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PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
FICHA PARA CATÁLOGOPRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título:A Formação Docente inicial e o projeto da instituição escolar: uma articulação necessária.
Autor: Rosa Salete CaunetoEscola de Atuação: Colégio Estadual de Paranavaí EFMNP.Município da escola: ParanavaíNúcleo Regional da Educação: ParanavaíOrientador: Profª. Ms. Nilva Oliveira Brito dos Santos
Instituição de Ensino Superior:Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR Campus de Paranavaí.
Disciplina/Área : PedagogiaProdução Didático-pedagógica: Unidade DidáticaRelação Interdisciplinar: NãoPúblico Alvo: AlunosLocalização: Rua Guaporé, 2425
Apresentação:
A prática pedagógica distancia-se do contexto do projeto da escola, o que instiga esta pedagoga a pensar: há por parte da comunidade escolar, em especial, dos discentes, conhecimento sobre o projeto da instituição, uma vez que este significa a identidade da escola? Parte-se do pressuposto, que se houver conhecimento e participação efetiva de todos da escola, haverá melhores resultados no processo ensino e aprendizagem. O objeto de estudo desta Unidade Didática é o projeto político-pedagógico de uma escola voltada à Formação de Docentes, modalidade Normal. É fundamental, que os discentes do Curso de Formação de Docentes, futuros educadores, tenham no Projeto Político-Pedagógico uma ferramenta, seja qual for a instituição que irão atuar profissionalmente. Estudos sobre o Projeto Político-Pedagógico da instituição, exigências e necessidades da construção enquanto identidade da escola constitui o objetivo geral. Caracterizar o Curso de Formação de Docentes historicamente buscando no projeto da instituição o referencial do curso que frequentam; discutir a matriz curricular e nesta, a disciplina de Prática de Formação, buscando uma fundamentação teórico-metodológica com relação ao Projeto Político-Pedagógico da escola que dê subsídios para atuação. O Projeto Político-Pedagógico deve ser entendido como a própria organização do trabalho da escola, sendo indispensável no processo educacional.
Palavras-chave: Instituição escolar; Projeto Político-Pedagógico; Formação Docente.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL – PDE
ROSA SALETE CAUNETO
UNIDADE DIDÁTICA
A FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL E O PROJETO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA
PARANAVAÍ
2011
ROSA SALETE CAUNETO
A FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL E O PROJETO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA
Unidade Didática para Intervenção na escola, apresentado à Secretaria de Estado da Educação do Paraná / PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional, Produzido em parceria com a Universidade Estadual do Paraná UNESPAR– Campus de Paranavaí.
Orientadora: Profª. Ms. Nilva de Oliveira Brito dos Santos
PARANAVAÍ
2011
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
1 Identificação
1.1 Professor PDE Rosa Salete Cauneto
1.2 Área PDE Pedagogia
1.3 NRE Paranavaí
1.4 Professor Orientador IES Profª. Ms. Nilva de O. B. dos Santos
1.5 IES VinculadaUEPR - Campus Paranavaí
1.6 Escola de Implementação Colégio Estadual de Paranavaí EFMNP.
1.7 Público objeto de intervenção: Alunos do curso de Formação de Docentes – 3ª Série Disciplina: Prática de Formação
2 Tema de estudo do professor PDE
Projeto Político-Pedagógico da Escola
3 Título
A FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL E O PROJETO DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR: UMA ARTICULAÇÃO NECESSÁRIA
APRESENTAÇÃO
Enquanto pedagoga e professora do Curso de formação de Docentes, esta
orientanda, inscrita no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE vem
observando no cotidiano da escola e na sala de aula, um desconhecimento sobre
Projeto Político-Pedagógico, por parte dos discentes, futuros educadores.
Compreender o que é um Projeto Político-Pedagógico, a legislação que o
ampara, bem como, as partes que o compõe se faz necessário, uma vez que este
constitui a base de toda a organização da escola.
