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DISSERTAÇÃO PRODUTIVIDADE, QUALIDADE DA UVA E DO VINHO DA VIDEIRA SR 501-17 SOBRE DIFERENTES PORTA-ENXERTOS CULTIVADA NO ESTADO DE SÃO PAULO GABRIEL STEFANINI MATTAR CAMPINAS, SP 2016

PRODUTIVIDADE, QUALIDADE DA UVA E DO VINHO DA … · 2 de vinho artesanal, com uvas produtivas no município, em substituição a importação da uva quanto do vinho da Região Sul

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DISSERTAÇÃO

PRODUTIVIDADE, QUALIDADE DA UVA E

DO VINHO DA VIDEIRA SR 501-17 SOBRE

DIFERENTES PORTA-ENXERTOS

CULTIVADA NO ESTADO DE SÃO PAULO

GABRIEL STEFANINI MATTAR

CAMPINAS, SP

2016

INSTITUTO AGRONÔMICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA

TROPICAL E SUBTROPICAL

PRODUTIVIDADE, QUALIDADE DA UVA E DO

VINHO DA VIDEIRA SR 501-17 SOBRE

DIFERENTES PORTA-ENXERTOS CULTIVADA

NO ESTADO DE SÃO PAULO

GABRIEL STEFANINI MATTAR

Orientadora: Dra. Mara Fernandes Moura

Dissertação submetida como requisito

parcial para obtenção do grau de Mestre

em Agricultura Tropical e Subtropical,

Área de Concentração em Tecnologia da

Produção Agrícola

Campinas, SP

Abril 2016

iii

AGRADECIMENTO

À minha família: meus pais, José Eduardo e Sônia Maria; meu irmão Murilo; e minha

avó Lúcila, pessoas essenciais em minha vida.

A minha orientadora, Dra. Mara Fernandes Moura, pela orientação, atenção e

disponibilidade.

Ao pesquisador José Luiz Hernandes, pelos ensinamentos transmitidos e pelo apoio na

elaboração dos vinhos.

A todos os funcionários de campo e laboratório, em especial ao Sr. Crispim, Sr.

Bassam, Luiz e Patrícia, do Centro de Frutas do Instituto Agronômico (IAC), pela amizade e

colaboração na execução deste trabalho.

A todos os estagiários e mestrandos do Centro de Frutas do Instituto Agronômico

(IAC), pela amizade e companheirismo.

Ao Instituto Agronômico de Campinas, em especial ao Programa de Pós-Graduação

Agricultura Tropical e Subtropical, Área de Concentração em Tecnologia da Produção

Agrícola, pela oportunidade.

Aos funcionários do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Jundiaí,

pela ajuda nas análises dos vinhos.

À Coordenadoria de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão da bolsa de estudos.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo

financiamento do projeto (Processo Nº 2012/00292-9).

iv

SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................... v

ABSTRACT ................................................................................................................... vii 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 4 2.1 Vitivinicultura ............................................................................................................. 4 2.1.1 Vitivinicultura no mundo ........................................................................................ 4

2.1.2 Vitivinicultura no Brasil .......................................................................................... 5 2.1.3 Vitivinicultura no Estado de São Paulo ................................................................... 8 2.2 Cultivares de Uvas para Vinificação ........................................................................ 10 2.3 Utilização de Porta-enxertos ..................................................................................... 12

2.4 Interação Copa/porta-enxerto na Produção e Características Físicas de Frutos ....... 14 2.5 Interação Copa/porta-enxerto na Qualidade Química do Mosto da Uva e do Vinho 19 2.6 Interação Copa/porta-enxerto na Duração dos Estádios Fenológicos ...................... 22

2.7 Composição Química do Vinho ............................................................................... 25 2.8 Análises Químicas dos Vinhos ................................................................................. 29 3 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................... 36 3.1 Localização da Área Experimental ........................................................................... 36

3.2 Tratamento e Delineamento Experimental ............................................................... 36 3.3 Manejo Cultural da Área Experimental .................................................................... 37

3.4 Observações Meteorológicas .................................................................................... 38 3.5 Características Avaliadas .......................................................................................... 38 3.6 Elaboração dos Vinhos ............................................................................................. 40

3.7 Análises Físico-químicas dos Vinhos ....................................................................... 42

3.8 Análises Estatísticas ................................................................................................. 44 4 RESULTADO E DISCUSSÃO ................................................................................... 44 4.1 Produção e Características Físico-químicas dos Cacho, Bagas e Engaços do Híbrido em

Jundiaí ............................................................................................................................. 44 4.2 Análises Físico-químicas do Vinho do Híbrido em Jundiaí ..................................... 58

4.3 Produção e Características Físico-químicas dos Cacho, Bagas e Engaços do Híbrido em

Votuporanga ................................................................................................................... 61 4.4 Análises Físico-químicas do Vinho do Híbrido em Votuporanga ............................ 71

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 74 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 76 ANEXO .......................................................................................................................... 86

v

Produtividade, qualidade da uva e do vinho da videira SR 501-17 sobre diferentes

porta-enxertos cultivada no estado de São Paulo

RESUMO

O trabalho objetivou avaliar o híbrido de videira para vinificação SR 501-17, desenvolvido no

Instituto Agronômico-IAC, enxertado sobre diferentes porta-enxertos, nos municípios de

Jundiaí e Votuporanga, SP, nos ciclos de produção de 2014 e 2015. Os tratamentos foram

constituídos pela combinação do híbrido SR 501-17 enxertado sobre os porta-enxertos ‘IAC

313’ (Tropical), ‘IAC 766’ (Campinas), ‘IAC 572’ (Jales) e ‘IAC 571-6’ (Jundiaí). Na região

de Jundiaí, também foi utilizado o porta-enxerto ‘Golia’. O delineamento experimental foi em

blocos inteiramente casualizados com parcelas subdivididas, sendo as parcelas representadas

pelos porta-enxertos e as subparcelas pelos anos, com quatro e seis repetições em Jundiaí e

Votuporanga, respectivamente. Foram avaliadas as variáveis: massa fresca dos ramos; número

de cachos; produção; teor de sólidos solúveis; pH; acidez titulável; índice de maturação e

duração dos estádios fenológicos. Os resultados foram submetidos à análise de variância e as

médias comparadas pelo teste de Tukey, a 5%. Também foi realizada a microvinificação e

análises físico-químicas dos vinhos, com base na legislação brasileira. Em Jundiaí, observou-

se efeito dos porta-enxertos somente para produção de massa fresca de ramos e para o número

de dias da poda à brotação. Maiores produções, melhores características químicas do mosto,

maior duração dos períodos da poda ao florescimento, poda ao inicio da maturação e da poda

à maturação foram obtidas no ano de 2014. Os porta-enxertos influenciaram a copa na massa

fresca de cacho e massa fresca e largura de bagas e engaço, enquanto os ciclos de produção

influenciaram todas as variáveis, exceto massa fresca de cacho e engaço e número de bagas

por cacho. Em Votuporanga os porta-enxertos influenciaram na massa fresca de ramos e na

acidez titulável. O híbrido enxertado sobre ‘IAC 572’ foi o mais tardio em 2015. A maior

produção ocorreu em 2014 e não afetou as características químicas do mosto do híbrido em

Votuporanga. Em 2014, a duração dos períodos da poda ao florescimento, da poda ao início

da maturação foram maiores que em 2015. Efeito do porta-enxerto foi observado para largura

do cacho, massa fresca e largura de engaço, enquanto para todas as outras variáveis o efeito

do ciclo foi significativo, com exceção da massa fresca de cacho e baga e número de bagas

por cacho. Os vinhos brancos secos produzidos a partir do híbrido enxertado sobre os

vi

diferentes porta-enxertos nas duas localidades apresentaram parâmetros analíticos dentro dos

padrões da legislação brasileira, com exceção das cinzas para ‘Golia’ ‘IAC 571-6’ e ‘IAC

766’ em Jundiaí e, dióxido de enxofre total para o ‘IAC 572’ em Votuporanga. Devido à

ausência de diferença significativa entre os porta-enxertos, indica-se a utilização do porta-

enxerto ‘IAC 766’ em Jundiaí, pela maior utilização dos viticultores, e do ‘IAC 572’ para

região de Votuporanga, devido a melhor adaptação deste aos solos ácidos da região.

Palavras-chaves: Vittis spp; porta-enxerto; vinho branco; vinho de mesa.

vii

Productivity, quality of grapes and white wine vine SR 501-17 on different rootstocks

grown in the state of São Paulo

ABSTRACT

The study aimed to evaluate the grape hybrid SR 501-17 for white wine, developed at the

Instituto Agronômico-IAC, grafted on different rootstocks, at Jundiaí and Votuporanga, SP, in

production cycles 2014 and 2015. The treatments constituted by the combination of the hybrid

SR 501-17 grafted on rootstocks ‘IAC 313’ (Tropical), ‘IAC 766’ (Campinas), ‘IAC 572’

(Jales) and ‘IAC 571-6’ (Jundiaí). In the region of Jundiaí, we also used the rootstock ‘Golia’.

The experimental design was randomized blocks with split plots, and the plots represented by

rootstocks and the subplots years, with four and six replicates in Jundiaí and Votuporanga,

respectively. The following variables were evaluated: fresh weight of the branches; number of

clusters; production; soluble solids; pH; titratable acidity; maturation index and

phenological. The results were submitted to analysis of variance and the means compared by

Tukey test at 5%. It was also held microvinification and physical-chemical analysis of wines,

based on Brazilian legislation. In Jundiaí, observed effect of rootstocks only for fresh mass

production branches and the number of days from pruning to sprouting. Higher yields, better

chemical characteristics of the wine, longer periods of pruning to flowering, pruning the

beginning of maturation and pruning maturation were obtained in the year 2014. Rootstocks

influenced the canopy in fresh bunch mass and fresh pasta and width of berries and stems,

while production cycles influenced all variables except fresh pasta bunch and rachis and

number of berries per cluster. In Votuporanga rootstocks influenced the fresh weight of

branches and titratable acidity. The hybrid grafted on ‘IAC 572’ was the later in 2015. The

increased production occurred in 2014 and did not affect the chemical characteristics of the

hybrid must in Votuporanga. In 2014, the duration of periods of pruning to flowering, pruning

the beginning of maturation were higher than in 2015. Rootstock effect was observed for

bunch width, fresh and width of stems, while for all other variables the effect cycle was

significant, with the exception of fresh pasta bunch and berry and number of berries per

cluster. The dry white wines produced from the hybrid grafted on different rootstocks in both

locations showed analytical parameters within the standards of the Brazilian legislation,

except for the ashes ‘Golia’, 'IAC 571-6' and ‘IAC 766’ in Jundiaí and total sulfur dioxide to

viii

the ‘IAC 572’ in Votuporanga. Due to the absence of significant differences between the

rootstocks, indicates the use of the rootstock ‘IAC 766’ in Jundiaí, the increased use of

winegrowers, and ‘IAC 572’ to Votuporanga region, due to better adaptation of this the acid

soils of the region.

Keywords: Vittis spp; rootstock; white wine; table wine.

1

1 INTRODUÇÃO

Segundo dados do IBGE (2015) a produção de uvas no Brasil foi de 1.532.712

toneladas, com destaque para o Rio Grande do Sul com 876.286 toneladas, seguido por

Pernambuco, com 237.367, toneladas, e São Paulo, com 167.613 toneladas. Segundo

MELLO (2013) o Rio Grande do Sul é responsável por 90% da produção e da

comercialização nacional de vinhos, sucos e derivados de uvas.

No Estado de São Paulo, destacam-se dois polos vitícolas, um na Região

Noroeste e outro na Região Leste (PROTAS et al., 2006). Na Região Noroeste,

centrada em Jales, ocorre a viticultura tropical, com predomínio de uvas comum e finas

para mesa (PROTAS et al., 2006). Nos últimos anos notou-se forte tendência no

aumento da área plantada com a cultivar Niagara Rosada, em substituição a ‘Itália’ e as

suas mutações, nessa região (IEA, 2015; TECCHIO et al., 2011a).

Na Região Leste, destacam-se as Regionais Agrícolas de Campinas e

Itapetininga, com viticultura de clima temperado. Destaca-se no primeiro grupo,

centrado nos municípios de Jundiaí, Vinhedo, Indaiatuba, Valinhos e Campinas, a

produção de uva americana para mesa, com predomínio absoluto da ‘Niagara Rosada’.

No segundo grupo, que tem por município pólo São Miguel Arcanjo, estão as uvas finas

para mesa (PROTAS et al., 2002, 2006). Atualmente, na região leste de São Paulo, de

acordo com PROTAS et al. (2006), as uvas destinadas à elaboração de vinhos,

representam, aproximadamente, 0,7% da produção total, sendo na grande maioria

constituídas de americanas e hibridas.

Em ambas as regiões, a viticultura é uma atividade de pequenos produtores

rurais, que veem na viticultura condições de gerar renda, oferecer emprego aos seus

filhos e de proporcionar condições econômicas para a manutenção das famílias em suas

propriedades (COSTA et al. 2012; PROTAS et al. 2006). No município de Jundiaí

verificaram que 50% das propriedades cultivadas com uva apresentavam área menor

que 5 ha e, 90% área inferior a 20 ha (VERDI et al., 2011).

O desenvolvimento do turismo rural, com a criação do projeto “Circuito das

Frutas” e a elaboração do “Circuito do Vinho”, em Jundiaí, tem estimulado a produção

2

de vinho artesanal, com uvas produtivas no município, em substituição a importação da

uva quanto do vinho da Região Sul do país. As ações voltadas à estruturação do turismo

ligado à produção de uvas e vinho têm contribuído para o aumento do interesse pelos

produtos do setor vitivinícola. Os viticultores têm obtido fonte de renda adicional com a

venda direta de produtos aos turistas, o que tem permitido a sobrevivência e a

manutenção destes na atividade rural, resistindo à pressão imobiliária de venda das suas

propriedades (VERDI et al. 2011).

Como resultados disso, os viticultores da região de Jundiaí vêm demonstrando

interesse na implantação de áreas com uvas que propiciem a obtenção de vinhos de

qualidade superior àqueles elaborados na região, oriundos de cultivares americanas

(ORLANDO et al., 2008).

Um dos principais entraves para produção nacional de vinhos finos é a

dificuldade de colher uvas com índices satisfatórios de maturação e de sanidade, por

causa do excesso de chuvas de verão que coincide com o período de maturação e

colheita da uva (GUERRA, 2002). Além da falta de adaptação já citada, as cultivares

tintas encontram maiores dificuldades para atingir ponto ideal de maturação,

notadamente da maturação fenólica, fator que afeta negativamente a qualidade dos

vinhos (GUERRAS, 2002). Por outro lado, as cultivares brancas podem representar uma

boa alternativa aos viticultores e vinicultores, pois a qualidade de seus vinhos, além de

não depender da maturação fenólica, aceita maiores teores de acidez total (REGINA et

al., 2006).

Deste modo, um híbrido selecionado no Instituto Agronômico destacou-se pela

qualidade de cachos, bagas e pela rusticidade, sendo denominado de SR 501-17. O

híbrido foi desenvolvido na antiga Estação Experimental de São Roque, pelo

pesquisador Wilson Corrêa Ribas, é uma uva branca, de bagas pequenas, esféricas, de

sabor suavemente moscatel, com sementes e ciclo de maturação mediano. Porém, ainda

não foram realizados trabalhos no intuito de verificar a afinidade quando enxertada

sobre diferentes porta-enxertos e o seu desempenho em diferentes regiões do Estado de

São Paulo.

Com a disseminação da filoxera, um afídio que danifica as raízes da videira, os

viticultores tiveram que fazer uso de porta-enxertos tolerantes a esta praga. Embora haja

a disponibilidade de bons porta-enxertos, cada um deles tem a sua limitação, e só a

3

experimentação regional poderá determinar qual é o mais adequado para cada condição

de cultivo (POMMER et al., 1997).

Segundo MOTA et al. (2009) a indicação de porta-enxertos baseia-se na melhor

adaptação deles às condições ambientais e à compatibilidade com a copa, o que afeta

diretamente a produtividade e algumas características químicas da baga, como pH,

acidez e teor de sólidos solúveis e ao vinho (MIELE et al. 2009).

Partindo da hipótese que os porta-enxertos influenciam de modo diferente a

duração do ciclo, a produção e a qualidade dos cachos da videira SR 501-17 em locais

diferentes, o objetivo foi avaliar a produção, as características físico-química do cacho,

bagas, engaço e do vinho do híbrido de uva SR 501-17 enxertado sobre diferentes porta-

enxertos, nas regiões leste e noroeste do Estado de São Paulo.

4

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Vitivinicultura

2.1.1 Vitivinicultura no mundo

De acordo com os dados da Organização Mundial da Vinha e do Vinho (OIV), a

área total de vinhedos no mundo, em 2014, totalizou 7.573 milhões de ha, o que

representa um ligeiro aumento, de 10 mil ha, em comparação com 2013. Desde o fim do

Programa de estímulo à erradicação de vinhedos da União Europeia (EU), os vinhedos

europeus permaneceram estáveis enquanto as plantações na Ásia (China) e na América

do Sul (Argentina e Chile) se tornaram os principais centros de crescimento de vinha no

mundo e compensaram a diminuição das áreas de vinhedos da comunidade europeia

(PROTAS, 2015). Embora, segundo Bueno et al. (2010) a vitivinicultura ainda é

espacialmente concentrada, sendo a áreas de vinha na Europa de aproximadamente

4.060 milhões de ha (PROTAS, 2015).

A partir de 2014, a China se tornou o país com a segunda maior área de

vinhedos, com cerca de 800 mil ha, superada apenas pela Espanha, com 1.038 hectares.

Contudo, o continente asiático concentra mais da metade da produção mundial de uvas

para consumo de mesa (63%) (PROTAS, 2015). O Brasil se encontra em 15º em área

com vinhedo, com 89.000 ha, atrás da Argentina em 7º, 228.000 ha e do Chile em 9º,

211.00 ha (INTERNATIONAL ORGANISATION OF VINE AND WINE, 2015).

Em tendência de queda, a Europa continua sendo o maior produtor mundial de

vinho, com 65%, de uma produção mundial estimada em 27.000 milhões de litros. A

França ocupa o primeiro lugar com 4.620 milhões de litros, à frente da Itália 4.470

milhões de litros e da Espanha, que voltou ao seu nível de produção média 3.820

milhões de litros, sendo a produção mundial em 2014 27.000 milhões de litros

(PROTAS, 2015). O Brasil nesse contexto mundial ocupa a 15º posição mundial, com

uma produção estimada em 270 milhões de litros no ano de 2014 (INTERNATIONAL

ORGANISATION OF VINE AND WINE, 2015).

A expressividade tradicional da viticultura europeia vem assumindo trajetória

decrescente nos últimos anos em virtude do bom desempenho do setor nos países de

menor tradição, principalmente do “novo mundo”, como EUA, Chile, Austrália, Nova

5

Zelândia, Argentina, além da África do Sul (BUENO et al., 2010). O vinho do ”novo

mundo” é mais barato, assentes numa produção mais industrial e fortemente apoiados

num competitivo marketing (PROTAS, 2008).

Em relação ao consumo, os países tradicionalmente consumidores continuam em

retrocesso ou estagnação, entretanto, esta queda no consumo vem sendo compensada

pela consolidação de novos centros de consumo. O período entre 2000 e 2014 foi

caracterizado por uma mudança no consumo de vinho. Atualmente 40% da produção de

vinho é consumido fora dos países europeus enquanto em 2000, o consumo

representava 31%. Os Estados Unidos confirmam sua posição como o principal

consumidor mundial, seguido pela França e Itália (PROTAS, 2015). O Brasil é apenas o

14º maior consumidor mundial de vinhos (INTERNATIONAL ORGANIZATION OF

VINE AND WINE, 2013).

As exportações de vinho a nível mundial continuam aumentando de volume e

estabilizaram no valor de 26.000 milhões de Euros. O mercado do vinho é um setor

cada vez mais internacionalizado. Há 10 anos, 27% do vinho consumido no mundo foi

importado sendo que, atualmente esta taxa representa mais de 43% (PROTAS, 2015).

Fica evidente a grande pressão concorrencial a que estão submetidos todos os

países produtores do mundo, independentemente de tradição e dimensão. Na viticultura,

resguardando-se as características e tipicidades dos produtos, não há mais lugar para

amadorismo e para produtos de qualidade medíocre. Neste setor, o sucesso e a

sustentabilidade dos empreendimentos dependem da sua real capacidade competitiva, a

qual é obtida, no mínimo, com organização e fortalecimento das entidades

representativas, foco na qualidade e credibilidade dos produtos e boa relação do setor

produtivo com as instituições públicas e privadas de ensino, pesquisa e extensão

(PROTAS, 2008).

2.1.2 Vitivinicultura no Brasil

No Brasil, a videira é cultivada em quase todas as regiões, tendo sua produção

concentrada nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste. Na Região Sul, a uva é destinada à

elaboração de vinhos e sucos, com predomínio absoluto do Estado do Rio Grande do

Sul; no Sudeste, além da elaboração de vinhos, é empregada no consumo “in natura”,

porém somente os Estados de São Paulo e Minas Gerais apresentam produção

expressiva; e de implantação mais recente, na Região Nordeste, em especial nos Estados

6

de Pernambuco e da Bahia, no vale do submédio São Francisco, uma nova zona

produtora visando não só a produção de uvas para mesa, mas também a elaboração de

vinhos finos (ORLANDO et al., 2003; SOUSA & MARTINS, 2002). Nos últimos anos,

a viticultura expandiu-se por vários outros estados, como Espírito Santo, Mato Grosso

do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Ceará e Piauí (CAMARGO et al., 2011).

A variação de latitude, como a de altitude, onde a cultura da uva está difundida

no país é grande, havendo assim considerável diversidade ambiental entre as zonas de

produção, incluindo regiões de clima temperado, subtropical e tropical. A viticultura de

clima temperado caracteriza-se por ciclo anual, seguido de um período de dormência

induzido pelas baixas temperaturas do inverno. É a viticultura tradicional no Sul e em

regiões de altitude do Sudeste do Brasil (CAMARGO et al., 2011).

A viticultura subtropical é praticada em regiões de inverno amenos e curtos,

porém sujeitos à ocorrência de geadas. Nessas condições, a videira tem um período de

dormência natural em junho e julho, e pode ser manejada da maneira tradicional, com

um ciclo por ano. Todavia, com a utilização de sistemas especiais de manejo, são

realizados dois ciclos vegetativos, com a obtenção de duas colheitas por ano. A

viticultura subtropical é importante no norte do Paraná e no leste de São Paulo, onde são

adotados sistemas peculiares de manejo da videira (CAMARGO et al., 2011).

