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2017 GESTÃO EDUCACIONAL Profa. Graciele Alice Carvalho Adriano

Profa. Graciele Alice Carvalho Adriano

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2017

Gestão educacional

Profa. Graciele Alice Carvalho Adriano

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Copyright © UNIASSELV 2017

Elaboração:

Profa. Graciele Alice Carvalho Adriano

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

370.2 A243g Adriano, Graciele Alice Carvalho

Gestão educacional / Graciele Alice Carvalho Adriano: UNIASSELVI, 2017.

178 p. : il.

ISBN 978-85-515-0084-2

1. Gestão Escolar.I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

Impresso por:

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III

apresentação

Caro acadêmico! A gestão educacional compreende uma organização dos sistemas de ensino nas instâncias federais, estaduais e municipais. Os estudos sobre a gestão educacional englobam conceitos sobre as formas de articulação entre as diversas instâncias que deliberam as normativas para os setores educacionais. A gestão escolar difere na gestão educacional enquanto função orientada para administrar as instituições educacionais. Cabe a esse profissional auxiliar na elaboração e execução da proposta pedagógica, administração dos recursos financeiros e humanos, contribuir para o processo de ensino e aprendizagem, e possibilitar situações de integração com a comunidade escolar.

Na Unidade 1, conheceremos sobre as características da gestão educacional no contexto nacional, com um percurso histórico para compreendermos a função social da escola, incluindo a atual concepção. Estudaremos sobre o contexto histórico da gestão educacional ao longo do desenvolvimento da sociedade, suas influências na construção do pensamento educacional. Outro ponto que iremos estudar será sobre a função do gestor escolar, as características de liderança, competência e habilidades de um gestor democrático. Apresentaremos um breve texto sobre o conceito de coaching e algumas ideias de atividades que podem ser desenvolvidas durantes as reuniões com a equipe escolar.

Na Unidade 2, apresentaremos a atuação do gestor escolar no desenvolvimento da ação pedagógica e administrativa referente à inserção da educação inclusiva e tecnologias da informação, e nas relações que estabelece com a comunidade. Abordaremos, também, um breve percurso histórico e conceitual sobre as funções de orientador educacional, supervisor pedagógico e coordenador pedagógico.

Na Unidade 3, entenderemos sobre a conjuntura político-administrativa da escola, organizada sob a responsabilidade do gestor escolar. Para o exercício da função o gestor necessita conhecer sobre o financiamento da educação no Brasil, o PNE – Plano Nacional de Educação – e as avaliações que são aplicadas no âmbito escolar. Necessita também de conhecimentos sobre a organização e contribuições dos conselhos escolares e na importância da elaboração do PPP – Projeto-Político e Pedagógico da escola.

Bons estudos!

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IV

UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

UNI

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VI

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VII

sumário

UNIDADE 1 - GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL ................................. 1

TÓPICO 1 - PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR ........................ 31 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 32 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ....................................................................................................... 33 NOVAS DEMANDAS SOCIAIS NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA ...................................... 8RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15

TÓPICO 2 - CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL .................................... 171 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 172 ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA E IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO E PRÁTICA EDUCACIONAL ............................................................................... 173 GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO ............................................................................... 25RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 31AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 32

TÓPICO 3 - PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR .................................................................... 351 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 352 A FUNÇÃO DE GESTOR ESCOLAR ....................................................................................... 353 LIDERANÇA NA GESTÃO EDUCACIONAL ..................................................................... 394 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO GESTOR DEMOCRÁTICO .................... 415 COACHING EDUCACIONAL ................................................................................................... 45LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 49RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 51AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 52

UNIDADE 2 - PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL .................. 55

TÓPICO 1 - GESTOR ESCOLAR ......................................................................................................... 571 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 572 GESTOR ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO DA AÇÃO PEDAGÓGICA ....................... 573 AS PRÁTICAS DA GESTÃO ESCOLAR E AS AÇÕES ADMINISTRATIVAS ....................... 624 A PRESENÇA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ATUAÇÃO DO GESTOR ESCOLAR ............................................................................................................................. 675 A ATUAÇÃO DO GESTOR E O SURGIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO .............................................................................................................................. 706 A RELAÇÃO DO GESTOR COM A COMUNIDADE ESCOLAR .............................................. 74RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 77AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 79

TÓPICO 2 - ORIENTADOR EDUCACIONAL .................................................................................. 811 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 812 INÍCIO DA FUNÇÃO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ..................................................... 81

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VIII

3 ORIENTADOR EDUCACIONAL E SUA ATUAÇÃO NOS ESPAÇOS EDUCATIVOS ................................................................................................................... 84RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 89AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 90

TÓPICO 3 - SUPERVISOR PEDAGÓGICO....................................................................................... 931 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 932 PERCURSO HISTÓRICO DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO BRASIL ........................ 933 FASES DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL................................................................................... 964 ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NA CONTEMPORANEIDADE ................ 99RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 102AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 103

TÓPICO 4 - COORDENADOR PEDAGÓGICO ............................................................................... 1051 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1052 CONTEXTO HISTÓRICO E ATUAÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA ................. 1053 ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO CONTINUADA ........................................................................................................... 1084 CONSELHO DE CLASSE: MOMENTO DE REFLEXÃO SOBRE AS AÇÕES EDUCATIVAS .................................................................................................................. 110LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 115RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 121AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 122

UNIDADE 3 - GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR ............................................................................ 125

TÓPICO 1 - FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL ................................................. 1271 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1272 A LEI ORÇAMENTÁRIA: RECEITA E DESPESAS NACIONAIS ............................................. 1273 REGIME DE COLABORAÇÃO ENTRE OS ENTES FEDERADOS ........................................... 1324 PDDE - DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA .................................................................................... 133RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 136AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 137

TÓPICO 2 - CONSELHOS ESCOLARES - UMA ORGANIZAÇÃO DE GESTÃO ................... 1391 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1392 PARTICIPAÇÃO DOS CONSELHOS ESCOLARES NAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES ........................................................................................................... 1393 ATRIBUIÇÕES DOS CONSELHOS ESCOLARES ........................................................................ 143RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 146AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 147

TÓPICO 3 - PNE – PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, O PROJETO POLÍTICO- PEDAGÓGICO E O REGIMENTO ESCOLAR ................................................................................. 1491 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1492 PNE – PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO ................................................................................ 1493 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ............................................................................................ 1534 REGIMENTO ESCOLAR .................................................................................................................... 159LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 164RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 166AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 167REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 170

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UNIDADE 1

GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade você será capaz de:

• conhecer o processo histórico das instituições de ensino;

• identificar e analisar a função social da escola;

• compreender o percurso histórico do conceito de Gestão Educacional;

• discutir sobre os princípios da gestão democrática no contexto atual;

• reconhecer a importância do gestor para a comunidade escolar;

• elencar as ações e competências do gestor no cotidiano escolar.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você encontrará atividades que possibilitarão o aprofundamento de conteúdos da área, propiciando uma reflexão sobre questões da gestão educacional, como o contexto histórico e função das instituições de ensino, além do percurso histórico que deu origem ao conceito de Gestão Educacional.

TÓPICO 1 - PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

TÓPICO 2 - CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL

TÓPICO 3 - PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR

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TÓPICO 1UNIDADE 1

PRINCÍPIOS NORTEADORES DA

ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, neste primeiro tópico da disciplina "Gestão Educacional" estudaremos sobre assuntos referentes à escola, educação e sua função social com e na sociedade. Comentaremos brevemente sobre o processo de organização da função social da escola, ao longo dos anos, até se constituir como o conhecemos atualmente.

Para compreendermos a função do gestor escolar, necessitamos da apropriação do conhecimento sobre os fatores que contribuíram para a constituição da escola hoje. A concepção da função social da escola advém de um processo cultural, vivenciado em determinados períodos históricos de acordo com o pensamento da sociedade de cada época.

A partir do entendimento da construção histórica, cultural e social de uma determinada situação, conseguimos compreender a sua conjuntura atual, assimilando suas potencialidades e fragilidades. Nesse sentido, iniciamos nossos estudos sobre Gestão Educacional com o entendimento dos princípios que nortearam a organização da escola, do início até os dias atuais.

No decorrer de sua leitura, lembre-se de assinalar no texto os principais escritos. Grife com caneta marca-texto, cole etiquetas de avisos indicando os pontos importantes. Organize esquemas, sínteses, faça apontamentos no decorrer do texto. Busque formas de organizar seu pensamento e construir um conhecimento significativo! Bons estudos!

ATENCAO

2 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

A escola, enquanto instituição construída socialmente para realizar a formação humana nas diferentes temporalidades de vida, se tornou, no movimento histórico, dever do Estado e direito do cidadão, sendo indispensável seu reconhecimento para formação social das pessoas, nas relações que estabelecem entre si e com os conhecimentos científicos.

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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A ação educativa tem por finalidade a humanização do homem por meio da identificação dos elementos culturais acumulados historicamente. À escola cabe selecionar e identificar, dentre esses elementos, os necessários e indispensáveis a serem desenvolvidos nas práticas educativas. A descoberta das formas adequadas a esse trabalho, a organização dos meios, conteúdos, espaço, tempo e procedimentos são de responsabilidade do currículo escolar que deve estar contido no projeto pedagógico elaborado com base na realidade.

A escola, como responsável pelos processos de ensino e aprendizagem, necessita propiciar, a todos que a ela tiverem acesso, os instrumentos necessários à aquisição do saber sistematizado. Desta forma, por meio da apropriação desse saber, da ciência, justifica sua existência na sociedade atual. Segundo os autores Libâneo, Oliveira e Toschi (2005, p. 117):

devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove, para todos, o domínio dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos.

Percebemos, então, que a escola se constitui numa instituição social com objetivo explícito de aprimorar as potencialidades físicas, cognitivas e afetivas dos estudantes. O desenvolvimento ocorre por meio da aprendizagem de conteúdos, conhecimentos, aprimorando as habilidades, atitudes e valores, de maneira contextualizada e participativa.

Assim, entendemos algumas das funções sociais gerais da escola, mas precisamos analisar sobre a real função social da escola. Você saberia dizer? Pois bem, para conseguirmos responder a esse questionamento, necessitamos refletir sobre as intenções do Projeto Político-Pedagógico da escola, das perspectivas da gestão educacional e a organização curricular proposta. Elementos que servirão de estrutura para entendimento sobre as concepções ideológicas da escola e sua relação com a comunidade.

O ato educativo deve ser um processo dialógico visando a transformação social, combatendo assim a reprodução de um sistema excludente, baseado na simples reprodução de saberes. Neste sentido, Luckesi (1994, p. 30) entende que:

A educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em si mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou transformação social. Assim sendo, ela necessita de pressupostos, de conceitos que fundamentem e orientem os seus caminhos. A sociedade dentro da qual ela está deve possuir alguns valores norteadores de sua prática.

As funções políticas e sociais da escola consistem em interesses diferenciados das classes sociais, nas quais as tendências pedagógicas trazem contribuição nas diferentes concepções da função escolar. O pensamento da sociedade no decorrer da história influenciou diretamente a concepção e a função social prevista na escola.

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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

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Para Saviani (1993), na tendência tradicional a escola era vista como uma forma de se resolver os problemas sociais ligados à ignorância. Sua principal função consistia em repassar conteúdos e procedimentos simples, de maneira enciclopédica. Preocupava-se com a quantidade do conhecimento adquirido no processo de ensino e aprendizagem por estudantes, a despeito da qualidade.

Na Escola Nova, os desajustes estavam relacionados à falta de adaptação das pessoas às formas biopsicossociais. A escola deveria ajustar as pessoas ao convívio social, despertando o sentimento de aceitação da diversidade. A proposta da Escola Nova negava a Tradicional, substituindo a ênfase nos conteúdos pela valorização dos processos de aprendizagem. Nessa época surge o processo de psicologização da educação (SAVIANI, 1993).

DICAS

Acadêmico, faça a leitura do documento que regulamentou o Movimento da Escola Nova no seguinte endereço: <http://www.histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf>.

Você conhecerá a concepção de educação defendida no movimento, a finalidade e função social da escola para a época. Acesse e confira, amplie seus conhecimentos sobre o assunto!

FONTE: Disponível em: <http://maryhpc.blogspot.com.br/2011/12/o-movimento-dos-pioneiros-da-educacao.html>. Acesso em: 20 mar. 2017.

Com a ascensão do capitalismo e o aumento dos meios de produção, começou a surgir na sociedade um aumento na demanda de mão de obra industrial. Consequentemente, a escola começou a ter outra função social, a de formar e especializar os futuros trabalhadores. A tendência tecnicista surgiu no período militar no Brasil, servindo ao sistema produtivo gerador de lucro para os capitalistas, incorporando os princípios do taylorismo e fordismo (KUENZER, 2000).

Podemos perceber que cada tendência influenciou a concepção educacional a serviço de uma intenção da sociedade na época. A Escola Tradicional buscava uma estrutura econômica agrária, e as escolas Nova e Tecnicista voltavam seus interesses para a estrutura econômica industrial capitalista.

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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As teorias Crítico-Reprodutivistas apresentam concepções diferentes de se entender a função social da escola. Os principais nomes consistem em Bourdieu e Passeron (1982), com análises sobre a relação entre os sistemas de ensino e o social. Segundo os autores, a sociedade marca de maneira irreversível as formas de agir na escola, orientando socialmente e profissionalmente as pessoas.

Para Bourdieu e Passeron (1982), a educação consiste no reflexo da desigualdade social imposta por meio da ideologia da classe dominante, perpetuando seus interesses por meio dos processos educativos institucionalizados nas escolas. A ação pedagógica como "uma violência simbólica enquanto imposição, por um poder arbitrário, de um arbitrário cultural” (BOURDIEU; PASSERON, 1982, p. 20).

A expressão “violência simbólica” aparece como uma observação minuciosa de que qualquer sociedade se estrutura como um sistema de relações de força material entre grupos ou classes. Onde a classe dominante opera silenciosamente com seus valores sobre a classe dominada, operando formas de agir, pensar e sentir segundo seus interesses.

A violência simbólica, para estes sociólogos, manifesta-se na escola por meio da ação pedagógica institucionalizada, onde o processo educativo aparece como resultado da “desigualdade de dotes”. Os dotes são utilizados para explicar que o sucesso e o fracasso escolar não dependem apenas da origem social, mas fundamentalmente da expressão cultural cultivada pelo indivíduo. As crianças das classes populares estariam em desvantagem em relação às de classe dominante, em decorrência do acesso e aproximação da cultura escolar, mais próxima da cultura dominante.

As teorias crítico-reprodutivistas apresentam o funcionamento da escola baseado na reprodução, mas não apresentam nenhuma alternativa pedagógica de melhoria para a situação.

A proposta pedagógica de Freire (1997), denominada escola problematizadora, encontra fundamentação na concretude da existência humana, e entende que “cada homem é um ser no mundo, com o mundo, e com os outros” (FREIRE, 1997, p. 26). Na relação que estabelece com o outro, o educador seria um ser na práxis, capaz de olhar de fora, mesmo estando dentro do processo educativo. Na distância que estabelece de si possibilita uma análise do fazer de si mesmo, uma desconstrução-reconstrução constante do modo de pensar, gerando alterações no meio em que vive.

Freire (1997) afirma que a educação não é neutra, nem desinteressada, mas um ato político que não pode ser confundido como uma ação manipuladora. Nesse sentido, o educador que assume uma prática libertadora necessita assumir uma opção política e coerente com essa prática. A alfabetização não consiste no ponto de partida, nem de chegada, mas um aspecto importante no processo de construção do conhecimento, pensando na prática e não somente no "mundo dos pensamentos".

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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

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Na proposta de Freire (1997), a educação surge como um ato político e parte do processo de emancipação do ser humano, ou seja, sua libertação. O ato político se desvela nos momentos de discussões em que os envolvidos descobrem, por meio da palavra, a si próprios e o mundo em que vivem. Os oprimidos, cidadãos excluídos da cultura escrita, desfavorecidos nas condições mínimas de sobrevivência, encontram na palavra a possibilidade de pensar sobre o mundo e julgá-lo.

A tendência da Pedagogia Histórico-Crítica se contrapõe à pedagogia liberal burguesa, como uma alternativa para os que negavam o papel reprodutor capitalista nas práticas sociais e escolares. Nessa tendência, a educação consiste em uma atividade mediadora no centro da prática social global. As práticas educativas são vistas como formas de transformação social e humanização das pessoas.

A educação nessa tendência apresenta uma compreensão de que a escola pressupõe um papel mediador, articulando as relações sociais onde o conhecimento expressa um processo em construção. Para Saviani (1993, p. 80):

Se a educação é mediação, isto significa que ela não pode ser justificada por si mesma, mas tem sua razão de ser nos efeitos que se prolongam para além dela e que persistem mesmo após a cessação da ação pedagógica [...] Se é razoável supor que não se ensina democracia através de práticas pedagógicas antidemocráticas, nem por isso se deve inferir que a democratização das relações internas à escola é condição suficiente de democratização da sociedade. Mais do que isso: se a democracia supõe condições de igualdade entre os diferentes agentes sociais, como a prática pedagógica pode ser democrática já no ponto de partida? Com efeito, procurei esclarecer qual a educação supõe a desigualdade no ponto de partida e a igualdade no ponto de chegada. Agir como se as condições de igualdade estivessem instauradas desde o início não significa, então, assumir uma atitude de fato pseudodemocrática?

Pense nos questionamentos e reflita sobre como as práticas educativas podem se basear numa mediação que promova a democracia em sala. De que forma localizamos os processos democráticos nas relações escolares? Perguntas que necessitam ser analisadas e repensadas no âmago de cada educador, na intencionalidade e percepção da função social que subjetivamente compreendeu ao longo dos anos.

Para Saviani (1993), a escola apresenta uma função social como forma de propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitem o acesso à cultura, com as atividades escolares organizadas para esse fim. O professor como "aquele que possibilita o acesso à cultura, organizando o processo de formação cultural" (SAVIANI, 1993, p. 27). Existem importantes relações entre a educação e a transformação social, educação e estrutura social capitalista, educação e a possibilidade de superação do capitalismo, educação e revolução.

O papel mediador da educação no processo de transformação social é imenso, pois é um conceito de educação associado à mediação em meio à prática social, isto é, a educação torna-se uma importante ferramenta de transformação da

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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prática social. Não necessariamente uma educação mediadora que transformaria diretamente a sociedade, mas que, por meio da mediação, transformasse inicialmente a consciência das pessoas. Para, depois, as pessoas agirem conforme sua consciência, transformando a sociedade por meio de suas práticas sociais.

No plano social, a escola pode desenvolver, nos estudantes, reflexões sobre os cuidados com a saúde, a natureza, as questões da cidade, entre outros, uma consciência do que seja viver bem em sociedade. Articular discussões sobre as situações ao redor da escola, comunidade, estimulando uma consciência crítica, de participação, organizando e intervindo com ações políticas na sociedade.

Outro aspecto fundamental que está intimamente ligado à função social e política da escola consiste na dimensão democrática, conferindo a todos o direito de participar das discussões. A escola como instituição que pretende formar sujeitos democráticos deve vivenciar, criar e disponibilizar no cotidiano espaços e tempos para o exercício da participação. Inclusive, a LDB/96 reafirma no artigo 14º, entre seus princípios, a gestão democrática da escola através da participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL,1996).

Percebemos, até o momento, que a escola pode apresentar funções sociais diferenciadas de acordo com cada perspectiva e teoria de educação influenciada na concepção social. As ações individuais e coletivas desenvolvidas nas escolas intensificam os entendimentos sociais e políticos, contribuindo na formação do estudante. Na consciência de importância enquanto pessoa na sua família, comunidade, interferindo de forma crítica na realidade, sendo influenciado de maneira subjetiva por formas de pensar e agir socialmente construídas.

3 NOVAS DEMANDAS SOCIAIS NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA

A partir da segunda metade do século XX, a sociedade, de forma geral, vivenciou algumas mudanças oriundas da presença das tecnologias da informação e comunicação. Dessa forma, a sociedade do conhecimento, internet, rede de recursos e serviços educativos disponíveis contribuem para desconstruir o pensamento tradicional de escola, reorganizando a relação formativa e informativa dos saberes (VILLA, 2007).

Atualmente, com a vigência normativa legal, o acesso à escola se encontra democratizado e fiscalizado por órgãos fiscais, garantindo que todos em fase escolar estejam matriculados e frequentando a escola. A globalização da sociedade apresenta padrões de cultura global e a aproximação com outros povos e manifestações culturais, ou seja, com as formas de diversidade social e humana.

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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

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A convivência com as diferenças torna-se uma necessidade das sociedades contemporâneas. A emergência da "sociedade do conhecimento", com novas formas de conceber a sociedade e os processos escolares, sobretudo a partir dos anos de 1990. O uso das tecnologias da informação e da globalização induziu uma cultura escolar que requer a valorização, nas práticas educativas, da cultura escolar, saber sistematizado da cultura escolar. Práticas pedagógicas que entendem os processos de ensino baseados na mediação, tendo como parâmetros a cultura dos estudantes, contemplando as diversidades da turma.

Observe as vinhetas em quadrinhos e reflita sobre a mensagem implícita no diálogo entre os dois estudantes:

FIGURA 1 – SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO

FONTE: Disponível em: <https://nubiaaires.wordpress.com/2015/06/26/sociedade-da-informacao-charge/>. Acesso em: 23 junho 2017.

Você percebe esse tipo de atitude na sociedade atual? Pois bem, os estudantes hoje possuem acesso imediato a todo tipo de informação, veiculada nas diversas mídias. Será que sozinhos conseguem transformar a informação em conhecimento, ou necessitam da experiência, dos processos de mediação que ocorrem nas práticas educativas voltadas ao ensino e à aprendizagem? Pense sobre o assunto!

Prensky (2001) lembra que os estudantes presentes nas escolas constituem os chamados nativos digitais, ou seja, cresceram imersos na linguagem digital dos computadores, videogames e internet. Acostumados a receber informações com a rapidez com que acessam os recursos tecnológicos, respostas de forma instantânea, trabalham em rede com multitarefas paralelas e repudiam palestras, atividades com passo a passo que tomem tempo demasiado de sua atenção. Diferenciam-se dos imigrantes digitais, aqueles que tiveram contato durante sua existência com os recursos tecnológicos, mas que ainda guardam alguns vestígios condicionados ao uso de material impresso, como na impressão de informações veiculadas na internet para leituras posteriores.

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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Os imigrantes digitais dividem espaço com os nativos, a diferença é que os primeiros ocupam lugares de autoridade social, seja na escola ou em outros espaços. Nas instituições escolares, os imigrantes digitais acreditam que explicações detalhadas, combinações de exemplos demorados garantem o aprendizado dos estudantes, lhes permitem o tempo preciso da compreensão sistematizada dos conteúdos.

Entretanto, os nativos digitais acostumados ao uso das tecnologias, no aprender fazendo, na fluidez das informações, não acompanham o processo inferido, causando dispersões e choques de interesses. A escola voltada para a minuciosa explicação dos conteúdos entra em colapso com o surgimento de uma nova forma de aprender. Através das informações, a construção de conhecimentos por meio do diálogo, das interações colaborativas, das trocas que ocorrem no teclar em rede - nas relações estabelecidas entre as dúvidas e respostas. No acesso e seleção das inúmeras verdades disponibilizadas na internet, pela ação dialógica do professor com a turma, por meio do conhecimento que traz consigo referente à sua especialização docente, auxilia na garimpagem e desmistificação das informações (PRENSKY, 2001).

FIGURA 2 - NATIVOS DIGITAIS

FONTE: Disponível em: <http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/tecnologia/0053.html>. Acesso em: 20 mar. 2017.

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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

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O saber-fluxo, apontado por Lévy (2003), identifica os espaços de conhecimentos emergentes, abertos, contínuos, em fluxo, não lineares, organizam-se de acordo com os objetivos ou contextos, onde cada um ocupa uma posição singular e evolutiva. O professor assume uma posição de animador da inteligência coletiva ao invés do fornecedor dos conhecimentos. As aulas, antes planejadas e que deveriam ser seguidas à risca, agora assumem fluxos de interação de acordo com as várias competências dos estudantes, independentemente da organização disciplinar estabelecida a priori pelo professor.

Lévy (2003, p. 161) sugere que "a emergência do ciberespaço não significa, de forma alguma, que "tudo" pode enfim ser acessado, mas, antes, que o todo está definitivamente fora de alcance". Ciberespaço "[...] como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores" (LÉVY, 2003, p. 92). Anterior à escrita, a sociedade baseava sua fonte de conhecimento na transmissão oral realizada dos mais velhos aos mais novos, pela comunidade viva. Com o surgimento dos livros, quem consegue ler domina o conhecimento.

Após a invenção da impressão surgiram os cientistas, os saberes estão acumulados nas bibliotecas, organizados pelos que assumiram a missão de organizar os conhecimentos de forma que todos tivessem acesso. Mais recente, surge o ciberespaço, a transmissão pelas coletividades humanas vivas, que descobrem e constroem seus objetos e se conhecem como coletivos inteligentes (LÉVY, 2003).

A virtualização do conhecimento se torna virtual no sentido do movimento inverso da atualização, na mutação da identidade, no desprendimento do aqui e agora, na desterritorialização presente, na externalização do interior e na internalização do exterior. A virtualização consiste numa ação heterogênea, no processo de acolhimento da alteridade de alguém. Na leitura dos hipertextos a sensação de percorrer, cartografar o que fabricamos e atualizamos, avalia-se de acordo com a subjetividade inferida. O texto como "[...] discurso elaborado ou propósito deliberado" (LÉVY, 1996), ou seja, discursos que geram textos socializados virtualmente.

A discussão sobre o entendimento dos textos como aspecto social iniciou com os estudos de Soares (2003), que distingue o letramento como um estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas que exerce as práticas sociais ao usar a escrita. Rojo (2012) recorda que em 1996 aconteceu o colóquio do Grupo de Nova Londres (GNL), no evento houve a publicação do manifesto intitulado A Pedagogy of Multiliteracies – Designing Social Futures (Uma pedagogia dos multiletramentos – desenhando futuros sociais).

Os multiletramentos na escola, como diversidade cultural de produção e circulação dos textos, no sentido da diversidade de linguagens que os constituem, interativos e colaborativos, transgridem as relações de poder estabelecidas; por estarem disponibilizados on-line, pertencem a todos, são híbridos formados por diversos tipos de linguagens, modos, mídias e culturas. Localizam-se nas "nuvens",

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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no ciberespaço e apresentam-se no formato de rede por hipertextos e hipermídias (ROJO, 2012).

