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CURSO ANUAL DE LITERATURA Prof. Steller de Paula VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência TROVADORISMO 1.1) Contexto Histórico: Idade Média - Feudalismo Durante a Idade Média, a Igreja Católica acumulou vastas extensões de terra, enriqueceu e exerceu um imenso poder religioso e secular. No período conhecido como Alta Idade Média (séculos XII e XIII), o poder da Igreja medieval era tão grande a ponto do papa Inocêncio III (século 1198-1216) afirmar que “Os príncipes têm poder na terra, os sacerdotes, sobre a alma. E assim como a alma é muito mais valiosa do que o corpo, assim também mais valioso é o clero do que a monarquia [...]. Nenhum rei pode reinar com acerto a menos que sirva devotamente ao vigário de Cristo.". PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985. p 218. A Igreja impôs uma ideologia teocêntrica, estimulando os fieis a acreditarem que viviam no pecado e que a possibilidade de salvação residia na total submissão a Deus e à Igreja, sua representante no mundo. *Teocentrismo: refere-se a uma visão de mundo cristã, que afirma a perfeição e a superioridade de Deus. Assim, Deus seria o fundamento de tudo e responsável por todas as coisas. Outra manifestação do poder da Igreja manifestava-se no controle quase absoluto da produção cultural da época, uma vez que a leitura e a escrita estavam restritas aos mosteiros e abadias: cabia a monges e padres traduzir e reproduzir os textos sagrados do cristianismo e as obras de filósofos clássicos, como Platão e Aristóteles. No entanto a circulação desses textos era restrita, pois a Igreja proibia a circulação de obras que ameaçassem seu poder, além de contar com o fato de que apenas dois por cento da população da Europa era alfabetizada. Nesse contexto, a sociedade organizava-se ao redor dos grandes proprietários de terra, os senhores feudais, em torno dos quais se reunia uma pequena corte: membros de uma nobreza empobrecida, cavaleiros, camponeses livres e servos, unidos por uma relação de vassalagem. As relações entre nobres, cavaleiros e senhores feudais eram regidas por um código de cavalaria baseado na lealdade, na honra, na bravura e na cortesia. 1.2) A Literatura Trovadoresca O nascimento da literatura em Portugal coincide com o nascimento do próprio país. Em 1140, Portugal tornou-se um estado independente, mas manteve uma forte ligação cultural com a península Ibérica, principalmente através da língua: o galego- português. E é na corte dos reis portugueses, galegos e castelhanos que a poesia galego-portuguesa floresce. Nas cortes dos senhores feudais, centros de atividades artísticas durante a Idade Média, cantadores e músicos eram contratados pelo senhor para divertir a corte. As cantigas apresentadas eram compostas, quase sempre, por nobres que se denominavam “trovadores”. 1.3) As Cantigas Líricas são divididas em: Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo. a) Cantigas de Amor: O servilismo dos vassalos ao seu suserano e de todos a Deus é a fonte do princípio básico da literatura medieval: a afirmação da absoluta subserviência do trovador à sua dama (na poesia) ou de um cavaleiro à sua donzela (nas novelas de cavalaria). Essa subserviência é a base do amor cortês, um código de comportamento amoroso idealizado, criado por Guilherme IX, nobre e senhor de um dos mais poderosos feudos da Europa. De acordo com o código do amor cortês, o trovador deveria expressar seus galanteios e súplicas a uma mulher casada e pertencente à nobreza, que tivesse uma posição social de destaque. Uma vez que a mulher cortejada é casada, o amor não tem possibilidade de se realizar, originando a “coita de amor”, o sofrimento amoroso. As cantigas de amor galego-portuguesas expressam a paixão infeliz, o amor não correspondido de um trovador pela sua senhora, como fica evidente na famosa Cantiga da Ribeirinha, de Paay Soares de Taveiros: Cantiga da Ribeirinha No mundo non me sei pareiha, Mentre me for como me vai, Ca já moiro por vós – e ai! Mia senhor branca e vermelha, Queredes que vos retraia Quando vos eu vi em saia! Mau dia me levantei, Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, dês aquel di’, ai! Me foi a mim mui mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha D’haver eu por vós guarvaia, Pois, eu, mia senhor, d’alfaia Nunca de vós houve nen hei Valia d’ua Correa. Cantiga da Ribeirinha Não há no mundo ninguém que se compare a mim em infelicidade, enquanto a minha vida continuar assim, porque morro por vós e, ai, minha senhora branca e de faces rosadas, quereis que vos retrate quando vos vi sem manto. Mau dia foi esse em que me levantei,

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CURSO ANUAL DE LITERATURA

Prof. Steller de Paula

VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência

TROVADORISMO

1.1) Contexto Histórico: Idade Média - Feudalismo

Durante a Idade Média, a Igreja Católica acumulou vastas extensões de terra, enriqueceu e exerceu um imenso poder religioso e secular. No período conhecido como Alta Idade Média (séculos XII e XIII), o poder da Igreja medieval era tão grande a ponto do papa Inocêncio III (século 1198-1216) afirmar que “Os príncipes têm poder na terra, os sacerdotes, sobre a alma. E assim como a alma é muito mais valiosa do que o corpo, assim também mais valioso é o clero do que a monarquia [...]. Nenhum rei pode reinar com acerto a menos que sirva devotamente ao vigário de Cristo.". PERRY, Marvin. Civilização ocidental: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 1985. p 218. A Igreja impôs uma ideologia teocêntrica, estimulando os fieis a acreditarem que viviam no pecado e que a possibilidade de salvação residia na total submissão a Deus e à Igreja, sua representante no mundo. *Teocentrismo: refere-se a uma visão de mundo cristã, que afirma a perfeição e a superioridade de Deus. Assim, Deus seria o fundamento de tudo e responsável por todas as coisas. Outra manifestação do poder da Igreja manifestava-se no controle quase absoluto da produção cultural da época, uma vez que a leitura e a escrita estavam restritas aos mosteiros e abadias: cabia a monges e padres traduzir e reproduzir os textos sagrados do cristianismo e as obras de filósofos clássicos, como Platão e Aristóteles. No entanto a circulação desses textos era restrita, pois a Igreja proibia a circulação de obras que ameaçassem seu poder, além de contar com o fato de que apenas dois por cento da população da Europa era alfabetizada. Nesse contexto, a sociedade organizava-se ao redor dos grandes proprietários de terra, os senhores feudais, em torno dos quais se reunia uma pequena corte: membros de uma nobreza empobrecida, cavaleiros, camponeses livres e servos, unidos por uma relação de vassalagem. As relações entre nobres, cavaleiros e senhores feudais eram regidas por um código de cavalaria baseado na lealdade, na honra, na bravura e na cortesia. 1.2) A Literatura Trovadoresca

O nascimento da literatura em Portugal coincide com o nascimento do próprio país. Em 1140, Portugal tornou-se um estado independente, mas manteve uma forte ligação cultural com a

península Ibérica, principalmente através da língua: o galego-português. E é na corte dos reis portugueses, galegos e castelhanos que a poesia galego-portuguesa floresce. Nas cortes dos senhores feudais, centros de atividades artísticas durante a Idade Média, cantadores e músicos eram contratados pelo senhor para divertir a corte. As cantigas apresentadas eram compostas, quase sempre, por nobres que se denominavam “trovadores”. 1.3) As Cantigas Líricas são divididas em: Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo.

