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DOSSIÊ TÉCNICO Produção de peixe em tanques-rede Cassiano Castro Ribeiro e Lúcia Helena de Araújo Jorge Escola SENAI/AM Antônio Simões Fevereiro/2013

Produção de peixe em P tanques-rede

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DOSSIÊ TÉCNICO –

P Produção de peixe em

tanques-rede

Cassiano Castro Ribeiro e Lúcia Helena de Araújo Jorge

Escola SENAI/AM Antônio Simões

Fevereiro/2013

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O Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT fornece soluções de informação tecnológica sob medida, relacionadas aos

processos produtivos das Micro e Pequenas Empresas. Ele é estruturado em rede, sendo operacionalizado por centros de pesquisa, universidades, centros de educação profissional e tecnologias industriais, bem como associações que promovam a interface entre a oferta e a demanda tecnológica. O SBRT é apoiado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE e pelo Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação – MCTI e de seus institutos: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia – IBICT.

Produção de peixe em

tanques-rede

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Dossiê Técnico RIBEIRO, Cassiano Castro; JORGE, Lúcia Helena de Araújo Produção de peixe em tanques-rede SENAI/AM Escola SENAI Antônio Simões

22/02/2013

Resumo A aquicultura está sendo considerada como uma das melhores alternativas para diminuir a pressão da pesca sobre os estoques pesqueiros naturais e com isso reduzir os impactos negativos que a exploração pesqueira indiscriminada pode causar nos ecossistemas aquáticos. O dossiê fornecerá o projeto para a instalação de um tanque rede, para água doce, manejo alimentar e qualidade de água e legalização da criação.

Assunto CRIAÇÃO DE PEIXES EM ÁGUA DOCE 0322-1/01 Palavras-chave Aquicultura; legislação; peixe; tanque-rede.

Salvo indicação contrária, este conteúdo está licenciado sob a proteção da Licença de Atribuição 3.0 da Creative Commons. É permitida a cópia, distribuição e execução desta obra - bem como as obras derivadas criadas a partir dela - desde que dado os créditos ao autor, com menção ao: Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - http://www.respostatecnica.org.br

Para os termos desta licença, visite: http://creativecommons.org/licenses/by/3.0/

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DOSSIÊ TÉCNICO

2 2013 c Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas – SBRT

Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 3

2 OBJETIVO ......................................................................................................................... 4

3 AQUICULTURA ................................................................................................................. 4

4 TANQUES-REDES ............................................................................................................ 4

5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO EM TANQUE-REDE ...................... 6

6 QUALIDADE DA ÁGUA .................................................................................................... 7

6.1 TEMPERATURA DA ÁGUA ........................................................................................... 7

6.2 OXIGÊNIO DISSOLVIDO ................................................................................................ 7

6.3 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO - PH ........................................................................... 7

6.4 TRANSPARÊNCIA ......................................................................................................... 8

6.5 AMÔNIA E NITRITO ....................................................................................................... 8

7 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES CRIADAS EM TANQUES-REDE NO BRASIL ........ 9

7.1 - ESPÉCIES PARA USO EM TANQUES-REDE ............................................................. 9

7.1.1 TILÁPIA (OREOCHROMIS NILOTICUS) ................................................................ 9

7.1.2 TAMBAQUI (COLOSSOMA MACROPOMUM) .....................................................10

7.1.3 PACU (PIARACTUS MESOPOTAMICUS) ............................................................11

7.1.4 MATRINXÃ (BRYCON SPP.) ................................................................................11

7.1.5 PIRARUCU (ARAPAIMA GIGAS) .........................................................................12

7.1.6 SURUBIM (PSEUDOPLATYSTOMA SPP.) ...........................................................13

7.1.7 JUNDIÁ-CINZA (RHAMDIA QUELEN) ..................................................................13

8 MANEJO NUTRICIONAL E ALIMENTAR ........................................................................14

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8.1 HÁBITO ALIMENTAR ....................................................................................................14

8.2 EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS .......................................................................................15

8.3 QUALIDADE DAS RAÇÕES .........................................................................................17

9 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO ...........................................................................17

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..............................................................................20

REFERÊNCIAS....................................................................................................................20

Conteúdo

1 INTRODUÇÃO

“O Brasil reúne condições extremamente positivas à aquicultura, em vista do grande potencial de mercado, clima favorável, boa disponibilidade de áreas para a produção, disponibilidade de grãos para a fabricação de ração animal e potencial hídrico” (NAKANISHI et. al., 2008).

“Uma das modalidades de cultivo de peixes em alta densidade de estocagem é o sistema de tanques-rede ou gaiolas. Trata-se de uma criação intensiva cujo resultado final é uma alta produtividade” (MENESES, [200-?]).

“Trata-se de uma excelente alternativa para o aproveitamento de corpos d’água inexplorados pela piscicultura convencional” (COLT & MONTGOMERY, 1991).

“A produção de pescado em tanques-rede (FIG.1) é uma atividade nova no Brasil quando comparada a outros países” (SCORVO FILHO et. al., 2012).

“O interesse por esse sistema de piscicultura cresce, principalmente, em função da disponibilidade dos recursos hídricos represados e do maior volume de produção, garantindo quantidade e regularidade que o mercado exige” (MALLASEN et. al., 2008).

Figura 1: Tanques-rede Fonte: (INCAPER, 2012)

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2 OBJETIVO

O objetivo desse dossiê é oferecer informações sobre o processo de produção de peixes em tanques-rede, tais como a instalação de um tanque-rede, tecnologia de produção, matérias-primas, equipamentos, manejo alimentar, qualidade da água e legislação regulamentadora.

3 AQUICULTURA

“Aquicultura é o cultivo de organismos cujo ciclo de vida em condições naturais se dá total ou parcialmente em meio aquático” (MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA, 2011).

“Assim como o homem aprendeu a criar aves, suínos e bovinos, bem como a plantar milho e trigo, também aprendeu a cultivar pescado” (MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA, 2011).

