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FACULDADE NOSSA CIDADE – FNC

EVOLUÇÃO DA ÉTICA CAPITALISTA

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TRABALHO

O trabalho consiste na atividade humana aplicada à produção, à criação e ao entretenimento, podendo ser executado de forma manual e/ou intelectual.

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TRABALHO

No âmbito da Economia, o trabalho consiste na aplicação da força física ou na utilização do intelecto, visando o exercício de uma atividade que possibilite a produção de um valor de uso ou valor de troca.

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A partir do século XVIII, com a publicação no ano de 1776 da obra "Uma Análise Sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações" de Adam Smith, foi incluso o conceito de divisão do trabalho, que consiste por sua vez na distribuição de tarefas entre indivíduos ou agrupamentos sociais tendo em vista a elevação da produtividade.

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Em Economia os conceitos relativos ao Trabalho foram elaborados por Adam Smith e desenvolvidos por David Ricardo e Karl Marx.

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O trabalho é uma condição inerente à existência da espécie humana e, desde suas formas mais rudimentares, está relacionado com o desenvolvimento de técnicas específicas e caracterizado pela divisão do trabalho.

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Assumiu configurações sociológicas diferentes, conforme as relações e o modo de produção. Era exercido de maneira coletivista e solidária nas sociedades tribais. Depois, com as peculiaridades próprias às diversas sociedades e épocas históricas, assumiu as formas de escravidão, servidão e trabalho assalariado.

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Max Weber analisou, em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", os problemas culturais que influenciaram as transformações da sociedade e em destaque os elementos de continuidade entre o capitalismo característico do século XIX e as grandes empresas industriais, o progresso tecnológico e os potenciais estatais do século XX.

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Em 1867, Karl Marx publicou o primeiro volume da sua consagrada obra "O Capital" e mais adiante suas teorias a respeito da mais-valia com base na teoria do valor-trabalho. Assim como Adam Smith e David Ricardo, Marx considerava que o valor da troca de toda a mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para produzi-la.

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TRABALHO

Como a força de trabalho é uma mercadoria cujo valor é determinado pelos meios de vida necessários à subsistência do trabalhador (como alimentos, roupas, moradia, transporte etc), se ele trabalhar além de um determinado número de horas, estará produzindo não apenas o valor correspondente ao de sua força de trabalho (que lhe é pago na forma de salário pelo capitalista), mas também um valor a mais, isto é, um valor excedente sem contrapartida, denominado mais valia.

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TRABALHO

É dessa fonte (o trabalho não-pago) que são tirados o possível lucro dos capitalistas (sejam eles industriais, comerciantes, agricultores, banqueiros etc), além da terra, dos juros etc.

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Assim, enquanto a taxa de lucro – que é a relação entre a mais-valia e o capital total necessário para produzi-Ia – define a rentabilidade do capital, a taxa de mais-valia – que é a relação entre a mais-valia e o capital variável (salários) – define o grau de exploração sobre o trabalhador. Mantendo-se inalterados os salários, a taxa de mais-valia tende a elevar-se quando a jornada e/ou intensidade do trabalho aumenta.

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Dentro dessa nova perspectiva, surge os primeiros esforços realizados nas empresas capitalistas para a implantação de métodos e processos de racionalização do trabalho.

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Com a evolução da ética capitalista, três tendências principais nasceram a partir do século XX: 1ª) A Escola da Organização Científica do Trabalho (OCT), representada nas décadas de 1910 e 1920 por Frederick Winslow Taylor, Henry Ford e Henri Fayol;

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2ª) A Escola das Relações Humanas, representada na década de 1930 por Elton Mayo, Kurt Lewin, Fritz. J. Roethlisberger e William Dickson;

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3ª) A Sociologia das Organizações, representada nas décadas de 1940 e 1950 por Robert K. Merton, Talcott Parsons e Philip Selznick.

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ÉTICA CAPITALISTA

A Ideologia Capitalista não constituiu a norma do padrão ético da história do Mundo Ocidental. Na verdade, a maior parte da história registrada considerou inaceitável essa ideologia. Contudo, as trocas e as atividades econômicas são tão antigas como a história registrada da Humanidade. Os livros do Velho Testamento e o Código de Hammurabi, como exemplos, estavam repletos de regras e códigos de ética, visando às atividades comerciais.