a) Cantigas de Amor: O servilismo dos vassalos ao seu suserano e de todos a Deus é a fonte do princípio básico da literatura medieval: a afirmação da absoluta subserviência do trovador à sua dama (na poesia) ou de um cavaleiro à sua donzela (nas novelas de cavalaria). Essa subserviência é a base do amor cortês, um código de comportamento amoroso idealizado, criado por Guilherme IX, nobre e senhor de um dos mais poderosos feudos da Europa. De acordo com o código do amor cortês, o trovador deveria expressar seus galanteios e súplicas a uma mulher casada e pertencente à nobreza, que tivesse uma posição social de destaque. Uma vez que a mulher cortejada é casada, o amor não tem possibilidade de se realizar, originando a “coita de amor”, o sofrimento amoroso. As cantigas de amor galego-portuguesas expressam a paixão infeliz, o amor não correspondido de um trovador pela sua senhora, como fica evidente na famosa Cantiga da Ribeirinha, de Paay Soares de Taveiros: Cantiga da Ribeirinha No mundo non me sei pareiha, Mentre me for como me vai, Ca já moiro por vós – e ai! Mia senhor branca e vermelha, Queredes que vos retraia Quando vos eu vi em saia! Mau dia me levantei, Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, dês aquel di’, ai! Me foi a mim mui mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha D’haver eu por vós guarvaia, Pois, eu, mia senhor, d’alfaia Nunca de vós houve nen hei Valia d’ua Correa. Cantiga da Ribeirinha Não há no mundo ninguém que se compare a mim em infelicidade, enquanto a minha vida continuar assim, porque morro por vós e, ai, minha senhora branca e de faces rosadas, quereis que vos retrate quando vos vi sem manto. Mau dia foi esse em que me levantei,

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Porque não vos vi feia! E, minha senhora, desde aquele dia, ai, Tudo para mim foi muito mal, mas vós, Filha de D. Paio Moniz, parece-vos muito Bem que eu tenha de vós uma garvaia (manto de luxo) Quando nunca recebi de vós O simples valor de uma correia. Características das cantigas de amor:

- O eu lírico é sempre masculino; - O eu lírico se autodenomina coitado, cativo, sofredor, enlouquecido; - Destaca-se o tema da coita de amor (o sofrimento amoroso); - O amor é não realizado; - A dama é identificada pelas suas qualidades físicas (fremosa, de bem parecer, delgada...) e sempre superior às demais damas da mesma corte; - O espaço é o da corte, espaço civilizado; - Versos de 7 sílabas poéticas (redondilha maior); - Presença de refrão. Cantiga d’amor de refran Quantos han gran coita d'amor eno mundo, qual hoj'eu hei, querrían morrer, eu o sei, e haverían én sabor. Mais mentr'eu vos vir, mia senhor, sempre m'eu querría viver, e atender e atender! Pero ja non posso guarir, ca ja cegan os olhos meus por vós, e non me val i Deus nen vós; mais por vós non mentir, enquant'eu vós, mia senhor, vir, sempre m'eu querría viver, e atender e atender! E tenho que fazen mal sén quantos d'amor coitados son de querer sa morte se non houveron nunca d'amor ben, com'eu faç'. E, senhor, por én sempre m'eu querría viver, e atender e atender! João Garcia de Guilhade Cantiga d’amor de refran Quantos o amor faz padecer Penas que tenho padecido, Querem morrer e não duvido Que alegremente queiram morrer. Porém enquanto vos puder ver, Vivendo assim eu quero estar E esperar, e esperar. Sei que a sofrer estou condenado E por vós cegam os olhos meus. Não me iacudis; nem vós, nem Deus. Mas, se sabendo-me abandonado,

Ver-vos, senhora, me for dado, Vivendo assim eu quero estar E esperar, e esperar. Esses que veem tristemente Desamparada sua paixão, Querendo morrer, loucos estão. Minha fortuna não é diferente; Porém eu digo constantemente: Vivendo assim eu quero estar E esperar, e esperar. João Garcia de Guilhade b) Cantigas de Amigo

As cantigas de amigo falam de uma relação amorosa concreta,

real, entre amantes que vivem no campo. O tema central é a

saudade.

Características das Cantigas de Amigo:

- Eu lírico femininos; - Amor concreto, realizado; - Tema da saudade do amigo (namorado ou amante), que está ausente; - Tom mais alegre e otimista; - Presença de personagens que se relacionam, principalmente, com a donzela: a mãe, as amigas, as damas de companhia; - O cenário caracteriza um ambiente rural, campesino; - Versos de 5 sílabas poéticas (redondilha menor); - Presença de refrão. Cantiga de Amigo Levad', amigo, que dormides as manhanas frías; toda-las aves do mundo d'amor dizían. Leda m'and'eu. Levad', amigo, que dormide-las frías manhanas; toda-las aves do mundo d'amor cantavan. Leda m'and'eu. Toda-las aves do mundo d'amor dizían; do meu amor e do voss'en ment'havían. Leda m'and'eu. Toda-las aves do mundo d'amor cantavan; do meu amor e do voss'i enmentavan. Leda m'and'eu. Do meu amor e do voss'en ment'havían; vós lhi tolhestes os ramos en que siían. Leda m'and'eu. Do meu amor e do voss'i enmentavan; vós lhi tolhestes os ramos en que pousavan. Leda m'and'eu. Vós lhi tolhestes os ramos en que siían e lhis secastes as fontes en que bevían. Leda m'and'eu.

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Vós lhi tolhestes os ramos en que pousavan e lhis secastes as fontes u se banhavan. Leda m'and'eu. Nuno Fernandes Torneol Cantiga de Amigo Ergue-te, amigo, que dormes nas manhãs frias! Todas as aves do mundo, de amor, diziam: Alegre eu ando! Ergue-te, amigo, que dormes nas manhãs claras! Todas as aves do mundo, de amor, diziam: Alegre eu ando! Todas as aves do mundo, de amor, diziam; Do meu amor e do teu se lembrariam: Alegre eu ando! Todas as aves do mundo, de amor, cantavam; Do meu amor e do teu se recordavam: Alegre eu ando! Do meu amor e do teu se lembrariam; Tu lhes tolheste os ramos em que eu as via: Alegre eu ando! Do meu amor e do teu se recordavam; Tu lhes tolheste os ramos em que pousavam: Alegre eu ando! Tu lhes tolheste os ramos em que eu as via; E lhes secaste as fontes em que bebiam: Alegre eu ando! Tu lhes tolheste os ramos em que pousavam; E lhes secaste as fontes que as refrescavam: Alegre eu ando! Nuno Fernandes Torneol 1.4) CANTIGAS SATÍRICAS

As cantigas satíricas apresentavam críticas ao comportamento

social, difamavam alguns nobres ou denunciavam as damas que

não cumpriam seu papel no jogo do amor cortês. Dividem-se em

Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer.

a) Cantigas de Escárnio Nas cantigas de escárnio o trovador faz uma crítica a alguém por meio de ironias, de palavras de duplo sentido, de trocadilhos, portanto, a crítica é indireta. b) Cantigas de Maldizer Nas cantigas de maldizer, as críticas são feitas de modo direto, explícito, muitas vezes identificando a pessoa satirizada. A linguagem costuma ser vulgar, ofensiva; e os textos tratam de indiscrições amorosas de nobres e de membros do clero.

