Proc.Penal 4 Competência STF, STJ

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Competncia PenalNoes de Direito Processual Penal TRF 20121-Do inqurito policial. 2-Da ao penal: denncia, representao, queixa, renncia e perdo. 3-Do juiz, do Ministrio Pblico, do acusado e defensor, dos assistentes e auxiliares da justia. 4-Competncia penal do STF, do STJ, dos TRFs, dos Juzes Federais e dos Juizados Especiais Federais. Mas, nunca haver conflito entre o juiz e o tribunal ao qual o juiz est vinculado. JUSTIA ESTADUAL A Justia Estadual (comum) composta pelos juzes de Direito (que atuam na primeira instncia) e pelos chamados desembargadores, que atuam nos tribunais de Justia (segunda instncia), alm dos juizados especiais cveis e criminais. A ela cabe processar e julgar qualquer causa que no esteja sujeita competncia de outro rgo jurisdicional (Justia Federal comum, do Trabalho, Eleitoral e Militar), o que representa o maior volume de litgios no Brasil. Sua regulamentao est expressa nos artigos 125 a 126 da Constituio. ESPCIES DE COMPETNCIA Doutrinariamente, temos que a competncia para dirimir as lides criminais se determina pelo estudo de trs aspectos da causa em estudo: a. Natureza do crime praticado a competncia in ratione materiae; b. Funo social das pessoas incriminadas a competncia in ratione persona; c. Local onde foi praticado o crime ou onde consumou-se, ou o local de residncia do ru a competncia in ratione loci.

IntroduoCompetncia o delimitador da jurisdio, ou seja, a extenso do poder de julgar. A competncia em matria penal mais restrita. Enrico Tullio Liebman determina que: a competncia a quantidade de jurisdio cujo exerccio atribudo a cada rgo, ou seja, a medida da jurisdio. Em outras palavras, ela determina em que casos e com relao a que controvrsias tem cada rgo em particular o poder de emitir provimentos, ao mesmo tempo em que delimita, em abstrato, o grupo de controvrsias que lhe so atribudas. Fernando Capez afirma que competncia a delimitao do poder jurisdicional (fixa os limites dentro dos quais o juiz pode prestar jurisdio). Aponta quais os casos que podem ser julgados pelo rgo do Poder Judicirio. , portanto, uma verdadeira medida da extenso do poder de julgar . Como visto, uma das formas do Estado realizar as funes que a ele so incumbidas atravs do Poder Judicirio, por meio da jurisdio, solucionando os conflitos que a ele chegam, impondo concretamente a soluo que deseja o ordenamento jurdico nacional. J est pacificado no STF, que compete ao prprio STF decidir conflito de atribuies entre membros de Ministrio Pblico diferentes. Com base no artigo 102, I, f da CF/88 por aproximao. Obs:Com o cancelamento da Smula 348 do STJque foi cancelada em 2010. Ocorre que em agosto de 2009 o STF entendeu que ambos os juzes do JEC e comum so subordinados ao mesmo TRF, e, portanto, a competncia seria do STJ. Deciso da 3 seo do STJ datada de 2010, relator Ministro Og Fernandes no sentido de que no h que se falar em conflito de competncia (TJ ou TRF com turma recursal). Neste caso, o STJ no conhece o conflito, mas concede de oficio habeas corpus para que o feito seja devolvido ao rgo competente. perfeitamente cabvel um conflito de competncia entre um juiz com um tribunal desde que o magistrado no esteja vinculado a este tribunal. Exemplo: Conflito de competncia entre um juiz de direito e o TRF = quem decide o STJ.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

1. Composio O STF compe-se de 11 ministros, que so de livre nomeao do Presidente da Repblica, presentes determinados requisitos, aps aprovao por maioria absoluta dos membros do Senado Federal. Requisitos: 1. 2. 3. 4. idade: 35 a 65 anos; ser brasileiro nato (art. 12, 3, IV); estar no gozo dos direitos polticos; notvel saber jurdico e reputao ilibada;

2.- Competncia Pode ser dividida em originria (nica instncia) e recursal (ltima instncia). Competncia Originria

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Competncia PenalO STF tem por misso constitucional servir de Corte Constitucional, com a finalidade de realizar o controle concentrado de constitucionalidade no intuito de garantir a prevalncia das norma constitucionais. Por tal motivo somente o STF pode julgar as aes diretas de inconstitucionalidade, genricas ou interventivas, as aes de inconstitucionalidade por omisso e as aes declaratrias de constitucionalidade. Alm dessa competncia, o STF deve processar e julgar originariamente os casos em que os direitos fundamentais das mais altas autoridades da Repblica estiverem sob ameaa ou concreta violao, ou quando estas autoridades estiverem violando os direitos fundamentais dos cidados. O que importante saber: 1. 2. 3. 4. quando a CF diz infraes penais comuns , o STF entende que diz respeito a todas as modalidades de crimes inclusive eleitorais e contravenes; foi cancelada a Smula n 394 (com efeitos ex nunc); o Advogado-geral da Unio julgado pelo STF porque tem status de Ministro; cabe ao STF julgar os conflitos de competncia entre o STJ e os demais Tribunais Superiores, entre quaisquer dos Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; no existe conflito de competncia envolvendo o STF, pois ele prprio define sua competncia atravs das reclamaes (art. 102, I, L); ao STF incumbe julgar a arguio de descumprimento de preceito fundamental (disciplinada pela lei n9982 de 03.12.99), preventiva ou repressiva, em 3 hipteses: para evitar leso de preceito fundamental resultante de ato do poder pblico; para reparar leso a preceito fundamental resultante de ato do poder pblico; quando for relevante o fundamento da controvrsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, includos os anteriores CF. Se houver outro meio de sanar a lesividade, resta incabvel a arguio. A deciso ter efeitos erga omnes e efeito vinculante para o Poder Pblico, cabendo reclamao para garantia destes efeitos. A deciso irrecorrvel. a ao popular, ao civil pblica e ao por ato de improbidade contra qualquer autoridade da Repblica ser julgada em primeira instncia; Competncia Recursal O STF pode ser acionado por duas espcies de recursos: ORDINRIO e EXTRAORDINRIO. Julgar em recurso ordinrio: 1. 2. o crime poltico (crime contra Segurana Nacional que de competncia do Juiz Federal); Habeas corpus, MS, habeas data, mandado de injuno decididos em nica instncia pelos 2. 3. 4. 5. 6. 7. Tribunais Superiores, se denegatria a deciso (com ou sem julgamento de mrito); Em recurso extraordinrio julgar as causas decididas em nica ou ltima instncia, quando a deciso recorrida: 1. 2. 3. contrariar dispositivo constitucional; declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; julgar vlida lei ou ato de governo local constestado em face da CF; Importante: 1. cabe mesmo quando a deciso for interlocutria( o ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questo incidente-art 162 2); cabe quando a deciso for de juiz singular ou turma recursal; imprescindvel o prequestionamento (debate e deciso) sobre o tema jurgeno versado no recurso; a ofensa tem que ser direta; inadmissvel o recurso quando a deciso se assenta sobre mais de um fundamento o recurso no abrange todos (smula 283); inadmissvel quando a deficincia da fundamentao no permite a exata compreenso da controvrsia (smula 284); inadmissvel quando a jurisprudncia pacfica sobre o tema (smula 286)

5. 6.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIA 1.Composio O STJ compe-se de, no mnimo, 33 Ministros escolhidos pelo chefe do Poder Executivo, desde que atendidos os seguintes requisitos: 1. 2. 3. tenham entre 35 e 65 anos; sejam brasileiros natos ou naturalizados; notvel saber jurdico e reputao ilibada;

7.

