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Produção Agrícola Intensiva de Regadio Jorge Garcia Gomez F. López Bermúdez Série do Fascíciulo: C Número: 3

Produção Agrícola Intensiva de Regadio

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Text of Produção Agrícola Intensiva de Regadio

  • Produo Agrcola

    Intensiva de Regadio

    Jorge Garcia Gomez

    F. Lpez Bermdez

    Srie do Fascciulo: C Nmero: 3

  • Contedos

    INTRODUO AGRICULTURA DE

    REGADIO 1 EVOLUO DA AGRICULTURA DE REGADIO

    E OS SEUS EFEITOS NA DESERTIFICAO 2 Porque se produziram alteraes na

    agricultura de regadio? 2 Tecnologia de rega 3 Rentabilidade e competio por recursos 4 O problema dos recursos hdricos 5 EFEITOS NEGATIVOS DE AGRICULTURA DE

    REGADIO NA DESERTIFICAO 5 Salinizao 6 SOBRE EXPLORAO DAS GUAS

    SUBTERRNEAS 6 Contaminao do solo por pesticidas e

    fertilizantes 7 Eroso do solo 7 Alteraes na paisagem 7 RECOMENDAES PARA A GESTO DOS REGADIOS E PREVENO DA DESERTIFICAO 8 REFERNCIAS E LEITURAS ADICIONAIS 10

    INTRODUO AGRICULTURA DE

    REGADIO

    A origem e desenvolvimento da agricultura

    Mediterrnica so a histria de uma longa e

    profunda interaco (co-existente) entre as pessoas

    e o Ambiente. A actual paisagem rural Mediterrnica

    o resultado de milhares de anos de interaco

    entre as alteraes no clima e as prticas agrcolas,

    comeando desde a transio entre os perodos

    geolgicos do Plistocnio e o Holocenio, na rea do

    crescente frtil, no Oriente Prximo, no

    acontecimento conhecido como Revoluo

    Neoltica, h 10,000 anos atrs.

    Novas prticas agrcolas espalharam-se para a rea

    Mediterrnica Ocidental, e a longa evoluo

    seguinte foi feita segundo uma combinao

    complexa de factores climticos, edficos,

    hidrolgicos, geomorfolgicos, sociais, culturais e

    tecnolgicos, que ficaram reflectidos na paisagem

    pelo desenvolvimento de dois tipos bsicos de

    agricultura: agricultura de sequeiro e agricultura de

    regadio.

    Figura 1. Cultivo de alfaces com irrigao, em

    Espanha

    Hoje em dia, a agricultura de regadio uma

    actividade que partilha um espao restrito com

    muitas outras actividades econmicas. A expanso

    da produo intensiva da agricultura de regadio,

    pode ser tanto uma fonte de riqueza como um

    problema generalizado, no que diz respeito ao uso

    sustentvel do solo e desertificao. As

    consequncias ambientais potencialmente negativas

    deste tipo de uso do solo sobre outras funes

    econmicas e ecolgicas devem ser analisadas. Estes

    efeitos negativos incluem degradao do solo,

    esgotamento dos aquferos, intruso de gua do mar

    em reas costeiras e a salinizao, e a contaminao

    do solo. Houve uma recente tendncia para este tipo

    de agricultura se expandir das reas tradicionais de

    rega, por exemplo ao longo de plancies de

    inundao dos rios, para antigas reas de agricultura

    de sequeiro.

    escala global existe nos pases meridionais um

    movimento no sentido da procura do aumento da

    produo com custos mais baixos. Este fascculo

    ilustrar o impacto de agricultura de regadio

    intensiva, mas ir tambm explicar os princpios e

    prticas que podem ser aplicadas gesto dos

    regadios. Este tipo de agricultura joga um papel

    muito importante na sociedade, especialmente nas

    reas rurais. Qualquer estratgia para gerir a relao

    entre agricultura e desertificao, deve ter em conta

    no s o lado ambiental do problema, mas tambm

    os aspectos econmicos e sociais de um mundo rural

    envolvido num processo de desenvolvimento com

    muitas foras motrizes a afectar a situao e, a

    mudarem a toda a hora.

  • 2

    Figure 2. Abobrinhas, cultivadas em estufa com rega

    por asperso

    Na Europa Mediterrnica a maior procura da

    agricultura so os recursos hdricos. A agricultura de

    regadio pode usar entre 70 e 80% de toda a gua

    disponvel. A disponibilidade de gua em quantidade

    e qualidade suficiente tornou-se a questo e

    preocupao mais importantes para os agricultores e

    administradores pblicos, chegando a ser um

    assunto de confrontao poltica e social. Este

    conflito pode ser encontrado em todos os pases

    Mediterrnicos e, especialmente, em Espanha.

    As consequncias das actividades agrcolas de

    regadio no so frequentemente tidas em conta da

    mesma maneira que com as da agricultura de

    sequeiro. As tecnologias mais recentes e os mtodos

    de regadio permitem que as culturas sejam

    eficientemente produtivas em qualquer tipo de solo

    e por isso, desde que a gua esteja disponvel, as

    culturas irrigadas podem ser cultivadas, em quase

    qualquer stio. O problema surge, quando o solo se

    degradou completamente e muito difcil de

    restaurar. Os novos desafios, da globalizao e

    alterao climtica vo, provavelmente, adicionar

    mais instabilidade a estes processos. Outras opes,

    como cultivar em substratos, precisa de infra-

    estruturas que modificam totalmente a rea

    afectada.

