17
71 Produção de mudas de qualidade: base para a sustentabilidade da lavoura cafeeira Marcelo Antonio Tomaz Lima Deleon Martins Wagner Nunes Rodrigues José Francisco Teixeira do Amaral Waldir Cintra de Jesus Junior Capítulo 5

Produção de mudas de qualidade: base para a ... · formação de uma lavoura cafeeira. Neste capítulo serão abordados os principais tópicos sobre a produção de mudas de café

  • Upload
    lamphuc

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

71

Produção de mudas de qualidade: base para a sustentabilidade da lavoura cafeeira

Marcelo Antonio Tomaz

Lima Deleon Martins

Wagner Nunes Rodrigues

José Francisco Teixeira do Amaral

Waldir Cintra de Jesus Junior

Capítulo 5

72

73

1. INTRODUÇÃO

A cafeicultura brasileira tem passado por transformações ao longo dos anos, buscando se tornar um processo cada vez mais rentável e sustentável. Programas de revitalização da cultura cafeeira têm sido lançados no Brasil para a promoção de melhorias no processo produtivo.

Nesse cenário, a renovação do parque cafeeiro é uma ferramenta fundamental. Através da renovação, pode ser realizada a substituição de lavouras depauperadas e formadas com cultivares antigas, por novos materiais genéticos de maior potencial produtivo lançados pelos programas de melhoramento.

A produção de mudas de café de qualidade assume uma importância inquestionável para o sucesso do processo de renovação. A produção de mudas vigorosas, sadias e bem desenvolvidas é fundamental para o sucesso do agronegócio, principalmente quando se considera espécies perenes, como é o caso do cafeeiro.

Quando esta etapa é bem conduzida, a produção de café se torna uma atividade mais sustentável, com maior produtividade e menor custo. A utilização de mudas de qualidade pode ser considerada o principal fator para o sucesso da formação de uma lavoura cafeeira.

Neste capítulo serão abordados os principais tópicos sobre a produção de mudas de café com qualidade, visando a sustentabilidade da lavoura cafeeira.

2. PREMISSAS PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE CAFÉ Algumas etapas merecem destaque durante a produção de mudas de café. As

duas espécies cultivadas, o café arábica e o café conilon, diferem em relação a importância dessas etapas. Enquanto o café arábica é multiplicado via seminal, devido as suas características reprodutivas, o café conilon é propagado, em grande parte, assexuadamente por meio da estaquia para multiplicação das cultivares clonais, que representam a maioria das cultivares lançadas até o momento.

2.1. Escolhas das sementes A instalação da maioria das lavouras cafeeiras principalmente de Coffea arabica

L. é realizada por meio de mudas obtidas através de sementes. Assim, após a escolha da cultivar, é de suma importância a obtenção de sementes de alta qualidade (Figura 1), capazes de gerar mudas vigorosas (ALVARENGA et al., 2000).

74

Figura 1. Visualização de lote certificado de sementes, de café arábica, com alto padrão de qualidade.

A qualidade de um lote de sementes compreende uma série de atributos que

determinam o seu valor para semeadura, que são a pureza genética, física, fisiológica e sanitária. Os padrões para a qualidade de sementes são estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Para o Estado do Espírito Santo, as diretrizes básicas para a produção e comercialização de material de propagação de café foram fixadas pela Portaria Nº 338, de 30 de novembro de 2010, visando garantir a identidade e a qualidade das mudas produzidas no Estado (MAPA, 2010). Os atributos relacionados a qualidade de sementes foram descritos por Tomaz et al. (2009), conforme apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Atributos utilizados para determinação da qualidade de sementes

Atributo Descrição

Qualidade Genética

Característica transmitida hereditariamente, ou seja, determinada pelas características da planta que resultam no potencial genético da semente. São os benefícios advindos do melhoramento genético das plantas, tais como produtividade, porte, arquitetura da planta, precocidade, resistência às pragas e doenças, entre outros. Para Fazuoli (1986), a qualidade genética irá garantir que as características de interesse acrescentadas aos materiais comerciais sejam mantidas e expressas nos cultivos subsequentes, fundamentando-se no alto vigor vegetativo e na semelhança que a progênie apresenta quando comparada aos progenitores.

Continua...