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ÉTICA CAPITALISTANa Grécia antiga, o comércio floresceu, a despeito do ideal de auto-suficiência, com ênfase na base econômica assentada na cultura agrícola e animal. De uma forma geral, os filósofos gregos julgavam as atividades comerciais com desdém, considerando-as necessárias, mas pouco agradáveis. O Império Romano acompanhava os gregos nessa atitude, tolerando a necessidade do comércio, mas atribuindo a essas atividades um nível pouco elevado.

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Na Idade Média, a economia caracterizou-se como um período de estagnação e de ausência de desenvolvimento econômico e social. Ela foi dominada pelas duas organizações sociais da época, o sistema feudal e a Igreja Católica.

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O sistema feudal, com sua estrutura fechada e sua definição específica das atribuições do senhor feudal e do servo-camponês, dominou a vida econômica da Europa Ocidental.

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A Igreja Católica, por sua vez, forneceu a ideologia e fixou o sistema de valores da sociedade inteira. A principal preocupação das pessoas era salvar suas próprias almas. O ensinamento religioso dizia que o homem se encontrava na terra apenas por um pequeno período, no qual ele precisa preparar-se para a eternidade e para a salvação. A Igreja foi a instituição que prevaleceu sobre a comunidade feudal e os limites das nações. Sua influência foi grande em todas as áreas da atividade humana. 

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A ideologia religiosa preponderante tinha em pouco valor as atividades comerciais e empresariais e lhe impunha regras e limitações estritas. A usura era considerada uma forma de pecado, e o próprio comércio era de duvidosa pureza. A doutrina religiosa refletia certa hostilidade para com os homens de negócio e para com a atividade comercial e empresarial.

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No entanto, ocorreu uma alteração nos pronunciamentos da Igreja em relação às atividades comerciais, através das idéias formuladas e implementadas por Santo Tomás de Aquino, na metade do século XIII. Ele introduziu o conceito do preço justo e explicou as margens de lucro obtidas no processo comercial como sendo o salário do comerciante, pelo seu trabalho. Sua opinião de que havia um preço justo, que podia ser determinado pelo mercado, constituiu uma concessão de vulto às atividades comerciais.

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O processo de urbanização por que passavam as populações, e a criação de comunidades e de nações, estimulavam a intensificação do comércio e dos negócios. O crescente comércio marítimo de nações como Inglaterra, França, Holanda, Espanha e Portugal estimularam mais as atividades comerciais.

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Alguns historiadores consideram o Judaísmo a principal força a atuar no desenvolvimento do sistema capitalista. Os valores judaicos básicos, envolvendo o autocontrole, o trabalho intenso, a sobriedade, a parcimônia e a aderência às leis e ensinamentos religiosos constituíram um molde a conduzir ao desenvolvimento econômico e compatível com o capitalismo crescente.

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O sociólogo Max Weber salientou que as mudanças verificadas na ética religiosa em resultado da Reforma e do Movimento Protestante propiciaram um clima ético e, conseqüentemente, econômico, altamente favorável ao progresso do capitalismo. Weber mostrou que o crescente protestantismo na Inglaterra, Holanda, Alemanha e, posteriormente os Estados Unidos da América, constituiu a razão principal para esses países serem os primeiros a se lançarem ao desenvolvimento industrial.

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ÉTICA CAPITALISTANa época da Independência Norte-Americana, a ética capitalista estava bem entrincheirada na Holanda, na Inglaterra e nas Colônias Norte-Americanas. A despeito de haver dominado o cenário econômico no decorrer dos séculos XVI e XVII, por volta de 1750 a filosofia do Mercantilismo estava em colapso. Segundo a concepção mercantilista, o indivíduo subordinava-se ao Estado, e as atividades econômicas e sociais destinavam-se a apoiar o poderio do Estado.

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Em 1776, com a publicação da obra de Adam Smith: “Uma Análise Sobre a Natureza e a Causa da Riqueza das Nações”, a ética capitalista recebeu sua teoria suprema. Smith defendeu as liberdades econômicas, com base na premissa de que promovendo seus interesses pessoais cada indivíduo beneficiaria a sociedade total.