    Figura 3 Culturas

    Figura 4

    Figura 5

  • 3

    EVOLUO DA AGRICULTURA DE REGADIO

    E OS SEUS EFEITOS NA DESERTIFICAO

    Porque se produziram alteraes na agricultura de

    regadio?

    Historicamente, a agricultura de regadio ocupou os

    solos melhores e mais frteis, aqueles em vales de

    rios e em reas planas, conjuntamente com as

    plancies costeiras, onde o Inverno tende a ser

    suave. Estas reas apresentam as melhores

    condies possveis para actividades agrcolas

    irrigadas se estiveram perto do principal recurso

    necessrio: gua. Actualmente, a presso exercida

    por outras actividades econmicas e sociais,

    aumentaram a procura nestas reas, assim com os

    desenvolvimentos tecnolgicos (que, por exemplo,

    permitem o cultivo em vertentes declivosas ou em

    terrenos nivelados mecanicamente) e fizeram com

    que os regadios se encontrem agora no interior, nas

    reas tradicionais de agricultura de sequeiro. As

    exploraes agrcolas de reas do interior no tm as

    mesmas caractersticas e condies para o uso de

    irrigao como as tradicionais, mas os custos de

    produo so mais baratos. De qualquer modo, o

    solo tende a no ser ideal para a agricultura de

    regadio.

    A superfcie irrigada na UE-12 aumentou 12% de

    12.3 milhes de hectares, para 13.8 milhes de

    hectares, entre 1990 e 2000. Na Frana, Grcia e

    Espanha, a rea de regadio aumentou em 29%,

    durante o mesmo perodo. Todavia, existem

    diferentes padres nos pases Europeus e mesmo

    escala regional/local.

    Quando se fala de agricultura de regadio, devamos

    comear por distinguir dois grupos principais:

    Agricultura de regadio tradicional, com

    pequenos pomares e mnimo uso de

    maquinaria, exploraes familiares ou

    pequenas cooperativas.

    Agricultura de regadio em grande escala,

    normalmente associada com processos

    industriais e transporte de longa distncia, a

    que se pode chamar de agroindstria,

    concentrada em exportar os seus produtos

    para fora da rea de produo.

    Figura 6. Canal de rega tradicional nas terras baixas

    (plancie)

    Figura 7.

    Esta distino importante, uma vez que a

    abordagem ao uso da terra diferente em cada

    sector, e os dois grupos tm um papel diferente no

    desenvolvimento e no uso dos factores que resultam

    em alteraes generalizadas na agricultura. Os

    agricultores de regadio tradicional, esto mais

    dependentes de recursos locais uma vez que tm

    pequenos pomares e no tm a capacidade

    econmica ou logstica, para gerir um grande

    nmero de exploraes ou diversificar em diferentes

    lugares. Por esta razo so normalmente

    considerados como estando mais integrados ao

    territrio local.

    Existem muitos factores que afectam a agricultura

    de regadio. Vo ser focados alguns deles: tecnologia,

    rentabilidade e competio por recursos,

    especificamente a gua, e suas consequncias.

  • 4

    Tecnologia de rega

    A inovao especialmente importante na

    agricultura. O objectivo fornecer produtos mais

    competitivos (novos, diferentes, de melhor

    qualidade, ou produtos fora da poca) e ultrapassar

    as dificuldades associadas, principalmente, com a

    escassez de recursos: gua, solo, energia A

    tecnologia torna os agricultores mais competitivos e

    as inovaes transmitem-se rapidamente entre eles.

    A rega por gota a gota, nivelamento do terreno por

    laser, estufas, novos materiais plsticos, fertilizantes,

    maquinaria, pesquisa gentica

    Obviamente, as grandes empresas tm vantagens

    temporais, sobre os pequenos agricultores devido

    sua capacidade econmica, para investir na

    pesquisa. Actualmente mais fcil adaptar a

    agricultura s reas e condies, onde

    anteriormente no era possvel. Aos agricultores so

    oferecidas novas oportunidades para o uso dos

    terrenos. Para alm disso, existe uma maior

    disponibilidade de produtos ao longo de todo o ano,

    uma vez que a explorao de novas terras, significa

    tambm, um maior leque de condies climticas.

    Finalmente, o uso de novas tecnologias tambm

    ajuda a tornar os produtos disponveis em mercados

    distantes.

    Figura 8. Mecanizao em grande escala no

    nivelamento de terras proporciona novas reas para

    culturas de regadio

    A tecnologia no pode ser considerada como

    positiva ou negativa, quando considerada por si s.

    o uso que se faz dela, que tem efeitos diferentes. Em

    termos gerais, a tecnologia mudou completamente a

    abordagem ao trabalho agrcola, adaptando as

    actividades agrcolas s condies do terreno e do

    solo, bem como adaptando estes de acordo, com as

    necessidades de produo. Normalmente, quanto

    mais intenso o uso do solo (e o regadio um dos

    mais intensos em termos de uso de recursos e

    transformao da terreno), maior a probabilidade

    que surjam efeitos negativos nos solos. O principal

    problema poder ser, que a pesquisa est

    concentrada na crescente produo vegetal sem

    considerar a sustentabilidade do solo. Aqui se

    deixam alguns exemplos:

    Disponibilidade de nova terra para agricultura

    A tecnologia cria novas reas agrcolas,

    tradicionalmente de sequeiro, disponvel para

    agricultura de regadio. Os solos nestas reas no so

    normalmente adequados para um uso to intenso,

    por isso os processos de degradao do solo tornam-

    se evidentes em pouco tempo. Estes processos

    intensificam-se se a terra que foi intensivamente

    cultivada, depois abandonada.