O "letramento digital" designa o domínio das tecnologias para além do teclar comandos, mas na capacidade de utilização nas práticas sociais. Significa possibilitar, aos estudantes, condições para que possam incorporar o uso dos instrumentos, interfaces e signos das tecnologias digitais, que aprendam a ler e escrever manipulando os recursos midiáticos. Enfim, na busca da sofisticação do letramento, na participação da sociedade digital que orienta condições atuais para a inclusão social (ALMEIDA; VALENTE, 2012).

O uso das tecnologias nas escolas, atualmente, permite um aprendizado duplo. Além de possibilitar o acesso a conceitos de temas pesquisados, necessita do conhecimento das ferramentas que fazem parte do recurso utilizado. A variedade de informações disponibilizadas no ciberespaço torna possíveis alguns questionamentos pertinentes à idoneidade dos textos veiculados virtualmente. O professor, como mediador no processo de ensino, apto pela especialidade formativa, auxilia no discernimento dentre a variedade disponível. Por meio do diálogo com os estudantes, estabelece critérios que devem ser seguidos na análise do conteúdo virtual, os aconselha de modo a navegarem observando as fontes de onde provêm as informações.

FIGURA 3 – CULTURA GLOBALIZADA

FONTE: Disponível em: <https://pescadordebits.com.br/web-livre-e-aberta/ >. Acesso em: 20 mar. 2017.

A cultura globalizada passa a ser socializada por meio dos recursos tecnológicos, articulando-se com os lugares onde as pessoas acessam e passam a interiorizar costumes, valores e hábitos diferentes do local. Nesse sentido, as tensões,

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TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

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os conflitos, práticas diárias, referências dos grupos sociais de um determinado local passam a ser considerados por meio da diversidade. Uma diversidade que expressa símbolos, significados, valores, atitudes, crenças e saberes de um determinado grupo, que vive em contexto específico, com identidade singular.

A educação necessita ser repensada com base em todos os aspectos que envolvem a sociedade globalizada contemporânea. Atualmente, as práticas educativas suscitam a superação das dicotomias entre o público e o privado, conhecimentos cotidianos e científicos, aspectos cognitivos e afetivos, na desconstrução dos resquícios da escola tradicional e excludente.

Pensar numa escola com a função social voltada para a formação de pessoas participativas na sociedade, baseada na valorização das experiências, problematização e conhecimentos dos estudantes, superando a fragmentação dos saberes escolares. Uma escola que articula ações juntamente com a comunidade, buscando a transformação social por meio da participação democrática de todos os envolvidos.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• O pensamento da sociedade, no decorrer da história, influenciou diretamente a concepção e a função social prevista na escola.

• A partir da segunda metade do século XX, a sociedade, de forma geral, vivenciou algumas mudanças oriundas da presença das tecnologias da informação e comunicação.

• A cultura globalizada passa a ser socializada por meio dos recursos tecnológicos, articulando-se com os lugares onde as pessoas acessam e passam a interiorizar costumes, valores e hábitos diferentes do local.

• A educação necessita ser repensada com base em todos os aspectos que envolvem a sociedade globalizada contemporânea.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 Reflita sobre o percurso histórico da constituição das instituições de ensino, a escola, e faça uma linha do tempo. Aponte os períodos da história com os principais fatos que marcaram a educação no país. Essa construção ajudará você a perceber o quanto as aspirações da sociedade interferiram na organização e construção da escola.

2 Analise sobre a função social atual das escolas na sociedade e aponte suas características.

3 Analise sobre a função social da escola atualmente e assinale a alternativa correta.

a) ( ) Prevê o processo de transformação social por meio do papel mediador do professor e da participação democrática de todos os envolvidos.b) ( ) Procura manter a perspectiva tradicional de educação e assim zelar pela educação de qualidade por meio das reproduções de saberes.c) ( ) Preocupa-se com a aplicação de provas e exames nacionais e nos índices de qualidade inferidos para as escolas.d) ( ) Preparar os estudantes exclusivamente para o mercado de trabalho, com conteúdos profissionalizantes para a demanda industrial.

4 A partir da segunda metade do século XX, a sociedade vivenciou algumas transformações decorrentes da presença de tecnologias da informação e comunicação. Analise sobre esses aspectos e assinale V para Verdadeiro e F para Falso nas alternativas.

( ) A sociedade do conhecimento, internet e serviços educativos contribuíram para organizar uma nova concepção de educação.( ) A globalização da sociedade apresentou padrões de cultura global e a aproximação dos costumes entre os povos.( ) A diversidade social e humana emergiu devido ao trabalho realizado na escola tradicional, sob influência dos jesuítas.( ) O uso das tecnologias nas escolas ocasiona um aprendizado duplo, ou seja, além do aprendizado dos conhecimentos, também dos recursos midiáticos.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) V, V, F, V.b) ( ) F, V, F, V.c) ( ) F, V, V, F.d) ( ) V, V, F, F.

AUTOATIVIDADE

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TÓPICO 2

CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO

EDUCACIONAL

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Até esta etapa dos estudos você compreendeu como a escola se organizou ao longo dos anos, sofrendo influências de aspirações politizadas da sociedade. Neste tópico, abordaremos sobre outro percurso histórico que necessita ser lembrado, consiste na origem e característica do conceito de Gestão Educacional. Conversaremos sobre as tendências que influenciaram a forma de conceber os processos educativos e, consequentemente, a gestão educacional, bem como as características da Gestão Democrática contemporânea.

DICAS

Acesse a trilha de aprendizagem, participe dos fóruns e enquetes. Observe os objetos de aprendizagem e os artigos sugeridos, são materiais que trazem informações que não se encontram no livro da disciplina. São fontes de informações que foram acrescidas para auxiliar na ampliação de seus conhecimentos. Bons estudos!

2 ADMINISTRAÇÃO CLÁSSICA E IMPLICAÇÕES PARA A EDUCAÇÃO E PRÁTICA EDUCACIONAL

Para compreender a organização e atual conjuntura da gestão educacional, faz-se necessário recordar um pouco sobre seu trajeto histórico. No início, a gestão educacional era denominada por outro termo, como administração escolar, com escritos que datam da década de 1930 no Brasil. Anterior a esse período, até a Primeira República consistiam em "memórias, relatórios e descrições de caráter subjetivo, normativo, assistemático e legalista" (SANDER, 2007a, p. 21). Tal fato aponta a existência de pessoas que se ocupam com os afazeres quanto à administração educacional, mas não eram reconhecidas profissionalmente enquanto função.

A partir da década de 1930 a administração educacional se desenvolve sob influências dos ideais progressistas de educação, contrapondo-se à educação tradicional, que não favorecia as ideias de expansão industrial que o país vivenciava naquele momento (SANDER, 2007b). O cenário educacional, entusiasmado com

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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o movimento pedagógico da Escola Nova, principalmente por estudos de John Dewey, apoiava a necessidade de aprimorar a cientificidade no campo educacional, ampliando a oferta educacional.

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova mencionava a ausência de espírito filosófico e científico na resolução dos problemas da administração escolar como principal responsável pela desorganização da estrutura escolar (MANIFESTO, 2006). A partir de então, despontam estudos que fomentaram as bases para o surgimento dos primeiros escritos teóricos sobre o tema Administração Escolar.

No início do século XX, a expansão da oferta educativa e consequente aumento dos afazeres nos processos administrativos da educação suscitaram uma organização de administração modernizada. Desta forma, a administração educacional passou a se basear na organização das companhias, empresas e associações industriais ou comerciais (LEÃO, 1945).

A administração educacional absorve as premissas da administração geral, desenvolvida por Henry Fayol com base nos seguintes argumentos, de acordo com Leão (1945):

• Operações técnicas (distribuição, produção, transformação). • Operações financeiras (rendimento do trabalho efetuado).• Operações de segurança (proteção dos bens e das pessoas).• Operações de contabilidade (inventários, balanços, estatísticas...).• Operações administrativas propriamente ditas (previdência, organização,

comando, coordenação, colaboração, verificação).

O Diretor Escolar era um educador com conhecimento da política educacional e dos saberes técnico-administrativos. Estava subordinado ao Diretor da Educação e agia de forma a reproduzir a sua visão administrativa educacional. Nesse sentido, o Diretor da Educação atua de forma mais específica voltada à administração, enquanto que o Diretor de Escola se ocupa também dos assuntos pedagógicos.

A estrutura administrativa passa a ser concebida como uma organização baseada na hierarquia das funções, segundo a teoria de Fayol. Assim, o diretor da escola assume um importante papel de dirigir o trabalho, auxiliando no progresso mental e moral da comunidade inserida. Passa a ser uma espécie de líder, aquele que conduzirá todos os envolvidos no processo escolar (LEÃO, 1945).

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TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL

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FIGURA 4 – FUNÇÕES DO GESTOR ESCOLAR

FONTE: Adaptado de Leão (1945).

No exercício da função de Diretor da escola, como destacamos no organograma, o profissional necessita apresentar certas características além da liderança, como a experiência.

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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FIGURA 5 - CONHECIMENTOS DO DIRETOR

FONTE: A autora

Segundo Leão (1945, p. 167), o Diretor de Escola "não deixa de ser educador, mas sua ação amplia-se. É então o coordenador de todas as peças da máquina que dirige, o líder de seus companheiros de trabalho, o galvanizador de uma comunhão de esforços e de ações em prol da obra educacional da comunidade". Assume a função de destaque e proximidade com a comunidade escolar, colaborando na execução das premissas determinadas no entendimento do Diretor de Educação.

Nas escolas maiores, com intenso volume de trabalho educativo, o diretor necessitava de auxílio, os chamados "peritos especializados" ou inspetores-orientadores, eram profissionais destinados a observar as atividades desenvolvidas por estudantes e professores. Desta forma, emitiam análises e julgamentos sobre os métodos e processos aplicados, com a finalidade de orientar e conduzir os trabalhos educativos (LEÃO, 1945).

Nesta forma de divisão do trabalho, ao professor cabe a função de “técnico cuja função é preparar o ambiente e os meios dentro dos quais e pelos quais a educação se processa naturalmente” (LEÃO, 1945, p. 227). Leão (1945, p. 10) aponta ainda que “a administração não é nem um privilégio exclusivo nem uma sobrecarga pessoal do chefe ou dos dirigentes; é uma função repartida, como as demais funções especiais, entre a cabeça e os membros do corpo social”. Ou seja, a expressão “cabeça” refere-se ao Diretor de Educação, responsável por pensar a política educacional, no sentido de diretrizes, linhas gerais. Os membros seriam aqueles a quem compete colocar em prática a política educacional.

Observe, no quadro a seguir, uma síntese sobre a concepção do papel da Direção Escolar e os pressupostos que conduziriam o trabalho da Gestão Escolar, expressos por Souza (2006). Na época não havia uma divisão entre o papel do diretor escolar e os aspectos referentes à gestão escolar, ambos se fundiam numa ação somente: o trabalho administrativo educacional desenvolvido na função do Diretor Escolar.

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TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL

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QUADRO 1 - SÍNTESE DAS IDEIAS SOBRE A DIREÇÃO E A GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL

Direção Escolar Gestão EscolarA

UTO

RES

CLÁ

SSIC

OS

• O diretor deve ser um professor. • O diretor deve ser defensor da política educacional.• O diretor deve se colocar a serviço do professor. • O papel pedagógico do diretor está em desenvolver ações administrativas para garantir as condições de funcionamento das ações pedagógicas. • O elemento mais importante não é o adminis-trador, mas o professor. • O papel do diretor não é técnico-pedagógico, mas sim administrativo.• O papel do diretor é man-ter o equilíbrio, conduzindo a escola nos processos de mudança.• O diretor é o responsável pela implementação dos objetivos educacionais.• O diretor é o polo de po-der central da escola. Este poder vem da legislação e das expectativas que a escola tem para com ele, o que resulta em pressões legais e sociais.

• Gestão e direção se confundem.• As atividades que são próprias da escola são o fundamento para a Administração Es-colar.• A administração científica possui princí-pios e métodos que cabem na escola.• A Administração Escolar é uma especia-lização da administração.• A Administração Escolar é necessária pela complexificação da educação escolar, em tamanho e em problemas.• É necessário um clima de ação coletiva na escola.• Escola eficiente e eficaz: condição para garantir o acesso de todos.• Objetivo da Administração Escolar: tornar as escolas mais eficientes.• A consecução dos objetivos escolares de forma eficiente e a coordenação do esforço coletivo é o foco da Administração Escolar.• A Administração Escolar ocorre antes, durante e depois das funções pedagógicas escolares: Antes = planejamento; durante = comando e assistência; depois = medição e avaliação.• A Administração Escolar deve garantir a unidade e a economia através da divisão do trabalho, mas sem perder a unidade.• Distinção entre ação administrativa e ação operativa: pensar e fazer.• Administração significa ter opção, logo, significa tomar decisões.• O processo administrativo se resume em: reconhecimento de um problema; planejamento; coordenação; verificação do resultado; exame para evitar a reaparição do problema.

FONTE: Souza (2006, p. 193)

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Após os anos de 1970, outra visão sobre a gestão escolar surgiu, diferente da aceita desde os anos de 1930. Emergem estudos críticos sobre as formas de agir e pensar a educação no país, sobretudo avançando nas questões que envolvem a Gestão Educacional.

O movimento político-democrático de reabertura no Brasil oferece uma nova fase de elaborações teóricas no campo da administração escolar, a partir do enfoque sociológico. Este novo enfoque surge das lutas na conquista da democracia e cidadania, consolidação de estudos em nível de pós-graduação no país e a influência dos estudos marxistas (SOUZA, 2006).

O enfoque tecnocrático de administração escolar, defendido até o momento, passa a ser questionado por diversos estudiosos da época. Os teóricos baseiam-se na dúvida sobre a eficácia, para a educação, na relação estabelecida entre a racionalidade administrativa e os processos educativos, contribuindo para as desigualdades sociais.

Arroyo (1979) aponta sobre o entendimento da administração como exercício do poder a fim de reproduzir determinadas relações sociais que são funcionais à manutenção da sociedade civil, sob o prisma do desenvolvimento econômico, ou seja, do capitalismo. Tendo em vista que as desigualdades são inerentes à lógica deste sistema produtivo, a administração escolar, ao reproduzir as relações capitalistas, contribui na manutenção de tais desigualdades. Os princípios da administração geral, pensados sob uma racionalidade capitalista, ao serem adotados nos espaços escolares acabam por compactuar também desta racionalidade, contribuindo para a manutenção das relações de exploração capitalista.

A administração capitalista, apesar de sua hegemonia na sociedade, consiste apenas em um tipo de administração, o que não impedia a sociedade na época de conceber outros processos administrativos orientados por uma lógica diferente. Nesse sentido, os estudiosos da época avançaram nas discussões em relação às críticas anteriores, investindo na ideia de se considerar os condicionantes sociais, históricos, políticos e econômicos, para desenvolverem uma administração escolar voltada para a transformação social. As ações desenvolvidas estariam voltadas para a participação social, contrapondo-se ao caráter conservador daquela administração pautada na racionalidade capitalista (PARO, 2000).

A crítica levantada pelos estudiosos quanto ao enfoque tecnocrático aplicado às escolas da época suscitou o aparecimento do conceito de Gestão Escolar, mais precisamente, a preocupação com o desenvolvimento dos processos pedagógicos que deram sustentação para o conceito de Gestão Escolar. Uma forma de diferenciar os fazeres da escola em relação à visão técnica, que historicamente permeou o conceito de administração escolar.

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TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL

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QUADRO 2 - SÍNTESE DAS IDEIAS SOBRE A DIREÇÃO E A GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL

Direção Escolar Gestão EscolarA

UTO

RES

CR

ÍTIC

OS

• Crítica à concepção do diretor como um gerente, própria da administração capitalista.• O diretor deve ser um educador, antes de tudo.• O diretor como coorde-nador do trabalho coletivo.

• Crítica aos modelos técnicos de Adminis-tração Escolar implantados até então no país.• Crítica aos pensadores brasileiros e estran-geiros pela linearidade entre a Administração Escolar e a administração em geral.• Crítica ao uso da administração científica na Administração Escolar.• Crítica à ideologização da teoria adminis-trativa.• Crítica à Administração Escolar que tem como principal papel garantir ao Estado o controle sobre a educação.• Críticas à naturalização da divisão social do trabalho.• Crítica às teorias da administração por sua pretensa neutralidade técnica.• Crítica à administração conservadora pela negligência técnica em favor de uma ação política conservadora: aplicação de um tecnicismo vazio.• Administração é o uso racional de recursos com vistas a determinados fins. • Administração como racionalização do trabalho e coordenação do trabalho coletivo.• Administração, em última análise, são métodos.• Educação escolar é um fenômeno muito específico que demanda tratamento específico.• Percebem a dimensão política da administração.• A Administração Escolar deve estar articulada com os objetivos escolares.• Administração transformadora: percepção política e intervenção técnica.• Participação da sociedade na administração transformadora.• Autogestão.

FONTE: Souza (2006, p. 193)

Desta maneira, conseguimos observar no quadro o pensamento dos teóricos críticos quanto à percepção da ação do Diretor Geral e dos processos que envolvem a Gestão Escolar. Principalmente os aspectos técnicos que assemelham os trabalhos desenvolvidos na educação ao funcionamento de uma empresa com

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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enfoque industrial. Os estudiosos passam a lembrar de aspectos próprios dos processos educativos, pertencentes ao universo da educação.

Na década de 1980, a sociedade brasileira convivia com a luta da democratização da escola pública, tanto para o acesso como das práticas desenvolvidas. Com a aprovação da Constituição Federal de 1988, surgem os estudos voltados para a Gestão Democrática do Ensino Público.

A partir de então, surgem estudos que diferenciam o conceito de gestão com o de administração. A gestão supera as especificidades da administração, pois se “assenta na mobilização do elemento humano, coletivamente organizado, como condição básica e fundamental da qualidade do ensino e da transformação da própria identidade das escolas” (LÜCK, 2007, p. 27). A administração passa a ser um dos elementos que compõe a gestão, como a gestão administrativa, que corresponde à administração de recursos, do tempo etc. A gestão envolve um sentido e prática mais abrangente, apresenta os elementos culturais, políticos e pedagógicos do processo educativo, sendo sua lógica “orientada pelos princípios democráticos” (LÜCK, 2007, p. 36).

O uso do termo Gestão Escolar apresentou significado para os autores que defendiam, na década de 1980, uma gestão democrática. Segundo Adrião e Camargo (2007, p. 68), a adoção do termo gestão sugere “uma tentativa de superação do caráter técnico, pautado na hierarquização e no controle do trabalho por meio da gerência científica, que a palavra administração (como sinônimo de direção) continha”. A substituição da administração pelo termo gestão significava a tentativa de instaurar uma nova lógica na organização do trabalho.

QUADRO 3 - SÍNTESE DAS IDEIAS SOBRE A DIREÇÃO E A GESTÃO ESCOLAR NO BRASIL

Direção Escolar Gestão Escolar

PÓS

- 198

7

• Papel do diretor: articulador da organização e gestão escolar.• Preocupação central com as formas de escolha da função de diretor.• Na identificação do perfil do diretor, a preocupação com as contradições da função: representante do poder público X representante da comunidade escolar; função administrativa X função pedagógica. • O diretor no centro das relações de poder.

• Gestão é um processo político. • A democracia na escola.• Gestão democrática.• Conselhos de escola, junto com a eleição de diretores, como as expressões da gestão democrática.• A gestão e as relações de poder na escola.• O projeto político-pedagógico como uma ferramenta da organização e gestão escolar.• Autonomia na gestão escolar.

FONTE: Souza (2006, p. 193)

Observamos nas informações do quadro, segundo Souza (2006), que todos os envolvidos na escola, por meio do trabalho pedagógico, são responsáveis pelo

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TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL

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andamento do processo de ensino e aprendizagem. A administração escolar se desenvolve no atendimento ao conjunto de características que a escola apresenta.

Do mesmo modo, podemos refletir sobre a atuação do diretor em relação ao funcionamento da escola, expressando uma preocupação com a educação e com o desenvolvimento cultural dos estudantes. Nessa perspectiva, a educação se torna um instrumento que possibilita às camadas populares uma ampliação do universo cultural, de forma democrática.

3 GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO

Com o intuito de refletirmos sobre o contexto histórico e a gestão das instituições públicas, foi apresentado um breve percurso histórico que deu início aos debates sobre a Gestão Escolar. Nesse momento, apresentaremos as características que compõem uma Gestão Democrática da Educação, com estudos que iniciaram a partir dos anos de 1980.

Diante da globalização econômica, da transformação dos meios de produção e do avanço acelerado da ciência e da tecnologia, a educação escolar precisa oferecer propostas concretas à sociedade. Começa a preocupar-se com a oferta de um ensino de qualidade que possa elevar a capacidade das crianças, adolescentes e jovens para compreenderem o universo competitivo e os valores sociais, econômicos e culturais intrínsecos na formação pessoal e profissional (GRACINDO, 2007).

A Constituição Federal (BRASIL, 1988) destaca a gestão democrática como princípio norteador do processo de ensino, necessária para questões que necessitem da participação dos profissionais da educação, na elaboração do projeto pedagógico da escola, com a participação da comunidade em geral em conselhos escolares, para se efetivar a gestão democrática na escola. Nesse sentido, a Gestão do Sistema Educacional no enfoque democrático significa um ordenamento normativo, vinculado à participação de todos os envolvidos nos processos de ensino.

A Constituição Federal (BRASIL, 1988) estabelece, no artigo 206, os princípios sobre os quais o ensino deve ser ministrado:

I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e

o saber;III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de

instituições públicas e privadas de ensino;IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da

lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas;

VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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VII - garantia de padrão de qualidade;VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar

pública, nos termos de lei federal.

Dentre os princípios, destacamos a gestão democrática do ensino público, na forma da lei. Desta forma, em síntese, os sistemas de ensino devem definir as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme as seguintes etapas (GRACINDO, 2007):

• participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola;

• participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (LDB - Art. 14).

Como condição para o estabelecimento da gestão democrática é preciso que os sistemas de ensino assegurem, às unidades escolares públicas de educação básica que os integram, progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público, de acordo com a LDB – Art. 15 (BRASIL, 1996).

FIGURA 6 - GESTÃO DEMOCRÁTICA BRASILEIRA

FONTE: Disponível em: <http://unoparcn.blogspot.com.br/>. Acesso em: 20 mar. 2017.

.

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TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL

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A construção da convivência democrática ocorre de forma processual, não como algo a ser implantado a partir de decisões de alguns. Dessa forma, a escola continua a seguir os padrões tradicionais, mantendo a cultura dos dominantes sobre os dominados. A realidade não se modifica por leis, decretos, regimentos ou portarias. A mudança ocorre de forma sistemática, integrando as normas e rotinas ao cotidiano escolar. Para tanto, a comunidade como um todo necessita buscar formas por meio de discussões.

Segundo Paro (1997), a participação democrática não se dá espontaneamente, sendo antes um processo histórico de construção coletiva. Assim, coloca-se a necessidade da previsão de mecanismos institucionais que não apenas viabilizem, mas também incentivem práticas participativas dentro da escola pública. Tal ação se faz necessária quando a sociedade ainda apresenta influências da tradição de autoritarismo, poder altamente concentrado e de exclusão de divergências nas discussões e decisões.

O regimento escolar e outros instrumentos legais consistem em documentos

que podem ser elaborados e utilizados pela comunidade escolar, para educar e manter uma convivência democrática. Para estruturar esses documentos, faz-se necessário viabilizar momentos de discussões em grupo, com a participação ativa da comunidade escolar.

A escola, ao construir um compromisso com a convivência democrática, necessita do amparo legal do regimento para garantir o exercício da democracia na escola. Principalmente porque o regimento, estando atualizado, revela os limites, as possibilidades, os direitos e os deveres como norma. Isso não significa dizer que aquilo que está regulamentado será suficientemente cumprido, mas é adequado prever tal amparo legal. Para que todos tenham o entendimento do previsto, discutido e organizado na comunidade por todos, e assim cumprido no cotidiano escolar.

A educação, de modo geral, e a escola, de modo específico, possuem três funções básicas: formar o indivíduo, formar o cidadão e formar o profissional. A totalidade da tarefa formativa da educação vem sendo traduzida no que sempre ouvimos falar: formação integral (LIBÂNEO, 2002). A formação do cidadão como preparação do indivíduo para o convívio social e para a convivência democrática implica trabalhar questões como:

• Respeito à dignidade da pessoa humana.

• Desenvolvimento de um sentimento de corresponsabilidade no destino da sociedade.

• Participação livre e ativa na vida social e comunitária.

• Compreensão do papel do governo e das instituições não governamentais na promoção do bem comum.

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

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• Compreensão da necessidade de transparência na vida social.

• Compreensão dos direitos individuais e dos direitos sociais (LIBÂNEO, 2002).

FIGURA 7 - GESTÃO DEMOCRÁTICA

FONTE: Disponível em: <http://inclusaoealtashabilidades.blogspot.com.br/2014/05/gestao-democratica-e-participativa.html>. Acesso em: 20 mar. 2017.

Portanto, na formação da pessoa para o convívio social ou na educação do cidadão, se faz necessário o desenvolvimento de um relacionamento democrático entre os estudantes, professores, funcionários e pais para que exercitem seus direitos e deveres. A escola deve ser uma experiência criativa de conviver socialmente, formadora do cidadão para além do que se ensina na sala de aula, ou seja, no exercício dos direitos e dos deveres no dia a dia.

Para Libâneo (2002), a participação consiste no principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A participação proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua estrutura organizacional e de sua dinâmica nas relações com a comunidade.

Nas empresas busca-se resultados por meio da participação, nas escolas busca-se bons resultados. Na concepção democrática, denotam um sentido diferente da prática de democracia. Aparece como uma experimentação de formas não autoritárias de exercício do poder, com a oportunidade de o grupo de profissionais poder intervir nas decisões da organização e definir coletivamente o

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TÓPICO 2 | CONTEXTO HISTÓRICO DA GESTÃO EDUCACIONAL

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rumo dos trabalhos. Nesse sentido, Lück (2002, p. 66) aponta sobre a participação como:

A intervenção dos profissionais da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Há dois sentidos de participação articulados entre si: a) a de caráter mais interno, como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento pedagógico, curricular, organizacional; b) a de caráter mais externo, em que os profissionais da escola, alunos e pais compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão.

Desta forma, a participação da comunidade possibilita como retorno a avaliação consciente dos serviços oferecidos e a intervenção organizada nos processos educativos. Entre as modalidades mais conhecidas de participação escolar estão os conselhos de classe, os conselhos de escola, colegiados ou comissões que surgiram no início da década de 1980.