O Presidente da Repblica escolhe o candidato dentro das listas trplices a ele apresentadas. Aps a escolha, o candidato ser sabatinado pelo Senado Federal. Aprovado por maioria simples, poder ser nomeado pelo Presidente da Repblica. Tais listas trplices so apresentadas ora pelos TRFs, ora pelos TJs, ora pela OAB, ora pelo Ministrio Pblico. Isto porque a composio do STJ deve obedecer a regra do 1/3 constituional. Ou seja, o STJ deve ter a seguinte composio: - 1/3 de juzes dos TRFs; - 1/3 de desembargadores; - 1/3 dividido da seguinte maneira: 1/6 de advogados; 1/6 de membros do Ministrio Pblico Federal, Estadual e Distrital;

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Competncia PenalSaliente-se que o STF decidiu que um Juiz do TRF, que seja oriundo do quinto constitucional (v.g. advogado), deve ascender vaga do STJ reservada aos Juzes dos TRF s. O STJ funciona (art. 2 do Regimento Interno): I - em Plenrio e pelo seu rgo especial, denominado Corte Especial; II - em Sees especializadas; III - em turmas especializadas; O Plenrio, constitudo da totalidade de Ministros, presidido pelo Presidente do STJ, sendo que a Corte Especial tambm presidida por este, e constituda de 25 Ministros, sendo eles: I o Vice-Presidente e o Corregedor-Geral da Justia Federal; II os 14 Ministros mais antigos; III os 08 Ministros que se seguirem na ordem de antiguidade, assegurada a representao de todas as Turmas, desde que essa representao j no decorra da composio prevista no item anterior, e renovvel de 2 em 2 anos. Quanto composio orgnica, existem no STJ 3 Sees, as quais so integradas pelos componentes das Turmas da respectiva rea. So 6 turmas constitudas por 5 Ministros cada uma. A 1 e 2 Turmas compe a seo de Direito Pblico. A 3 e 4 a Seo de Direito Privado. A 5 e 6 a Seo de Direito Penal. Por derradeiro, de se salientar que o STJ, ao contrrio do STF, dispe de ao administrativa e oramentria sobre a Justia Federal (art. 105, pargrafo nico). 2. Competncia Competncia Recursal O STJ o guardio do ordenamento jurdico federal. Sua competncia tambm pode ser dividida em originria (nica instncia) e recursal (ltima instncia). Competncia Originria (art. 105,I CF) O STJ deve processar e julgar os casos em que os direitos fundamentais de altas autoridades da Repblica, que no estejam sob a jurisdio do STF, estiverem sob ameaa ou concreta violao, ou quando estas autoridades estiverem violando os direitos fundamentais dos cidados. Lembrar que o Governador de Estado tambm julgado pelo STJ em caso de crime eleitoral. Crimes de responsabilidade depende da Constituio Estadual. O vice-governador ser julgado em casos de crimes comuns e de responsabilidade - de acordo com a CE (de regra o TJ). De resto, cabe ao STJ processar e julgar: 1. os mandados de segurana e habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da O STJ pode ser acionado por 2 espcies de recursos: RECURSO ORDINRIO e RECURSO ESPECIAL. Julgar em recurso ordinrio: 1. os habeas corpus decididos em nica ou ltima instncia pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do DF e Territrios, quando a deciso for denegatria; 2. os mandados de segurana decididos em nica instncia pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do DF e Territrios, quando a deciso for denegatria; 3. as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional de um lado, e, do outro, Municpio ou pessoa residente ou domiciliada no Pas. Recurso Especial Esta modalidade de recurso destina-se a preservar a unidade e autoridade do direito federal, unificando a jurisprudncia sobre o tema. No se presta ao reexame de matria de fato, nem representa uma terceira instncia. Marinha, do Exrcito e da Aeronutica , ou do prprio Tribunal. 2. Habeas corpus, quando o coator ou paciente for Governador de Estado e do DF, desembargadores dos Tribunais de Justia do Estado e do DF, dos juzes dos TRFs, dos TREs e TRTs, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municpios e os membros do MP que atuem perante os Tribunais, ou quando o coator for o tribunal sujeito sua jurisdio (MS ver 108, I, c), Ministro de Estado, ou comandante da Marinha, Exrcito ou Aeronutica, ressalvada a competncia da Justia Eleitoral; 3. Mandado de injuno, quando a elaborao da norma regulamentadora for atribuio de rgo, entidade ou autoridade federal, da administrao direta e indireta, excetuados os casos de competncia do STF e dos rgos da Justia Militar, da Justia Eleitoral, da Justia do Trabalho e da Justia Federal; Cabe ao STJ resolver conflitos de competncia entre quaisquer tribunais (ressalvado o disposto no art. 102, I, o), bem como entre tribunal e juzes a ele no vinculados e entre juzes vinculados a tribunais diversos. Da mesma forma, compete ao STJ resolver conflito de atribuies entre Ministrios Pblicos de Estados diversos ou entre membros de Ministrio Pblico Federal e Estadual, desde que os mesmos tenham suscitado perante os respectivos Juzos a ausncia ou presena de atribuio para determinado feito. Isso ocorre porque no existe norma constitucional prevendo a criao de rgo para tal mister e quando os MPs suscitam tal conflito de atribuio perante os Juzos respectivos, o inicial conflito de atribuio transforma-se em conflito de competncia entre Juzos vinculados a tribunais diversos.

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Competncia PenalAssim, compete ao STJ julgar, em recurso especial, as causas decididas, em nica ou ltima instncia, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do DF e Territrios, quando a deciso recorrida: 1. contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigncia (pretende-se evitar a inobservncia do direito federal. Quando se interpe o recurso com este fundamento obrigatria a indicao do dispositivo legal violado.); 2. julgar vlida lei ou ato de governo local contestado em face de lei federal; 3. der a lei federal interpretao divergente da que lhe haja atribudo outro tribunal, sendo que a divergncia entre julgados do mesmo tribunal no enseja a interposio de recurso especial (Smula 13 do STJ); Importante: Ensina Slvio de Figueiredo Teixeira (RIL ano 27, n 107, julho/setembro/1990) que o recurso especial destina-se a unificar a interpretao do direito federal, por isso cabvel quando houver divergncia mesmo entre o STJ e qualquer outro tribunal ou entre tribunais do mesmo Estado (TJ X TA), e, tambm, entre tribunais no mais competentes (ex. STF em matria infraconstitucional antes da criao do STJ). JUSTIA FEDERAL 1.- Organizao A Justia Federal foi criada pelo decreto n 848 de 11.10.1890 com base na Constituio Provisria (Decreto n. 510 de 22.06.1890). Informa Alusio de Castro Mendes (Competncia Cvel da JF, p. 05) que inicialmente a JF era composta pelo STF por Juzes Federais (Juzes de Seco), tendo sido inspirada no modelo norte-americano. A CF de 1937 extinguiu a JF, sendo reavivada pelo AI n.2 de 27.10.65. Por esse comando normativo os Juzes Federais eram nomeados pelo Presidente da Repblica, dentre cidados indicados pelo STF. Em seguida foi editada a Lei 5010/66, considerada a Lei Orgnica da Justia Federal, pois agrupou as Sees Judicirias em 5 Regies e restabeleceu o cargo de Juiz Federal Substituto. Cada Estado-Membro, bem como o DF, constitui uma SEO JUDICIRIA, que tem por sede a respectiva capital. Cada Regio composta pelas seguintes Sees: 1 Regio - com sede em Braslia, abrange o DF, o Acre, Amap, Amazonas, Bahia, Gois, Maranho, MT, MG, Par, PI, Rondnia, Roraima e Tocantins; 2 Regio - com sede no Rio de Janeiro, abrange o RJ e o ES; 3 Regio - com sede em So Paulo, abrangendo SP e MS; 4 Regio com sede em Porto Alegre, abrangendo o RS, PR e SC; Por primeiro, devemos determinar qual o juzo competente em razo da natureza da infrao penal praticada. A competncia da Justia Federal expressamente descrita pela CF/88, em seu art. 109. Aquilo que no couber mesma, e nem s outras Justias Especializadas, caber, por excluso, Justia Estadual. A competncia da Justia Federal expressamente descrita pela CF/88, em seu art. 109. Aquilo que no couber mesma, e nem s outras Justias Especializadas, caber, por excluso, Justia Estadual. Eis os incisos do art. 109 da CF, que tratam de matria criminal afeta Justia Federal: Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes polticos e as infraes penais praticadas em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas, excludas as contravenes e ressalvada a competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou conveno internacional, quando, iniciada a execuo no Pas, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5 deste artigo; VI - os crimes contra a organizao do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira; 5 Regio com sede em Recife, abrange Pernambuco, Alagoas, Cear, Paraba, Rio Grande do Norte e Sergipe. A rea de atuao de cada magistrado federal denomina-se CIRCUNSCRIO JUDICIRIA. Em cada Vara Federal atuam um Juiz Federal e um Juiz Substituto Competncia Criminal A competncia criminal da Justia Federal est descrita no art. 109, incisos IV, V, VI, VIII, da Constituio: Crimes polticos; crimes praticados contra bens, servios ou interesses da Unio, contra qualquer uma de suas autarquias ou empresas pblicas federais, crimes previstos em tratado ou conveno internacional que o Brasil tenha se obrigado a reprimir (por exemplo, moeda falsa, trfico internacional de drogas), crimes contra a organizao do trabalho, contra o sistema financeiro e a ordem econmicofinanceira; crimes de omisso de recolhimento de contribuies previdencirias arrecadadas de terceiros; estelionato contra a Previdncia Social; crimes contra a ordem tributria federal. Em tais hipteses o Procurador da Repblica que vai oferecer ou no a denncia. Oferecida a denncia, inicia-se a Ao Penal com o recebimento dela pelo juiz federal. Delimitao da competncia in ratione materiae:

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Competncia PenalVII - os "habeas-corpus", em matria criminal de sua competncia ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos no estejam diretamente sujeitos a outra jurisdio; VIII - os mandados de segurana e os "habeasdata" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competncia da Justia Militar; X - os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro, a execuo de carta rogatria, aps o "exequatur", e de sentena estrangeira, aps a homologao, as causas referentes nacionalidade, inclusive a respectiva opo, e naturalizao; XI - a disputa sobre direitos indgenas. Importante no olvidarmos do fato de que esta competncia numerus clausus, no sendo permitido ao legislador infraconstitucional criar novas situaes ensejadoras da competncia da Justia Federal, sem a devida e prvia previso constitucional. O Cdigo de Processo Penal, em seu art. 69, III, trata da competncia in ratione materiae: Art. 69. Determinar a competncia jurisdicional: (...) III - a natureza da infrao; Delimitao da competncia in ratione persona: Fixada a competncia da Justia Federal em razo da natureza do crime praticado, cumpre observar o grau do rgo jurisdicional que ser competente para julgar a matria. Buscar-se- definir se a competncia ser originalmente destinada ao juiz singular ou aos tribunais correlacionados. Essa delimitao tambm realizada por nossa Carta Magna, de acordo com a prerrogativa de funo do incriminado. Devido importncia do cargo que exercem algumas pessoas, a CF entendeu que elas teriam o direito de serem julgadas em foro privilegiado por prerrogativa de funo. Com isso, restariam preservadas tanto a independncia do agente poltico no exerccio de sua funo, enquanto estiver sendo processado e julgado; quanto a independncia e iseno do rgo julgador, em suas decises processuais, proferidas de forma imune a presses polticas externas. Ao menos esta maior imunidade aquilo que se espera e se presume, por parte dos julgadores colegiados. Os Tribunais Regionais Federais, vale grifar, exercem vrios casos de competncia criminal in ratione persona delineados pela CF, em seu art. 108, I, a. Art. 108 - Compete aos Tribunais Regionais Federais: I - processar e julgar, originariamente: a) os juzes federais da rea de sua jurisdio, includos os da Justia Militar e da Justia do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministrio Pblico da Unio, competncia da Justia Eleitoral; ressalvada a

O Cdigo de Processo Penal, em seu art. 69, VII, trata da competncia in ratione persona: Art. 69. Determinar a competncia jurisdicional: (...) VII - a prerrogativa de funo. Delimitao da competncia in ratione loci A competncia in ratione loci a competncia de foro, sendo estabelecida de acordo com o lugar onde foi consumado o delito, em conformidade com o caput do art. 70 do CPP: Art. 70. A competncia ser, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infrao, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ltimo ato de execuo. o lugar da prtica delituosa o mais indicado para se instaurar o processo penal. nele onde se encontraro mais facilmente as provas do crime, assim como no lugar do crime que a aplicao da pena melhor cumprir um de seus objetivos: a preveno geral. Sendo assim, o que importar para a definio da competncia ser o local onde se produziu o resultado da conduta criminosa. Neste sentido, leia-se as smulas 200e 244 do STJ. STJ Smula n 200 - Juzo - Competncia Passaporte Falso - Processo e Julgamento O Juzo Federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso o do lugar onde o delito se consumou. STJ Smula n 244 - Competncia - Cheque Sem Fundos - Estelionato - Processo e Julgamento Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem proviso de fundos. Subsidiariamente, em outras duas hipteses poder a competncia ser firmada atravs do domiclio ou residncia do ru. A primeira ocorre quando for desconhecido o lugar da infrao. como determina o art. 72 do CPP. O estudioso deve estar atento que aqui no estamos falando de incerteza do limite territorial entre duas circunscries, caso em que se aplica o critrio da preveno, disposto no art. 70, 3 do CPP. A segunda forma verifica-se nas aes de iniciativa exclusivamente privadas, onde ao querelante dado optar entre o foro do local da infrao e o foro do domiclio do ru (art. 73 do CPP). Neste nterim, o Direito Processual Penal vai buscar subsdios no Cdigo Civil para bem diferenciar

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Competncia Penalos conceitos de domiclio e residncia, dispostos em seu Ttulo III, Livro I, arts. 70 a 78. Por fim, vale ressaltar que a competncia in ratione persona prevalece sobre a competncia pelo lugar da infrao. O Cdigo de Processo Penal, em seu art. 69, I e II, trata da competncia in ratione loci: Art. 69. Determinar a competncia jurisdicional: I - o lugar da infrao; II - o domiclio ou residncia do ru; entanto, tomam em considerao o mvel que anima o agente ao criminosa e dizem poltico todo crime que apresenta uma motivao desse carter. COMPETNCIA PARA OS CRIMES EM DETRIMENTO DE BENS, SERVIOS E INTERESSES DA UNIO E ENTIDADES ASSEMELHADAS Esta a competncia criminal genrica da Justia Federal, delineada no inciso IV do art. 109 da CF. Comumente, para que se configure esta competncia sero necessrios trs requisitos: 1) a presena de ente federal privilegiado no plo passivo da lide criminal; 2) o reflexo do delito em bem, interesse ou servio de ente federal; e 3) a ocorrncia de prejuzo ou dano a ente federal. Como a competncia criminal genrica seja o crime consumado ou tentado, doloso ou culposo, e irrelevante o sujeito ativo podem ser praticadas quaisquer tipos de condutas criminosas, de qualquer natureza, estejam elas insertas no Cdigo Penal ou em leis extravagantes, ressalvada a competncia criminal da Justia Eleitoral e da Justia Militar. Vale ressaltar, com Fernando Capez, que o foro por prerrogativa de funo estabelecido nas Constituies estaduais e leis de organizao judiciria somente vlido perante as autoridades judicirias locais, no podendo ser invocado no caso de cometimento de crimes eleitorais ou contra bens, interesses e servios da Unio. COMPETNCIA NOS CRIMES AMBIENTAIS A Constituio Federal disps, expressamente, ser competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios "proteger o meio ambiente e combater a poluio em qualquer de suas formas" e "preservar as florestas, a fauna e a flora" (art. 23, incisos VI e VII), bem como terem a Unio, os Estados e o Distrito Federal competncia legislativa concorrente no que se refere a "florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio" (art. 24, inciso VI). O Supremo Tribunal Federal j se pronunciou a respeito da matria atinente competncia para processar e julgar os chamados crimes ambientais, tendo decidido que a Justia Federal somente ter competncia para processar e julgar crimes ambientais em que o interesse da Unio for direto e especfico. E o Superior Tribunal de Justia j firmou posicionamento no sentido de que, em se tratando de delito de natureza ambiental, a competncia da Justia Federal somente estar justificada quando restar demonstrada a ocorrncia de danos a bens, servios ou interesses especficos da Unio, na forma em que estabelecido no art. 109, da Constituio Federal. E por fim, posteriormente Lei n 9.605/98, a Justia Federal somente ser competente para processar e julgar os chamados crimes ambientais se restar demonstrada a ocorrncia de danos a bens, servios ou interesses da Unio, de suas autarquias ou