    Por outro lado, a expanso de agricultura de regadio

    faz com que aumente a procura de gua. Tal facto

    afecta os nveis hdricos de lagos, rios e,

    especialmente, lenol de guas subterrneas. O

    esgotamento de aquferos um indicador muito

    directo da sobre explorao das guas subterrneas.

    Tambm tem consequncias negativas indirectas,

    como intruso da gua do mar que contamina os

    aquferos costeiros com gua salgada. A gua

    retirada de poos para rega e uso domstico torna-

    se salgada, e contribui para a salinizao do solo.

    Sistemas de rega por gota-a-gota:

    A irrigao por gota-a-gota, reduz a quantidade de

    gua usada mas, por exemplo, s vezes as hortas so

    transformadas de uma maneira demasiado forada,

    para adaptar-se a este sistema de rega. Tal significa

    um grave impacto sobre a estrutura de solos frgeis.

    Nivelamento a laser:

    Pode ajudar a reduzir ou a evitar a gua de

    escorrncia, em campos com declives acentuados

    mas tambm pode causar efeitos graves na

    estrutura do solo.

  • 5

    Figura 9. A mecanizao e a eliminao de ervas

    daninhas, pode afectar negativamente a estrutura

    do solo e aumentar o risco de eroso e degradao

    do solo

    Eliminao de ervas daninhas.

    Para reduzir o tempo de cultivo e para poupar gua,

    deve-se eliminar toda a vegetao daninha. Esta

    aco deixa um solo nu, que pode ser mais

    facilmente afectado pela eroso provocada pelo

    vento e gua.

    Figura 10. Hortas onde a mecanizao e a limpeza

    das ervas daninhas deixa uma superfcie do solo a nu

    e propcia eroso do solo

    Investigao sobre plantas:

    A pesquisa sobre a gentica das plantas teve como

    resultado, a obteno de espcies cultivveis, mais

    resistentes a guas salinas. Por outro lado, o uso

    prolongado de gua de m qualidade qumica para

    rega afecta o solo e causa degradao.

    Rentabilidade e competio por recursos

    A agricultura de regadio uma actividade econmica

    que partilha um espao restrito (a rea

    Mediterrnea) como muitas outras actividades

    econmicas competitivas (urbanizao, lazer) e

    com numerosas e variadas presses (condies

    climticas, movimentos da populao, expanso

    urbana, escassez hdrica). A populao nas reas

    costeiras cresceu em 3.44% (em mdia, cerca de 0.5

    milhes por ano), o que pressupem uma taxa de

    crescimento 25% mais rpida, que populao total

    destes pases. Para a Europa, densidades da

    populao das regies costeiras (NUTS3) so em

    mdia 10% mais elevadas que no interior, e de 50%

    em alguns pases.

    A gua um recurso essencial, limitado e sem

    substituto. Na agricultura o fornecimento da gua

    necessita de investimentos muito elevados e de

    importantes infra-estruturas (barragens, poos,

    canais de irrigao, bombas) que necessitam de

    um certo grau de desenvolvimento tecnolgico, para

    serem eficientes, junto com a adaptaes do terreno

    e das superfcies do solo. O uso da terra muito

    intensivo e a rentabilidade (por unidade de

    superfcie) muito elevada comparada com a

    agricultura de sequeiro e inclusivo, com outros usos

    alternativos do terreno. As presses do mercado

    (por exemplo, os preos dos terrenos, a procura

    especfica e os elevados investimentos), a regulao

    de certos sectores (leite, produo de azeite e frutos

    secos, etc.) e as prticas (por exemplo, intensificao

    de terras marginais) so responsveis pelas

    modificaes na agricultura. A superfcie agrcola

    utilizada (SAU) para EU-12 diminuiu em 2.5% (de

    115.3 milhes de ha, para 112.7 milhes de ha)

    entre 1990 e 2000. As maiores alteraes na SAU so

    as relatadas na Itlia (- 3 121 910 ha, - 19%) (12) e

    Espanha (1649 310 ha, +7%). Na Frana, Grcia e

    Espanha, a rea irrigvel aumentou de 5.8 milhes

    de ha, para 7.4 milhes de ha, entre 1990 e 2000.

