir suas eficiências
ambientais para os demais com a finalidade de buscar o objetivo global de redução de
emissões (BARBIERI; RIBEIRO, 2007).
As nações desenvolvidas possuidoras de recursos financeiros e de metas a serem
atingidas para a mitigação de GEEs, podem ajudar os países em desenvolvimento para que
estes viabilizem o desenvolvimento sustentável por meio de implementação de projetos de
MDL, capazes de contribuir para o cumprimento das metas do Protocolo. Assim, percebe-se
que por meio do auxílio financeiro dos países desenvolvidos pode-se mudar as práticas
existentes, reduzindo os índices de poluição, mostrando que o mundo está cada vez mais
preocupado com a conservação do planeta.
O MDL gera permissões de emissão de carbono, por meio da redução de GEEs da
atmosfera, sendo que será implementado pelos países desenvolvidos nos territórios dos que
estão em desenvolvimento, gerando Reduções Certificadas de Emissão (RCEs), também
chamadas de créditos de carbono e o país investidor poderá adquiri-los como cumprimento
parcial de suas metas (LIMIRO, 2011).Segundo Barbieri e Ribeiro (2007, p. 3), o MDL
envolve a criação e a implantação de projetos para diminuir e eliminar gasesde efeito estufa nos países em desenvolvimento, os quais poderão serfinanciados pelos países desenvolvidos em troca de créditos para seremabatidos dos seus compromissos de redução de emissões.
Segundo Limiro (2011), uma tonelada de CO2 equivalente removido da atmosfera
dará origem a um crédito de carbono que poderá ser negociado no mercado mundial, esse
cálculo é efetuado por empresas especializadas. A comercialização das RCEs no chamado
mercado de carbono pode ocorrer desde a elaboração do projeto de MDL até as emissões
das RCEs.
A elaboração de atividades de projeto de MDL segue uma série de etapas e regras
severas, para que haja eficiência e confiabilidade no sistema no que se refere ao balanço
global de reduções de emissões, por isso foi criado o ciclo do MDL, por meio do qual os
créditos de carbono são gerados.
De acordo com Mozzer, Magalhães e Shellard (2007), o balanço global de reduções
de emissões, diz respeito à diferença entre o montante de reduções de emissões de GEEs
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alcançadas por uma atividade de projeto de MDL e o valor abatido das obrigações de
reduções de um país Anexo I, as quais devem se equilibrar e refletir precisamente os níveis
de redução que teriam sido alcançados na ausência do MDL. Caso ocorra um desequilíbrio,
a diferença encontrada representaria um montante de GEEs lançados na atmosfera, o que é
contra o MDL.
Para evitar esse desequilíbrio, são necessários múltiplos estágios de controle, por
entes distintos atuando independentemente no sistema, para que a confiabilidade do mesmo
seja garantida. Desta forma, para que resultem em créditos de carbono, as atividades de
projeto do MDL devem, necessariamente, passar pelo ciclo do projeto que apresenta as
seguintes etapas:
CICLO DE SUBMISSÃO – é composto por três etapas:
1) Elaboração do Documento de Concepção de Projeto (DCP): a primeira etapa é de
responsabilidade dos participantes do projeto. Esse documento deverá incluir, segundo
Mozzer, Magalhães e Shellard (2007), a descrição: das atividades de projeto, dos
participantes, da metodologia da linha de base, das metodologias para o cálculo da redução
de emissões e para o estabelecimento dos limites da atividade e das fugas, do plano de
monitoramento, assim como o período de obtenção dos créditos;
2) Validação: de acordo com Limiro (2011), para assegurar transparência e eficiência
às atividades de projeto de MDL, foram criadas as Entidades Operacionais Designadas
(EOD), cuja função é validar os projetos ou verificar e certificar as reduções das emissões
antrópicas de GEEs;3) Aprovação pela Autoridade Nacional Designada (AND): antes de ser efetivada a
validação do DCP, a EOD necessitará encaminhar o relatório de validação para apreciação
e aprovação da Autoridade Nacional Designada (AND), que no Brasil é a Comissão
Interministerial de Mudança Global do Clima (Cimgc), a qual é responsável pela implantação
do MDL e da declaração que a participação do país anfitrião é voluntária e que o MDL
contribui para o alcance de seu desenvolvimento sustentável (LIMIRO, 2011);
4) Submissão ao Conselho Executivo para registro: conforme Seiffert (2009), o
registro é a aceitação formal de um projeto validado como atividade de projeto do MDL, peloConselho Executivo do MDL, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU).