Competncia por distribuio A competncia tambm pode ser fixada atravs da distribuio. O Cdigo de Processo Penal, em seu art. 69, IV, trata da competncia pela distribuio: Art. 69. Determinar a competncia jurisdicional: (...) IV a distribuio; Fixado o foro competente, poder haver mais de um juiz competente, diante do que ser pela distribuio que se fixar concretamente a competncia para ocaso. Dividir-se-o a quantidade de processos existentes no foro entre os juzes que so previamente considerados competentes em razo do lugar, da matria e da funo. Vejamos o art. 75 do CPP: Art. 75. A precedncia da distribuio fixar a competncia quando, na mesma circunscrio judiciria, houver mais de um juiz igualmente competente. Observemos que normas concernentes distribuio de processos constituem-se em regras de organizao judiciria e, diante disto, cabem tanto Unio quanto aos Estados, relativamente a suas Justias, disciplinar a matria de acordo com suas peculiaridades, a teor do art. 125 da Carta Constitucional. COMPETNCIA NOS CRIMES POLTICOS A CF de 1988, em seu art. 109, IV, assim determina: Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: (...) IV - os crimes polticos (...), excludas as contravenes e ressalvada a competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral; A priori, necessitamos conceituar o que seja crime poltico. Alberto da Silva Franco assim o trata: O conceito de crime poltico tem sido enfocado na doutrina sob dois ngulos diversos. Alguns autores partem da natureza do bem jurdico tutelado e dizem poltico todo crime que lesione ou ameace lesionar a estrutura poltica vigente em um pas. Outros, no

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Competncia Penalde suas empresas pblicas, ou quando em conexo com apontado crime da competncia da Justia Federal, como se observa no presente caso, em face do que consta da Smula n 122, do Superior Tribunal de Justia. COMPETNCIA NOS CRIMES PRATICADOS POR SERVIDOR PBLICO FEDERAL OU CONTRA SERVIDOR PBLICO FEDERAL Nestes crimes, parte-se da premissa de que so infraes penais praticadas em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas, como dispe o art. 109, inciso IV, da CF. Primeiramente, podem ser praticados contra o servidor federal, no exerccio de sua funo ou em razo de sua investidura. Portanto, para firmar a competncia da Justia Federal nestes casos, no importando o autor da conduta criminosa, a jurisprudncia pacificou o entendimento de que necessrios so dois requisitos: 1) o delito deve ser praticado contra servidor pblico federal no exerccio de suas funes; e 2) deve ter relaes com as funes exercidas pelo mesmo. Entretanto, impende observar que se o servidor estiver a servio de ente que no seja federal a competncia ser da Justia Comum Estadual. Por outro lado, crimes podem ser praticados por servidor federal, como delegados, peritos e agentes da Polcia Federal, no exerccio de suas funes, o que impe a competncia da Justia Federal, em nome do zelo pelo bom conceito de que deve gozar o servio pblico federal na sociedade. Os requisitos para configurar a competncia da Justia Federal so os mesmos utilizados para casos de crimes contra servidores federais: 1) o delito deve ser praticado por servidor pblico federal no exerccio de suas funes; e 2) deve ter relaes com as funes exercidas pelo mesmo. No caso do servidor federal no estar em servio, ou estar em servio a outro ente federativo, a competncia no ser da Justia Federal. Enfim, a simples condio de funcionrio pblico federal no confere ao agente a faculdade de ver-se processado e julgado em foro federal. Quando ocorrer a circunstncia de outrem praticar conduta delituosa passando-se por servidor pblico federal, ver-se- se tal falsidade fator determinante para o deslocamento da competncia para a Justia Federal. Seja ressaltado, por sua via, que ser da competncia do jri federal o julgamento dos crimes dolosos contra a vida praticados por ou contra servidores pblicos ou agentes da administrao quando, no exerccio da funo estatal, suas aes refletirem no interesse da Unio e entes autrquicos federais (CF, art. 5 XXXVIII, b; art. 109, IV e art. 37, 6). E, por fim, no esqueamos do amplssimo conceito de servidor pblico trazido pelo Cdigo Penal, em seu art. 327: Art. 327 - Considera-se funcionrio pblico, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remunerao, exerce cargo, emprego ou funo pblica. 1 - Equipara-se a funcionrio pblico quem exerce cargo, emprego ou funo em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de servio contratada ou conveniada para a execuo de atividade tpica da Administrao Pblica. (Pargrafo nico renumerado pela Lei n 6.799, de 23.6.1980 e alterado pela Lei n 9.983, de 14.7.2000). COMPETNCIA PARA OS CRIMES PREVISTOS EM TRATADOS INTERNACIONAIS Alguns requisitos se fazem necessrios para a fixao da competncia, nestes casos de crimes previstos em tratados internacionais, inseridos no comando constitucional do art. 109, inc. V, da CF. No basta a ocorrncia de conduta criminosa prevista em tratado ou conveno internacional. Deve restar demonstrado um nexo de internacionalidade na conduta combatida. Este no existindo, a competncia ser da Justia Estadual. Este nexo representado pela exigncia de que o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, embora a execuo tenha se iniciado no Brasil, ou ocontrrio: o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no Brasil, embora a execuo tenha se iniciado alm de nossas fronteiras. Como a Unio detm a exclusividade constitucional para manter relaes com Estados estrangeiros e com eles celebrar tratados e convenes, se nos mostram ntidas as razes pelas quais se afetaram tais causas Justia Federal. Aristides Alvarenga Junqueira, ex-Procurador Geral da Repblica, bem assevera: ... tendo o fato conotao internacional, a Unio, como pessoa jurdica de Direito Pblico externo, signatria de tratado ou conveno, juntamente com outros Estados estrangeiros, tem interesse particular, especfico e direto em honrar o compromisso de punir determinados crimes4 . Ressaltemos que o crime praticado pode ser qualquer um entre os que j estejam previstos na legislao penal comum ou especial. O tratado ou a conveno internacional apenas estabelecer uma comunho de esforos entre as naes que o firmam, no sentido de combater determinadas espcies delituosas. Aps a verificao da existncia desta prvia comunho de esforos, que sero perquiridos pelos nexos de internacionalidade na conduta criminosa. Somente aps a verificao destes dois pressupostos que poderemos firmar a competncia da Justia Federal. O crime de guarda de moeda falsa (Conveno Internacional para a Represso da Moeda Falsa, aprovada pelo Decreto-Lei 411/38 e promulgada pelo Decreto 3.074, de 14.09.38);