Partindo da premissa que o Projeto Político-Pedagógico deve ser entendido
como a própria organização do trabalho da escola, a Unidade Didática ora proposta,
visa desenvolver estudos e reflexões sobre esse tema com os discentes da 3ª série
do Curso de Formação de Docentes, na disciplina de Prática de Formação, do
Colégio Estadual de Paranavaí EFMNP. Espera-se que eles compreendam o
significado, importância e a necessidade do projeto da instituição que frequentam
enquanto discentes, bem como das instituições nas quais irão estagiar/atuar
A Lei de Diretrizes e Bases - LDB 9394/96, em seus artigos 12, 13 e 14 faz
referência ao projeto político-pedagógico da escola. O artigo 14, inciso I, estabelece
a necessidade da “participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola” (NISKIER, 1996 p.34-35). O Projeto Político-
Pedagógico de uma instituição de ensino não visa simplesmente uma reformulação
formal da escola, mas a qualidade de todo o processo educacional.
As instituições educacionais do Paraná como também, de todo o Brasil,
enfrentam um grande desafio, qual seja, melhorar a qualidade do ensino e,
consequentemente da aprendizagem. Essa discussão passa por uma análise sobre
a escola e pelo projeto da instituição.
Por esta razão buscar-se-á, nesta Unidade Didática, refletir com os discentes,
do Curso de Formação de Docentes, futuros educadores, o projeto político-
pedagógico da escola, um espaço social rico em possibilidades de trabalho crítico e
criativo. Para tanto recorrer- se - á a uma literatura produzida nesta área, numa
abordagem crítica, na perspectiva de que este trabalho encaminhe os discentes na
condução de suas atividades, enquanto discente/docente, com reflexos na melhoria
da qualidade de ensino.
PROCEDIMENTOS / MATERIAL DIDÁTICO
A escola organiza o seu projeto, tendo em vista este espaço, formador,
socializador e transmissor do conhecimento sistematizado, além de possibilitar a
vivência de um currículo, estruturado cientificamente. Trabalhar com o conhecimento
que propicie o desenvolvimento das capacidades de comunicar idéias, de ter
iniciativa e autonomia intelectual, na perspectiva da superação da exclusão social,
num contexto de respeito às regras de convivência democrática, constituem os
objetivos da instituição escolar. A realidade observada, no entanto, se distancia do
contido no texto. Parte-se do pressuposto de que se houver conhecimento e uma
participação mais efetiva de todos os integrantes da escola, entre eles, os discentes,
haverá melhores resultados no processo ensino e aprendizagem.
A construção do Projeto Político-Pedagógico da escola oferece a
oportunidade para mobilização da comunidade interna e externa e, desta interação
poderão surgir ideias, propostas, criar-se-ão pontes escola/comunidade e
comunidade/escola, rompendo-se assim, com o distanciamento histórico que se faz
presente entre esses espaços. Esse movimento evidenciará aos alunos, futuros
docentes, que a escola pode ser um lugar interessante para eles e para as suas
vidas.
A presente Unidade Didática constitui um caminho alternativo a fim de
subsidiar o futuro docente em sua atuação pedagógica.
Para desenvolvimento da Unidade Didática utilizar-se-á as aulas (5 semanais)
da disciplina de Prática de Formação, num total de 30 horas de trabalho ao longo de
4 meses do presente ano letivo.
A proposta da Unidade Didática está dividida em momentos, a saber:
No primeiro momento objetivando caracterizar o Curso de Formação de
Docentes historicamente, bem como, a legislação que regulamenta o referido curso;
No segundo momento abordar-se-á a matriz curricular do Curso e nessa a
disciplina de Prática de Formação, bem como os encaminhamentos propostos no
projeto da escola.
Nesses dois primeiros momentos, estarão em discussão a forma como os
profissionais da escola organizam suas atividades e ações pedagógica; dificuldades
na aplicação do projeto político-pedagógico, a produção do trabalho pedagógico e as
possibilidades de superação.
Trabalhar-se-á no terceiro momento uma fundamentação
teórico/metodológica relativa ao projeto político-pedagógico na escola.
A discussão sobre a necessidade da participação coletiva da construção do
projeto político-pedagógico dar-se-á, no quarto momento.
No quinto momento, para fechar a unidade, os discentes farão uma análise
do projeto político-pedagógico do Colégio Estadual de Paranavaí apontando
sugestões para enriquecimento do mesmo.
Proposta de Avaliação
Este material didático na modalidade Unidade Didática será avaliado pela
equipe pedagógica da escola, direção da escola, Coordenadora do Estágio e do
Curso de Formação Docente, bem como das alunas do referido curso.