CICLO DE VERIFICAÇÃO – é neste ciclo que serão quantificadas as reduções
de emissões de GEEs efetivamente alcançadas pelo projeto ao longo de um determinado
período de tempo.
5) Monitoramento: envolve a coleta e o armazenamento de todos os dados
necessários para calcular a redução das emissões de GEEs, de acordo com o DCP, que
tenha ocorrido dentro dos limites da atividade de projeto e dentro do período de obtenção
dos créditos. A fase de monitoramento poderá ser realizada quantas vezes o desenvolvedor
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do projeto achar conveniente ao longo da existência do projeto (MOZZER; MAGALHÃES;
SHELLARD, 2007);
6) Verificação/Certificação: é um processo de auditoria periódico e independente
para revisar os cálculos relativos à redução de emissões ou à remoção de CO2 resultantes
do MDL (MOZZER; MAGALHÃES; SHELLARD, 2007). De acordo com Limiro (2011), essa
etapa deve ser realizada por uma EOD diferente daquela que validou o DCP;
7) Emissão das RCEs: é a comprovação de que as reduções de emissões de gases
de efeito estufa decorrentes das atividades de projeto são reais, mensuráveis e de longo
prazo e que por isso, podem dar origem a RCEs, que são emitidas pelo Conselho Executivo
do MDL.
Segundo Limiro (2011), o período de obtenção de créditos pode ser de no máximo
10 anos para projetos de período fixo ou de 7 anos para projetos de período renovável (os
projetos são renováveis por no máximo três períodos de 7 anos dando um total de 21 anos).
Posteriormente à emissão das RCEs, a empresa possuidora de tais certificados,
poderá vendê-los, buscando assim um maior retorno sobre seus investimentos, bem como,
um diferencial em relação a seus concorrentes.
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa classifica-se, quanto à forma de abordagem do problema como
qualitativa, quanto ao objetivo como descritiva, porque descreve os processos do projeto deMDL e geração de créditos de carbono do grupo Pilecco Nobre.
Quanto aos procedimentos técnicos esta pesquisa classifica-se como bibliográfica,
documental e estudo de caso, pois estudou-se o caso do grupo Pilecco Nobre Alimentos.
A coleta de dados ocorreu em outubro de 2011, durante uma visita realizada à
empresa Pilecco Nobre Alimentos Ltda. e à Geradora de Energia Elétrica Alegrete (GEEA),
na oportunidade realizou-se uma reunião com o gerente do MDL (engenheiro químico), com
o supervisor do MDL 1 (administrador) e com o supervisor do MDL 2 (contador), por meio de
uma entrevista não estruturada e uma conversa informal. Ademais, pode-se visitar asinstalações produtivas do grupo e observar todo o processo de geração dos créditos de
carbono pela GEEA, a qual é responsável pelo projeto de MDL do grupo. Os documentos
fornecidos pela empresa foram: Monitoring Report Form – CDM-MR (Formulário de
Relatório de Monitoramento), Clean Development Mechanism Simplified Project Design
Document for Small-Scale Project Activities – SSC-CDM-PDD (Documento de Concepção
do Projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo Simplificado de Atividades de Projeto
de Pequena Escala), slides apresentados à GEEA e elaborados pela Mitsubishi UFJ Morgan
Stanlei, Verification/Certification Report (Relatório de Verificação/Certificação) elaborado
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pela DNV. Estes foram tratados de forma a organizá-los para posterior análise, buscando
atingir os objetivos da pesquisa. Com a análise dos mesmos, pode-se verificar na empresa
pesquisada quais os processos necessários para a elaboração do projeto de MDL e geração
dos créditos de carbono, além de estabelecer um comparativo entre a teoria e a prática.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Situado na cidade de Alegrete, Rio Grande do Sul, o Grupo Pilecco Nobre possui
como principal atividade a indústria orizícola, sempre pensando no desenvolvimento
sustentável, com o equilíbrio do meio ambiente e a sociedade.