“Desta forma, assegurou produtos para o consumo com mais controle e regularidade. A aquicultura é praticada pelo ser humano há milhares de anos” (MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA, 2011).

“Existem registros de que os chineses já tinham conhecimentos sobre estas técnicas há muitos séculos e de que os egípcios criavam a tilápia há cerca de quatro mil anos” (MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA, 2011).

“A aquicultura pode ser tanto continental (água doce) como marinha (água salgada), esta chamada de maricultura” (MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA, 2011).

De acordo com o site do Ministério da Pesca e Aquicultura (2011), as atividades da aquicultura abrangem as seguintes especialidades:

Piscicultura (criação de peixes, em água doce e marinha);

Malacocultura (produção de moluscos como ostras, mexilhões, caramujos e vieiras). A criação de ostras é conhecida por Ostreicultura e a criação de mexilhão por Mitilicultura.

Carcinicultura (criação de camarão em viveiros, ou ainda de caranguejo, siri)

Algicultura (Cultivo macro ou microalgas)

Ranicultura (Criação de rãs)

Criação de Jacarés (Ministério da Pesca e Aquicultura, 2011).

“A aquicultura é uma das atividades que mais tem crescido no mundo nos últimos anos. Desempenha um papel econômico e social de grande importância, através da produção de alimento e geração de emprego, renda, e promoção da igualdade social” (CEM, 2010).

“Por outro lado, a pesca extrativista tem se apresentado estabilizada, por ter atingido, talvez, seu limite máximo sustentável, tornando a produção de alimento proveniente da aquicultura cada vez mais significativa” (CEM, 2010).

4 TANQUES-REDES

“São estruturas flutuantes (FIG.2) utilizados na criação de peixes, em rede ou tela revestida, com malhas de diferentes tamanhos e que podem ser construídos de diversos materiais, permitindo a passagem do fluxo de água e dos dejetos dos peixes” (SCORVO FILHO et. al., 2012).

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Figura 2: Estruturas básicas de um tanque-rede

Fonte: (IABS, 2010)

“O Tanque-rede é uma unidade de cultivo que permite a produção em elevadas densidades de estocagem, ou seja, maior quantidade de peixes produzida com eficiência por metro cúbico de um tanque-rede” (MOURA, 2007).

“O uso de tanques-rede refere-se a um sistema intensivo de produção de peixes, onde eles são confinados em altas densidades de estocagem dentro de uma estrutura, na qual os animais recebem ração balanceada e que exige constante renovação de água” (MALASEN, 2008; NOGUEIRA, 2007).

Os materiais utilizados na estrutura de sustentação, contenção e flutuação devem permitir a troca eficiente de água; resistir à corrosão; resistir ao movimento das águas; baixo custo; ser leve para facilitar o deslocamento e manejo; ser construída com material não cortante ou abrasivo para não causar ferimentos aos peixes; Permitir a saída dos dejetos (fezes e restos de ração) (NOGUEIRA, 2007).

“Além disso, os tanques rede devem ser cobertos para prevenir a ação de predadores, furtos e oferecer sombreamento a fim de impedir a incidência de raios UV e diminuir a visão dos peixes, reduzindo o estresse e melhorando o sistema imunológico dos mesmos” (MA, 2011).

As seguintes características devem ser consideradas na construção do tanque-rede: material vazado, que permita a maior troca de água possível com o ambiente, resistência para suportar o peso dos peixes e impedir a passagem dos mesmos através da tela, resistente à corrosão, permitir a remoção dos dejetos produzidos pelos peixes evitando o acúmulo dos mesmos, possibilitar a retenção do alimento dentro do tanque-rede até que este seja consumido por completo pelos peixes, não causar lesões ou estresse aos peixes e apresentar custo acessível (CYRINO e CONTE, 2006).

“No momento da fixação, a distância entre os tanques-rede deve ser de uma a duas vezes o seu comprimento, ou seja, se o tanque rede tem 2 m de comprimento a distância para o outro tanque-rede tem que ter de 2 m a 4 m” (NOGUEIRA, 2007).

“De maneira geral, os tanques-rede são compostos por uma estrutura rígida com tela, cobertura, comedouro e flutuadores” (ONO e KUBITZA, 2003).

“Podem ser utilizados diversos tipos de materiais, sendo mais frequentemente encontradas as redes multifilamento sem nó em nylon ou polipropileno

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recoberto por PVC, telas plásticas rígidas ou metálicas com revestimento em PVC ou sanfonadas tipo alambrado de aço inox” (ONO e KUBITZA, 2003).

“Os comedouros são estruturas colocadas no centro ou no perímetro do tanque-rede com a função de manter o alimento dentro da área até que seja consumido, dificultando a perda promovida pela ação de ondas, do vento ou pela própria movimentação dos peixes” (ONO e KUBITZA, 2003).

“O sistema de flutuação pode ser feito com tambores e galões de plástico ou metal, tubos de PVC com as extremidades vedadas, blocos de isopor com revestimento impermeabilizante, entre outros” (ONO e KUBITZA, 2003).

5 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA PRODUÇÃO EM TANQUE-REDE

O sistema de criação de peixes em tanque-rede e gaiolas apresenta as seguintes vantagens, conforme discorre Carriço et al (2008):

Aproveitamento de grandes corpos de água como rios, lagoas, reservatórios, açudes e estuários;

Menor investimento inicial (50 a 70% em relação a viveiros escavados);

Praticidade e rapidez em sua implantação;

Produtividade elevada;

Permite a produção escalonada num mesmo corpo d’água;

Dificulta a ação de predadores, permitindo maior controle da população;

Menor variação dos parâmetros físico-químicos da água durante a criação;

Facilidade de observação dos peixes;

Possibilita a separação em lotes homogêneos;

Facilidade na captura dos peixes para monitoramento e despesca;

Facilita o controle da alimentação, minimizando perdas e melhorando o aproveitamento da ração (CARRIÇO et al, 2008).