A viticultura tropical é típica de regiões onde as temperaturas mínimas não são

suficientemente baixas para induzir dormência à videira. A videira cresce

continuamente e, com o uso de tecnologia apropriada, é possível a obtenção de duas ou

mais colheitas sucessivas por ano, no mesmo vinhedo. A época de colheita pode ser

programada para qualquer dia do ano. Os principais polos de viticultura tropical no

Brasil são vale do submédio São Francisco, o noroeste paulista e o norte de Minas

Gerais (CAMARGO et al., 2011).

A cadeia produtiva da uva apresenta algumas características que a diferenciam

das demais frutas. A uva que é destinada ao consumo de mesa, para o mercado interno

se divide em dois grandes grupos: fina e rústica. A uva para processamento tem várias

finalidades: para suco, para vinhos de mesa, para vinhos finos de mesa, para

espumantes, cada qual com características próprias. Para produção de vinhos finos de

alta qualidade há necessidade de limitar a produtividade, controlar a maturação, usar a

7

cultivar adequada para o produto final desejado, seja tinto, branco, seco, frutado, de

guarda, leve, entre outros (MELLO, 2007).

O setor vitivinícola brasileiro, que está concentrado nos estados do Rio Grande

do Sul e de Santa Catarina, apresenta uma característica atípica relativamente aos países

tradicionais produtores. Enquanto nos países tradicionais são admitidos apenas vinhos

produzidos com variedades de uvas finas (Vitis viniferas), no Brasil, além destes, são

produzidos vinhos a partir de variedades americanas (Vitis labrusca e Vitis bourquina) e

híbridas, que representam mais de 80% do volume total, evidenciando a dualidade desta

cadeia produtiva (PROTAS, 2008).

A vitivinicultura brasileira está passando por uma transformação. Trata-se de

uma atividade importante para a sustentabilidade da pequena propriedade no Brasil, que

tem se tornado igualmente relevante no que se refere ao desenvolvimento de algumas

regiões, com a geração de emprego em grandes empreendimentos, que produzem uvas

de mesa e uvas para processamento. Nos últimos anos, porém, a crise econômica

mundial, associada ao ingresso de outros países no mercado, dificultou a exportação de

uvas de mesa do vale do São Francisco. Além disso, o excesso da oferta de vinhos no

mercado internacional, associado ao aumento do poder aquisitivo dos brasileiros, tem

facilitado o ingresso de vinhos importados no país. Tudo isso influencia fortemente o

desempenho da vitivinicultura brasileira no mercado (MELLO, 2013).

As áreas plantada e colhida de uvas no Brasil, que já haviam apresentado

redução em 2013, no ano de 2014 diminuíram 1,23% e 0,30%, respectivamente. Dentre

os Estados tradicionais produtores de uvas, o Estado de São Paulo apresentou redução

de 12,79% na área plantada, o de Minas Gerais redução de 1,77%, o do Paraná diminuiu

sua área em 4,19% e o do Rio Grande do Sul apresentou redução de 0,86%. Nessas

regiões está ocorrendo falta de mão de obra, especialmente para os períodos de uso mais

intensivo e críticos como a poda e a colheita. Em alguns locais também a especulação

imobiliária está contribuindo para redução da área vitícola (MELLO, 2015).

Segundo MELLO, 2015, a produção de uvas destinadas ao processamento para

vinho, suco e derivados, em 2014, foi de 673,422 milhões de quilos de uvas,

representando 46,89% da produção nacional. O restante da produção, 53,11%, foi

destinado ao consumo de mesa. Comparando-se esses números, com a safra de 2013,

observa-se uma acentuada queda na porcentagem de uva destinada ao processamento

8

(MELLO, 2015). Como consequência disso, diversas cultivares de uvas são utilizadas

tanto para o processamento como para o consumo de mesa, e uma vez que o setor

vinícola tem passado por dificuldades nos últimos anos, participando inclusive de

programas de escoamento da produção do governo federal, os produtores de uvas

destinaram uma parcela maior de uvas para o mercado de mesa, que apresenta boas

perspectivas de crescimento (MELLO, 2014).

No Rio Grande do Sul, em 2014, a produção de vinhos, sucos e derivados foi de

507,84 milhões de litros, 2,60% superior à verificada em 2013. Os vinhos continuam

apresentando redução de produção. Em 2014, apresentaram redução de produção de

2,75%, sendo que os vinhos de mesa sofreram redução de 0,37%, enquanto os vinhos

finos tiveram sua produção reduzida em 12,71%. Os sucos de uva apresentaram

incremento de produção de 10,85%, cabendo o maior aumento ao suco de uva integral

28,68%. O segmento de suco tem sido uma alternativa para a sustentabilidade da

vitivinicultura brasileira, pois o vinho nacional tem experimentado demandas

decrescentes especialmente devido à forte pressão dos vinhos importados (MELLO,

2015).

Como reflexão disso, em 2014, o setor vitivinícola brasileiro apresentou déficit

de 350,77 milhões de dólares, 32,49% superior ao verificado em 2013. Enquanto as

importações mostraram aumento de 8,96%, as exportações tiveram fraco desempenho,

com redução de 35,84% em valor (MELLO, 2015).

2.1.3 Vitivinicultura no Estado de São Paulo

O Estado de São Paulo detém a terceira maior produção de uva no Brasil com

172.868 toneladas, correspondendo a 12,2%, ficando atrás do Rio Grande do Sul e

Pernambuco. Em relação à área plantada São Paulo fica em segundo lugar atrás apenas

do Rio Grande do Sul (MELLO, 2014). De modo geral, a viticultura paulista, tem como

principais regiões produtoras, Itapetininga (33,31%), Campinas, (31,9%), Jales (15,1%)

e Sorocaba (11,9%), apresentando dois mercados com cadeias produtivas distintas, que

são a produção de uvas comuns e finas para mesa, e uvas para vinhos, sendo que 99,2%

deste total é destinado para o mercado de frutas para mesa (IEA, 2011). No Estado de

São Paulo, destacam-se dois polos vitícolas: um na região noroeste e outro na região

leste. Na região noroeste, centrada em Jales, ocorre a viticultura tropical, com

9

predomínio de uvas para consumo de mesa. A principal cultivar utilizada é a ‘Itália’ e as

suas mutações (PROTAS et al., 2006). Nos últimos anos, porém, notou-se forte

tendência no aumento da área plantada com a cultivar ‘Niagara Rosada’ nessa região,

em virtude do menor custo de produção e maior preço de revenda, quando comparado

com as variedades de uva fina para mesa. Infere-se que o melhor preço de revenda se

deve à época de colheita, realizada na entressafra da região sudoeste do Estado de São

Paulo, considerada a região tradicional de cultivo (TECCHIO et al., 2011a).

Na região leste, destacam-se as Regionais Agrícolas de Campinas, Itapetininga e

Sorocaba, com viticultura de clima temperado. Destaca-se no primeiro grupo, centrado

nos municípios de Jundiaí, Vinhedo, Indaiatuba, Valinhos e Campinas, a produção de

uva americana para consumo de mesa, com predomínio absoluto da ‘Niagara Rosada’.

No segundo grupo, que tem por município pólo São Miguel Arcanjo, estão as uvas finas

de mesa, representadas pela cultivar Itália e suas mutações ‘Rubi’ e ‘Benitaka’.

Atualmente, na região leste as uvas destinadas à elaboração de vinho, representando,

aproximadamente, 0,7% do total, todas americanas e híbridas (PROTAS et al., 2002;

PROTAS et al., 2006).

Segundo VERDI et al. (2011), de um lado, os melhores preços obtidos pelas

variedades de uva de mesa paulistas e, de outro, a disponibilidade e preço das uvas para

vinho do Rio Grande do Sul constituem os fatores que justificam a utilização das uvas e

vinhos gaúchos na vinificação e engarrafamento paulista e a baixa utilização de uvas

provenientes da região para o processamento. Porém, tanto a importação da uva quanto

do vinho pelos viticultores e engarrafadores paulistas geram sérias implicações

negativas para a qualidade e para a construção da identidade do produto.

Contudo, a intensificação do turismo rural, com a criação do projeto “Circuito

das Frutas” e a elaboração do “Circuito do Vinho”, tem estimulado os produtores a

voltarem com a produção de vinho artesanal na região de Jundiaí. Tais ações têm

contribuindo para que os viticultores tenham obtido com a venda de produtos ‘in natura’

e produtos manufaturados artesanalmente nas propriedades aos turistas, fonte adicional

de renda, que tem permitido a sobrevivência e a manutenção destes na atividade rural,

resistindo à pressão imobiliária de venda de suas propriedades. Porém, a carência de

informações sobre tecnologia de produção de uva para vinho, assim como de variedades

adaptadas para a região, precisa ser resolvida (SILVA et al., 2008; VERDI et al., 2011).

10

2.2 Cultivares de Uvas para Vinificação

Existem, no mundo, milhares de variedades de uva. A maioria delas pertence à

espécie Vitis vinifera, originária do Cáucaso, de onde foi difundida por toda a costa

mediterrânea há centenas de anos, seja para a produção de fruta para consumo de mesa,

seja como matéria-prima para a elaboração de vinhos. Foi na costa mediterrânea que, ao

longo de séculos de cultivo, foram selecionadas milhares de variedades de Vitis vinifera,

especialmente variedades destinadas à elaboração de vinhos (CAMARGO et al., 2009).

A grande diversidade morfológica e genética, aliada à fácil propagação

assexuada, levou-a a um número expressivo de cultivares, estimado em milhares. Este

número é ampliado ano a ano, como resultado de diversos programas de melhoramento

em andamento em vários países. Apesar da variabilidade genética disponível, o número

de cultivares utilizadas em escala comercial em cada região produtora é relativamente

pequeno (LEÃO et al., 2009).

Similar ao que ocorre com as uvas de mesa, também existe dois tipos

característicos de vinho: os vinhos finos de mesa, elaborados com uvas V. vinifera e os

vinhos de mesa ou comuns, elaborados a partir de uvas americanas de V. labrusca, V.

bourquina e cultivares híbridas interespecíficas. Mesmo com todos os esforços já

enviados para substituir as uvas americanas por uvas finas, cerca de 80% do vinho

brasileiro é vinho comum (LEÃO et al., 2009).

Segundo GUERRA (2002) um dos principais entraves para a produção nacional

de vinhos finos, é a dificuldade de colher uvas com índices satisfatórios de maturação e

de sanidade, com reflexos negativos importantes sobre a qualidade e tipicidade dos

vinhos, por causa do excesso de chuvas de verão que coincide com o período de

maturação e colheita da uva. Ao contrário da falta de adaptação das cultivares

europeias, as uvas americanas são denominadas de uvas rústicas, por serem menos

exigentes em tratos culturais e mais tolerantes às doenças, estando mais bem adaptadas

às condições de clima úmido e chuvoso que prevalecem em importantes regiões

vinícolas brasileiras (LEÃO et al., 2009). Além do mais, as doenças fúngicas oferecem

risco permanente à produção, obrigando ações de controle preventivo e onerando os

custos de produção (CAMARGO et al., 2009).

Outro entrave, segundo CAMARGO et al. (2009) é a preferência de significativa

parcela de consumidores pelo vinho comum, seja pelas suas características

organolépticas, como o aroma foxado, seja pelo preço mais acessível. Segundo LEÃO

11

et al. (2009) as variedades americanas podem ainda ser utilizadas com dupla finalidade,

tanto para produção de sucos e vinhos comuns quanto para consumo como fruta fresca.

Devido a essa falta de adaptação das cultivares europeias e a preferência por

parte dos consumidores, a vitivinicultura brasileira nasceu e cresceu com base em uvas

americanas, as chamadas uvas comuns (CAMARGO et al., 2009). Como regra, são

cultivares de alta produtividade e tolerantes às doenças fúngicas, adaptando-se bem às

condições ambientais do Sul do Brasil. Pode-se destacar as cultivares americanas e

híbridas como Isabel, Concord, Bordô, Niagara Rosada, Niagara Branca, BRS Lorena,

BRS Cora, que apresentam maior produtividade, maior resistência às doenças como

míldio [Plasmopora viticola (Berk. & Curtis)] e podridão cinzenta da uva [Botrytis

cinérea (Pers.)] (CAMARGO, 2003; GIOVANNINI, 2005).

Segundo CAMARGO et al. (2009) caracteriza-se, assim, a demanda por

cultivares de uvas brancas que sejam produtivas, tolerantes às doenças fúngicas,

principalmente às podridões do cacho, com elevado teor de açúcares e acidez

equilibrada, aptas à elaboração de vinhos brancos aromáticos, com tipicidade varietal.

Junto a isso, viticultores da região de Jundiaí vêm demonstrando interesse na

implementação de áreas com uva que propiciem a obtenção de vinhos de qualidade

superior àqueles elaborado na região, oriundas de cultivares americanas (ORLANDO et

al., 2008).

Deste modo, um híbrido selecionado no Instituto Agronômico destacou-se pela

qualidade de cachos, bagas e pela rusticidade, sendo denominado de SR 501-17. O

híbrido foi desenvolvido na antiga Estação Experimental de São Roque, pelo

pesquisador Wilson Corrêa Ribas, é uma uva branca, de bagas pequenas, esféricas, de

sabor suavemente moscatel, com sementes e ciclo de maturação mediano.

Segundo KUHN et al. (1996), videiras híbridas, são cultivares provenientes de

cruzamentos e que, de uma maneira geral, apresentam maior resistência às moléstias e

pragas que as europeias e qualidade um pouco superior à das americanas para

vinificação.

Além da falta de adaptação já citada, sabe-se também, que as cultivares tintas

encontram maiores dificuldades para atingir um ponto ideal de maturação, notadamente

da maturação fenólica, fator que afeta negativamente a qualidade dos vinhos

(GUERRA, 2002). Por outro lado, as cultivares brancas podem representar uma boa

alternativa aos viticultores e vinicultores, pois a qualidade de seus vinhos, além de não

depender da maturação fenólica, aceita maiores teores de acidez total. Poucas

12

informações são disponíveis na literatura com relação ao comportamento de novas

obtenções de variedades brancas de videira em diferentes regiões brasileiras (REGINA

et al., 2006).

2.3 Utilização de Porta-enxertos

Atualmente, dispõe-se de diversos porta-enxertos obtidos por seleção e,

principalmente, de hibridações entre espécies americanas que, além de eficientes no

controle da filoxera, são dotados de outras aptidões importantes que permitam o

desenvolvimento harmônico do conjunto enxerto/ porta-enxerto visando uma produção

equilibrada e a manutenção uniforme da uva. Entre as aptidões do porta-enxerto deve-se

considerar, em especial: vigor vegetativo, sistema radicular, resistência a nematoides e

afinidade com a produtora (KUHN et al., 1996).

O Instituto Agronômico de Campinas tem disponibilizado desde o final da

década de 1950 uma série de variedades de porta-enxertos de videiras desenvolvidos

para regiões tropicais, que tem dado importante contribuição para o desenvolvimento da

viticultura do país. O IAC 766 ‘Campinas’ vem substituindo os porta-enxertos mais

antigos, nas regiões tradicionais produtoras de uvas rústicas de mesa; o IAC 572 ‘Jales’

permitiu o desenvolvimento da viticultura voltada para uvas finas para mesa na região

de Jales, SP e atualmente utilizado como base da viticultura na Tailândia; o IAC 313

‘Tropical’ foi o responsável pelo desenvolvimento da viticultura voltada para uvas finas

de mesa para exportação, do Vale do São Francisco, no Nordeste do Brasil e, mais

recentemente, o IAC 571-6 ‘Jundiaí’ que vem se mostrando tolerante à pérola-da-terra

(HERNANDES et al., 2010b).

Segundo TERRA et al. (2014) os principais porta-enxertos utilizados para

produção de vinho nas tradicionais regiões de Jundiaí e São Miguel Arcanjo são

‘Ripária do Traviú’ ou ‘106-8 Mgt’, ‘IAC 766’ e ‘IAC 571-6’. Já nas regiões oeste e

noroeste recomendam-se os porta-enxertos ‘IAC 572’, ‘IAC 766’ e ‘IAC 313’.

‘IAC 313’ ‘Tropical’: originou-se do cruzamento do porta-enxerto Golia com a

espécie Vitis smalliana. É um porta-enxerto bem vigoroso, adapta-se bem a diferentes

tipos de solo, é pouco afetado por doenças da parte aérea e suas estacas apresentam bom

índice de enraizamento. Apresenta bons resultados mesmo em solos infestados com

13

nematoides. É ideal para climas tropicais, sendo importante no vale do rio São

Francisco. Está perfeitamente adaptado às condições edafoclimáticas do Estado de São

Paulo. Seus ramos lignificam tardiamente e dificilmente perdem as folhas (Pommer et

al., 1997). Apresenta afinidade com diversas variedades de uvas finas com e sem

sementes entre as quais a Itália e suas mutações, Rubi, Benitaka e Brasil, e Redimeire,

Redglobe, Centennial Seedless e Piratininga (HERNANDES et al., 2010b).

‘IAC 766’ ‘Campinas’: foi obtido por Santo Neto, em 1958, a partir do

cruzamento do porta-enxerto ‘Traviú’ e Vitis caribaea. Resistente às moléstias da folha

e com bom índice de pegamento (POMMER et al., 1997). SANTOS NETO (1973)

afirmou que este porta-enxerto é um dos mais indicados para uvas finas de mesa. Isto

porque é a menos vigorosa das três cultivares do IAC, tendo que entrar em dormência

nos meses de abril a julho, nas condições brasileiras de outono/inverno mais ameno.

Bastante usado em São Paulo e norte do Paraná (HERNANDES et al., 2010b). Tem

apresentado afinidades com as mais diversas variedades, dentre elas as Niagaras Branca

e Rosada, Itália e mutações, Redglobe, Centennial Seedless, Patrícia, Maria, Paulistinha

e Máximo (HERNANDES et al., 2010b).

‘IAC 572’ ‘Jales’: resultante do cruzamento Vitis caribaea e RR 101-14, em

1970 por Santos Neto. Apresenta ótimo vigor, tanto em solo argilosos como nos

arenosos e suas folhas apresentam boa resistência ás moléstias. Porta-enxerto e origem

tropical, com alta capacidade de enraizamento e vigor muito alto. Pode ser empregado

nas áreas litorâneas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e nos Estados de Mato

Grosso e Mato Grosso do Sul, sendo o mais indicado para as regiões noroeste e oeste do

Estado de São Paulo (POMMER et al., 1997). Segundo CAMARGO (1998) é o porta-

enxerto mais plantado na viticultura tropical em substituição à ‘IAC 313’. Tem

afinidade com a Itália e mutações, Redglobe, Centennial Seedless, Niagaras Rosada e

Branca (HERNANDES et al., 2010b).

‘IAC 571-6’ ‘Jundiaí’: Este cultivar, originado do cruzamento de Vitis caribaea

e Pirovano 57, feito por Santos Neto. É vigoroso e vegeta bem tanto em solos argilosos

como arenosos. Suas folhas são resistentes às principais moléstias fúngicas e as estacas

apresentam ótimo pegamento (POMMER et al., 1997). Ainda pouco usado, tem

afinidade com Patrícia, Niagaras Rosada e Branca, Máximo e Rainha. Tem demonstrado

boa tolerância à pérola-da-terra (HERNANDES et al., 2010b).

14

‘Golia’: introduzido da Itália, é especialmente adaptado para terrenos profundos,

leves ou pesados, e revela afinidade com a maioria dos cultivares em uso. Suas estacas

apresentam bom pegamento, mas as folhas sofrem ataque da antracnose e do míldio

(PEREIRA & LEITÃO F., 1973).

2.4 Interação Copa/porta-enxerto na Produção e Características Físicas de Frutos

O uso do porta-enxerto na viticultura mundial teve início a partir do final do

século 19, quando ocorreram a introdução acidental e a infecção dos vinhedos europeus

pelo inseto natural dos Estados Unidos, conhecido como filoxera, Daktulosphaira

vitifolii, o que obrigou o uso de espécies selvagens de videiras americanas tolerantes,

como Vitis riparia, V. rupestris, V. berlandieri, V. cordifolia e seus híbridos, como

porta-enxerto. Deste modo, as espécies selvagens de videiras americanas formaram a

base genética da maioria dos porta-enxertos utilizados até hoje no mundo inteiro (LEÃO

et al., 2009).

Segundo KISHINO et al. (2007), as variedades americanas e seus híbridos são

tolerantes à forma radicícola da praga filoxera, por apresentarem casca muito ativa, que

cicatriza rapidamente a ferida provocada pela picada do inseto.

A escolha do porta-enxerto a ser utilizado num vinhedo fundamenta-se sobre

determinadas características que são inerentes à interação entre ele e o meio ambiente.

Dentre essas características, salientam-se, principalmente, a tolerância do porta-enxerto

aos fungos e nematóides do solo, as características do solo e da variedade de videira a

ser cultivada, as condições de cultivo e o objetivo da produção. Tem-se que considerar,

ainda, as características que essa interação transmite à copa e, consequentemente, à uva

e ao vinho (MIELE et al, 2009).

Segundo LEÃO et al. (2009), o desenvolvimento da copa é influenciado pelo

porta-enxerto, vez que porta-enxertos poucos vigorosos podem imprimir menor vigor à

copa, podendo resultar em um melhor equilíbrio entre crescimento vegetativo e

produção de frutos. BARROS (1995) afirmou que a capacidade de transmitir à copa

maior vigor pode estar relacionada ao grau de resistência ou tolerância às condições

desfavoráveis do solo. Para uvas de mesa, a utilização de porta-enxertos de menor vigor

15

pode resultar em um porte menor da planta e melhor exposição de gemas e folhas à luz

solar, aumentando a fertilidade de gemas e, consequentemente, a quantidade de frutos.

PASTENA (1981) relatou que a combinação enxerto e porta-enxerto em

viticultura é avaliada por diversas interações e respostas no potencial vegetativo e

produtivo das plantas, bem como na qualidade dos frutos. Isto porque o porta-enxerto

influencia o crescimento vegetativo, a produção e a qualidade do cacho da videira, sofre

grande interferência edafoclimática, e responde diferentemente de acordo com a copa

sobre ele enxertada (HARTMANN & KESTER, 1990). Este comportamento pode

confundir o melhorista na indicação da melhor combinação variedade copa e porta-

enxerto.

Para cada relação copa/porta-enxerto existe um equilíbrio fisiológico que,

segundo HARTMANN & KESTER (1990), é resultante de um mecanismo de

reciprocidade entre as duas partes, relacionado com a absorção e transporte de água e

minerais e mecanismos endógenos de crescimento. Os porta-enxertos mais vigorosos,

de modo geral, aproveitam melhor a água e os nutrientes do solo, favorecendo um

melhor desenvolvimento da copa. Entretanto, não necessariamente aumentam a

produção da variedade.