PRIMEIRO MOMENTO
O CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES: UMA TRAJETÓRIA
Pesquisas realizadas sobre o Curso de Formação de Professores,
Modalidade Normal, nível médio, demonstram que a Lei 5692/71, revelou um
modelo de educação direcionado para o atendimento do mercado de trabalho nos
moldes taylorista/fordista. Atualmente é a Lei 9394/96 a dar destaque à
aprendizagem, ampliando o amparo legal à criança, dando uma especial atenção às
novas responsabilidades dos professores. Essa lei destaca uma formação sólida,
fazendo exigências específicas quanto à formação do professor para atuação nos
diferentes níveis e modalidades de ensino.
Em 2003, o governo do Paraná, através da Secretaria de Estado da
Educação, definiu novas políticas para a educação. Retornando a formação de
professores em nível médio, o Curso de Formação de Docentes da Educação Infantil
e anos Iniciais do Ensino Fundamental em nível médio, na modalidade Normal. Põe
fim a uma orientação educacional liberal, adotando como tendência pedagógica a
histórico-critica proposta por Saviani, no início da década de 1980. Trata-se de uma
tendência pedagógica progressista cujo pressuposto é o materialismo histórico
dialético.
[...] a concepção pressuposta nesta visão da pedagogia histórico-crítica é o materialismo histórico, ou seja, a compreensão da história a partir do desenvolvimento material, da determinação das condições materiais da existência humana (SAVIANI, 1997, p. 88).
A organização curricular da referida proposta enfatiza que o currículo é
constituído de conhecimentos produzidos historicamente, essa concepção deve
estar presente na formação dos professores em seu processo de qualificação.
A proposta curricular para o Curso de Formação de Professores, na
modalidade Normal (SEED-PR, 2006), tem como referência os princípios que devem
perpassar a formação inicial dos professores na contemporaneidade: O trabalho
como princípio educativo; a práxis como princípio curricular e o direito da criança ao
atendimento escolar. Nesse processo, o educador é fundamental. Portanto cabe ao
professor entender os vínculos de sua prática com a prática social.
“A formação do professor pressupõe o domínio dos conteúdos que serão
objetos do processo ensino-aprendizagem e, por outro, o domínio das formas das
quais se realiza este processo” (SEED-PR, 2006). O professor neste processo é o
que intervirá com o aluno.
ATIVIDADE:
Texto de Referência:
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Orientações
curriculares para o curso de formação de docentes da educação infantil e anos
iniciais do ensino fundamental, em nível médio, na modalidade normal.
Curitiba, 2006.
A partir do estudo do texto faça a seguinte atividade:
1. Caracterize o Curso de Magistério no Paraná, avanços e recuos.
SEGUNDO MOMENTO
A DISCIPLINA DE PRÁTICA DE FORMAÇÃO, NA MATRIZ CURRICULAR DO
CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES - MODALIDADE NORMAL.
É fundamental que a Prática de Formação seja uma via de mão dupla onde,
estagiário e professor do estágio possam se beneficiar nessa relação. O educando
deverá vivenciar a realidade da instituição onde iniciará sua experiência docente. O
que permitirá aos futuros professores o entendimento da práxis pedagógica e da
natureza do trabalho do professor. Pois, como aponta Pimenta (2004):
O reducionismo dos estágios às perspectivas da prática instrumental e do criticismo expõe os problemas na formação profissional docente. A dissociação entre teoria e prática aí presente resulta em um empobrecimento das práticas nas escolas, o que evidencia a necessidade de explicitar por que o estágio é teoria e prática (e não teoria ou prática) (p.41).
O estagiário necessita de uma formação fundamentada teórico-metodológica,
cujos pressupostos estejam constituídos no projeto político-pedagógico da
instituição. Quanto ao estágio, este não deverá se prender aos limites de uma sala
de aula, e sim, à escola como um todo. Ele deve ser um espaço para a prática
pedagógica possibilitando ao estagiário vivenciar as práticas de ensino na forma de
Estágio Supervisionado e, consequentemente, refletir sobre sua formação
profissional.
A ementa da 3ª série da disciplina de Prática de Formação destaca que o
educando assumirá a regência de sala de aula e projetos, o que ocorrerá com a
cooperação da professora ou não, projetos tais como: contação de história, de
músicas, de jogos matemáticos, entre outros, que serão aplicados no Centro de
Educação Infantil. A partir dessa série, o discente é liberado para fazer o estágio
remunerado em outras instituições educacionais, aplicando o seu projeto de estágio.