O grupo sempre buscou novas tecnologias, tendo em vista o desenvolvimento
sustentável e a adoção de ideias inovadoras para reduzir os GEEs e por isso possui
geração de créditos de carbono, por meio de um projeto de MDL em uma de suas
empresas, a GEEA, que utiliza os resíduos provenientes do beneficiamento do arroz de
outra empresa do grupo, a Pilecco Nobre Alimentos Ltda. e de terceiros para produzir
energia elétrica renovável.
Desta forma, evita a decomposição da biomassa, responsável por gerar o gás
metano, que possui um potencial de aquecimento global 21 vezes mais prejudicial que o
CO2, emitido pela GEEA na queima da casca do arroz. E também, gera créditos de carbono
a partir da produção de energia com biomassa renovável, onde 75 a 80% da energia
produzida é disponibilizada à concessionária de energia local, pois quando considera-se aausência do projeto há maior geração de eletricidade por meio de termoelétricas movidas a
combustível fóssil. No quadro 1, pode-se verificar as etapas que fazem parte do ciclo de
MDL, de acordo com o que foi levantado na literatura e o que foi analisado na prática.
CICLO DO PROJETO DEMDL
ÓRGÃO RESPONSÁVELDESCRIÇÃO DO CICLO NA
PRÁTICACiclo de Submissão: Ciclo de Submissão: Ciclo de Submissão:
1) Elaboração do Documentode Concepção de Projeto(DCP)
Participantes do projeto
Nesta etapa, a GEEA teve aparceria da empresa japonesaMitsubishi UFJ Morgan Stanlei. Versão 1: 21 jan. 2003 – Adoçãoinicial.Versão 2: 08 jul. 2005 – • OConselho concordou em revisar oMDL DCP para orientação eesclarecimentos prestados peloConselho desde a versão 01 dodocumento.• Como consequência, asorientações para preenchimentodo DCP foram revisadas deacordo com a versão 2.
2) Validação EOD Validação em 6 de março de 2007pela EOD Det Norske Veritas
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Climate Change Services AS(DNV).
3) Aprovação AND, que no Brasil é a Cimgc
Atestada a participação voluntáriae que o projeto contribui para odesenvolvimento sustentável dopaís.
4) Registro Conselho Executivo do MDL Aceitação formal do projeto é pré-
requisito para as outras etapas.Ciclo de Verificação: Ciclo de Verificação: Ciclo de Verificação:
5) Monitoramento Participantes do projeto
Realizado pelo supervisor de MDL1, supervisor de MDL 2 e gerentedo MDL que verificam váriosparâmetros.
6) Verificação/Certificação EOD diferente daquela quevalidou o DCP
A empresa possui créditos decarbono certificados pela DNVreferentes ao período de agosto àdezembro de 2010.
7) Emissão das RCEs Conselho Executivo do MDL
Cumpridas todas as etapas, há acerteza de que as reduções deemissão de GEEs são reais,
mensuráveis e de longo prazo epodem dar origem às RCEs,podendo ser utilizadas comocumprimento parcial das metas doProtocolo de Quioto.
Quadro 1: Ciclos do projeto de MDL
A estrutura e equipamentos da GEEA são diferenciadas, pois as instalações e a
infra-estrutura são de alta tecnologia, visto que foram criados equipamentos específicos
para a adequação às necessidades da geradora. Também, houve treinamento com os
colaboradores, sendo que os mesmos tomaram conhecimento do funcionamento e foramconscientizados da importância do projeto, principalmente para o meio ambiente, uma vez
que todos desempenhariam papéis importantes na implantação e monitoramento do mesmo,
já que participam das auditorias da ONU para a validação dos créditos, nas quais não pode
haver falhas, do contrário, os créditos já gerados são perdidos.