O princípio participativo no sentido de gerar a democracia na escola não se esgota nas ações necessárias para assegurar a qualidade de ensino. A participação consiste no meio de alcançar melhor e democraticamente os objetivos da escola, os quais se localizam na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem. Em razão disso, a participação necessita do contraponto da direção, outro conceito importante da gestão democrática, que visa promover a gestão da participação (LÜCK, 2002).

Nesse contexto, como aponta Lück (2002, p. 102), a escola, por meio de sua gestão democrática e participativa, oferece aos seus agentes a qualidade educacional, necessitando desenvolver os seguintes princípios da concepção de gestão democrático-participativa:

• autonomia da escola e da comunidade educativa; • relação organizacional entre a direção e a participação dos membros da equipe escolar; planejamento de atividades; • formação continuada para o desenvolvimento pessoal e profissional dos integrantes da comunidade escolar; • utilização de informações concretas e análise de cada problema em seus múltiplos aspectos, com ampla democratização das informações; • avaliação compartilhada; relações humanas produtivas e criativas, assentadas em uma busca de objetivos comuns.

Lück (2002) discorre sobre a participação democrática na gestão escolar, baseada nos conhecimentos dos papéis de cada profissional, que de forma direta ou indiretamente vivenciam as rotinas da escola. Também considerando os projetos e a construção dos documentos intrínsecos ao desenvolvimento do ensino na escola, especialmente no Projeto Político-Pedagógico.

Nos últimos anos, as discussões sobre o papel da gestão democrática e participativa no âmbito escolar estão presentes nos debates promovidos pelos governos, diretores e professores. As questões permeiam a perspectiva de se ter

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DICAS

Para saber mais sobre a Gestão Democrática Participativa, acesse o Portal Brasil no endereço: <http://www.brasil.gov.br/educacao/2015/04/portal-do-professor-disponibiliza-lista-de-livros-sobre-gestao-escolar>.O site indica 16 obras a gestores e educadores interessados em aplicar técnicas e estratégias no ambiente escolar.Confira e amplie seus conhecimentos!

uma educação de qualidade pautada na formação cognitiva, intelectual e social de forma integral.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• No início a gestão educacional era denominada como administração escolar, com escritos que datam da década de 1930 no Brasil.

• A partir da década de 1930, a administração educacional se desenvolve sob influências dos ideais progressistas de educação, contrapondo-se à educação tradicional, pois esta não favorecia as ideias de expansão industrial que o país vivenciava naquele momento.

• Após os anos de 1970, outra visão sobre a gestão educacional surgiu, diferente da aceita desde os anos de 1930. Emergem estudos críticos sobre as formas de agir e pensar a educação no país, sobretudo avançando nas questões que envolvem a Gestão Educacional.

• Na década de 1980, a sociedade brasileira convivia com a luta da democratização da escola pública, tanto para o acesso como das práticas desenvolvidas. Com a aprovação da Constituição Federal de 1988, surgem os estudos voltados para a Gestão Democrática do ensino público.

• A construção da convivência democrática ocorre de forma processual, não como algo a ser implantado a partir de decisões de alguns.

• A escola, ao construir um compromisso com a convivência democrática, necessita do amparo legal do regimento para garantir o exercício da democracia na escola.

• Nos últimos anos, as discussões sobre o papel da gestão democrática e participativa no âmbito escolar estão presentes nos debates promovidos pelos governos, diretores e professores. As questões permeiam a perspectiva de se ter uma educação de qualidade pautada na formação cognitiva, intelectual e social de forma integral.

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1 Reflita sobre as características que acompanharam o desenvolvimento do conceito de Gestão Educacional. Faça um quadro-resumo apontando as principais características presentes nos autores clássicos, críticos e atualmente, sobre a função do Gestor Escolar.

2 A Constituição Federal de 1988 destaca a gestão democrática como uma das ações norteadoras do processo de ensino nas escolas. Analise sobre os princípios estabelecidos no artigo 206 sobre como o ensino deve ser administrado nas escolas e assinale V para Verdadeiro e F para Falso.

( ) Os estudantes deverão reproduzir e aceitar sem questionamentos os conhecimentos ensinados pelos professores.( ) Igualdade de condições a todos para o acesso e permanência na escola.( ) Pluralismo de concepções pedagógicas e a garantia da existência somente de escolas públicas.( ) Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) V, V, F, F.b) ( ) F, V, F, V.c) ( ) F, F, V, F.d) ( ) V, F, V, V.

3 A educação formativa pretende desenvolver uma formação integral nas pessoas, preparando-as para o convívio social e democrático. Assinale a alternativa que expressa sobre as funções básicas da educação escolar quanto à formação dos estudantes.

AUTOATIVIDADE

AUTORES CLÁSSICOS AUTORES CRÍTICOS ATUALMENTE

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a) ( ) Formar a pessoa - profissional e diversidade.b) ( ) Formar a pessoa - cidadão e profissional.c) ( ) Formar a pessoa - espírito e emocional.d) ( ) Formar a pessoa - aspectos religiosos e legais.

4 (ENADE, PEDAGOGIA, 2011) Um dos objetivos da gestão democrática participativa é a articulação entre as políticas educacionais atuais e as demandas socioculturais. Considerando essa finalidade, avalie quais das ações educacionais abaixo se relacionam a essa concepção.

I. Compartilhar valores em prol da própria escola, reconhecendo a impossibilidade de se incluir ideais de justiça, solidariedade e ética humana, que transcendem os limites do processo educativo. II. Utilizar os índices educacionais da escola como subsídios de gestão para aprimorar o processo ensino-aprendizagem. III. Elaborar coletivamente o Projeto Político-Pedagógico que reflita a filosofia da escola e apresente as bases teórico-metodológicas da prática pedagógica. IV. Planejar ações descentralizando poderes, para realizar uma gestão focada nos diferentes aspectos da aprendizagem e nas questões macroestruturais da sociedade.

É correto apenas o que se afirma em:

a) ( ) I e II. b) ( ) I e IV. c) ( ) I, II e III. d) ( ) II, III e IV.

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TÓPICO 3

PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR

UNIDADE 1

1 INTRODUÇÃO

Acadêmicos, no decorrer desta unidade percebemos alguns pressupostos que estruturam os entendimentos para compreensão da organização e função da escola, e a atual situação em que se encontra na contemporaneidade. São saberes necessários para compreendermos os aspectos que compõem os estudos sobre a gestão educacional.

Também estudamos sobre a construção do conceito de gestão educacional ao longo da história da sociedade, na perspectiva educacional, entendendo os princípios que norteiam a atual concepção de gestão democrática e participativa. Dessa forma, o gestor educacional consiste no profissional que atua nos processos educativos, na coordenação sociopolítica e nas relações subjetivas que ocorrem na escola.

Neste tópico, vamos conhecer um pouco mais sobre as características da função de gestor educacional, os aspectos que estruturam a liderança na função, e as competências e habilidades do gestor democrático. No exercício da função de gestor, o profissional estabelecerá relações com os profissionais da educação, estudantes e comunidade, que, de acordo com a legislação atual, devem ser conduzidos para uma organização democrática e participativa.

Para melhor compreensão do assunto, estudaremos um texto de Moacir Gadotti, intitulado "Gestão democrática com participação popular no planejamento e na organização da educação nacional". O autor aborda sobre conceitos como participação popular e gestão democrática, ainda com referência ao desenvolvimento das perspectivas de educação na atualidade.

No decorrer dos estudos deste tópico, também apresentamos uma dica de vídeo sobre o coaching, que consiste basicamente no processo de aprimoramento humano e aceleração de resultados. É utilizado no mundo em vários países, por profissionais e empresas, que buscam alcançar metas e objetivos, considerando o desenvolvimento das capacidades e habilidades emocionais, psicológicas e comportamentais.

Inicie seus estudos, lembre-se de anotar ou grifar os pontos interessantes no texto, faça suas autoatividades e compartilhe suas ideias com os colegas em sala. Atue de forma participativa na construção de seus conhecimentos!

2 A FUNÇÃO DE GESTOR ESCOLAR

A partir da década de 1980, como percebemos nos estudos do tópico anterior, a perspectiva sobre as funções do profissional que ocupava o cargo de gestor educacional

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sofreu mudanças. Na década de 1990, os estudos apontaram para discussões sobre a promoção da qualidade na educação, associada também às ações desenvolvidas na gestão. De certo modo, as formas de pensar, agir e de conceber os processos educativos do gestor influenciam o andamento dos trabalhos pedagógicos.

Assim, podemos apontar o gestor como uma pessoa que realiza dentro da escola um papel de liderança, ao desenvolver e controlar determinadas atividades, coordenando os funcionários da instituição. O diretor de uma escola exerce uma função complexa e diferenciada daquela exercida pelos professores. Enquanto os professores se ocupam com os processos de ensino e aprendizagem, o gestor necessita ser uma autoridade escolar em certos momentos e, em outros, um educador e ainda administrador.

Enquanto autoridade escolar, ele responde por responsabilidades burocráticas, onde as decisões finais serão consentidas e levarão sua assinatura. Como educador, necessita de diversos conhecimentos, precisa entender dos conceitos que envolvem a prática e a teoria educativa. O gestor, quando assume uma decisão sobre algo, exterioriza seus entendimentos de educador, porque atua em situações que envolvem o espaço escolar. São ações que envolvem saberes pertinentes a uma função educativa.

“O diretor é, por identidade, um educador que, no papel de diretor, confere dimensão mais ampla ao seu desempenho como educador de educadores e, simultaneamente, que julgo inadequado e até um absurdo que alguém possa ser diretor sem ter sido professor” (GOMES, 2003, p. 40).

Segundo Valerien (2005), existem diversos tipos ou estilos de diretor, diferentes formas de conceber a gestão educacional. Há o gestor autocrático, o democrático, o laissez-faire, o burocrático e o carismático.

Autocrático: consiste no gestor líder, aquele que concentra todo o poder em suas decisões e trabalho, transmitindo uma figura autoritária e não questionável.

Democrático: valoriza as diversas opiniões da equipe de profissionais na escola, permitindo que todos participem de reuniões administrativas para auxiliar nas decisões.

Laissez-faire: estilo de gestor que oferece a liberdade para todos, se ocupando de questões administrativas e acontecimentos inesperados. Atua como um orientador nas decisões, mas permite que os funcionários da escola assumam decisões dentro das normalidades na instituição.

Burocrático: realiza seu trabalho de forma sistemática, mantendo em ordem, sem atrasos nos prazos e execuções. Prioriza a organização e o bom funcionamento da escola, apesar de manter um clima de carisma com o grupo de trabalho.

Desta forma, percebemos que o gestor pode assumir diferentes posturas de atuação nos espaços escolares, dependendo do entendimento dos processos de gerenciamento educativo. Libâneo (2004) apresenta algumas atribuições do gestor educacional:

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TÓPICO 3 | PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR

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• supervisionar atividades administrativas e pedagógicas; • promover a integração entre escola e comunidade; • conhecer a legislação educacional;• buscar meios que favoreçam sua equipe, dentre outras.

FIGURA 8 - AÇÕES DESENVOLVIDAS PELO GESTOR ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/235/as-responsabilidades-do-diretor>. Acesso em: 22 mar. 2017.

Para que o gestor consiga realizar suas funções com qualidade, Libâneo (2004) informa sobre a importância da constante formação continuada, na busca do aprimoramento dos saberes. Nesse sentido, cabe ao gestor a responsabilidade de buscar se inteirar de conhecimentos como: a LDB Lei Federal nº 9.394/96, as Constituições Federal e Estadual, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei Federal nº 8.069/90, Lei Orgânica do Município em que estiver atuando, os Conselhos Nacional, Estadual e Municipal de Educação, o Regimento Escolar, a Proposta Político-Pedagógica da escola em que estiver em exercício, o Regimento Interno, as Leis Trabalhistas para escolas particulares, o Estatuto do Magistério para escolas públicas, o Estatuto do Funcionário Público para escolas públicas, também as Normas internas das Secretarias Estadual ou Municipal de Educação para escolas públicas.

São várias normativas que regulamentam as ações e atividades desenvolvidas na escola, são orientações legais das formas de agir e conceber as ações educativas. Orientam atitudes para o bem-estar, regulamentam os processos de ensino e aprendizagem, as funções dos profissionais na educação e na organização geral das instituições.

Podemos observar que o gestor atua nas escolas influenciando os processos que se estabelecem no cotidiano escolar, além de ser o responsável legal por toda a instituição e seus acontecimentos. Sua ação deve garantir o bom funcionamento

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

da escola, tanto nos aspectos administrativos quanto pedagógicos, incluindo os relacionamentos sociais. Lück (2004, p. 32) afirma:

É do diretor da escola a responsabilidade máxima quanto à consecução eficaz da política educacional do sistema e desenvolvimento pleno dos objetivos educacionais, organizando, dinamizando e coordenando todos os esforços nesse sentido e controlando todos os recursos para tal. Devido à sua posição central na escola, o desempenho de seu papel exerce forte influência (tanto positiva como negativa) sobre todos os setores pessoais da escola.

Desta forma, percebemos que algumas atividades são inerentes à função de gestor, como de organizar e dirigir as situações de ensino e aprendizagem, conhecendo as estruturas das disciplinas, os conteúdos a serem trabalhados e os objetivos de aprendizagem. Envolver os professores e estudantes em atividades de pesquisa, incentivar para que participem de projetos de conhecimento. Além disso, o gestor deve oferecer apoio integrado e constante para que os professores, funcionários e estudantes sintam-se amparados.

Ainda, quanto às demandas de problemas, que sejam de fato observadas e consideradas como pontos a serem resolvidos. Assim, a função de gestor escolar perpassa diversos aspectos que compõem o andamento dos trabalhos na escola.

É importante, antes de mais nada, levar em conta os objetivos que se pretende com a educação. Então, na escola básica, esse caráter mediador da administração deve dar-se de forma a que todas as atividades-meio (direção, serviços de secretaria, assistência ao escolar e atividades complementares [...]), quanto a própria atividade-fim, representada pela relação ensino-aprendizagem que se dá predominantemente (mas não só) em sala de aula, estejam permanentemente impregnadas dos fins da educação (PARO, 2002, p. 303).

Deste modo, as ações desenvolvidas no cotidiano escolar do gestor passam a ser consideradas como atividades de mediação constante. Sendo intrínseca no exercício diário na escola a possibilidade de múltiplas articulações que acabam rompendo com as práticas burocratizadas e conservadoras. Assim, na função de gestor escolar encontramos tanto possibilidades de transformação e mudança nas relações que se estabelecem no cotidiano escolar, quanto práticas que fortalecem as atitudes antidemocráticas e conservadoras.

UNI

De acordo com o dicionário on-line Michaelis (2017, s.p.);Antidemocrático significa: contrário à democracia.

Democracia no sentido de:• Sistema de governo em que cada cidadão tem sua participação.• Sistema político dedicado aos interesses do povo.• Forma de governo que tem o compromisso de promover a igualdade entre os cidadãos.• Sistema político influenciado pela vontade popular e que tem por obrigação distribuir o poder equitativamente entre os cidadãos, assim como controlar a autoridade de seus representantes.• Sistema de governo caracterizado pela liberdade do ato eleitoral.• Governo que respeita a decisão da maioria da população, assim como a livre expressão da minoria.

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TÓPICO 3 | PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR

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3 LIDERANÇA NA GESTÃO EDUCACIONAL

Desde o surgimento das primeiras formas de organização social tem-se a presença de líderes, pessoas que acabam exercendo a função de liderança no grupo. De acordo com Bass (2008), os estudos antropológicos revelam que os povos primitivos tinham a presença do líder como um elemento presente em praticamente todas as formas de sociedade.

Os estudos indicam que, mesmo na ausência de estruturas hierárquicas formais, sempre existiram pessoas responsáveis na iniciativa de assumirem ações e decisões nos grupos sociais inseridos. Percebeu-se a necessidade constante, no andamento da história humana, de uma figura que se destaque dentre os demais elementos do grupo social, com capacidade para conduzi-lo, de forma voluntária, atingindo seus objetivos.

A palavra liderança, no conceito aceito atualmente no mundo ocidental, apresenta suas origens no século XIX. A Revolução Industrial, com sua característica fabril, exigiu na época o desenvolvimento de comportamentos profissionais que dessem conta da demanda operacional. Assim, surgiu um novo tipo de relação entre os trabalhadores, desenvolvendo comportamentos inovadores entre donos, capatazes e empregados, a fim de otimizar os processos de produção (BASS, 2008).

O conceito de liderança evoluiu ao longo do século XX, quando foi abandonada a concepção de que os líderes eram as pessoas que nasciam com competências inatas. Surge uma nova forma de se conceber a liderança, considerando atualmente a realização da atividade, do objetivo comum, na relação do líder com os demais funcionários, na relação sociocultural, nas atividades de mediação que ocorrem nos processos diários, otimizando e priorizando o desenvolvimento de todos os envolvidos e da organização (TOPPING, 2002).

A liderança na Gestão Educacional, para Lück (2011), consiste numa característica importante e fundamental para a gestão escolar. Por meio dessa competência, o gestor consegue orientar, mobilizar e coordenar o trabalho da comunidade escolar no sentido amplo, visando uma melhoria contínua dos processos de ensino e aprendizagem. A gestão escolar consiste no processo que necessita ser compartilhado, como uma competência com base na liderança, “constituindo-se em um dos fatores de maior impacto sobre a qualidade dos processos educacionais [...] não é possível haver gestão sem liderança” (LÜCK, 2011, p. 25).

A autora Lück (2000) aponta nove indicadores encontrados para a competência de liderança na gestão educacional:

Conservador como: o indivíduo afeito a ideias e costumes antiquados, já ultrapassados, manifestando-se contrário a quaisquer mudanças da ordem estabelecida ou indivíduo que, em política, opina pela conservação do estado tradicional, opondo-se a reformas sociais.

FONTE: Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso em: jun. 2017.

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• liderança educacional;• flexibilidade e autonomia;• apoio à comunidade;• clima escolar;• processos de ensino e aprendizagem; • avaliação do desempenho acadêmico;• supervisão dos professores;• materiais e textos de apoio pedagógico;• espaço físico adequado.

Observe a figura e reflita sobre: como ocorrem as relações entre os profissionais da educação e um gestor que apresente uma liderança compartilhada?

Podemos responder ao questionamento lembrando que os gestores das escolas serão líderes que deverão estimular os professores e funcionários da escola, pais, estudantes, a comunidade em geral, a usarem do seu potencial na promoção de um ambiente escolar educacional positivo. Um local que busca o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem voltado para a construção do conhecimento, no desenvolvimento de pessoas criativas e proativas na resolução de problemas e enfrentamento de dificuldades cotidianas (LÜCK, 2000).

Lembramos ainda que um líder não deve ter subordinados, mas uma relação de parceria, ou seja, parceiros que estarão junto dele dispostos a

FIGURA 9 - GESTOR ESCOLAR E A EQUIPE PEDAGÓGICA

FONTE: Disponível em: <http://incentivodevida.com/steve-jobs-lideranca/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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TÓPICO 3 | PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR

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trabalharem de acordo com os objetivos da organização para que estes sejam alcançados com sucesso. A liderança requerida nesses novos tempos é um processo de construção do ser, e essa construção é de responsabilidade de cada pessoa. Quando ela opta por, simplesmente, viver sua vida, expressando-se com plenitude e dignidade, suas ações ganham valor. E ela torna-se líder.

Nesse sentido, a pessoa que exerce a liderança passa a ser identificada como aquela que será seguida, mesmo não dispondo de autoridade imposta em dispositivos legais. Transforma-se numa figura que será aceita e respeitada, unindo e representando o grupo nos anseios e metas da escola. Assim, o líder não consiste no chefe institucional, mas na representação fixa e central de uma figura de orientação no organograma da instituição. Por meio de suas ações, descentraliza a liderança como ato de uma gestão democrática, onde a tomada de decisão será compartilhada por todos os participantes da comunidade escolar (LÜCK, 2011).

DICAS

Confira a fala de Suzana Azevedo, coach executivo e empresarial, sobre as características do coaching educacional.Acesse o vídeo no youtube, através do link:<https://www.youtube.com watch?v=z ZKczLVTk5o>.São dicas importantes para os profis-sionais da educação desenvolverem habilidades e competências nos estudantes.

4 COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DO GESTOR DEMOCRÁTICO

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9.394/96 e a Constituição Federal de 1988 preconizam sobre uma gestão que seja democrática. Para tanto, há necessidade de diferentes profissionais para garantir uma educação digna e de qualidade, uma vez que a educação consiste num processo social e

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

cooperativo. Desse modo, requer a participação de todos os profissionais existentes na escola, como também a participação das famílias e da comunidade em geral.

Lück (2009) afirma que a gestão democrática necessita proporcionar a participação de todos os envolvidos nos processos educativos da escola, desde o planejamento até a execução do plano de desenvolvimento da escola. O plano deve acontecer de forma articulada, com a finalidade de realizar uma proposta educacional de acordo com as necessidades sociais existentes para realidade escolar inserida.

De acordo com Libâneo (2008), a participação consiste em um meio fundamental na garantia da gestão democrática na escola, possibilitando o envolvimento dos profissionais e de todos os envolvidos no processo de decisões, bem como o funcionamento da organização escolar. Desse modo, deve proporcionar, também, melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e da dinâmica, das relações na escola com a comunidade, favorecendo uma proximidade entre professores, estudantes, pais e comunidade em geral. Considerando ainda:

O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação (LIBÂNEO, 2008, p. 102).

Assim, percebemos que a função de gestor educacional perpassa uma perspectiva de liderança, baseada em pressupostos que apontam para um trabalho que favorece a participação, atuação e autonomia de todos os envolvidos nos processos que ocorrem no espaço escolar.

Lück (2009) enfoca que a participação consiste numa certa responsabilidade social intrínseca à atividade da democracia. A gestão democrática como um processo que oportuniza condições e estabelece as orientações indispensáveis para que todos os que compõem a coletividade assumam os compromissos necessários para a sua efetivação. A participação constitui uma forma significativa de promover uma maior aproximação entre todos os membros da escola, reduzindo as desigualdades. Portanto, a participação estará centrada na busca de formas democráticas que possibilitem a promoção de uma gestão social, baseada nos direitos e deveres e na responsabilidade social.

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FIGURA 10 - COMPETÊNCIAS E HABILIDADES PARA GESTÃO DEMOCRÁTICA

FONTE: Disponível em: <http://contadoresdaarte.blogspot.com.br/2014/03/projeto-pedagogico-2014-plante-e-e-b.html>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Conforme observamos na figura, há competência e habilidades que devem ser observadas no exercício de uma gestão democrática. Aspectos que necessitam do desenvolvimento das relações intrapessoais e interpessoais, tomada de decisões, criatividade, colaboração, cidadania, formação de opiniões, resoluções de problemas, pensamento crítico e no trabalho em equipe. Para Libâneo (2008, p. 103):

Uma equipe é um grupo de pessoas que trabalha junto, de forma colaborativa e solidária, visando a formação e a aprendizagem dos alunos. Do ponto de vista organizacional, é uma modalidade de gestão que, por meio da distribuição de responsabilidades, da cooperação, do diálogo, do compartilhamento de atitudes e modos de agir, favorece a convivência, possibilita encarar as mudanças necessárias, rompe com as práticas individualistas e leva a produzir melhores resultados de aprendizagem dos alunos.

Desse modo, com base no exercício de uma gestão democrática e participativa, aberta ao diálogo e à interação entre os profissionais, apresenta vantagens em termos de processos e resultados, por permitir que todos os envolvidos nos processos que ocorrem na escola se sintam reconhecidos como personagens educacionais valorizados como agentes autônomos e participativos.

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

Para o gestor conseguir organizar os profissionais da escola como uma equipe, há necessidade da adesão de todos, de forma consciente, na disposição de construir uma equipe, de tomar medidas de forma coletiva, de colocar em prática as decisões, bem como no cumprimento das partes atribuídas a cada profissional. O trabalho realizado de forma coletiva conquista aspectos de práticas escolares, como: na adequada estrutura organizacional, procedimentos de gestão definidos e eficientes, práticas participativas, projeto pedagógico, avaliação da escola e da aprendizagem e de formação continuada (LIBÂNEO, 2008).

Para que o trabalho apresente sucesso no seu funcionamento, os membros da instituição escolar necessitam aprender determinadas competências, como: capacidade de comunicação e expressão da oralidade, competências para o trabalho em equipe, poder de argumentação, criatividade na solução de problemáticas existentes (LIBÂNEO, 2008).

Na realização do trabalho em equipe de modo eficiente, há necessidade de se estabelecer os objetivos e metas comuns coletivamente, na existência de uma organização da gestão educacional entre o gestor e equipe técnico-pedagógica. Ainda na definição das responsabilidades e capacidades de liderança, com o objetivo de motivar e mobilizar os envolvidos para auxiliarem nos processos de práticas segundo os objetivos e metas comuns. A comunicação e partilha entre a direção, equipe técnica e professores facilitam o desenvolvimento do trabalho em equipe, permitindo a expressão da criatividade de cada profissional na escola.

De acordo com Libâneo (2008, p. 105), “a participação consiste em um meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, que se centram na qualidade dos procedimentos metodológicos de ensino e aprendizagem”. Dessa forma, apresenta a necessidade de ressaltar que para as escolas alcançarem sua autonomia, deve haver a participação constante e mútua de todos os envolvidos nos diversos processos que ocorrem nos espaços educativos. Libâneo (2008) aponta ainda outras formas de participação, como:

• interação comunicativa;• discussão pública dos problemas e soluções;• busca do consenso nas discussões com opiniões contrárias;• diálogo intersubjetivo;• processos de organização e gestão administrativas;• acompanhamento e avaliação das atividades;• cobrança das responsabilidades dos envolvidos.

Libâneo (2008, p. 105) aponta ainda que "para atingir os objetivos de uma gestão democrática e participativa e o cumprimento de metas e responsabilidades decididas de forma colaborativa e compartilhada, é preciso uma mínima divisão de tarefas e a exigência de alto grau de profissionalismo de todos". Percebemos evidências que apontam para a organização de concepção de gestão democrática e participativa, em processos que incluam a atuação de todos os envolvidos, com responsabilidades de acordo com a função que executam.

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A gestão democrática e participativa, segundo Lück (2009), consiste numa das competências que correspondem às dimensões de implementação, voltadas para produção de resultados. Para tanto, há necessidade de se desenvolver aspectos de determinadas dimensões, como “gestão de pessoas, gestão pedagógica, gestão administrativa, gestão da cultura escolar e gestão do cotidiano escolar, com foco na promoção da aprendizagem e formação dos alunos, com qualidade social” (LÜCK, 2009, p. 26).