Ao professor cabe orientar a construção do projeto do discente articulado ao
proposto no Projeto Político-Pedagógico da instituição. Portanto, se faz necessário
entender que o Projeto Político-Pedagógico é indispensável no processo
educacional, que seja discutido pelo coletivo da instituição, uma vez que ele
contempla a organização de toda a escola.
ATIVIDADES:
Texto de Referência:
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Orientações
curriculares para o curso de formação de docentes da educação infantil e anos
iniciais do ensino fundamental, em nível médio, na modalidade normal.
Curitiba, 2006.
Como complemento de estudo, os discentes, organizados em grupos, discutirão as
seguintes questões e apresentarão o resultado da discussão aos demais colegas.
1. Que princípios perpassam a formação inicial dos professores na
contemporaneidade e que estão presentes na Organização Curricular do Curso de
Formação de Docentes?
2. Faça uma comparação observando as semelhanças e diferenças na Prática de
Formação, antes da LDB-9394/96 e o momento atual?
TERCEIRO MOMENTO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA SOBRE O PROJETO
POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA.
A questão da autonomia da escola vai adquirindo força nos debates sobre os
processos de gestão democrática expressa pela própria Constituição Federal de
1988. Esta estabelece, em seu artigo 206, os princípios educacionais:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. (NISKIER, 1996, p. 29).
“Autonomia de uma instituição significa ter o poder de decisão sobre seus
objetivos e suas formas de organização, manter-se relativamente independente do
poder central”. (LIBÂNEO, 2001, p.115). A capacidade de tomada de decisões
voltadas para o fortalecimento da escola e melhoria da qualidade do processo de
ensino e aprendizagem promove o desenvolvimento dos sujeitos ativos e
participativos no ambiente educacional, sem imposições externas. É a verdadeira
escola autônoma, onde fortalece sua identidade idealizando seu projeto, dentro de
uma exigência legal, que fica evidenciada na legislação educacional:
Art. 12 – Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
Art. 13 – os docentes incumbir-se-ão de:[...]II – elaborar e cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.Art. 14 – Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as peculiaridades e conforme os seguintes princípios: participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola. (NISKIER, 1996, p. 34-35).
Construção do projeto político-pedagógico da escola
A elaboração do Projeto Político-Pedagógico em uma instituição significa o
chamamento de todos os segmentos para uma mobilização em torno da
organização da escola. Todos devem participar, escola/comunidade, na perspectiva
da melhoria, tanto da organização administrativa, quanto da pedagógica e financeira,
consequentemente uma readequação da própria estrutura formal e o
estabelecimento de novas relações pessoais, interpessoais e institucionais. Para
Santos (2005), é necessário “buscar uma reflexão sobre o projeto pedagógico,
pensando-o enquanto construção coletiva da identidade da escola, fruto de reflexões
e posicionamentos de todos os segmentos da comunidade escolar. ( p. 80).
O termo projeto deriva do latim projectu, particípio passado do verbo projicere,
que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento.
Redação provisória de lei. Plano geral de edificação (Ferreira 1975, p. 1.144).
A dimensão pedagógica reside na possibilidade de efetivação da finalidade da
educação/escola na formação do cidadão critico, responsável, criativo e
participativo.
É político porque pressupõe a opção e compromisso com a formação do
cidadão para um determinado tipo de sociedade. “A dimensão política se cumpre na
medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica ”
(SAVIANI,1983, p. 93).
Político e pedagógico são dimensões indissociáveis, porque propiciam a
vivência democrática necessária à participação de todos os membros da
comunidade escolar e o exercício da cidadania. Para Veiga (1995), o projeto político-
pedagógico,
[...] é uma ação intencional [...]. É político no sentido de compromisso da formação do cidadão para um tipo de sociedade [...] É pedagógico no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias das escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (p.13).
É necessário pensar que o Projeto Político-Pedagógico não pode ser
considerado como um documento que mostra a história, mas sim, a realidade de
uma escola. Ele é a base para a melhoria das atividades de ensino e aprendizagem.