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Competncia PenalNo caso da competncia da Justia Federal se firmar pelo art. 109, V, dever ser acrescido o requisito do nexo de internacionalidade da conduta criminosa. Assim, de qualquer forma, o delito de moeda falsa ser da competncia da Justia Federal, exceto quando a falsificao for grosseira, consoante entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justia. O crime de trfico internacional de entorpecentes (Conveno nica sobre entorpecentes, de 1961, promulgada pelo Decreto 54.216/64 e a Conveno sobre as substncias psicotrpicas de Viena, de 1971, promulgada pelo Decreto 79.388/77) Lembremos a hiptese de delegao de competncia da Justia Federal Justia Estadual, tratada pelo art. 27 da Lei 6.368/76. As circunstncias ensejadoras do nexo de internacionalidade, a serem trabalhadas na denncia, que diro se a competncia da Justia Federal. A conduta tpica dever estar integrada rede de atos criminosos do comrcio ilegal de substncias entorpecentes, no sendo necessrio, todavia, um acervo probatrio vasto, mas sim indcios veementes da internacionalidade da conduta. Impende observar que tambm no ser necessria a juno de esforos de aparatos policiais de pases diferentes, em torno da conduta criminosa, para que se declare competente a Justia Federal. Entretanto, a competncia da Justia Federal controversa, quando h desclassificao do delito de trfico internacional para trfico interno. As posies mais acertadas se encontram nos TRF s, que em alguns julgados, contrariando posio do STJ, e assentados no art. 81 do CPP, determinam que a competncia deve permanecer com a Justia Federal, mesmo diante da desclassificao do delito para rea de jurisdio que no seja sua. Embora estes julgados tenham se utilizado de dispositivo tratante de conexo e continncia, certo que o STF, sedimentando o debate, manteve a competncia da Justia Federal, sob o argumento de que a absolvio pelo crime que motivou a conexo no implica no deslocamento do processo para a Justia do Estado, exatamente pela aplicao do art. 81 do Cdigo de Processo Penal . Entendemos ser possvel utilizar analogicamente o princpio da perpetuao da competncia, insculpido no art. 87 do CPC, em conjunto com o art. 81 do CPP, no interesse de que permaneam afetos Justia Federal os processos relacionados a trfico internacional que sejam desclassificados para trfico interno de entorpecentes. O crime contra as populaes indgenas (Conveno n 107, sobre aproteo e integrao das populaes indgenas e outras populaes tribaise semitribais de pases independentes, aprovada pelo Decreto 58.824, de14.07.66) Conforme se depreende de seu art. 109, inc. XI, a Constituio ps no rol de matrias afetas Unio e subsequente competncia da Justia Federal questes relacionadas a disputas sobre direitos indgenas, como as atinentes a direitos reais, posse, ocupao, explorao, invaso e temas afins da terra indgena. A Constituio de 1988, inovou ao considerar como bens da Unio no s as terras ocupadas pelos indgenas como aquelas que eram tradicionalmente ocupadas por estes, atribuindo a competncia para dirimir questes acerca destas terras e de direitos a elas correlatos Justia Federal, ante o peremptrio interesse da Unio na matria. Sobre o Decreto 58.824/6647 c.c. o art. 109, inc. V, da CF. Neste sentido, j h deciso do Pretrio Excelso, da lavra do Min. Marco Aurlio, onde diz que: A competncia para julgar a ao penal em que imputada a figura do genocdio, praticado contra indgenas na disputa de terras, da Justia Federal. Na norma definidora da competncia desta para demanda em que envolvidos direitos indgenas, inclui-se a hiptese concernente ao direito maior, ou seja, prpria vida. Assim, a competncia para julgamento de delitos cometidos contra indgenas, quando no possurem o necessrio nexo de internacionalidade do art. 109, V, da CF, poder ser tambm da Justia Federal, de acordo com o art. 109, incisos IV e XI, em nome dos direitos dos mesmos, que devem ser protegidos pela Unio.compete Justia Comum Estadual processar e julgar crime em que o indgena figure como autor ou vtima (Smula 140/STJ).

O crime de trfico de mulheres (Conveno para Represso ao Trfico de Mulheres e Crianas de Lake Sucess, Estados Unidos, 1947, aprovada pelo Decreto Legislativo 7/50) e o envio ilegal e trfico de menores (Conveno sobre os Direitos da Criana, aprovada pelo Decreto Legislativo 28/90 e promulgada pelo Decreto 99.710/90) O crime de envio ilegal e trfico de menores vem delineado pelo art. 239 do Estatuto da Criana e do Adolescente: Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivao de ato destinado ao envio de criana ou adolescente para o exterior com inobservncia das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: Pena - recluso de quatro a seis anos, e multa. Pargrafo nico. Se h emprego de violncia, grave ameaa ou fraude: Pena - recluso, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, alm da pena correspondente violncia. Da compreenso deste tipo penal, percebe-se que ele pune o criminoso haja ou no o intuito lucrativo. Quando existir um processo de adoo internacional que no observe as formalidades legais do art. 52 do ECA, mesmo no havendo o intuito fraudulento ou lucrativo, e ainda assim o interessado auxilie ou promova o envio irregular de menor para o exterior, estar ele cometendo o crime em estudo, e o julgamento dever ser da competncia da Justia Federal. Mas, na maioria das vezes, ocorre o intuito lucrativo neste envio ilegal, ou ento ocorre o emprego de violncia, ameaa ou fraude. nestas situaes que se vivencia o trfico de menores. Portanto, irregularidades como uma adoo internacional que no obedea as formalidades legais; ou prticas outras como adoo internacional fraudulenta,

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Competncia Penaltrfico de menores para execuo de trabalhos forados ou para turismo sexual, prostituio infantil ou explorao sexual, devem ser combatidas, indubitavelmente, pelo aparato judicirio da Unio. Por sua vez, o crime de trfico de mulheres, em uma de suas facetas, est descrito em nosso Cdigo Penal, art. 231-A: Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de algum dentro do territrio nacional para o exerccio da prostituio ou outra forma de explorao sexual: (Redao da LEI N 12.015/07.08.2009) Pena - recluso, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redao da LEI N 12.015/07.08.2009) Insta observar, ab initio, que o consentimento da mulher traficada irrelevante para a consumao do delito, devendo ser ela tratada como vtima, mesmo quetenha consentido na movimentao de um pas a outro. O trfico de mulheres, bem como o trfico de menores, devem estar inseridos dentro de um contexto mundial de combate ao trfico de pessoas. Neste sentido, devemos nos reportar ao Protocolo para Prevenir, Suprimir e Punir o Trfico de Pessoas, especialmente mulheres e crianas, que veio a complementar a Conveno da ONU contra o Crime Organizado Transnacional, adotada em meados de novembro de 2000. Assim, a competncia da Justia Federal dever se firmar sempre que ocorrer o trfico ou o envio ilegal de menores, seja qual for a finalidade; e o trfico de mulheres em qualquer de suas modalidades, isto , mesmo que no seja para fins de prostituio, como nos casos de mulheres traficadas para trfico de rgos ou para trabalho forado ou escravo. O crime de tortura (Conveno contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes, aprovada pelo Decreto Legislativo n. 4, de 23.05.1989) As violaes a direitos humanos, podem configurar crimes praticados em detrimento de interesse direto da Unio, o que permitir concluir pela competncia da Justia Federal, sob o art. 109, inc. V-A, da CF. Basta ver que a Unio a responsvel pelo descumprimento de tratados internacionais de direitos humanos, como a conveno que instituiu a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que tem a responsabilidade de interpretar e aplicar os preceitos do Pacto de San Jose da Costa Rica, acatado pelo Brasil; e de investigar e julgar casos de supostas violaes de direitos humanos consagrados em convenes do gnero, que venham a ocorrer em nosso territrio. Nestes casos, havendo condenao, por violaes a estes consagrados direitos humanos, arcar a Unio (e no os Estados federados) com indenizao pelos danos morais e materiais que a vtima ou a famlia da vtima venha a sofrer, demonstrando ento que a mesma possui interesse direto e especfico sobre lides criminais que versem sobre este tema. Art. 109 - Aos juzes federais compete processar e julgar: V-A - as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5 deste artigo; 5 Nas hipteses de grave violao de direitos humanos, o Procurador-Geral da Repblica, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigaes decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poder suscitar, perante o Superior Tribunal de Justia, em qualquer fase do inqurito ou processo, incidente de deslocamento de competncia para a Justia Federal." (Redao da EC n 45 \ 31.12.2004) O crime de pornografia infantil e pedofilia (Conveno sobre os Direitos da Criana, aprovada pelo Decreto Legislativo 28/90 e promulgada pelo Decreto 99.710/90). O art 241 do ECA trata do tema, veja: Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de sistema de informtica ou telemtico, fotografia, vdeo ou outro registro que contenha cena de sexo explcito ou pornogrfica envolvendo criana ou adolescente: (Redao da LEI N 11.829/25.11.2008) Pena recluso, de 3 (trs) a 6 (seis) anos, e multa. Como o crime pode ser praticado no s pelos meios usuais de comunicao, mas principalmente pela rede mundial de computadores, a Internet, o sujeito ativo desta conduta delituosa pode estar ou no situado em territrio brasileiro. O controlador do site pode estar morando no Recife e hospedando seu site pornogrfico em outro pas, veiculando fotos ou cenas de filmes que contenham sexo explcito envolvendo crianas ou adolescentes. Em qualquer situao, ele dever ser processado pela lei brasileira, conforme o disposto no art. 7, inc, II, a e b. Isto ser o bastante para que se configure a necessria internacionalidade da conduta, e a competncia da Justia Federal. COMPETENCIA NOS CRIMES CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO E A ORDEM ECONMICO-FINANCEIRA. CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO. O inciso VI, do art. 109 da CF/88 dispe que a Justia Federal ser declarada competente para decidir causas relacionadas a crimes contra a organizao do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira . Com isso, demonstrou o Constituinte que deve haver uma preocupao maior por parte da Unio com a manuteno do Sistema Financeiro Nacional e da ordem econmico-financeira. A legislao ordinria - a Lei n. 7.492/86- a famosa Lei do Colarinho Branco, que define os crimes contra o Sistema Financeiro Nacional. Em seu art. 26, caput, assim est preceituado: A ao penal, nos crimes previstos nesta Lei, ser promovida pelo Ministrio Pblico Federal, perante a Justia Federal . CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO

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Competncia PenalNo tocante aos delitos de lavagem de dinheiro, a Lei n. 9.613/98, em seu art. 2, dispe expressamente que: Art. 2. O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei: (...) III - so da competncia da Justia Federal: a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira, ou em detrimento de bens, servios ou interesses da Unio, ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas; b) quando o crime antecedente for de competncia da Justia Federal. A competncia da Justia Federal para o julgamento dos crimes previstos na Lei 9.613/98 se dar nas seguintes hipteses: - quando o crime afetar algum ente federal lato sensu; - quando o crime for cometido em detrimento do sistema financeiro; - quando o crime for cometido em detrimento da ordem econmicofinanceira; - ou quando o delito anterior ao crime de lavagem for de competncia da Justia Federal. O fato de serem afetados bens ou interesses de ente federal j foi objeto de nosso estudo, havendo disposio constitucional neste sentido (art. 109, IV), independente da natureza do crime praticado. Quando a lavagem de dinheiro atingir o sistema financeiro e a ordem econmico-financeira, temos que a competncia se firmar pela JF, independente de haver prvia permisso legal, como preleciona o art. 109, VI, da CF. COMPETENCIA NO HABEAS CORPUS A teor do art. 109, inciso VII, da CF/88, a Justia Federal competente para julgar os habeas corpus em duas hipteses: quando for matria criminal de sua competncia, ou quando o constrangimento provier de autoridade a ela processualmente subordinada (atravs de critrios que veremos adiante). Por vezes, podem ocorrer as duas hipteses em um s caso, conquanto a existncia de apenas um dos requisitos j garanta a competncia da Justia Federal. A primeira hiptese se trata de crime da competncia de juiz federal. Sabe-se que a matria criminal a ser julgada pela Justia Federal se encontra nos incisos IV, V, VI, IX, X e XI do art. 109 da CF. Assim, quando forem praticados atos constrangedores da liberdade de locomoo do indivduo durante a persecuo penal acerca destas matrias, a competncia para decidir os habeas corpus dever ser da Justia Federal. Quanto segunda hiptese, para aferir se uma autoridade federal estar sujeita competncia da Justia Federal, como determina o critrio interpretativo do art. 109, VII, in fine, a operao se realizar por excluso. Definir-se- a competncia em razo da qualificao da autoridade coatora, e de sua no vinculao a outra jurisdio, sendo totalmente irrelevante a qualificao do paciente. Assim, devem ser excludos da competncia da Justia Federal os habeas corpus contra atos praticados por autoridades federais submetidas ao STF (art. 101, I, d e i, da CF), ao STJ (art. 105, I, c, da CF), aos TRF s (art. 108, I, d, da CF), Justia Militar e Justia Eleitoral. Vale ressaltar que a Justia Trabalhista no competente para julgar habeas corpus provenientes de atos de juzes seus, devido a sua especializao para dirimir as lides laborais. Desta forma, atravs da anlise do art. 108, I, a, da CF, conflui-se que a competncia para tanto deve ser dos Tribunais Regionais Federais, e no da Justia Federal de primeira instncia. COMPETNCIA NOS CRIMES PRATICADOS A BORDO DE NAVIOS E AERONAVES Com o objetivo de delimitarmos quais seriam as aeronaves e navios inseridas dentro desta regra, relembremos a teoria do territrio ficto, disposta nos 1 e 2 do art. 5 de nosso Cdigo Penal: Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional. 1 - Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrio nacional as embarcaes e aeronaves brasileiras, de natureza pblica ou a servio do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espao areo correspondente ou em alto-mar. 2 - tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. Pertencem competncia da Justia Federal o julgamento de todos os crimes que sejam praticados nas aeronaves e navios, sejam eles consumados ou tentados, independente da posio social do sujeito ativo e do sujeito passivo. Tambm dispensvel o nexo de internacionalidade, requisito necessrio apenas para a hiptese do inciso V do art. 109 da Constituio de 1988. Destarte, mesmo que o crime seja praticado em viagens domsticas, a bordo de navios e aeronaves nacionais, sem envolvimento de qualquer elemento extranacional, a competncia ser da Justia Federal. Ressalva-se a competncia jurisdicional da Justia Militar, visto que as Foras Armadas possuem seus prprios esquadres, tornando-se inarredvel que, na ocorrncia de crimes em aeronaves e navios militares, o julgamento para os mesmos compita Justia Castrense. O argumento utilizado para destinar Justia Federal a competncia para o julgamento de crimes previstos em tratados e convenes internacionais relacionado s atribuies constitucionais da Unio, dispostas no art. 21, I, da CF - o mesmo de que se