75

Tabela 1. Continuação

Qualidade Física

Reflete a composição física ou mecânica de um lote de sementes. Um lote de sementes é determinado como fisicamente puro quando o mesmo está isento de outras sementes de plantas caracterizadas como indesejáveis; quando a uniformidade no tamanho e densidade das sementes; quando há ausência de materiais inertes como pedras, pedaços de madeira, casca de café entre outros; e quando o lote de sementes de café não possui danos físicos caracterizados como quebrados, brocados e mal formados. Na maioria das pesquisas realizadas observa-se que há concordância quanto à necessidade de remoção das sementes de menor tamanho e menor densidade do lote, pois a pequena quantidade de substâncias de reserva pode proporcionar um lento desenvolvimento às plântulas. Além disso, tem sido verificado que a separação das sementes por tamanho e densidade é vantajosa para o aprimoramento da qualidade de diversas espécies. O manejo incorreto no processo de beneficiamento das sementes de café implica diretamente na qualidade física do lote (BRASIL, 1992).

Qualidade Sanitária

Baseada na ausência de contaminação por fungos, bactérias, vírus e insetos. A semente de café tem como característica ser envolta por mesocarpo espesso, assim uma relação hospedeira é estabelecida diretamente com diversos microrganismos e insetos, em função de o mesocarpo ser constituído de celulose, hemicelulose, pectinas, açúcares e proteínas, suprindo-os de fontes de carbono e nitrogênio (LIMA, 2005). A associação dos microrganismos com as sementes de café gera não só a disseminação de patógenos e, ou, insetos, mas também compromete a viabilidade da semente na germinação e no vigor afetando a qualidade e a produtividade da cultura.

Qualidade Fisiológica

Compreende as características que indicam a capacidade da semente em exercer suas funções vitais, ou seja, aquelas relacionadas à germinação, vigor e longevidade. A qualidade fisiológica configura o menor nível de danos possíveis às características inerentes à fisiologia das sementes, como baixa degradação de tecidos de reservas, e principalmente, baixa degradação da membrana celular que influencia na desorganização estrutural e física das células auxiliando na velocidade de deterioração das substâncias de reservas, que futuramente inviabilizarão as sementes (LARCHER, 2000). As sementes estão sujeitas a uma série de mudanças degenerativas de origem bioquímica, fisiológica e física após a sua maturação, as quais se associam com a redução do vigor (ALIZAGA et al.,1990). As práticas de secagem e armazenamento de sementes

Continua...

76

Tabela 1. Continuação

Qualidade Fisiológica

de café estão diretamente ligadas à qualidade fisiológica das sementes. A exposição das sementes à temperaturas e umidade relativa elevadas provoca sérias alterações degenerativas no seu metabolismo, desencadeado pela desestruturação e perda da integridade dos sistemas de membranas celulares causadas principalmente pela peroxidação de lipídios, além da perda da compartimentalização celular. A desintegração do sistema de membranas promove descontrole do metabolismo e das trocas de água e solutos entre as células e o meio exterior, determinando a queda na viabilidade das sementes (VIEIRA & CARVALHO, 1994).

Fonte: Tomaz et al., 2009.

As sementes devem ser obtidas de órgãos de pesquisa, federais ou estaduais,

ou, então, em propriedades registradas para a produção de sementes, onde se pode ter certeza quanto à boa origem do material, por se conhecer a variedade e a linhagem.

Como alternativa, as sementes também podem ser colhidas na própria lavoura, desde que o cafezal tenha sido formado com sementes de boa origem e em áreas com reduzido risco de cruzamento entre cultivares. Nesse caso, são selecionadas sementes de lavouras sadias, com bom manejo nutricional, sem incidência de pragas e doenças, dando-se prioridade a plantas vigorosas, produtivas e com boa arquitetura, que tenham apresentado boas características agronômicas por, pelo menos, quatro ciclos reprodutivos (SILVA et al., 2010).

Os frutos selecionados, no estádio de "cereja" (maturação fisiológica), devem formar um lote uniforme, adquirido no mesmo ano da colheita. Os mesmos devem ser submetidos a remoção da polpa açucarada e mucilaginosa, para evitar a proliferação de microrganismos danosos (GUIMARÃES, 1995; SILVA et al., 2010).

Após esse processo, as sementes são submetidas a secagem, de preferência à sombra, até que a umidade na massa se aproxime de 14%. Nesse ponto, as sementes podem ser armazenadas em sacaria comum depositadas em local fresco, por até seis meses (SILVA et al., 2010).

2.2. Semeadura Segundo Santinato & Silva (2001) e Matiello et al. (2005), a semeadura consiste

na deposição das sementes de café de forma direta nos recipientes (sacolas ou tubetes), ou ainda de forma indireta através de pré-germinação ou germinação em leito de areia, sendo a forma indireta não recomendada.