Tem sido observado que o uso da enxertia além de ser um meio eficiente no

controle da filoxera, proporciona uma maior produção em comparação às videiras de

pé-franco. De acordo com EDWARDS (1988), isto pode ser explicado pelo fato de que

os porta-enxertos conferem uma alta densidade de raiz e maior vigor à copa, se

comparados ao pé-franco. Além disso, plantas enxertadas antecipam a produção, uma

vez que na região em que foi realizada a enxertia ocorre um relativo estrangulamento à

passagem de seiva nos dois sentidos, podendo promover aumento na relação carbono/

nitrogênio na copa (FAUST, 1989; HARTMANN & KESTER, 1990).

Atualmente, inúmeras cultivares de porta-enxerto encontram-se disponíveis aos

viticultores. Entretanto, cada uma delas apresentam vantagens e deficiências, e só com a

experimentação pode-se determinar com regular precisão qual a mais adequada para

determinada região (POMMER et al., 1997). Soma-se a essa condição o fato do avanço

dos programas de melhoramento, colocando no mercado novas cultivares, tanto de copa

quanto de porta-enxertos, obrigando os pesquisadores, mais uma vez, a lançar mão de

experimentação para encontrar o melhor porta-enxerto para cada local (ALVARENGA

et al. 2002).

16

Vários estudos foram realizados para verificar a influência de porta-enxertos

sobre o desempenho agronômico de diferentes cultivares copa de videira para mesa e

vinho, destacando-se a cultivar Niagara Rosada com o maior número de trabalhos

realizados.

PAULETTO et al. (2001a), avaliaram a produção e o vigor da videira ‘Niagara

Rosada’ enxertada sobre 6 diferentes porta-enxertos, em Taubaté. Os porta-enxertos

ultilizados foram: ‘IAC 313’, ‘IAC 766’, ‘Kober 5BB’, ‘Traviu’ e ‘Schwarzmann’. Os

porta-enxertos ‘IAC 313’ e ‘IAC 766’, de maneira geral, proporcionaram as maiores

produções por planta. Em relação ao número de cachos colhidos e volume de material

podado, novamente o ‘IAC 313’ e ‘IAC 766’ se destacaram, mostrando que o maior

vigor proporcionado pelo porta-enxerto a copa resultou em maior produção. Assim, os

porta-enxertos mais indicados para videira ‘Niagara Rosada’ cultivada no município de

Taubaté foram o ‘IAC 313’, o ‘IAC 766’ e o ‘Traviu’, e os nãos indicados, ‘Kober 5BB’

e o ‘Schawarzmamm’.

PAULETTO et al. (2001b) em Taubaté, também avaliaram durante 7 safras o

comprimento, a largura e a massa do cacho, o número e a massa de bagas por cacho e o

teor de sólidos solúveis totais na baga. Os cachos obtidos nas plantas enxertadas com

‘IAC 313’, ‘IAC 766’ e ‘Traviú’, apresentaram tamanho e massa significativamente

maior do que o enxertado no ‘Kober 5BB’ e no ‘Schawarzmann’, na média geral do

experimento. Para o número de bagas por cacho o comportamento dos porta-enxertos,

na média do experimento, foi igual ao tamanho e massa dos cachos. Já a massa média

das bagas no ‘IAC 766’ e ‘Traviú’ foi significativamente maior em relação à observada

no ‘Schawarzmann’, mas não deferiu do ‘Kober 5BB’ e ‘IAC 313’. Na avaliação do

teor de sólidos solúveis dos frutos, constatou-se que os frutos colhidos sobre o ‘Kober

5BB’ e ‘Schwarzmann’ apresentaram maior teor de sólidos solúveis do que os obtidos

sobre o ‘IAC 313’.

Em Monte Alegre do Sul, TERRA et al. (2003), avaliaram o desempenho da

cultivar de uva para mesa Niagara Rosada sobre diferentes porta-enxertos. Os porta-

enxertos avaliados foram: Schwarzmann, ‘IAC 572’, ‘IAC 313’, ‘Traviú’, ‘IAC 766’ e

‘Kober 5BB’. Comparando as médias dos seis anos de duração do experimento, foi

observado que os porta-enxertos ‘IAC 313’, ‘Traviú’ e ‘IAC 766’ induziram as maiores

produções por parcela, sem diferirem estatisticamente entre si. Já o porta-enxerto

‘Kober 5BB’ proporcionou a copa a produzir a menor quantidade de cachos e produção

17

por planta, possivelmente devido ao seu baixo vigor e pouca adaptabilidade aos solos

ácidos, não sendo recomendado para região de Monte Alegre do Sul-SP.

ALVARENGA et al. (2002) estudaram a influência do porta-enxerto sobre o

crescimento e produção da cultivar de videira Niagara Rosada em condições de solo

ácido em Caldas. Foi utilizado os porta-enxertos: ‘IAC 572’, ‘IAC 313’, ‘IAC 766’,

‘420 A’, ‘1103 P’, ‘Traviú’, ‘196-17 Cl’, ‘Gravesac’ e ‘RR 101-14’, mais o pé franco da

variedade produtora. O maior vigor à copa foi obtido com o uso das cultivares porta-

enxerto ‘IAC 766’, ‘IAC 572’, ‘IAC 313’, ‘1103 P’ e ‘Traviú’, que não diferiram em si.

Em relação ao número de cachos, os resultados foram iguais as combinações que

haviam exibido maior vigor, com exceção do ‘Gravesac’. Foi evidenciado, que em solos

pobres, os porta-enxertos mais vigorosos podem proporcionar maiores produções à

copa, sem provocar excesso de vegetação, em detrimento à produção. A cultivar ‘IAC

572’ foi a que proporcionou a cultivar Niagara Rosada a produzir cachos mais pesados,

sendo seguido pelo ‘IAC 313’ e ‘IAC 766’. Foi observado também, que os porta-

enxertos que proporcionaram as maiores produções à copa foram aqueles que

conferiram o menor teor de sólidos solúveis e pH e os maiores teores de acidez.

Em Jundiaí, PEDRO JÚNIOR et al. (2006), realizaram experimento com a

cultivar ‘Niabell’, uva de mesa, sobre três porta-enxertos, durante três safras plenas.

Foram utilizados os porta-enxertos ‘IAC 572’, ‘IAC 766’ e ‘Ripária do Traviú’.

Ocorreu diferença significativa, somente na variável massa de cacho, onde o ‘IAC 766’

se destacou em relação aos outros porta-enxertos. Para as variáveis duração do ciclo e

produção, não foram observadas diferenças significativas.

Em Mococa, TERRA et al. (2001) estudaram a produtividade de cultivares de

uvas para suco, ‘Concord’, ‘Isabel’ e ‘Seibel 2’, sobre diferentes porta-enxertos IAC. Os

autores observaram, que na média de 6 anos de avaliação, os porta-enxertos ‘IAC 571-

6’, ‘IAC 313’ e ‘IAC 572’ foram superiores ao ‘IAC 766’, na relação kg.planta-1

e não

diferiram entre si. Já para variável peso de ramos podados, a análise conjunta revelou

que ‘IAC 766’, ‘IAC 313’ e ‘IAC 572’ induziram maior peso de ramos podados do que

‘IAC 571-6’, na média dos cinco anos avaliados.

TERRA et al. (1990a) avaliaram o uso de diferentes porta-enxertos para a

cultivar ‘IAC 138-22 Máximo’ de uva de vinho em Monte Alegre do Sul, São Paulo. Os

porta-enxertos avaliados foram o ‘RR 101-14’, ‘Golia’, ‘Riparia do Traviú’, ‘IAC 572’

e ‘IAC 313’. Durante 8 anos a produção por planta foi avaliada e em 3 dos 4 anos que

18

existiu diferença estatística, o ‘IAC 572’ superou os demais porta-enxertos. Os demais

porta-enxertos tiveram comportamento semelhante. Quanto à avaliação do número de

cachos por planta, o ‘IAC 572’ também foi superior, considerando-se a média dos três

anos. Desse modo, o ‘IAC 572’ foi o melhor porta-enxerto para a cultivar de uva para

vinho ‘IAC 138-22 Máximo’. O ‘IAC 313’ também apareceu com uma alternativa, já o

‘Ripária do Traviú’, ‘Golia’ e ‘RR 101-14’ não foram recomendados.

Em duas localidades, TERRA et. al., 1990b, avaliaram a produtividade das

cultivares de uva para vinho, ‘IAC 116-31 Rainha’, ‘IAC 133-22 Máximo’, ‘IAC 960-

12’ e ‘IAC 960-9 Sanches’ como produtores diretos e sobre diferentes porta-enxertos. O

experimento ocorreu em Tietê (oito anos) e Tatuí (seis anos), com os porta-enxertos

‘IAC 313’, ‘IAC 766’ e ‘Riparia do Traviú’. Foram analisados a produção de uvas em

grama.planta-1

e o peso de ramos podados em grama.parcela-1

. No conjunto dos

ambientes, anos e locais, as maiores produções, foram obtidas com o ‘IAC 138-22’ e

‘IAC 960-9’ enxertadas sobre o ‘IAC 313’. Nas condições de Tietê, o ‘IAC 133-22’ e o

‘IAC 960-9’ enxertados sobre o ‘IAC 766’ apresentaram potencial produtivo

semelhante ao obtido quando sobre o ‘IAC 313’.

SILVA et al. (2015) avaliaram as características de produção e a qualidade física

de diferentes cultivares de uvas para vinho sobre os porta-enxertos ‘IAC 766’ e ‘106-

Mgt’, no município de Jundiaí. As cultivares copa utilizadas foram a ‘Isabel’, ‘Bordô’,

‘IAC 138-22 Máximo’, ‘IAC 116-31 Rainha’, ‘IAC 21-14 Madalena’, ‘BRS Lorena’ e

‘BRS Violeta’. Não houve interação significativa entre os porta-enxertos e as cultivares

copa na produção, produtividade, comprimento do cacho e engaço e na relação

comprimento.largura de baga-1

. Em relação ao número de cachos por plantas, houve

diferença significativa entre os porta-enxertos para cv. ‘Isabel’, na qual o ‘106-8 Mgt’

proporcionou maiores valores dessa variável. Maiores valores de massa fresca e largura

de cacho ocorreram quando BRS Lorena foi enxertada sobre ‘106-8 Mgt’. Para as

cultivares ‘IAC 116-31 Rainha’, ‘IAC 21-14 Madalena’ e ‘BRS Violeta’, o porta-

enxerto ‘IAC 766’ proporcionou o maior valor de largura de cacho. Quanto à massa

fresca de engaço, o porta-enxerto ‘106-8 Mgt’ proporcionou maior valor para cultivar

‘BRS Lorena’. Esse mesmo porta-enxerto proporcionou ainda maior valor de largura de

engaço nas cultivares ‘Bordô’, ‘IAC 138-22 Máximo’ e ‘IAC 116-31 Rainha’. O porta-

enxerto ‘IAC 766’ proporcionou menores valores da relação massa fresca de

engaço.massa fresca de cacho-1

para cultivar ‘IAC 116-31’. A cultivar ‘IAC 138-22

Máximo’ obteve maior número de bagas quando enxertadas sobre o ‘IAC 766’, ao

19

passo que a ‘BRS Lorena’ quando enxertada nesse porta-enxerto, apresentou menor

número de bagas. A cultivar ‘Bordô’ apresentou maiores valores de massa fresca e

largura de bagas quando enxertadas sobre o ‘IAC 766’, ao passo que a ‘IAC 138-22

Máximo’ apresentou maior valor de massa fresca de bagas quando enxertada sobre

‘106-8 Mgt’. Para cultivar ‘BRS Violeta’ a maior largura de baga foi obtida quando

enxertada sobre o ‘IAC 766’. Quanto ao número de sementes por baga o porta-enxerto

‘106-8 Mgt’ propocionou menor número sobre a cultivar ‘IAC 138-22 Máximo’. A

interação ‘IAC 766’ e ‘IAC 116-31 Rainha’ resultou em menor quantidade de massa

fresca de sementes por baga e menor relação massa fresca de sementes por baga/massa

fresca de baga. Para cultivar ‘BRS Violeta’ a menor quantidade de massa fresca de

sementes por baga ocorreu quando enxertada sobre ‘106-8 Mgt’.

2.5 Interação Copa/porta-enxerto na Qualidade Química do Mosto da Uva e do

Vinho

A vitivinicultura brasileira vem evoluindo nos últimos anos em busca de novas

tecnologias que introduzam melhorias na qualidade do vinho, tornando-o competitivo

no cenário internacional (GARDIN et al., 2012). O principal desafio para continuidade

desta evolução qualitativa é a melhoria da qualidade da uva, pois é sabido que as

condições climáticas verificadas durante o período de maturação da uva das principais

regiões vitícolas brasileiras, várias vezes, não permitem a obtenção de ótimo estado de

maturação, quer seja pelo excesso de precipitação pluvial, comum nos Estados do Sul,

exceção feita aos anos de seca nas regiões vitícolas gaúchas, quer seja pela falta da

amplitude térmica entre dia e noite que ocorre nas regiões tropicais (GUERRA, 2002).

Numerosos trabalhos também têm demonstrado que os porta-enxertos podem

afetar o crescimento, a produtividade, a qualidade dos frutos da videira e a qualidade do

vinho (MORRIS et al., 2005; WOLPERT, 2005). Esses resultados, de forma direta ou

indireta, são consequências das interações entre fatores ambientais e a fisiologia do

enxerto, e cultivares de porta-enxerto. Segundo KRSTIC et al. (2005) a utilização de

porta-enxertos não é só um meio eficaz de controlar pragas biológicas importantes, tais

como filoxera e nematoides, mas também pode ser utilizado de forma eficaz para

regular a composição da uva e as características organolépticas do vinho.

20

De maneira geral, a indicação do porta-enxerto baseia-se na melhor adaptação

deles às condições ambientais e à compatibilidade com a copa, o que afeta diretamente a

produtividade e algumas características químicas da baga, como pH, acidez e teor de

sólidos solúveis (º Brix). Entretanto, a absorção de nutrientes, o acúmulo de compostos

fenólicos e o teor de antocianinas são parâmetros de qualidade que também devem ser

levados em conta na escolha da melhor combinação copa/porta-enxerto (MOTA et al.,

2009).

No submédio do vale do São Francisco, LIMA et al. (2014), avaliaram a

influência dos porta-enxertos sobre a qualidade da uva ‘BRS Cora’, destinada a

elaboração de suco. Foram avaliados sete porta-enxertos: ‘IAC 313’, ‘IAC 572’, ‘IAC

766’, ‘Paulsen 1103’, ‘Harmony’, ‘420 A’ e ‘SO4’. Não foram observadas diferenças

significativas para o peso médio dos cachos e para luminosidade da casca, entre os

porta-enxertos. Para a acidez titulável, os valores foram elevados em todas as

combinações de porta-enxerto, principalmente sobre ‘IAC 572’, que não diferiu do

tratamento ‘IAC 313’. Este último mostrou-se estatisticamente equivalente aos demais

porta-enxertos. Houve diferenças para os teores de solúveis entre os porta-enxertos. As

uvas colhidas de plantas enxertadas sobre ‘420 A’ e ‘Harmony’ acumularam mais

açúcares do que aquelas enxertadas no porta-enxerto ‘IAC 313’, mas não deferiram dos

outros porta-enxertos.

SATO et al. (2008b) avaliaram as características físico-químicas e produtivas

das uvas ‘Isabel’ e ‘BRS-Rúbea’ destinadas a elaboração de suco sobre diversos porta-

enxertos na região norte do Paraná. Os porta-enxertos avaliados foram ‘IAC 766’, ‘IAC

572’, ‘420 A’. De acordo com os resultados obtidos, para o número de esporões e de

gemas por planta e por hectare, ocorreu influência do porta-enxerto sobre a copa

‘Isabel’. Verificou-se que o maior número de esporões e gemas, tanto por planta como

por hectare, foi obtido pela cultivar Isabel sobre o ‘IAC 766’. Entretanto não ocorreu

diferença significativa entre a ‘Isabel’ sobre o ‘IAC 766’ e o ‘IAC 572’, para o número

de esporões por hectare. Para as características químicas da uva, o teor de sólidos

solúveis (SS), acidez titulável (AT), índice de maturação (SS/AT), pH do mosto das

bagas, o porta-enxerto não exerceu influência sobre as copas.

Em Caldas, MG, MOTA et al. (2009) avaliaram a produtividade e a composição

físico-química de bagas de cultivares de uva em distintos porta-enxertos. As cultivares

21

escolhidas foram a Niagara Rosada e a Folha de Figo. Os porta-enxertos foram ‘IAC

572’, ‘IAC 313’, ‘IAC 766’, ‘420 A’, ‘1103 Paulsen’, ‘Traviú’, ‘196-17’, ‘Gravesac’ e

‘RR 101-14’ e o pé-franco. Da variedade produtora foi avaliada a produção e o vigor.

Na análise da composição química das bagas, foram avaliados os teores de sólidos

solúveis, pH e acidez total titulável no mosto, antocianinas e fenólicos totais nas cascas,

fenólicos totais nas sementes e o teor de potássio nas bagas. A maior produção e vigor

foram obtidas com a utilização do porta-enxerto ‘IAC 572’, para as duas cultivares

avaliadas na média das safras. Para cultivar Niagara Rosada entre os porta-enxerto que

apresentaram maior produtividade, aqueles que conferiram as melhores características

às bagas foram ‘RR 101-14’, ‘420 A’ e ‘Gravesac’. Destes, ‘RR 101-14’ e ‘420 A’

destacaram-se pelas maiores relações sólidos solúveis/acidez titulável, enquanto

Gravesac proporcionou maior acúmulo de antocianinas na casca. Para culivar Folha de

Figo, entre os porta-enxertos mais produtivos, os que conferiram melhor teor de

antocianinas e fenólicos totais foram ‘IAC 766’, ‘Traviú’ e ‘196-17’ e o que apresentou

melhor relação sólidos solúveis/acidez foi o ‘196-17’. Em relação ao acúmulo de

potássio nas bagas, os maiores teores encontrados na cultivar ‘Folha de Figo’, foram das

plantas enxertadas sobre o ‘IAC 766’, ‘1103 Paulsen’ e ‘Gravesac’ e para ‘Niagara

Rosada’, nos porta-enxertos ‘IAC 766’ e ‘Traviú’.

NASCIMENTO et al. (2015) avaliaram a composição físico-química do vinho

da cv. Syrah, provenientes de videiras conduzidas em diferentes sistemas de condução e

porta-enxertos no submédio do vale do São Francisco. Foram utilizados dois sistemas

de condução em espaldeira e lira e os porta-enxertos ‘IAC 313’, ‘Paulsen 1103’, ‘IAC

572’, ‘SO4’, ‘IAC 766’ e ‘Harmony’. Independentemente do sistema de condução e

porta-enxerto, os valores de pH dos vinhos foram elevados (≥ 3,8), da mesma forma que

a acidez total titulável foi baixa (≤ 5,4 gL-1

). Os valores de acidez volátil também se

encontram abaixo do valor máximo permitido pela legislação. Para ambos, sistemas de

condução, os vinhos originados do porta-enxerto ‘IAC 572’ apresentaram maior valor

de extrato seco. Por sua vez, o teor alcoólico dos vinhos foi maior quando a variedade

copa foi cultivada sobre o porta-enxerto ‘IAC 572’ nos dois sistemas de condução e

sobre ‘IAC 766’ em espaldeira. O porta-enxerto ‘IAC 572’, proporcionou o maior teor

de antocianinas monoméricas totais em sistema em lira (255,49 mgL-1

). O mesmo porta-

enxerto em sistema lira, também originou a maior intensidade de cor ao vinho,

juntamente com ‘IAC 766’ e ‘Paulsen 1103’, se destacou no valor de índice de

22

polifenóis totais (IPT), para ambos os sistemas de condução. Em sistema espaldeira,

obtiveram maior conteúdo de compostos fenólicos os vinhos dos porta-enxertos ‘IAC

572’, ‘Paulsen 1103’ e ‘Harmony’, enquanto em sistema lira, destacaram-se as bebidas

originadas das uvas cultivadas sob ‘IAC 313’, ‘IAC 766’ e ‘SO4’.

Em experimento realizado em Jundiaí, SILVA et al. (2015) avaliaram a

influência de porta-enxerto na composição físico-química dos mostos e dos vinhos ‘IAC

116-31 Rainha’, ‘IAC 21-14 Madalena’ e ‘BRS Lorena’, bem como nos teores de

compostos fenólicos e atividade oxidante dos mesmos. Foram utilizados os porta-

enxertos ‘IAC 766’ e ‘106-8 Mgt’. As características do mosto da cv. ‘IAC 21-14

Madalena’ não foram influenciadas pelos porta-enxertos, no entanto, o porta-enxerto

‘IAC 766’ promoveu maior relação sólidos solúveis/ acidez titulável no mosto da cv.

‘IAC 116-13 Rainha’ e menor no mosto da cv. BRS Lorena. O porta-enxerto ‘IAC 766’

promoveu maior teor alcoólico e menor pH no vinho ‘IAC 116-31 Rainha’. No vinho

‘IAC 21-14 Madalena’, o ‘IAC 766’ promoveu maior teor de extrato seco e menor de

dióxido de enxofre total. Já a menor acidez e a maior acidez fixa foram promovidas pelo

‘106-8 Mgt’ no vinho ‘BRS Lorena’. Não houve influência dos porta-enxertos nos

compostos fenólicos e atividade antioxidante dos vinhos.

2.6 Interação Copa/porta-enxerto na Duração dos Estádios Fenológicos

Na introdução de novas variedades, a fenologia desempenha importante função,

pois permite a caracterização da duração das fases do desenvolvimento da videira em

relação ao clima, especialmente às variações estacionais, além de ser utilizada para

interpretar como a cultura interage com as diferentes regiões climáticas (TERRA et al.,

1998). MULLINS et al. (1992) definiram a fenologia como o estudo de eventos ou

estádios de crescimento que ocorrem sazonalmente e suas relações com vários fatores

climáticos, incluindo temperatura, radiação solar e comprimento do dia. Assim, quando

bem caracterizada ao longo do ciclo, a fenologia evidencia as relações e o grau de

dependência dos fatores envolvidos no desenvolvimento da planta, como temperatura,

luminosidade, necessidade hídrica e nutricional, entre outros. Temperaturas elevadas

durante a brotação influenciam positivamente na emissão de cachos, além de antecipar a

maturação da uva (PEDRO JÚNIOR & SENTELHAS, 2003).