    O desenvolvimento econmico das reas

    Mediterrneas (que tambm faz com que os mais

    jovens procurem emprego fora das actividades

    agrcolas), o facto de que a segurana alimentar no

    um risco na Europa (por isso a agricultura no

    actualmente uma actividade estratgica) e uma

    elevada rentabilidade econmica mais elevada

    directa ou imediata do desenvolvimento urbano

  • 6

    comparado com a actividade agrcola, fazem com

    que estas presses tenham um efeito duplo.

    escala local, as actividades agrcolas desaparecem

    ou deslocam-se para zonas do interior (onde todas

    estas presses so menores), dependendo

    principalmente da disponibilidade de solo, gua e de

    restries legais/polticas, expanso

    urbano/recreativo. Cerca de 200 km de terras

    agrcolas foram perdidos ao longo de todas as zonas

    costeiras, a taxas variveis, para os diferentes pases

    Europeus, entre 1990 e 2000. Tal ocorreu, por

    exemplo, em Almeria e no Levante mediterrneo de

    Espanha e nas regies meridionais de Itlia, Grcia e

    Chipre.

    Figura 11. Nivelamento em grande escala e cultivo

    mecanizado, para transformao de reas de

    sequeiro em regadio.

    A uma escala global, as actividades agrcolas esto a

    mover-se tambm para Sul, a outros pases,

    procurando reas onde existe menos competio

    por recursos e maior rentabilidade (custos mais

    baixos). Este processo afecta a desertificao uma

    vez que a deciso de cultivar no decidida de

    acordo com a aptido do solo, mas puramente com

    base numa perspectiva econmica. Nestes casos,

    ainda mais importante levar a cabo medidas de

    conservao do solo.

    O problema dos recursos hdricos

    A gua um recurso crtico nas regies

    Mediterrneas semi-ridas, um factor que (em

    termos de quantidade e qualidade) limita a

    actividade agrcola. A disponibilidade de gua uma

    enorme preocupao fundamental para todos os

    pases, especialmente, para aqueles que sofre

    condies ridas, semi-ridas ou sub-hmidas secas

    e so ameaadas pela desertificao. Nestas reas as

    questes hdricas causam preocupao, discusso e

    conflitos entre os utilizadores.

    Figura 12. Irrigao

    A agricultura o uso que mais procura de gua exige

    no Mundo inteiro (70% de uso deste recurso), sendo

    uma percentagem ainda maior em pases em

    desenvolvimento (95%). Nos pases Mediterrneos

    usa-se 75-80% dos recursos hdricos. Existe uma

    forte distribuio regional da procura de gua para

    rega. As 41 regies europeias (de um total de 332)

    que apresentam o maior consumo de gua para fins

    agrcolas (mais de 500 milhes m/ano) esto

    localizadas no Sul da Europa. A gua essencial para

    assegurar segurana alimentar em muitos pases. Por

    outro lado, medida que outros usos econmicos

    (turismo, recreao, e indstria) se vo

    desenvolvendo, aumenta a competio por este

    recurso, especialmente, naqueles pases que tm

    assegurada a segurana alimentar. Tal pressupem

    um desafio para garantir a sustentabilidade do

    recurso.

  • 7

    Figura 13. Irrigao

    EFEITOS NEGATIVOS DA AGRICULTURA DE

    REGADIO NA DESERTIFICAO

    As rpidas alteraes culturais, sociais, econmicas e

    tecnolgicas que ocorreram na agricultura de

    regadio, nos anos 60 e 70 conduziram a um

    espectacular aumento nos rendimentos das culturas,

    mas tambm levaram ao inicio de processos

    significativos de degradao do solo. Actualmente, o

    regadio transformou por completo a paisagem

    agrcola, tanto em termos de quantidade como de

    qualidade.

    De um ponto de vista quantitativo, a rea cultivada

    em muitas reas do Mediterrneo tem aumentado

    para satisfazer a populao e, o desenvolvimento de

    novas tecnologias possibilitou, que novas reas se

    tornassem aptas para o cultivo. Esta expanso

    realizou-se custa da destruio da vegetao

    natural e da alterao de uma agricultura de

    sequeiro para uma agricultura de regadio. Algumas

    destas novas reas no so adequadas para uma

    explorao intensiva, por isso os problemas de

    degradao do territrio so generalizados.

    De um ponto de vista qualitativo, a agricultura

    intensiva forou um forte processo selectivo de

    ectipos vegetais (sub-espcies, variedades, etc.) na

    procura daqueles que so mais produtivos. Tal,

    conduziu a uma perda de biodiversidade que afecta

    todo o ecossistema, favorecendo os processos de

    degradao. A FAO afirma que, no sc. XX, cerca de

    75% da biodiversidade gentica do mundo foi

    perdida.

    Figura 14. A eroso do solo generalizada e formao

    de sulcos regos num campo recentemente plantado e

    com o solo a nu.

    O elevado consume de gua, a mecanizao e a

    necessidade de usar cada vez mais produtos agro-

    qumicos, sob certas condies ambientais e

    culturais, pode ter efeitos muito negativos na

    estrutura do solo e aumentar os riscos de

    desertificao. Os processos de degradao incluem

    uma variedade de alteraes fsicas, qumicas e

    biolgicas nas propriedades do solo e nos processos

    edficos, que conduzem a uma reduo da qualidade

    do solo, como recurso. agricultura de regadio

    encontram-se associados importantes processos de

    degradao como a salinizao, sobre explorao

    dos aquferos, contaminao do solo por pesticidas e

    fertilizantes, eroso do solo, e alteraes da

    paisagem.