O gestor educacional necessita basear sua ação profissional na gestão democrática e participativa, demonstrando interesse pela atuação dos professores, funcionários, estudantes e comunidade em geral, incentivando o trabalho em equipe. Além de oportunizar o compartilhamento de experiências que conseguiram conquistar resultados promissores e coletivos, estimulando as realizações de projetos escolares, para alcançar um ensino de qualidade (LÜCK, 2009).

Os autores Ferreira, Silva e Melek (2004) salientam que a gestão democrática apresenta um certo caráter “formador de cidadania”, ou seja, na medida em que possibilita a plena participação de todos na construção e gestão dos projetos de trabalho escolar, auxilia na formação de pessoas. São situações que requerem ações como a leitura, interpretação, debate e posicionamentos, e incidem na construção de subsídios para novas políticas, repensando a presença do poder autoritário presente na sociedade e na organização da educação.

Após os estudos, percebemos que a gestão democrática da educação se constrói de forma coletiva, por meio da participação de todos os envolvidos nos processos escolares, no desenvolvimento de ações que incidem na cidadania da escola, possibilitando o desenvolvimento de uma consciência de participação mais ampla na sociedade.

5 COACHING EDUCACIONAL

A partir do final do século XIX, a visão mecanicista do mundo inicia seu declínio, como uma teoria que explica e estrutura os fenômenos naturais. Iniciava-se a ruptura entre o mundo moderno e o contemporâneo, a partir das descobertas e desenvolvimento tecnológico do século XX (MORAES, 2002).

Uma das principais características da atual mudança das economias industrializadas consiste na aceleração do progresso técnico, no aumento do conhecimento científico e tecnológico. Carvalho (2001) esclarece que a revolução tecnológica revela a rapidez na geração e difusão de novas tecnologias, na introdução de novos produtos e processos produtivos e na disseminação de novos métodos de organização da produção.

Algumas organizações, atualmente, optaram por incorporar o processo de coaching como uma alternativa para o desenvolvimento das pessoas. O processo de coaching consiste numa metodologia que intenciona o desenvolvimento entre o

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

estado atual e o desejado no coachee (pessoa participante do coaching). O processo ajuda a visualizar de forma estruturada a situação atual da pessoa e suas aspirações, desejos e intenções futuras. Podemos destacar de forma resumida, segundo Araújo (1999), que:

Coaching não significa comprometer-se apenas com os resultados, mas com a pessoa como um todo, com a sua realização e o seu desenvolvimento. Por meio do processo de coaching, novas competências e possibilidades de aprendizagem surgem, tanto para o coach quanto para o seu colaborador. Coaching é mais do que treinamento, o coach permanece com a pessoa até ela atingir o resultado. Sua função é de lhe dar poder para que ela produza, para que suas intenções se transformem em ações que, por sua vez, se traduzam em resultados. Coaching é, essencialmente, empowerment. Dar poder para que o outro adquira competências, produza mudanças específicas em qualquer área da vida ou até, e principalmente, transforme a si mesmo (ARAÚJO, 1999, p. 26).

O coaching como uma metodologia voltada ao desenvolvimento de competências necessárias às lideranças de uma organização. Para auxiliar e revelar as competências atuais e as expectativas do grupo de trabalho, conduzindo o coachee a ter clareza sobre os comportamentos que necessita mudar, para alcançar seus objetivos. O coaching educacional consiste numa metodologia que utiliza técnicas específicas, abordando as pessoas em seu desenvolvimento por completo, tanto intelectual quanto emocional.

DICAS

Para conhecer mais sobre a metodologia do coaching, assista ao vídeo de Geronimo Theml, com duração de 4 minutos. Acesse e descubra uma forma alternativa para auxiliar no desenvolvimento do trabalho da gestão escolar!Link disponível no site do Youtube: <https://www.youtube.com/watch?v=vUR7PLDlOC4>.

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TÓPICO 3 | PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR

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Segundo Pérez (2009, p. 13), o coaching significa “uma técnica de desenvolvimento pessoal que tem como principal objetivo ajudá-lo a alcançar as metas que se propõe para facilitar melhorias nas suas competências, comportamentos, capacidades e atitudes [...]”. Para o coaching, o líder apresenta um papel importante no desenvolvimento das pessoas, no entanto, o coachee (pessoa submetida ao coaching) será aquele que decidirá sobre a iniciativa de colocar ou não em prática seus projetos.

FIGURA 11 - INFLUÊNCIA DO COACHING NAS PESSOAS

FONTE: Disponível em: <http://www.wivianramos.com.br/coaching/o-que-e-coaching/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

O líder coach (aquele que aplica a metodologia) “transporta as pessoas de um lugar para o outro, do ponto aonde estão para o ponto que gostariam de chegar amanhã, sendo o coaching apenas um facilitador dessa viagem [...]” (PÈREZ, 2009, p. 19). O gestor escolar pode ser comparado ao líder coach, pois ambos desenvolvem pessoas, com responsabilidades de incentivar o desempenho do grupo.

Para Veloso (2014), a função do coaching educacional desenvolvida pelo gestor escolar consiste em acompanhar o trabalho do professor, auxiliando-o no aperfeiçoamento de suas técnicas de ensino, bem como na resolução de problemas apresentados que acabam interferindo em sua prática. O coaching educacional inicia um procedimento no intuito de colaborar com três aspectos importantes do sistema escolar, segundo Veloso (2014):

• Formação continuada do professor, com reuniões de feedback do coach, proporcionando momentos de reflexão das atividades realizadas.

• Melhoria do processo de ensino e aprendizagem, como resultado da aplicação do coaching voltado para a motivação dos docentes.

• Inserção da escola no contexto e na realidade atual, promovendo aprendizagem significativa, por meio do planejamento conjunto entre o coach e o professor.

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

O desempenho positivo da metodologia do coaching considera algumas ações necessárias para sua aplicação, como mostra a figura a seguir:

FIGURA 12 - PASSOS DA METODOLOGIA DO COACHING

FONTE: Disponível em: <http://www.4-develop.pt/paginas/4/coaching/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Há necessidade do coach realizar um diagnóstico para verificar o estado atual da situação, dos modos de pensar, agir e sentir das pessoas que serão envolvidas nas técnicas. Depois, o acordo que necessita ser estabelecido entre ambas as partes envolvidas, tanto o coach quanto o coachee, para uma revisão do estado atual identificado e as intenções para o estado desejado. Parte-se para a próxima etapa com a aplicação de algumas técnicas no plano de ação, no uso de algumas "ferramentas" que auxiliarão no processo de descoberta do coachee. Ao final, ocorre a medição dos resultados e o fechamento com os relatos das descobertas dos ensejos do coachee.

DICAS

Para conhecer sobre as técnicas desenvolvidas no coaching, acesse: <http://media.ibccoaching.com.br/pdf/Apostila-Ferramentas.pdf>. Confira algumas formas de trabalhar com os professores e auxiliar no desenvolvimento profissional da equipe. Lembre-se de que para ser um profissional do coaching há necessidade da realização de cursos e receber a certificação na área. Porém, você pode utilizar algumas técnicas para incrementar o convívio profissional e, quem sabe, até fazer um curso para se tornar um coaching educacional! Boa leitura!

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TÓPICO 3 | PERFIL ATUAL DO GESTOR ESCOLAR

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LEITURA COMPLEMENTAR

GESTÃO DEMOCRÁTICA COM PARTICIPAÇÃO POPULAR NO PLANEJAMENTO E NA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

Moacir Gadotti

A gestão democrática não é só um princípio pedagógico. É também um preceito constitucional. O parágrafo único do artigo primeiro da Constituição Federal de 1988 estabelece como cláusula pétrea que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”, consagrando uma nova ordem jurídica e política no país com base em dois pilares: a democracia representativa (indireta) e a democracia participativa (direta), entendendo a participação social e popular como princípio inerente à democracia. Em seu artigo 206, quando a Constituição Federal estabelece os “princípios do ensino”, inclui, entre eles, no Inciso VI, a “gestão democrática do ensino público”, princípio este retomado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.

O Artigo 205 da Constituição de 1988 determina que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Infelizmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96) não respeitou esse princípio de que a educação deveria ser “promovida e incentivada com a colaboração da sociedade”: “a gestão democrática – princípio caro aos educadores e que foi base-mestra do primeiro projeto de regulamentação do Sistema Nacional de Educação – ficou reduzida, na Lei nº 9.394, de 1996, aos preceitos dos artigos 145 e 15, que preveem, somente, a participação dos profissionais no projeto pedagógico, e da comunidade, nos conselhos escolares, além de uma 'progressiva' autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira às escolas” (CNTE, 2009, p. 289).

A participação popular e a gestão democrática fazem parte da tradição das chamadas “pedagogias participativas”. Elas incidem positivamente na aprendizagem. Pode-se dizer que a participação e a autonomia compõem a própria natureza do ato pedagógico. A participação é um pressuposto da própria aprendizagem. Mas, formar para a participação é, também, formar para a cidadania, isto é, formar o cidadão para participar, com responsabilidade do destino de seu país.

O Documento Referência da primeira Conferência Nacional de Educação (Conae) refere-se à qualidade da educação, associando este tema ao da gestão democrática. Não se consegue melhorar a qualidade da educação sem a participação da sociedade na escola. A melhoria da qualidade da educação e das políticas educacionais está intrinsecamente ligada à criação de espaços de deliberação coletiva: “a gestão democrática dos sistemas de ensino e das instituições educativas constitui uma das dimensões que possibilitam o acesso à educação de qualidade como direito universal. A gestão democrática como princípio da educação nacional

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UNIDADE 1 | GESTÃO EDUCACIONAL NO CONTEXTO NACIONAL

sintoniza-se com a luta pela qualidade da educação” (CONAE, 2011, p. 59). A gestão democrática – como princípio pedagógico e como preceito constitucional – não se restringe à escola. Ela impregna todos os sistemas e redes de ensino. O princípio constitucional da gestão democrática também não se limita à educação básica: ela se refere a todos os níveis e modalidades de ensino: “a gestão democrática do sistema, em todas as esferas de organização, é um princípio basilar a partir do qual se fortalecem espaços de participação e de pactuação já instituídos e por instituir” (MARQUES et al., 2013, p. 3).

Ademais, é preciso deixar claro que a gestão democrática não está separada de uma certa concepção da educação. Não tem sentido falar de gestão democrática no contexto de uma educação tecnocrática ou autoritária. Ela deve ser coerente com uma concepção democrática e emancipadora da educação. Por que os representantes das escolas privadas rejeitaram, em 1988, na Constituinte, a gestão democrática? Porque, em geral, o ensino privado não trabalha com uma concepção emancipadora da educação. Mas existem também sistemas públicos de educação que não valorizam a gestão democrática porque têm uma visão elitista da educação, porque separam os que sabem dos que não sabem, os que mandam dos que devem obedecer.

O tema da gestão democrática da educação com participação popular ganha ainda mais relevância hoje, no momento em que se discute a criação do Sistema Nacional de Educação que define a articulação e a cooperação entre os entes federados. Essa lógica colaborativa só tem sentido se for cimentada pela gestão democrática e tiver por finalidade a construção de uma “sociedade livre, justa e solidária”, como determina o Inciso I do artigo terceiro da Constituição Federal de 1988.

Para saber mais sobre o texto de Gadotti, acesse: <http://conae2014.mec.gov.br/images/pdf/artigogadotti_final.pdf>, leia o artigo na íntegra. Revela pontos importantes sobre a participação popular e gestão democrática, e ainda ressalta diferenças no modo de se conceber a participação social da participação popular.

Confira e amplie seus conhecimentos!

FONTE: Disponível em: <http://conae2014.mec.gov.br/images/pdf/artigogadotti_final.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A estrutura administrativa passa a ser concebida como uma organização baseada na hierarquia das funções, segundo a teoria de Fayol.

• Na época não havia uma divisão entre o papel do diretor escolar e os aspectos referentes à gestão escolar, ambos se fundiam numa ação somente: o trabalho administrativo educacional desenvolvido na função do Diretor Escolar.

• Podemos apontar o gestor como uma pessoa que realiza dentro da escola um papel de liderança, ao desenvolver e controlar determinadas atividades, coordenando os funcionários da instituição.

• Percebemos que a função de gestor educacional perpassa uma perspectiva de liderança, baseada em pressupostos que apontam para um trabalho que favorece a participação, atuação e autonomia de todos os envolvidos nos processos que ocorrem no espaço escolar.

• Por meio da participação de todos os envolvidos nos processos escolares, no desenvolvimento de ações que incidem na cidadania da escola, possibilitando o desenvolvimento de uma consciência de participação mais ampla na sociedade.

• Algumas organizações, atualmente, optaram por incorporar o processo de coaching como uma alternativa para o desenvolvimento das pessoas.

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1 Observe a vinheta de HQ e analise as premissas apontadas na teoria dos autores críticos quanto às características da Gestão Escolar.

FONTE: Disponível em: <http://www.pensamentoverde.com.br/colunistas/agua-uma-discussao-para-alem-do-ambientalismo/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Reflita sobre o assunto e faça um quadro comparativo com as principais ideias dos autores na perspectiva Clássica e Crítica, quanto à Gestão Escolar.

2 Analise sobre as mudanças ocorridas na década de 1980 na área da educação que aponta sobre os preceitos da administração e gestão e assinale V para Verdadeiro e F para Falso.

( ) Ocorre a diferenciação entre os conceitos de gestão e de administração.( ) A administração passa a ser um dos elementos que compõem a gestão.( ) A gestão assume caráter tecnicista, priorizando o mercado de trabalho.( ) A gestão considera os aspectos culturais, políticos e educativos.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) V, V, F, Vb) ( ) V, V, F, Fc) ( ) F, F, V, Fd) ( ) F, F, V, V

AUTOATIVIDADE

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WATERSON, C. Haroldo e seus amigos, 1988.

A gestão democrática pode ser definida como um processo político no qual as pessoas que atuam na e sobre a escola identificam problemas, discutem, deliberam, planejam, encaminham, acompanham, controlam e avaliam o conjunto das ações voltadas ao desenvolvimento da própria escola, na busca da solução daqueles problemas. Esse processo, sustentado no diálogo, na alteridade e no reconhecimento das especificidades técnicas das diversas funções presentes na escola, tem como base a participação efetiva de todos os segmentos da comunidade escolar, o respeito às normas coletivamente construídas para os processos de tomada de decisões e a garantia de amplo acesso às informações aos sujeitos da escola.

FONTE: SOUZA, A. R. Explorando e construindo um conceito de gestão escolar democrática. Educação em Revista, Belo Horizonte, v. 25, n. 3, dez. 2009, p. 125-126 (adaptado).

Com base nos textos apresentados, conclui-se que a gestão democrática da educação:

I. Implica colocar as instituições a serviço da formação qualificada dos estudantes, tendo a participação como prática cotidiana de todos os envolvidos.II. Propicia a criação de uma cultura institucional crítico-reflexiva, cujos envolvidos tenham discernimento em relação aos conteúdos que necessitam ou não para tomarem decisões sempre coletivas.

3 Libâneo (2004) apresenta algumas características de atribuições para a função de gestor educacional. Analise e assinale a alternativa correta:

a) ( ) Promover a integração entre os profissionais da escola e a comunidade no geral.b) ( ) Administrar de forma autocrática para manter a ordem e o bom funcionamento da escola.c) ( ) Supervisionar as atividades pedagógicas para que os professores sigam sua concepção educativa.d) ( ) Oferecer cursos para que somente a equipe administrativa conheça a legislação educacional.

4 (ENADE, PEDAGOGIA, 2014).

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III. Pressupõe a existência de líderes capazes de orientar pessoas para o desenvolvimento de ações que visem ao cumprimento de objetivos definidos por eles. IV. Efetiva-se pelo processo de construção coletiva do projeto pedagógico e de seu acompanhamento e avaliação.

É correto apenas o que se afirma em:

a) ( ) I e II.b) ( ) I e III.c) ( ) III e IV.d) ( ) I, II e IV.

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UNIDADE 2

PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender a constituição da equipe gestora na escola;

• conhecer os aspectos e características da função de gestor escolar;

• entender como se deu o início da profissão dos especialistas na escola;

• conhecer as atribuições da função de orientador educacional;

• compreender como a conjuntura social e econômica influenciou os traba-lhos do supervisor pedagógico;

• entender as características da função de supervisor pedagógico ao longo dos tempos;

• identificar o início da atuação do coordenador pedagógico nos espaços escolares.

Esta unidade está organizada em quatro tópicos. Ao final de cada um deles você encontrará atividades que lhe darão uma maior compreensão dos temas abordados.

TÓPICO 1 - GESTOR ESCOLAR

TÓPICO 2 - ORIENTADOR EDUCACIONAL

TÓPICO 3 - SUPERVISOR PEDAGÓGICO

TÓPICO 4 - COORDENADOR PEDAGÓGICO

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TÓPICO 1

GESTOR ESCOLAR

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, neste primeiro tópico da Unidade 2 da disciplina Gestão Educacional estudaremos sobre assuntos referentes ao gestor escolar. Comentaremos brevemente sobre as características que norteiam o trabalho do gestor escolar quanto às ações pedagógicas, administrativas, educação inclusiva, com a comunidade e os processos referentes às tecnologias de informação.

Para entendermos o trabalho desenvolvido pelo gestor escolar, precisamos conhecer sobre alguns aspectos presentes no cotidiano de sua função. Atuando na gestão da escola, o diretor atua em diferentes pontos que constituem os fazeres no cotidiano escolar. Dessa forma, necessita de saberes amplos sobre todas as ações que constituem o complexo processo de ensino e aprendizagem.

Nos subtópicos a seguir, apresentaremos outros protagonistas que fazem parte da equipe que compõe a gestão escolar. Cada profissional apresenta especificidades particulares quanto à função que desempenha na escola. Neste tópico abordaremos exclusivamente sobre a constituição da profissão do gestor escolar, ou diretor escolar, como é denominado em muitas escolas.

2 GESTOR ESCOLAR E O DESENVOLVIMENTO DA AÇÃO PEDAGÓGICA

O gestor escolar desempenha uma importante função no processo educacional de uma instituição de ensino. O andamento dos trabalhos realizados pelas equipes pedagógicas e administrativas, os especialistas em educação, professores e demais funcionários, pais e alunos, enfim, todos que compreendem a comunidade escolar dependem das decisões finais de seu gestor.

Desta forma, podemos anunciar que uma das principais funções do gestor escolar consiste em oferecer o suporte necessário à comunidade escolar. Contudo, no desenvolvimento de suas ações, o gestor apresenta algumas dificuldades em interagir com todos os envolvidos. Torna-se um desafio organizar, direcionar e efetivar um relacionamento eficiente na área educacional, direcionado para uma postura de gestão participativa. Como também, assumir iniciativas adequadas e oferecer novas possibilidades de mudanças que possam gerar resultados concretos, com ações resultantes de um trabalho objetivando os processos educativos.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

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O gestor escolar necessita articular, acompanhar e intervir na elaboração, execução e avaliação da proposta pedagógica, visando o desempenho de qualidade de seu estabelecimento de ensino. Segundo a LDB nº 9.394/96, artigo 12, cabe aos estabelecimentos ou instituições de ensino a incumbência de:

I – elaborar e executar sua proposta pedagógica;II – administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;III – assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;IV – zelar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;V – prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;VI – articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola;VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola;VIII – notificar ao conselho tutelar do município, ao juiz competente dacomarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de 50% (cinquenta por cento) do percentual permitido em lei.

Podemos notar que as atribuições delegadas aos estabelecimentos de ensino são, na verdade, os objetivos de trabalho atribuídos aos gestores escolares. Os gestores escolares são os representantes legais que assumem a incumbência de organização, zelo e a responsabilidade por todos os processos que ocorrem na escola. Desta forma, respondem como herdeiros do legado e colaboradores para a manutenção positiva dos trabalhos desenvolvidos na escola.

Nesse sentido, a LDB aponta sobre alguns objetivos que devem ser priorizados no desenvolvimento das ações do gestor escolar, integrando a proposta pedagógica, administrativa e a integração com a comunidade. O gestor, além de administrador de uma instituição de ensino, tem a função de educador, numa perspectiva coletiva. Sua atuação exerce a liderança em todo o processo educativo, junto à equipe pedagógica, diante de todas as ações a serem desenvolvidas, atuando nas decisões sobre questões administrativas e pedagógicas. Diante de sua responsabilidade política, se faz necessário que possua uma ampla experiência na área educacional e competência para o exercício de sua gestão escolar. Luck (2009, p. 23) aborda sobre os trabalhos desenvolvidos na escola, mais precisamente que:

Não se recomenda, nem se justifica, a divisão do trabalho nas escolas, como muitas vezes ocorre, delimitando-se para o diretor a responsabilidade administrativa e para a equipe técnica-pedagógica a responsabilidade pedagógica. Estes profissionais são participantes da liderança pedagógica exercida pelo diretor, exercendo essa responsabilidade em regime de coliderança. Ao diretor compete zelar pela escola como um todo, tendo como foco de sua atuação, em todas as ações e em todos os momentos de aprendizagem, a formação dos alunos.

Deste modo, quando o gestor escolar assumir a dimensão pedagógica, efetivamente, cumprirá sua função de gestor, transcendendo a questão administrativa para um fazer político, pedagógico e democrático. Um aspecto importante a ser lembrado consiste na questão de o gestor assumir a responsabilidade ética no exercício de sua função, para que possa estabelecer um relacionamento com base

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TÓPICO 1 | GESTOR ESCOLAR

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na verdade, na lealdade, na coerência, pautado no trabalho coletivo voltado para a ética, valorização e formação humana. Objetivando uma atuação democrática com capacidade crítica e experiência, ciente da função de gestor como uma oportunidade para enfrentar grandes desafios.

FIGURA 12 - AÇÃO PEDAGÓGICA

FONTE: Disponível em: <http://ondalivrefm.net/2016/08/24/72>. Acesso em: 3 mar. 2017.

O trabalho de gestão necessita ser orientado por princípios que priorizem as expectativas de aprendizagem, monitoramento e avaliação, constituindo um desafio ao diretor escolar. Lembrando que tais circunstâncias fazem parte da estrutura organizacional imposta e representada nos índices das avaliações nacionais. O gestor escolar deve contribuir para uma cultura organizacional orientada para o rigor acadêmico e expectativas de aprendizagem no cumprimento do programa curricular escolar.

Atualmente, percebe-se uma certa preocupação em melhorar a qualidade do ensino oferecido nas escolas. Para que isto aconteça se faz necessária a participação de todos os envolvidos nos processos educativos, em que os problemas encontrados devem ser resolvidos de forma coletiva. Segundo Luck (2011, p. 30):

O clima institucional e a cultura organizacional da escola expressam a personalidade institucional e determinam a real identidade do estabelecimento de ensino, aquilo que de fato representa, uma vez que se constitui em elemento condutor de suas expressões, de seus passos, de suas decisões da maneira como enfrenta seus desafios, como interpreta seus problemas e os encara, além de como vê seu currículo e torna efetiva sua proposta política-pedagógica.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

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Nesse sentido, para o desenvolvimento de um bom trabalho, o gestor escolar precisa inferir um ambiente adequado para a participação de toda a comunidade escolar. Onde a comunidade escolar se sinta responsável no desenvolvimento do processo educativo e colabore com propostas e soluções, estabelecendo uma parceria entre a comunidade e a instituição.

A cultura organizacional de uma instituição passa a ser determinada por aquilo como a escola de fato se constitui, o modo como os profissionais agem, o que consideram prioridade e o que deixam em segundo plano. Quanto ao clima, podemos afirmar que sua instabilidade varia de acordo com os níveis de satisfação ou insatisfação momentânea do grupo (LUCK, 2011).

A Constituição Federal (BRASIL, 1988), artigo nº 206, II e III, determina que “o ensino será ministrado com base nos princípios da liberdade – de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber – e do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas”. Deste modo, o gestor escolar precisa, no exercício de sua função, incentivar os professores e estudantes para a promoção da construção dos conhecimentos, valorizando a diversidade do trabalho pedagógico com o objetivo de obter resultados satisfatórios no processo de ensino e aprendizagem.

Na relação entre o gestor escolar e os professores, um dos aspectos principais consiste na comunicação e interatividade, orientando o trabalho pedagógico, articulação dos saberes pedagógicos e sua aproximação. O desenvolvimento do trabalho pedagógico articulado, baseado na interatividade, possibilita aos professores a oportunidade de aprendizado mútuo, em que cada um aprenda com o outro, permitindo assim que suas especificidades sejam compartilhadas, construindo novos domínios de conhecimentos.

FIGURA 13 - ELEMENTOS QUE ENVOLVEM A GESTÃO PEDAGÓGICA

FONTE: A autora

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TÓPICO 1 | GESTOR ESCOLAR

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A gestão pedagógica, como observamos no organograma, consiste no trabalho desenvolvido entre o gestor escolar e todos os envolvidos no processo educacional. A organização do trabalho pedagógico no estabelecimento de ensino deve ser pautada nos princípios de uma gestão democrática, na autonomia da escola, com a participação da comunidade escolar, visando um trabalho de gestão pedagógica eficiente.

FIGURA 14 - COMUNIDADE ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <http://educacaointegral.org.br/metodologias/como-envolver-parceiros-da-comunidade-em-projetos-de-educacao-integral/>. Acesso em: 3 mar. 2017.

A comunidade escolar participa ativamente com o conhecimento referente à organização do trabalho pedagógico, na participação da construção do Projeto Político-Pedagógico. A construção do Projeto Político-Pedagógico coletivo representará a identidade de cada estabelecimento de ensino e constituirá um instrumento para o desenvolvimento de uma gestão democrática.

Luck (2011) assinala sobre a necessidade de a escola ser orientada por um processo de comunicação aberto e relações que cultivem o respeito mútuo, no sentimento de responsabilidade e comprometimento. Desta forma, podemos observar que a busca da excelência em educação perpassa por várias questões que desafiam o gestor escolar: gestão democrática, monitoramento e avaliação dos processos de ensino-aprendizagem, gestão administrativa, gestão do clima e da cultura escolar.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

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DICAS

Acesse o site: <http://paulofreire.org/> e confira dicas de textos, materiais e livros que podem ser baixados gratuitamente.

3 AS PRÁTICAS DA GESTÃO ESCOLAR E AS AÇÕES ADMINISTRATIVAS

O gestor escolar necessita ter conhecimento sobre a organização administrativa e pedagógica da escola e sobre como utilizar os resultados das avaliações realizadas na educação, visando a melhoria da qualidade do ensino. O gestor, ao pensar na organização administrativa de uma escola, precisa considerar os aspectos inerentes da função pedagógica. Assim, a compreensão das atividades da escola enquanto instituição social, juntamente com as finalidades da educação e objetivos sociais, sinaliza a necessidade da participação de todos os envolvidos no processo de gestão.