De acordo com o Carriço et al (2008), apesar de este sistema apresentar suas vantagens, exige acompanhamento diário e rigor na alimentação, que deve ser de qualidade e fornecido na quantidade ideal, pois os peixes dependem exclusivamente da ração, apesar de existir raras situações de açudes e reservatórios em que haja disponibilidade de água rica em alimento natural (fito e zooplâncton).

Dentre as desvantagens deste sistema de produção podemos citar, segundo o Carriço et al (2008):

Maior condição de estresse devido à elevada densidade de estocagem;

Maior susceptibilidade a patologias;

Facilita a disseminação de doenças;

Maior custo de produção quanto à alimentação, que deve ser completa, pois neste caso, os peixes não têm acesso à alimentação natural como no sistema de cultivo em viveiros escavados (CARRIÇO et al, 2008).

“Por ser uma cultura perene e alta produção de frutos por hectare, a pupunheira se torna uma espécie com potencial de competir no mercado com outras espécies tradicionalmente utilizadas como fonte de alimento e de ração, a exemplo do milho, sorgo e trigo. Em um sistema de cultivo bem manejado é possível produzir-se mais de 25,0 t de frutos/há” (SILVA, 2011).

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6 QUALIDADE DA ÁGUA

“Diz-se que criar peixes, é antes de tudo, “criar água”, tão grande é a interação desses fatores e a dependência de boa qualidade de água para o bom desempenho zootécnico dos peixes, e, conseqüentemente, obter alta produtividade” (IABS, 2010).

“Logo, para se ter sucesso é fundamental que se tenha água com boa qualidade, nos seus diversos fatores físicos e químicos, cujos principais são: temperatura; oxigênio dissolvido; potencial hidrogeniônico - pH; transparência; amônia e nitrito” (IABS, 2010).

6.1 Temperatura da água

A temperatura da água é um dos fatores que deve ser objeto de constante monitoramento, pois é um dos parâmetros limitantes na alimentação, provocando redução no consumo alimentar e estresse quando não estiver na faixa de conforto dos peixes, favorecendo ainda, o aparecimento de doenças e parasitoses (IABS, 2010).

“Os peixes são animais pecilotérmicos, ou seja, sua temperatura corporal apresenta-se próxima à temperatura da água em que vivem” (IABS, 2010).

“Cada espécie de peixe possui um limite de conforto térmico, sendo basicamente a temperatura da água ideal para o seu desenvolvimento” (IABS, 2010).

6.2 Oxigênio dissolvido

“O oxigênio dissolvido é essencial para a sobrevivência dos peixes, pois é dele que depende a sua atividade metabólica, inclusive a respiração” (IABS, 2010).

“Ele é disponibilizado para o ambiente aquático pelo processo físico chamado de difusão, ou seja, quando passa de um meio com maior concentração (atmosfera) para um de menor (água)” (IABS, 2010).

“As principais variações nos níveis de oxigênio em corpos hídricos são causadas pelas atividades biológicas e químicas existentes no ambiente aquático, decorrentes da fotossíntese, da respiração e da presença de matérias orgânicas e inorgânicas” (IABS, 2010).

“Dentre essas, identifica-se como principal, a fotossíntese realizada pelas

microalgas, as quais durante o dia liberam oxigênio para o ambiente e

absorvem gás carbônico, e durante a noite, tal processo se inverte; sendo,

portanto a madrugada uma fase crítica onde os níveis de oxigênio podem ficar

próximos de zero” (IABS, 2010).

Faz-se necessário, portanto, monitorar os níveis de oxigênio dissolvido na água, com auxílio de oxímetro, duas vezes ao dia, logo ao amanhecer e antes do anoitecer, principalmente em corpos hídricos ricos em fitoplâncton e/ou com riqueza de material orgânico em decomposição (IABS, 2010).

A quantidade de oxigênio dissolvido não deve ser inferior a 2 mg/l, sob risco de sérias consequências para os peixes, inclusive a morte (IABS, 2010).

6.3 Potencial hidrogeniônico - ph

O pH é representado por um número de 0 a 14 e indica a quantidade de íons de hidrogênio [H+] livres numa determinada solução. A água quando está com pH = 7, diz-se que é neutra (IABS, 2010).

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Porém quanto maior a concentração de íons de hidrogênio, mais ácida fica a água e o pH di-minui de 7 até 0, diminuindo a concentração de [H+] ela fica mais básica e o pH sobe de 7 até 14 (IABS, 2010).

É recomendável para a maioria das espécies de peixes que o pH se situe numa faixa de 6,5 a 8,5, já que fora desta faixa há um comprometimento no seu grau de atividade e no apetite (IABS, 2010).

Algumas substâncias têm o poder de tamponar o pH, isso quer dizer, não deixá-lo variar demais. É o caso dos carbonatos e bicarbonatos presentes na cal e no calcário, entretanto o seu controle em reservatórios/rios é inócuo (IABS, 2010).

Portanto, a determinação do pH é importante parâmetro na definição da escolha do corpo hídrico para a implantação do empreendimento (IABS, 2010).

6.4 Transparência

Esse parâmetro indica a concentração da população de plâncton ou a suspensão de sedimentos finos (siltes e argilas) que ocorrem comumente após as fortes chuvas (IABS, 2010).

A leitura da transparência é feita com um equipamento denominado Disco de Secchi. O disco serve para estimar a quantidade do plâncton que tem na água e se estes podem trazer algum malefício para os peixes (IABS, 2010).

O horário em que a leitura deverá ser realizada é das 10:00 às 14:00 horas, devido à forte incidência de raios solares sobre a água, resultando numa leitura mais acurada (IABS, 2010).

A profundidade encontrada na medição da transparência está relacionada com o nível de eutrofização (aumento da concentração de nutrientes na água principalmente fósforo e nitrogênio) do ambiente (IABS, 2010).

Quando a profundidade estiver entre 40 e 60 cm, o nível de eutrofização é alto, sendo recomendável o uso de aeradores durante a madrugada, pois os níveis de oxigênio nesse período é crítico; de 60 a 160 cm a eutrofização é média; e quando for acima de 160 cm a eutrofização é baixa (IABS, 2010).