    Salinizao

    A rpida expanso do regadio nas ltimas dcadas

    tem sido seguida pelo aumento da salinizao do

    solo e da gua. Estima-se que cerca de 30% da rea

    sob agricultura de regadio na Europa Mediterrnea

    est afectada por salinizao em diferentes graus. O

    uso frequente de guas subterrneas ou guas

    residuais com uma qualidade inadequada, adiciona

    sais, que acumulam no solo se este no for regado

    com gua de boa qualidade. Entre 1995 e 2000, a

    quantidade de lamas de depuradoras das guas

    residuais usados na agricultura aumentou em muitos

    pases, incluindo o Reino Unido, Frana, Espanha,

    Itlia e Irlanda.

  • 8

    Figura 15. Salinizao do solo. Os pequenos cristais

    brancos de sal de precipitao na superfcie do solo

    O problema crtico em condies climticas

    Mediterrneas semi-ridas, onde a elevada

    evapotranspirao durante o Vero, faz com que os

    sais dissolvidos ascendam por capilaridade pelo

    perfil do solo e se acumulem na superfcie. Estes sais

    solveis afectam negativamente as plantas e a

    produo das culturas. Alm disso, o solo perde

    capacidade de produo e degrada-se.

    Sobre explorao das guas subterrneas

    Muitas das reas de agricultura de regadio situam-se

    em plancies costeiras, muitas vezes em locais que

    tambm apresentam elevada densidade urbana e

    industrial. A sobre explorao da gua subterrnea

    permite que a gua do mar penetre nos aquferos,

    degradando a qualidade da gua por causa do

    aumento de salinidade. Isto tambm pode acontecer

    em reas do interior, onde a expanso da agricultura

    de regadio necessita de grandes quantidades de

    gua, mais do que a que est normalmente

    disponvel nos cursos de gua. Neste caso

    necessrio usar guas subterrneas de poos para

    regar as culturas. O problema que a precipitao

    anual no suficiente para equilibrar a extraco,

    pelo que a concentrao de sais (cloretos,

    carbonatos de sdio e magnsio e sulfatos de clcio)

    aumenta a um ritmo constante o que degrada a

    qualidade destas guas.

    Figura 16.

    ESTUDO DE CASO: SOBRE EXPLORAO DE

    AQUFEROS Os usos agrcolas das guas subterrneas significam

    cerca de 75% de todos os seus usos (que tambm

    inclui o urbano, industrial, recreativo e ambiental).

    Estima-se que 28% da superfcie agrcola de Espanha

    se rega com guas subterrneas. Quer dizer 942.000

    ha, que precisam de 4.500 hm3/ano. A rega com

    guas subterrneas frequentemente mais eficaz,

    do que com gua de outras origens devido a um

    melhor uso e poupana de gua. Isto a

    consequncia de um melhor ajuste entre os custos

    reais das infra-estruturas e o preo que paga o

    utilizador. Outro factor a ter em conta que a maior

    parte da utilizao da gua subterrnea, comeou

    nos anos 60, pelo que utiliza sistemas de rega

    modernos.

    A presena de guas subterrneas em reas

    apropriadas para agricultura, como na costa

    Mediterrnea, conduziu ao desenvolvimento de

    exploraes de regadio de elevada rentabilidade.

    Contudo, existem numerosos aquferos a sofrerem

    uma explorao intensiva, com extraces que

    superam as entradas e que causam diferentes

    consequncias negativas: esgotamento de

    nascentes, interferncia no regime de cursos de

    gua e reas hmidas conectadas a aquferos,

    descida do nvel piezomtrico, o que supem o

    esgotamento dos poos e aumento nos custos de

    bombear, degradao da qualidade da gua,

    intruso da gua do mar nos aquferos costeiros e

    problemas de abatimento ou subsidncia.

  • 9

    Figura 17. A explorao intensiva do aqufero

    Ascoy-Sopalmo (Rio Segura, Espanha), cerca de 45

    hm3/ano, excede em muito a recarga (cerca de 2

    hm3/ano), causando uma contnua reduo nos

    nveis piezomtricos desde os anos 60. O consumo de

    reservas de gua j ultrapassou os 1000 hm3

    Figura 18 Evoluo dos nveis piezomtricos do

    aqufero Vega Media, Rio Segura (Espanha).

    Durante a seca severa dos anos 90, a reduo das

    entradas (precipitao e regressos de actividades de

    rega), junto com o aumento nas actividades de

    extraco por meio de bomba para irrigao

    causaram a reduo nos nveis piezomtricos at

    15m, originando problemas estruturais

    (deslocamentos entre edifcios) devido a episdios de

    subsidncia do solo

    Contaminao do solo por pesticidas e fertilizantes

    A principal fonte de nitratos nas guas subterrneas

    a actividade agrcola. Em geral, os excedentes de

    nitrognio, medidos como balano de nitrognio

    bruto, diminuram na UE-15. Entre 1990 e 2000, em

    reas Mediterrneas, como Espanha, os excedentes

    de nitrognio aumentaram em 47%. Em alguns casos

    as quantidades foram excessivas e, uma vez que

    estas substncias so normalmente muito solveis,

    so lavadas facilmente no perfil do solo, at

    afectarem as guas subterrneas e os cursos de

    gua.