Para realizar as etapas referentes ciclo de submissão, que são a elaboração do
DCP, validação, aprovação e registro do MDL, a GEEA teve a parceria da empresa
japonesa Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei que está integrada para a geração dos créditos de
carbono, num total de aproximadamente 400 mil toneladas de CO2 pelo período de dez
anos. A Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei é a empresa de consultoria do MDL responsável pela
análise e viabilidade econômica, além de ter encaminhado o projeto para a validação,
aprovação e registro nos órgãos competentes. Hoje, ela faz a consultoria relacionada à
etapa de monitoramento – ciclo de verificação – por meio de auditores que visitam a
empresa com a periodicidade de 6 meses, atuando como sócia do projeto, pois 7,5% do
total de créditos gerados pela GEEA, pertencem à Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei .
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Há uma equipe responsável pelo monitoramento dos dados e cálculos do projeto de
MDL para as consultorias, a fim de obter a certificação do mesmo e emissão dos créditos de
carbono, esta equipe é composta de três profissionais, como observa-se na figura 1.
Figura 1: Equipe do projeto de MDL da GEEA
O administrador, é o supervisor MDL 1 que une os dados das planilhas com a
Planilha Master MDL, verifica os seguintes parâmetros: eletricidade fornecida à rede;
quantidade de biomassa consumida; quantidade de biomassa transportada; distância média
incremental para o transporte; capacidade do caminhão; composição da biomassa; fração
de metano capturado ou queimado no aterro; potencial de aquecimento global; excedente
de biomassa.O supervisor MDL 2, que é o contador, verifica procedimentos dos operadores e
monitora os dados das planilhas, verifica o status de calibração dos equipamentos, pesquisa
dados e prepara relatórios de cálculo de redução de emissões.
O engenheiro químico, que é o gerente do MDL, prepara e implementa programa de
treinamento, checa a consistência dos resultados do relatório de cálculo de redução de
emissões mensalmente, prepara o Relatório de Monitoramento, que é a 5ª etapa e está
dentro do ciclo de verificação, e conduz a comunicação com a Entidade Operacional
Designada Det Norske Veritas Climate Change Services AS (DNV), única empresacredenciada pela ONU a certificar os projetos de MDL com o objetivo de negociar créditos
de carbono no Brasil, a qual validou o Projeto GEEA em 06 de março de 2007.
A empresa possui créditos de carbono certificados pela DNV – 6ª etapa, ciclo de
verificação – e emitidos pelo Conselho Executivo do MDL – 7ª etapa, ciclo de verificação –
referentes ao período de agosto à dezembro de 2010, e está aguardando para vendê-los em
período mais favorável, pois os créditos estão aproximadamente € 10. As RCEs do período
posterior à dezembro de 2010, na data da visita à empresa, estavam na etapa de
monitoramento, onde aguardavam a avaliação da ONU.
Estes créditos são provenientes das reduções de emissão dos gases de efeito estufa
referentes ao metano que deixou de ser liberado pela biomassa durante sua decomposição
caso fosse deixada em aterro, mais a parcela da energia que vai para a rede elétrica da
distribuidora, e por isso passa a utilizar uma parte de energia provinda de uma fonte
renovável. Além disso, como parte dos insumos utilizados na produção da energia são
doados por terceiros, precisam ser transportados até a geradora, deste modo deve-se
descontar a emissão de GEEs provenientes do transporte de casca de arroz que utiliza óleo
diesel, um combustível fóssil. A figura 2 refere-se ao cálculo dos créditos de carbono.
Supervisor MDL 1
(administrador)
Supervisor MDL 2
(contador)
Gerente do MDL
(engenheiro químico)
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Sendo assim, os GEEs sequestrados da atmosfera pelo projeto de MDL da GEEA
são responsáveis pela geração dos créditos de carbono, os quais são calculados de acordo
com o que está demonstrado na figura anterior. Outro método de representar o cálculo do
valor das emissões geradas no período do projeto está exposto na fórmula 1.
A fórmula acima faz parte do cálculo dos créditos de carbono, onde ER é o valor das
emissões geradas no período, BE1 são as emissões da queima de combustível fóssil nas
termoelétricas da rede, BE2 são as emissões evitadas de metano que ocorreriam no aterro
de casca de arroz e PE1 são as emissões do projeto relativas ao transporte da casca de
arroz. A partir deste cálculo, as RCEs podem ser emitidas pelo Conselho Executivo do MDL,
encerrando-se os ciclos do projeto.