Cantiga de Escárnio

Ai, dona fea! Foste-vos queixar

que vos nunca louv'en meu trobar;

mas ora quero fazer um cantar

en que vos loarei toda via;

e vedes como vos quero loar:

dona fea, velha e sandia!

Ai, dona fea! Se Deus me pardon!

pois avedes [a] tan gran coraçon

que vos eu loe, en esta razon

vos quero já loar toda via;

e vedes qual será a loaçon:

dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei

en meu trobar, pero muito trobei;

mais ora já un bon cantar farei,

en que vos loarei toda via;

e direi-vos como vos loarei:

dona fea, velha e sandia!

Cantiga de Escárnio Ai, senhora feia, foste-vos queixar

porque nunca vos louvo em minhas cantigas

mas agora quero fazer um cantar

em que vos louvarei, todavia;

e vede como vos quero louvar:

senhora feia, velha e louca.!

Senhora feia, assim Deus me perdoe,

pois tendes tão bom coração

que eu vos louvo, e por esta razão

eu vos quero louvar, todavia;

e vede qual será a louvação:

senhora feia, velha e louca!

Senhora feia, eu nunca vos louvei

em meu trovar, mas muito já trovei;

entretanto, farei agora um bom cantar

em que eu todavia vos louvarei:

e vos direi como louvarei:

senhora feia, velha e louca!

HUMANISMO E RENASCIMENTO CULTURAL

1.5) O HUMANISMO

“Desde o fim do século XIV, na Itália, um grande número de homens cultos, os humanistas (da palavra latina humanus, polido, culto), apaixonou-se pela recordação da Antiguidade Greco-Latina.” (GIRARDET, R e JAILLET, P.)

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Assim, dá-se o nome de Humanismo a esse movimento de glorificação do homem como centro e medida de todas as coisas, aliado a um movimento intelectual de valorização da Antiguidade Clássica. O Humanismo foi um movimento intelectual e artístico, surgido na

Itália no século XIV, que alcançou seu estado pleno durante o

Renascimento Cultural. Os humanistas rejeitavam a visão

teocêntrica do mundo e os valores medievais, estabelecendo,

então, uma visão antropocêntrica.

1.6) RENASCIMENTO CULTURAL

O termo Renascimento é utilizado para englobar o florescimento artístico, cultural, científico e político ocorrido na Europa, principalmente entre os séculos XV e XVI. “Que obra de arte é o homem: tão nobre no raciocínio; tão vário na capacidade; em forma e movimento, tão preciso e admirável, na ação é como um anjo; no entendimento é como um Deus; a beleza do mundo, o exemplo dos animais.” Hamlet, William Shakespeare A frase de Hamlet traduz perfeitamente o Antropocentrismo que norteou o pensamento humano na época do Renascimento. O rígido teocentrismo medieval, que centrava suas atenções na relação Deus-Homem, foi substituído pela glorificação do Ser Humano, pela relação Homem-Natureza. Para que isso ocorresse, foram necessárias transformações estruturais associadas ao Absolutismo e ao crescimento da burguesia. Enriquecida com o comércio, a burguesia procurou se firmar socialmente, se opondo aos valores projetados pela Igreja e pela nobreza feudal, difundindo seus valores através das artes, das letras e das ciências, que seguiam concepções racionalistas, individualistas, pagãs e antropocêntricas. Da mesma forma, a política de centralização monárquica levou diversos soberanos a estimular a produção artística e literária, visando à promoção pessoal e à atração de partidários para o absolutismo.

1.6.1) Principais características do Renascimento:

O Renascimento significou uma nova arte, novas mentalidades e formas de ver, pensar e representar o mundo e os humanos. - antropocentrismo (o homem como centro do universo): valorização do homem como ser racional e como a mais bela e perfeita obra da natureza; - otimismo: os renascentistas tinham uma atitude positiva diante do mundo – acreditavam no progresso e na capacidade humana e apreciavam a beleza do mundo tentando captá-la em suas obras de arte; - racionalismo: contrapondo-se à cultura medieval, que era baseada na autoridade divina, os renascentistas valorizavam a razão humana como base do conhecimento. O saber como fruto da observação e da experiência das leis que governam o mundo. 1.6.2) Características gerais da Arte Renascentista:

* Racionalidade e Rigor Científico

O Homem Vitruviano, Leonardo Da Vinci * Antropocentrismo e Hedonismo

Idade Média Renascimento

Teocentrismo Antropocentrismo

Homem como ser submisso e pecador;

Homem como criação divina,

perfeita, dotada de razão / Hedonismo;

Deus como única fonte de

conhecimento verdadeiro;

A natureza como fonte de conhecimento;

Domínio cultural da Igreja. Resgate dos Valores da Antiguidade clássica.

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Davi, Michelangelo * Ideal Humanista - Resgate dos valores Clássicos

Escola de Atenas, Rafael Sanzio * Paganismo

O nascimento de Vênus – Botticelli 1.7) GIL VICENTE

Gil Vicente é considerado o primeiro dramaturgo português. Em

suas peças, faz um retrato, muitas vezes satírico, da sociedade portuguesa do seu tempo, contribuindo para que tenhamos um registro dos hábitos, costumes e valores de toda uma galeria de tipos humanos: reis, cavaleiros, clérigos e camponeses, todos estão retratados. Apesar de ser frequentador da corte e de muitas de suas peças terem sido escritas para entreter reis e nobres, Gil Vicente não se priva de criticar os hábitos imorais da nobreza. Sem fazer distinção entre as classes sociais, o autor expõe em cena os vícios e vaidades de ricos e pobres, de nobres e plebeus; censura a hipocrisia dos frades que não fazem aquilo que pregam; denuncia a exploração do povo, seja por juízes ou por sapateiros; ridiculariza os supersticiosos, os velhos luxuriosos e as alcoviteiras. *Para Gil Vicente suas peças não tinham apenas o objetivo de divertir e entreter, mas de moralizar, destacando os defeitos e os vícios de uma sociedade em transformação, cada vez mais materialista, corrupta e distante dos ensinamentos divinos. 1.7.1) CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS PEÇAS DE GIL VICENTE

- Caráter popular; - Linguagem rica e variada das personagens, de acordo com sua origem e posição social; - Profunda crítica social; - Personagens Tipo; - Personagens que simbolizam um valor ou um comportamento humano; - Presença de alegorias (o agiota, no Auto da Barca do Inferno, carrega consigo, mesmo depois de morto, uma bolsa de moedas representando sua ganância); - Teor moralizante; - A estrutura cênica do teatro vicentino apresenta enredos simples; - O teatro de Gil Vicente o padrão estabelecido pelo teatro clássico (Grego e Romano); - A ideologia das obras apresentam o confronto entre a idade Média e o Renascimento - Teocentrismo X Antropocentrismo. 1.7.2) A obra teatral de Gil Vicente pode ser didaticamente dividida em:

- Autos pastoris: peças teatrais de assunto religioso, como o Auto pastoril português, ou profano, como o Auto pastoril da Serra da Estrela. - Autos de Moralidade: Tinham a finalidade de moralizar e difundir a fé cristã. Suas obras mais célebres pertencem a essa categoria, como a Trilogia das Barcas (Auto da Barca do Inferno, Auto da Barca da Glória e Auto da Barca do purgatório); Auto da Feira. - Farsas: são peças críticas, de teor cômico, de um só ato, com enredo curto e poucas personagens, extraídas do cotidiano, desenvolvem-se em torno de problemas sociais. As farças mais famosas são a Farsa do Velho da Horta, que satiriza a paixão de um velho casado por uma virgem, e a Farsa de Inês Pereira, que retrata a história de uma jovem que pretende ascender socialmente por meio do casamento. Auto da Lusitânia (Gil Vicente - 1465? - 1536?)

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Estão em cena os personagens "Todo o Mundo" (um rico mercador) e "Ninguém" (um homem vestido como pobre). Além deles, participam da cena dois diabos, Berzebu e Dinato, que escutam os diálogos dos primeiros, comentando-os, e anotando-os. Ninguém para Todo o Mundo: E agora que buscas lá? Todo o Mundo: Busco honra muito grande. Ninguém: E eu virtude, que Deus mande que tope co ela já. Berzebu para Dinato: Outra adição nos acude: Escreve aí, a fundo, que busca honra Todo o Mundo, e Ninguém busca virtude. Ninguém para Todo o Mundo: Buscas outro mor bem qu'esse? Todo o Mundo: Busco mais quem me louvasse tudo quanto eu fizesse. Ninguém: E eu quem me repreendesse em cada cousa que errasse. Berzebu para Dinato: Escreve mais. Dinato: Que tens sabido? Berzebu: Que quer em extremo grado Todo o Mundo ser louvado, e Ninguém ser repreendido. Ninguém para Todo o Mundo: Buscas mais, amigo meu? Todo o Mundo: Busco a vida e quem ma dê. Ninguém: A vida não sei que é, a morte conheço eu. Berzebu para Dinato: Escreve lá outra sorte. Dinato: Que sorte? Berzebu: Muito garrida: Todo o Mundo busca a vida, e Ninguém conhece a morte. (Antologia do Teatro de Gil Vicente)

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EXERCÍCIOS DE APRENDIZAGEM

Questão 01 (Mackenzie 98)

Sobre a poesia trovadoresca em Portugal, é INCORRETO afirmar que: a) refletiu o pensamento da época, marcada pelo teocentrismo, o feudalismo e valores altamente moralistas. b) representou um claro apelo popular à arte, que passou a ser representada por setores mais baixos da sociedade. c) pode ser dividida em lírica e satírica. d) em boa parte de sua realização, teve influência provençal. e) as cantigas de amigo, apesar de escritas por trovadores, expressam o eu-lírico feminino. Questão 02 (G1 - ifsp 2016)

Assinale a alternativa correta no que se refere às cantigas de amor trovadorescas. a) Nas cantigas de amor, o eu lírico masculino lamenta a ausência

da mulher amada, que lhe é indiferente e que, por mais que seja vista por ele como superior, pertence às classes populares.

b) Nas cantigas de amor, o eu lírico masculino manifesta insistentemente a coita, isto é, o sofrimento de amor, repleto de impulsos eróticos que lhe laceram o corpo e que conferem aos poemas uma aura sardônica.

c) Nas cantigas de amor, o eu lírico feminino manifesta a falta que sente do amigo – isto é, do homem amado – invocando-o por meio de composições de matriz popular que se caracterizam por construções paralelísticas.

d) Nas cantigas de amor, o eu lírico masculino confessa a coita, isto é, o sofrimento amoroso por uma dama que lhe é inacessível devido à diferença social que existe entre ele e ela.

e) Nas cantigas de amor, a distância social existente entre o eu lírico masculino e a mulher amada a quem ele se dirige permite entrever que já grassava na sociedade portuguesa a ascensão social pelo trabalho.

Questão 03 (Ueg 2015)

Senhora, que bem pareceis! Se de mim vos recordásseis que do mal que me fazeis me fizésseis correção, quem dera, senhora, então que eu vos visse e agradasse. Ó formosura sem falha que nunca um homem viu tanto para o meu mal e meu quebranto! Senhora, que Deus vos valha! Por quanto tenho penado seja eu recompensado vendo-vos só um instante. De vossa grande beleza da qual esperei um dia grande bem e alegria, só me vem mal e tristeza. Sendo-me a mágoa sobeja, deixai que ao menos vos veja no ano, o espaço de um dia. Rei D. Dinis

CORREIA, Natália. Cantares dos trovadores galego-portugueses. Seleção, introdução, notas e adaptação de Natália Correia. 2. ed. Lisboa: Estampa, 1978. p. 253. Quem te viu, quem te vê Você era a mais bonita das cabrochas dessa ala Você era a favorita onde eu era mestre-sala Hoje a gente nem se fala, mas a festa continua Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua Hoje o samba saiu procurando você Quem te viu, quem te vê Quem não a conhece não pode mais ver pra crer Quem jamais a esquece não pode reconhecer [...] Chico Buarque A cantiga do rei D. Dinis, adaptada por Natália Correia, e a canção de Chico Buarque de Holanda expressam a seguinte característica trovadoresca: a) a vassalagem do trovador diante da mulher amada que se

encontra distante. b) a idealização da mulher como símbolo de um amor profundo e

universal. c) a personificação do samba como um ser que busca a plenitude

amorosa. d) a possibilidade de realização afetiva do trovador em razão de

estar próximo da pessoa amada. Questão 04 (Pucrj 2014)

A imagem acima, “A Escola de Atenas”, é considerada uma das maiores obras de arte renascentista. Foi elaborada sob a forma de afresco, realizado entre os anos de 1506-1510, sob encomenda do Vaticano para ornar um dos aposentos do palácio principal. Rafael Sanzio soube representar de modo magistral o espírito de sua época. No centro do afresco, as figuras dos filósofos Platão e Aristóteles bem como de outros sábios da Antiguidade. Considerando o contexto histórico retratado na obra e as proposições que se seguem, marque a alternativa CORRETA. I. A realização da grandiosa obra foi em parte possível pela prática

do mecenato, que propiciava ao artista as condições materiais para a produção de obras de arte e de inventos científicos.

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II. A técnica da perspectiva, a valorização do volume dos corpos pelo contraste claro-escuro, e a utilização, no original, de cores vivas revelam a preocupação em representar as pinturas da forma mais realista possível.

III. Apesar da crença em um conhecimento racional do mundo, os intelectuais desse contexto acreditavam na existência de Deus, que dotou o homem de raciocínio para desvendar as leis do universo.