Deve ser dinâmico, na medida em que acrescenta idéias práticas do passado,
acerta-se o presente, como aponta Veiga,
O projeto pedagógico aponta um rumo, uma direção um sentido explícito para um compromisso estabelecido coletivamente. O projeto pedagógico, ao se constituir em processo participativo de decisões, preocupa-se em instaurar uma forma de organização do trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições, buscando eliminar as relações competitivas, corporativas e autoritárias, rompendo com a rotina do mando pessoal e racionalizado da burocracia e permitindo as relações horizontais no interior da escola. (p. 38, 2010).
Para Veiga (2010) o projeto político-pedagógico, é a própria organização da
instituição. Deve estar fundamentado nos princípios que deverão nortear a escola
democrática, pública e gratuita: igualdade, qualidade, liberdade e autonomia,
valorização do magistério, gestão democrática, a saber:
Igualdade de condições para acesso e permanência na escola, onde, não
importa qual o grau de conhecimento em que o aluno ingresse na rede pública de
ensino, mas há uma preocupação com a igualdade no ponto de chegada, que deve
ser garantida pela escola. Para Saviani (1982) “Só é possível considerar o processo
educativo em seu conjunto sob a condição de se distinguir a democracia como
possibilidade no ponto de partida e democracia como realidade no ponto de
chegada” (p.63).
De acordo com Veiga (2010), qualidade é outro desafio ao projeto político-
pedagógico da escola, onde não pode haver privilégios de minorias, mas propiciar
uma qualidade igualitária de ensino para todos. A escola de qualidade tem obrigação
de evitar, de todas as maneiras possíveis, a repetência e a evasão. Tem que
garantir a meta qualitativa do desempenho satisfatório de todos. Qualidade para
todos, portanto, vai além da meta quantitativa de acesso global, no sentido de que
as crianças em idade escolar entrem na escola. É preciso garantir a permanência
dos que nela ingressarem.
A gestão democrática inclui a participação dos diferentes segmentos da
escola que está ligada a construção coletiva de um projeto político-pedagógico
direcionado à educação das classes populares.
Conforme Santos (2005)
A participação da comunidade na escola, como todo processo democrático, é um caminho que se faz ao caminhar. Para efetivação dessa participação, a comunicação entre escola e comunidade deve ser ampla e fluente, buscando-se em conjunto diferentes formas de mantê-la, na perspectiva de construir relações de cooperação que permita aos diferentes sujeitos envolvidos exercerem suas competências com autonomia, guardando, porém, a especificidade dos diferentes papéis (p.85).
Mais um princípio constitucional a ser evidenciado é a liberdade e
autonomia. Assim se manifesta Veiga (2005), a liberdade deve ser considerada,
também como liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a arte e o
saber direcionados para uma intencionalidade definida coletivamente.
A valorização do magistério constitui outro princípio polêmico do projeto
político-pedagógico. Segundo Veiga (2005), esta valorização diz respeito à formação
continuada, que é a oportunidade do profissional sustentar sua prática diante de
teorias e conhecimentos científicos, tendo condições de trabalho adequado,
qualidade profissional, carreira.
O Estado do Paraná já prevê no calendário escolar etapas de formação
continuada, citando como exemplo o Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE, que capacita os profissionais da educação. Para Veiga (2010) a formação
continuada é um direito de todos os profissionais que trabalham na escola, uma vez
que ela não só possibilita a progressão funcional baseada na titulação, na
qualificação e na competência dos profissionais, mas também propicia,
fundamentalmente, o desenvolvimento profissional do professor articulado com as
escolas e seus projetos.
Nesse sentido, o projeto político-pedagógico auxiliará a equipe e todos os
segmentos da escola a mudar a sua realidade, em um futuro próximo colocando a
frente o maior objetivo da instituição escolar que é o conhecimento.
ATIVIDADES:
Texto de Referência:
VEIGA, Ilma Passos. Educação básica e educação superior: projeto político-
pedagógico. Campinas: Papirus, 2010.
Questões para reflexão:
1. Com base no texto de referência, analise no projeto político-pedagógico da
escola, os princípios norteadores.
2. Identifique na prática escolar, como ficam evidenciados esses princípios?
QUARTO MOMENTO
PROCESSO DE CONTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO.
A construção do projeto político-pedagógico envolve a discussão sobre os
pressupostos que sustentam a prática pedagógica na escola. Para Veiga(2010), os
pressupostos são: filosófico/sociológicos; epistemológicos e didático-metodológicos.