Segundo Libâneo (2004), a direção aciona de forma integral ou articuladamente todos os elementos que constituem o processo organizacional, do planejamento até a avaliação, abrangendo a mobilização, liderança, motivação, comunicação e coordenação. Além disso, gerenciar também significa coordenar esforços para articular e convergir as ações da equipe na busca dos objetivos educacionais.

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TÓPICO 1 | GESTOR ESCOLAR

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FIGURA 15 - ATRIBUIÇÕES DO GESTOR ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <http://seminariotdah.blogspot.com.br/2011/12/calvin-e-haroldo.html>. Acesso em: 3 mar. 2017.

Na charge podemos conferir uma das atribuições que, em geral, as pessoas julgam ser sua exclusiva função: de juízo moral ou disciplinador. Contudo, o exercício da função de diretor escolar transpassa a visão mítica de disciplinador dos estudantes. A vivência real requer atributos referentes à autoridade, responsabilidade, decisão, disciplina e iniciativa. Visto que atribuições de um diretor são, fundamentalmente, gestoras e administrativas, considerando também os aspectos pedagógicos.

Nesse sentido, Rocha e Carnieletto (2007) abordam sobre a democratização, autonomia e a necessidade de se desenvolver uma boa gestão para o fortalecimento da escola pública. A função gestora inclui certas atribuições que se relacionam estreitamente com as funções clássicas do administrador: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Assim, nas palavras de Rocha e Carnieletto (2007, p. 44), “o que tem acontecido, em muitos casos, se não na maioria das vezes, é a preponderância do administrativo sobre o pedagógico”.

QUADRO 4 - RELAÇÃO ENTRE AS FUNÇÕES DOS GESTORES ESCOLARES E ADMINISTRADORES DE EMPRESA

Teorias Gestão

AdministrativaALONSO (2002)

ROCHA e CARNIELETTO

(2007)LIBÂNEO (2004)

PLANEJAR

• Promover mudan-ças estruturais.• Utilizar os diferentesespaços de informa-ção. • Realizar parcerias com outras institui-ções; incorporar a tecnologia na apren-dizagem.

• Buscar todos os meios e condições que favoreçam a ati-vidade profissional dos pedagogos es-pecialistas,dos pro-fessores, dos funcio-nários, visando a boaqualidade do ensino.

• Planejamento de tarefas.• Relações humanas produtivas e criati-vas assentadas na bus-ca de objetivos co-muns.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

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• Assegurar as con-dições e meios demanutenção de umambiente de traba-lho favorável e de condições materiais necessárias à conse-cução dos objetivos da escola, incluindo a responsabilidade pelo patrimônio esua adequada utili-zação.

ORGANIZAR

• Estimular a apren-dizagem ativa e a participação em pro-jetos.• Propiciar o desen-volvimento profissio-nal dos professores e administradores.

• Oferecer meios econdições para favo-recer a atividade pro-fissional dos pedago-gos especialistas, dosprofessores, dos fun-cionários, visando aboa qualidade do en-sino.• Assegurar as con-dições e meios demanutenção de umambiente de trabalho favorável e de con-dições materiais neces-sárias à consecução dos objetivos da es-cola, incluindo a res-ponsabilidade pelopatrimônio e sua ade-quada utilização.

• Formação continua-da para o desenvol-vimento pessoal e pro-fissional dos inte-grantes da comuni-dade escolar.• Envolvimento da comunidade no pro-cesso escolar.• Avaliação compar-tilhada.

COMANDAR

• Favorecer a parti-cipação da comuni-dade escolar – conse-lhos consultivos; colo-car o administrativo a serviço do pedagó-gico pondo em execu-ção o Projeto Pedagó-gico da escola, elabo-rado com a comuni-dade.

• Supervisionar e res-ponder por todas as atividades adminis-trativas e pedagógi-cas da escola, bemcomo as atividades com os pais e a comunidade e com outras instâncias da sociedade civil.

• Autonomia das es-colas e da comunida-de educativa.

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TÓPICO 1 | GESTOR ESCOLAR

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• Manter o currículoe a sua implementa-ção no centro das atenções, definindo prioridades em fun-ção dele.

• Conhecer a legisla-ção educacional e do ensino, as normasemitidas pelos órgãos competentes e o Re-gimento Escolar, asse-gurando o seu cum-primento.

COORDENAR

• Viabilizar a parti-cipação dos alunosnas decisões de for-ma responsável.• Abrir a escola pa-ra omeio exterior,extraindo do social os elementos neces-sários ao processo de mudança e reno-vação da instituição.

• Integrar e articulara escola e a comuni-dade próxima, com o apoio e iniciativa doConselho de Escola,mediante atividadesde cunho pedagógi-co, científico, social, esportivo, cultural.

• Envolvimento da comunidade no pro-cesso escolar.• Relação orgânica entre direção e a par-ticipação dos mem-bros da equipe esco-lar.• Avaliação compar-tilhada.

CONTROLAR

• Assumir com res-ponsabilidade os re-sultados do trabalho escolar – sucesso ou fracasso – e definir a sua política de ação a partir deles.

• Garantir a aplica-ção das diretrizes de funcionamento da ins-tituição e das normas disciplinares, manten-do a comunidade es-colar sistematica-mente informada dasmedidas.• Responder pelagestão administrati-va da escola, junto à Secretaria de Edu-cação, de comum acordo com a secre-taria escolar.• Supervisionar a ava-liação da produti-vidade da escola em seu conjunto.• Supervisionar e res-ponsabilizar-se pela organização finan-ceira e controle das despesas da escola,em comum acordocom o Conselho de Es-cola, pedagogos espe-cialistas e professores.

• Utilização de in-formações concretas e análise de cada pro-blema em seus múl-tiplos aspectos, comampla democratiza-ção das informações.

FONTE: Alonso (2002), Libâneo (2004), Rocha e Carnieletto (2007)

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

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O quadro apresenta de forma detalhada o significado dos conceitos das habilidades pertinentes às funções clássicas do administrador, presentes na função de gestor escolar, segundo os autores Alonso (2002), Libâneo (2004), Rocha e Carnieletto (2007). Observamos, nas comparações entre as colocações de cada autor, que os aspectos administrativos se integram aos pedagógicos, sendo ambos necessários para o andamento positivo das atividades na escola.

Fernandes e Muller (2006) apontam que o gestor escolar precisa compreender que o administrativo serve ao pedagógico, contribuindo para a realização dos objetivos educacionais da escola. Assim, o diretor precisa ser um representante do projeto político-social de educação, buscando uma gestão democrática, voltada às necessidades de sua comunidade.

FIGURA 16 - INSTRUMENTOS QUE COMPÕEM A GESTÃO ESCOLAR

FONTE: A autora

Observamos no organograma os principais instrumentos que compõem a gestão escolar: planejamento de objetivos, representado pelo Projeto Político-Pedagógico; organização das pessoas e dos recursos para a viabilização dos objetivos pretendidos; execução com qualidade dos trabalhos planejados com base nos recursos disponíveis; avaliação de todos os processos e atividades desenvolvidas; comunicação das atividades e dos resultados alcançados para a comunidade escolar; e formação continuada da equipe de funcionários da escola, visando o aperfeiçoamento profissional.

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Para a operacionalização das situações apresentadas no organograma, Libâneo (2004) trata sobre a necessidade do desenvolvimento de uma estrutura adequada e facilitadora. Bem como, favorável às mudanças e participação de todos os envolvidos nas ações desenvolvidas na escola, suscitando um perfil de gestor escolar com habilidades técnicas, humanas e conceituais.

Desta forma, enfatizamos a necessidade de o gestor escolar exercer uma função democrático-participativa numa abordagem contingencial da administração. São conceitos necessários para o exercício positivo da função de gestor, visto que a escola não compreende um espaço isolado da sociedade, mas estabelece um inter-relacionamento com diversas variáveis internas e externas, que afetam seu funcionamento.

4 A PRESENÇA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ATUAÇÃO DO GESTOR ESCOLAR

As políticas atuais reiteram a proposta de "educação para todos", baseada nas propostas legais que vigoram no território nacional. Assim, as escolas necessitam revisar suas propostas e práticas pedagógicas, de modo a acolher todos os alunos e atuarem com qualidade e eficiência pedagógica.

O processo histórico de construção do paradigma da educação inclusiva, como já estudado anteriormente, na disciplina de Educação Inclusiva, ficou evidente após a Conferência Mundial em Educação Especial, organizada pelo governo da Espanha, em cooperação com a UNESCO, realizada em Salamanca, entre os dias 7 e 10 de junho de 1994. Desse encontro resultou a Declaração de Salamanca, definindo princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais, estabelecendo a proposta de educação para todos.

Lembramos, nas palavras de Rodrigues (2006, p. 304), que a proposta de educação inclusiva se constitui “oposta” à da “escola tradicional: é inclusiva ao promover uma escola de sucesso para todos, ao encarar os alunos como todos diferentes e necessitados de uma pedagogia diferenciada e ao cumprir o direito à plena participação de todos os alunos na escola regular”. Portanto, o sistema educacional inclusivo, com o objetivo de favorecer o acesso e a participação de todos no espaço comum na vida da comunidade, garante que as escolas inclusivas trabalhem facilitando o acesso ao conhecimento, a utilização funcional desse conhecimento, o exercício da cidadania, a participação no debate de ideias e nos processos decisórios.

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FIGURA 14 - EDUCAÇÃO INCLUSIVA

FONTE: Disponível em: <http://dimensaojornal.com.br/educacao-inclusiva-um-desafio-para-o-sistema-2/>. Acesso em: 3 mar. 2017.

A construção do sistema educacional inclusivo é uma opção política que necessita de ações político-administrativas e técnico-científicas. Para Aranha (2001, p. 1), a “construção de uma sociedade democrática passa pela construção da inclusão social das pessoas com necessidades especiais”. Na necessidade da adoção de alternativas para alteração no sistema, ou seja, no contexto político-administrativo, para que esta proposta realmente se efetive.

Aranha (2001) salienta ainda que, diante da situação em que se encontra a educação nacional, o processo de descentralização do poder se torna imprescindível, com aproximação dos cidadãos das instâncias decisórias necessárias para implementação da proposta de educação inclusiva. Acredita também que uma das possibilidades de construção da escola inclusiva é a aproximação de todos envolvidos no processo educativo.

A gestão escolar democrática e participativa como responsável pelo envolvimento da comunidade escolar, estabelecendo objetivos, solução de problemas, planos de ação e sua execução, acompanhamento e avaliação como responsabilidades de todos. A gestão escolar democrática e participativa proporciona à escola um espaço de participação ativa e suas práticas refletidas na e pela comunidade. A participação na escola transcende o diálogo, consiste no processo lento, em conhecer os conflitos e saber mediá-los com a participação da comunidade e órgãos de representação (ARANHA, 2001).

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Segundo Silva Júnior (1993, p. 77-78), “o gestor exerce uma função de líder da organização escolar, coordenando e trabalhando junto com a equipe de gestão, para alcançarem os objetivos da escola, juntamente com a comunidade”. A atuação do gestor escolar envolve a capacidade de articular e resolver os problemas de ordem administrativa e pedagógica; lidar com os relacionamentos; comandar a escola a partir das normas estabelecidas pelo sistema; considerar os fatores e as pessoas e constituir identidade (TEZANI, 2004).

O diretor deve ser o principal revigorador do comportamento do professor que demonstra pensamentos e ações cooperativas a serviço da inclusão. É comum que os professores temam inovação e assumam riscos que sejam encarados de forma negativa e com desconfiança pelos pares que estão aferrados aos modelos tradicionais. O diretor é de fundamental importância na superação dessas barreiras previsíveis e pode fazê-lo através de palavras e ações adequadas que reforçam o apoio aos professores (SAGE, 1999, p. 138).

Sage (1999) prossegue apontando a relação entre o gestor escolar e a educação inclusiva, reconhecendo que a prática dessa educação requer alterações importantes nos sistemas de ensino das escolas. Para o autor, os gestores escolares são essenciais nesse processo, pois lideram e mantêm a estabilidade do sistema. As mudanças apontadas para a construção da escola inclusiva envolvem vários níveis do sistema administrativo: secretarias de educação, organização das escolas e procedimentos didáticos em sala de aula.

O gestor escolar, para desenvolver uma prática inclusiva, necessita desenvolver reuniões pedagógicas, ações relacionadas à acessibilidade, adaptações curriculares, interação entre os diversos profissionais que auxiliam no processo de inclusão e com a comunidade escolar (SANT’ANA, 2005).

A educação inclusiva somente se efetivará nas unidades escolares quando as medidas administrativas e pedagógicas forem adotadas pela equipe escolar, amparadas na construção de um sistema que a efetive na prática. A educação escolar necessita possibilitar ao homem o desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva, garantindo sua autonomia e independência.

A atuação do gestor escolar se destaca como uma das principais interferências na tarefa de construir uma escola para todos. A educação inclusiva exige adaptações que priorizem a formação dos recursos humanos, materiais e financeiros, juntamente com uma prática voltada para o pedagógico, ações que estão vinculadas ao deferimento do gestor escolar.

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DICAS

Para conhecer mais sobre os programas nacionais referentes à educação inclusiva, acesse: <http://portal.mec.gov.br/politica-de-educacao-inclusiva>. Confira materiais para leitura, informações sobre as salas multifuncionais, legislação e outros textos sobre o assunto.

5 A ATUAÇÃO DO GESTOR E O SURGIMENTO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

A sociedade contemporânea, de acordo com Luck (2009), passou a ser regida por uma economia associada ao conhecimento e à predominância da tecnologia da informação e da comunicação. As relações sociais sofreram alterações influenciadas por características da globalização, das oportunidades culturais, presença de desafios e exigências em situações inovadoras. A educação assumiu um caráter imprescindível no desenvolvimento das competências dos sujeitos que atuarão na sociedade. Desta forma, as exigências e os desafios destinados à escola, conforme a legislação nacional, têm a função de formar cidadãos capazes de superar as dificuldades que surgem nesse processo.

No atual século, o apogeu das novas tecnologias da informação e da comunicação no âmbito da sociedade moderna pode ser identificado no meio cotidiano, no uso corrente dos meios informatizados, de comunicação e das telecomunicações. São instrumentos que variam desde o telefone celular ao computador, capazes de possibilitar aos usuários o envio e recebimento de mensagens, ouvir a programação da rádio, assistir a vídeos, produzir fotos e proporcionar ainda a comunicação audiovisual entre sujeitos em diferentes partes do mundo.

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Na sociedade, as novas tecnologias são incorporadas ao meio cotidiano quase após seus lançamentos no mercado. O processo de aceitação e adaptação que ocorre no meio social não incide no ambiente escolar, onde se percebe uma tímida incorporação da tecnologia nos trabalhos educativos. Para Vieira (2003), os gestores escolares necessitam auxiliar nas transformações dos paradigmas em uma sociedade em processo de evolução. Devem contribuir para a introdução de tecnologias no sistema escolar, para o desenvolvimento de uma cultura e um processo de auto-organização que acompanhe a sociedade atual. O avanço da estrutura organizacional, em sua adequação, exige processos com trabalho em equipe, novas significações, adaptação às novas tecnologias e criatividade.

Kenski (2006) afirma que as tecnologias da informação se encontram no cotidiano modificando os modos de agir, pensar e se comunicar, transformando o comportamento das pessoas. No espaço educacional, a incorporação das tecnologias nas atividades administrativas se tornou indispensável, sendo também estendida às pedagógicas em alguns casos. O acesso ao computador e à internet passou a ser recurso como forma de informação, discussão e desenvolvimento de ideias. Os espaços de comunicação e lazer precisam ser orientados no sentido de contribuírem para a sofisticação das atividades de ensino.

As tecnologias digitais de comunicação e de informação, sobretudo o computador e o acesso à internet, começam a participar das atividades de ensino realizadas nas escolas brasileiras de todos os níveis. Em algumas, elas vêm pela conscientização da importância educativa que esse novo meio possibilita. Em outras são adotadas pela pressão externa da sociedade, dos pais e da comunidade. Na maioria das instituições, no entanto, elas são impostas, como estratégia comercial e política, sem adequação e reestruturação administrativa, sem reflexão e sem a devida preparação do quadro de profissionais que ali atuam (KESNKI, 2006, p. 70).

FIGURA 17 - TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO

FONTE: Disponível em: <http://edufba.blogspot.com.br/>. Acesso em: 3 mar. 2017.

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Desta forma, a inserção das tecnologias digitais nas atividades educacionais requer que as escolas estejam preparadas para investimentos em equipamentos, ao acesso e uso dos aparelhos tecnológicos. A presença das tecnologias como recurso para o ensino propõe diferenciações nos hábitos pedagógicos tradicionais, exigindo um projeto pedagógico com inovações em metodologias, avaliação e aprendizagem baseadas numa pedagogia transformadora.

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) iniciaram na educação com a função de informatizar as atividades administrativas, agilizando os processos de gestão técnica (ALMEIDA, 2003). Depois, as TIC foram inseridas nos processos de ensino e aprendizagem, nas atividades de sala de aula.

Tais atividades levaram à compreensão de que o uso das TIC nas escolas, principalmente com o acesso à internet, contribui para expandir o acesso à informação atualizada, permite estabelecer novas relações com o saber que ultrapassam os limites dos materiais instrucionais tradicionais, favorece a criação de comunidades colaborativas que privilegiam a comunicação e permite eliminar os muros que separam a instituição da sociedade (ALMEIDA, 2003, p. 113-114).

Contudo, a inserção das TIC se efetiva em situações onde diretores e comunidade escolar estão envolvidos nas atividades e ações. A gestão das TIC implica nas ações da direção escolar sobre o desenvolvimento do processo tecnológico e informacional. Ao gestor escolar cabe a capacidade de planejamento, liderança, iniciativa, de criação de espaços, reflexão e experimentação. A função de líder possibilita incitar um espaço de mobilização da competência e do envolvimento das pessoas coletivamente, na participação ativa e competente, promovendo a realização dos objetivos educacionais.

A transformação da escola acontece com maior frequência em situações em que diretores e comunidade escolar decidem se envolver no trabalho realizado em seu interior. De acordo com Almeida (2003, p. 2):

O envolvimento dos gestores escolares na articulação dos diferentes segmentos da comunidade escolar, na liderança do processo de inserção das TIC na escola em seus âmbitos administrativo e pedagógico e, ainda, na criação de condições para a formação continuada e em serviço dos seus profissionais, pode contribuir significativamente para os processos de transformação da escola em um espaço articulador e produtor de conhecimentos compartilhados.

Para que as TIC sejam inseridas nos processos educativos, se faz necessário que haja o comprometimento e envolvimento do gestor escolar no processo de formação continuada para sua equipe de profissionais. Desta forma, os professores terão o conhecimento sobre o uso das novas tecnologias e mídias na educação, desenvolvendo outras possibilidades de ensino. O gestor passa a ser o principal responsável para que os novos recursos tecnológicos sejam inseridos no cotidiano da escola, visto que as decisões sobre o andamento escolar passam primeiramente por sua aprovação.

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A gestão escolar exerce uma função administrativa e pedagógica com a finalidade de concretizar princípios e diretrizes em educação, orientando o desenvolvimento de ações de acordo com as diferenciações do contexto social. A implantação da gestão das Tecnologias de Informação e Comunicação precisa de um gestor que mobilize e compreenda as tecnologias, desenvolvendo uma proposta de inovar, criar e entender a importância da formação de professores.

As tecnologias fazem parte do cotidiano, nas redes e Ambientes Virtuais de Aprendizagem, integrando múltiplas mídias às interações e desenvolvimento de ações. Contudo, se faz necessário destacar que o uso das tecnologias necessita da estruturação e manutenção do espaço e capacitações contínuas de aprendizagem, para assim colaborar com o processo de construção de um modelo democrático e contemporâneo dentro da escola.

DICAS

No site: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/communication-and-information/access-to-knowledge/ict-in-education/> você encontra várias informações e textos sobre as tecnologias de informação na educação. Na aba Comunicação e Informação há vários textos sobre o assunto no Brasil. Confira!

FIGURA 18 - PRESENÇA DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

FONTE: Disponível em: <http://blog.portabilis.com.br/tecnologias-na-gestao-escolar/>. Acesso em:3 mar. 2017.

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6 A RELAÇÃO DO GESTOR COM A COMUNIDADE ESCOLAR

A gestão da escola desenvolve uma atuação pautada na organização, mobilização e articulação de recursos materiais e humanos, necessários para efetivar o avanço dos processos sociais, políticos e educacionais da instituição escolar. Assim, o significado de gerir a escola contempla a mobilização dos sujeitos na definição dos objetivos educacionais e no posicionamento de acordo com o enfoque social, político e cultural da sociedade.

FIGURA 19 - COMUNIDADE ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <http://juliana-gestaoescolar.blogspot.com.br/2011/07/comunidade-escolar.html>. Acesso em: 3 mar. 2017.

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O sentido pedagógico do ato educativo consiste na formulação dos objetivos sociais, políticos e educativos, implantando modos de organização metodológica da educação. A participação, diálogo coletivo, as implantações de órgãos colegiados são práticas que pressupõem uma gestão democrática e, consequentemente, uma escola organizada de forma coerente e planejada.

Desta forma, há necessidade de se considerar a escola numa perspectiva ampla, compreendendo que a cultura externa interage com uma cultura interna. Uma cultura interna que envolve o conjunto de significados vivenciados pelos sujeitos que compõem a gestão da escola. Sendo a cultura externa constituída nas variáveis presentes no contexto da escola, influenciando na definição da identidade escolar. Nas palavras de Nunes (2000, p. 24), “[...] a cultura não como um elemento de ligação, mas uma rede de movimentos, acrescentando assim aspectos dinâmicos sob uma perspectiva interacionista em detrimento da visão organicista ou funcionalista”. A compreensão da democracia e da participação enquanto princípios incontestáveis que fundamentam os aspectos teóricos e práticos da gestão escolar.

Segundo Paro (2000, p. 18), “[...] a democracia só se efetiva por atos e relações que se dão no nível da realidade concreta”. Conceber uma gestão participativa na escola exige ações baseadas no processo de descentralização do poder e compreensão de autoridade, baseados nos fundamentos do coletivo escolar.

Libâneo (2004) aborda sobre a presença da comunidade na escola, especialmente dos pais e responsáveis, incidindo em várias implicações e instâncias. Destaca desde a participação no conselho de escola, na associação de pais e mestres, na organização do projeto pedagógico-curricular ao acompanhamento e avaliação da qualidade dos serviços prestados. Portanto, professores, equipe técnico-pedagógica, estudantes, funcionários, comunidade, pais e direção são sujeitos que compõem a gestão democrática, colaboradores da construção e formação do ambiente escolar, corresponsáveis pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação (LUCK, 2000).

De acordo com o que apresentam Maia e Bogoni (2008), a escola se constitui como um ambiente que propicia diversas situações de aprendizagens. Para tanto, o envolvimento dos pais, responsáveis e professores constitui em participações essenciais para que a escola visualize os entendimentos e sugestões. Aproveitando os dizeres da comunidade, a escola contemplará o reflexo do seu trabalho na comunidade, propiciando um atendimento democrático e participativo.

O desenvolvimento da democratização escolar consiste no processo de mobilização da comunidade escolar para a implementação de mudanças, no intuito de elevar as oportunidades e a qualidade da educação, tendo como base a participação da sociedade no processo. A participação da comunidade escolar auxilia nos processos relacionados à busca e solução dos problemas do ambiente escolar. Por meio dessa conjuntura de esforços é que se concretiza uma cooperação conjunta, dessa forma a comunidade escolar vivenciará uma atuação ativa nos processos de planejamento e decisórios, assumindo responsabilidades da gestão escolar.

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FIGURA 20 - PARTICIPAÇÃO DEMOCRÁTICA DO COLETIVO NA ESCOLA

FONTE: Disponível em: <http://educacaointegral.org.br/glossario/gestao-democratica/>. Acesso em: 3 mar. 2017.

O gestor escolar, juntamente com o coletivo da escola, precisa encontrar formas para aproximar a família e responsáveis, desenvolvendo ações convidativas. Como sugestões: apresentação de palestras que discutam informações interessantes tanto para os pais e responsáveis como para os filhos; atividades que suscitam sua participação, como oficinas, festas e encontros para discussões sobre situações escolares. Uma simples entrega de boletins pode ser uma atividade de integração visando não apenas o acompanhamento do progresso do aluno, mas o envolvimento da família em atividades de construção de valores em família. Conforme Romão (1997, p. 67), "os caminhos para implantação de uma gestão democrática e participativa necessitam não só dos convites aos participantes do processo, mas sim da geração de condições para que os mesmos se insiram no processo".

A democratização da educação implica na ruptura de uma gestão centralizadora e no estabelecimento de uma gestão colegiada. Com os planejamentos e decisões oriundos das discussões coletivas e democráticas, em que todos os segmentos da escola estejam envolvidos no processo democrático participativo. Dessa forma, o envolvimento de cada pessoa com o ensejo de ofertar uma educação de qualidade, juntamente com a participação em uma gestão democrática, incide no atendimento às reais necessidades de formação. A participação da comunidade escolar consiste em algo que ocorre de forma complexa, necessitando ser bem delineada e organizada para que apresente os resultados desejados.

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O gestor escolar necessita articular, acompanhar e intervir na elaboração, execução e avaliação da proposta pedagógica, visando o desempenho de qualidade de seu estabelecimento de ensino.

• O gestor escolar, ao assumir a dimensão pedagógica, efetivamente, cumprirá sua função de gestor, transcendendo a questão administrativa para um fazer político, pedagógico e democrático.

• Na relação entre o gestor escolar e os professores, um dos aspectos principais consiste na comunicação e interatividade, orientando o trabalho pedagógico, articulação dos saberes pedagógicos e sua aproximação.

• O gestor escolar necessita ter conhecimento sobre a organização administrativa e pedagógica da escola e sobre como utilizar os resultados das avaliações realizadas na educação, visando a melhoria da qualidade do ensino.

• O gestor escolar precisa compreender que o administrativo serve ao pedagógico, contribuindo para a realização dos objetivos educacionais da escola.

• A gestão escolar democrática e participativa como responsável pelo envolvimento da comunidade escolar, estabelecendo objetivos, solução de problemas, planos de ação e sua execução, acompanhamento e avaliação como responsabilidades de todos.

• A educação inclusiva somente se efetivará nas unidades escolares quando as medidas administrativas e pedagógicas forem adotadas pela equipe escolar, amparadas na construção de um sistema que a efetive na prática.

• A educação inclusiva exige adaptações que priorizem a formação dos recursos humanos, materiais e financeiros, juntamente com uma prática voltada para o pedagógico, ações que estão vinculadas ao deferimento do gestor escolar.