6.5 Amônia e nitrito

A amônia surge no ambiente aquático através da excreção (fezes e urina) dos próprios peixes e da decomposição das proteínas que estão presentes nas rações (IABS, 2010).

É um composto nitrogenado que se apresenta no ambiente aquático em duas formas NH4+ (íon amônio) e NH3 (amônia), sendo a concentração dessa última, fator de risco para a criação de peixes (IABS, 2010).

Com a temperatura da água alta e pH elevado, a quantidade de amônia em sua forma NH3

(tóxica) aumenta, por isso se faz a necessário o monitoramento constante da temperatura e do pH da água. Valores de amônia acima de 0,5 mg/L podem causar grande estresse aos peixes e, em casos extremos, levá-los à morte (IABS, 2010).

Este parâmetro pode ser analisado através de kits baseados no princípio da colorimetria. O nitrito é o resultado da oxidação da amônia por bactérias Nitrossomonas (IABS, 2010).

O envenenamento de peixes pelo nitrito ocorre devido a este composto induzir a transformação de hemoglobina em metahemoglobina, ou seja, fazendo com que esta molécula perca sua

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capacidade de transportar oxigênio para as células, o que leva os peixes a morte por asfixia (IABS, 2010).

Quando os peixes morrem por asfixia, o sangue e as brânquias tornam-se da cor marrom escura (IABS, 2010).

7 PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES CRIADAS EM TANQUES-REDE NO BRASIL

Segundo Instituto Ambiental Brasil Sustentável - IABS (2010), uma dica importante é, antes de começar, verificar em sua região se tem alguém criando ou que já criou aquela espécie escolhida, procurando trocar algumas informações de técnicas de criação e mercado de comercialização.

“No Brasil, há várias espécies de peixes com potencial para a piscicultura, sendo a escolha da espécie de fundamental importância para o sucesso do tanque-rede” (CEMIG, 2011).

“A tilápia é uma espécie com tecnologia bem definida para criação em tanques-rede” (IABS, 2010).

“Entretanto, outras (tambaqui, pacu, matrinxã, pirarucu, surubim e jundiá-cinza) carecem de pesquisas para a definição de parâmetros técnicos em sistemas intensivos, dado ao seu potencial zootécnico que possuem” (IABS, 2010).

7.1 - Espécies para uso em tanques-rede

7.1.1 Tilápia (Oreochromis niloticus)

“É um peixe originário do continente africano (FIG.3). Os machos crescem mais do que as fêmeas em condições idênticas de criação” (IABS, 2010).

De acordo com IABS (2010), São onívoros e começam a reproduzir-se muito cedo, com alguns meses de vida já atingem a maturidade sexual. Existem várias qualidades que tornam as tilápias um dos peixes com grande potencial a criação, como:

Alimentam-se de itens básicos da cadeia alimentar;

Aceitam grande variedade de alimentos e se desenvolvem com a mesma eficiência à ingestão de proteínas de origem vegetal e animal;

São bastante resistentes a doenças, superpovoamentos e baixos teores de oxigênio dissolvido, aliando rusticidade e alto desempenho;

Seus alevinos são produzidos ao longo de todo o ano.

Possuem boas características nutricionais, baixo teor de gordura e ausência de espinhas em forma de “Y” que facilita o processamento (IABS, 2010).

“A densidade recomendada para tilápia na fase de terminação fica entre 150 a 250 peixes/m³. A criação se dá em tanques-rede de diversos tamanhos desde os menores de 4m³ até os maiores de 300m³” (IABS, 2010).

“A alimentação das tilápias varia de 32% a 55% de PB, sendo criada na maioria das regiões do Brasil” (IABS, 2010).

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Figura 3: Tilápia (Oreochromis niloticus)

Fonte: (IABS, 2010)

7.1.2 Tambaqui (Colossoma macropomum)

Segundo o IABS (2010), o tambaqui é nativo da bacia amazônica e atualmente é a principal espécie de peixe criada na Região Norte. Este fato se deve à espécie apresentar:

Facilidade na reprodução e consequentemente na constante oferta de alevinos;

Resistência ao manejo;

Possui bons índices zootécnicos de desenvolvimento;

Tem boa aceitação no mercado. Geralmente são comercializados “in natura”, eviscerados, resfriados e congelados (IABS, 2010).

“O tambaqui (FIG.4) se adapta muito bem em tanques-rede, com a fase de alevinagem ocorrendo em viveiros escavados de 600m² (20x30) num período aproximado de 50 dias, com densidade de 14 a 16 peixes/m², atingindo peso médio final de 30g” (IABS, 2010).

“Nessa fase, o arraçoamento é realizado com 4 refeições/dia utilizando-se ração com 45% de PB e granulometria de 1mm. Após a fase de cria, os alevinos são transferidos para os tanques-rede (3,0mx3,0mx2,2m) onde permanecem até a despesca (fases de recria e terminação)” (IABS, 2010).

“Nos tanques-rede, inicialmente recebem ração com 36% de PB, durante 35 dias. Após esse período, passam a receber ração com 32% de PB por 60 dias e a partir daí, ração com 28% de PB até a despesca” (IABS, 2010).

“As biometrias são realizadas a cada 30 dias para ajustar as taxas de arraçoamento” (IABS, 2010).

Figura 4: Tambaqui (Colossoma macropomum)

Fonte: (IABS, 2010)

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7.1.3 Pacu (Piaractus mesopotamicus)

De acordo com o IABS (2010), o pacu (FIG.5) é um dos peixes de água doce mais estudados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. É originário da Bacia do Rio Prata e do Pantanal do Mato Grosso. Apresenta boas características para ser criado em tanques-rede, dentre as quais se destacam:

Possui características de precocidade e rusticidade.

Sua carne é saborosa e de boa aceitação comercial.

Apresenta bom crescimento e adaptação à alimentação artificial.

Apresenta excelentes características zootécnicas para a criação intensiva em tanques-rede (IABS, 2010).