77

A semeadura deve ser feita diretamente nos saquinhos, usando-se duas sementes por recipiente, a uma profundidade de 1-2 cm, cobertas com uma fina camada de substrato ou preferivelmente com areia lavada. Em seguida, devem-se cobrir os canteiros com palha, capim seco ou folhas de coco secas, para conservar a umidade e evitar que as sementes sejam descobertas pela ação do vento, chuva ou irrigação. Ao iniciar a germinação, retira-se a cobertura dos canteiros (Figura 2), e efetua-se imediatamente a cobertura do viveiro, proporcionando inicialmente 50% de insolação, caso não seja na modalidade a pleno sol (SILVA et al., 2010).

Figura 2. Início da germinação das sementes de café arábica.

A época de semeadura esta intimamente ligada à época de plantio da muda

fator primordial para a sustentabilidade econômica e produtiva da lavoura cafeeira, pois esse processo governará o tempo hábil que a muda necessita para ficar pronta dentro da época recomendável para o plantio.

As mudas devem ser produzidas de maneira a permitir a semeadura durante o mês de maio/junho, entretanto, deve-se levar em consideração que a época chuvosa ideal para o plantio não é semelhante e bem definida para todas as regiões produtoras.

78

2.3. Propagação por estacas A produção de mudas por meio da propagação por partes vegetativas, como

as estacas, é muito utilizada para espécies que possuem alta variabilidade genética, como é o caso do Coffea canephora Pierre ex Froehner. Devido a sua alogamia, existe combinação de material genético de diferentes plantas, fato este que condiciona as sementes de uma lavoura a expressarem grande desuniformidade para muitas características agronômicas (FONSECA, 1999).

Com o objetivo de reproduzir as características desejáveis de uma cultivar, a multiplicação de mudas de café conilon por estaquia tem sido largamente empregada, gerando clones de uma planta-matriz de genótipo conhecido e permitindo a formação de lavouras com mudas clonais.

A produção de estacas depende da manutenção de um banco de plantas matrizes bem manejado, sendo recomendada a aquisição de estacas oriundas de instituições idôneas (FERRÃO et al., 2012).

As estacas são obtidas a partir do corte de ramos ortotrópicos selecionados de plantas matrizes de genótipos conhecido. Logo após o seu corte, os ramos devem ser transportados para local à sombra onde as estacas serão preparadas. Deve-se eliminar as partes mais lenhosas e as mais tenras do ramo.

Os ramos plagiotrópicos logo acima da inserção devem ser eliminados, assim como 2/3 do limbo de cada uma das folhas de cada nó. As estacas são individualizadas utilizando cortes em bisel a aproximadamente 3 cm abaixo do par de folhas, objetivando aumentar a superfície de contato entre a estaca e o substrato, e cortes retos a 1 cm acima da inserção do mesmo. Após individualizadas, as estacas são submetidas a tratamento fitossanitário, normalmente realizada com a imersão das estacas em solução fungicida. As estacas prontas, podem então, ser introduzidas diretamente no substrato até a inserção do par de folhas (FERRÃO et al., 2012).

Na formação de mudas por estaca, é indispensável mantê-las em ambiente úmido, sendo normalmente recomendado o uso de sistema de irrigação por microaspersão até as plantas desenvolverem dois pares de folhas definitivas, o que ocorre aproximadamente 100 dias após o enviveiramento (FONSECA et al., 2007; FERRÃO et al., 2012). Esta prática terá reflexo na qualidade final da muda (Figura 3).

3. RECIPIENTES Os recipientes devem proporcionar condições favoráveis para o bom

desenvolvimento das mudas, facilitando o manejo e garantindo o bom enraizamento e crescimento das plantas (SILVA et al., 2010).

Com relação aos tipos de recipientes utilizados na produção de mudas de cafe-

79

Figura 3. Visualização do desenvolvimento da estaca até a formação da muda de café conilon.

-eiro, os saquinhos de polietileno (Figura 4) são os mais utilizados, devido principalmente ao baixo custo desse sistema, além da facilidade de obtenção de substrato e ampla difusão da técnica em todas as regiões produtoras de café (SILVA et al., 2010).

Figura 4. Mudas de café arábica sendo produzidas em sacolas de polietileno.