IV. Os intelectuais renascentistas buscaram inspiração nos padrões estéticos e nos conhecimentos produzidos pelos clássicos greco-romanos da Antiguidade.

a) I, II, III e IV. b) I e IV, apenas. c) II e III, apenas. d) II e IV, apenas. e) I e III, apenas. Questão 05 (Puccamp)

Leia o texto e observe o detalhe da pintura "Gioconda", de Leonardo da Vinci.

"Quanto mais a vida econômica e social se emancipa dos grilhões do dogma eclesiástico, tanto mais a arte se volta para a realidade imediata." (Arnold Hauser. "História social da literatura e da arte". 2. ed. Tradução de Walter H. Geenen. São Paulo: Mestre Jou, 1972. p. 358) Com base no conhecimento histórico e tendo como referenciais a pintura e o texto de Hauser, pode-se afirmar que o Renascimento a) refletiu, no universo cultural, as transformações que ocorreram

no período de transição para uma sociedade fundamentada no antropocentrismo.

b) resgatou os princípios culturais fundamentais das antigas sociedades orientais, servindo como um elemento de propagação desses princípios no mundo Ocidental.

c) representou uma ruptura na forma de interpretar a natureza, propiciando inclusive a possibilidade de o artista pintar figuras femininas o que era proibido pela Igreja cristã na Baixa Idade Média.

d) não alterou significativamente a interpretação que os artistas tinham da realidade, já que as imagens dos seres humanos expressavam as figuras simbólicas de santos cristãos.

e) não teve grandes repercussões na sociedade ocidental, uma vez que foi um fenômeno tipicamente italiano de rebeldia à influência que a Igreja exercia no mundo das artes.

Questão 06 (Unicamp 2016 - Adaptada)

A teoria da perspectiva, iniciada com o arquiteto Filippo Bruneleschi (1377-1446), utilizou conhecimentos geométricos e matemáticos na representação artística produzida na época. A figura a seguir ilustra o estudo da perspectiva em uma obra desse arquiteto. É correto afirmar que, a partir do Renascimento, a teoria da perspectiva

a) foi aplicada nas artes e na arquitetura, com o uso de proporções harmônicas, o que privilegiou o domínio técnico e restringiu a capacidade criativa dos artistas.

b) evidencia, em sua aplicação nas artes e na arquitetura, que as regras geométricas e de proporcionalidade auxiliam a percepção tridimensional e podem ser ensinadas, aprendidas e difundidas.

c) fez com que a matemática fosse considerada uma arte em que apenas pessoas excepcionais poderiam usar geometria e proporções em seus ofícios.

d) separou arte e ciência, tornando a matemática uma ferramenta apenas instrumental, porque essa teoria não reconhece as proporções humanas como base de medida universal.

e) teve sua aplicação restrita à arquitetura, diante da impossibilidade de os artistas clássicos representarem elementos tridimensionais em um plano.

Questão 07 (Pucsp 2007)

Considerando a peça "Auto da Barca do Inferno" como um todo, indique a alternativa que melhor se adapta à proposta do teatro vicentino. a) Preso aos valores cristãos, Gil Vicente tem como objetivo alcançar a consciência do homem, lembrando-lhe que tem uma alma para salvar. b) As figuras do Anjo e do Diabo, apesar de alegóricas, não estabelecem a divisão maniqueísta do mundo entre o Bem e o Mal. c) As personagens comparecem nesta peça de Gil Vicente com o perfil que apresentavam na terra, porém apenas o Onzeneiro e o Parvo portam os instrumentos de sua culpa. d) Gil Vicente traça um quadro crítico da sociedade portuguesa da época, porém poupa, por questões ideológicas e políticas, a Igreja e a Nobreza. e) Entre as características próprias da dramaturgia de Gil Vicente, destaca-se o fato de ele seguir rigorosamente as normas do teatro clássico. Questão 08 (Pucsp 2008)

Gil Vicente, criador do teatro português, realizou uma obra eminentemente popular. Seu Auto da Barca do Inferno, encenado em 1517, apresenta, entre outras características, a de pertencer ao teatro religioso alegórico. Tal classificação justifica-se por

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a) ser um teatro de louvor e litúrgico em que o sagrado é

plenamente respeitado. b) não se identificar com a postura anticlerical, já que considera a

igreja uma instituição modelar e virtuosa. c) apresentar estrutura baseada no maniqueísmo cristão, que

divide o mundo entre o Bem e o Mal, e na correlação entre a recompensa e o castigo.

d) apresentar temas profanos e sagrados e revelar-se radicalmente contra o catolicismo e a instituição religiosa.

e) aceitar a hipocrisia do clero e, criticamente, justificá-la em nome da fé cristã.

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EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Questão 01 (G1 - ifsp 2016)

A poesia do Trovadorismo português tem íntima relação com a música, pois era composta para ser entoada ou cantada, sempre acompanhada de instrumental, como o alaúde, a viola, a flauta, ou mesmo com a presença do coro. A respeito dessa escola literária, assinale a alternativa correta. a) Os principais trovadores utilizavam a guitarra elétrica para

acompanhar a exibição. b) As composições dividem-se em dois grandes grupos: líricas e

satíricas. c) Os principais trovadores são: Padre Antônio Viera e Camões. d) O Trovadorismo é uma escola literária contemporânea. e) São exemplos de Cantigas Satíricas as Cantigas de Amor e de Amigo. Questão 02 (G1 - ifsp 2014)

Podemos associar corretamente essa pintura ao a) Trovadorismo, pois os artistas compunham e cantavam para os

integrantes da Corte cantigas sobre as façanhas dos cavaleiros medievais.

b) Trovadorismo, pois as cantigas líricas e satíricas, escritas em versos, eram cantadas pelos artistas ao som de instrumentos de corda.

c) Humanismo, visto que as personagens do teatro de Gil Vicente, como os trovadores e os jograis, eram em sua maioria nobres e constituíam a elite da época.

d) Classicismo, pois os temas presentes nas cantigas líricas e satíricas vêm das narrativas da mitologia greco-latina.

e) Classicismo, visto que Camões inspirou-se, para escrever Os Lusíadas, nas cantigas trovadorescas que narravam as aventuras dos navegantes portugueses.

Questão 03 (Ifsp 2013)

Leia atentamente o texto abaixo. Com’ousará parecer ante mi o meu amigo, ai amiga, por Deus, e com’ousará catar estes meus olhos se o Deus trouxer per aqui, pois tam muit’há que nom veo veer mi e meus olhos e meu parecer?

(Com’ousará parecer ante mi de Dom Dinis. Fonte: http://pt.wikisource.org/wiki/Com%27ousar%C3%A1_parecer_ante_mi. Acesso em: 05.12.2012.)

per = por

tam = tão

nom = não

veer = ver

mi = mim, me

parecer = semblante

Sobre o fragmento anterior, pode-se afirmar que pertence a uma cantiga de a) amor, pois o eu lírico masculino declara a uma amiga o

sentimento de amor que tem por ela. b) amigo, pois o eu lírico feminino expressa a uma amiga a falta de

seu amigo por quem sente amor. c) amor, pois o eu lírico é feminino e acha que seu amor não deve

voltar para os seus braços. d) amigo, pois o eu lírico masculino entende que só Deus pode

trazer de volta sua amiga a quem não vê há muito tempo. e) amor, pois o eu lírico feminino não consegue enxergar o amor

que sente por seu amigo. Questão 04 (Uepa 2012)

“A literatura do amor cortês, pode-se acrescentar, contribuiu para transformar de algum modo a realidade extraliterária, atua como componente do que Elias (1994) * chamou de processo civilizador. Ao mesmo tempo, a realidade extraliterária penetra processualmente nessa literatura que, em parte, nasceu como forma de sonho e de evasão.”

(Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, EDUFSC, v. 41, n. 1 e 2, p. 83-110, Abril e Outubro de 2007 pp. 91-92)

(*) Cf. ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Zahar,

1994, v.1. Interprete o comentário acima e, com base nele e em seus conhecimentos acerca do lirismo medieval galego-português, marque a alternativa correta: a) as cantigas de amor recriaram o mesmo ambiente palaciano das

cortes galegas. b) “a literatura do amor cortês” refletiu a verdade sobre a vida

privada medieval. c) a servidão amorosa e a idealização da mulher foi o grande tema

da poesia produzida por vilões. d) o amor cortês foi uma prática literária que aos poucos modelou o

perfil do homem civilizado. e) nas cantigas medievais mulheres e homens submetem-se às

maneiras refinadas da cortesia. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: Cantiga de Amor Afonso Fernandes Senhora minha, desde que vos vi, lutei para ocultar esta paixão que me tomou inteiro o coração; mas não o posso mais e decidi que saibam todos o meu grande amor, a tristeza que tenho, a imensa dor que sofro desde o dia em que vos vi. Já que assim é, eu venho-vos rogar

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que queirais pelo menos consentir que passe a minha vida a vos servir (...) (www.caestamosnos.org/efemerides/118. Adaptado) Questão 05 (G1 - ifsp 2012)

Observando-se a última estrofe, é possível afirmar que o apaixonado a) se sente inseguro quanto aos próprios sentimentos. b) se sente confiante em conquistar a mulher amada. c) se declara surpreso com o amor que lhe dedica a mulher amada. d) possui o claro objetivo de servir sua amada. e) conclui que a mulher amada não é tão poderosa quanto parecia a princípio. Questão 06 (G1 - ifsp 2012)

Uma característica desse fragmento, também presente em outras cantigas de amor do Trovadorismo, é a) a certeza de concretização da relação amorosa. b) a situação de sofrimento do eu lírico. c) a coita de amor sentida pela senhora amada. d) a situação de felicidade expressa pelo eu lírico. e) o bem-sucedido intercâmbio amoroso entre pessoas de camadas distintas da sociedade. Questão 07 (Upe 2014)

Que obra de arte é o homem! Que nobre na razão, que infinito nas faculdades, na expressão e nos movimentos, que determinado e admirável nas ações; que parecido a um anjo de inteligência, que semelhante a um deus! (SHAKESPEARE, William. Hamlet. São Paulo: Abril Cultural, 1976. p. 87.) Partindo da análise da fala da personagem shakespeariana, assinale a alternativa que a associa às características do Renascimento Cultural. a) A fala de Hamlet ilustra o teor teocêntrico do Renascimento ao

associar o homem a anjos e deuses. b) O texto apresenta Deus como centro do universo ao explorar a

semelhança entre o homem e o divino. c) Hamlet apresenta o homem como uma obra-prima nata,

dialogando com a perspectiva filosófica do empirismo. d) O texto explora o hedonismo ao destacar o homem como “infinito

nas faculdades, na expressão e nos movimentos”. e) Hamlet apresenta uma ode ao homem, ilustrando o antropocentrismo característico do Renascimento Cultural. Questão 08 (Fuvest)

"Os próprios céus, os planetas e este centro [a Terra] Respeitam os graus, a precedência e as posições. Como poderiam as sociedades, Os graus nas escolas, as irmandades nas cidades, O comércio pacífico entre praias separadas, A primogenitura e o direito de nascença, Os privilégios da idade, as coroas, cetros, lauréis, Manter-se em seu lugar certo - não fossem os graus?"

Estes versos de Shakespeare (da peça "Troilo e Cressida") revelam uma visão de mundo a) moderna e liberal, ao tratarem das cidades, do comércio e,

virtualmente, até do novo continente. b) medieval e aristocrática, ao defenderem privilégios, graus e

hierarquias como decorrentes de uma ordem natural. c) universal e democrática, ao se referirem a valores e concepções

que ultrapassam seu próprio tempo histórico. d) clássica e monarquista, ao mencionarem instituições, como a

monarquia e o direito de primogenitura, que eram características do mundo greco-romano.

e) particularista e elitista, ao expressarem hierarquias, valores e graus exclusivos da Inglaterra do século XVI. Questão 09 (Upe 2013)

Analise a imagem a seguir:

O quadro O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, é uma das grandes realizações da arte renascentista. Sobre essa obra e seu contexto histórico, assinale a alternativa CORRETA. a) A temática pagã da obra, baseada na mitologia greco-romana,

constituiu-se numa ousadia que destoava do restante da produção artística do Renascimento.

b) A nudez representada no quadro também aparece em obras de outros artistas da época, como Michelangelo.

c) Botticelli, personagem símbolo do ideal humanista, também foi arquiteto, engenheiro, músico e poeta.

d) O nascimento de Vênus, assim como a Última Ceia de Da Vinci, é uma pintura de temática bíblica.

e) Botticelli destacou-se por sua produção em escultura. Questão 10

“Brunelleschi foi provavelmente o primeiro artista a demonstrar os princípios da perspectiva linear; a geometria básica, contudo, parece ter sido descoberta por Alberti, que a resumiu em seu tratado Da Pintura (1436). A perspectiva linear é uma técnica na qual o artista pode criar a impressão de profundidade tridimensional numa superfície plana. Como ciência, a perspectiva está relacionada à óptica (o estudo da visão e do olho humano), mas como sistema pictórico ela só foi completamente desenvolvida no começo do século XV, em meio à atmosfera intelectual e artística da Renascença florentina. Pela primeira vez na história da pintura havia um sistema matemático para calcular como dimensionar proporcionalmente o tamanho dos personagens e elementos em relação à distância.”

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Tudo Sobre Arte – Stephen Farthing Assinale o item cuja pintura é Renascentista e reflete a adoção plena dos princípios matemáticos expostos no texto acima:

a) Fonte: http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cimabue_033.jpg

b) Fonte: http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:San_Francesco_Cimabue.jpg

c) Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6c/Fra_Filippo_Lippi_010.jpg

d) Fonte: http://pt.m.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Duccio_di_Buoninsegna_036.jpg

e) Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/a6/Cimabue_032.jpg/220px-Cimabue_032.jpg Questão 11 (Puccamp 2002)

Observe os detalhes da pintura.

"A Madona do Prado", de Giovanni Bellini.

