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PRODUÇÃO TEXTUAL

PRODUÇÃO TEXTUAL. Biografias: personagens e autores em confronto O debate sobre a publicação de biografias não autorizadas de personagens da vida pública

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Biografias: personagens e autores em confronto

O debate sobre a publicação de biografias não autorizadas de personagens da vida pública - particularmente de cantores e músicos - teve destaque nos meios de comunicação nos últimos meses. Artistas reunidos no grupo "Procure Saber" reivindicaram o direito à privacidade de seus membros e sugeriram que os biógrafos deveriam entrar em acordo com os biografados sobre o que publicar e até dividir com eles seus eventuais lucros, uma vez que o personagem é o grande atrativo das biografias. Os escritores alegam que isso é uma forma de censura, que biografias como essas, "oficiais", não teriam interesse nem credibilidade. De resto, consideram que os direitos sobre um texto pertencem a seu autor, que trabalhou para produzi-lo.

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Biografia nos tribunais

O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou hoje (21/11) audiência pública para debater a publicação de biografias não autorizadas. A questão é discutida na ação direta de inconstitucionalidade impetrada, em 2012, pela Associação Nacional dos Editores de Livros (Anel). No total, 17 palestrantes puderam expor argumentos a favor e contra as decisões judiciais que têm proibido a publicação de biografias sem autorização dos biografados.

[...]A Anel questiona a constitucionalidade dos artigos 20 e 21 do Código Civil. A

associação argumenta que a norma contraria a liberdade de expressão e de informação, e pede que o Supremo declare que não é preciso autorização do biografado para a publicação dos livros. Segundo o Artigo 20 do Código Civil, “a divulgação de escritos, a transmissão da palavra ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas”.

[Agência Brasil]

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Diferentes biografados

Na primeira manifestação pública desde o início da polêmica sobre a publicação de biografias não autorizadas, o cantor e compositor Caetano Veloso, em sua coluna na edição deste domingo (13/10) do jornal "O Globo", afirma que a imprensa trata o tema de modo "despropositado" e defende a posição dos artistas que lutam pela exigência de autorização prévia para a comercialização dos livros.

Caetano diz ser a favor de biografias não autorizadas de figuras como José Sarney ou Roberto Marinho. Mas cita "o sofrimento de Gloria Perez" e o "perigo de proliferação de escândalos" como justificativas para uma atenção maior ao direito de privacidade.

[Folha de S. Paulo]

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Hitler: uma biografia autorizada

Que me perdoem os músicos que defendem a necessidade de autorização do retratado para a publicação de biografias, mas essa é uma posição insustentável. Ela contraria não só o ordenamento constitucional como também princípios elementares da razoabilidade. Alguns experimentos mentais mostram isso com clareza.

Imagine um vilão bem malvado, tipo Hitler ou Stálin. Imagine ainda que ele esteja vivo e morando no Brasil. Pelo artigo 20 do Código Civil, ninguém pode escrever e comercializar uma biografia desse personagem sem seu aval. E será que um retrato de Hitler que contasse com sua aprovação poderia ser fiel à história?

[Helio Schwartzman, Folha de S. Paulo]

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Quando o personagem é o autor

Como cidadão e jornalista defendo o direito de liberdade e de informação mas, da mesma forma defendo que ele não pode invadir o direito à intimidade e à privacidade de nenhum cidadão. Mesmo no caso de agentes públicos. Estes têm o dever de dar publicidade aos seus atos que dizem respeito à suas ações públicas e não à sua intimidade. Claro, se essa intimidade tornar pública pelas suas próprias ações e prejudicar a coletividade, fica evidente, que a mesma deixou de ser privada para tornar pública, dando a todos o direito de veicular ou publicar tais intimidades. Aí passa a vigorar o direito que todos têm à informação, sobretudo, sendo de um agente público.

[...]O verdadeiro autor e dono das informações contidas numa biografia é o

biografado e não o biógrafo, portanto, não se trata de censura e, sim do direito de resguardar ou não a sua própria história. Por exemplo, ninguém pode traduzir e lançar uma obra estrangeira sem a autorização do autor ou dos detentores dos direitos dessa obra, quanto mais em se falando dos direitos da vida de uma pessoa.

[Renato Ferreira, Quintal da Notícia]