23

A variação do ciclo pode ser ocasionada também pela diferença de afinidade

entre as combinações copa/porta-enxerto (KUHN et al., 1996). A diferença na demanda

térmica, ocasionada dessa combinação, resulta na duração do ciclo da videira. Quanto

maior a necessidade térmica, mais longo o ciclo tende a ser (SATO et al., 2008a).

O conhecimento da duração das fases fenológicas é uma exigência da viticultura

moderna, uma vez que possibilita a racionalização e a otimização das práticas culturais,

que são indispensáveis para o cultivo da videira, sobretudo quando se obtém produção

fora de época (MANDELLI et al., 2004). Desta forma, é possível programar datas de

poda, quebra de dormência, aplicação de defensivos, colheita e também otimizar o

emprego da mão de obra nas diversas fases do ciclo, reduzindo os tratos fitossanitários,

resultando em economia de insumos (MURAKAMI et al., 2002).

ALVARENGA et al. (2002) estudaram a influência dos cultivares porta-enxerto

‘IAC 766’, ‘IAC 572’, ‘IAC 313’ e ‘420 A’ na duração do ciclo da ‘Niagara Rosada’ no

município de Caldas, MG. Verificaram que ‘420 A’ proporcionou o ciclo mais curto, de

140,7 dias, ‘IAC 766’ ciclo intermediário, de141,9 dias, e ‘IAC 313’ e ‘IAC 572’ o

mais longo, de 147,7 e 148,4 dias, respectivamente.

No município de Louveira-SP, TECCHIO et al. (2013) avaliaram a influência

dos porta-enxertos ‘IAC 766’, ‘IAC 572’, ‘IAC 313’, ‘IAC 571-6’ e ‘Ripária do Traviú’

e da época de poda em inverno e verão na duração dos estádios fenológicos e no

acúmulo de graus-dia pela videira ‘Niagara Rosada’. Houve interação significativa

entre os porta-enxertos e as épocas de poda para duração dos estádios fenológicos e para

o acúmulo de graus-dia da videira ‘Niagara Rosada’. Para todas as épocas de poda, os

autores obtiveram variações na duração dos estádios fenológicos da videira ‘Niagara

Rosada’ em função do porta-enxerto. As maiores variações ocorreram nos períodos da

poda ao início da maturação e da poda à colheita, sendo que os menores valores foram

obtidos com a videira ‘Niagara Rosada’ enxertada sobre o ‘Riparia do Traviú’. A maior

duração de ciclo da cultivar Niagara Rosada foi obtida com os porta-enxertos ‘IAC 572’

e ‘IAC 313’. Em relação às épocas de poda, a duração dos estádios fenológicos e do

acúmulo de graus-dia pela videira ‘Niagara Rosada’ nas podas de inverno,

apresentaram-se superiores quando comparada a poda de verão. A redução do ciclo da

videira na poda de verão deveu-se às temperaturas mais elevadas ocorridas nesse

período e a maior necessidade de acúmulo de graus-dia para a maturação dos frutos na

24

poda de inverno. O maior acúmulo de graus-dia foi obtido com a cv. Niagara Rosada

enxertada sobre os porta-enxertos ‘IAC 572’ e ‘IAC 313’. Em experimento realizado

em Jundiaí, SP, PEDRO JÚNIOR et al. (2006) avaliaram a fenologia da cultivar

tetraplóide de uva de mesa Niabell sobre os porta-enxertos ‘Ripária do Traviú’, ‘IAC

766’ e ‘IAC 572’. Os autores não observaram diferenças significativas em função dos

diferentes porta-enxertos utilizados, tanto na duração dos subperíodos fenológicos como

do ciclo total da videira ‘Niabell’.

Em experimento realizado em Jundiaí-SP, MOURA et al. (2011) avaliaram a

influência de três porta-enxertos no comportamento da cultivar ‘Juliana’ em relação à

fenologia, em três épocas de poda e em relação aos caracteres físicos de cachos, de

bagas e de engaços, em duas épocas de poda. A cultivar Juliana foi enxertada sobre os

porta-enxertos ‘Ripária do Traviú’,’ IAC 572’ e ‘IAC 766’. Não houve diferenças entre

os porta-enxertos para os estádios fenológicos e para os caracteres físicos de cacho e de

bagas, com exceção para massa da matéria fresca de baga e massa fresca de engaço. A

maior massa da matéria fresca de engaço foi obtida pela combinação da cultivar

‘Juliana’ e o porta-enxerto ‘IAC 572’. Para as diferentes épocas de poda, foram

detectadas diferenças para todos os estádios fonológicos, havendo interação entre o

porta-enxerto e época de poda para o período da poda ao início da brotação, período da

poda ao início do florescimento e para o período da poda ao início da colheita.

Na Região Norte do Paraná, SATO et al. (2008a), avaliaram a fenologia das

videiras ‘Isabel’ e ‘Rubea’, sobre os porta-enxertos ‘IAC 766’, ‘IAC 572’ e ‘420 A’.

Para cultivar ‘Isabel’ o ‘420 A’ apresentou ciclo mais longo, 167 dias, comparado aos

porta-enxertos ‘IAC 766’, 148 dias, e ‘IAC 572’, 142 dias. Para cultivar ‘Rubea’, os

porta-enxertos não exerceram influência sobre o tempo transcorrido da poda a

frutificação até os diferentes estádios fenológicos, sendo a duração do ciclo semelhante

em todas as combinações. TECCHIO et al. (2011b) avaliaram em 2009 e 2010, a

influência dos porta-enxertos ‘IAC 766’, ‘IAC 572’, ‘IAC 313’ e ‘IAC 571-6’ na

duração dos estágios fenológicos e no acúmulo de graus-dia pela videira ‘Niagara

Rosada’, cultivada em Votuporanga. Os autores verificaram o efeito dos porta-enxertos

e das épocas de poda na duração das fases fenológicas, em dias, e do acúmulo de graus-

dias na videira. Na média dos dois ciclos de produção, os autores obtiveram maior

duração das fases fenológicas e maior acúmulo de graus-dias da videira ‘Niagara

Rosada’ enxertada nos porta-enxertos ‘IAC 572’ e ‘IAC 571-6’, sendo que as maiores

25

variações fenológicas ocorreram no período compreendido entre à poda ao início da

maturação e da poda a colheita. O porta-enxerto ‘IAC 766’ apresentou a menor duração

de ciclo e acúmulo de graus-dias, sendo 6 e 11 dias mais curto o período da poda ao

início da maturação e da poda a colheita quando comparado ao porta-enxerto ‘IAC 572’.

Referente aos ciclos de produção, a maior duração nos períodos da poda à brotação,

poda ao florescimento e da poda ao início do florescimento da videira ‘Niagara Rosada’

no ciclo de produção de 2010, devido às menores temperaturas mínimas quando

comparado com o ciclo de produção de 2009.

2.7 Composição Química do Vinho

O vinho é uma bebida obtida da fermentação da uva madura e fresca ou do suco

de uva fresco; sua definição bioquímica é caracterizada como uma bebida proveniente

da fermentação alcoólica dos açúcares de suco de uva pelas leveduras e, em alguns

casos, pelas bactérias láticas (AQUARONE, 2001). Segundo SOUZA et al. (2006) e

ALI et al. (2010), as principais substâncias que constituem o vinho são: açucares,

álcoois, ácidos orgânicos, sais de ácidos minerais e orgânicos, compostos fenólicos,

pigmentos, substâncias nitrogenadas, pectinas, gomas e mucilagens, compostos voláteis

e aromáticos como ésteres, aldeídos e cetonas, vitaminas sais e anidrido sulfuroso.

• Açúcares: O teor de açúcar da uva pode variar de 15 a 30% em razão de vários

fatores, tais como estádio de maturação, o clima, o solo e a variedade da uva. Os

açucares da uva são quase constituídos exclusivamente por glicose e frutose em

proporções sensivelmente iguais no momento da plena maturação. A uva contém traços

de sacarose que desaparecem na fermentação. A uva ainda contém uma pequena

quantidade de açúcares não fermentescíveis, cerca de 1 g.L-1

, e que se encontram no

vinho. Por causa desses açúcares, jamais a dosagem de açúcares redutores é zero

(AQUARONE, 2001). Vinhos secos contêm entre 1 e 2 g.L-1

de açucares redutores

(HASHIZUME, 2001).

• Álcoois: O álcool etílico, a água e o glicerol são os componentes mais

importantes do vinho. O álcool etílico representa cerca de 85% a 90% (V/V). O álcool

etílico é um componente importante para estabilidade, envelhecimento e propriedades

sensoriais do vinho. Atua como solvente na extração de pigmentos e taninos durante a

26

fermentação do vinho tinto e dissolução de compostos voláteis (JACKSON, 2000). O

etanol pode acumular no vinho em quantidades máximas em torno de 14 a 15% sob

condições normais de fermentação (JACKSON, 2000).

O glicerol é um álcool encontrado no vinho em quantidades que variam entre 5 a

10 g.L-1

, representando normalmente de 1/10 a 1/15 do peso do álcool etílico

(HASHIZUME, 2001). Seu sabor doce e oleosidade contribuem para a maciez e corpo

do vinho. A produção do glicerol é favorecida por baixas temperaturas, elevado teor de

ácido tartárico e adição de dióxido de enxofre. Uvas com podridão, especialmente

Botrytis cinérea, contêm glicerol e originam vinhos com maior teor desta substância

(AMERINE et al., 1974).

O metanol presente no vinho não é produzido pela fermentação, sendo derivado

da hidrólise de pectinas. Seu teor varia de 0 a 635 mg.L-1

, com média de 100 mg.L-1

(GÓES, 2005). A quantidade de metanol produzida é maior quando ocorre adição de

enzima pectiolítica ao mosto, fermentação na presença das cascas ou maceração

prolongada das cascas. Vinhos obtidos de uvas Vitis labruscas ou seus híbridos

apresentam maior teor em metanol que os de Vitis vinifera (AMERINE et al., 1974;

RIZZON et al., 1994).

• Ácidos Orgânicos: Os principais ácidos do vinho são tartárico, málico, cítrico

provenientes da uva e láctico, succínico e acético proveniente da fermentação. A acidez

do vinho é normalmente dividida em duas categorias: fixa e volátil, sendo a acidez total

resultado da combinação destas categorias. A proporção na qual cada ácido se encontra

no vinho, é variável, dependendo não somente do teor dos diferentes ácidos presentes

no vinho, mas também da quantidade e qualidade das bases existentes (PATO, 1998).

Segundo RIZZON & SGANZERLA (2007) os aspectos fisiológicos da maturação e as

características de solo, clima e práticas agronômicas podem favorecer a concentração

destes ácidos.

A acidez fixa do vinho é representada pelos ácidos tartárico, málico, láctico,

succínico e cítrico (JACKSON, 2000). O ácido málico varia desde traços até 5 g.L-1

,

estando presente em maior quantidade em uvas verdes ou de clima frio. O ácido cítrico

é habitualmente encontrado em quantidades menores que 1 g.L-1

, enquanto o succínico

pode variar com a cepa de leveduras entre 0,5 a 1,5 g.L-1

. O ácido lático, formado

durante a fermentação malolática, varia de 1 a 3 g.L-1

(OUGH, 1992).

27

O ácido acético é o principal componente para acidez volátil do vinho

(RIBÉREU-GAYON et al., 2006). Os ácidos voláteis são substâncias que possuem a

propriedade de se volatilizar facilmente. O baixo teor da acidez volátil indica a sanidade

do vinho (AMERINE et al., 1974; ZOECKLEIN et al., 1995).

A acidez dos vinhos influencia na sua estabilidade e coloração, constituindo uma

das características gustativas mais importantes (RIZZON et al., 1998). Além disso, a

acidez total segundo FREITAS (2006) está ligada ao frescor, sensação de líquido áspero

e a falta de corpo na bebida. Reforça e conserva os aromas do vinho no seu

envelhecimento.

Os ésteres conferem sabor frutado aos vinhos, alguns provêm das uvas enquanto

outros são resultantes da fermentação e do envelhecimento. Os ésteres formados durante

a fermentação são os de maior importância no aroma dos vinhos. O antranilato de metila

é o principal éster na concessão do aroma foxado, característico dos vinhos provenientes

da uva Vitis labrusca (JACKSON, 2000).

• Compostos fenólicos: Os compostos fenólicos possuem grande importância

em enologia uma vez que são relacionados, diretamente ou indiretamente com a

qualidade dos vinhos. São eles responsáveis pela cor, corpo e adstringência dos vinhos e

são os grandes responsáveis pelas diferenças entre uvas ou vinhos tintos e brancos, pela

presença ou ausência de antocianinas (CABRITA et al. 2003). A médio e longo prazo,

esse interesse tende a ficar mais marcante em posse do conhecimento de que os

fenólicos também apresentam diversas potenciais atividades biológicas como

capacidade antioxidante, anti-inflamatória, anti-aterosclerótica, efeitos cardioprotetores

e anticancerígenos (FRESCO et al., 2006; SOLEAS et al., 2006).

Para BEER et al. (2002) o tipo e o teor dos compostos fenólicos totais nas

videiras podem variar segundo uma série de fatores como clima, o solo, a variedade, o

sistema de condução, o manejo dos vinhedos e as práticas enológicas. Desses fatores, o

clima e o solo não podem ser influenciados diretamente pelo homem, após a implicação

dos vinhedos (TONIETTO, 2001).

Os compostos fenólicos das uvas podem ser classificados em flavonóides e não-

flavonóides. Do primeiro grupo fazem parte os flavanóis como catequina, epicatequina

e epigalocatequina, flavonóis como caempferol, quercetina e miricetina e antocianinas,

28

ao segundo grupo pertencem os ácidos fenólicos, não-flavonóides, hidroxibenzóicos e

hidroxicinâmicos (CABRITA et al. 2003). Os ácidos fenólicos, representam um dos

principais compostos em uvas brancas, influenciando o aroma e gosto dos vinhos

(LANGCAKE et al. 1976)

Os compostos ácidos fenólicos, não-flavonóides, compreendem os ácidos

benzoicos e cinâmicos, e outros derivados fenólicos como os estibenos, resveratrol. Nas

uvas, os ácidos fenólicos são principalmente os ácidos hidroxicinâmicos que se

encontram nos vacúolos da célula da película e da polpa (RIBÉREAU-GAYON,1965),

sob a forma de ésteres tartáricos. Os ácidos fenólicos se encontram distribuídos na casca

e na polpa da uva, e seus teores diminuem com o amadurecimento, podendo ser

utilizado para discriminação de variedades (MACHEIX et al., 1991). Estes compostos

apresentam um papel importante na oxidação, que conduzem ao acastanhamento dos

mostos e dos vinhos (SINGLETON, 1987). Embora não exerçam uma influência direta

no gosto do vinho, estão relacionados no aparecimento de fenóis voláteis responsáveis

pelas alterações aromáticas (CABRITA et al., 2003). São os compostos mais

importantes para os vinhos brancos por se encontrarem sobre tudo na polpa das uvas.

Embora usualmente eles se encontrem individualmente em concentrações baixas, em

conjunto apresentam papel importante no aroma e gosto dos vinhos (ALLEN, 1994).

Em vinhos brancos onde existe um limitado contacto com as películas, as

catequinas são os principais flavonoides. Estes compostos são os responsáveis pelo

acastanhamento dos vinhos brancos ou tintos e por algum amargor (ZOECKLEIN et al.,

1995).

• Substâncias Nitrogenadas: As substâncias nitrogenadas apresentam menor

interferências no gosto do vinho, contudo são meios nutritivos indispensáveis às

leveduras e bactérias. Entre os compostos nitrogenados se destacam as proteínas, os

polipeptídeos e os aminoácidos (AQUARONE, 2001). Estes compostos variam entre 1 a

3 g.L-1

e são de extrema importância no crescimento das leveduras. Muitas das

substâncias nitrogenadas são provenientes do metabolismo da planta e outras do

metabolismo das leveduras (AMERINE & OUGH, 1974). Os compostos nitrogenados

são importantes, também, para clarificação do vinho e instabilidade microbiana. Afetam

o desenvolvimento do aroma, buquê e características de espuma em vinhos espumantes

(ZOECKLEIN et al., 1995).

29

• Sais: As cinzas representam a soma de todos os elementos minerais dos vinhos

que, na sua maioria, provêm da parte sólida da uva, principalmente da película. Devido

ao processo de elaboração, os vinhos tintos apresentam teores de cinzas mais elevados

que os brancos (RIZZON et al., 1994). Os vinhos contêm de 2 a 4 g.L-1

de sais

orgânicos e minerais. Os componentes inorgânicos do vinho são ânions e cátions. Os

principais cátions são potássio, sódio, cálcio e mangésio. Os cátions ferro e cobre são

importantes para a estabilidade do vinho. Os principais ânions inorgânicos são cloretos,

fosfatos, sulfatos e sulfitos (OUGH, 1992).

O extrato seco é composto pelos sólidos solúveis não voláteis que restam no

vinho após a desalcoolização da amostra. Entre essas substâncias encontram-se os

carboidratos, glicerinas, ácidos não voláteis, compostos nitrogenados, taninos, alcoóis

superiores e minerais. O extrato seco reduzido é obtido pela diferença entre o extrato

seco e o teor de açúcar do vinho, e representa o corpo do vinho (SOUSA, 2000;

GARRUTI, 2001). Segundo ZOECKLEIN et al. (1995) o vinho seco com teores de

extrato menores que 20 g.L-1

se apresenta como leve/ralo ao paladar, enquanto o vinho

com 30 g.L-1

ou mais é percebido como encorpado. O teor de extrato depende, em parte,

do cultivar da uva e de variações no processo como tempo de contato com o bagaço,

prensagem, uso de enzimas pectinolíticas. A fermentação de mostos com baixo teor de

açúcar e a chaptalização contribuem para a produção de vinhos com baixos valores de

extrato (ZOECKLEIN et al., 1995).

• Anidrido Sulfuroso: O anidrido sulfuroso é um produto indispensável na

elaboração de vinho. Embora não exista limite para o anidrido sulfuroso livre, é esta

fração do anidrido sulfuroso total, que exerce efeito direto na conservação do vinho pela

seleção dos microrganismos. Geralmente, os vinhos brancos necessitam de teores mais

elevados de anidrido sulfuroso que os tintos, tanto para a elaboração como para a

conservação (RIZZON et al., 1994).

2.8 Análises Químicas dos Vinhos

A qualidade de um vinho de mesa está diretamente relacionada ao processo de

vinificação, ou seja, a forma como a vindima foi realizada, tempo de fermentação e

maceração, sulfitagem, aplicação de atestos e trasfegas e processos de clarificação e

30

estabilização pelo frio (RIZZON, 2006; ROSIER, 1993). Essas etapas principais

direcionam a qualidade química do vinho, isto é, o equilíbrio entre as substâncias

químicas existentes no vinho como açúcares, alcoóis e ésteres provenientes da uva e do

processo de vinificação (CASTILHOS et al., 2011). A qualidade final do sabor, do

aroma, da consistência e da aparência do vinho também é dependente dos constituintes

químicos existentes, da interação entre eles e de suas quantidades (DE OLIVEIRA et

al., 2011). Assim, a determinação das propriedades físico-químicas dos vinhos

possibilita a visualização desse equilíbrio, identificando ou não a qualidade resultante

do controle efetivo das etapas do processo de vinificação, bem como a verificação do

respeito às exigências da legislação brasileira ao padrão de identidade e qualidade da

bebida (CASTILHOS et al., 2011).

De acordo com BRASIL (2004), o vinho é exclusivamente a bebida resultante da

fermentação alcoólica completa ou parcial da uva fresca, esmagada ou não, ou do mosto

simples e sua classificação é dada de três formas: quanto à classe: vinho de mesa, leve,

fino, espumante, frisante, gaseificado, licoroso e composto (Tabela 1); quanto à cor:

tinto, rosado ou rosé e branco e quanto ao teor de açúcar: seco, meio seco e doce. Para

vinhos de mesa, leves e frisantes, o teor de açucares totais são: seco, meio-seco e doce

ou suave (Tabela 2).

Tabela 1 – Limites da graduação alcoólica.

Classe Mínimo (%v/v) Máximo (%v/v)

Vinho leve 7,0 9,9

Vinho de mesa 8,6 14,0

Vinho licoroso 14,0 18,0

Vinho composto 15,0 18,0

Vinho espumante 10,0 13,0

Vinho espumante moscatel 7,0 10,0 Fonte: BRASIL, 2004

31

Tabela 2 – Teor de açúcares totais (g.L-1

) em vinhos de mesa, leves e frisantes.

Nomenclatura Mínimo Máximo

Seco - 4

Meio-seco 4,1 25

Doce ou Suave 25,1 80 Fonte: BRASIL, 2004

Além disso, o vinho de mesa é o vinho com teor alcoólico de 8,6% a 14% em

volume, podendo conter até uma atmosfera de pressão a 20ºC, é dividido em classes:

• Vinho de mesa de americanas: o vinho é elaborado com uvas do grupo das

uvas americanas e/ou híbridos, podendo conter vinhos de variedades Vitis vinifera.

• Vinho de mesa de viníferas: o vinho é elaborado exclusivamente com uvas das

variedades Vitis vinifera.

• Vinho fino: elaborado mediante processo tecnológicos adequados que

assegurem a otimização de suas características sensoriais e exclusivamente de

variedades Vitis vinifera do grupo Nobre.

Segundo a Lei nº 10.970 de 12 de novembro de 2004 (Brasil, 2004), as análises

exigidas pela legislação brasileira para os vinhos de mesa são: grau alcoólico real,

acidez total, acidez volátil, sulfatos totais, sulfatos totais, anidrido sulfuroso total,

cloretos totais e álcool metílico (Tabela 3)

Tabela 3 – Padrões estabelecidos para vinhos de mesa, espumantes e gaseificado.

Componente Mínimo Máximo

Álcool etílico a 20ºC 7% (v/v) 14% (v/v)

Acidez total 55,0 meq.L-1

130,0 meq.L-1

Acidez volátil (corrigida) - 20,0 meq.L-1

Sulfatos totais - 1,0 g.L-1

Anidrido sulfuroso total - 0,25 g.L-1

Cloretos totais - 0,20 g.L-1

Álcool metílico - 0,35 g.L-1

Fonte: BRASIL, 2004

32

Embora não seja exigido pela legislação brasileira, outras análises são

normalmente realizadas: densidade relativa a 20ºC, pH, acidez fixa, extrato seco total,

extrato seco reduzido, relação álcool em peso/ extrato seco reduzido, cinzas, açúcares

residuais totais, dióxido de enxofre total.

• Densidade: corresponde à relação entre o peso de um certo volume de vinho e

o da água pura (RIZZON et al., 1987). Deve-se considerar que a densidade varia em

função do extrato seco, do teor de açúcar e do grau alcoólico dos vinhos (DE ÁVILA,

2002).