    Figura 19. Fertilizantes

    Globalmente, as consequncias destes produtos no

    solo podem produzir graves processos de

    degradao conduzindo desertificao.

    Eroso do solo

    Na rea Mediterrnica, a eroso hdrica do solo um

    dos principais processos de degradao do solo, e

    est muitas vezes relacionada com a agricultura. A

    mobilizao do solo e a remoo da coberto vegetal

    deixa a superfcie do solo descoberta e exposta aos

    agentes corrosivos (gua e vento). O solo recebe

    menos matria orgnica, e o hmus mineraliza-se

    mais rapidamente, devido aos efeitos da lavoura e

    das elevadas temperaturas. O uso de maquinaria

    pesada tende a compactar o solo e a aumentar a

    escorrncia superficial. A mobilizao excessiva do

    solo reduz a rugosidade deste e destri os agregados

    que podem assim ser mais facilmente transportados

    e lavados. A reduo e simplificao dos ciclos de

    cultivo e as rotaes de culturas, podem tambm

    favorecer os processos de eroso.

  • 10

    Figura 20. Eroso do solo quando se elimina o

    coberto vegetal.

    A eroso do solo causa uma constante diminuio do

    contedo em nutrientes, a degradao da estrutura

    do solo, a reduo na profundidade do solo e por

    isso uma diminuta capacidade de reteno da gua e

    nutrientes. O processo leva a um declnio na

    fertilidade do solo, afectando assim o crescimento e

    produtividade das plantas.

    O uso de maquinaria agrcola em vertentes

    declivosas pode causar degradao do solo,

    especialmente quando se lavra, segundo o

    comprimento da vertente. Ainda que seja bem

    conhecido, que a maneira adequada para a

    conservao do solo segundo as curvas de nvel, os

    agricultores evitam frequentemente, faz-lo, porque

    inconveniente e pode ser desconfortvel para os

    tractoristas.

    Figura 21. Maquinaria

    Alteraes na paisagem

    A percepo da paisagem para populao em geral

    muito importante. Ela , o resultado da interaco

    de factores naturais e humanos. Constitui um

    recurso que pode ser facilmente degradado e deixar

    de ser atractivo, se continuar a permitir, que as

    polticas agrcolas prejudiciais, no sejam revistas.

    Por esta razo (a sua escassez potencial), junto com

    o valor ecolgico, funcional, estrutural e cultural que

    representam as paisagens naturais e semi-naturais,

    torna-se necessrio avaliar a situao e desenvolver

    polticas de conservao.

    A Bacia Mediterrnea foi uma das primeiras zonas

    do Mundo a ser colonizada e oferece uma das mais

    intensas e diversificadas sequncias histricas de

    alterao e mudana da paisagem, onde as

    actividades agrcolas tiveram um papel crucial. Os

    padres de mudana incluem alteraes climticas e

    do uso do solo, conduzidas por diferentes polticas

    agrcolas, industriais, e tursticas e outras foras

    motrizes scio-econmicas. A mudana no uso do

    solo continua a ser uma poderosa fora motriz das

    alteraes climticas, tendo-se acelerado

    ultimamente, com a expanso dos regadios.

    Os agro-sistemas tradicionais foram ameaados por

    duas tendncias diferentes: a intensificao da

    agricultura e o abandono da terra se a agricultura

    deixa de ser rentvel. O decrscimo de cerca de 25%

    na proporo de exploraes agrcolas de criao de

    gado ou mistas, entre 1990 e 2000 particularmente

    significativo, uma vez que estas exploraes esto

    associadas a uma biodiversidade elevada e a

    qualidade da paisagem e formam parte das reas de

    agropecuria de elevado valor natural (AVN). Estas

    so caractersticas em regies Mediterrneas, e

    estima-se, que ocupem cerca de 15-25% do total da

    superfcie agrcola na UE-15. A maioria das aves

    destas reas sofreu um forte declnio de 1980 at

    2002.

    Os dados de importantes zonas de aves e

    borboletas, mostram que uma poro significativa

    destas reas afectada negativamente pela

    intensificao agrcola e/ou pelo seu abandono.

    Produziu-se uma perda importante de habitats (por

    exemplo, pastagens, exploraes mistas, reas

    naturais e semi-naturais e reas hmidas), que so

    extremamente relevantes para a biodiversidade. Por

    outro lado, em reas onde a produo agrcola

    tradicional produz benefcios, por exemplo, em reas

    de produo de vinho de alta qualidade, as

    paisagens so regularmente bem mantidas.

  • 11

    Figura 22 Paisagem

    A sustentabilidade do territrio significa que as

    alteraes devem estar adaptadas s capacidades de

    carga e ao potencial dos sistemas naturais. A

    combinao do desenvolvimento local com

    parmetros de sustentabilidade significa manter um

    profundo respeito pelos valores naturais e culturais

    das reas e populaes. A questo chave que tipo

    modelo econmico e social, se quer para o

    territrio?

    As alteraes climticas sero um factor que

    aumentar os riscos empresariais e os efeitos

    negativos da agricultura na desertificao. Durante a

    segunda metade do sculo passado, em Mrcia

    (Sudeste da Espanha) o aumento em mdia da

    temperatura anual foi de cerca de 2C e em Valncia

    o aumento foi da mesma ordem de magnitude.