De acordo com Veiga (2010), os pressupostos filosófico-sociológicos
consideram a educação como compromisso político do Poder Público para com a
população, visando melhoria na qualidade de ensino e consequentemente a
formação de cidadãos participativos para um determinado tipo de sociedade. A
instituição escolar não tem o privilégio de lugar único para a tarefa da educação
formal, mas tem a responsabilidade de um contexto social mais abrangente, não
pode ignorar a cultura do aluno, compreendendo o mundo e o meio em que vive.
Ao projetar o tipo de escola e o cidadão a ser formado, se faz necessário
fundamentar-se teoricamente. Os pressupostos epistemológicos, levam em conta
que o conhecimento produzido é transformado coletivamente. O processo de
construção do conhecimento deve pautar-se, sobretudo, na socialização e na
democratização do saber. A produção do conhecimento escolar amplia o
entendimento sobre as questões curriculares.
Os pressupostos didático-metodológicos consistem em um conjunto de
conhecimentos e técnicas para tornar o ensino eficaz, considerando o aluno fruto do
êxito do procedimento didático, levando-se em consideração a elaboração crítica
dos conteúdos. Portanto, os procedimentos didáticos não podem ser considerados
uma atividade neutra, pois têm compromisso com as pesquisas que valoriza as
relações solidárias e democráticas, e nesta questão utiliza metodologias.
Na construção do projeto político-pedagógico é possível utilizar vários
caminhos, enfatizando assim os movimentos do processo de construção marcados
por três atos, ato situacional, conceitual e operacional, conforme determina (VEIGA,
2010).
O ato situacional descreve a realidade atual da escola, com o objetivo de
apreender o movimento interno da mesma, conhecer seus conflitos e contradições,
para fazer o diagnóstico e definir onde é prioritário agir.
O ato conceitual diz respeito a que concepção de educação, escola, homem,
currículo, ensino, aprendizagem são necessárias para atingir o que se pretende. A
escola discute essas concepções, visando a um esforço analítico da realidade
constatada no ato situacional, e vai definindo como as prioridades devem ser
trabalhadas.
Já o ato operacional orienta quanto à realização da ação. Refere-se às
atividades a serem assumidas e realizadas para mudar a realidade da escola.
Envolve a tomada de decisão para atingir os objetivos e as metas definidas
coletivamente.
A avaliação deve perpassar todos os atos, de forma a possibilitar a
implementação de decisões coletivas, bem como, introduzir novas questões e
propostas de ações.
De modo geral, vale a pena insistir em que a escola seja a autora do seu
Projeto, pois como evidencia Vasconcellos (1995), o projeto é:
[...] um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica, científica, e, o que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita ressignificar a ação de todos os agentes da escola (p.143).
Textos e Material de Apoio:
SANTOS, Nilva de Oliveira Brito dos. Projeto político-pedagógico: (re) organizando
a escola. 2005.
VEIGA, Ilma Passos. Educação básica e educação superior, projeto político-
pedagógico. Campinas: Papirus, 2010.
Vídeo que aborda a construção do Projeto Político-Pedagógico da escola, com a
Autora Ilma Passos de Alencastro Veiga, Pós-doutora em educação pela
Universidade Estadual de Campinas-unicamp, veiculado no Portal Dia a Dia
Educação pela TV Paulo Freire no Programa “Nós da Educação” (adicionado
22/07/2009).
ATIVIDADES:
Após a leitura dos textos de apoio e de assistir ao vídeo, realize as atividades
propostas:
1. Sintetize os atos de um projeto político-pedagógico.
2. Organize, a partir do roteiro abaixo, uma Programação a partir do levantamento
das dificuldades/problemas da instituição que necessitam ser trabalhados a curto,
médio e longo prazo.
Tema: (problema)
Objetivo Geral:
Política:
Objetivos Específicos:
Estratégias:
Atividade Permanente (calendário da escola):
Determinação (normas, regras):
QUINTO MOMENTO
Ao retomar o projeto político-pedagógico do Colégio Estadual de Paranavaí –
EFMNP identifica-se a escola, enquanto uma instituição de ensino, um espaço
sócio-cultural, um lugar de acesso democrático ao conhecimento elaborado.