80

Entretanto, existem alternativas viáveis, como os tubetes de polietileno rígido (Figura 5), que possuem capacidade volumétrica inferior à dos saquinhos de polietileno (MELO, 1999). Os tubetes proporcionam algumas vantagens, como o melhor direcionamento das raízes no sentido vertical, impedindo o seu enovelamento. Além disso, eles utilizam menor quantidade de substrato, requerem menor espaço para a produção de mudas, reduzem os problemas com plantas espontâneas e nematóides, e facilitam a condução do viveiro e o transporte das mudas. No entanto, o emprego de tubetes na produção de mudas de café envolve um alto investimento inicial (GUIMARÃES et al., 1998).

Figura 5. Viveiro para produção de mudas de café conilon com o uso tubetes de polietileno rígido.

4. SUBSTRATOS Substrato é o material ou mistura de materiais utilizados para o

desenvolvimento da semente ou estaca, sustentando e fornecendo nutrientes e água, para o bom desenvolvimento da planta. O substrato exerce influência significativa na arquitetura do sistema radicular, na nutrição das mudas, assim

81

como na translocação de água no sistema solo-planta-atmosfera (SANTINATO & SILVA, 2001).

De acordo com Campinhos Júnior & Ikemori (1983), o substrato ideal deve ser uniforme, com baixa densidade e boa capacidade de retenção de água, além de apresentar elevada capacidade de troca catiônica e ser de fácil manuseio, abundante e economicamente viável.

Segundo Matiello et al. (2005), o substrato para enchimento de saquinhos deve ser constituído de uma mistura de solo, adubo orgânico e adubo mineral. Sendo o solo preferencialmente de textura média, extraído de áreas não cultivadas com café, e descartando-se a camada superficial, para evitar problemas fitossanitários. A adição do adubo orgânico ao substrato melhora as condições físicas e biológicas da mistura, enquanto o adubo mineral deve fornecer os nutrientes em quantidade adequada para garantir a boa nutrição das mudas, seguindo uma recomendação baseada nos resultados de análise laboratorial do solo a ser utilizado.

Vários trabalhos foram realizados buscando a recomendação de um substrato ideal, que garantisse uma nutrição adequada das mudas de cafeeiro e facilitasse a produção da mistura pelos viveiristas. Atualmente, a recomendação feita pela Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais para um substrato "padrão" ainda vem sendo a mais empregada, indicando que para cada m3 de substrato, deve-se proceder a mistura de 700 a 800 L de solo extraído de barranco ou subsolo e peneirado; 200 a 300 L de esterco bovino ou palha de café, bem curtidos; 1 a 2 kg de calcário dolomítico; 5 kg de superfosfato simples e 0,5 kg de cloreto de potássio (CFSEMG, 1999).

Substratos comerciais específicos também estão disponíveis para a produção de mudas de café, já preparados e prontos para o uso, facilitando o processo de preparo dos recipientes para a produção de mudas.

5. CONDUÇÃO DE MUDAS NO VIVEIRO Para proporcionar sustentabilidade a todo ciclo de produção de mudas é

essencial que o manejo de condução das mudas no viveiro seja planejado e conduzido com intuito de otimizar a germinação e crescimento inicial das plântulas (Figura 6).

Os principais tratos culturais necessários à condução do viveiro de mudas de cafeeiros, de acordo com Santinato & Silva (2001) e Matiello et al. (2005), são apresentados na Tabela 2.

82

Figura 6. Mudas de café arábica de qualidade advindas do correto manejo cultural do viveiro.

Tabela 2. Tratos culturais necessários à condução do viveiro de mudas de cafeeiros

Tratos culturais Descrição

Irrigação

A condução da irrigação deve ser de acordo com as condições climáticas locais, tomando-se o cuidado para que não haja excesso, pois este fato maximiza a possibilidade de aparecimento de doenças, assim as regas devem ser diárias do semeio até o estádio de orelha de onça.

Retirada da cobertura de capim dos canteiros

Deve-se fazê-la assim que as sementes começam a germinar, permanecendo a cobertura alta para fornecer aproximadamente 50% de sombra, caso não seja produção a pleno-sol.

Controle das plantas indesejáveis

O controle do das plantas invasoras inicia-se pela escolha do local do viveiro, evitando plantas de difícil contole. Os saquinhos deverão ficar livres de plantas invasoras durante toda a permanência das mudas no viveiro. No controle manual todas as plantas que germinarem durante o período de formação de mudas devem ser eliminadas de forma a não danificar o sistema radicular da muda do cafeeiro. Para o controle químico, poderão ser utilizados herbicidas que deverão ser aplicados logo após a

Continua ...