• No atual século, o apogeu das novas tecnologias da informação e da comunicação no âmbito da sociedade moderna pode ser identificado no meio cotidiano, no uso corrente dos meios informatizados, de comunicação e das telecomunicações.

• A presença das tecnologias como recurso para o ensino propõe diferenciações nos hábitos pedagógicos tradicionais, exigindo um projeto pedagógico com inovações em metodologias, avaliação e aprendizagem baseada numa pedagogia transformadora.

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• Para que as TIC sejam inseridas nos processos educativos, se faz necessário que haja o comprometimento e envolvimento do gestor escolar no processo de formação continuada para sua equipe de profissionais.

• Professores, equipe técnico-pedagógica, estudantes, funcionários, comunidade, pais e direção são sujeitos que compõem a gestão democrática, colaboradores da construção e formação do ambiente escolar, corresponsáveis pelo desenvolvimento e aperfeiçoamento da educação.

• O desenvolvimento da democratização escolar consiste no processo de mobilização da comunidade escolar para a implementação de mudanças, no intuito de elevar as oportunidades e a qualidade da educação, tendo como base a participação da sociedade no processo.

• O gestor escolar, juntamente com o coletivo da escola, precisa encontrar formas para aproximar a família e responsáveis, desenvolvendo ações convidativas.

• A participação da comunidade escolar consiste em algo que ocorre de forma complexa, necessitando ser bem delineada e organizada para que apresente os resultados desejados.

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AUTOATIVIDADE

1 O gestor escolar, no exercício de sua função, desempenha uma importante função no desenvolvimento dos trabalhos no contexto educacional. Reflita e assinale a alternativa correta:

a) ( ) A principal função do gestor escolar consiste em oferecer suporte e auxiliar a comunidade escolar.b) ( ) Uma das principais funções do gestor escolar seria administrar corretamente os recursos financeiros.c) ( ) Cabe ao gestor escolar a organização e seleção de pessoas no momento da contratação.d) ( ) O gestor escolar precisa apresentar conhecimentos específicos sobre administração e contabilidade.

2 Analise a função de gestor escolar e suas atribuições no contexto educacional, pense nos saberes necessários para a função relacionados aos aspectos administrativos e pedagógicos. Aponte a relação dos conceitos clássicos da função de administrador necessários para a função de gestor escolar.

3 A presença das tecnologias digitais nas escolas requer um preparo no investimento em equipamentos, adaptação da estrutura física na construção de laboratórios e no uso dos aparelhos tecnológicos. Analise e descreva sobre como a escola deveria proceder com a presença das tecnologias de informação no seu cotidiano.

4 (ENADE - PEDAGOGIA, 2014) Da visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania fundamentado no reconhecimento das diferenças e na participação dos sujeitos, decorre uma identificação dos mecanismos e processos de hierarquização que operam na regulação e produção de desigualdades. Essa problematização explicita os processos normativos de distinção dos alunos em razão de características intelectuais, físicas, culturais, sociais e linguísticas, estruturantes do modelo tradicional de educação escolar.FONTE: Brasil, MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008, p. 6 (adaptado)

As questões suscitadas no texto ratificam a necessidade de novas posturas docentes, de modo a atender à diversidade humana presente na escola. Nesse sentido, no que diz respeito a seu fazer docente frente aos alunos, o professor deve:

I- Desenvolver atividades que valorizem o conhecimento historicamente elaborado pela humanidade e aplicar avaliações criteriosas com o fim de aferir, em conceitos ou notas, o desempenho dos alunos.

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II- Instigar ou compartilhar as informações e a busca pelo conhecimento de forma coletiva, por meio de relações respeitosas acerca dos diversos posicionamentos dos alunos, promovendo o acesso às inovações tecnológicas.

III- Planejar ações pedagógicas extraescolares, visando o convívio com a diversidade; selecionar e organizar os grupos, a fim de evitar conflitos.

IV- Realizar práticas avaliativas que evidenciem as habilidades e competências dos alunos, instigando esforços individuais para que cada um possa melhorar o desempenho escolar.

V- Utilizar recursos didáticos diversificados, que busquem atender à necessidade de todos e de cada um dos alunos, valorizando o respeito individual e coletivo.

É correto apenas o que se afirma em:

a) ( ) II e IIIb) ( ) II e Vc) ( ) II, III e IVd) ( ) I, II, IV e V

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TÓPICO 2

ORIENTADOR EDUCACIONAL

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico! Neste tópico, vamos conhecer um pouco a função de orientador educacional, bem como alguns aspectos que constituíram sua história. Em algumas escolas ainda existe o orientador educacional, profissional que faz parte da equipe gestora e atua como um colaborador nas questões que envolvem os processos de ensino e aprendizagem.

Ao longo da leitura, você descobrirá a influência das legislações educacionais na organização e estrutura da escola. Perceberá uma mudança qualitativa para a educação com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394/96, incluindo a valorização das funções dos especialistas em educação, como o orientador educacional.

2 INÍCIO DA FUNÇÃO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL

A função do orientador educacional passou por diversas etapas e transformações ao longo dos tempos, adaptando-se conforme as mudanças e necessidades da sociedade de acordo com cada época. Segundo Pimenta (1988), os trabalhos desenvolvidos pela orientação educacional iniciaram, aproximadamente, em 1930, a partir da orientação profissional que acontecia nos EUA.

No Brasil, a orientação educacional atuou juntamente na ordenação da sociedade brasileira, que se encontrava em mudança na década de 1940, incluindo o auxílio ao adolescente em suas escolhas profissionais. A primeira menção a cargos de orientador nas escolas públicas aconteceu por meio do Decreto nº 17.698, de 1947, que referia às Escolas Técnicas e Industriais.

As Leis Orgânicas do Ensino dos anos de 1942 a 1946 também citam a função de orientador educacional. Nesta época não havia cursos especiais para formação de orientador educacional, e a contratação acontecia por meio do preenchimento de cargos chamados “técnicos de educação”, muitas vezes selecionados sem critérios estabelecidos.

Pimenta (1988) aponta ainda que, até 1958, São Paulo contava com cinco faculdades que ministravam o curso superior de Orientação Educacional,

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tendo sido o primeiro deles na PUC-Campinas, em 1945. Em 1958, o MEC regulamentou provisoriamente o exercício da função e o registro de Orientador Educacional na Portaria nº 105, de março de 1958. A portaria vigorou como provisória até 1961, quando a LDB 4.024 regulamentou a formação do orientador educacional.

A Lei 5.564, de 21/12/68, provê sobre o exercício da profissão de orientador educacional, demonstrando uma certa preocupação com a formação integral do adolescente, embora cite orientações também referentes ao ensino primário, como era na época denominado o atual Ensino Fundamental.

Art. 1º A Orientação Educacional se destina a assistir o educando, individualmente ou em grupo, no âmbito das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário, visando o desenvolvimento integral e harmonioso de sua personalidade, ordenando e integrando os elementos que exercem influência em sua formação e preparando-o para o exercício das opções básicas (BRASIL, 1968).

Em 1971 foi promulgada a LDB nº 5.692/71, que apresenta no artigo 10 a seguinte redação: “será instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade”. Pimenta (1981) argumenta que a LDB oferece um novo sentido ao ensino de 1º e 2º graus, atualmente o Ensino Fundamental e Médio, como a sondagem de aptidão e profissionalizante. Dessa forma, o orientador educacional deveria se ocupar do exercício de aconselhamento vocacional.

Pimenta (1981) aponta que para atender às exigências da legislação, o Decreto 72.846, de 1973, regulamentou a Lei 5.564, de 1968, por meio de 11 artigos. Manteve o artigo 1º da Lei 5.564 apenas substituindo as expressões das escolas e sistemas escolares de nível médio e primário, para a atual denominação da época, de ensino de 1º e 2º graus.

Na década de 1970, percebeu-se uma certa falta de compromisso da escola e de sua equipe pedagógica quanto aos trabalhos educativos. Grinspun (2003, p. 20) cita que nesse período: “tenta-se resgatar a importância da escolaridade para as estratégias de vida das camadas populares, chamando a atenção para a estrutura interna da escola como um dado significativo para o desempenho dos alunos. A Orientação estava dentro da escola e não se deu conta do seu papel”. Balestro (2005, p. 19) complementa apontando que “os orientadores educacionais deixaram a banda passar sem dar a sua contribuição, isto é, sem fazer parte dela. Eles ficaram em cima do muro e calados. Perderam um espaço para demarcar o seu território na educação e a função social da profissão de orientador educacional”.

A partir de 1980 surgiram questionamentos sobre a função de Orientação Educacional, desencadeados a partir da situação constatada na década de 1970. O orientador educacional começa a participar de todos os momentos da escola, discutindo questões curriculares, como os objetivos, procedimentos, critérios

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de avaliação, metodologias de ensino, demonstrando sua preocupação com os alunos e o processo de aprendizagem (GRINSPUN, 1994). Os cursos de formação que foram oferecidos aos orientadores contribuíram para fomentar discussões, envolvendo as práticas educativas e a realidade dos alunos, assim como os aspectos que norteiam a profissão de forma geral.

A década de 1980, que Grinspun (1994) denominou de período “questionador”, foi marcada por estudos, congressos, lutas sindicais, que, articuladamente, transformaram-se em grandes conquistas para os orientadores educacionais. A FENOE – Federação Nacional dos Orientadores Educacionais – teve importante papel em defesa dos orientadores educacionais, sendo extinta na década de 90, o que levou ao enfraquecimento da categoria profissional que representava.

A partir da década de 90, o desenvolvimento da função de orientador educacional foi marcado por incertezas e questionamentos, não se tinha um entendimento preciso se a nova LDB traria ou não menções ao orientador educacional em seu texto. Tais incertezas foram dizimadas com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996), que em seu artigo 64 prevê: “A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional” (BRASIL, 1996).

A função de orientador educacional, apesar da importância de sua atuação ser claramente destacada na LDB, ao mesmo tempo não esclarece quanto ao grau de formação profissional. Essa situação influenciou alguns cursos de Pedagogia a deixarem de formar o orientador educacional, relegando para que os pedagogos buscassem nos cursos de pós-graduação o grau de estudo para o exercício da função.

Nos anos de 2000 inicia-se um novo período apontando para as deficiências educacionais diagnosticadas na época. As Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação da Licenciatura em Pedagogia, em Parecer aprovado em 13/12/2005, reduzem a orientação educacional à área de serviços e apoio escolar, iniciando o processo para extinção total desta função. Contudo, o artigo 5º do mesmo Parecer menciona que o egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto para uma série de tarefas possíveis, a partir do trabalho integrado com outros profissionais da educação.

A Resolução nº 2, de 01/07/2015, definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior. Quanto à licenciatura em Pedagogia, aponta no capítulo V sobre a formação inicial do magistério da educação básica em nível superior, sua estrutura e currículo. O artigo 13 traz o seguinte texto:

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Os cursos de formação inicial de professores para a educação básica em nível superior, em cursos de licenciatura, organizados em áreas especializadas, por componente curricular ou por campo de conhecimento e/ou interdisciplinar, considerando-se a complexidade e multirreferencialidade dos estudos que os englobam, bem como a formação para o exercício integrado e indissociável da docência na educação básica, incluindo o ensino e a gestão educacional, e dos processos educativos escolares e não escolares, da produção e difusão do conhecimento científico, tecnológico e educacional, estruturam-se por meio da garantia de base comum nacional das orientações curriculares (BRASIL, 2015).

Desta forma, o documento refere-se à formação dos pedagogos tanto para a docência como a gestão educacional, de forma abrangente, sem delimitar funções específicas, como a orientação educacional. Porém, no contexto escolar, no exercício da atuação daqueles que se ocupam em trabalhos desenvolvidos na escola, existem certas especificidades próprias que norteiam o trabalho de cada protagonista, incluindo o orientador educacional.

Nesse sentido, o orientador educacional diferencia-se dos demais profissionais que atuam na escola, principalmente do diretor escolar. O diretor ou gestor administra a escola como um todo; o professor cuida dos trabalhos referentes aos processos de ensino e aprendizagem de sua área do conhecimento, e o orientador educacional se ocupa da formação dos estudantes na escola e para a vida.

3 ORIENTADOR EDUCACIONAL E SUA ATUAÇÃO NOS ESPAÇOS EDUCATIVOS

A escola, atualmente, apresenta como desafio possibilitar aos estudantes a apropriação do saber produzido e acumulado pela sociedade. Somando ao compromisso de contribuir na formação de cidadãos críticos, autônomos e participativos, com capacidade de atuar com competência e responsabilidade na sociedade em que vivem, transformando-a. Desta forma, a escola se compromete em contribuir para a apropriação crítica do conhecimento e o desenvolvimento dos estudantes em suas potencialidades, buscando auxiliar nos aspectos em que apresentam dificuldades (PIMENTA, 1981).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação n° 9394/96 requer a formação de profissionais da educação com novas competências. Assim, o orientador educacional consiste no professor, com habilitação em pedagogia/licenciatura, ou com formação pedagógico-didática específica de orientadores educacionais, como especialista da educação. O orientador educacional é um profissional que atua em vários contextos e situações referentes à prática pedagógica educativa, de forma colaborativa e participativa, adequada às funções da escola, contribuindo para o desenvolvimento de um trabalho integrado com os professores, estudantes, pais e comunidade escolar, baseado na ética, diálogo, respeitando a diversidade social e cultural (LIBÂNEO, 1998).

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TÓPICO 2 | ORIENTADOR EDUCACIONAL

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FIGURA 21 - ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ESCOLA

FONTE: Disponível em: <http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br/2014/10/o-papel-do-orientador-educacional-no.html>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Na escola, o orientador educacional consiste no profissional que compõe a equipe de gestão, trabalhando diretamente com os estudantes, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal em parceria com os professores. Atua de forma a compreender o comportamento dos estudantes, para agir de maneira adequada com relação a suas ações. Também tem como função ajudar na organização e desenvolvimento do Projeto Político-Pedagógico com os estudantes e comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis (LIBÂNEO, 1998).

Assim, o orientador educacional atua como mediador entre o aluno e o meio social, discutindo sobre os problemas atuais do contexto sociopolítico, econômico e cultural. Por meio da problematização, procura desenvolver ações que conduzam os estudantes a vivenciarem relações para que desenvolvam uma consciência crítica e participativa. Para tanto, o orientador necessita compreender o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional, valores e atitudes dos estudantes. Nesse sentido, conseguirá promover atividades de discussão e informação sobre o mundo do trabalho, assessorando os estudantes nas dúvidas quanto às suas escolhas. De acordo com Souza (2010, p. 13):

O orientador, ao elaborar seu planejamento, precisa detectar quais são as reais perspectivas da família em relação à programação que a escola e o serviço de orientação educacional vão oferecer ao educando; neste sentido, deve-se levantar dados de quais as reais possibilidades de assistência e participação dos pais na vida escolar dos filhos.

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Desta forma, destacamos sobre a importância de o orientador educacional construir um relacionamento positivo entre a escola e a família ou responsáveis. Oferecendo reuniões para ouvir os seus relatos das situações, fazendo com que se sintam acolhidos e compreendidos, oferecendo os encaminhamentos disponíveis dos serviços prestados no município. Para isso, o orientador educacional precisa se informar junto ao Conselho Tutelar das formas de encaminhamento para os diversos serviços que a família necessita.

Em outros momentos, o orientador pode entrar em contato com a secretaria da educação do mantenedor, seja municipal ou estadual, para verificar as possibilidades de auxílio para a situação vivenciada pelo estudante. A atuação do orientador educacional deve ser de forma participativa e atuante nas decisões da escola, observando a realidade e necessidades dos estudantes, planejando suas intervenções de forma adequada para cada situação, ponderando as diferenças presentes nas diversas situações em que atuará.

Grinspun (2001) afirma que o papel do orientador educacional se encontra conectado ao estudo da realidade do estudante, buscando alternativas para a promoção do seu desenvolvimento. Nesse sentido, a orientação educacional deve ter como eixo norteador de seu trabalho o estudante, não somente os que apresentam problemas, mas para com todos de forma igual.

FIGURA 22 - ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA SOCIEDADE

FONTE: A autora

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TÓPICO 2 | ORIENTADOR EDUCACIONAL

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De acordo com o organograma, observamos a atuação do orientador educacional em alguns segmentos da sociedade. Conforme o prescrito nos documentos nacionais (BRASIL, 1996; 2015), o trabalho desenvolvido pela orientação educacional abrange toda a Educação Básica, compreendendo a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.

EDUCAÇÃO INFANTILENSINO FUNDAMENTAL ENSINO MÉDIO

• Auxilia na formação de seu compor-tamento.• Atua em relação à indisciplina, pro-blemas familiares e sociais, transtornos, dificuldades de socialização e outros.

• Realiza a orientação profissional.• Auxilia no desenvolvimento da autonomia dos estudantes para decidir sobre sua profissão.

De acordo com o quadro, podemos constatar que a atuação do orientador educacional desde a Educação Infantil até o Ensino Fundamental incide na formação de comportamento dos estudantes. O orientador educacional precisa saber como trabalhar com assuntos referentes à indisciplina, problemas familiares e sociais, transtornos, dificuldade de socialização, entre outros.

No Ensino Médio, o orientador educacional atua acompanhando os estudantes na orientação profissional. Viabiliza estratégias para que os estudantes vivenciem, explorem e decidam sobre o caminho que pretendem seguir. O orientador precisa mostrar as diversas possibilidades, instigando o desenvolvimento da autonomia para que o estudante assuma suas decisões, com base nas expectativas, gostos, desejos e vontades.

FIGURA 23 - ESCOLHA PROFISSIONAL

FONTE: Disponível em: <http://orientaseduc.blogspot.com.br/p/orientacao-profissional.html>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

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O orientador educacional, ao auxiliar na orientação profissional, precisa buscar as alternativas existentes para que os estudantes analisem as diversas opções e perspectivas de forma crítica e consciente. A complexidade dessa situação se apresenta em contextos familiares precários, seja de forma financeira, estrutural, afetiva etc., onde a escola constitui-se na única alternativa de informação e orientação sobre as possibilidades de escolha e encaminhamentos.

Outra atividade desenvolvida pelo orientador educacional diz respeito ao conhecimento da comunidade à qual a escola pertence. A compreensão dos modos de vida, interesses, aspirações e necessidades consistem em subsídios para a organização do diagnóstico que servirá como base sociocultural da comunidade.

O orientador educacional também atua oferecendo assistência pedagógica e didática aos professores, objetivando um ensino de qualidade. Auxilia na compreensão e administração de situações de ensino e aprendizagem, monitorando a prática pedagógica através da reflexão e investigação. Desse modo, Martins (1984) afirma que a escola constitui um grupo social onde ocorrem diversas interações entre professores e estudantes, sendo imprescindível a atuação do orientador educacional no desenvolvimento das relações interpessoais.

Nos estudos sobre a função do orientador educacional, podemos considerá-lo como um profissional da equipe gestora, que trabalha diretamente com os estudantes e professores. Atua na escola, mais precisamente na organização e realização da proposta pedagógica, com a comunidade escolar nas orientações e encaminhamentos, ouvindo e dialogando com todos que compõem a estrutura da comunidade escolar.

DICAS

Você sabia que existe um código de ética para os orientadores educacionais no Brasil? Acesse: <http://www.aoesc.com.br/NovoSite/wp-content/uploads/2015/02/C%C3%B3digo-de-%C3%89tica-dos-Orientadores-Educacionais.pdf> e confira. Foi publicado no ano de 1978 pela Revista de Orientação Educacional da Federação Nacional dos Orientadores Educacionais.

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RESUMO DO TÓPICO 2Neste tópico, você aprendeu que:

• A função do orientador educacional passou por diversas etapas e transformações ao longo dos tempos, adaptando-se conforme as mudanças e necessidades da sociedade de acordo com cada época.

• No Brasil, a orientação educacional atuou na ordenação da sociedade brasileira, que se encontrava em mudança na década de 1940, incluindo o auxílio ao adolescente em suas escolhas profissionais.

• A partir de 1980 surgiram questionamentos sobre a função de Orientação Educacional, desencadeados a partir da situação constatada na década de 1970.

• O orientador educacional começa a participar de todos os momentos da escola, discutindo questões curriculares, como os objetivos, procedimentos, critérios de avaliação, metodologias de ensino, demonstrando sua preocupação com os alunos e o processo de aprendizagem.

• Na escola, o orientador educacional consiste no profissional que compõe a equipe de gestão, trabalhando diretamente com os estudantes, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal em parceria com os professores.

• No Ensino Médio, o orientador educacional atua acompanhando os estudantes na orientação profissional. Viabiliza estratégias para que os estudantes vivenciem, explorem e decidam sobre o caminho que pretendem seguir.

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AUTOATIVIDADE

1 A função de orientação educacional passou por modificações ao longo do período de mudanças sociais, que interferiram também nas formas de agir e pensar o contexto educacional. Desta forma, analise e assinale a alternativa que apresenta o surgimento da profissão de orientador educacional.

a) ( ) Surgiu para auxiliar na orientação profissional dos adolescentes.b) ( ) O início foi devido à reforma do ensino com a influência da Escola Nova.c) ( ) Os orientadores educacionais vieram para substituir os psicólogos escolares.d) ( ) Sua primeira atuação foi decorrente dos processos seletivos para entrada nas universidades.

2 Para o exercício da função de orientador educacional há necessidade de uma formação adequada, que supra as exigências vivenciadas no cotidiano escolar. Reflita sobre a influência da atual LDB de 1996 sobre a formação do orientador educacional, nas seguintes alternativas:

I- A formação do orientador educacional e de outros especialistas se dará por meio do curso de Pedagogia.

II- Para o exercício da função de orientador educacional a formação se dará a nível de pós-graduação.

III- O orientador educacional necessita ter experiência de no mínimo dez anos de professor na escola.

IV- O orientador educacional precisa apresentar cursos de formação continuada e qualquer licenciatura.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) I, IIb) ( ) I, IVc) ( ) II, IIId) ( ) II, IV

3 O orientador educacional desenvolve suas ações em toda a Educação Básica, desde a Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio. Assim, analise e descreva sobre as práticas que o orientador desenvolve em cada modalidade de ensino: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio.

4 (ENADE – PEDAGOGIA, 2014) O papel da teoria é oferecer aos professores perspectivas de análises para compreenderem os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais e de si mesmos como profissionais, nos quais se dá sua atividade docente, para neles intervir, transformando-os. Por isso, é fundamental o permanente exercício da crítica das condições materiais em

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que o ensino ocorre. O desenvolvimento desse processo é possibilitado pela atividade de pesquisa, que se inicia com a análise e a problematização das ações e das práticas, confrontadas com as explicações teóricas sobre elas, com experiências de outros atores e olhares de outros campos de conhecimento, com os objetivos que se pretendem e com as finalidades da educação na formação da sociedade humana.

FONTE: PIMENTA, S. G.; LIMA, M. S. L. Estágio e docência: diferentes concepções. Revista Poiesis. São Paulo, V. 3, n. 3 e 4, 2005/2006, p. 5-24 (adaptado).

5 As autoras corroboram o estabelecido nas Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia ao afirmarem que, por meio de estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica, são propiciadas ao egresso, entre outras funções, as de planejamento, execução e avaliação de atividades educativas.

Com base nessas indicações, infere-se que é necessário implementar, na escola, momentos coletivos dedicados a estudos, pesquisas e planejamento, com o objetivo de que professores e gestores possam melhor compreender as situações de ensino-aprendizagem.

Com relação a esse contexto, avalie as afirmações a seguir.

I- Os professores e a equipe pedagógica devem realizar um diagnóstico da comunidade com a qual trabalham, estabelecer ações pedagógicas coletivas por meio de estudos teóricos e práticos e assumir, coletivamente, sua função social frente aos educandos.

II- Os professores devem elaborar planejamentos flexíveis, instrumentos avaliativos que contribuam para a formação humana e romper com práticas avaliativas direcionadas à simples classificação meritocrática dos educandos.

III- Os professores devem elaborar planejamentos individualizados, considerando o que é específico de cada turma, e aplicar provas ao final de cada bimestre, reestruturando continuamente sua prática pedagógica.

IV- Os professores e a equipe pedagógica devem elaborar plano de ação coletivo, centrado no processo de ensino-aprendizagem e realizar avaliações no que tange não somente à aprendizagem, mas também ao ensino.

V- Os professores devem decidir individualmente o melhor caminho a seguir no processo de ensino-aprendizagem, para tomar decisões, mesmo sem conhecer as necessidades de sua turma.

É correto apenas o que se afirma em:

a) ( ) I, II e IV.b) ( ) I, III e V.c) ( ) I, IV e V.d) ( ) II, III e IV.

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TÓPICO 3

SUPERVISOR PEDAGÓGICO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, prosseguimos nossos estudos sobre alguns protagonistas que atuam juntamente na gestão escolar. Neste tópico, abordaremos sobre o supervisor pedagógico. Pretendemos discorrer sobre um breve contexto histórico da função, do início do supervisor no mundo fabril sendo repassado para o contexto escolar, como supervisor pedagógico.

Ao longo da leitura pretendemos evidenciar as características da função e as distintas fases que trouxeram especificidades de acordo com cada época social para a profissão de supervisor pedagógico. Apontaremos, também, sobre a importância do trabalho do supervisor na formação continuada dos professores, com a comunidade escolar e na organização dos projetos pedagógicos.

2 PERCURSO HISTÓRICO DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL NO BRASIL

O termo supervisão surgiu no período da Revolução Industrial, para assegurar a produção quantitativa e qualitativa em menor tempo nas indústrias. Na época, os supervisores atuavam na orientação dos profissionais para que conseguissem exercer suas funções de forma produtiva na indústria e no comércio. Dessa forma, seu surgimento se deve à necessidade da vigilância e controle dos profissionais nos modos de produção, com funções específicas baseadas em planejar, comandar e controlar.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

FIGURA 24 - SUPERVISÃO FABRIL

FONTE: Disponível em: <http://www.realsafety.org/2014/11/safety-supervisors-the-5-most-common-mistakes/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Segundo Lima (2001), a partir da organização dos trabalhos desenvolvidos nas indústrias, a função de supervisor alcançou outros campos de atuação, como militar, esportivo, político e educacional. Na época, a intenção de todas as áreas que estruturaram a função de supervisor era alcançar seus objetivos e metas na realização dos trabalhos.

O primeiro registro legal sobre a atuação do supervisor escolar no Brasil foi em 1931, esses executavam as normas prescritas pelos órgãos superiores, chamados de orientadores pedagógicos ou orientadores de escola, tendo como função básica a inspeção. No final da década de 1950 e início da década de 1960, um acordo firmado entre o Brasil e os Estados Unidos da América para implantação do Programa de Assistência Brasileiro-Americana ao Ensino Elementar (PABAEE) determinou a atuação do supervisor escolar para o controle e inspeção (ANJOS, 1988).