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A metáfora da “mão invisível” do mercado e da concorrência restringiria os interesses pessoais, garantindo assim a maximização dos proveitos sociais. A teoria de Smith residia em permitir a cada pessoa tomar em consideração apenas seus próprios interesses e ampliar ao máximo seu proveito e sua riqueza e ainda assim promover automaticamente a melhor distribuição possível das riquezas, em benefício dos interesses sociais mais amplos.

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O mecanismo de controle era fornecido pela concorrência de mercado, que era automática e não precisava nem do controle do Estado nem de qualquer outro controle externo para garantir seu funcionamento eficiente.

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Smith salientava que qualquer interferência Estatal nas atividades comerciais tenderia a desfazer o equilíbrio natural, ou seja, ele apregoava o princípio do laissez-faire, deixar as peças funcionarem sozinhas na distribuição dos recursos dentro dos limites impostos pelo mercado.

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A teoria de Smith a respeito do capitalismo, reforçada e de certa forma modificada pelo economista David Ricardo, compôs a filosofia da Revolução Industrial e ainda hoje conta com grande aceitação no mundo.

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O sociólogo Herbert Spencer, na última metade do século XIX, com base na teoria de Charles Darwin sobre a origem das espécies e a sobrevivência do mais apto, criou a correspondente visão social: O Darwinismo Social.

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ÉTICA CAPITALISTAA nova teoria dava a entender que as pessoas mais capazes e possuidoras de maiores recursos ascenderiam à cúpula da hierarquia social e que essa era a ordem natural das coisas. No regime do Darwinismo Social era apenas natural a existência de classes ricas e pobres, e qualquer tentativa de perturbar essa ordem hierárquica era considerada antinatural e contrária ao melhor interesse da sociedade. Portanto, era claro o apoio que o Darwinismo Social dava à ética protestante e à concepção de Adam Smith do laissez-faire.

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Contudo, no século XIX começaram a surgir às primeiras dissidências em relação à ideologia capitalista. O mais famoso dissidente foi Karl Marx, que em 1948 escreveu com Frederick Engels a obra intitulada “O Manifesto Comunista” e, em 1867, “O Capital”. Marx e Engels encaravam o sistema capitalista em evolução como uma ameaça de vulto à estrutura social, e recomendavam uma medicação revolucionária.

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ÉTICA CAPITALISTAOs industrialistas e os capitalistas estavam desfazendo a ordem social estabelecida. “A Burguesia”, diziam eles, “sempre que conseguiu dominar acabou com todas as relações feudais, patriarcais e idílicas, rompeu impiedosamente os diversos laços feudais que ligavam o homem aos seus “superiores naturais”, e não deixou nenhum elo entre o homem e o homem senão o cru interesse próprio e os empedernidos pagamentos em dinheiro. Marx concitou a uma revolução do proletariado para quebrar a ordem capitalista e estabelecer o comunismo.

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ÉTICA CAPITALISTAAs atividades antissociais desenvolvidas por numerosos industrialistas no fim do século XIX deram origem a uma substancial insatisfação pública em relação ao sistema empresarial. O aparecimento de gigantescas corporações e trustes e dos notórios poderes monopolistas que eles tinham levou várias forças internas da sociedade a reclamar alguma forma de regulamento ou controle.

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Elas mostraram que a desenfreada aplicação do laissez-faire podia não mostrar eficiência em um sistema de oligopólio e de monopólio. Assim o período compreendido entre o final do século XIX e o início do século XX foi marcado pela introdução de atos reguladores do governo, principalmente nos Estados Unidos.

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Embora desde os distantes anos do século XVII se encontrem nos Estados Unidos traços de atividades trabalhistas organizadas, foram somente a partir da segunda metade do século XIX que os sindicatos de trabalhadores se mostraram eficientes como poder contrabalanceador dos industrialistas.