83

Fonte: Adaptado de Santinato & Silva (2001) e Matiello et al. (2005).

6. ACLIMATAÇÃO DAS MUDAS A aclimatação consiste no processo de adaptação das mudas, que foram

desenvolvidas em ambiente úmido e protegido, gradativamente às condições de campo, onde estarão sujeitas à insolação, irradiação, vento, entre outros efeitos ambientais.

A aclimatação deve ser realizada de maneira gradativa, tendo como meta a completa adaptação das mudas à condição de pleno sol até os 30 dias antes do plantio. O processo pode se iniciar assim que as mudas estiverem com seu segundo par de folhas definitivas, a cobertura do viveiro deve ser retirada aos poucos, até que as mudas fiquem completamente expostas ao sol. As irrigações devem ser intensificadas para compensar a maior exposição das mudas a fatores como a irradiação, ventos e altas temperaturas, com consequente aumento da transpiração. Quando realizada de maneira correta, essa prática facilita a ambientação das mudas, melhorando o pegamento quando do seu plantio no campo (MATIELLO et al., 2005; SANTINATO & SILVA, 2001).

7. SELEÇÃO DAS MUDAS No momento de selecionar as mudas para serem levadas definitivamente para

o campo, deve-se priorizar mudas sadias, isentas de problemas fitossanitários considerados impeditivos pelo regulamento de defesa sanitária do país,

Tabela 2. Continuação

Controle das plantas indesejáveis

semeadura e com o substrato bem úmido, em pré-emergência, sobre as sacolinhas e antes da semente germinar. Para a propagação com estacas deve-se buscar herbicidas que possam ser aplicados no substrato antes da implantação da estaca, entretanto deve-se ficar atento para a interação negativa entre o herbicida e o enraizamento da estaca.

Controle de pragas e doenças

As principais doenças nos viveiros são a rhizoctoniose (Rhizoctonia solani) e a cercosporiose (Cercospora coffeicola), podendo ocorrer, ainda, em períodos frios a mancha aureolada (Pseudomonas syringae pv. garcae), as manchas de ascochyta (Ascochyta coffeae) e a phoma (Phoma costaricensis), já as pragas surgem com menor frequência (ZAMBOLIM et al., 2005). A adoção de estratégias de manejo das pragas e doenças deve ser realizada de acordo com o patógeno ou inseto-praga que está causando problemas no viveiro. As práticas de roguing e o controle químico são frequentemente adotadas em viveiros para o manejo de pragas e doenças.

84

obedecendo as adaptações da lei estadual. Devem ser selecionadas mudas com de 3 a 6 pares de folhas definitivas,

aproximadamente 0,4 mm de diâmetro do colo e bom desenvolvimento radicular (MATIELLO et al., 2005) (Figura 7).

Figura 7. Muda de café arábica ao ponto para ser levada ao campo de plantio (a) e muda de café arábica com características visuais indesejáveis para o plantio (b).

É recomendável a amostragem de mudas aleatoriamente no viveiro para a

verificação do desenvolvimento radicular, na proporção de pelo menos uma muda amostrada para cada 500. As mudas amostradas devem ser retiradas dos recipientes e o substrato deve ser removido da raiz, permitindo então a análise da simetria entre a raiz e a parte área, do seu desenvolvimento e ramificação.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção de mudas de qualidade é essencial para a formação de uma

lavoura de café produtiva e rentável, sendo considerada um dos fatores essenciais

85

para o sucesso da cultura do café, e, portanto, vital para a formação de uma cafeicultura sustentável.

Devido a sua indiscutível importância na implantação da cultura, essa etapa da cadeia produtiva deve ser planejada e executada de maneira criteriosa, pois qualquer problema com a qualidade das mudas trará resultados negativos durante todo o ciclo de desenvolvimento da cultura.