    Temperaturas mais elevadas nestas reas significam

    que existe maior evapotranspirao, mais stress

    hdrico e maior risco de desertificao. Existem

    incertezas em relao s predies das alteraes

    climticas regionais, mas provvel que a regio

    Mediterrnea no seu conjunto, aquea de maneira

    significativa.

    O prognstico para as precipitaes muito mais

    incerto, mas a maioria das projeces apontam para

    mais precipitao no Inverno e menos no Vero por

    todo o Mediterrneo. Uma caracterstica comum em

    muitas das projeces o declnio a precipitao

    anual a Sul da latitude de 40-45 N, e aumentos a

    Norte da mesma. Mesmo reas, que vo receber

    mais precipitao podem tornar-se mais secas do

    que actualmente, devido ao aumento da evaporao

    e s mudanas na intensidade e estacionalidade das

    precipitaes. Como consequncia, a frequncia e

    severidade dos episdios de seca poderiam

    aumentar em toda a regio. A disponibilidade de

    gua ser posta em perigo e so previstos mais

    conflitos entre os utilizadores.

    Um bom exemplo da alterao na paisagem pode

    observar-se neste conjunto de imagens, entre 1956 e

    2003. A rea seca tornou-se numa rea de regadio

    de agricultura intensiva. Este caso muito comum

    em vastas reas nos pases do Sul do Mediterrneo.

    Na actualidade a paisagem tem tambm que acolher

    novos aglomerados urbanos, principalmente para

    lazer e turismo, que adicionam mais presses, sobre

    os recursos como gua e solo.

    Figura 23 Paisagem

    RECOMENDAES PARA A GESTO DO

    REGADIO NA PREVENO DA

    DESERTIFICAO

    Quando se fala de agricultura de regadio e

    desertificao, necessrio primeiro clarificar se

    este tipo de agricultura tem efeitos positivos ou

    negativos na desertificao, e se pode ser utilizada

    como uma ferramenta para combate

    desertificao. Na verdade, actualmente, no existe

    uma resposta simples. O factor principal a ser

    considerado a adequao do solo para o regadio.

    Deveria ser o factor chave para decidir se uma

    poro de terreno se cultiva ou no, mas a deciso

    no assim to fcil. Uma vez que se relaciona os

    problemas de desertificao ao bem-estar humano,

    devem ser includos os aspectos scio-econmicos.

    Todos os usos agrcolas tm um impacto sobre as

    condies do solo, e mesmo os solos com melhor

    adequao agrcola podem degradar-se devido a

    uma gesto no sustentvel. Por outro lado, muito

    difcil e caro manter cultivo em solos agrcolas de

    fraca capacidade. A questo que s vezes no

    possvel escolher, porque a populao de uma regio

  • 12

    deve encontrar o sustento no sector agrcola em

    solos pobres que no so adequados para serem

    cultivados. Finalmente, deve-se considerar, que

    mesmo o abandono de terra no uma opo de

    recuperao instantnea, uma vez que os solos

    afectados no recuperam pelos seus prprios meios,

    durante muito tempo, enquanto que os processos

    de eroso esto activos e quase contnuos.

    Podemos sugerir dois cenrios diferentes:

    1. possvel gerir o territrio de maneira

    sustentvel, em que a segurana alimentar ou o

    bem-estar scio-econmico, no est em perigo.

    Neste caso, a adequao do solo, junto com a

    disponibilidade hdrica, deveriam ser os factores

    chave para decidir cultivar ou no. A gesto do solo

    das reas cultivadas devia concentrar-se, em manter

    uma correcta estrutura do solo e dos seus contedos

    de matria orgnica, e proteger a superfcie do solo

    com uma cobertura vegetal, mulches ou geotxteis,

    para evitar a eroso pelo vento e gua. O solo ainda

    no foi considerado como o aspecto chave que , do

    ponto de vista da conservao ambiental. O primeiro

    nvel de actuao tem de ser poltico-administrativo,

    desenvolvendo uma poltica activa de gesto do

    territrio. Em algumas reas foram desenvolvidos

    cdigos de boas prticas agrcolas (por exemplo,

    cada comunidade autnoma em Espanha tm o seu

    prprio manual de boas prticas), mas o ponto-

    chave inclui-las, tanto nas polticas, como na

    tomada de deciso. A ltima reviso do esquema de

    subsdios agro-ambientais na regio de Mrcia,

    incluu um novo ponto na estrutura dos subsdios,

    para os agricultores contriburem para a preveno

    da eroso do solo. Baseia-se na adopo de medidas

    obrigatrias de conversao de uma cobertura de

    solo, dependendo do declive e tipo de solo. Tambm

    inclui, algumas regras sobre a maneira de realizar

    algumas das prticas agrcolas e mesmo a eliminao

    de subsdios para culturas em vertentes declivosas

    (mais de 20%), promovendo a mudana para reas

    florestais.