Por meio da análise de densidade é realizado o acompanhamento da fermentação

alcoólica. Sendo a glicose mais densa que o etanol, o enólogo pode acompanhar o

processo de fermentação pela medida da densidade do mosto (DE ÁVILLA, 2002)

• Grau Alcoólico: o álcool etílico é o produto principal da fermentação do

mosto, conferindo qualidade e impedindo o desenvolvimento de agentes patogênicos no

vinho. A quantidade de álcool encontrada nos vinhos depende do teor de açúcar

presente na uva, que é uma consequência da safra, variedade, condições do solo,

luminosidade e do processo de chaptalização (VOGT et al, 1984; MAZZOCHI & IDE,

1994; SILVA, 1999).

Para os vinhos em geral, este componente é responsável pela diluição dos

constituintes fixos, além de inferir diretamente nas características organolépticas com

seu gosto adocicado, é fator de qualidade e conservação dos mesmos (SAMPAIO,

2005).

Pela legislação brasileira, o vinho de mesa deve ter valores de etanol que variam

de 8,6% v/v a 14% v/v (BRASIL, 2004).

• pH: O pH do vinho corresponde à concentração de íons de hidrogênio

dissolvidos no mesmo e depende do tipo e concentração dos ácidos orgânicos e da

concentração de cátions, especialmente do potássio (RIZZON & MIELE, 2002). Os

valores de pH variam de 3,1 a 3,4 para vinhos brancos e de 3,3 a 3,6 para vinhos tintos

(JACKSON, 2000). O pH está relacionado com resistência a doenças, manutenção da

cor, porcentagem de dióxido de enxofre na forma livre e turbidez pelo fosfato de ferro

(casses), sobre a precipitação do bitartarato de potássio e sobre a atividade enzimática

(AMERINE & OUGH, 1974; DE ÁVILA, 2002). Segundo BLASI (2004), a resistência

33

à infecção bacteriana e alterações oxidativas são maiores em vinhos que apresentam pH

3,4 em relação aos que possuem pH 3,8, uma vez que o teor de dióxido de enxofre livre

é proporcionalmente maior.

• Acidez total: segundo RIZZON et al., 2006, a acidez total corresponde à soma

dos ácidos tituláveis quando se neutraliza o vinho até pH 7,0 com solução alcalina. A

acidez total na maioria dos vinhos está entre 5,5 e 8,5 g.L-1

, sendo os valores mais

elevados apreciados em vinhos brancos enquanto os menores valores de acidez são

desejáveis nos vinhos tintos (JACKSON, 2000). Segundo RIZZON et al. (1994) a

acidez do vinho deve estar entre 60 e 90 meq.L-1

. No entanto, segundo a legislação,

valores aceitos de acidez total são 55-130 meq.L-1

(BRASIL, 2004).

A acidez dos vinhos influencia na sua estabilidade e coloração, constituindo uma

das características gustativas mais importantes (RIZZON et al., 1998). Além disso, a

acidez total segundo FREITAS (2006) está ligada ao frescor, sensação de líquido áspero

e a falta de corpo na bebida. Reforça e conserva os aromas do vinho no seu

envelhecimento.

A acidez fixa do vinho é representada pelos ácidos tartárico, málico, láctico,

succínico e cítrico (JACKSON, 2000). O ácido málico varia desde traços até 5 g.L-1

,

estando presente em maior quantidade em uvas verdes ou de clima frio. O ácido cítrico

é habitualmente encontrado em quantidades menores que 1 g.L-1

, enquanto o succínico

pode variar com a cepa de leveduras entre 0,5 a 1,5 g.L-1

. O ácido lático, formado

durante a fermentação malolática, varia de 1 a 3 g.L-1

(OUGH, 1992).

• Acidez volátil: O ácido acético é o principal componente da acidez volátil do

vinho (RIBÉREU-GAYON et al., 2006). Os ácidos voláteis são substâncias que

possuem a propriedade de se volatilizar facilmente. O baixo teor da acidez volátil indica

a sanidade do vinho. A quantidade produzida durante a fermentação alcoólica é

pequena, variando de 0,2 a 0,4 g.L-1

de ácido acético. A ação de bactérias pode levar a

quantidades maiores de acidez volátil pela oxidação do álcool ou pelo ataque bacteriano

ao ácido cítrico, açucares, tartaratos e glicerol (AMERINE & OUGH, 1974;

ZOECKLEIN et al., 1995). Entretanto, o valor máximo de acidez volátil no vinho é de

20 meq.L-1

/L (BRASIL, 2004), ou seja, 1,2 g.L-1

expresso em ácido acético.

34

• Extrato Seco e Extrato Seco Reduzido: O extrato seco total refere-se ao peso

do resíduo seco após a evaporação dos compostos voláteis, sendo constituído de

hidratos de carbono, glicerina, ácidos não voláteis, compostos nitrogenados, taninos,

pigmentos e sais minerais. O extrato seco total dos vinhos tem sido considerado como

um dos principais elementos caracterizadores da sua qualidade, estrutura, corpo e até

mesmo da sua genuidade. No vinho, a quantidade de extrato seco varia de acordo com a

variedade de uva, as características climáticas, a fermentação e maturação do vinho,

estes conteúdos diminuem consideravelmente devido ao consumo de compostos

nitrogenados e sais minerais pelas leveduras (VOGT et al., 1984).

O extrato seco reduzido é obtido pelo valor do extrato seco total diminuído dos

açúcares totais que excedem 1 g.L-1

e do sulfato de potássio que exceda 1 g.L-1

(BRASIL, 2004).

• Relação Álcool/Extrato Seco Reduzido: Na legislação, mais importante que o

extrato seco total, é a relação álcool/extrato seco reduzido. Esta relação permite detectar

a adição de álcool, água ou açúcar ao vinho antes do engarrafamento, dentre outras

fraudes (DE ÁVILA, 2002).

A legislação brasileira recomenda para vinho de mesa branco, no máximo 6,5%

álcool em peso/extrato seco reduzido (BRASIL, 2004).

• Cinzas: Correspondem ao teor de matérias inorgânica dos vinhos. Estas

representam cerca de 10% do valor do extrato seco reduzido (RIZZON et al., 2000). Na

uva os principais minerais são potássio, cálcio, magnésio, sódio e ferro. No vinho os

principais minerais são potássio, sódio, magnésio, cálcio, ferro, alumínio, cobre, fosfato

sulfato, cloreto e sulfito e os ânions orgânicos tartarato, malato e lactato (AQUARONE

et al., 2001).

Os sais minerais presentes no vinho são provenientes da parte sólida da uva,

razão pela qual os vinhos tintos apresentam teores mais elevados do que os vinhos

brancos. Em grandes quantidades, sua presença é resultado da maceração prolongada ou

prensagem excessiva das uvas (RIZZON & GATTO, 1987; VOGT et al., 1984).

Segundo a legislação vigente, brancos comuns são de 1,3 g.L-1

(BRASIL, 2004).

35

• Açúcares residuais totais: Os açúcares redutores representam a quantidade

destas substâncias que não foram transformadas em álcool pelas leveduras por ocasião

da fermentação alcoólica (RIZZON et. al., 1987). A uva apresenta uma pequena

quantidade de açúcares não fermentescíveis, cerca de 1 g.L-1

, e que se encontram no

vinho. Por causa desses açúcares, jamais a dosagem de açúcares redutores é zero

(AQUARONE et al., 2001).

A legislação brasileira permite, para vinhos de mesa secos, teores de açúcares

redutores de no máximo 4 g.L-1

(BRASIL 2004).

• Anidrido sulfuroso: O anidrito sulfuroso é um produto indispensável na

elaboração de vinho. No Brasil, seu uso é permitido até 0,35 g.L-1

como anidrido

sulfuroso total (BRASIL, 2004). Embora não exista limite para o anidrido sulfuroso

livre, é esta fração do anidrido sulfuroso total, que exerce efeito direto na conservação

do vinho pela seleção dos microrganismos. Geralmente, os vinhos brancos necessitam

de teores mais elevados de anidrido sulfuroso que os tintos, tanto para a elaboração

como para a conservação (RIZZON et al., 1994).

• Cloretos: Altas doses de cloretos nos vinhos podem ocorrer em função das

colagens, clarificação, realizadas ou pela adição NaCl e ácido clorídrico, que não são

permitidos pela legislação (PEYNAUD, 1984).

A legislação brasileira permite valores de no máximo 0,20 g.L-1

de cloretos

totais em cloretos sódio em vinhos de mesa (BRASIL, 2004).

• Sulfatos: A legislação vigente, estipula um limite máximo de 1 g.L-1

de

sulfatos totais (BRASIL 2004).

• Metanol: O metanol presente no vinho não é produzido pela fermentação,

sendo derivado da hidrólise de pectinas. Seu teor varia de 0 a 635 mg.L-1

, com média de

100 mg.L-1

(GÓES, 2005). A quantidade de metanol produzida é maior quando ocorre

adição de enzima pectiolítica ao mosto, fermentação na presença das cascas ou

maceração prolongada das cascas. Vinhos obtidos de uvas Vitis labrusca ou seus

híbridos apresentam maior teor em metanol que os de Vitis vinifera (AMERINE &

OUGH., 1974; RIZZON et al., 1994). Para o metanol, em bebidas, é fixado pela

legislação brasileira em 0,2 g.L-1

(BRASIL, 2004).

36

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Localização da Área Experimental

Os experimentos foram realizados na área experimental do Centro APTA de

Frutas, localizado em Jundiaí, SP, e no Centro APTA de Seringueira e Sistemas

Agroflorestais, localizado em Votuporanga, SP.

O município de Jundiaí situa-se a 23º17’S. e 46º9’O. com altitude de 700 a

900m, apresentando médias anuais de 1.400mm de precipitação pluvial, temperatura

média de 19,5ºC e umidade relativa do ar de 70,6%. De acordo com a classificação da

EMBRAPA (1999), o tipo de solo da área experimental é o cambissolo vermelho

distrófico. Em relação ao número de horas de frio, a altitude compensa a latitude nessas

regiões, permitindo prática de viticultura de clima temperado. O inverno é ameno,

porém sujeito a ocorrência de geadas, e com baixa precipitação pluvial; o verão é quente

e seco propiciando a ocorrência de doenças fúngicas como antracnose, míldio, mancha

das folhas, ferrugem, oídio e podridão dos cachos.

O município de Votuporanga situa-se na região noroeste do Estado de São Paulo

a 20º15’S. e 50º30’O. e altitude de 483m. Apresenta como indicadores climáticos

médios: precipitação pluvial anual de 1.312mm e temperatura média mensal de 23,6ºC.

Há predomínio do solo argisolo vermelho amarelo, de acordo com a nomenclatura da

EMBRAPA (1999). O clima caracteriza-se por uma estação chuvosa de dezembro a

março e um período com precipitações pluviais inferiores a 100 mm mensais entre abril

e novembro. As temperaturas elevadas durante o ano, com riscos mínimos de ocorrência

de geadas, viabilizam a produção no período de junho a novembro, sendo os meses de

agosto e setembro mais favoráveis à qualidade de frutos em função da reduzida

precipitação pluvial.

3.2 Tratamento e Delineamento Experimental

Em Jundiaí, o sistema de sustentação é a espaldeira tradicional, no espaçamento

2,0 x 1,0m. O plantio das cultivares de porta-enxertos ‘IAC313’, ‘IAC 572’, ‘IAC 766’,

‘IAC 571-6’ e Golia foi realizados em setembro de 2008 e a enxertia do híbrido SR

501-17 foi realizada em junho de 2009. O delineamento experimental utilizado foi em

37

blocos inteiramente casualizados com parcelas subdivididas e quatro repetições, sendo

as parcelas representadas pelos cinco porta-enxertos e as subparcelas pelos 2 ciclos de

produção. A parcela experimental foi composta por 6 plantas.

Em Votuporanga, as videiras estão sustentadas no sistema de espaldeira

tradicional, no espaçamento de 2,0 x 1,5m. O plantio das variedades de porta-enxertos

‘IAC 313’, ‘IAC 572’, ‘IAC 766’ e ‘IAC 571-6’ foi realizado em novembro de 2008 e a

enxertia do híbrido foi realizada em junho de 2009. O delineamento experimental

utilizado foi em blocos inteiramente casualizados com parcelas subdivididas e seis

repetições, sendo as parcelas representadas pelo híbrido ‘SR 501-17’ enxertado sobre os

quatro porta-enxertos (tratamentos) e as subparcelas pelos 2 ciclos de produção. A

parcela experimental foi constituída por quatro plantas.

3.3 Manejo Cultural da Área Experimental

Realizou-se a poda curta, com 1 gema, dia 17 de julho de 2014 e 29 de julho de

2015 em Votuporanga. Em Jundiaí, as videiras foram podadas dia 22 de julho de 2014 e

28 de julho de 2015. Posteriormente, foi aplicada Dormex® a 5%.

Na manutenção dos experimentos, foram adotadas todas as técnicas de cultivo

praticadas pelo viticultor de cada região. Com o início da brotação, foi realizado a

desbrota e a amarração dos brotos nos arames, o desnetamento ou eliminação dos ramos

axilares e a desfolha. O desponte ou capação dos ramos, que consiste na supressão da

extremidade dos ramos em crescimento, foi realizado deixando-se, no mínimo, oito

folhas acima do último cacho do ramo. Outros tratos culturais também foram

necessários ao longo do ano, como as capinas, a aplicação de herbicidas, a cobertura do

solo com capim ou outros materiais, o tratamento fitossanitário e as aplicações de

fungicidas quando necessário. No período de início da maturação da uva, também se

utilizou de tela para impedir o ataque de aves a mesma. Quanto à adubação, baseado na

análise química do solo, seguiu-se as recomendações de adubação do Boletim 200 do

Instituto Agronômico.

As colheitas foram realizadas, levando-se em consideração os teores de sólidos

solúveis e o pH. As análises foram feitas semanalmente no Laboratório do Centro

APTA de Frutas, mediante uma amostragem ao acaso por tratamento, sendo o momento

38

ideal de colheita determinado com a estabilização do teor de sólidos solúveis e

acompanhando-se os valores de pH da cultivar (pH inferior a 3,5).

3.4 Observações Meteorológicas

Os dados meteorológicos do município de Jundiaí foram fornecidos pela estação

meteorológica automática padrão situada no Centro APTA de Frutas e em Votuporanga

foram fornecidos pela meteorológica automática padrão situada no Centro APTA de

Seringueira e Sistemas Agroflorestais.

3.5 Características Avaliadas

• Massa fresca dos ramos: Após a poda de frutificação, os ramos podados de

cada parcela experimental foram pesados, para a determinação da massa fresca dos

ramos, expresso em gramas por planta.

• Fenologia: As avaliações fenológicas tiveram início no momento da poda e se

estenderam até a colheita dos frutos. As avaliações foram baseadas em observações

visuais semanais, utilizando-se da escala de EICHHORN & LORENZ (1984) para a

classificação dos estádios fenológicos (Anexo I). Baseados nos estádios fenológicos,

calcularam-se a duração, dos subperíodos: poda ao ínicio da brotação, da poda ao

florescimento pleno, da poda ao início da maturação e da poda a colheita, expresso em

dias.

O estádio de brotação correspondeu ao estádio número 3 da escala de Eichhorn e

Lorenz (1984), quando a gema está com ponta algodão. O estádio número 23,

correspondeu ao florescimento pleno, quando 50% das flores já estão abertas. O início

da maturação foi representado pelo número 35 na escala, quando algumas bagas

apresentaram amolecimento da polpa e cor verde-amarelada. O estádio da colheita,foi

representado pelo número 38, representando a maturação plena.

• Número de cachos e produção: Na ocasião da colheita, todos os cachos de

cada parcela foram contados e pesados, sendo dividido pelo número de plantas,

determinando-se a produção (gramas.planta-1

) e número médio de cachos por planta.

Características físicas dos cachos, engaços e bagas

39

A partir de uma amostra de 10 cachos representativos por parcela experimental,

foram determinadas as variáveis:

• Massa fresca de cacho (MFC): obtida a partir da pesagem do cacho,

utilizando balança digital Marca ATAGO (0,01g), expresso em gramas.

• Comprimento do cacho (CC): obtido a partir da medição do cacho com

paquímetro, expresso em cm.

• Largura do cacho (LC): obtido a partir da medição do cacho com paquímetro,

expresso em cm.

• Massa fresca de engaço (MFE): obtida a partir da pesagem do engaço,

utilizando balança digital Marca ATAGO (0,01g), expresso em gramas.

• Comprimento do engaço (CE): obtido a partir da medição do engaço com

paquímetro, expresso em cm.

• Largura do engaço (LE): obtido a partir da medição do engaço com

paquímetro, expresso em cm.

A partir de 10 bagas que foram retiradas de diferentes posições dos cachos

selecionados (três na porção superior, quatro na mediana e três na basal) avaliou-se:

• Massa fresca das bagas (MFB): obtida a partir da pesagem de 10 bagas.

Utilizada balança digital Marca ATAGO (0,01g) expresso em gramas.

• Comprimento da baga (CB): obtido a partir da medição de 10 bagas com

paquímetro, expresso em cm.

• Largura da baga (LB): obtido a partir da medição de 10 bagas com

paquímetro, expresso em cm.

Característica química do mosto

A caracterização química do mosto foi determinada a partir de 10 bagas que

foram retiradas de diferentes posições dos cachos selecionados (três na porção superior,

quatro na mediana e três na basal), por parcela experimental. O mosto foi obtido por

meio da maceração das bagas.

• Teor de sólidos solúveis (SS): foi determinado utilizando-se refratômeto

digital portátil Atago®, expresso em ºBrix.

• Acidez titulável (AT): foi calculada a partir da titulação com solução

padronizada de NaOH 0,1N, adotando-se como ponto final da titulação o pH 8,2,

expresso em grama de ácido tartárico por litro de suco.

40

• pH: foi determinado utilizando-se o phmetro Digimed DM-22.

• Índice de maturação (IM): foi calculado a partir da relação sólidos solúveis

totais (SS)/ acidez titulável (AT).

As análises foram feitas conforme as normas do Instituto Adolfo Lutz (1985).

3.6 Elaboração dos Vinhos

O processo de microvinificação para cada uma das combinações copa/ porta-

enxerto ocorreu após o termino das avaliações físico-químicas, no Laboratório de

Biotecnologia e Qualidade de Frutas do IAC/APTA - Frutas. O processo de vinificação

só ocorreu para as uvas colhidas no ciclo de 2014, não havendo repetição. Para

microvinificação utilizou-se a metodologia proposta por BLOUIN & PEYNAUD

(2004) (Figura 1).

41

Figura 1 - Fluxograma dos procedimentos de elaboração dos vinhos brancos em

microvinificação.

Inicialmente, os cachos de cada tratamento foram prensados, utilizando uma

prensa hidráulica. Posteriormente, os mostos foram acondicionados em vasilhames de

vidros de 60 L para fermentação, com adição de anidrido sulfuroso, na forma de

metabisulfito de potássio 10%, para inibição de proliferação de microorganismos

indesejáveis e/ou crescimento de bactérias ácidos-láctico. Os mostos ficaram em um

período de descanso por 24 horas na câmara fria, à temperatura de 5ºC, para realização

do processo de clarificação do mosto. A clarificação ocorreu pelo processo estático, isto

é, pela sedimentação natural das borras constituídas por fragmentos da película, da

42

ráquis, da polpa e de outras impurezas presentes no mosto. Após a decantação das

impurezas, a parte límpida dos mostos foi transferida para outros vasilhames, onde

ocorreu a fermentação alcoólica.

O processo de fermentação primária teve início quando os mostos clarificados

foram inoculados com leveduras secas ativas da linhagem Saccharomyces cerevisiae,

previamente hidratadas, na proporção de 0,2 g.L-1

de mosto. Posteriormente, os

recipientes fechados com válvula Miller, condição de anaerobiose, foram

acondicionados em sala com temperatura controlada à 18 ºC, afim de evitar que a

temperatura elevada na fermentação pudesse prejudicar a qualidade do vinho branco.

No terceiro dia após o início da fermentação procedeu-se a chaptalização do

mosto, adicionando-se açúcar de cana na forma de cristal, para corrigir o teor alcoólico

para 12° GL, uma vez que as uvas não alcançaram maturação suficiente para atingir esta

graduação.

Na sequência, a fermentação secundária teve início. O mosto foi alocado em

recipiente de vidro de 20 L, à temperatura de 18ºC. Com a progressão da fermentação

secundária, realizou-se a primeira trasfega no mosto, de um total de três, para

eliminação de borra, sal de bitartarato de potássio e outros sedimentos, para clarificação

do vinho. A trasfega ocorreu com o auxilio de mangueira e bomba peristáltica.

Após o termino da fermentação secundária o vinho passou por um processo de

estabilização de aproximadamente 15 dias à temperatura de 5 ºC para precipitação do

bitartarato de potássio ao final do qual foi realizada a última trasfega, correção do nível

de SO2 e engarrafamento, utilizando-se garrafas de 750 mL vedadas com rolhas de

cortiças.

3.7 Análises Físico-químicas dos Vinhos

Logo após ser engarrafado, foram realizadas as análises físico-químicas nos

vinhos no Laboratório Nacional Agropecuário (LANAGRO) em Jundiaí. Seguindo as

instruções do manual operacional de bebidas e vinagres de fermentados alcoólicos

(BRASIL, 2005), avaliou-se:

43

• Densidade: utilizando densímetro eletrônico, Density Meter DMA 48,

expresso em mg.L-1

.

• Teor alcoólico: com base na separação do álcool por destilação da amostra e

sua posterior quantificação de acordo com a densidade relativa do destilador a 20ºC. Foi

utilizado o destilador Castel e Quimis M 25008 e o densímetro Density Meter DMA 48,

expresso em % v/v.

• Acidez total: fundamenta-se na reação de neutralização dos ácidos com

solução de hidróxido de sódio 0,1 N, até coloração rosa, usando 2-3 gotas de

fenolftaleína como indicador. Posteriormente a acidez total é calculada, expressa em

meq.L-1

.

• Acidez volátil: por volumetria, após destilação por arraste de vapor em

destilador e posterior titulação de hidróxido de sódio, em presença de indicador

fenoftaleína a 1%, expressa meq.L-1

.

• Acidez fixa: obtida pela diferença entre acidez total e acidez volátil, expressa

em meq.L-1

.

• pH: determinado pelo pHmetro Metrohn 781ph/Ion meter.

• Extrato seco: determinado indiretamente pela diferença da densidade relativa

da amostra e a densidade relativa da amostra desalcoolizada, expresso em g.L-1

.

• Extrato seco reduzido: é obtido pelo valor do extrato seco total diminuído dos

açúcares totais que excedem 1 g.L-1

e do sulfato de potássio que exceda 1 g.L-1

,

conforme a fórmula abaixo, expresso em g.L-1

.