“A densidade de estocagem recomendada para fase de terminação é de 50 a 75 peixes/m³” (IABS, 2010).

Figura 5: Pacu (Piaractus mesopotamicus)

Fonte: (IABS, 2010)

7.1.4 Matrinxã (Brycon spp.)

“Os matrinxãs (FIG.6) são nativos na maioria das bacias do Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste. Apresentam várias características favoráveis a criação em tanques-rede” (IABS, 2010):

São rústicos, de rápido crescimento.

Resistentes a baixos teores de oxigênio dissolvido.

Aceitam bem ração extrusada (IABS, 2010).

São comercializados com peso superior a 1 kg.

Figura 6: Matrinxã (Brycon spp.)

Fonte: (IABS, 2010)

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“A criação se dá em tanques-rede de 18m³ (3,0mx3,0mx2,0m) de malha 20 mm, com a presença de berçários. Na fase de alevinagem, a densidade de estocagem é de 200 peixes/m³, com peso médio de 3,5g. A alimentação nos três primeiros meses se dá com ração extrusada com 32% de PB, sendo realizadas 4 refeições diárias” (IABS, 2010).

“Após três meses, os peixes atingem peso médio de 60g quando são transferidos para tanques-rede definitivos a uma taxa de estocagem de 50 peixes/m3, sendo alimentados com ração extrusada com 28% de PB” (IABS, 2010).

“A cada 30 dias é realizada biometria para ajustar as taxas de arraçoamento” (IABS, 2010).

7.1.5 Pirarucu (Arapaima gigas)

“O pirarucu (FIG.7) é nativo das bacias Amazônica e Araguaia-Tocantins. Provavelmente é a espécie nativa mais promissora para o desenvolvimento da criação de peixes em regime intensivo, devido apresentar (IABS, 2010):

Alta velocidade de crescimento, podendo alcançar até 10 kg no primeiro ano de criação.

Grande rusticidade ao manuseio.

Possui respiração aérea, não dependendo do oxigênio da água.

Não apresenta canibalismo quando confinado em altas densidades.

Facilidade no treinamento para aceitar alimentação com ração extrusada.

Alto rendimento de filé, próximo a 50%” (IABS, 2010).

Figura 7: Pirarucu (Arapaima gigas)

Fonte: (IABS, 2010)

“No entanto, o conhecimento sobre o comportamento e crescimento do pirarucu, em qualquer modalidade de criação intensiva ainda é escasso. No rio Negro é usado tanques-rede de 50 a 350m³” (IABS, 2010).

“A biomassa sustentável de juvenis de pirarucu para a criação intensiva em tanques-rede é de aproximadamente 30kg/m³. Hoje um dos principais entraves na sua criação é na questão da oferta de alevinos no mercado e ração específica para a espécie” (IABS, 2010).

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7.1.6 Surubim (Pseudoplatystoma spp.)

“O surubim (FIG.8), conhecido como pintado, é nativo das bacias do Prata e do São Francisco” (IABS, 2010).

Figura 8: Surubim (Pseudoplatystoma spp.)

Fonte: (IABS, 2010)

“É um peixe de couro, corpo alongado e roliço, cabeça grande e achatada. É importante na pesca comercial e esportiva. Apresenta boas características para criação em tanques-rede, quais sejam (IABS, 2010):

Apesar de carnívora se adapta bem ao treinamento de ração com alto teor de proteína.

Sua carne possui alta aceitação e ótimo valor de mercado” (IABS, 2010).

“Para a criação em tanques-rede costuma se utilizar alevinos, produzidos pelo cruzamento de Pseudoplatystoma corruscans e Pseudoplatystoma fasciatum com uma densidade entre 50 a 100 peixes/m³” (IABS, 2010).

7.1.7 Jundiá-Cinza (Rhamdia quelen)

“A criação do jundiá-cinza (FIG.9) está crescendo no Brasil principalmente na região Sul do país, mas ainda está muito abaixo de suas possibilidades, pois algumas variáveis de produção estão escassas ou dispersas na literatura” (IABS, 2010).

“Esse peixe vive em lagos e poços fundos dos rios, preferindo os ambientes de águas mais calmas com fundo de areia e lama, junto às margens e vegetação” (IABS, 2010).

“Um dos principais fatores favoráveis à sua criação, é que o jundiá é uma espécie euritérmica, ou seja, suportam de 15 a 34°C desde que aclimatados corretamente, além de ser uma espécie onívora e possuir carne com ausência de espinhos em y” (IABS, 2010).

“Ainda não existe muita informação sobre a criação do jundiá-cinza em tanques-rede, entretanto esta espécie possui características adequadas para esse sistema, sendo usadas densidades entre 75 e 100 peixes m³” (IABS, 2010).

Figura 9: Jundiá-Cinza (Rhamdia quelen)

Fonte: (IABS, 2010)

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8 MANEJO NUTRICIONAL E ALIMENTAR

“Na piscicultura intensiva, os gastos com a alimentação dos peixes correspondem a 50 a 70% do custo de produção, dependendo do sistema de cultivo empregado, da escala de produção, da produtividade alcançada, dos preços dos outros insumos de produção, dentre outros” (SPERANDIO, [200-?]).

“Este custo pode ser minimizado com a adoção de um manejo alimentar adequado e uso de rações com qualidade compatível com as diferentes fases de desenvolvimento e hábito alimentar do peixe, bem como o sistema de cultivo utilizado” (SPERANDIO, [200-?]).