    2. s vezes no possvel escolher no cultivar uma

    rea, porque a populao rural seria negativamente

    afectada. Neste caso, devem intensificar-se as

    prticas de gesto e de restaurao. O regadio

    uma actividade muito intensa e por isso tm de

    haver actividades paralelas de restaurao.

    importante distinguir entre regadio em grande

    escala e agricultura dura (mais intensiva e baseada

    no uso de maquinaria de grande escala) e os

    pequenos agricultores (usando maquinaria mais

    pequena de uma maneira menos destrutiva), mas

    ambas exigindo uma intensiva fora de trabalho. a

    agricultura dura, que mais agressiva contra o

    Ambiente. Prticas de cultivo envolvidas neste tipo

    de agricultura e que tm efeitos negativos so:

    actividades de mobilizao frequentes do solo e a

    remoo de biomassa: a rega com gua de m

    qualidade: e gesto intensiva das de pragas.

    Actividades frequentes de mobilizao do solo e

    remoo da biomassa

    Uma mudana de cultivo (para actividades

    hortcolas) significa trabalho inicial de preparao do

    solo, para preparar o campo para o futuro trabalho

    mecanizado de cultivo (rega, uso de maquinaria,

    plantao e colheita, etc.). A reduo das

    mobilizaes do solo para um mnimo, junto com a

    aplicao de restos de biomassa da cultura na

    superfcie do solo, depois da colheita, podem ajudar

    a aumentar o contedo de matria orgnica dos

    solos e prevenir a eroso do vento e da gua.

    muito importante manter o solo coberto tanto

    tempo quanto possvel, especialmente durante as

    estaes chuvosas. Pode tambm ser usado para

    adicionar nutrientes ao solo, com plantas que

    podem incorporar nitrognio ao solo ou

    simplesmente incorporando as plantas ao solo

    (siderao).

    Figura 24 Prticas de mobilizao do solo

    Rega com gua de m qualidade

    Tanto na agricultura de grande escala, como de

    pequena escala, o uso de gua de m qualidade,

    especialmente gua salina, afecta seriamente as

    propriedades do solo. Esta prtica, se acontecer

    continuamente, conduz degradao do solo. Em

  • 13

    muitas reas Mediterrneas no existe

    disponibilidade de gua de boa qualidade, gua no

    salgada, pelo que o regadio nestas reas deve

    considerar-se como o principal problema de

    desertificao. A dessalinizao da gua pode ser

    uma maneira de solucionar este problema, mas , na

    actualidade, inevitavelmente muito cara, e os custos

    adicionam-se aos custos de produo das culturas.

    Figura 25. Irrigao

    Gesto intensiva de pragas

    A gesto de pragas da peste necessria em todas

    as escalas de agricultura, mas existem alternativas,

    sendo alguns mtodos menos nocivos para o

    Ambiente, que outros. O uso frequente de produtos

    qumicos para controlar as ervas daninhas e as

    pragas podem afectar a composio do solo e a

    fauna, e ter efeitos negativos na estrutura do solo. O

    uso de produtos menos agressivos na gesto

    integrada de pragas ou a implementao de

    procedimentos de agricultura orgnica

    (agroecolgica) pode ajudar a manter em condies

    ptimas o solo.

    O uso de agricultura de regadio como uma

    ferramenta para combate desertificao.

    Normalmente, reas com elevados riscos de

    desertificao partilham condies geo-climticas e

    recursos naturais que as tornam inadequadas para a

    agricultura de regadio. Por este motivo, a agricultura

    de regadio no uma opo comum nestas reas,

    mas s vezes permitindo, para que a comunidade

    agrcola residente, possa manter-se perante

    condies adversas. Permitindo ou promover algum

    regadio em campos, onde os solos so menos

    susceptveis degradao, utilizar prticas

    especificas e intensivas de conservao do solo, ou o

    desenvolvimento de regadios em reas prximas,

    pode evitar problemas associados com o abandono

    do territrio, por parte dos agricultores. Desta

    forma, os agricultores podem continuar com

    actividades agrcolas de sequeiro nas reas sensveis

    e receber receitas suficientes. Poderia haver espao

    para nova legislao agrcola, que regule as prticas

    agrcolas nestas reas propensas degradao e

    desertificao, e apoiar sustentabilidade.

    Em relao a isto, PAC (Poltica Agrcola Comum) e as

    polticas de Desenvolvimento Rural deviam melhorar

    as polticas focadas no combate desertificao,

    apoiando agricultores a gerirem as suas exploraes

    em reas sensveis, assegurando-lhes receitas

    suficientes, tendo por base um contrato social.

    Cerca de 17% dos habitats em reas Natura 2000

    dependem da continuao de prticas agrcolas

    extensivas. Tal gesto, que favorece a manuteno

    da biodiversidade pode ser apoiada por via de

    medidas agro-ambientais e outros instrumentos de

    poltica agrcola. A agricultura orgnica podia ser

    igualmente uma opo para combater a

    desertificao. Este tipo de agricultura inclui, nos

    seus princpios, o solo como o factor chave para um

    bom uso agrcola, porque a gesto deve centrar-se

    em proteger e melhorar a estrutura do solo, na

    actividade e fertilidade biolgica, integrando todos

    os factores (biolgicos, econmicos, sociais e

    culturais) para uma abordagem holstica e

    sustentvel, de gesto dos recursos naturais. Esta a

    opo mais interessante para agricultura e

    horticultura sob condies climticas ridas, semi-

    ridas e sub-hmidas.

  • 14

    REFERENCIAS E LEITURAS ADICIONAIS

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