• Relação álcool/extrato seco reduzido: é calculada a partir do grau alcoólico

real e extrato seco reduzido, expresso em g.L-1

.

• Cinzas: por quantificação do resíduo, após eliminação da matéria orgânica e

inorgânica volátil quando amostra é incinerada a 550 ºC, em mufla B M Nova

Instruments, expressa g.L-1

.

• Açúcares residuais totais: por titulometria utilizando-se solução de cobre

(Solução de Fehling), expressa g.L-1

.

44

• Dióxido de enxofre total: obtido na destilação de arraste a vapor em meio

ácido, sendo recolhido em uma solução de iodo e determinado pela titulação da solução

de tiossulfato de sódio, em presença de solução de amido, expresso g.L-1

.

• Cloretos: obtido a partir de uma amostra clarificada por meio de uma oxidação

de nitro-permangânica e titulada pela técnica de Chapentier-Volhard, expresso em g

NaCl/L.

• Sulfatos: obtido a partir da precipitação do íon sulfato por meio de uma

solução de concentração conhecida de cloreto de bário, expresso g.L-1

.

• Metanol: foi determinado por cromatografia em fase gasosa no destilado da

amostra, adicionado de um padrão interno, expresso em g.L-1

.

3.8 Análises Estatísticas

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias

comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade pelo programa computacional

SISVAR (FERREIRA, 2011).

Foi realizada uma análise descritiva para os resultados físico-quimicos dos

vinhos, comparando-os com os valores de referência preconizados pela legislação

brasileira (BRASIL, 2004).

4 RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1 Produção e Características Físico-químicas dos Cacho, Bagas e Engaços do

Híbrido em Jundiaí

Foi observada interação significativa entre os porta-enxertos e os ciclos de

produção para massa fresca de ramos. Ocorreu efeito significativo dos porta-enxertos

45

para massa fresca de ramos, enquanto para os ciclos de produção, ocorreu diferença

para todas as variáveis (Anexo II).

Analisando o desdobramento da interação porta-enxerto e ciclo, verificou-se

que em 2014 os porta-enxertos ‘IAC 766’ e ‘IAC 313’ proporcionaram ao híbrido maior

produção de massa fresca de ramos quando comparado ao porta-enxerto ‘Golia’, não

diferindo, porém dos porta-enxertos ‘IAC 572’ e ‘IAC 571-6’. Em 2015, o híbrido SR

501-17 produziu maior quantidade de massa fresca de ramos quando enxertado sobre o

‘IAC 572’ (Tabela 4).

Tabela 4 – Desdobramento da interação massa fresca dos ramos (MFR) avaliada no

híbrido SR 501-17 enxertado sobre cinco porta-enxertos em 2 ciclos de

produção. Jundiaí, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto MFR (g)

2014 2015

‘Golia’

‘IAC 572’

581,58bA

796,56abB

727,95cA

1413,00aA

‘IAC 571-6’ 748,87abA 884,98cA

‘IAC 766’ 862,41aB 1124,41bA

‘IAC 313’ 887,50aB 1175,93bA Médias seguidas de letras diferentes, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, apresentam diferenças

significativas entre si (Tukey ≤ 0,05).

Estes resultados coincidem, parcialmente, com os obtidos por TERRA et al.

(2002) na região de Mococa-SP e ALVARENGA et al. (2002) no sul de Minas Gerais,

que verificaram maior desenvolvimento vegetativo da uva ‘Niagara Rosada’ com os

porta-enxertos ‘IAC 766’ e ‘IAC 313’; ‘IAC 766’, ‘IAC 572’, ‘IAC 313’, ‘1103 P’ e

‘Traviú’, respectivamente, porém os autores também observaram que esses porta-

enxertos proporcionaram maiores produções, o que não ocorreu no presente

experimento. Segundo TERRA et al. (2003) estas divergências de resultados

evidenciam a importância da realização de experimentos regionais para a melhor

indicação da combinação copa/ porta-enxerto, tendo em vista as diferenças edafo-

46

climáticas de cada região, ou em uma mesma região, devido às alterações estacionais do

clima ao longo do ano (SILVA et al. 2008).

Em relação ao ciclo, o ‘IAC 572’, ‘IAC 766’ e ‘IAC 313’ induziram a cultivar

copa maior produção de massa fresca de ramos em 2015. Este resultado deve-se a

menor temperatura mínima no ciclo 2014 (Figura 2 A e B).

FIGURA 2 – Temperatura mínima, máxima (A) e média (B) durante os ciclos

de produção de 2014 e 2015. Jundiaí, 2014/2015.

A

B

47

Os porta-enxertos não influenciaram significantemente no número de cachos e

produção por planta, teor de sólidos solúveis, acidez titulável e índice de maturação do

híbrido (Tabela 5).

Tabela 5 - Resultados médios do número de cachos por planta (NC.pl-1

), produção por

planta (Prod.pl-1

), teor de sólidos solúveis (SS), acidez total titulável (AT),

índice de maturação (IM), avaliadas no híbrido SR 501-17 enxertado sobre

cinco porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Jundiaí, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto NC/PL Prod./PL

(g)

SS

(ºBrix)

AT

(g de ac.

tartárico.L-1

)

IM

‘Golia’ 9,80 1180,95 20,55 0,70 29,61

‘IAC 572’ 9,87 1442,24 20,63 0,71 28,96

‘IAC 571-6’ 12,83 1851,20 19,88 0,68 29,53

‘IAC 766’ 11,61 1850,63 19,96 0,69 29,09

‘IAC 313’ 12,32 1811,95 20,16 0,71 28,52

Ciclo de produção

2014 13,08a 1963,79a 20,75a 0,65b 32,08a

2015 9,49b 1291,00b 19,72b 0,75a 26,21b

Médias seguidas de letras diferentes, na coluna apresentam diferenças significativas entre si (Tukey ≤

0,05).

Segundo PAULETTO et al. (2001a) o maior crescimento da copa não implica

necessariamente maior produção. HARTMANN & KESTER (1990) comentaram que o

uso de porta-enxertos vigorosos na videira geralmente aumenta a produtividade, mas em

alguns casos, os porta-enxertos vigorosos podem reduzir drasticamente a produção,

quando utilizado em condições ótimas de clima e solo.

O número de cachos por planta, bem como o tamanho ou massa dos cachos estão

diretamente relacionados à produtividade da videira, variável de grande importância

para cultivares híbridas e rústicas nas quais altas produtividades são condição

fundamental para viabilidade da produção (HERNANDES et al., 2010a).

Em vários trabalhos, os autores verificaram maiores produções quando a copa

foi enxertada sobre o ‘IAC 766’ e ‘IAC 313’ (MARTINS et al., 1981; TERRA et al.,

1981; TERRAS et al., 1990b; PAULETTO et al., 2001a).

48

MARTINS et al. (1981), estudando o comportamento da cultivar de uva de mesa

Patrícia sobre os porta-enxertos 'Traviú', 'RR 101-14', 'Kober 5BB', 'IAC 313', 'IAC

766', em Jundiaí, SP, verificaram as maiores produções com o 'IAC 766' e 'Traviú',

seguidos pelo 'IAC 313' e '101-14', e, finalmente, 'Kober 5BB', que apresentou a menor

produção.

TERRA et al. (1989), em Jundiaí, estudaram o comportamento de duas

cultivares de uva tipo moscatel para vinho, IAC 21-14 e IAC 931-13, sobre os porta-

enxertos 'RR 101-14', 'Kober 5BB', 'Traviú', 'IAC 313' e 'IAC 766'. Os autores

averiguaram que as maiores produções médias da cultivar IAC 21-14 foram obtidas

quando se utilizaram os porta-enxertos 'IAC 766' e 'Traviú', seguidos do 'RR101-14' e

'IAC 313'.

Nos Municípios de Tietê e Tatuí, SP, TERRA et al. (1990b) estudaram o

comportamento de quatro híbridos IAC para produção de vinho 'IAC 138-22', 'IAC 960-

9', 'IAC 116-31' e 'IAC 960-12' tanto como produtores diretos, quanto enxertados sobre

'IAC 313', 'IAC 766' ou 'Traviú'. Os autores constataram que, no conjunto dos

ambientes, anos e locais, as maiores produções foram obtidas com as cultivares IAC

138-22 e IAC 960-9 enxertadas sobre o porta-enxerto 'IAC 766'. Nas condições de

Tietê, essas cultivares copas, enxertadas sobre o 'IAC 766', apresentaram potencial

produtivo semelhante ao obtido sobre o 'IAC 313'.

PAULETTO et al., 2001a, verificaram que a produção média por planta ao final

dos oitos anos de avaliação dos porta-enxertos ‘IAC 313’ e ‘IAC 766’ foi maior do que

a dos porta-enxertos ‘Kober 5BB’ e ‘Schwarzmann’, mas não diferiu estatisticamente

do ‘Traviú’ para ‘Niagara Rosada’.

Entretanto, outros autores encontraram resultados diferentes dos observados no

experimento (TERRA et al. 1990a; MOTA et al., 2009; ORLANDO et al., 2008;

ALVARENGA et al., 2002; PAULETTO et al., 2001a). TERRA et al. (1990a)

avaliando a cultivar Máximo para vinho em Monte Alegre do Sul, SP, obtiveram

resultados parcialmente condizentes com o presente experimento. O porta-enxerto

‘Golia’ junto com o ‘RR 101-14’ proporcionaram as menores produtividades, não sendo

recomendado a sua utilização. Ao contrário do presente experimento, o porta-enxerto

‘IAC 572’ se destacou dos demais, superando o ‘IAC 313’.

49

MOTA et al. (2009) avaliando a produtividade da ‘Niagara Rosada’ e ‘Folha de

Figo’ sobre diferentes porta-enxertos, obteve resultado parcialmente diferente do

presente experimento, onde ‘IAC 572’ proporcionou maior produção e vigor. No

presente experimento, a relação vigor vegetativo e produção não foi confirmada para

porta-enxerto ‘IAC 572’, apresentando este, produção intermediaria.

ALVARENGA et al. (2002) observaram que porta-enxerto ‘IAC 766’, ‘IAC

572’, ‘IAC 313’, ‘1103 P’ e ‘Traviú’ proporcionaram maior vigor vegetativo, produção

de cachos e número de cachos, à exceção da ‘Gravesac’, que apesar de não se encontrar

entre as de maior vigor, exibiu igual quantidade de cachos.

PAULETTO et al. (2001a) afirmaram que as variações encontradas nas medidas

relacionadas a produção e o vigor estão associados, provavelmente, com diferentes

interações que ocorreram entre a copa e os porta-enxertos testados. Além disso, cada

combinação sofre influência das condições de clima e solo, o que pode modificar

completamente a resposta.

Em relação às características químicas do mosto como teor de sólidos solúveis,

acidez total titulável e índice de maturação, verifica-se um comportamento semelhante

do híbrido quando enxertado sobre os diferentes porta-enxertos (Tabela 5).

ORLANDO et al. (2008) ao avaliarem o comportamento das cultivares Cabernet

Sauvignon e Syrah sobre “Riparia do Traviú, ‘IAC 766’, ‘IAC 572’ e ‘IAC 571-6’, em

Jundiaí, não obtiveram diferenças significativas para as características de sólidos

solúveis, acidez titulavel e pH em ambas cultivares analisadas. Para Cabernet

Sauvignon também não foi verificado diferença significativa para produção, número de

cachos e produção por planta.

Em experimento no norte do Paraná, SATO et al. (2008b) avaliando o efeito dos

porta-enxertos ‘IAC 766’, ‘IAC 572’ e ‘420 A’ para as características físico-químicas e

produtivas das uvas ‘Isabel’ e ‘BRS-Rúbea’, para suco, não encontraram efeito dos

porta-enxertos.

SATO et al. (2009), entretanto, encontraram efeito dos porta-enxertos sobre a

cultivar ‘Isabel’ para o teor de sólidos solúveis totais. Os porta-enxertos que

proporcionaram maiores produções ‘IAC 766’ e ‘IAC 572’ em comparação ao ‘420-A’,

também proporcionaram a cultivar copa maior teor de sólidos solúveis (SS). Porém,

50

para acidez titulável (AT) e relação SS/AT, não foram encontradas diferenças entre os

porta-enxertos. TERRA et al. (1989) verificaram que o ‘Schwarzmann’ promoveu

maior teor de sólidos solúveis, tendo sido também o mais produtivo para ‘Niagara

Rosada’ em Jundiaí.

Esses resultados diferem dos obtidos por ALVARENGA et al. (2002), que

observaram que os porta-enxertos que proporcionaram as maiores produções à copa

foram aqueles que conferiram o menor teor de sólidos solúveis e pH e os maiores

valores de acidez.

Segundo RIZZON et al. (1998), o índice de maturação é a característica química

mais importante no momento de se selecionar uvas para processamento.

Verifica-se, que apesar da diferença de produção não significativa entre os porta-

enxertos, os valores dos índices de maturação obtidos estão dentro do limite

estabelecido pela legislação brasileira (entre 15 e 45), considerado ideal para as uvas

para vinificação (BRASIL, 2004).

Segundo MOTA et al. (2009), ao se considerar os fatores que interferem na

composição das bagas, é importante a escolha da melhor combinação copa/porta-

enxerto para associar o controle de vigor da planta e a qualidade das bagas com uma

produtividade economicamente viável.

Em relação aos ciclos de produção, a maior produção, número de cachos e

produção por planta, e as melhores características químicas do mosto, maior teor de

sólidos solúveis e índice de maturação e menor acidez, ocorreram em 2014.

Uma possível causa da menor produção no ano de 2015 seria a boa produção

ocorrida em 2014, caracterizando assim a alternância de produção. Segundo FAUST

(1989) e MULLINS et al. (1992) a presença de grande carga de frutos em uma

determinada safra tende a reduzir a indução e a diferenciação floral responsável pelo

potencial produtivo da próxima safra. Tem sido relatado também, que a presença de um

grande número de frutos reduz a indução floral pela alta concentração de giberelina

presente, principalmente, nas sementes.

Em relação a inferioridade das características químicas do mosto da uva do ano

de 2015 em relação a 2014, uma das causas seria o excesso de precipitação ocorrido

nesse ano (Figura 3). Segundo HERNANDES et al. (2010b) uma das causas dos baixos

valores de sólidos solúveis obtidos paras as cultivares de uva, para região de Jundiaí, é a

51

coincidência do período de maturação com as condições de excesso hídrico e altas

temperaturas noturnas e diurnas.

FIGURA 3 – Precipitação pluvial mensal acumulada durante os ciclos de

produção de 2014 e 2015. Jundiaí, 2014/2015.

Não ocorreu interação significativa entre os porta-enxertos e os ciclos, na

duração das fases fenológicas do SR 501-17 sobre os diferentes porta-enxertos.

Obteve-se efeito dos porta-enxertos somente para o número de dias para brotação,

enquanto para fator de variação ciclo de produção, houve diferença significativa para

todas as variáveis, com exceção do número de dias para brotação (Anexo III).

Comparando-se as médias dos porta-enxertos, observa-se que o porta-enxerto

que proporcionou o menor número de dias da poda à brotação foi ‘IAC 766’ em

comparação ao ‘IAC 572’ que não diferiu dos demais (Tabela 6).

Esses resultados semelhantes foram encontrados por TECCHIO et al. (2013)

para ‘Niagara Rosada, enxertada sobre diferentes porta-enxertos em Jundiaí. Os autores

encontraram maior duração do ciclo da cultivar sobre os porta-enxertos ‘IAC 572’ e

‘IAC 313’.

ALVARENGA et al. (2002) verificaram que no Sul de Minas Gerais os porta-

enxertos ‘IAC 766’, ‘IAC 572’ e ‘420 A’ não influenciaram na duração do ciclo das

52

cultivares ‘Folha de Figo’ e ‘Jacquez’. MOURA et al. (2011) avaliando o

comportamento da cultivar ‘Juliana’, de uva para mesa, e PEDRO JÚNIOR et al. (2006)

estudando cultivar tetraplóide ‘Niabell’, ambos em Jundiaí, também não encontraram

efeito dos porta-enxertos, ‘Traviú’, ‘IAC 766’ e ‘IAC 572’, sobre os estádios

fenológicos.

Resultado diferente foi encontrado por ALVARENGA et al. (2002), em que os

porta-enxertos ‘IAC 313’ e ‘IAC 572’ proporcionaram maior atraso à ‘Niagara Rosada’,

ainda em formação, em comparação ao ‘IAC 766’ paras as fases de início e fim de

floração e fim de maturação, em Caldas-MG.

Em relação aos ciclos de produção, o número de dias da poda ao florescimento,

ao início da maturação e a maturação foram significativamente menores em 2015

(Tabela 6). As diferenças observadas na duração dos subperíodos fenológicos,

comparando-se os dois ciclos de produção foram decorrentes, principalmente, da

ocorrência de temperaturas médias e mínimas maiores em 2015 comparando-se ao ano

2014 (Figura 2 B). A ocorrência de temperaturas médias superiores em 2015, também

foram responsáveis para um encurtamento do ciclo do híbrido de 2 dias (Figura 4 A e

B).

TECCHIO et al. (2013) observaram uma redução do ciclo vegetativo da

‘Niagara Rosada’ na poda de verão em relação à de inverno, em média de 5 dias.

Segundo os autores, essa diferença é consequência das temperaturas mais amenas

ocorridas durante o ciclo de inverno.

Uma possível causa da ausência de diferença significativa para o subperíodo de

poda a brotação, nos dois anos, apesar da temperatura média e a mínima terem sido

superiores em 2015, seria em função da aplicação uniforme de Dormex® para quebra de

dormência das gemas.

Segundo SILVA et al. (2008), a fenologia varia em função do genótipo e das

condições climáticas de cada região produtora ou em uma mesma região devido às

variações estacionais do clima ao longo do ano. O momento da poda passa a ser a

referência para o início do ciclo fenológico da videira, que sofre a influência das

condições climáticas predominantes durante aquele período (PEDRO JÚNIOR &

SENTELHAS, 2003).

53

Tabela 6 - Resultados médios para número de dias para a brotação (NDB), número de

dias para o florescimento (NDF), número de dias para o início da maturação

(NDIM) e número de dias para a maturação (NDM) avaliadas no híbrido SR

501-17 enxertado sobre cinco porta-enxertos em 2 ciclos de produção.

Jundiaí, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto NDB NDF NDIM NDM

‘Golia’ 19,70ab 56,26 117,15 147,00

‘IAC 572’ 20,62a 57,44 118,50 147,00

‘IAC 571-6’ 18,75ab 57,34 117,48 147,00

‘IAC 766’ 18,30b 56,01 117,40 147,00

‘IAC 313’ 19,70ab 56,49 116,83 147,00

Ciclo de produção

2014 19,83 57,42a 119,03a 148,00a

2015 18,99 55,99b 115,91b 146,00b Médias seguidas de letras diferentes, na coluna apresentam diferenças significativas entre si (Tukey ≤

0,05).

54

Figura 4 – Duração média dos diferentes subperíodos fenológicos do híbrido SR 501-

17 sobre diferentes porta-enxertos, em Jundiaí, no ano de 2014 (A) e 2015 (B).

Para a análise física dos cachos, ocorreu observada interação significativa entre

os porta-enxertos e os ciclos de produção para as variáveis massa fresca do cacho,

massa fresca e largura das bagas, comprimento e largura do engaço e número de bagas

55

por cacho. Foi observado efeito significativo dos porta-enxertos para massa fresca de

cacho e massa fresca e largura de bagas e engaço, enquanto para fonte de variação

ciclos produtivos, ocorreu diferença significativa para todas as variáveis, exceto massa

fresca de cacho e de engaço e número de bagas por cacho (Anexo IV).

No ciclo de 2014, o porta-enxerto que proporcionou maior massa fresca de

cacho foi ‘IAC 313’ em relação ao ‘Golia’ e ‘IAC 572’, mas não deferiu ‘IAC 571-6’ e

‘IAC 766’ (Tabela 7). No ciclo de 2015, a maior massa fresca de cacho ocorreu quando

híbrido foi enxertado sobre ‘IAC 571-6’ em relação ao ‘Golia’, não diferindo do

restante dos porta-enxertos. Segundo RIZZON & MIELE (2004) o peso do cacho

depende diretamente do número e do tamanho das bagas.

No ciclo de 2014, a menor massa fresca e largura de bagas ocorreu quando o

híbrido estudado foi enxertado sobre o porta-enxerto ‘Golia’ não diferindo, porém do

‘IAC 766’ para largura de bagas.

Estes resultados estão de acordo com os obtidos por SATO et al. (2008b) e

SATO et al. (2009) que não observaram diferenças para massa e diâmetro de bagas

entre os porta-enxertos ‘IAC 766’, ‘IAC 572’ e ‘420 A’ para as cultivares ‘Isabel e

‘BRS-Rúbea’.

Em 2015, o maior número de bagas por cacho foi observado quando o híbrido

foi enxertado no ‘IAC 571-6’, porém não se diferiu dos porta-enxertos ‘IAC 572’ e

‘IAC 766’ (Tabela 7).

PAULETTO et al. (2001a) verificaram superioridades do ‘IAC 313’, ‘IAC 766’

e ‘Traviú’ em relação ao ‘Kober 5BB’ e ao ‘Schwarzmann’ quanto ao número de bagas

por cacho, na média do experimento, para cultivar Niagara Rosada.

Observa-se uma relação entre o aumento da massa fresca de cachos e os maiores

do número de bagas por cacho e massa fresca da baga, com uma menor participação da

última (Tabela 8). Segundo CÀSTINO (1992) o peso da baga é uma característica

varietal. Além disso, o número de bagas/ cachos depende da frutificação efetiva, bem

como o ataque de míldio pode reduzir esse número (HIDALGO, 1993; CHAPAGNOL,

1984; FREGONI, 1998).

56

Segundo RIZZON & MIELE (2004) bagas com massa inferior a 2,0 g estão na

faixa considerada como pequenas. Com exceção do porta-enxerto ‘IAC 313’ no ano de

2014 todos os porta-enxertos proporcionaram bagas pequenas. Já no ciclo de 2015, uma

possível causa, do maior tamanho das bagas, seria o excesso de chuva.

É importante o estudo das características físicas de bagas, pois segundo

RIZZON & MIELE (2004) bagas pequenas, devido à relação película/polpa, favorecem

a liberação de maior quantidade de minerais para o mosto, especialmente K, Ca e Mg,

que interferem na salificação dos ácidos e consequentemente no pH e na acidez titulável

do vinho.

