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TRAUMATOLOGIA FORENSE
- LESÕES CORPORAIS -
Prof. Miguel Grossi FilhoInstituto Médico Legal do Estado de Goiás
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Crime : considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa.
Contravenção : a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativamente ou cumulativamente
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Art. 1º
Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
Art. 4º
Considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Art. 6º
Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Art. 13º
O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Relevância da Omissão
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem :
a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Art. 14 Diz-se crime :
Crime Consumado :
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
Tentativa :
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Pena de tentativa :
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Crime doloso :
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
Crime culposo :
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Exclusão de ilicitude :
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato :
I – em estado de necessidade;
II – em legítima defesa;
III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
CÓDIGO PENAL Decreto-Lei Nº 2.848 de Dezembro de 1940
Lesão Corporal :
Art. 129 . Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem :
Pena : detenção, de três meses a um ano.
Lesão Corporal de Natureza Grave§ 1º se resulta :
I – incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias;
II – perigo de vida;
III – debilidade permanente de em membro, sentido ou função;
IV – aceleração de parto:
Pena : reclusão, de um a cinco anos.
Lesão Corporal de Natureza Grave
Incapacidade para as Ocupações Habituais por mais de 30 dias :
Não se limita somente à profissão, mas qualquer atividade funcional habitual. E nisto estão amparados :
O recém-nascido;
O estudante;
O ancião;
O desempregado, etc
Lesão Corporal de Natureza Grave
Incapacidade para as Ocupações Habituais por mais de 30 dias :
Esta incapacidade não tem que ser total, bastando unicamente o comprometimento de uma ocupação habitual que incapacite a vítima, mesmo parcialmente, afastando-a, física ou psiquicamente, de suas atividades
Lesão Corporal de Natureza Grave
Perigo de Vida :
“O perigo decorre de um diagnóstico e não de um
mero prognóstico de peritos. É preciso, para que
ocorra essa gravidade de lesão, que pelo menos em
determinado momento do processo patológico, mais
ou menos longo, tenha se verificado uma efetiva
probabilidade de êxito letal. O perigo há de ser sério,
atual e efetivo. Não remoto ou presumido”.
Lesão Corporal de Natureza Grave
Debilidade de Membro, Sentido ou Função :
deve ser em caráter permanente;
estabelecer o grau de debilidade;
a perda de um órgão duplo constituiu uma debilidade;
lembrar da função mastigatória, fonética e estética dos dentes !!
se a debilidade não chega a 3% é uma lesão leve. Se ultrapassa 70% é considerada perda ou inutilização (Lesão Gravíssima)
Lesão Corporal de Natureza Grave
Aceleração de Parto :
“Quando o feto for expulso com vida, antes do
termo normal, motivada por agressão física, ou
psíquica à parturiente, continuando a viver fora
do alvéolo materno. Se o feto morre antes,
durante ou após o parto, a lesão é gravíssima,
pois resultou aborto”.
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima”
§ 2º se resulta :
I – incapacidade permanente para o trabalho;
II – enfermidade incurável;
III – perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
IV – deformidade permanente;
V – aborto:
Pena : reclusão, de dois a oito anos
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima”
Incapacidade permanente para o trabalho :
Situação definitiva que o indivíduo fica privado de exercer qualquer atividade lucrativa.
A lei refere ao trabalho genérico, aquele que é exercido por todas as pessoas, independente da especialização.
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima
Enfermidade Incurável :
Produzida por meio violento;
Comprometimento funcional e um caráter mais ou menos permanente, que, não chegando a uma cura, deixa uma perturbação bem evidente.
Exemplo : diabetes insipidus e cegueira por traumatismo
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima
Perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
perda da visão, a paralização das pernas, a ablação dos testículos, etc
A perda de um dos órgãos duplos não caracteriza lesão gravíssima e sim lesão grave.
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima
Perda ou inutilização de membro, sentido ou função;
A amputação do braço constituiu perda de membro; a cegueira, perda de função; a ablação dos dentes, perda da função. A paralisia decorrente de secção de nervos motores será inutilização;
A mão, não é membro: mas tem tanta importância que sua perda equivale, para efeitos penais, ao perdimento de todo o membro superior. O mesmo para o pé.
Croce, D. Croce Jr.
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima
Deformidade Permanente :
Toda alteração estética grave.
Não importa a parte do corpo afetada, basta que possa eventualmente ser vista.