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Competncia Penalutilizou o Constituinte para destinar a competncia relacionada a estes casos Justia Federal. Quanto aos navios, vale grifar que o entendimento jurisprudencial consagrado de que embarcao de pequeno porte no deve ser entendida como navio, somente o sendo as embarcaes de navegao em alto-mar. A seo judiciria competente ser definida pelo primeiro porto brasileiro em que o navio atracar, ou em que a aeronave pousar, aps a prtica do delito, a teor dos arts. 89 e 90 do Cdigo de Processo Penal. CONTRAVENES PENAIS As contravenes contra a Unio e suas entidades esto excludas da competncia da Justia Federal, competindo Justia Estadual: compete Justia Estadual comum, na vigncia da Constituio de 1988, o processo por contraveno penal, ainda que praticada em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio ou de suas entidades (Smula 38/STJ), de modo que, na hiptese de conexo ou continncia com crime de competncia da Justia Federal, prevalece a regra constitucional, indicando a necessidade do desmembramento do processo. CRIMES DE INGRESSO OU PERMANNCIA IRREGULAR DE ESTRANGEIRO O art. 109, X, da CF tem o seguinte teor: os crimes de ingresso ou permanncia irregular de estrangeiro . importante registrar, desde logo, que a condio de estrangeiro, no processo penal e na perspectiva da competncia, s tem relevncia quando se trata de ingresso ou permanncia irregular no pas. Assim, o crime de reingresso de estrangeiro expulso (art. 338, CP) de competncia da Justia Federal. Outro crime qualquer, praticado por estrangeiro e que no se amolde a nenhuma das hipteses elencadas no art. 109, X, CF, no atrai a competncia da Justia Federal. O ingresso e permanncia irregular de estrangeiro no pas constituem infrao administrativa (art. 125, Lei 6.815/80 Estatuto do Estrangeiro). Para que constitua crime necessrio que o estrangeiro entre ou permanea em territrio nacional usando nomes que no sejam os verdadeiros ou mediante atribuio de falsa qualidade (art. 309, CP). Se for reconhecida ao estrangeiro a condio de refugiado, suspende-se o processo-crime pela entrada irregular no territrio nacional (art. 10, Lei 9.474/97). O mesmo se diga se for concedido asilo poltico ao estrangeiro. CRIME DE PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO O crime de porte ilegal de arma de fogo (previsto anteriormente no art. 10, Lei 9.437/97, e ora nos arts. 14 e 16, Lei 10.826/03 Estatuto do Desarmamento, que revogou a Lei 9.437/97), embora haja fiscalizao do porte de arma pelo Ministrio da Justia, via Sistema Nacional de Armas SINARM, no enseja, s por isso, a competncia da Justia Federal, por isso que ausente interesse direto e especfico da Unio, sendo de competncia da Justia Estadual comum, ainda que se trate de arma de uso privativo das Foras Armadas(STJ, HC 23.566, VICENTE LEAL, 6a T, DJ 09.12.02.) ou de origem estrangeira(STJ, CC 34.546, VICENTE LEAL, 3a SEO, DJ 21.10.02.). RESUMO DAS REGRAS DA COMPETNCIA DA JUSTIA FEDERAL

1-Crimes praticados contra a Unio, seja administrao direta ou indireta (Autarquias, Empresa Pblica,Fundao); Obs: A competncia para crimes contra Sociedade de Economia Mista (ex:Banco do Brasil) da Justia Estadual Exemplo: Se um assaltante assalta a Caixa Econmica competncia da Justia Federal, j se fosse contra o BB seria Justia Federal. Entretanto, se o mesmo assaltante assalta o primeiro banco e o segundo? Haver uma conexo instrumental, porque a prova de um crime vai interferir na prova do outro crime, haver uma unificao de processos. Ateno: Havendo Conexo ou continncia entre crime Federal e Estadual- a unio dar-se- na Justia Federal uma regra jurisprudencial. Conexo sinnimo de relao, nexo, de forma que, somente resta configurada quando houver algum liame entre uma e outra infrao penal. De acordo com a doutrina, a conexo se divide em trs espcies: a) intersubjetiva; b) objetiva; c) instrumental. Fala-se em conexo intersubjetiva quando houver necessariamente vrios crimes E vrios agentes, pouco importando se esses se uniram em concurso, reciprocidade ou simultaneidade. a) Conexo intersubjetiva por concurso: duas ou mais infraes penais praticadas por vrias pessoas em concurso; b) Conexo intersubjetiva por reciprocidade: duas ou mais infraes penais cometidas por duas ou mais pessoas, umas contra as outras; c) Conexo intersubjetiva por simultaneidade: duas ou mais infraes penais praticadas, ao mesmo tempo, por vrias pessoas reunidas, sem qualquer ajusto prvio, sem uma saber da outra. Falas-se em conexo intersubjetiva ocasional. Por conseguinte, a conexo objetiva (lgica ou material) se revela quando o crime praticado para facilitar a execuo de outro, ocultar-lhe ou garantir a manuteno da sua vantagem. E, por derradeiro, a

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Competncia Penalconexo instrumental (probatria ou processual), que se concretiza quando a prova de um crime influencia na existncia de outro. exatamente o que se extrai do artigo 76 do CPP. Art. 76 - A competncia ser determinada pela conexo: I - se, ocorrendo duas ou mais infraes, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por vrias pessoas reunidas, ou por vrias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por vrias pessoas, umas contra a outra - conexo intersubjetiva; II - se, no mesmo caso, houverem sido umas praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relao a qualquer delas - conexo objetiva; III - quando a prova de uma infrao ou de qualquer de suas circunstncias elementares influir na prova de outra infrao - conexo instrumental. Assim, a conexo se revela como instrumento de unificao de processos que guardam, entre, si algum vnculo. J a continncia, como o prprio nome indica, ocorre quando um fato criminoso contm outros, o que impe que o julgamento de todos seja realizado em conjunto. nesse sentido a determinao do artigo 77 do CPP. Partindo dessa premissa, estudiosos do tema classificam a continncia em objetiva e subjetiva. a) Subjetiva: quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infrao penal. a) Objetiva: quando os crimes so cometidos na forma dos artigos 70, 73 e 74 do Cdigo Penal, ou seja, em concurso formal, na aberratio ictus ou aberratio criminis. Art. 77 - A competncia ser determinada pela continncia quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infrao - continncia subjetiva II - no caso de infrao cometida nas condies previstas nos arts. 70, 73 e 74 do Cdigo Penal continncia objetiva. Com base em todo o exposto, no caso apresentado na questo em anlise - diversas pessoas saquearam um estabelecimento comercial, sem se conhecerem umas s outras - no h dvidas de que estamos diante de hiptese de conexo intersubjetiva por simultaneidade (ocasional). 3-Crime poltico- no h definio na legislao brasileira, ficando a cargo da doutrina o seu conceito.E o recurso cabvel sobre deciso que julga crime poltico o Recurso Ordinrio Constitucional para o STF. 4-Crime distncia- conduta e resultado ocorrem em pases diferentes.Ex: uma brasileira viaja para a Argentina e l recebe uma carta bomba de um brasileiro enviado no Brasil , ou seja, a conduta aconteceu no Brasil (envio da carta bomba) e o resultado (a bomba explode na Argentina). 5-Crime praticado a bordo de navio ou aeronave Obs: clusula de excluso pois a Justia Federal no julga contraveno penal, apenas crime. Ento se h pratica de crime em aeronave a competncia ser da Justia federal, se for contraveno a competncia ser justia estadual. Contraveno penal infrao penal de menor gravidade, que est prevista na Lei de Contraveno Penal- DECRETO-LEI N 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941 Exemplos:jogo do bicho, vias de fato,pertubao do sossego, importunao ofensiva ao pudor. 6-Crime contra o sistema financeiro 7- Permanncia ou reingresso de estrangeiro expulso 8-Crime contra a organizao do Trabalho- a Justia do Trabalho no julga matria penal, por isso a Justia Federal ser competente. 9-Crime contra os direitos indgenas- no crime contra um ndio, e sim os direitos contra uma coletividade. Exemplo: jovens no DF atearam fogo em um ndio foram julgados na Justia Estadual. 10-Crimes contra direitos humanosEXERCCIOS

2-Crimes praticados por ou contra servidor pblico federal no exerccio da funo. Exemplo: Crime de desacato (contra o servidor pblico), corrupo passiva (por funcionrio pblicopede uma vantagem para praticar um ato)

01. (TRF 4 REGIO 2010) Compete ao Superior Tribunal de Justia processar e julgar originariamente, nos crimes comuns, a) os membros dos Tribunais Regionais Federais. b) o Procurador-Geral da Repblica. c) os Ministros de Estado. d) os membros do Tribunal de Contas da Unio. e) os chefes de misso diplomtica de carter permanente.