Na década de 1970, os supervisores educacionais passaram a desenvolver ações relativas ao inspetor escolar, voltadas para o controle e execução dos trabalhos. Nesse período passa a ser atribuída ao supervisor educacional uma

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TÓPICO 3 | SUPERVISOR PEDAGÓGICO

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função sistematizada, contribuindo para o funcionamento das instituições escolares, interligando os diversos setores educacionais. Para o exercício da função, surge a necessidade de qualificações técnicas, acadêmicas, com formação específica para o cargo (ANJOS, 1988). Segundo Saviani (2003, p. 14):

[...] a ação supervisora passa da condição de função para a de profissão, pela mediação da ideia de supervisão. Com efeito, para que uma função seja organizada como profissão é preciso que ela seja destacada do âmbito em que opera, o que implica um processo de abstração no qual a ideia é construída. Nesse processo a função é definida, isto é, identifica-se o que é próprio dela e que a distingue das demais, especificando-se os seus atributos.

Desta forma, surge a necessidade da preparação profissional específica para o desenvolvimento da função de supervisor educacional com conhecimentos necessários para o desenvolvimento de uma profissão que advém do mundo fabril para o educacional. Nesse sentido, surge a necessidade de saberes próprios da profissão que atuará internamente na área educacional, mais precisamente nos ambientes escolares.

Saviani (2003) aponta que o Parecer do Conselho Federal de Educação nº 252/69 contribuiu para a legalização da profissão de supervisor educacional. O Parecer, respaldado na Lei nº 5.540/68, da Reforma Universitária, atuou na reformulação do curso de Pedagogia, indicando a necessidade da especialização com habilitações de inspeção, administração, supervisão e orientação.

A nova estrutura do curso de Pedagogia decorrente do Parecer nº 252/69 abria, pois, claramente a perspectiva de profissionalização da supervisão educacional na esteira da orientação educacional, cuja profissão já havia sido regulamentada por meio da Lei 5.564, de 21 de dezembro de 1968 [...], com efeito, estavam preenchidos dois requisitos básicos para se constituir uma atividade com o status de profissão: A necessidade social, isto é, um mercado de trabalho permanente [...] e a especificação das características da profissão ordenadas em torno de um mecanismo, também permanente, de preparo dos novos profissionais, o que se traduziu no curso de Pedagogia reaparelhado para formar, entre os vários especialistas, o supervisor educacional (SAVIANI, 2003, p. 31).

Assim, o curso de Pedagogia formaria os profissionais da educação para exercerem certas funções técnicas, como administração, orientação, supervisão, exercidas pelo profissional habilitado como professor. Naquela época, o Brasil vivia a ditadura e os profissionais com as funções de administração, orientação e supervisão deveriam fiscalizar o trabalho desenvolvido pelos professores.

Na década de 1980 o país vivenciou um momento crítico da educação, fundamentado nas reflexões sobre o contexto educacional brasileiro. Nesse período, a atuação do supervisor educacional sofreu críticas referentes ao desenvolvimento de seus trabalhos. Ferreira (2003, p. 78) contribui afirmando que: “Na década de 80, a crise socioeconômica e a Nova República dão início a uma nova fase, a luta operária ganha força e os professores lutam pela reconquista do direito de participar da definição da política educacional e da luta pela recuperação da escola

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

pública”.

A década de 1980 foi marcada pela pós-ditadura, um período onde os profissionais da educação lutaram pela recuperação da escola pública, incidindo na promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação/96 (BRASIL, 1996).

FIGURA 25 - ATUAÇÃO DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO

FONTE: Disponível em: <http://clickgratis.blog.br/gestaoIIpolonf/534377/o-papel-do-supervisor-escolar.html>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Desta forma, a década de 1990, com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n° 9.394, de 20/12/1996, estrutura uma nova atuação da supervisão educacional. O supervisor educacional passa a contribuir na produção de novos conhecimentos, favorecendo ambientes para a construção de processos de ensino e aprendizagem, objetivando os fazeres pedagógicos. A LDB n° 9.394/96 assegura aos supervisores educacionais práticas como assessoramento, apoio, colaboração, auxílio técnico e cooperação, deixando a função de inspetor para um mediador de mudanças e transformações nas escolas (BRASIL, 1996).

3 FASES DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL

Ao longo do percurso histórico da função de supervisor educacional, o profissional assumiu funções distintas em cada época de atuação. Desta forma, passou por três fases: fiscalizadora, construtivista e criativa (NÉRICI, 1978).

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FIGURA 26 - FASES DA FUNÇÃO DE SUPERVISOR EDUCACIONAL

FONTE: Nérici (1978)

Assim como podemos observar no organograma, a função de supervisor educacional, segundo Nérici (1978), passou por algumas fases com características distintas:

• Fase Fiscalizadora: Nesta fase, a função de supervisão educacional estava associada à inspeção escolar. O trabalho direcionado para a função técnica e administrativa prezava o cumprimento das leis de ensino, condições físicas do prédio, situações legais dos professores, cumprimento das ações desenvolvidas nas atividades escolares, como provas, transferências, matrículas, férias, documentação dos estudantes e outras. Seguir determinações rígidas e inflexíveis, de forma generalizada para todo território nacional, desconsiderando as diversidades existentes em cada região ou instituição.

• Fase construtivista: Também conhecida como fase de supervisão orientadora, onde o supervisor exercia a função de orientador escolar. Os supervisores passam por uma expressiva modificação na forma de atuar em relação à fase anterior, iniciam os questionamentos sobre a necessidade de se pensar em melhorias na atuação dos professores. Surgem os cursos de aperfeiçoamento, capacitação e atualização docente, buscando novos conceitos e metodologias para aprimorar o trabalho educativo.

• Fase criativa: A função de supervisor educacional se desvincula da inspeção escolar. Assumem uma função com objetivo de agir no aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem. Iniciam um trabalho que inclui a participação de todos os envolvidos na escola, nas decisões de forma cooperativa e democrática.

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O supervisor educacional exerce uma função de liderança, ocupa um cargo que compõe a equipe da gestão da escola, juntamente com os outros profissionais, como o diretor da escola, orientador e coordenador. Desta forma, sua ação pode ocorrer de dois tipos, segundo Nérici (1978), baseados na sua forma de pensar e conceber as relações que se estabelecem com a comunidade escolar.

Como podemos observar, a supervisão pode acontecer de forma autocrática ou democrática. Na supervisão escolar autocrática ocorre o desenvolvimento da ação autoritária do supervisor, determinando ordens, sugestões e direções para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem. O supervisor age como se conseguisse controlar todos os processos desenvolvidos na escola, buscando soluções para as dificuldades. Atua com autoridade e intimidação, ignorando a cooperação e as relações interpessoais que se estabelecem entre os outros profissionais no contexto escolar (NÉRICI, 1978).

A supervisão escolar democrática, ao contrário, preza a liberdade de expressão, respeito, compreensão, criatividade e a parceria entre todos os envolvidos na comunidade escolar. O trabalho desenvolvido pelo supervisor segue um parâmetro democrático, considerando as contribuições de todos os envolvidos quando necessita assumir alguma decisão. Sobretudo, respeita a individualidade de cada profissional que atua na escola, estimula a iniciativa e criatividade, desenvolve as relações interpessoais considerando as características singulares do grupo no processo de ensino e aprendizagem (NÉRICI, 1978).

A função do supervisor educacional passou por vários momentos na história da educação, em cada período exercendo de forma específica a organização social. A princípio a função foi exercida por administradores e professores, sem formação ou conhecimento específico para a profissão. Com o passar do tempo e a promulgação das leis nacionais, o supervisor educacional passou a ser um profissional especializado, com uma atuação voltada para a garantia de qualidade nos processos de ensino e aprendizagem.

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4 ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL NA CONTEMPORANEIDADE

A atuação do supervisor educacional destina-se ao acompanhamento dos processos de ensino e aprendizagem, desenvolvidos no contexto da escola. Assim, segundo Alarcão (2001), existem nos sistemas de ensino do país diversas nomenclaturas para definir o supervisor que atua nas escolas: supervisor escolar; supervisor educacional; coordenador pedagógico; supervisor pedagógico.

A função do supervisor educacional, atualmente, encontra-se voltada para a coordenação do trabalho pedagógico, articulando os conhecimentos, liderança e o envolvimento no processo de ensino e aprendizagem, juntamente com a comunidade escolar. Desta forma, o supervisor educacional se encontra na fase criativa, objetivando a coordenação dos trabalhos desenvolvidos na escola.

Przybylski (1982) aponta o conceito de supervisão educacional como uma forma de orientação e acompanhamento dos processos de ensino, observando e assessorando os professores para uma atuação educativa junto aos estudantes.

Supervisão escolar é o processo que tem por objetivo prestar ajuda técnica no planejamento, desenvolvimento e avaliação das atividades educacionais em nível de sistema ou unidade escolar, tendo em vista o resultado das ações pedagógicas, o melhor desempenho e o aprimoramento permanente do pessoal envolvido na situação ensino-aprendizagem (PRZYBYLSKI, 1982, p. 16).

Nesse sentido, a função do supervisor educacional passa a ser uma referência para a comunidade escolar, enquanto responsável pela coordenação do trabalho pedagógico. Exerce uma ação de líder, responsável pela articulação dos conhecimentos e saberes dos professores em relação às propostas educativas da escola. Atua também como mobilizador da equipe escolar, intencionando a melhoria do trabalho pedagógico. Para Balzan (1983), a ação desenvolvida pelo supervisor diz respeito à sua concepção quanto ao contexto social, transcendendo o espaço da sala de aula. O autor afirma ainda que o supervisor necessita:

compreender que os problemas com os quais ele e os demais educadores vêm se defrontando, embora manifestos em salas de aulas, têm suas raízes além do ensino, do currículo e mesmo da área educacional, são parte de um contexto mais amplo: social, político, econômico e cultural (BALZAN, 1983, p. 41).

Desta forma, o supervisor será o responsável por buscar alternativas para suprir as necessidades educacionais apresentadas no contexto escolar. Atuando de forma criativa, buscará parcerias com os outros profissionais que compõem a comunidade escolar, estabelecendo uma relação dialógica sobre as dificuldades encontradas. Assim, agirá como facilitador do desenvolvimento de projetos coletivos na escola, de forma democrática, inserindo os professores, estudantes e a comunidade nos trabalhos desenvolvidos no contexto educativo.

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FIGURA 27 - FUNÇÃO DO SUPERVISOR PEDAGÓGICO

FONTE: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/AnaMarciaCostaTimoti/estatuto-da-apm-ana-marcia-timoti>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Atualmente, o supervisor educacional apresenta uma função interligada com a concepção de mudança, referente às novas propostas curriculares. Nesse sentido, uma das ações da supervisão consiste em assumir a responsabilidade pela formação continuada dos professores desenvolvida na escola. Necessita intervir para que encontros aconteçam, buscando momentos de reflexão dos professores quanto às suas ações teóricas e práticas, ao complexo processo de ensino e aprendizagem.

Tal reflexão, via de regra, produz melhores resultados quando estimulada e conduzida por alguém reconhecidamente experiente, capaz de transformar o processo de reflexão individual em um processo coletivo, de tal sorte que na busca de novos caminhos se transforme numa ação orientada para objetivos mais amplos assumidos coletivamente pelo grupo (ALONSO, 2003, p. 177).

O desenvolvimento da formação continuada consiste numa tarefa desafiadora para o supervisor, mas necessária para a efetivação do desenvolvimento de práticas inovadoras. Como um momento em que os professores possam exteriorizar suas aspirações, dúvidas, troca de experiências e materiais pedagógicos. Nesse sentido, a função de supervisor educacional exige certas competências que são necessárias para a concretização dos objetivos educacionais, necessitando de paciência, compreensão, aceitação, empatia, colaboração e outros que designam aspectos para o desenvolvimento positivo das relações interpessoais.

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FIGURA 28 - ATUAÇÃO DO SUPERVISOR EDUCACIONAL

FONTE: A autora

Como podemos observar, a atuação da supervisão educacional compreende várias atividades desenvolvidas juntamente aos professores, comunidade escolar, na formação continuada e em projetos educacionais. Estudamos, até o momento, que a função de supervisor educacional deveria se pautar na observação, compreensão e construção de atitudes e relacionamentos para além do sistema conservador de ensino. Necessita perceber sua atuação não como um simples ato de execução de tarefas, mas como uma ação eficiente, criativa, dinâmica, interagindo e contribuindo para o desenvolvimento do ambiente educacional.

DICAS

Para conhecer mais sobre o conceito de formação continuada ou formação de professores, acesse o vídeo intitulado "Por uma boa formação de professores", de António Nóvoa. Você irá se surpreender com a fala do estudioso que escreveu vários livros sobre o assunto. Confira! Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=SXcEuowXf-c>. Acesso em: 30 maio 2017.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• O termo supervisão surgiu no período da Revolução Industrial, para assegurar a produção quantitativa e qualitativa em menor tempo nas indústrias. Na época, os supervisores atuavam na orientação dos profissionais para que conseguissem exercer suas funções de forma produtiva na indústria e no comércio.

• O primeiro registro legal sobre a atuação do supervisor escolar no Brasil foi em 1931, e executavam as normas prescritas pelos órgãos superiores, chamados de orientadores pedagógicos ou orientadores de escola, tendo como função básica a inspeção.

• A LDB n° 9.394/96 assegura aos supervisores educacionais práticas como assessoramento, apoio, colaboração, auxílio técnico e cooperação, deixando a função de inspetor para um mediador de mudanças e transformações nas escolas.

• O supervisor educacional exerce uma função de liderança, ocupa um cargo que compõe a equipe da gestão da escola, juntamente com os outros profissionais, como o diretor da escola, orientador e coordenador.

• A função do supervisor educacional, atualmente, encontra-se voltada para a coordenação do trabalho pedagógico, articulando os conhecimentos, liderança e o envolvimento no processo de ensino e aprendizagem, juntamente com a comunidade escolar.

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1 O supervisor educacional apresentou um contexto histórico com especificidades que delinearam o exercício de sua função. Reflita sobre o surgimento do termo supervisão e assinale a alternativa correta.

a) ( ) Surgiu no período da Revolução Industrial com o propósito de assegurar a produção quantitativa e qualitativa em tempo reduzido nas indústrias.b) ( ) Iniciou juntamente com os trabalhos desenvolvidos pelos padres jesuítas, auxiliando nas atividades de controle dos indígenas.c) ( ) Os primeiros supervisores pedagógicos ocupavam a função de gestor escolar, supervisionando os recursos financeiros e humanos.d) ( ) O supervisor educacional surgiu da necessidade de especialistas para atenderem à demanda da comunidade para ouvir as dificuldades.

2 Ao longo do percurso histórico da função de supervisor educacional, o profissional assumiu funções distintas em cada época de atuação. Desta forma, analise e descreva as características que conceituam as três fases: fiscalizadora, construtivista e criativa.

3 O supervisor educacional exerce uma função de liderança, ocupa um cargo que compõe a equipe da gestão da escola juntamente com os outros profissionais, como o diretor da escola, orientador e coordenador. Nesse sentido, reflita sobre as formas de atuação do supervisor e relacione as alternativas:

I- Supervisão escolar autocráticaII- Supervisão escolar democrática

( ) Propõe a liberdade de expressão, respeito, compreensão e favorece o desenvolvimento da criatividade no grupo escolar.( ) O supervisor atua de forma autoritária, determinando ordens e direcionando os trabalhos educativos.( ) Controla todos os processos desenvolvidos na escola, buscando soluções para as dificuldades encontradas.( ) Considera as contribuições de todos os envolvidos nos processos desenvolvidos na escola.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) II, I, I, IIb) ( ) I, II, II, Ic) ( ) II, I, II, Id) ( ) I, II, I, II

AUTOATIVIDADE

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4 (ENADE - PEDAGOGIA, 2014) O grande desafio das escolas é a aprendizagem dos alunos. À organização escolar cabe elevar a qualidade dessa aprendizagem. Diante disso, o docente deve atuar para atingir esse objetivo, o que exige, cada vez mais, formação de qualidade.

Considerando esse tema, avalie as afirmações a seguir.

I- As políticas educacionais de formação de educadores devem priorizar a formação continuada, complementar ao exercício profissional é responsabilidade de cada professor.

II- Nos processos de formação docente devem ser desenvolvidas competências e habilidades relacionadas à organização e gestão escolar, além das que dizem respeito ao trabalho pedagógico e aos aspectos éticos e de relações interpessoais.

III- O preparo profissional docente requer apropriação e mobilização de conhecimentos que se relacionam com ensino e conteúdos, avaliação da aprendizagem, gestão de sala de aula e valores e normas de convivência social e coletiva.

É correto o que se afirma em:

a) ( ) I, apenas.b) ( ) II, apenas.c) ( ) I e III, apenas.d) ( ) II e III, apenas.

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TÓPICO 4

COORDENADOR PEDAGÓGICO

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Acadêmico, chegamos ao último tópico da Unidade 2, o qual aborda sobre os protagonistas que constituem a gestão escolar. Neste tópico, abordaremos sobre as características da função de coordenador pedagógico. Na leitura do tópico anterior você conheceu o processo de constituição da função de supervisor educacional, que ao longo do processo histórico na educação sofreu algumas mudanças. De fato, a partir do momento em que deixou de desempenhar a função de inspetor escolar e assumiu a coordenação dos trabalhos pedagógicos, recebeu outra denominação de acordo com sua atual função: coordenador pedagógico.

Contudo, você perceberá que em algumas escolas ainda existem as funções de orientador, supervisor e coordenador, mas também, que em outras somente há o coordenador pedagógico atuando nos trabalhos de orientador e supervisor. Como isso aconteceu? A resposta para esse questionamento você descobrirá na leitura deste tópico, juntamente com os conceitos sobre conselho de classe participativo, uma das atividades atribuídas ao coordenador pedagógico no exercício de sua função no contexto escolar.

2 CONTEXTO HISTÓRICO E ATUAÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

A função de coordenador pedagógico advém da supervisão pedagógica, surgindo nas habilitações do curso de Pedagogia, mediante a promulgação da LDB nº 9.394/96. Em decorrência das mudanças que a sociedade vivenciou nas últimas décadas, com os processos de globalização e alterações nas formas de pensar e conceber os processos políticos, sociais e culturais, a conjuntura educacional também foi afetada. Nesse sentido, o supervisor educacional deixa de ser o inspetor escolar para assumir uma postura de coordenação dos trabalhos educativos. Surgem as novas nomenclaturas para os então denominados orientadores e supervisores: coordenador pedagógico ou professor coordenador pedagógico. Apesar de que em algumas instituições ainda utilizam os termos supervisor, orientador ou inspetor (FERREIRA, 1998).

De acordo com Placco (2002), o trabalho desenvolvido atualmente pelo coordenador pedagógico, no passado era desenvolvido por mais de um profissional com terminologias diferentes, de acordo com cada contexto educacional. Outrora havia dois profissionais na escola: o supervisor e o orientador, cada um com atividades específicas quanto à sua função. O supervisor educacional assessorava

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

os professores e o orientador pedagógico auxiliava no atendimento aos estudantes. Essa divisão ainda ocorre em algumas escolas no país, mas não de forma generalizada, onde em muitos lugares há somente um profissional para exercer ambas as funções – o coordenador pedagógico.

FIGURA 29 - EQUIPE GESTORA E O COORDENADOR PEDAGÓGICO

FONTE: Disponível em: <http://escolaarmandocamposbelo.blogspot.com.br/2013/04/o-papel-do-coordenador-pedagogico.html>. Acesso em: 23 mar. 2017.

O coordenador pedagógico faz parte da equipe gestora da escola, com atribuições voltadas na perspectiva da participação dos professores e comunidade escolar (DOURADO, 2002).

Esse profissional tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática. Como nos fala Novoa (2001), “a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação”. Com esse pensamento ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos, assim o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto a motivar sua equipe. Dentro das diversas atribuições está o ato de acompanhar o trabalho docente, sendo responsável pelo elo de ligação entre os envolvidos na comunidade educacional. A questão do relacionamento entre o coordenador e o professor é um fator crucial para uma gestão democrática. Para que isso aconteça com estratégias bem formuladas o coordenador não pode perder seu foco (NOGUEIRA, 2008, p. 1).

Podemos afirmar que a atuação do coordenador pedagógico se constitui de forma ampla, envolvendo diversas questões. Vasconcellos (2006, p. 84) aponta alguns eixos do trabalho desenvolvido pelo coordenador, quanto ao “currículo,

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TÓPICO 4 | COORDENADOR PEDAGÓGICO

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construção do conhecimento, aprendizagem, relações interpessoais, ética, disciplina, avaliação da aprendizagem, relacionamento com a comunidade, recursos didáticos”.

Para Nogueira (2008), o coordenador pedagógico necessita desenvolver ações de parceria com os demais profissionais. Somente desenvolvendo as relações interpessoais positivas, conseguirá assessorar o trabalho pedagógico. Há necessidade de o coordenador pedagógico compreender os desafios atuais que a escola enfrenta, “a complexidade da sociedade e do conhecimento, as recentes reformas educacionais, os problemas e as contradições da escola e da prática escolar, ao lado das mudanças do perfil e das necessidades dos alunos e da formação precária e inadequada dos educadores” (PLACCO, 2002, p. 97). Além das mudanças sociais constantes que o mundo globalizado vivencia, juntamente com as novas tecnologias de informação e redes corporativas.

O coordenador pedagógico, na definição de sua função, enfrenta alguns desafios para construir sua identidade profissional. Mesmo assim, necessita buscar sua identidade de atuação que transcende somente o trabalho na dimensão pedagógica. Grinspun (2003, p. 31) infere que o coordenador pedagógico “possui caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de uma educação de qualidade nas escolas”. Infere ações que abrangem várias questões relacionadas aos trabalhos desenvolvidos na escola, juntamente com as interações que dispõem aos diversos atores educacionais.

FIGURA 30 - ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO

FONTE: A autora

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Como podemos constatar no organograma, atualmente, o trabalho desenvolvido pelo coordenador pedagógico consiste numa ação complexa no ambiente escolar, resolve problemas emergenciais de vários âmbitos, atua nas dificuldades de relacionamento e aprendizagem dos estudantes, e ainda necessita auxiliar na formação dos professores (AUGUSTO, 2006). Desta forma, o coordenador pedagógico assume a função de um profissional de apoio para auxiliar o desenvolvimento das seguintes ações, segundo Vasconcellos (2006):

• Acolher o professor em sua realidade, em suas angústias; dar “colo”: reconhecimento das necessidades e dificuldades. A atitude de acolhimento é fundamental também como uma aprendizagem do professor em relação ao trabalho que deve fazer com os alunos.

• Fazer a crítica dos acontecimentos, ajudando a compreender a própria participação do professor no problema, a perceber as suas contradições (e não as acobertar).

• Trabalhar em cima de ideias de processo de transformação.

• Buscar caminhos alternativos, fornecer materiais, provocar para o avanço.

• Acompanhar a caminhada no seu conjunto, nas suas várias dimensões.

Para conseguir exercer seus trabalhos com qualidade educacional, o coordenador necessita desenvolver uma relação de parceria junto à equipe pedagógica. Precisa realizar um diagnóstico para identificar a realidade de sua comunidade, para conseguir propor um atendimento que auxilie os estudantes e professores no processo educativo. Sua ação precisa ser diagnóstica e investigativa, considerando o contexto social, cultural e histórico da comunidade escolar (LIBÂNEO, 2001).

3 ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA FORMAÇÃO CONTINUADA

O coordenador pedagógico também responde pelos processos de formação continuada e pelas orientações quanto às concepções de teoria e prática dos professores, desenvolvidos no contexto educacional. Sua atuação perpassa em direcionar as ações pedagógicas, atuando de modo a suscitar por transformações no cotidiano escolar, por formações em serviço para os professores e no acompanhamento aos recém-graduados. O coordenador pedagógico precisa articular e mediar ações para a formação continuada dos professores considerando as novas formulações educacionais, incluindo as legislações (OLIVEIRA, 2009).

No desenvolvimento dos trabalhos de formação continuada, o coordenador necessita respeitar a individualidade e os saberes de cada professor, incluindo a diversidade de posicionamentos que acabam surgindo nas discussões sobre os temas de estudo. No desenvolvimento das habilidades necessárias para os momentos de formação continuada, o coordenador precisa buscar formas de atualização, capacitação e formação permanente.

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FIGURA 31 - COORDENADOR PEDAGÓGICO E A FORMAÇÃO CONTINUADA

FONTE: Disponível em: <http://estrategia-e-resultado.com/cursos/formacao-pedagogica/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

O coordenador precisa considerar o contexto de totalidade, coletividade e complexidade da equipe pedagógica para conseguir desenvolver um trabalho promissor. Deve considerar que não há um manual de instrução pronto, mas alternativas centradas no constante processo de ação-reflexão-ação, ou seja, na atuação, depois um momento de reflexão para ponderar sobre os fatos, resultados, relatos e dúvidas dos professores, para depois repensar outros passos de ações. Esse movimento ocorre continuamente e oferece suporte para que o trabalho do coordenador se baseie numa ação refletida.

Para o desenvolvimento das ações do coordenador, há necessidade de considerar alguns aspectos, de acordo com Lima e Santos (2007):

• O conhecimento e a experiência pedagógica dos professores.

• O princípio da “construção coletiva”, considerando as diferenças e tensões existentes entre todos aqueles que convivem na instituição, compreendendo que as situações vividas ocorrem num tempo de longa duração, bem como as histórias de vida de cada professor.

• Uma metodologia de trabalho que possibilite aos professores e aos coordenadores atuarem como protagonistas, sujeitos ativos no processo de identificação, análise e reflexão acerca dos problemas existentes na instituição e na elaboração de propostas para sua superação.

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FIGURA 32 - ETAPAS DO TRABALHO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

FONTE: Lima e Santos (2007)

Como podemos observar, o coordenador pedagógico, segundo Lima e Santos (2007, p. 87), no exercício de sua função junto à equipe pedagógica, necessita ter a clareza sobre três etapas:

a) Compreensão da realidade da instituição. b) Análise das raízes dos problemas (compreendendo a realidade escolar).c) Elaboração e proposição de formas de intervenção de ação coletiva.