As condições da vítima, no que diz respeito a idade, ao sexo, a profissão ou ao estado social, não devem ter nenhum relevo qto. a caracterização da deformidade sob a ótica do Direito Público
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima
Aborto :
A lesão corporal seguida de aborto (abortamento preterintencional), quando a gravidez é conhecida ou manifesta, classifica a ofensa como lesão corporal de natureza gravíssima, qualquer que seja a idade do feto.
Lesão Corporal de Natureza “Gravíssima
Aborto :
Basta que o produto seja degenerado, inviável a uma vida própria, como no caso da Mola Hidatiforme, ou mesmo um concepto morto, para descaracterizar o agravante, pois o interesse protegido não existe.
Lesão Corporal seguida de morte
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias
evidenciam que o agente não quis o
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo :
Pena : reclusão, de quatro a doze anos.
Obs : a ação é dolosa, mas o resultado “morte” é culposo
Lesão Corporal ‘privilegiada’Diminuição da pena :
§ 4° Se o agente comete o crime impelido
por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juíz pode reduzir
a pena de um sexto a um terço.
Lesão Corporal
Substituição da pena :
§ 5° O juiz , não sendo grave as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa.
I – se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
II – se as lesões são recíprocas.
Lesão Corporal de natureza Culposa
§ 6° Se a lesão é culposa :
Pena : detenção, de dois meses a um ano.
Obs :
não há elemento subjetivo “intenção” ou “vontade” no ato delituoso
fruto de negligência, imprudência ou imeperícia
Lesão Corporal de natureza Culposa
§ 7° Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das hipóteses do art. 121 § 4º :
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, não prestar imediato socorro à vítima, não procurar diminuir as consequencias do seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante.
Lesão Corporal Leve
Seu conceito é tido por exclusão, isto é , as lesões leves não apresentam nenhum resultado estabelecido nos parágrafos 1º e 2º do Art. 129 do Código Penal.
Pena : detenção, de três meses a um ano de detenção
Lesão Corporal
Rubefação: simples e fugaz rubor da pele provocado por maior afluxo de sangue, que não compromete a normalidade anatômica, funcional ou mental do corpo humano, não constituiu lesão corporal leve. É leve rubor que pode ser causado até por simples emoção
Croce, D. Croce Jr.
Causa e Concausa
Causa : seria o que leva a resultados imediatos e responsáveis por determinada lesões, sucitando sempre, por sua vez, uma relação de causa e efeito;
Concausa : conjunto de fatores, preexistentes ou supervenientes, suscetíveis de modificar o curso natural do resultado, fatores esses que o agente desconhecia ou não podia evitar. É o congresso de fatores anatômicos, fisiológicos ou patológicos que existiam ou passam a existir, agravando o processo. Há concausas preexistentes e concausas supervenientes.
Violência Doméstica
§ 9° Se lesão for praticada contra ascendente,
descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade:
Pena : detenção, de três meses a três anos
Pena com a redação dada pela Lei 11.340, de 7-8-2006 ( “Lei Maria da Penha”)
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e previnir a violência doméstica e familiar contra a mulher (...)
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 5º Para efeitos desta lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, psicológico e dano moral ou patrimonial
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 7º são formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras :
I – a violência física (...)
II – a violência psicológica (...)
III – a violência sexual (...)
IV – a violência patrimonial (...)
V – a violência moral (...)
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Das Medidas Protetivas de Urgência :
Art. 18 º Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no prazo de 48 horas :
I – (...) decidir sobre sobre as medidas protetivas de urgência;
II – determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária (...)
III – comunicar ao Ministério público (...)
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 19º As medidas protetivas de urgência poderão ser
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério
Público ou a pedido da ofendida.
Art. 20º Em qualquer fase do inquérito policial ou da
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do
agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a
requerimento do MP ou mediante representação da
autoridade policial
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 21º A ofendida deverá ser notificada dos atos
processuais relativos ao agressor, especialmente dos
pertinentes ao ingresso e a saída da prisão (...)
Art. 22º (...) o juiz poderá aplicar de imediato ao agressor :
I – suspensão da posse ou restrição do porte de armas (...)
II – afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 21º (continuação)
III – proibição de determinadas condutas (...)
IV – restrição ou suspensão das visitas aos de pendentes menores (...)
V – prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha)
Art. 23º Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas :
I – encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento;
II – determinar a recondução da ofendida ao lar (...)
III – determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV – determinar a separação de corpos.