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Competncia Penal02. (TRE AC 2010) Nos processos de competncia originria perante o Superior Tribunal de Justia e o Supremo Tribunal Federal, por crime de ao penal pblica, sero praticados, dentre outros, atos na seguinte sequncia: a) denncia no prazo de quinze dias, notificao do acusado para resposta, recebimento da denncia, citao do acusado, defesa prvia, instruo, alegaes escritas e julgamento. b) denncia no prazo de dez dias, citao do acusado, defesa prvia, interrogatrio, oitiva de testemunhas, debates orais e julgamento. c) denncia no prazo de quinze dias, recebimento, notificao do acusado para resposta, interrogatrio, oitiva de testemunhas, alegaes escritas e julgamento pelo Relator. d) denncia no prazo de dez dias, recebimento, citao, resposta do acusado, instruo, sustentao oral e julgamento pelo Tribunal. e) denncia no prazo de quinze dias, recebimento da denncia pelo relator, citao, defesa prvia, interrogatrio, debates e julgamento pelo Tribunal. 03. (TRF 5 REGIO 2008) Considere: I. Desembargadores dos Tribunais de Justia dos Estados. II. Chefes de misso diplomtica de carter permanente. III. Governador do Distrito Federal. IV. Membros do Tribunal de Contas da Unio. V. Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais. Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente, nos crimes comuns, as autoridades indicadas APENAS em a) I e II. b) III e V. c) I, III e IV. d) II, IV e V. e) I, IV e V. 04. (TRF 5 REGIO 2008) Considere: I. Ministros de Estado. II. Governadores de Estados. III. Membros dos Tribunais Regionais Federais. IV. Membros do Congresso Nacional. V. Procurador Geral da Repblica. Compete ao Superior Tribunal de Justia processar e julgar, originariamente, nos crimes comuns, as autoridades indicadas APENAS em a) II e III. b) I, III e V. c) II, IV e V. d) IV e V. e) I e IV. 05. (TRF 4 REGIO 2007) Compete ao Superior Tribunal de Justia, dentre outras atribuies, processar e julgar os habeas corpus quando o coator for a) o Supremo Tribunal Federal. b) o Tribunal Superior Eleitoral. c) o Tribunal Superior do Trabalho. d) o Superior Tribunal Militar. e) Ministro de Estado. 06.O STF competente para processar e julgar originalmente: a) seus prprios Ministros nos crimes comuns. b) os membros do Congresso Nacional nas infraes de responsabilidade. c) os membros do Tribunal de Contas da Unio apenas nos crimes de responsabilidade. d) os membros dos Tribunais Superiores apenas nos crimes comuns. 07.Assinale a alternativa incorreta.

O STJ competente para processar e julgar originalmente, nos crimes de responsabilidade: a) Desembargadores dos Tribunais de Justia do Estados e DF. b) Membros dos Tribunais de Contas do Estados e do DF. c) Membros dos Tribunais Regionais Federais. d) Governadores dos Estados. 08.Os deputados federais e julgados, nos crimes comuns: senadores sero

a) pelo STF, desde que haja licena prvia da respectiva Casa. b) pelo STF, independentemente de qualquer licena prvia da respectiva Casa. c) pelo STJ, desde que haja licena prvia da respectiva Casa. d) pelo STJ, independentemente de qualquer licena prvia da respectiva Casa. 09.So casos de competncia absoluta:

a) ratio materiae e ratio loci. b) ratio materiae e ratio personae. c) ratio personae e ratio loci. d) Todas as alternativas esto corretas. 10-Assinale a alternativa correta.

a) Compete justia federal processar e julgar crime praticado contra sociedade de economia mista. b) Compete justia estadual comum processar e julgar o crime de falsa anotao de carteira de trabalho e Previdncia Social, atribudo a empresa privada. c) Compete justia federal processar e julgar crime em que indgena figura como autor ou vtima.

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Competncia Penald) Compete justia estadual comum processar e julgar crime de falsificao de ttulo de eleitor. 11-Competncia : 9-A resposta certa a letra B. As competncia fixadas em razo da matria (ratio materiae) e em razo da pessoa (ratio personae) so impostas no interesse da ordem pblica, sendo, portanto, absolutas. 10-A resposta certa a letra B. Compete justia estadual processar e julgar crime praticado contra sociedade de economia mista (Smula 42, STJ). Compete justia estadual comum processar e julgar o crime de falsa anotao de carteira de trabalho e Previdncia Social, atribudo a empresa privada (Smula 62, STJ). Compete justia estadual comum processar e julgar crime em que indgena figura como autor ou vtima (Smula 140, STJ). Compete justia federal processar e julgar crime de falsificao de ttulo de eleitor (RT 553/340). 11-A resposta certa a letra C. Jurisdio o poder de julgar um caso concreto, com a conseqente soluo do litgio. Competncia a medida da extenso do poder de julgar (da jurisdio). 12-B (Art 109 da CF) A-Errado- da competncia da Justia Federal, pois trata-se de empresa pblica. B- Certa-Lavagem de dinheiro da competncia da Justia Estadual, e crime contra Sociedade de Economia Mista tambm . C- Errado-Se Procurador da Repblica servidor pblico federal, portanto da competncia da JF. D-Errado- Crime contra o INSS da competncia da Justia Federal. 13- Esta afirmao est correta. Art. 109. Aos juzes federais compete processar e julgar: IV - os crimes polticos e as infraes penais praticadas em detrimento de bens, servios ou interesse da Unio ou de suas entidades autrquicas ou empresas pblicas, excludas as contravenes e ressalvada a competncia da Justia Militar e da Justia Eleitoral; O Banco do Brasil uma sociedade de economia mista. Note que, no artigo 109, inciso IV, no se incluiu os crimes contra as sociedades de economia mista na competncia da Justia Federal. Ademais, o Supremo Tribunal j sumulou o entendimento de que compete justia estadual julgar as causas em que a sociedade de economia mista seja parte. Smula 556 : " competente a Justia Comum para julgar as causas em que parte sociedade de economia mista." Smula 517 : "As sociedades de economia mista s tm foro na Justia Federal, quando a Unio intervm como assistente ou opoente. "

a) sinnimo de jurisdio. b) o poder de julgar um caso concreto, com a conseqente soluo do litgio. c) a medida da extenso do poder de julgar. d) todas as alternativas esto corretas. 12-(OAB-SP- EXAME DA ORDEM)Hiptese de crime em que a Competncia NO da Justia Federal: a) furto de bem pertencente Caixa Econmica Federal; b) lavagem de dinheiro conexo com roubo de bens pertencentes ao Banco do Brasil; c) Prevaricao praticado por Procurador da Repblica; d) Apropriao indbita de previdenciria. 13- Julgue o item: Compete Justia Estadual processar e julgar crime de roubo contra agncia do Banco do Brasil estabelecida neste Estado. Gabarito 1-A (Art 105 I A da CF) 2-A 3-D(Art 102 I B da CF) 4-A(Art 105 I A da CF) 5-E(Art 105 I C da CF) 6-A resposta certa a letra A. De acordo com o art. 102, I, b e c, CF, o STF competente para processar e julgar originalmente, nas infraes penais comuns, seus prprios Ministros, o Presidente da Repblica, o Vice, os membros do Congresso Nacional e o Procurador Geral da Repblica. Nas infraes penais comuns e nos crimes de responsabilidade competente para julgar os membros do Tribunal de Contas da Unio, os membros dos Tribunais Superiores, os chefes de misso diplomtica de carter permanente, os Ministros de Estado (exceto nos crimes de responsabilidade conexos aos do Presidente da Repblica) e os comandantes das Foras Armadas. 7-A resposta certa a letra D. O STJ tem competncia para julgar os Governadores apenas nos crimes comuns (art. 105, I, a, CF). 8-A resposta certa a letra B. Os deputados federais e senadores sero julgados, nos crimes comuns, independentemente de qualquer licena prvia da respectiva Casa (arts. 102, I, b e 53, 1 e 3, CF).

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