(Wendy Beckett. "História da Pintura". Tradução. São Paulo: Ática, 1997. p. 108)

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A pintura renascentista expressa elementos do contexto histórico na qual é produzida. A partir da pintura e do conhecimento histórico, pode-se afirmar que na renascença a) os pintores analisam e retratam o mundo de acordo com imagem

do próprio homem. b) os artistas mostram o seu desprezo pelos clérigos e pelos

princípios da Igreja Cristã. c) as pinturas enfatizam demasiadamente os aspectos da vida

coletiva, desprezando o individualismo. d) os pintores têm os mesmos padrões estéticos e filosóficos, o que

impede a criatividade. e) as obras de arte adquirem um caráter popular, sendo adquiridas

sobretudo pelos servos. Para responder à questão a seguir, leia o excerto de Auto da Barca do Inferno do escritor português Gil Vicente (1465? - 1536?). A peça prefigura o destino das almas que chegam a um braço de mar onde se encontram duas barcas (embarcações): uma destinada ao Paraíso, comandada pelo anjo, e outra destinada ao Inferno, comandada pelo diabo. Vem um Frade com uma Moça pela mão […]; e ele mesmo fazendo a 1baixa começou a dançar, dizendo Frade: Tai-rai-rai-ra-rã ta-ri-ri-rã;

Tai-rai-rai-ra-rã ta-ri-ri-rã; Tã-tã-ta-ri-rim-rim-rã, huha!

Diabo: Que é isso, padre? Quem vai lá? Frade: 2Deo gratias! Sou cortesão. Diabo: Danças também o 3tordião? Frade: Por que não? Vê como sei. Diabo: Pois entrai, eu 4tangerei

e faremos um serão. E essa dama, porventura?

Frade: Por minha a tenho eu, e sempre a tive de meu.

Diabo: Fizeste bem, que é lindura! Não vos punham lá censura no vosso convento santo?

Frade: E eles fazem outro tanto! Diabo: Que preciosa 5clausura!

Entrai, padre reverendo! Frade: Para onde levais gente? Diabo: Para aquele fogo ardente

que não temestes vivendo. Frade: Juro a Deus que não te entendo!

E este 6hábito não me 7val? Diabo: Gentil padre 8mundanal,

a Belzebu vos encomendo! Frade: Corpo de Deus consagrado!

Pela fé de Jesus Cristo, que eu não posso entender isto! Eu hei de ser condenado? Um padre tão namorado e tanto dado à virtude? Assim Deus me dê saúde, que eu estou maravilhado!

Diabo: Não façamos mais 9detença embarcai e partiremos; tomareis um par de remos.

Frade: Não ficou isso na 10avença. Diabo: Pois dada está já a sentença!

Frade: Por Deus! Essa seria ela? Não vai em tal caravela minha senhora Florença? Como? Por ser namorado e folgar c’uma mulher? Se há um frade de perder, com tanto salmo rezado?!

Diabo: Ora estás bem arranjado! Frade: Mas estás tu bem servido. Diabo: Devoto padre e marido,

haveis de ser cá 11pingado…

(Auto da Barca do Inferno, 2007.) 1baixa: dança popular no século XVI. 2Deo gratias: graças a Deus. 3tordião: outra dança popular no século XVI. 4tanger: fazer soar um instrumento. 5clausura: convento. 6hábito: traje religioso. 7val: vale. 8mundanal: mundano. 9detença: demora. 10avença: acordo. 11ser pingado: ser pingado com gotas de gordura fervendo (segundo o imaginário popular, processo de tortura que ocorreria no inferno). Questão 12 (Unesp 2017)

Assinale a alternativa cuja máxima está em conformidade com o excerto e com a proposta do teatro de Gil Vicente. a) “O riso é abundante na boca dos tolos.” b) “A religião é o ópio do povo.” c) “Pelo riso, corrigem-se os costumes.” d) “De boas intenções, o inferno está cheio.” e) “O homem é o único animal que ri dos outros.” Questão 13 (G1 - ifsp 2016)

Considere o trecho para responder à questão. No final do século XV, a Europa passava por grandes mudanças provocadas por invenções como a bússola, pela expansão marítima que incrementou a indústria naval e o desenvolvimento do comércio com a substituição da economia de subsistência, levando a agricultura a se tornar mais intensiva e regular. Deu-se o crescimento urbano, especialmente das cidades portuárias, o florescimento de pequenas indústrias e todas as demais mudanças econômicas do mercantilismo, inclusive o surgimento da burguesia. Tomando-se por base o contexto histórico da época e os conhecimentos a respeito do Humanismo, marque (V) para verdadeiro ou (F) para falso e assinale a alternativa correta. ( ) O Humanismo é o nome que se dá à produção escrita e

literária do final da Idade Média e início da moderna, ou seja, parte do século XV e início do XVI.

( ) Fernão Lopes é um importante prosador do Humanismo português. Destacam-se entre suas obras: Crônica Del-Rei D. Pedro I, Crônica Del-Rei Fernando e Crônica de El-Rei D. João.

( ) Gil Vicente é um importante autor do teatro português e suas

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principais obras são: Auto da Barca do Inferno e Farsa de Inês Pereira.

( ) Gil Vicente é um autor não reconhecido em Portugal, em virtude de sua prosa e documentação histórica não participarem da cultura portuguesa.

a) V, V, V, F. b) V, F, V, V. c) F, V, V, F. d) V, V, F, F. e) V, F, F, V. Questão 14 (G1 - ifsp 2016)

Leia o texto abaixo, um trecho do Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, para assinalar a alternativa correta no que se refere à obra desse autor e ao Humanismo em Portugal. Nota: foram feitas pequenas alterações no trecho para facilitar a leitura. Vem um Frade com uma Moça pela mão, e um 1broquel e uma espada na outra, e um 1casco debaixo do 2capelo; e, ele mesmo fazendo a baixa, começou de dançar, dizendo:

FRADE Tai-rai-rai-ra-rã; ta-ri-ri-rã; ta-rai-rai-rai-rã; tai-ri-ri-rã: tã-tã; ta-ri-rim-rim-rã. Huhá!

DIABO Que é isso, padre?! Que vai lá? FRADE Deo gratias! Sou cortesão. DIABO Sabes também o tordião? FRADE Por que não? Como ora sei! DIABO Pois entrai! Eu tangerei

e faremos um serão. Essa dama é ela vossa?

FRADE Por minha a tenho eu, e sempre a tive de meu

DIABO

Fizestes bem, que é formosa! E não vos punham lá 3grosa no vosso convento santo?

FRADE E eles fazem outro tanto! DIABO Que cousa tão preciosa...

Entrai, padre reverendo! FRADE Para onde levais gente? DIABO Pera aquele fogo ardente

que não temestes vivendo. FRADE Juro a Deus que não te entendo!