5 CONCLUSÃO
Por meio deste estudo, foi possível identificar e analisar os processos necessários
para a elaboração de um projeto de MDL e geração de créditos de carbono em uma
empresa que possui créditos de carbono validados e comparar com a teoria. Para isso,
estudou-se o caso do Grupo Pilecco Nobre, que gera créditos de carbono por meio do
projeto de MDL da Geradora de Energia Elétrica Alegrete (GEEA).
No intuito de conhecer as etapas de elaboração de um projeto de MDL, levantou-se
na literatura os processos necessários para o desenvolvimento de um projeto de MDL e
geração dos créditos de carbono. Sendo que, foram levantadas 7 etapas para elaboração do
MDL, divididas em dois ciclos: ciclo de submissão (elaboração do DCP – validação –
aprovação – submissão) e ciclo de verificação (monitoramento – certificação – emissão).
Também, foram verificados na empresa pesquisada quais os processos necessários
para a elaboração do projeto de MDL e geração dos créditos de carbono. Com a análise
destas informações pode-se observar, na prática, que a GEEA cumpriu todas as etapas
Crédito deCarbono
Metano que seria gerado pela decomposição - (CO2 emitido pela GEEA - CO2 emitido pelo transporte) +parcela de energia colocada na rede elétrica comunitária
Figura 2: Cálculo dos Créditos de Carbono
ER = BE1
+ BE2 – PE
1
Fórmula 1: Cálculo do valor das emissões geradas no período. Fonte: Mitsubishi UFJ Morgan Stanlei ,2005.
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relacionadas ao ciclo do MDL e geração dos créditos de carbono, dando credibilidade ao
seu projeto.
Além disso, foi estabelecido um comparativo entre a teoria e a prática quanto à
elaboração de projetos de MDL, no qual foi apurado que a empresa realizou todos os
processos necessários para o desenvolvimento de seu projeto de MDL e geração dos
créditos de carbono em conformidade com o que foi levantado na literatura, porém encontra-
se um ponto no qual a teoria diverge da prática, e isso ocorre na 6ª etapa que é a
verificação/certificação do MDL, na literatura o órgão responsável por esta etapa deve ser
uma EOD diferente daquela que validou o Documento de Concepção do Projeto (DCP). No
entanto, a EOD que certificou o projeto de MDL da GEEA é a Det Norske Veritas Climate
Change Services AS (DNV), a mesma foi responsável pela validação do DCP.
Conforme entrevista com os responsáveis pelo projeto, isso ocorreu devido à DNV
ser a única EOD no Brasil credenciada pela ONU a certificar projetos de MDL para a
geração dos créditos de carbono.
REFERÊNCIAS
BARBIERI, Karen Simões; RIBEIRO, Maisa de Souza. Mercado de créditos de carbono: aspectos
comerciais e contábeis. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 7., 2007,
São Paulo. Anais eletrônicos. São Paulo: USP, 2007. Disponível em:
. Acesso em: 07 abr. 2011.
BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Protocolo de quioto. Editado e traduzido pelo Ministério
da Ciência e Tecnologia com o apoio do Ministério das Relações Exteriores da República Federativa
do Brasil. Disponível em:
. Acesso em: 05 ago.
2011.
LIMIRO, Danielle. Créditos de carbono: protocolo de Kyoto e projetos MDL. 2.ed. Curitiba: Juruá,
2011.
MITSUBISHI UFJ MORGAN STANLEY . Introdução aos projetos da GEEA. Tóquio. 04 ago. 2005.
38 transparências.
MOZZER, Gustavo Barbosa; MAGALHÃES, Danielle de Araújo; SHELLARD, Sofia Nicoletti. Ciclo de
submissão de projetos MDL e emissão de RCE. In: SOUZA, Rafael Pereira (org). Aquecimento
global e créditos de carbono. São Paulo: Quartier Latin, 2007. p. 147-160.
SEIFFERT, Mari Elizabete Bernardini. Mercado de carbono e protocolo de quioto: oportunidade denegócio na busca da sustentabilidade. São Paulo: Atlas, 2009.