Para comprimento engaço em 2014, os maiores valores médios foram obtidos

quando o híbrido SR 501-17 foi enxertado sobre ‘Golia’, não deferindo do ‘IAC 766’ e

‘IAC 313’ (Tabela 7). Porta-enxerto ‘Golia’ e ‘IAC 766’ induziram maior largura de

engaço a copa, no ciclo de 2014.

Em relação aos ciclos de produção, as médias do comprimento e da largura de

engaço foram superiores em 2014, com exceção ao ‘IAC 572’ para comprimento de

engaço (Tabela 7). Em relação à massa fresca de cacho e número de bagas, maiores

médias foram obtidas quando o híbrido foi enxertado sobre o porta-enxerto ‘IAC 313’,

em 2014.

Em 2015, os porta-enxertos ‘Golia’, ‘IAC 572’ e ‘IAC 766’ proporcionaram as

maiores médias para massa fresca de bagas (Tabela 7). Com exceção do porta-enxerto

‘IAC 766’, a maior largura de bagas ocorreu no ciclo de 2015. O ‘IAC 571-6’

proporcionou maiores médias no híbrido estudado, para massa fresca de cacho e número

de bagas em 2015. O maior índice pluviométrico de 2015, pode ser a causa da maior

massa fresca e largura das bagas no ciclo de 2015.

57

Tabela 7 – Desdobramento da interação massa fresca de cacho (MFC), massa fresca de

dez bagas (MFB), largura de dez bagas (LB), comprimento de engaço (CE),

largura de engaço (LE) e número de bagas por cacho (NB/C) avaliadas no

híbrido SR 501-17 enxertado sobre cinco porta-enxertos em 2 ciclos de

produção. Jundiaí, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto

MFC (g) MFB (g) LB (cm)

2014 2015 2014 2015 2014 2015

‘Golia’ 138,82b 149,47b 17,26bB 20,98A 13,45bB 14,54A

‘IAC 572’ 147,82b 165,99ab 19,46aB 20,68A 14,09aB 14,66A

‘IAC 571-6’ 155,54abB 182,53aA 19,77a 20,65 14,05aB 14,56A

‘IAC 766’ 165,24ab 175,15ab 19,81aB 20,98A 13,91abB 14,36A

‘IAC 313’ 179,08aA 155,38abB 20,52a 21,43 14,26a 14,51

Porta-enxerto

CE (cm) LE (cm) NB/C

2014 2015 2014 2015 2014 2015

‘Golia’ 12,88aA 9,02B 4,83aA 3,02B 77,22 69,10b

‘IAC 572’ 11,31b 10,43 3,46cA 2,72B 72,72 78,14ab

‘IAC 571-6’ 11,00bA 9,25B 4,06bA 3,13B 74,61B 85,65aA

‘IAC 766’ 12,06abA 10,18B 4,80aA 3,15B 81,34 81,09ab

‘IAC 313’ 11,97abA 9,53B 4,05bA 3,05B 84,58A 70,66bB

Médias seguidas de letras diferentes, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, apresentam diferenças

significativas entre si (Tukey ≤ 0,05).

Não efeito do porta-enxerto sobre o comprimento, a largura dos cachos e a

massa fresca do engaço (Tabela 8). Para comprimento de bagas, o porta-enxerto ‘IAC

571-6’, proporcionou maiores valores médios em comparação ao ‘Golia’.

Em relação ciclos de 2014 e 2015, as médias de comprimento e largura de cacho

e massa fresca de engaço foram maiores em 2014 do que em 2015. Para comprimento

de bagas maior média foi obtida em 2015 (Tabela 8).

58

Tabela 8 – Resultados médios para comprimento de cacho (CC), largura de cacho (LC),

comprimento de dez bagas (CB) e massa fresca de engaço (MFE) avaliadas

no híbrido SR 501-17 enxertado sobre cinco porta-enxertos em 2 ciclos de

produção. Jundiaí, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto CC (cm) LC (cm) CB (cm) MFE (g)

‘Golia’ 12,20 5,31 15,50b 6,16

‘IAC 572’ 12,42 5,45 15,30ab 6,06

‘IAC 571-6’ 12,00 5,66 15,54a 6,79

‘IAC 766’ 12,95 5,48 15,31ab 6,75

‘IAC 313’ 12,15 5,42 15,32ab 6,15

Ciclo de produção CC LC CB MFE

2014 13,10a 5,65a 15,04b 6,20

2015 11,57b 5,28b 15,63a 6,57

Médias seguidas de letras diferentes, na coluna apresentam diferenças significativas entre si (Tukey ≤

0,05).

4.2 Análises Físico-químicas do Vinho do Híbrido em Jundiaí

Os resultados analíticos obtidos para as amostras de vinhos brancos elaborados

na safra 2014 estão apresentados na Tabela 9.

Os teores alcoólicos do vinho, de todas as amostras, apresentam valores dentro

dos intervalos de referência descritos pela Lei nº 10970/04, 8,6% a 14% em volume

para vinho de mesa (BRASIL, 2004). O etanol, é o principal álcool encontrado em

vinhos, é fundamental para as propriedades sensoriais, envelhecimento e estabilidade do

vinho, uma vez que limita o crescimento microbiano e supre o desenvolvimento de

micro-organismos responsáveis por odores indesejáveis (JACKSON, 2000). Além

disso, o grau alcoólico fornece uma indicação do grau de maturação da uva (RIZZON et

al., 2011).

Silva et al. (2015) observaram teor alcoólico um pouco inferior ao presente

trabalho, 11,5% a 11,82%, quando avaliou as cultivares IAC 116-31 Rainha, IAC 21-44

Madalena e BRS Lorena sobre o ‘IAC 766 Campinas’ e o ‘Traviú’ em Jundiaí. Uma

possível causa seria o menor teor de sólidos solúveis e a não adição de açúcar durante a

fermentação.

59

Tabela 9 - Características analíticas de vinhos do híbrido ‘SR0501-17’ enxertada sobre

cinco porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Jundiaí, SP, 2014.

Variável Porta-enxertos

‘Golia’ ‘IAC 572’ ‘IAC 571-6’ ‘IAC 766' ‘IAC 313’

Densidade (mg.L-1

) 0,9894 0,9904 0,9880 0,9894 0,9899

Teor alcoólico (% v/v) 13,91 13,52 13,78 13,53 13,08

Acidez total (meq.L-1

) 76,13 83,06 80,88 87,12 89,10

Acidez volátil (meq.L-1

) 10,74 10,40 5,79 7,62 8,61

Acidez fixa (meq.L-1

) 65,39 72,66 75,09 79,50 80,49

pH 3,361 3,40 3,366 3,289 3,270

Extrato seco total (g.L-1

) 19,30 20,90 17,20 18,30 18,30

Extrato seco reduzido (g.L-1

) 19,30 20,60 17,20 18,30 18,30

Açúcares residuais totais (g.L-1

) 1,00 1,30 0,80 1,00 0,80

Álcool/ extrato seco 5,76 5,25 6,41 5,91 5,72

Dióxido de enxofre total (g.L-1

) 0,10 0,12 0,086 0,083 0,086

Cinzas (g.L-1

) 1,22 1,60 1,29 1,22 1,32

Cloreto (g.L-1

) 0,129 0,164 0,07 0,105 0,094

Sulfato (g.L-1

) <0,7 <0,7 <0,7 <0,7 <0,7

Metanol (g.L-1

) <LD 0,04 <LD <LD <LD

LD – Limite de detecção

Os valores da acidez total de todas as amostras estavam dentro dos intervalos de

referência preconizados pelas legislação brasileira, que é de 55 a 130 meq.L-1

. A acidez

total é composta por duas categorias: volátil e fixa. Nenhuma das amostras ultrapassou

o limite máximo estabelecido pela legislação brasileira (20 meq.L-1

) para acidez volátil.

O baixo teor de acidez volátil indica a sanidade do vinho, a ausência de ação de

bactérias pela oxidação do álcool ou ataque bacteriano ao ácido cítrico, açúcares,

tartaratos e glicerol (ZOECKLEIN et al., 1995).

Os valores de pH das amostras mostram-se adequados, visto que JACKSON

(2000) refere valores de pH entre 3,1 e 3,4 como adequados para maioria dos vinhos

brancos. Valores baixos de pH produzidos por ácidos do vinho têm efeito

antimicrobiano benéfico, pelo fato de a maioria das bactérias não crescer nessas

condições (JACKSON, 2000), além de proporcionar, ainda, frescor e o aparecimento de

descritores frutados e florais no vinho branco (RIZZON et al., 2011).

60

Valores parecidos de pH foram encontrados por SILVA et al. (2015) no vinho da

‘IAC 21-14 Madalena’ (3,48 e 3,44) e um pouco menores para ‘IAC 116-31 Rainha’

(2,87 e 3,00) e ‘BRS Lorena’ (2,77 e 2,74).

Quanto ao conteúdo dos açucares residuais totais, as quantidades obtidas

permitem classificar todos os vinhos como do tipo “seco”, já que o limite máximo de

açúcares totais para se enquadrar nessa classificação é de 4 g.L-1

(BRASIL, 2004).

Com relação ao extrato seco reduzido, os valores variaram entre 17,20 a 20,90.

Valores próximos foram encontrados por RIZZON et al. (2011) em vinhos de uva

‘Riesling Itálico’, a média de 16,28. Segundo DE OLIVEIRA (2011) esse parâmetro é

determinado principalmente para o cálculo posterior da relação álcool em peso/ extrato

seco reduzido, exigido pela legislação.

Os valores da relação álcool/ extrato seco estão dentro do limite máximo de 6,5

estabelecido pela legislação para vinhos branco de mesa. Na média dos vinhos ‘Reisling

Itálico’ RIZZON et al (2011) encontrou valor médio de 5,79, considerado alto e os

caracterizando como brancos leves.

Da mesma forma, os níveis de dióxido de enxofre total não ultrapassaram o

limite máximo, 0,35 g.L-1

(BRASIL, 2004). Anidrido sulfuroso livre é uma fração do

anidrido sulfuroso total, que exerce efeito direto na conservação do vinho pela seleção

dos microrganismos (RIZZON et al., 1994).

Quanto ao teor de cinzas, os vinhos dos híbridos sobre porta-enxerto ‘Golia’,

‘IAC 571-6’ e ‘IAC 766’ não atingiram o valor mínimo estipulado pela legislação, 1,3

g.L-1

. Correspondem ao teor de matérias inorgânica dos vinhos, representando cerca de

10% do valor do extrato seco reduzido (RIZZON et al., 2000). No vinho os principais

minerais são potássio, sódio, magnésio, cálcio, ferro, alumínio, cobre, fosfato sulfato,

cloreto e sulfito e os ânions orgânicos tartarato, malato e lactato (AQUARONE et al.,

2001). Os teores de cinzas, um pouco abaixo do mínimo estipulado na legislação,

obtidos neste experimento, podem estar relacionados ao tempo de tratamento dos vinhos

em câmara fria para precipitação dos tartaratos, indicando que para esta cultivar o tempo

pode ser menor.

Em relação aos cloretos totais, todas as amostras apresentaram valores inferiores

ao máximo permitido 0,2 g.L-1

de cloretos sódio em vinhos de mesa (BRASIL, 2004).

61

Os vinhos também não ultrapassaram o limite máximo de 1 g.L-1

de sulfatos totais

(BRASI, 2004).

O vinho originado da SR 501-17 sobre o porta-enxerto ‘IAC 572’ foi o único

que apresentou valor mínimo de detecção de Metanol, pelo método utilizado (0,040 g.L-

1). Mesmo assim, o valor ficou abaixo do estipulado pela legislação 0,2 g.L

-1 (BRASIL,

2004). Segundo RIZZON et al. (2011) o teor de metanol está relacionado com o sistema

de vinificação adotado, especialmente no caso da maceração pelicular, e a forma de

extração do mosto. Os baixos teores de metanol obtidos no presente estudo podem estar

relacionados ao processo de vinificação utilizado com extração do mosto por

prensagem, sem maceração da película.

Todos os parâmetros analíticos dos vinhos ficaram dentro dos limites fixados

pela legislação brasileira, com exceção das cinzas para algumas amostras. O híbrido SR

501-17 sobre o todos os porta-enxertos proporcionaram à elaboração de um vinho

branco seco, de boa qualidade em Jundiaí.

4.3 Produção e Características Físico-químicas dos Cacho, Bagas e Engaços do

Híbrido em Votuporanga

Em Votuporanga, não ocorreu interação significativa entre os porta-enxertos e

ciclos de produção para nem uma das variáveis analisadas (Anexo V). Ocorreu efeito

significativo do porta-enxerto somente para a massa fresca dos ramos e acidez titulável

e do ciclo de produção para todas as variáveis avaliadas.

Pelos resultados médios, dos ciclos de 2014 e 2015, é possível observar que o

porta-enxerto ‘IAC 766’ proporcionou maior massa fresca de ramos, não diferindo dos

porta-enxertos ‘IAC 572’ e ‘IAC 313’ e, sendo significativamente superior ao porta-

enxerto ‘IAC 571-6’. É possível observar que esse vigor proporcionado pelo porta-

enxerto ‘IAC 766’ ao híbrido estudado, não resultou em maior produtividade (Tabela

10).

Resultado semelhante foi encontrado por TERRA et. al (2001), com cultivares

de uva para suco em Mococa-SP. Apesar do maior vigor proporcionado pelo o ‘IAC

62

766’, em comparação aos outros porta-enxertos do IAC, a produtividade foi a mais

baixa.

DI FILIPPO & VILA (2011) observando a interação cultivar copa ‘Malbec’ com

diferentes porta-enxertos, encontraram interferência dos porta-enxertos na partição de

fotassimilados, influenciando o acúmulo de biomassa da raiz, caule e frutos, das

mesmas. Porta-enxertos de maior vigor promovem maior desenvolvimento vegetativo

da copa, enquanto que porta-enxertos de menor vigor proporcionam desenvolvimento

radicular mais pronunciado e maior produtividade da videira ‘Malbec’.

SOMKUWAR et al. (2006) afirma que muitos porta-enxertos podem induzir

maior vigor à copa das plantas, promovendo maior crescimento vegetativo, aumentando

a densidade de folhas na copa, o que interfere na distribuição uniforme de luz no dossel

e nas gemas dos ramos, resultando em gemas com diferente fertilidade distribuídas ao

longo de um mesmo ramo.

Em relação às características físico-químicas do mosto, o porta-enxerto ‘IAC

313’ proporcionou acidez mais elevada, se diferenciando significativamente do porta-

enxerto ‘IAC 571-6’ (Tabela 12), porém, essa diferença não resultou em um menor

índice de maturação. Segundo RIZZON e LINK (2006), o índice de maturação

representa o equilíbrio entre o gosto doce e ácido do suco de uva, ou seja, quanto mais

elevado for esse valor, mais doce este suco será.

Com relação à acidez titulável do mosto, verifica-se que o mosto supera

levemente os teores recomendados de 0,4 e 0,6% para a elaboração de um vinho de

qualidade (RIZZON et al., 2004). Porém, segundo RIZZON et al. (1998) esses valores

não devem ser considerados elevados, pois durante o processo de vinificação ocorre

considerável redução da acidez titulável, principalmente pela salificação, precipitação

do ácido tartárico e à fermentação malolática. Além disso, existem vários estilos

potenciais de vinhos, para os quais existirão diferentes níveis para ótima acidez, desde

que considerados os limites técnicos já estabelecidos pela experiência enológica

(ORLANDO et al. 2008).

O teor de sólidos solúveis é uma variável diretamente relacionada à qualidade do

vinho e determinará a necessidade ou não de adição de açúcar no processo de

vinificação para que o mesmo atinja o teor alcoólico necessário (HERNANDES et al.

2010a). Segundo RIZZON et al. (1994), deve ser de, no mínimo, 10,5ºGL, que

63

corresponde a um teor de sólidos solúveis na uva, em torno de 21º Brix, próximo ao

encontrado nas duas localidades.

Em relação aos ciclos de produção, é possível observar que apesar do híbrido SR

501-17 ter produzido a menor massa fresca de ramos no ano de 2014, este apresentou

valores de produção, número de cachos e produção por planta, e características químicas

do mosto, índice de maturação, significativamente superiores, quando comparados com

o híbrido no ano de 2015 (Tabela 10).

Segundo KLIEVER (1990), as produções por planta sofrem oscilações, pelo fato

de que a indução floral, ou seja, a indução das células para primórdio do cacho ocorre

nas primeiras semanas depois que um nó se separa de um ápice. O primórdio de cacho

continua a se desenvolver em tamanho e complexidade por oito a doze semanas,

coincidindo com o desenvolvimento do cacho do ciclo corrente. Nesse estádio, o

número total de flores potenciais para a colheita seguinte já foi determinado.

Em geral, constata-se uma relação significativa e negativa entre produtividade

do vinhedo e qualidade da uva e, consequentemente, do vinho (WINKLER, 1954).

Entretanto, MIELE et al. (2006), avaliando a cultivar para vinho ‘Merlot’ no Rio

Grande do Sul, observou que produtividades crescentes do vinhedo não teve efeito

significativo sobre as variáveis físico-químicas.

64

Tabela 10 - Resultados médios da massa fresca dos ramos (MFR), número de cachos

por planta (NC/pl), produção por planta (Prod./pl), teor de sólidos solúveis

(SS), acidez total titulável (AT), índice de maturação (IM), avaliadas no

híbrido SR 501-17 enxertado sobre quatro porta-enxertos em 2 ciclos de

produção. Votuporanga, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto MFR

(g)

NC/PL Prod./PL

(g)

SS

(ºBrix)

AT

(g de ac.

tartárico.L-1

)

IM

IAC 766 1037,26a 14,98 1673,65 18,97 0,72ab 26,70

IAC 572 847,50ab 12,20 1379,73 18,43 0,72ab 25,77

IAC 571-6 681,77b 18,18 2034,35 18,89 0,68b 27,93

IAC 313 826,58ab 17,36 1717,40 19,46 0,75a 26,19

Ciclos de produção

2014 638,33b 18,57a 2171,12a 19,44a 0,67b 28,95a

2015 1058,22a 12,78b 1231,44b 18,44b 0,76a 24,34b

Médias seguidas de letras diferentes na coluna apresentam diferenças significativas entre si (Tukey ≤

0,05).

Nas avaliações das fases fenológicas do híbrido estudado, ocorreu interação

entre os porta-enxertos e os ciclos de produção, para a variável número de dias para a

maturação (Anexo VI). Ocorreu efeito do porta-enxerto somente para o número de dias

para a maturação, enquanto para o ciclo de produção observou-se efeito significativo

para todas as fases fenologias do híbrido.

O híbrido SR 501-17 enxertado sobre o porta-enxerto ‘IAC 572’ diferiu

significativamente dos outros porta-enxertos, sendo o mais tardio na colheita de 2015,

com um ciclo 6 dias maior (Tabela 11).

Este resultado é parcialmente condizente com os obtidos por TECCHIO et al.

(2011b), que também obtiveram maior duração das fases fenológicas com a videira

‘Niagara Rosada’, em Votuporanga, enxertada nos porta-enxertos ‘IAC 572’ e ‘IAC

571-6’.

ALVARENGA et al. (2002), ao avaliarem a fenologia da cv. Niagara Rosada em

Caldas, Minas Gerais, observaram maior duração do ciclo com os porta-enxertos

65

‘IAC572’ e ‘IAC 313’quando comparado com os porta-enxertos ‘Riparia do Traviú’ e

‘IAC 766’.

Em relação aos ciclos de produção 2014 e 2015, foi observado efeito do ciclo

para todos os porta-enxertos (Tabela 11). O subperíodo da poda a colheita em 2015 foi

7 dias mais curto para o ‘IAC 572’ e 13 dias menor para os demais porta-enxertos em

comparação ao ano de 2014 (Figura 5 A e B). Essas diferenças foram decorrentes,

principalmente, da ocorrência de temperaturas mínimas e médias superiores no ano de

2015 em relação a 2014 (Figura 6 A e B).

Tabela 11 – Desdobramento da interação número de dias para a maturação (NDM)

avaliada no híbrido SR 501-17 enxertado sobre quatro porta-enxertos em

2 ciclos de produção. Votuporanga, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto NDM (dias)

2014 2015

‘IAC 766’ 132,00A 119,00aB

‘IAC 572’ 132,00A 125,00bB

‘IAC 571-6’ 132,00A 119,00aB

‘IAC 313’ 132,00A 119,00aB

Médias seguidas da mesma letra maiúscula na linha, não apresentam diferenças significativas entre si

(Tukey ≤ 0,05).

No ciclo de 2014, os valores médios do número de dias da poda à brotação, para

o florescimento e para o início da maturação foram maiores que em 2015 (Tabela 12).

Esses valores variaram proporcionalmente à diferença de temperatura média entre o ano

de 2015 e 2014 (Figura 6 B).

Entre os fatores que influenciam na duração do ciclo da videira, a temperatura

do ar mostrou ser um dos principais para a videira ‘Niagara Rosada’, em Jundiaí-SP

(PEDRO JR et al., 1994). KUHN et al. (1996) também afirmaram que a variação na

duração do ciclo de algumas combinações copa/porta-enxerto, pode ser explicada pela

diferença de afinidade entre as duas partes, enquanto TECCHIO et al. (2013) relacionou

a variação a diferença de vigor que o porta-enxerto proporciona à copa.

66

A caracterização das principais fases fonológicas é importante para o melhor

conhecimento da influência das condições climáticas anuais sobre o desenvolvimento da

videira e auxiliará na tomada de decisões tanto do manejo do vinhedo ao longo do ciclo,

quanto de preparação da vinícola para recepção da matéria-prima (BLOUIN &

GUIMBERTEAU, 2004).

FIGURA 5 – Duração média dos diferentes subperíodos fenológicos do híbrido SR

501-17 sobre diferentes porta-enxertos, em Votuporanga, no ano de 2014 (A) e 2015

(B).

67

FIGURA 6 – Temperatura mínima, máxima (A) e média (B) mensal durante os ciclos

de produção de 2014 e 2015. Votuporanga, 2014/2015.

A

B

68

Tabela 12 - Resultados médios do número de dias para a brotação (NDB), número de

dias para o florescimento (NDF) e número de dias para o início da maturação

(NDIM) avaliadas no híbrido SR 501-17 enxertado sobre quatro porta-

enxertos em 2 ciclos de produção. Votuporanga, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto NDB (dias) NDF (dias) NDIM (dias)

‘IAC 766’ 14,47 47,08 96,45

‘IAC 572’ 15,41 46,72 96,08

‘IAC 571-6’ 14,77 46,75 95,37

‘IAC 313’ 15,22 46,95 96,42

Ciclo de produção

2014 19,04a 47,70a 98,81a

2015 10,89b 46,04b 93,35b Médias seguidas de letra diferente na coluna apresentam diferença significativa entre si (Tukey ≤ 0,05).