9. LITERATURA CITADA

ALIGAZA, R. L.; MELLO, V. D. C.; SANTOS, D. S. B.; IRIGON, D. L. Avaliação de testes de vigor em sementes de feijão e suas relações com a emergência em campo. Revista Brasileira de Sementes, v.2, p. 44-58, 1990. ALVARENGA, A. P.; MOURA, V. M.; RIBEIRO, M. F. Escolha de cultivares e produção de mudas de café. Viçosa: UFV, 2000. 21 p. BRASIL, Ministério da Agricultura e da Reforma Agrária. Regras para análise de sementes. Brasília: SNDA/DNDV/CLAV. 1992. 365p. CAMPINHOS JÚNIOR, E.; IKEMORI, Y. K. Introdução de nova técnica na produção de mudas de essências florestais. Silvicultura, v.8, n.28, p.226-228, 1983. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS – CFSEMG. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais. 5ª aproximação. Viçosa: CFSEMG, 1999. 359p. FAZUOLI, L. C. Genética e melhoramento do cafeeiro. In: RENA, A. B.; MALAVOLTA, E.; ROCHA, M.; YAMADA, T. Cultura do cafeeiro: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba: POTAFOS, 1986. p. 86-113. FERRÃO, R. G.; FONSECA, A. F. A.; FERRÃO, M. A. G.; VERDIN FILHO, A. C.; VOLPI, P. S.; DE MUNER, L. H.; LANI, J. A.; PREZOTTI, L. C.; VENTURA, J. A.; MARTINS, D. S.; MAURI, A. L.; MARQUES, E. M. G.; ZUCATELI, F. Café conilon: técnicas de produção com variedades melhoradas. 4. ed. Vitória: INCAPER, 2012. 74 p. FONSECA, A. F. A. Análises biométricas em café Conilon (Coffea canephora Pierre). 1999. 121 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, 1999.

86

FONSECA, A. F. A.; FERRÃO, R. G.; FERRÃO, M. A. G.; VERDIM FILHO, A. C.; VOLPI, P. S.; BITTENCOURT, M. L. C. Jardins clonais, produção de sementes e mudas. In: FERRÃO, R. G.; FONSECA, A. F. A.; BRAGANÇA. S. M.; FERRÃO, M. A. G.; MUNER, L. H. Café Conilon. Vitória: INCAPER, 2007. p.227-255. GUIMARÃES, P. T. G.; ANDRADE NETO, A.; BELLINI JUNIOR, O.; ADÃO, W. A.; SILVA, E. M. A produção de mudas de cafeeiros em tubetes. Informe Agropecuário, v.19, n.193, p.98-109, 1998. GUIMARÃES, R. J. Formação de mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.): efeitos de reguladores de crescimento e remoção do pergaminho na germinação de sementes e do uso de N e K em cobertura, no desenvolvimento de mudas. 1995. 133 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras. Lavras, 1995. LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal. São Paulo: Rima Artes e Textos, 2000. 531 p. LIMA, D. M. Armazenabilidade de sementes Coffea arabica L. e de Coffea canephora Pierre, submetidas a diferentes métodos de desmucilagem e secagem. 2005. 106 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras. Lavras, 2005. MATIELLO, J. B.; SANTINATO, R.; GARCIA, A. W. R.; ALMEIDA, S. R.; FERNANDES, D. R. Cultura do café no Brasil: novo manual de recomendações. Varginha: PROCAFÉ, 2005. 438p. MELO, B. Estudos sobre produção de mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.) em tubetes. 1999. 65 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras. Lavras, 1999. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO – MAPA. Portaria nº 338, de 30 de novembro de 2010. In: MAPA. Diário Oficial da União: Seção 1, n. 231, p.24-25. SANTINATO, R.; SILVA, V. A. Tecnologias para produção de mudas de café. Belo Horizonte: O Lutador, 2001. 116p.

87

SILVA, E. M. S.; REZENDE, J. C.; NOGUEIRA, A. M.; CARVALHO, G. R. Produção de mudas de cafeeiro. In: REIS, P. R.; CUNHA, R. L. Café arábica: do plantio à colheita. Lavras: U.R. EPAMIG SM, 2010. v.1. p.223-282. TOMAZ, M. A.; MARTINS, L. D.; BRINATE, S. V. B.; SILVA, L. C. Qualidade de Sementes de Café. In: JESUS JUNIOR, W.C.; TOMAZ, M.A.; MARTINS, L.D.; CECÍLIO, R.A.; VARGAS JUNIOR, J.G.; DONATELE, D.M.; ALMEIDA, L.C.. (Org.). Qualidade na Produção Agropecuária. Visconde do Rio Branco: Suprema Gráfica e Editora, 2009, v. , p. 65-74. VIEIRA, R. D.; CARVALHO, N. M. Testes de vigor em sementes. Jaboticabal: FUNEP, 1994. 164 p. ZAMBOLIM, L. VALE, F. X. R.; ZAMBOLIM, E. M. Doenças do cafeeiro. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; REZENDE, J. A. M.; BERGAMIN, A. F.; CAMARGO, L. E. A. Manual de fitopatologia. 4 ed. São Paulo: Agronômica Ceres, 2005. p.165-180.