Com a construção do projeto resgata-se o papel da escola, de oferecer um
espaço de construção e vivência de um currículo pautado na ética, justiça e respeito,
onde educadores e educandos possam construir a esperança num projeto de vida,
onde a incorporação dos conhecimentos propicie o desenvolvimento de
capacidades, de comunicar idéias, terem iniciativa e autonomia intelectual,
superando a exclusão social, num contexto de respeito às regras de convivência
democrática.
[...]todo projeto político-pedagógico tem com o objetivo organizar a instituição escolar buscando a formação dos educandos dentro de posicionamentos políticos e pedagógicos de quem o construiu. A visão do homem, sociedade, educação, conhecimento, ensino, aprendizagem e avaliação o direcionam para uma concepção crítica ou não crítica de educação. A partir da realidade apresentada no ato situacional e atendendo aos princípios norteadores da educação: igualdade, qualidade, valorização dos trabalhadores em educação, gestão democrática, liberdade e autonomia, da Constituição Federal e LDB, o Colégio Estadual de Paranavaí – EFMNP, após estudos e discussões acerca de todos os elementos citados, expõe as suas concepções, optando pelo entendimento de educação proposto pela tendência pedagógica histórico-crítica, dentro de uma concepção psicológica sócio-histórica e tendo a Dialética como concepção filosófica” (2009, p. 31).
O projeto político-pedagógico do Colégio Estadual de Paranavaí – EFMNP
ao ser construído pelo coletivo da instituição, fundamentado teórico e
metodológicamente, buscou discutir a realidade do cotidiano escolar, instigando os
segmentos à reflexão sobre a sociedade, homem, educação, escola e conhecimento
e ensino aprendizagem.
A reflexão: “Queremos uma sociedade mais justa, fraterna e democrática,
com homens críticos, politizados, de ampla visão do mundo, capazes de superar os
preconceitos sociais, uma sociedade em que todos usufruam dos direitos e deveres
presentes na Constituição Brasileira” (2009, p. 31), se faz presente no texto do
documento. Defende uma sociedade em que valores como solidariedade,
fraternidade e honestidade devem transcender as barreiras do individualismo.
O homem, é um ser histórico, inacabado necessita refletir sobre a realidade,
sobre a sua própria situação concreta para muda-la. Assim, conhecimento científico
vem a ser uma interpretação que o homem faz da natureza e não uma descrição da
mesma. O conhecimento científico é visto na escola como um conjunto de
formulações teóricas que foram construídas e reconstruídas ao longo da história da
humanidade, sendo objeto da aprendizagem do aluno.
No projeto político-pedagógico do Colégio Estadual de Paranavaí – EFMNP,
Contempla-se uma escola democrática, aberta e disposta a trabalhar em conjunto
com a família, autoridades e líderes comunitários, conscientizando cada um desses
segmentos dos seus direitos e, em contrapartida com o cumprimento de seus
deveres para que se construa uma sociedade justa, onde cada um tenha um papel
efetivo e possa viver bem.
É fundamental, portanto, que esse projeto seja entendido por todos que
convivem no espaço escolar como uma luta pela construção da qualidade de ensino
e aprendizagem, na Educação Básica. É no processo ensino-aprendizagem que
ocorre a apropriação da cultura e o consequente desenvolvimento do indivíduo. Para
que esse trabalho se efetive, na prática, cabe ao professor mediar esse
conhecimento.
O Colégio Estadual de Paranavaí – EFMNP, inserido num contexto social,
onde a educação é imprescindível para o desenvolvimento social, científico,
tecnológico e econômico do Município, do Estado, e consequentemente do País,
deverá buscar, incessantemente, o enfrentamento das dificuldades que tentam
emperrar o processo educativo.
Para fechar a Unidade Didática os discentes farão um estudo documental do
Projeto político-pedagógico do Colégio Estadual de Paranavaí – EFMNP.
ATIVIDADES:
Texto de Referência:
Projeto político-pedagógico do Colégio Estadual de Paranavaí EFMNP, 2009.
1. Leia e analise o projeto do Colégio, para identificar:
a) Em equipe identifique os atos/pressupostos do projeto político-pedagógico.
b) Qual é a base teórica, e concepção pedagógica que sustentam o referido
documento?
2. Aponte sugestões para o enriquecimento do projeto.
10 REFERÊNCIAS
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1975.
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