De acordo com SPERANDIO [200-?]), algumas considerações podem auxiliar o produtor para a maximização do fornecimento de ração para os peixes em tanque-rede:

utilizar rações de boa procedência, indicadas para o sistema intensivo em tanque-rede, de acordo com a fase de desenvolvimento dos peixes; para se evitar perdas durante a distribuição, e para se ter controle sobre a quantidade de ração consumida, é mais indicado a utilização de rações extrusadas a tampa-comedouro para tanques-rede. Rações extrusadas de alta qualidade são mais digestíveis, portanto menos poluentes se comparadas às rações peletizadas. Isso possibilita um aumento na produtividade com um menor custo ambiental. Embora um pouco mais caros, os péletes extrusados ganharam a preferência de muitos piscicultores por simplificarem o manejo da alimentação e permitirem a obtenção de maior produtividade e lucro;

a utilização dos comedouros também auxilia na determinação da qualidade total de ração fornecida, podendo ser utilizada uma correção diária através da observação da ocorrência ou não de sobras de ração dentro dos tanques-rede;

a quantidade de ração a ser oferecida por dia também é de fundamental importância, pois o excesso pode ser tão prejudicial quanto à falta. A ingestão pode ser calculada com base na porcentagem de biomassa dos tanques-rede, que pode variar de 2 a 10%, conforme o tamanho dos peixes, temperatura, etc;

no que se refere à frequência de alimentação, é importante ressaltar que para um melhor aproveitamento, a quantidade de ração a ser oferecida deve ser distribuída em no mínimo duas alimentações diárias , podendo chegar até 6 vezes ao dia (SPERANDIO, [200-?]).

incrementar o desempenho reprodutivo e qualidade das pós-larvas e alevinos e dessa forma, otimizar a produção e melhorar as receitas da piscicultura Sperandio ([200-?]).

“Para alcançarmos esses objetivos, é importante estarmos atentos a alguns fatores como o hábito alimentar dos peixes que serão cultivados, requerimento nutricional, qualidade das rações e manejo alimentar, de acordo com o sistema de criação” (SPERANDIO, [200-?]).

8.1 Hábito Alimentar

“De forma geral os peixes podem ser considerados onívoros me relação às suas preferências alimentares, tanto em condições naturais como em cultivo” (SPERANDIO, [200-?]).

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De acordo com Sperandio ([200-?]), na maioria das vezes eles são mais eficientes no aproveitamento de um determinado tipo de alimento e por isso são classificados em diferentes grupos, conforme segue:

Herbívoros e frugívoros: fazem parte deste grupo, peixes que têm preferência por alimentos de origem vegetal, ricos em fibra e de baixo valor energético. Os herbívoros se alimentam de plantas e algas, os frugívoros de frutas e sementes. Ex.: carpa capim, tilápia rendali e piapara (herbívoros), pacu e tambaqui (frugívoros).

Planctófagos: fazem parte deste grupo peixes que têm preferência por plâncton (comunidade aquática constituída de algas unicelulares - fitoplâncton e por organismos animais - zooplâncton). Ex.: tilápia do Nilo, carpa prateada e carpa cabeça grande.

Iliófagos / Detritivos: fazem parte deste grupo peixes que se alimentam de organismos bentônicos (organismos que vivem no fundo do tanque). Ex.: carpa comum, piauçu, cascudos e curimbatá.

Onívoros: são peixes que ingerem todo tipo de alimento. Ex.: carpa comum, pacu, tambacu, matrinxã.

Carnívoros: são peixes que se alimentam de animais de maior porte, tais como, insetos, crustáceos, peixes menores, anfíbios e cobras. Ex.: pintado, tucunarés, dourado, traíras, surubins, black-bass, truta arco-íris, pirarara, pirarucu (SPERANDIO, [200-?]).

8.2 Exigências Nutricionais

“As exigências nutricionais dos peixes variam de acordo com a espécie, fase de desenvolvimento e sistema de criação” (SPERANDIO, [200-?]).

“Em tanques-rede a disponibilidade de alimento natural é limitada e os peixes estão submetidos a uma maior pressão de produção e estresse” (SPERANDIO, [200-?]).

“Portanto, é recomendado que as rações sejam mais concentradas em proteínas (32 a 40%), energia digestível (2.900 a 3.200 kcal ED/kg) e recebam um enriquecimento mineral e vitamínico ainda maior” (SPERANDIO, [200-?]).

“Neste sistema a ração deve ser completa, ou seja, deve atender as demandas nutricionais dos peixes em suas diferentes fases de desenvolvimento (alevinagem, crescimento, engorda) em função do sistema de produção e nível de manejo empregado” (SPERANDIO, [200-?]).

“Os peixes exigem maiores porcentagens de proteína na dieta que os outros animais” (SPERANDIO, [200-?]).

“A concentração de proteína em rações de peixe varia entre 24 e 50%, enquanto que em rações para frango há uma variação entre 18 a 23% e em rações de suínos entre 14 e 18%” (SPERANDIO, [200-?]).

Esta maior exigência de proteína na dieta é explicada pelo fato dos peixes demandarem menor consumo de energia (SPERANDIO, [200-?]).

“Os peixes não necessitam de calorias para manter sua temperatura corporal já que são pecilotérmicos, mas precisam de energia para realizar atividade muscular (nadar), formar novos tecidos, manter equilíbrio osmótico (reter ou

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excretar água, movimentar moléculas contra um gradiente de concentração) e outras reações necessárias para manutenção da vida e produção” (SPERANDIO, [200-?]).

Segundo Sperandio [200-?], o fato de não ter que despender calorias para controlar a temperatura do próprio corpo e gastar pouca energia para se locomover na água faz com que os peixes tenham uma necessidade de ingestão calórica muito menor que os animais de sangue quente (TAB. 1).

“É comum expressarmos energia de rações de peixes como energia digestível na unidade de kcal/kg” (SPERANDIO, [200-?]).

Tabela 1: Energia Digestível na unidade de kcal/kg.

Classes de animais Kcal/kg

Aves 3.100-3.250 Suínos 3.200-3.300 Peixes 2.600-2.900

Fonte: (SPERANDIO, [200-?])

“Os peixes regulam o consumo de ração pela ingestão energética” (SPERANDIO, [200-?]).

“Uma ração deficiente em energia provocará um consumo de alimento maior e em casos graves, a proteína será convertida em energia para manutenção antes de ser utilizada para crescimento” (SPERANDIO, [200-?]).