E este hábito não me vale? DIABO Gentil padre mundanal,

a Belzebu vos encomendo! 1broquel e casco – respectivamente, escudo e armadura para cabeça – são elementos por meio dos quais o autor descreve o frade. 2capelo – chapéu ou capuz usado pelos religiosos. 3pôr grosa – censurar. a) O destino do frade é exemplar no que se refere à principal

característica da obra de Gil Vicente: a crítica severa, de sabor renascentista, à Igreja Católica, de cuja moral se distancia a obra do dramaturgo.

b) A proposta do teatro vicentino alegórico – especialmente a Trilogia das Barcas – era a montagem de peças complexas, de linguagem rebuscada, distante do falar popular, para criticar, nos termos da moral medieval, os homens do povo.

c) A imagem cômica, mas condenável, de um frade que canta, dança e namora, trazendo consigo uma dama, é exemplo cabal do pressuposto das peças de Gil Vicente de que, rindo, é possível corrigir os costumes.

d) O frade terá como destino o inferno porque é homem “mundanal”, ligado aos gozos do mundo material, em cujo pano de fundo percebe-se o sistema de valores do homem medieval, para o qual não há salvação após a morte.

e) O sistema de valores que pode ser entrevisto nas peças de Gil Vicente, e especialmente no Auto da Barca do Inferno, revela uma mentalidade avessa aos valores da Idade Média. Questão 15 (Uepa 2014)

Analise os trechos abaixo, retirados da peça Pranto de Maria Parda, de Gil Vicente, e assinale aquele que comunica ao leitor uma visão preconceituosa de caráter racial. a) Eu só quero prantear

este mal que a muitos toca; que estou já como minhoca

que puseram a secar. b) Ó bebedores irmãos

que nos presta ser cristãos, pois nos Deus tirou o vinho? c) Martim Alho, amigo meu,

Martim Alho, meu amigo, tão seco trago o umbigo

como nariz de Judeu. d) Ó Rua da Mouraria,

quem vos fez matar a sede pela lei de Mafamede

com a triste da água fria? e) Devoto João Cavaleiro

que pareceis Isaías, dai-me de beber três dias,

e far-vos-ei meu herdeiro.

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RESOLUÇÃO DAS QUESTÕES DE CASA

Questão 01

O Trovadorismo data da época Medieval (por volta do século XII) e foi uma literatura oral acompanhada de alaúde, viola, flauta ou coro. Dessa forma, as alternativas [A] e [D] são descartadas. O trovador podia optar por dois tipos distintos de cantigas: as líricas (de Amor e de Amigo) e satíricas (Maldizer e Escárnio). Isso confirma a alternativa [B] e invalida a [E]. O Padre Antônio Viera pertenceu ao período do Barroco, e Camões ao Renascimento e, portanto, [C] também está incorreta.

Resposta: [B] Questão 02

[A] Apesar de muitas retratarem as Cruzadas, as cantigas têm temáticas mais variadas e complexas que variam do amor à ironia. [B] Correta. As cantigas eram assim chamadas por serem cantadas e acompanhadas ao som de alaúdes. [C] A pintura mostra um cantador não um ator do teatro de Gil Vicente. [D] Os temas presentes nas cantigas refletiam os costumes e a forma de amar da Europa medieval e cristã. [E] Camões não se inspirou nas cantigas trovadorescas para escrever os Lusíadas, mas sim pelos épicos greco-romanos. Resposta: [B] Questão 03

De origem popular, a cantiga de amigo da poesia trovadoresca caracteriza-se pela presença de um eu lírico feminino que expressa o sofrimento por amor (coita). Assim, é correta a opção [B], pois o fragmento transcreve liricamente o lamento de uma moça a uma amiga, queixando-se do “amigo” que tarda em vir ao seu encontro: “pois tam muit’há que nom veo veer / mi e meus olhos e meu parecer?”.

Resposta: [B] Questão 04

É correta a alternativa [D]. Segundo o texto, a literatura do amor cortês transformou a realidade extraliterária que, por sua vez, interferiu no processo civilizador do Homem.

Resposta: [D] Questão 05

O eu lírico dirige-se à mulher amada, confessando-se incapaz de continuar a esconder os sentimentos que nutre por ela. Perante a não correspondência amorosa, resigna-se e pede-lhe veementemente que o deixe servi-la (“Já que assim é, eu venho-vos rogar/que queirais pelo menos consentir/que passe a minha vida a vos servir”).

Resposta: [D] Questão 06

As cantigas de amor caracterizam-se pela presença do eu lírico masculino que expressa à mulher amada o sofrimento provocado pela inviabilidade da concretização amorosa.

Resposta: [B] Questão 07

Somente a proposição [E] está correta. O Renascimento Cultural ocorreu na Europa entre os séculos XIV, XV e XVI começando no norte da Itália e depois se propagou para outras regiões. Este movimento defendeu o humanismo, o antropocentrismo, racionalismo, empirismo, hedonismo, individualismo, entre outros. Inspirado nos valores da Antiguidade Clássica, Grécia e Roma, este movimento valorizou o homem e suas potencialidades. As demais alternativas estão incorretas. A fala de Hamlet não ilustra o teocentrismo e sim o antropocentrismo. Portanto, não defende a ideia de que Deus é o centro do universo. Embora hedonismo e empirismo sejam características deste movimento cultural, a fala de Hamlet remete ao antropocentrismo que é a valorização do homem. As proposições [C] e [D] podem confundir o candidato.

Resposta: [E] Questão 08: Resposta: [B]

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Questão 09

Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi, ou Sandro Botticelli, pintor e retratista do Renascimento, participou da pintura da Capela Sistina juntamente com Michelangelo. Ele foi protegido pela família dos Médicis e do monge beneditino Girolamo Savonarola. A temática pagã, presente do quadro e do Cristianismo, é frequente nas obras do Renascimento. Botticelli, um dos maiores pintores do período, foi exclusivamente um pintor, diferentemente de outros expoentes da época, como Leonardo da Vinci, com trabalhos e estudos em diversas áreas, como Anatomia, Arquitetura, Engenharia e obras em Esculturas. Resposta: [B] Questão 10: Resposta: [C]

Questão 11: Resposta: [A] Questão 12

Está correta a alternativa [C], pois Gil Vicente usava a sátira para fazer uma crítica à sociedade e aos costumes do seu tempo. Assim, sugeria ao público uma reflexão sobre seus próprios atos e, consequentemente, uma revisão dos valores.

Resposta: [C] Questão 13

Última afirmação incorreta: Gil Vicente foi um autor do teatro português, como colocado na terceira afirmativa. Sua importância para Portugal é bastante reconhecida, uma vez que é considerado o primeiro dramaturgo do país. Suas peças tinham um caráter moralizante, e faziam coro com as mudanças que aconteciam na transição da Idade Média para a Idade Moderna.

Resposta: [A] Questão 14

A obra de Gil Vicente faz crítica a algumas práticas corruptas da sociedade, ao mesmo tempo em que se aproxima de valores religiosos. Assim, ao criar uma personagem de um frade corrompido pelos pecados da luxúria, mas que a princípio deveria seguir as regras morais, o autor faz uma crítica social. É interessante notar que a crítica é feita de forma cômica, a partir do perfil do Frade: nota-se que ele chega à barca acompanhado de uma mulher, o que por si só já é cômico, tratando-se de um frade. Dessa forma, a partir do riso, Gil Vicente constrói uma obra de caráter moralista e correcional dos costumes. Resposta: [C] Questão 15 Na alternativa [C], Maria Parda dirige-se a Martim Alho, implorando que lhe dê de beber. Como justificativa, diz que tem o estômago tão seco como o nariz de um judeu (“tão seco trago o umbigo/como nariz de Judeu”), comparação que demonstra uma visão preconceituosa de caráter racial. Resposta: [C]