Para as características físicas do cacho, houve interação significativa entre porta-

enxertos e ciclo para massa fresca e largura de cachos, massa fresca, comprimento e

largura de bagas, massa fresca e largura de engaço e para número de bagas por cacho

(Anexo VII). Ocorreu efeito do porta-enxerto para largura do cacho, massa fresca e

largura de engaço, enquanto todas as outras variáveis sofreram efeito significativo da

época, com exceção do número de bagas por cacho.

Em relação aos porta-enxertos, é possível visualizar que o porta-enxerto IAC

766 proporcionou maior largura de cacho, baga e engaço no ano de 2014, o que não

ocorreu para largura de bagas, não diferindo do porta-enxerto ‘IAC 572’ (Tabela 13). O

híbrido SR 501-17 teve maior valor de massa fresca e comprimento de baga quando

enxertada sobre ‘IAC 572’, porém não diferiu quando enxertado nos porta-enxertos

‘IAC 571-6’ e ‘IAC 313’ para massa fresca de bagas. O híbrido apresentou menor valor

de comprimento de engaço sobre o ‘IAC 313’

Observou-se que no ciclo de 2015, o ‘IAC 313’ proporcionou o híbrido a menor

massa fresca, largura de cacho e o menor número de bagas por cacho (Tabela 13). O

híbrido SR 501-17 sobre o ‘IAC 313’, em 2015, também apresentou a menor massa

fresca e largura de engaço, não deferindo apenas quando enxertado no ‘IAC 572’ para

massa fresca de engaço. Segundo MOURA et al. (2011), espera-se que as características

69

massa fresca de baga e massa fresca de engaço estejam correlacionadas com massa

fresca de cacho.

É possível observar uma relação entre o aumento da massa fresca de cachos e a

maior da massa fresca, comprimento e largura de bagas e número de número de bagas

por cacho, contudo, o aumento do número de bagas por cacho foi o maior responsável

pelo aumento da massa fresca de cachos (Tabela 13). A causa disso seria, segundo

CHAMPAGNOL (1984) a dimensão da baga depende principalmente das características

genéticas da cultivar, do equilíbrio hormonal, da quantidade de água absorvida e da

concentração de açúcar. Todos os porta-enxertos proporcionaram ao híbrido bagas

pequenas, menores que 2,0 g.

O tamanho das bagas influencia nas variáveis qualitativas do vinho, e bagas

pequenas apresentam relação casca/mosto mais elevada que favorece a qualidade, uma

vez que é nas cascas que se concentram os componentes que irão determinar a cor e o

aroma, principalmente nos vinhos tintos (RIZZON et al., 1994).

De acordo com o desdobramento da interação porta-enxertos e ciclos de

produção, no ano de 2015 os valores de largura de cacho, comprimento e largura de

bagas foram significativamente superiores e o comprimento de engaço foi

significativamente menor (Tabela 13). Também em 2015, as variáveis massa fresca de

cacho e bagas foram superiores para os porta-enxertos ‘IAC 572’ e ‘IAC 766’,

respectivamente. A variável massa fresca de engaço apresentou médias inferiores no

ano de 2014. Para largura de engaço o ‘IAC 766’ proporcionou maior valor no ano de

2014, enquanto ‘IAC 572 e ‘IAC 571-6’ proporcionaram ao híbrido valor

significativamente superiores em 2015. Em relação ao número de bagas por cacho, ‘IAC

572’ proporcionou maior número de bagas em 2015, enquanto para o ‘IAC 313’ valor

superior foi encontrado no ano de 2014.

70

Tabela 13 – Desdobramento da interação para massa fresca de cacho (MFC), largura de cacho (LC), massa fresca de dez bagas (MFB),

comprimento de dez bagas (CB), largura de dez bagas (LB) massa fresca de engaço (MFC), largura de engaço (LE) e número de bagas

por cacho (NB/C) avaliadas no híbrido SR 501-17 enxertado sobre quatro porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Votuporanga, SP,

2014 e 2015.

Porta-enxerto MFC (g) LC (cm) MFB (g) CB (cm) LB (cm)

2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015

‘IAC 766’ 131,02 141,52a 5,34aB 5,70aA 17,48bB 18,72A 14,34abB 15,15A 13,85aB 14,39A

‘IAC 572’ 129,33B 145,18aA 4,64bB 5,70aA 18,65a 18,27 14,55aB 14,90A 13,64abB 14,34A

‘IAC 571-6’ 142,35 154,04a 4,24cB 5,98aA 18,25ab 18,49 14,34abB 15,14A 13,53bB 14,16A

‘IAC 313’ 130,54 119,75b 4,82bB 5,26bA 17,89ab 18,55 14,14bB 15,00A 13,47bB 14,46A

Porta-enxerto MFE (g) CE (cm) LE (cm) NB/C

2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015

‘IAC 766’ 3,56B 5,24bA 12,10aA 9,94B 4,40aA 3,84bcB 73,30a 73,34a

‘IAC 572’ 4,09B 5,83abA 11,22abA 8,97B 3,23bB 4,16abA 68,07aB 76,80aA

‘IAC 571-6’ 4,22B 6,11aA 11,50aA 9,70B 3,24bB 4,26aA 76,37a 80,85a

‘IAC 313’ 3,82B 4,52cA 10,12bA 8,68B 3,38b 3,66c 71,44aA 62,44bB

Médias seguidas letras diferentes minúscula na coluna e maiúscula na linha apresentam diferenças significativas entre si (Tukey ≤ 0,05).

71

Não houve diferença estatística para comprimento do cacho, enquanto que para

comprimento do engaço o porta-enxerto influenciou significativamente. Comparando os

valores médios dos porta-enxertos, é possível observar que o enxertado sobre ‘IAC 313’

proporcionou menor comprimento de engaço que o ‘IAC 766’, mas não diferiu do ‘IAC 572’

e ‘IAC 571-6’. Já o ciclo influenciou no comprimento de cacho e engaço que foram

significativamente maiores em 2014 (Tabela 14).

Tabela 14 - Resultados médios do comprimento de cacho (CC) e comprimento de engaço

(CE) avaliadas no híbrido SR 501-17 enxertado sobre quatro porta-enxertos em 2

ciclos de produção. Votuporanga, SP, 2014 e 2015.

Porta-enxerto CC (cm) CE (cm)

‘IAC 766’ 11,78 11,02a

‘IAC 572’ 11,35 10,11ab

‘IAC 571-6’ 11,73 10,60ab

‘IAC 313’ 10,57 9,38b

Ciclo de produção

2014 11,88a 11,24a

2015 10,84b 9,32b Médias seguidas de letras diferentes na coluna apresentam diferenças significativas entre si (Tukey ≤ 0,05).

4.4 Análises Físico-químicas do Vinho do Híbrido em Votuporanga

Os resultados das determinações analíticas dos vinhos brancos elaborados do híbrido

SR 501-17 sobre os diferentes porta-enxertos são apresentados na tabela 15.

Todas as amostras apresentaram valores de teor alcoólico dentro dos intervalos de

referência estipulados pela legislação, 8,6% a 14% em volume (BRASIL, 2004). Segundo

RIZZON et al. (2011) a análise do álcool é importante porque fornece uma indicação do grau

de maturação da uva, da conservação e dos aspectos qualitativos; além disso, interfere na

densidade e na relação álcool em peso/ extrato seco reduzido.

72

Tabela 15 - Características analíticas de vinhos do híbrido SR 501-17 enxertado sobre quatro

porta-enxertos. Votuporanga, SP, 2014.

Variável

Porta-

enxertos

‘IAC 766’ ‘IAC 572’ ‘IAC 571-6’ ‘IAC 313’

Densidade (mg.L-1

) 0,9915 0,9915 0,9918 0,9908

Teor alcoólico (% v/v) 12,48 12,36 12,04 12,26

Acidez total (meq.L-1

) 68,51 64,85 62,07 69,60

Acidez volátil (meq.L-1

) 14,45 18,17 17,87 16,43

Acidez fixa (meq.L-1

) 54,06 46,68 44,20 53,17

pH 3,66 3,62 3,71 3,57

Extrato seco total (g.L-1

) 20,60 20,10 20,10 18,00

Extrato seco reduzido (g.L-1

) 20,30 20,00 18,40 17,00

Açúcares residuais totais (g.L-1

) 1,30 1,10 2,70 2,00

Álcool/ extrato seco 4,92 4,94 5,23 5,77

Dióxido de enxofre total (g.L-1

) 0,282 0,394 0,285 0,221

Cinzas (g.L-1

) 2,20 2,39 2,31 2,08

Cloreto (g.L-1

) 0,117 0,105 0,105 0,047

Sulfato (g.L-1

) <0,7 <0,7 <0,7 <0,7

Metanol (g.L-1

) <LD <LD <LD 0,041

LD – Limite de detecção

Segundo CASTILHO et al. (2011) valores alcoólicos próximos entre as amostras,

significa que as uvas utilizadas, no início da vinificação, apresentam-se similares quanto ao

teor de sólidos solúveis ou as amostras apresentaram semelhantes correção do teor alcoólico

pela inserção direta de sacarose no mosto (chaptalização).

O teor alcoólico está um pouco acima dos encontrados por CASTILHO et al. (2011)

avaliando amostras de vinhos brancos de mesa secos adquiridos em comércios locais da

região noroeste do estado de São Paulo. Foi encontrado para duas amostras avaliadas grau

alcoólico de 9,75% e 10,35%. Possivelmente, a adição de sacarose durante o processo de

elaboração do vinho branco possa ter influenciado em um maior teor alcoólico no vinho do

presente experimento.

Em relação à acidez total, as amostram apresentaram valores que variaram entre 62,07

a 69,6 meq.L-1

, todas dentro da legislação brasileira (55 a 130 meq.L-1

). Segundo JACKSON

(2000) a acidez pode variar conforme o processo de vinificação e a espécie de uva utilizada.

Uma das características dos vinhos brancos brasileiros é possuir a acidez um pouco elevada

(RIZZON et al. 1994).

73

Todos os teores de acidez volátil obtidos no neste trabalho (14,45 a 18,17 meq.L-1

)

estão abaixo do limite máximo, estabelecido pela legislação brasileira, que é de 20 meq.L-1

.

Contudo, segundo RIZZON et al. (1994) o vinho novo não deve apresentar mais que 10,0

miliequivalentes/ litro de acidez volátil. O teor de acidez volátil mede o teor de ácidos acético

do vinho, que deve ser o mais baixo possível (RIZZON et al., 1994).

Quanto ao pH, todas as amostras apresentam valores mais altos que o recomendado

por JACKSON (2000) 3,1 a 3,4. DE OLIVEIRA et al. (2011) avaliando vinho branco

Moscatel do Vale do São Francisco também encontrou valores mais altos, variando 3,63 a

3,25. Segundo o autor, as condições edafoclimáticas da região do “Vale do São Francisco”

prevalecem sobre a extração do potássio, favorecendo pH elevado em vinhos elaborados

também com outras variedades de uva nessa região. De modo geral, têm sido observados

valores de pH entre 3,6 a 4,5, o que pode ser atribuído às adubações massivas do solo com

fertilizantes à base de potássio ou mesmo à alta concentração natural desse elemento nos solos

da região (SOARES et al., 2009).

Os teores de açúcares residuais totais permitem classificar os vinhos como do tipo

seco. Os açúcares redutores representam a quantidade destas substâncias que não foram

transformadas em álcool pelas leveduras por ocasião da fermentação alcoólica, visto que a

uva apresenta uma pequena quantidade de açúcares não fermentescíveis (RIZZON et al. 1987;

AQUARONE et al., 2001).

Os índices de extrato seco total variaram entre 18,00 a 20,60 g.L-1

nos vinhos. Valores

superiores foram encontrados por CASTILHO et al. (2011) para vinhos brancos de mesa da

mesma região, 21,50 g.L-1

e 29,17 g.L-1

. Segundo ZOECKLEIN et al. (1994), o vinho com

extrato seco inferior a 20 g.L-1

apresenta-se leve ao paladar.

Os valores da relação álcool/ extrato seco estão dentro do limite máximo de 6,5

estabelecido pela legislação, para vinhos branco de mesa (BRASIL, 2004).

O vinho originado do híbrido estudado sobre o porta-enxerto ‘IAC 572’ foi o único

que apresentou valores de dióxido de enxofre total (0,394 g.L-1

) acima do limite máximo

estabelecido que é de 0,350 g.L-1

(BRASIL, 2004).

O teor de cinzas de todos os vinhos do híbrido sobre todos os porta-enxertos foram

superiores o valor mínimo estipulado pela legislação de 1,3 g.L-1

. Segundo RIZZON et al

74

(1994) as cinzas representam a soma de todos os elementos minerais dos vinhos e, na sua

maior parte, provêm da parte sólida da uva, principalmente da película.

Todas as amostras apresentaram valores inferiores ao máximo permitido 0,2 g.L-1

de

cloretos totais, em cloretos sódio, em vinhos de mesa (BRASIL, 2004). Os vinhos também

não ultrapassaram o limite máximo de 1 g.L-1

de sulfatos totais (BRASI, 2004).

O vinho originado da SR 501-17 sobre o porta-enxerto ‘IAC 313’ foi o único que

apresentou valor mínimo de detecção pelo método utilizado (0,040 g.L-1

). Mesmo assim, o

valor ficou abaixo do estipulado pela legislação 0,2 g.L-1

(BRASIL, 2004).

Com exceção do dióxido de enxofre total, o vinho branco produzido a partir híbrido

cultivado em Votuporanga sobre todos os porta-enxertos apresentaram condições de serem

comercializados, respeitando os limites da legislação brasileira.

5 CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos, em Jundiaí, constatou-se que o híbrido SR 501-17

apresentou comportamento semelhante quando enxertado nos diferentes porta-enxertos

avaliados. As condições climáticas junto da alternância de produção foram as maiores

responsáveis pelas diferenças de produção e características físico-químicas do cacho nos

ciclos de produção avaliados.

Os vinhos brancos secos produzidos a partir do híbrido enxertado sobre os diferentes

porta-enxertos apresentaram parâmetros analíticos dentro dos padrões da legislação brasileira,

com exceção das cinzas para ‘Golia’ ‘IAC 571-6’ e ‘IAC 766’ em Jundiaí.

Devido a ausência de diferença significativas entre os porta-enxertos paras as

características avaliadas e pela maior utilização pelos viticultores da região, indica-se a

utilização do porta-enxerto ‘IAC 766’ em Jundiaí.

Em Votuporanga, também se constatou que o híbrido apresentou comportamento

semelhante quando enxertado nos diferentes porta-enxertos avaliados. A temperatura junto da

alternância de produção foram as maiores responsáveis pelas diferenças de produção e

características físico-químicas do cacho nos ciclos de produção avaliados.

75

Os vinhos brancos secos produzidos a partir do híbrido enxertado sobre os diferentes

porta-enxertos apresentaram parâmetros analíticos dentro dos padrões da legislação brasileira,

com exceção do dióxido de enxofre total para o ‘IAC 572’.

Devido a ausência de diferença significativas entre os porta-enxertos paras as

características avaliadas e pela e a melhor adaptação deste aos solos ácidos da região, indica-

se a utilização do porta-enxerto ‘IAC 572’ em Votuporanga.

76

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86

ANEXO

87

Anexo II - Análise de variância da massa fresca dos ramos (MFR), número de cachos por

planta (NC.pl-1

), produção por planta (Prod.pl-1

), teor de sólidos solúveis (SS),

acidez titulável (AT), índice de maturação (IM) avaliadas no híbrido SR 501-17

enxertado sobre cinco porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Jundiaí, SP, 2014 e

2015.

Fonte de Variação GL QM

MFR NC /PL Prod./PL SS AT IM

Bloco 3 57321,08* 6,20

ns 91714,90

ns 0,53

ns 0,00

ns 13,70

ns

Porta-enxerto (PE) 4 265971,38* 15,55

ns 735160,33

ns 0,92

ns 0,00

ns 1,58

ns

Ciclo de prod. (C) 1 840251,96* 128,27

* 4526376,37

* 10,60

* 0,10

* 345,39

*

Interação (PE x C) 4 75829,80* 5,36

ns 132078,25

ns 0,03

ns 0,00

ns 2,81

ns

CV (a) 12,84 28,76 34,53 4,09 4,56 7,96

CV (b) 11,27 23,00 22,36 3,74 6,95 8,07

Média 920,32 11,28 1627,4 20,24 0,7 29,14

* Significativo a 5% de probabilidade.

Anexo III - Análise de variância do número de dias para a brotação (NDB), número de dias

para o florescimento (NDF), número de dias para o início da maturação (NDIM) e

número de dias para a maturação (NDM) avaliadas no híbrido SR 501-17 enxertado

sobre cinco porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Jundiaí, SP, 2014 e 2015.

Fonte de Variação GL QM

NDB NDF NDIM NDM

Bloco 5 0,18ns

1,65ns

2,12ns

0ns

Porta-enxerto (PE) 3 6,60* 3,32

ns 3,13

ns 0

ns

Ciclo de prod. (C) 1 6,99ns

20,40* 97,53

* 40,00

*

Interação (PE x C) 3 3,20ns

4,08ns

1,02ns

0ns

CV (a)

6,24 2,42 1,28 0

CV (b)

8,32 3,31 2,02 0

Média 19,41 56,71 117,47 147,00 * Significativo a 5% de probabilidade.

88

Anexo IV – Resultados médios da massa fresca de cacho (MFC), largura de cacho (LC), massa fresca de dez bagas (MFB), comprimento de dez

bagas (CB), largura de dez bagas (LB) massa fresca de engaço (MFC), largura de engaço (LE) e número de bagas por cacho (NB/C)

avaliadas no híbrido SR 501-17 enxertado sobre cinco porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Jundiaí, SP, 2014 e 2015.

Fonte de Variação GL QM

MFC CC LC MFB CB LB MFE CE LE NB/C

Bloco 3 958,96ns

1,63ns

1,99ns

35,77* 3,11

* 4,65

* 3,84

ns 2,24

ns 3,80

ns 419,99

ns

Porta-enxerto (PE) 4 9758,03* 10,91

ns 1,30

ns 36,89

* 1,55

ns 2,31

* 10,05

ns 11,97

ns 9,88

* 867,27

ns

Ciclo de produção (C) 1 7144,76ns

232,73* 13,27

* 248,75

* 35,33

* 32,77

* 12,97

ns 465,07

* 148,24

* 128,72

ns

Interação (PE x C) 4 7322,58* 8,55

ns 1,73

ns 28,55

* 1,28

ns 1,91

* 8,15

ns 23,71

* 4,69

* 2015,81

*

CV (a)

32,81 17,01 31,42 14,71 5,05 5,23 28,88 19,83 37,02 32,77

CV (b)

28,87 17,89 17,70 12,87 6,98 5,45 34,16 21,56 26,35 29,62

Média

161,51 12,34 5,47 20150,00 153,30 142,40 6,38 10,77 3,63 77,53

* Significativo a 5% de probabilidade.

89

Anexo V - Análise de variância para massa fresca dos ramos (MFR), número de cachos por

planta (NC.pl-1

), produção por planta (Prod.pl-1

), teor de sólidos solúveis (SS),

acidez total titulável (AT), índice de maturação (IM) avaliadas no híbrido SR 501-

17 enxertado sobre quatro porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Votuporanga,

SP, 2014 e 2015.

Fonte de Variação GL QM

MFR NC/ PL Prod./PL SS AT IM

Bloco 5 78904,03 ns

25,99 ns

8142,43 ns

1,25 ns

0,01* 29,32

*

Porta – enxertos (PE) 3 255644,16* 86,83

ns 861410,72

ns 2,15

ns 0,01

* 10,47

ns

Ciclo de produção (C) 1 2115708,14* 401,82

* 10595925,64

* 12,00

* 0,09

* 255,11

*

Interação (PE x C) 3 71424,55ns

77,56ns

439616,07 ns

1,57 ns

0,00 ns

3,30 ns

CV (a) 30,41 41,77 41,7 4,89 7,6 9,54

CV (b) 35,81 33,54 35,33 4,5 5,34 7,15

Média 848,28 15,68 1701,28 18,94 0,72 26,65

* Significativo a 5% de probabilidade.

90

Anexo VI - Análise de variância do número de dias para a brotação (NDB), número de dias

para o florescimento (NDF), número de dias para o início da maturação (NDIM) e

número de dias para a maturação (NDM) avaliadas no híbrido SR 501-17

enxertado sobre quatro porta-enxertos em 2 ciclos de produção. Votuporanga, SP,

2014 e 2015.

Fonte de Variação GL QM

NDB NDF NDIM NDM

Bloco 5 3,38ns

2,41* 2,71

ns 0

Porta –enxertos (PE) 3 2,16ns

0,35ns

3,02ns

27,00*

Ciclo de produção (C) 1 797,64* 33,06

* 357,79

* 1587,00

*

Interação (PE x C) 3 2,08ns

0,71ns

1,94ns

27,00*

CV (a) 13,79 1,5 2,07 0

CV (b) 9,42 2,19 2,15 0

Média 14,97 46,87 96,08 126,25

* Significativo a 5% de probabilidade.

91

Anexo VII – Análise de variância para massa fresca de cacho (MFC), comprimento de cacho (CC), largura de cacho (LC), massa fresca de dez

bagas (MFB), comprimento de dez bagas (CB), largura de dez bagas (LB) massa fresca de engaço (MFC), comprimento de engaço

(CE), largura de engaço (LE) e número de bagas por cacho (NB/C) avaliadas no híbrido SR 501-17 enxertado sobre quatro porta-

enxertos em 2 ciclos de produção. Votuporanga, SP, 2014 e 2015.

Fonte de Variação GL QM

MFC CC LC MFB CB LB MFE CE LE NB/C

Bloco 5 30443,48* 84,89* 2,64ns

4,83ns

2,84ns

1,09ns

31,47* 119,54* 5,22ns

7552,12*

Porta-enxerto (PE) 3 10637,71ns

36,93ns

5,33* 2,96ns

0,74ns

1,44ns

25,45* 58,32ns

7,39* 2749,50ns

Ciclo de produção (C) 1 5509,20* 129,45* 96,27* 23,10* 59,11* 60,42* 268,48* 437,36* 20,56* 133,29ns

Interação (PE x C) 3 4258,65* 5,27ns

12,26* 14,00* 1,71* 1,17* 9,12* 3,23ns

16,05* 1706,00*

CV (a) 52,54 30,13 18,7 14,41 10,63 8,2 50,89 42,13 37,65 51,55

CV (b) 27,17 20,51 15,61 10,67 4,98 4,73 30,51 26,56 23,21 28,43

Média 136,71 11,36 5,21 18290,00 147,00 139,80 4,68 10,28 3,77 72,82

* Significativo a 5% de probabilidade.