“Por outro lado, uma ração com excesso de energia limita a ingestão de alimento e consequentemente limita a ingestão de proteína (aminoácidos), vitaminas e minerais” (SPERANDIO, [200-?]).

“Excesso de energia e/ou proteína pode levar a grande acúmulo de gordura corporal, o que é indesejável” (SPERANDIO, [200-?]).

“A relação energia: proteína ideal em rações de peixe (6 a 8 kcal/g proteína) é menor que em rações de outros monogástricos (14 a 20 kcal/g proteína para aves e suínos)” (SPERANDIO, [200-?]).

“No peixe, assim como em outros monogástricos esta relação aumenta proporcionalmente ao seu tamanho” (SPERANDIO, [200-?]).

“Quanto às vitaminas, os peixes devem receber através da dieta uma suplementação de vitaminas hidro e lipossolúveis para atender suas necessidades diárias”(SPERANDIO, [200-?]).

“As vitaminas adicionadas à ração são: A, D, E, K, C, Colina, Niacina, Tiamina, Riboflavina, Pirodoxina, Cianocobalina, Ác. Pantotênico, Ác. Fólico, Biotina e Inositol” (SPERANDIO, [200-?]).

“A vitamina C é particularmente importante na nutrição de peixes criados em tanque-rede, pois participa como cofator de várias reações, é precursora do colágeno e combate o estresse devido ao confinamento dos peixes nesse sistema” (SPERANDIO, [200-?]).

“Já os minerais têm importante papel como osmorreguladores e na manutenção da atividade metabólica dos peixes” (SPERANDIO, [200-?]).

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“Os peixes podem absorver parte de sua exigência nutricional da própria água onde vivem, isto faz com que seja difícil sermos precisos na determinação de suas necessidades minerais” (SPERANDIO, [200-?]).

“Os minerais exigidos são: Cálcio, Fósforo, Magnésio, Sódio, Potássio, Ferro, Cobre, Cobalto, Manganês, Iodo, Zinco e Selênio” (SPERANDIO, [200-?]).

8.3 Qualidade das rações

“A qualidade das rações vem melhorando a cada ano, mas os problema de origem nutricional comuns no passado ainda são freqüentes em muitas pisciculturas” (SPERANDIO, [200-?]).

“Com a recente intensificação do cultivo de peixes no Brasil, utilizando tanques-rede, houve um aumento na incidência de desordens nutricionais devido ao inadequado enriquecimento vitamínico e mineral das rações” (SPERANDIO, [200-?]).

“Este sistema intensivo demanda o uso de rações nutricionalmente completas, com enriquecimentos vitamínicos e minerais” (SPERANDIO, [200-?]).

“A maioria das rações de peixes disponíveis no Brasil é adequada apenas para cultivo de alguns peixes em tanques de terra com disponibilidade de alimento natural e biomassa raramente acima de 6.000 kg/ha, o uso de rações inadequadas pode trazer prejuízos à criação em tanque-rede devido às deficiências nutricionais” (SPERANDIO, [200-?]).

“Deficiências nutricionais prejudicam o crescimento, a eficiência alimentar e o sucesso reprodutivo dos peixes e, além disso, podem depreciar a aparência de alevinos e peixes adultos” (SPERANDIO, [200-?]).

“O inadequado manejo nutricional prejudica a saúde dos peixes, aumenta a incidência de doenças e a mortalidade, levando a um excessivo uso de medicamentos, onerando o custo de produção sem proporcionar efetiva correção do problema” (SPERANDIO, [200-?]).

9 LEGISLAÇÃO E REGULAMENTAÇÃO

“Inicialmente, é preciso identificar a dominialidade do corpo hídrico no qual se pretende instalar o projeto” (MINISTÉRIO DA PESCA E AQUICULTURA - MPA, 2012).

“Feita a identificação, caso este corpo hídrico seja de domínio da União, é necessário atender as exigências do Decreto nº 4895, de 25 de novembro de 2003, que dispõe sobre a autorização de uso de espaços físicos de corpos d’água de domínio da União para fins de aquicultura, e dá outras providências, e da Instrução Normativa Interministerial nº 06, de 31 de maio de 2004, que estabelece as normas complementares para a autorização de uso dos espaços físicos em corpos d'água de domínio da União para fins de aquicultura, e dá outras providências” (MPA, 2012).

“Atendidas às exigências, o interessado deve protocolizar a solicitação junto à Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura no Estado onde o corpo hídrico está localizado” (MPA, 2012).

“Se o corpo hídrico for de domínio estadual, o interessado deverá buscar os órgãos estaduais responsáveis pela gestão dos recursos hídricos estaduais e pelo licenciamento ambiental” (MPA, 2012).

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“Para tanto, segundo o Ministério da Pesca e Aquicultura (2012), deve-se observar a legislação específica para a autorização da prática da aquicultura no respectivo Ente Federado” (MPA, 2012).

Para saber se um determinado corpo hídrico é de domiínio da União, de acordo com o Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA (2012), o interessado deverá buscar a informação junto ao órgão gestor de recursos hídricos da Unidade da Federação.

“Caso não tenha sucesso na resposta, é possível formalizar consulta à Agência Nacional de Águas (ANA)” (MPA, 2012).

Licenciamento Ambiental da atividade aquícola

“O licenciamento ambiental da atividade aquícola visa à formalização dos procedimentos técnicos administrativos exigidos pelos órgãos de meio ambiente para a regularização dos empreendimentos de aqüicultura” (MPA, 2012).

“A obtenção da licença ambiental e o atendimento às condicionantes possibilita aos produtores o acesso ao crédito, assim como contribui para o controle e a prevenção de impactos ambientais, a fim de assegurar a sustentabilidade e segurança da operação dos empreendimentos” (MPA, 2012).

“No passado, os empreendimentos de aquicultura eram licenciados conforme as regras definidas na Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)” (MPA, 2012).

“Porém, em 2009, foi publicada a Resolução Conama nº 413, de 26 de junho, específica para o licenciamento da atividade aquícola” (MPA, 2012).