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ÉTICA CAPITALISTADurante as primeiras fases da revolução industrial, numerosas restrições legais foram impostas à ação coletiva dos grupos de trabalhadores, tanto nos Estados Unidos como na Europa Ocidental. Essencialmente, os tribunais sustentavam que os sindicatos constituíam conspirações que visavam à restrição do comércio.

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ÉTICA CAPITALISTANos Estados Unidos, o movimento “Knights of Labor” foi organizado em 1869 e permaneceu como sociedade secreta até 1879, quando começou a operar abertamente. Ela foi franqueada a todos os trabalhadores, tendo-se formado uma coalizão com grupos de trabalhadores do campo, para a defesa de importantes reformas sociais consideradas necessárias diante das práticas anti-sociais dos industrialistas.

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A “American Federation of Labor” (AFL), fundada em 1886, serviu de padrão para o movimento trabalhista norte-americano. Entre 1895 e 1920 surgiram organizações trabalhistas radicais, como o Partido Trabalhista Socialista e a “Industrial Workers of the World” (IWW).

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A IWW reunia os trabalhadores da industria em organizações militantes, visando à derrubada do sistema capitalista. Embora tendo saído de cena após a Primeira Guerra Mundial, ela representou uma violenta reação contra o darwinismo industrial predominante naquele período.

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MUDANÇAS NA ÉTICA CAPITALISTA

A década de 1920 constituiu o ponto alto da empresa norte-americana e do sistema industrial, com previsões de prosperidade sem limites. Mas a década de 1930 rebaixou consideravelmente o conceito dos empresários e apresentou à ideologia capitalista o mais violento desafio.

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A Grande Depressão, iniciada com o desmoronamento do mercado acionário, em 1929, e continuando com um colapso econômico maciço, ameaçou a própria estrutura do sistema econômico e social da época. O desemprego disseminado por toda parte e o colapso dos mercados sacudiram as raízes da ideologia capitalista clássica, e o bode expiatório que apareceu foi à empresa.

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A doutrina clássica de Adam Smith era um belo modelo de sistema fechado com ajuste automático. Não havia necessidade de qualquer interferência ou de qualquer força externa para assegurar a distribuição ótima e a plena utilização dos recursos econômicos.

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Na doutrina econômica clássica, as depressões por um lado eram aceitas como inevitáveis e por outro eram considerados períodos de ajustamento de curta duração, constituindo apenas deslocações de menor porte na utilização de recursos. Na linha desse modelo, o pleno emprego e a plena utilização dos recursos seriam atingidos em um novo ponto de equilíbrio.

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Isso, entretanto não foi o que ocorreu durante a Grande Depressão. A Depressão estendeu-se, com ligeiras modificações de 1929 até que o estímulo da Segunda Guerra Mundial à atividade industrial introduzisse uma meia-volta.

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Embora a própria Depressão constituísse a prova provada da falência do sistema econômico e da ética capitalista clássica, coube ao economista inglês John Maynard Keynes, através do livro “The General Theory of Employment, Interest and Money”, em 1936, apresentar a explicação teórica do fato.

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MUDANÇAS NA ÉTICA CAPITALISTA

A tese keynesiana questionava a própria base da doutrina econômica clássica do laissez-faire, pela qual o mecanismo do mercado e o sistema de preços se ajustariam automaticamente passando para um ponto de equilíbrio da plena utilização dos recursos e da mão-de-obra.

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Keynes explicou a Depressão sugerindo que se podia alcançar o equilíbrio a despeito de um grande número de pessoas involuntariamente desempregadas e de outros recursos não utilizados. Ele deu mais ênfase ao consumo do que às poupanças, como meio de se chegar à utilização plena dos recursos.

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Sem um sistema auto-ajustável operando em favor do pleno emprego tanto da mão de obra como de outros recursos, por essa tese seria necessária uma força externa que fornecesse o mecanismo de equilíbrio, portanto, essa força seria o governo.

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A teoria Keynesiana foi recebida com bastante hostilidade por parte da comunidade empresarial da época e ainda permaneceu sob suspeita dos agentes econômicos. No entanto, pouco se duvida de que a inescapável realidade da Grande Depressão e da persuasão dos pontos de vista de Keynes exerceram bastante influência sobre a ética capitalista, transformando-a para sempre.