“Os procedimentos estabelecidos na Resolução Conama nº 413/2009 são aplicáveis a qualquer nível de competência (Estados, Distrito Federal e Municípios)” (MPA, 2012).

“Todavia, a cada órgão estadual competente é facultada a edição de procedimentos e normas próprios” (MPA, 2012).

“Em grande parte dos Entes Federados a emissão das licenças ambientais para aquicultura fica a cargo dos Órgãos Estaduais do Meio Ambiente. Ressalte-se que algumas normativas estaduais estão sendo construídas com base na Resolução Conama n° 413/2009, adaptadas às características regionais de cada tipo de cultivo” (MPA, 2012).

O que é a solicitação de autorização de uso dos espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para fins de aquicultura?

Segundo MPA (2012), trata-se de um requerimento ao qual se deve juntar as informações solicitadas no Anexo II da Instrução Normativa Interministerial nº 06, de 31 de maio de 2004.

Nesta referida norma, são estabelecidas as normas complementares para a autorização de uso dos espaços físicos em corpos d'água de domínio da União para fins de aquicultura, e dá outras providências, de acordo com MPA (2012).

“Dentre as informações solicitadas, destacam-se: documentação de regularidade fiscal da pessoa física ou jurídica, projeto de criação a ser desenvolvido e mapa de localização com as coordenadas da área requerida” (MPA, 2012).

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“Esta solicitação, como o nome já diz, é restrita aos corpos d’água de domínio da União, de modo que os usos em águas estaduais condicionam-se às legislações de cada Ente Federado” (MPA, 2012).

Quem emite a autorização de uso?

“O procedimento administrativo necessário à emissão da autorização de uso é de responsabilidade do MPA, cujos atos contemplam: o cadastramento e o encaminhamento dos processos, a análise técnica em aquicultura e em geoprocessamento, além da realização da licitação e lavratura dos contratos” (MPA, 2012).

“São órgãos também envolvidos na análise e aprovação dos processos: o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e os Órgão Estaduais de Meio Ambiente, a Agência Nacional de Águas (ANA), a Marinha do Brasil, e as Superintendências do Patrimônio da União nos Estados, cada qual respondendo dentro da respectiva esfera de atuação” (MPA, 2012).

O que é o SINAU?

“O Sistema de Informação das Autorizações de Uso das Águas de Domínio da União (Sinau) é um sistema informatizado com banco de dados georreferenciado contendo todos os processos protocolados junto ao MPA” (MPA,2012).

“É o responsável pelo acompanhamento do trâmite processual junto aos órgãos envolvidos na Autorização de Uso” (MPA, 2012).

Quais são as modalidades de empreendimento sujeitas a Autorização de Uso?

“São cinco as modalidades de Autorização de Uso existentes hoje. As modalidades de Parque Aquícola e Área de Preferência são de solicitação exclusiva pelo MPA, e se destinam a projetos de inclusão social e desenvolvimento regional de amplo alcance” (MPA, 2012).

“As Unidades de Pesquisa e as Unidades Demonstrativas têm como finalidade o desenvolvimento científico e tecnológico e a capacitação em aquicultura. A solicitação é restrita a instituições nacionais de reconhecido saber técnico e científico em aqüicultura” (MPA, 2012).

“Ao interessado, pessoa física ou jurídica, restou a modalidade Área Aquícola” (MPA, 2012).

O que é preciso para obter a Autorização de Uso?

“Para se obter a Autorização de Uso, faz-se necessário protocolizar, na Superintendência Federal do MPA no estado em que estiver locado o projeto, processo contendo a documentação necessária, segundo a legislação pertinente” (MPA, 2012).

“Protocolizado, o processo seguirá para Brasília, para cadastramento no Sinau e posterior análise e encaminhamento” (MPA, 2012).

Como a Autorização de Uso é concedida?

“Caso o processo esteja de acordo com a legislação aplicável e apto tecnicamente, será encaminhado para análise nas instituições signatárias da Instrução Normativa Interministerial nº 06/2004” (MPA, 2012).

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“Havendo entrega do Patrimônio da União ao MPA, este procederá à licitação nos moldes estabelecidos pela Lei nº 9.636, de 15 de maio de 1998, e pela Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993” (MPA, 2012).

Por que a área precisa ser licitada?

“O aforamento de bens da União (entrega de áreas pública para terceiros) se dá conforme o disposto na Lei nº 9.636/98, que determina a necessidade de licitação para haver possibilidade de concorrência entre todos aqueles interessados em usufruir o bem” (MPA, 2012).

Qual o procedimento para a legalização de minha atividade de aquicultura?

Segundo MPA (2012), se o projeto estiver localizado em corpo hídrico de domínio estadual, você precisa ter:

A Outorga de Uso da Água, a qual é expedida pelo órgão estadual de recursos hídricos (que em muitos Estados é o mesmo órgão responsável pelo meio ambiente);

A Licença Ambiental, a qual é emitida pelo órgão estadual de meio ambiente e;

O Certificado de Registro de Aquicultor, o qual pode ser obtido junto à representação do MPA no respectivo Estado MPA (2012).

Se o projeto estiver localizado dentro de um corpo hídrico de domínio da União, além dos documentos acima, você vai precisar do Termo de Cessão de Uso de Espaço Físico em Águas de Domínio da União, cujo processo de obtenção tem início pelo MPA e, durante sua tramitação, engloba a obtenção dos três documentos anteriormente mencionados, de tal forma que, ao final, o interessado disporá de todos os quatro documentos que necessita MPA (2012).

Conclusões e recomendações

“A criação de peixes em tanques rede é muito incentivada por parte do governo e do setor privado, pois o Brasil tem grandes áreas inativas que podem, muito bem, servir para esta prática” (PESCA NA LAGOA DOS PATOS, 2013).

“Além do que, o objetivo é transformar esta prática em comércio direto através de indústrias que, num futuro não muito distante, podem colocar o país no ranking dos maiores exportadores de peixes de água doce no mundo” (PESCA NA LAGOA DOS PATOS, 2013).

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