Exercer um trabalho baseado na diversidade, de forma democrática, com respeito, consciência e o comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo. Freire (1982) aponta que o coordenador pedagógico, primeiramente, consiste em um educador, com os saberes inerentes à profissão de professor. Desta forma, necessita de máxima atenção quanto aos aspectos de caráter pedagógico das relações que incidem nos processos de ensino e aprendizagem na escola. Somente assim conseguirá conduzir os professores a repensarem sobre suas práticas, resgatando a autonomia docente juntamente com o desenvolvimento do trabalho coletivo.

4 CONSELHO DE CLASSE: MOMENTO DE REFLEXÃO SOBRE AS AÇÕES EDUCATIVAS

Os primeiros conselhos de classe foram organizados na década de 1940, na França, com o objetivo de desenvolverem um trabalho interdisciplinar no contexto escolar. No Brasil, essa experiência foi trazida na década de 1950, no período do

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escolanovismo, tornando-se oficialmente uma prática escolar a partir da década de 1970. Os conselhos de classe passaram a constituir momentos ou instâncias avaliativas da aprendizagem dos alunos, normatizados pelos regimentos das instituições educacionais (ROCHA, 1989 apud DALBEN, 2010).

O conselho de classe consiste numa instância colegiada composta por professores de diversos componentes curriculares de uma mesma turma, em conjunto com a coordenação pedagógica, coordenadores de curso e representantes dos estudantes. De acordo com Pizoli (2009, p. 6914): “Para que o Conselho de Classe se aproxime da sua real função, que é proporcionar crescimento intelectual para os alunos com dificuldades, é necessário que a discussão esteja voltada para a avaliação do trabalho pedagógico, visando à recondução das ações pedagógicas de forma planejada”.

Desta forma, as discussões que nortearão os trabalhos desenvolvidos durante o conselho de classe devem pautar sobre a avaliação do trabalho pedagógico. Para tanto, há necessidade da participação de todos os membros presentes, pensando e discutindo sobre a recondução da prática educativa, indicando caminhos para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem para uma educação de qualidade. Sobre o Conselho de Classe, Dalben (2004, p. 16) aponta que “[...] guarda em si a responsabilidade de articular os diversos segmentos da escola e tem por objeto de estudo a avaliação da aprendizagem e do ensino, eixos centrais do trabalho escolar”, objetivos principais das instituições educacionais.

O Conselho de Classe consiste no órgão colegiado de gestão, como um espaço de avaliação dos alunos, do trabalho pedagógico e do desempenho da própria instituição educacional. A avaliação precisa se fundamentar numa concepção mediadora que está “[...] a serviço da aprendizagem do aluno, da formação, da promoção da cidadania” (HOFFMANN, 2001, p. 24). Ou seja, uma avaliação voltada para auxiliar os professores e os trabalhos desenvolvidos na escola, para a busca de melhorias do processo de ensino e aprendizagem. A partir das análises realizadas durante os Conselhos de Classe, por todos os envolvidos, consegue-se delimitar encaminhamentos visando à melhoria da prática pedagógica.

O Conselho de Classe pode servir como uma forma de diagnóstico para identificar as mudanças que se fazem necessárias, visando a melhoria nas institui-ções educacionais. Para Lora e Szymanski (2008, p. 2): “O Conselho de Classe temsido um instrumento de julgamento subjetivo do aluno, espaço em que se faz uma confirmação de impressões sobre os resultados obtidos por ele, deixando de lado outras questões pertinentes ao processo de ensino e aprendizagem”.

Desta forma, podemos analisar que o Conselho de Classe não configura um espaço para emissão de juízos de valor ou opiniões alheias, mas um momento voltado para a reflexão e discussão.

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FIGURA 33 - DIAGNÓSTICO DA TURMA

FONTE: Disponível em: <http://depositodocalvin.blogspot.com.br/2008/12/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

Observando a charge, percebemos que a professora substituta, ao iniciar seu trabalho com a turma, baseia-se em anotações realizadas pela professora anterior, inferindo pré-julgamentos sobre alguns estudantes da turma. Desta forma, ao longo dos nossos estudos podemos constatar que o objetivo do Conselho de Classe não sustenta o relato de estereótipos sobre o fracasso escolar de estudantes e professores, mas sim, em um espaço propício para repensar a organização do trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores, juntamente com os estudantes, norteados na proposta político-pedagógica da escola.

No Conselho de Classe, o estudante passa a ser sujeito do seu processo de aprendizagem, contribuindo com aspectos sobre seus entendimentos, representando a turma e abordando sobre questões indicadas no pré-conselho. O Conselho de Classe não consiste somente no momento da reunião onde os representantes da comunidade escolar se fazem presentes, para discutirem e organizarem encaminhamentos para os assuntos abordados, ou seja, o Conselho de Classe na gestão democrática reflete nas práticas desenvolvidas por processos de autorreflexão. Uma “consciência histórica gera compromisso, faz-nos agentes de nossa história. Os educadores que acreditam numa educação transformadora se comprometem e modificam as estruturas escolares, das quais o Conselho de Classe faz parte” (LORENZONI et al., 2010, p. 5).

Assim, Libâneo (2001, p. 303) aponta alguns aspectos que incidem sobre uma concepção ampliada do Conselho de Classe:

[...] instância que permite acompanhamento dos alunos, visando a um conhecimento mais minucioso da turma e de cada um e análise do desempenho do professor com base nos resultados alcançados. Tem a responsabilidade de formular propostas referentes à ação educativa, facilitar e ampliar as relações mútuas entre os professores, pais e alunos, e incentivar projetos de investigação.

Desta forma, pensando em um espaço para reunir pessoas com intenções de propor melhorias para as ações educativas, o Conselho de Classe participativo se constitui em algumas etapas.

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FIGURA 34 - ETAPAS QUE CONSTITUEM O CONSELHO DE CLASSE

FONTE: A autora

De acordo com o organograma, identificamos três etapas que constituem o Conselho de Classe: pré-conselho, conselho e pós-conselho. O pré-conselho consiste no diagnóstico, no levantamento de dados sobre o processo de ensino, realizado pelo professor regente da turma e/ou coordenador pedagógico. Para a realização dessa etapa, a equipe escolar pode organizar um instrumento para registro das considerações, informações que serão apontadas pela turma. Pizoli (2009) traz, como exemplo, algumas perguntas que podem ser utilizadas para o diagnóstico do pré-conselho:

Para os professores:

• Quais as dificuldades ou avanços com relação aos conteúdos?

• Quais mudanças são necessárias com relação aos processos metodológicos e recursos didáticos?

• Que critérios de avaliação e instrumentos diferenciados podem ser utilizados em consonância com a metodologia utilizada, número de avaliações e valor atribuído?

• Quais as novas intervenções pedagógicas ou recuperação de estudos (trabalhos feitos em grupo, pesquisas orientadas, entre outros) necessárias para a turma?

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Para os estudantes:

• Quais as dificuldades que a turma encontrou durante o bimestre/trimestre?

• Quais os conteúdos mais difíceis?

• Em quais aspectos a turma avançou?

• Que ações concretas a turma pode adotar para superar as dificuldades?

Segundo Brito (2015), no dia do Conselho de Classe, a reunião contará com a presença do diretor da escola, coordenador pedagógico, professores, alunos e pais. A coordenação pedagógica precisa organizar o calendário do Conselho de Classe na escola e a leitura do instrumento utilizado no pré-conselho, incorporando no documento o parecer de cada professor quanto às proposições levantadas.

O coordenador pedagógico deverá direcionar os trabalhos do Conselho de Classe, que buscará assegurar democraticamente espaços para o diálogo quanto às observações e proposições dos professores, alunos e pais, definindo critérios para o bom andamento do conselho. Atuará na deliberação das intervenções e encaminhamentos que serão adotados, sendo registrados no formato de ata, assinada por todos os participantes. Quando alguma situação necessitar, a coordenação pedagógica poderá reunir os professores em outro momento de reunião, para novos encaminhamentos a serem adotados pela escola, sendo registrados e assinados em ata, a qual deverá ser retomada no conselho subsequente (BRITO, 2015).

O pós-conselho será o momento de reflexão e autocrítica, em que a equipe pedagógica, a partir da análise das atas do conselho, pensará em como redimensionar a sua prática, considerando o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. As decisões sobre o que foi acordado no Conselho de Classe, referentes ao instrumento aplicado no pré-conselho, deverão ser comunicadas aos estudantes pela equipe gestora da escola (BRITO, 2015).

O Conselho de Classe consiste em um dos processos que compõem os trabalhos desenvolvidos na escola, mas não deve ser entendido apenas como uma exigência burocrática. Consiste no momento de reunião em que vários representantes da comunidade escolar se debruçam para garantir a qualidade da avaliação e do processo educativo. A necessidade de se cumprir com as etapas de forma eficaz e com seriedade evidencia um empenho didático-pedagógico, organização de gestão, concepções de avaliação e proposição de soluções baseadas no respeito e ética profissional.

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Questões sobre a organização do trabalho na escola

Selma Garrido Pimenta (Professora/Pesquisadora na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FEUSP)

O objetivo desta discussão é contribuir com supervisores de ensino, diretores de escola e professores na importante e urgente tarefa de construir um novo fazer da ação supervisora. Entendemos que este "novo" se volta no sentido de que a escola pública se qualifique cada vez mais na construção coletiva de seu Projeto Político-Pedagógico, cuja finalidade é formar no aluno o "novo cidadão".

O texto parte do entendimento de que os sistemas de ensino existem como instrumentos que garantem a continuidade da ação educativa sistematizada e de que, por isso, todas as suas ações têm como meta possibilitar que as escolas cumpram suas finalidades.

Iniciamos este trabalho explicitando o entendimento que temos de "novo cidadão" e como a Escola se coloca diante da exigência de formá-lo. Destacamos, a seguir, algumas questões sobre a organização do trabalho no seu interior, tais como o Projeto Político-Pedagógico, o trabalho coletivo, o conhecimento e as competências pedagógicas.

Por fim, discutimos algumas dificuldades e entraves a serem considerados.

Finalidade da Educação Escolar - O "Novo Cidadão"

Formar o novo cidadão (o cidadão necessário) no aluno significa formá-lo com capacidade para ter uma inserção social crítica/transformadora na sociedade em que vive, ou seja, a sociedade civilizada, fruto e obra do trabalho humano, cujo elevado progresso evidencia as riquezas que a condição humana pode desfrutar, revela-se também uma sociedade contraditória, em que grande parte dos seres humanos está à margem dessa riqueza, dos benefícios do progresso, da humanização, enfim. Assim, educar na Escola significa ao mesmo tempo preparar as crianças e os jovens para se elevarem no nível da civilização atual - da sua riqueza e dos seus problemas - para aí atuarem. Isto requer uma preparação científica, técnica e social.

Por isso, a finalidade da Escola é possibilitar que os alunos adquiram os conhecimentos da ciência e da tecnologia, desenvolvam as habilidades para operá-los, revê-los, transformá-los e redirecioná-los em sociedade e as atitudes sociais - cooperação, solidariedade, ética -, tendo sempre como horizonte colocar os avanços da civilização a serviço da humanização da sociedade.

Tarefa ampla, complexa e nova!, que requer que as escolas, os sistemas de ensino se direcionem, se organizem, se equipem para isso; revejam sua organização

LEITURA COMPLEMENTAR

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

e se organizem de um modo novo. Esse novo precisa ser construído a partir do já existente, pelos atores da Educação - os profissionais, os alunos, as famílias.

Para chegar à explicitação da nova organização é necessário que a Escola traduza para si, especifique e detalhe os avanços e os problemas da civilização atual - a riqueza e a miséria: a fome, a falta de moradia, de trabalho, a violência, a acumulação, a barbárie etc. Quais desafios a problemática da civilização coloca para a Escola, a fim de que esta forme o novo cidadão? Como a Escola vai traduzir no seu e pelo seu trabalho essa problemática? Estas são as questões fundamentais da nova organização do trabalho na Escola.

As escolas, partícipes da mesma problemática civilizatória, não são, entretanto, iguais. Por isso, não se trata de encontrar uma única forma nova de organizar o trabalho nela. É importante não nos embrenharmos por esse risco apriorístico essencialista de chegar-se a um modelo universal. Isto não dá conta dos novos problemas atuais. A história da Pedagogia já o demonstrou. No entanto, a história recente também nos mostra que é possível definirem-se alguns princípios norteadores para essa organização nova, sobre os quais já há certo consenso entre os educadores estudiosos do tema. São eles: o Projeto Político-Pedagógico, o trabalho coletivo e o conhecimento da ciência pedagógica.

O Projeto Político-Pedagógico

O Projeto Político-Pedagógico resulta da construção coletiva dos atores da educação escolar. Ele é a tradução que a Escola faz de suas finalidades, a partir das necessidades que lhe estão colocadas, com o pessoal - professores/alunos/equipe pedagógica/pais - e com os recursos de que dispõe.

Esses elementos todos são mutáveis, modificam-se de ano para ano, no mesmo ano; de escola para escola, na mesma escola.

Por isso, o projeto não está pronto, mas em construção. Nele, a equipe vai depurando, explicitando, detalhando a inserção dessa Escola na transformação social.

O Projeto Político-Pedagógico ganha consistência e solidez à medida que vai captando sistematicamente a realidade na qual se insere. Daí ser a realizaçãocontínua de diagnósticos dessa realidade um instrumental importantíssimo nes-sa construção. Diagnóstico aberto, que não se cristaliza e que não se encerra naconstatação da realidade, mas que a lê e a interpreta - o que supõe conhecimento/posicionamento teórico/prático da equipe. Esse trabalho com o diagnóstico - os dados - será definidor/redefinidor do conteúdo/forma do Projeto Político-Pedagógico da Escola.

O Trabalho Coletivo

O resultado que a Escola pretende - contribuir para o processo de humanização do aluno-cidadão consciente de si no mundo, capaz de ler e interpretar o mundo no qual está e nele inserir-se criticamente para transformá-

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TÓPICO 4 | COORDENADOR PEDAGÓGICO

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lo - não se consegue pelo trabalho parcelado e fragmentado da equipe escolar - à semelhança da produção de um carro, onde um grupo de operários aperta, cada um, um parafuso, sempre da mesma maneira, conforme o que foi concluído fora da linha de montagem -, mas sim com o trabalho coletivo. Neste há a contribuição de todos no todo e de todos no de cada um. A especialização de um não é somada à especialização de outro, mas ela colabora com e se nutre da especialização do outro, visando-a por causa de finalidades comuns.

O trabalho coletivo tem sido apontado por pesquisadores e estudiosos como o caminho mais profícuo para o alcance das novas finalidades da educação escolar, porque a natureza do trabalho na Escola - que é a produção do humano - é diferente da natureza do trabalho em geral na produção de outros produtos.

No entanto, reconhece-se, de um lado, que o trabalho coletivo não é tarefa simples, uma vez que a Humanidade, durante séculos e séculos em sua história, acostumou-se a formas de vida individualistas. De outro lado, o coletivo carrega uma contradição que precisa ser explorada. Forjada no modo de produção capitalista, a cooperação - inerente ao coletivo - é, conforme Hypolito (1991, p. 18), fundamental para que o trabalho da Escola se realize de acordo com os objetivos, "(...) mas esta realidade é contraditória, pois se a cooperação pode ser um fator de estabilidade para o poder, ao mesmo tempo a reunião dos trabalhadores coletivos possibilita uma unidade de interesses e favorece formas de resistência à dominação".

Complexidade da Organização Escolar

A(s) escola(s) é(são) múltipla(s), conjuntos, sistemas - o que requer competências administrativas para traduzir essa complexidade dos sistemas em benefício ao atendimento da finalidade que a Escola tem. Contudo, a Escola em si é complexa. A finalidade que busca não é simples de ser conseguida. Precisa da contribuição de vários profissionais especializados - professores/equipe pedagógica/direção/coordenação/orientação/equipe de apoio. A organização da Escola é competência de todos - dentro e fora da sala de aula.

A sala de aula é determinada pelo que a circunda para além de suas paredes - e, em certa medida, interfere para além de suas paredes. Como é durante a aula que se dá a essência da educação escolar, é para ela que devem convergir as várias competências dos profissionais da Escola - o que não significa que todos atuarão na sala de aula!; o que não significa, também, que nela só atuam os professores!; o que não significa, também, que os professores só atuam ali!; nem que as equipes pedagógicas e de apoio só atuam fora dali!; nem que aí só elas atuam.

Enfim, a organização da Escola é coletiva - requer o concurso de especialistas que atuem coletivamente.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

A Ciência Pedagógica - Professores e Pedagogos

Com Suchodolski (1979, p. 477), afirmamos que:

o conhecimento da ciência pedagógica é imprescindível, não porque esta contenha diretrizes concretas válidas para hoje e para amanhã; mas porque permite realizar uma autêntica análise crítica da cultura pedagógica, o que facilita ao professor debruçar-se sobre as dificuldades concretas que encontra em seu trabalho, bem como superá-las de maneira criadora.

Entendendo-a como não exclusiva de pedagogos, é possível afirmar que é tarefa da equipe pedagógica trazer a ciência pedagógica para o trabalho coletivo. Entendendo, ainda, que o coletivo não significa "todos fazerem a mesma coisa", é possível identificar competências específicas da equipe pedagógica: a administração e a coordenação pedagógica de curso, período, turmas, áreas, projetos etc. É interessante observar que, colocadas nesta sequência, as tarefas de coordenação evidenciam a possibilidade de algumas delas serem desempenhadas por pedagogos - coordenação de curso, de períodos - e outras por professores - coordenação de turmas, período, áreas. Já a coordenação de projetos não é possível ser estabelecida a priori; ela depende do projeto.

Entendendo, ainda, que os conhecimentos pedagógicos têm sido desenvolvidos explícita, intencional e sistematicamente nos cursos de Pedagogia que formam pedagogos, a presença destes na Escola é imprescindível como forma de trazer os conhecimentos pedagógicos necessários para a Escola. Seja nas tarefas de administração – entendida como organização racional do processo de ensino e garantia da perpetuação deste nos sistemas, de forma a consolidar um Projeto Político-Pedagógico de Educação Escolar -, seja nas tarefas que colaborem com os professores no ato de ensinar de modo que os alunos aprendam.

Traduzindo as Competências da Equipe Pedagógica

Retornando às finalidades da educação escolar, explicitadas no item Finalidade da Educação Escolar - O "Novo Cidadão", vamos dizer que o eixo central articulador do trabalho coletivo da equipe escolar é traduzir os conhecimentos, as habilidades e as atividades necessários à formação do novo cidadão. Portanto, a consecução do Projeto Político-Pedagógico precisa ser planejada, organizada, explicitando-se contínua e sistematicamente o quê - os conteúdos do trabalho escolar -, o porquê - a quais necessidades se articulam -, como fazer - projetos, cursos etc. -, quem faz - as responsabilidades, as competências -, quando, como etc. É trabalho para muitos.

Vejamos algumas tarefas pelas quais a equipe pedagógica pode ser responsabilizada:

• Coordenar e subsidiar a elaboração dos diagnósticos da realidade escolar nos vários níveis.

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TÓPICO 4 | COORDENADOR PEDAGÓGICO

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• Coordenar e subsidiar a elaboração, execução e avaliação do planejamento: plano da Escola; planos de cursos, de turmas, de ensino etc.

• Incentivar e prover condições para a elaboração de projetos de alfabetização, leitura, visitas, estudo de apoio, orientação profissional, saúde e higiene, informática, ética etc.

• Compor turmas e horários, com critérios que favoreçam o ensino e a aprendizagem.

• Capacitar em serviço.

• Fornecer assistência didático-pedagógica constante.

• Assegurar horários para reuniões coletivas, planejá-las, coordená-las, avaliá-las etc.

• Definir claramente, quanto às reuniões com pais, em que a presença destes é importante na construção do Projeto Político-Pedagógico, traduzindo essa participação.

• Promover a articulação orgânica das disciplinas.

• Acompanhar o rendimento escolar dos alunos.

• Prever formas de suprir possível defasagem no rendimento escolar do aluno.

• Propiciar trabalho conjunto por áreas, por séries etc., para analisar, discutir, estudar, atualizar, aperfeiçoar as questões pertinentes às áreas, às séries e ao processo ensino-aprendizagem.

• Promover a integração de professores novos na Escola.

• Pesquisar causas de evasão, repetência e outras. Enfim, há muito o que fazer. Nesta tentativa de traduzir a competência da

equipe pedagógica, fica claramente evidenciado o significado de trabalho coletivo na Escola - não é possível trabalhar fragmentadamente o objeto do trabalho da Escola, não dá e não é desejável estabelecer fronteiras claramente delimitadas sobre o que compete a quem, mas dá para identificar claramente que este trabalho precisa de competências específicas.

Dificuldades e Entraves

Sem pretender esgotá-las, é possível apontar algumas dificuldades para a acentuação coletiva do Projeto Político-Pedagógico da Escola. Identificar as dificuldades não significa parar nelas, mas mapeá-las para vermos com clareza as formas de superá-las.

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UNIDADE 2 | PROTAGONISTAS QUE ATUAM NA GESTÃO EDUCACIONAL

Uma primeira dificuldade refere-se à formação dos profissionais da Escola. Amplamente analisada como precária - e até inexistente -, a formação também tem sido apontada como insuficiente, porque não formou o novo profissional para construir o novo.

Não se trata de mandar os profissionais de volta para a Faculdade, nem de esperar que esta se modifique para fazer "o novo". Trata-se de retomar a Faculdade - os conhecimentos, a formação que trabalhou - e confrontá-la com as necessidades que o novo coloca. Aí, garimpar o aproveitável, fortalecê-lo e ampliá-lo, por meio da atualização - cursos, bibliografia, estudos, troca e crítica de experiências etc.

Uma segunda ordem de dificuldades diz respeito ao institucional/cultural - sociedade competitiva, eivada de autoritarismo, de individualismo. Como fazer diferente se somos marcados por isso tudo? Parece-me que não somos pura e simplesmente a reprodução mecânica do que fizeram conosco. Ou somos?

Outra ordem de dificuldades concerne aos aspectos pessoais: as convicções e ideologias arraigadas e cristalizadas; o mito do sucesso pessoal a qualquer preço; a timidez, a falta de arrojo e de coragem para empunhar bandeiras e lutar por elas...

Todas essas dificuldades são passíveis de serem superadas. A realidade de nossas escolas está mostrando que sim, mas não sem sofrimento e luta.

FONTE: Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_16_p078-083_c.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2017.

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RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• A função de coordenador pedagógico advém da supervisão pedagógica, surgindo nas habilitações do curso de Pedagogia, mediante a promulgação da LDB nº 9.394/96.

• O coordenador pedagógico faz parte da equipe gestora da escola, com atribuições voltadas na perspectiva da participação dos professores e comunidade escolar.

• O coordenador pedagógico, na definição de sua função, enfrenta alguns desafios para construir sua identidade profissional. Mesmo assim, necessita buscar sua identidade de atuação que transcende somente o trabalho na dimensão pedagógica.

• Para conseguir exercer seus trabalhos com qualidade educacional, o coordenador necessita desenvolver uma relação de parceria junto à equipe pedagógica. Precisa realizar um diagnóstico para identificar a realidade de sua comunidade, para conseguir propor um atendimento que auxilie os estudantes e professores no processo educativo.

• O coordenador pedagógico também responde pelos processos de formação continuada e pelas orientações quanto às concepções de teoria e prática dos professores, desenvolvidos no contexto educacional.

• O coordenador pedagógico deverá direcionar os trabalhos do Conselho de Classe, que buscará assegurar democraticamente espaços para o diálogo quanto às observações e proposições dos professores, alunos e pais, definindo critérios para o bom andamento do conselho.

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1 O coordenador pedagógico necessita desenvolver um trabalho baseado na diversidade, de forma democrática e o comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo. Desta forma, reflita sobre as etapas de atuação do coordenador pedagógico junto à sua equipe de trabalho na escola, e assinale a alternativa correta:

a) ( ) Compreensão, análise e intervenção de ação coletiva de acordo com a realidade da escola.b) ( ) Investigação e estruturação das ações que todos os envolvidos deverão cumprir na escola.c) ( ) Inspeção, diagnóstico e organização das metas que os professores deverão assumir na escola.d) ( ) Investigação, compreensão e elaboração de planos de ação para a comunidade escolar.

2 O coordenador pedagógico faz parte da equipe gestora da escola, com atribuições específicas diferenciadas do diretor da escola. Analise sobre os campos de atuação do coordenador pedagógico e assinale V para Verdadeiro e F para Falso nas alternativas:

( ) Atua auxiliando nas dificuldades de relacionamento dos estudantes.( ) Age assessorando o diretor da escola na organização financeira.( ) Auxilia nas dificuldades de aprendizagem dos estudantes.( ) Organiza os processos de formação continuada dos professores.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) V, F, V, Vb) ( ) F, F, V, Vc) ( ) F, V, V, Fd) ( ) V, F, V, F

3 O Conselho de Classe consiste no órgão colegiado de gestão, no espaço onde diversos representantes repensam sobre a avaliação dos alunos, do trabalho pedagógico e do desempenho da própria instituição educacional. Reflita e descreva as características que conceituam as três etapas do Conselho de Classe: pré-conselho, conselho e pós-conselho.

AUTOATIVIDADE

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4 (ENADE - PEDAGOGIA, 2011) Na sociedade atual, o pedagogo, ao organizar e/ou mediar o planejamento das ações pedagógicas nas instituições de ensino, seja na gestão administrativa escolar, na coordenação, supervisão, orientação educacional ou na docência, deve promover ações que contemplem as discussões propostas pelos Temas Transversais, devido à sua relevância na vida social dos sujeitos.

Esse papel do pedagogo, no planejamento, justifica-se por:

a) ( ) Contribuir para a manutenção dos objetivos e conteúdos que compõem o currículo. b) ( ) Promover a cooperação institucional, por meio de parcerias e programas que apoiam propostas pedagógicas que atendem à realidade. c) ( ) Utilizar estratégias pedagógicas centradas em um currículo disciplinar e homogeneizante, que desconsidera as relações entre as diversas áreas do conhecimento. d) ( ) Priorizar as peculiaridades regionais em detrimento de uma cultura nacional, elaborando e implementando projetos, cujos temas transversais foram previamente definidos pela direção da escola. e) ( ) Estabelecer objetivos pedagógicos e orientações didáticas capazes de desenvolver atitudes e valores que transcendam o âmbito específico das disciplinas, com a finalidade de promover a formação crítica e reflexiva do cidadão.

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UNIDADE 3

GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender como ocorre o processo de financiamento da educação na-cional no país;

• entender a importância da constituição e organização dos Conselhos Esco-lares na escola;

• compreender a organização e construção do Projeto Político-Pedagógico e sua importância nos trabalhos desenvolvidos na escola;

• perceber a importância da elaboração do Regimento Escolar como docu-mento legislador das ações educativas na escola.

Esta unidade está organizada em três tópicos. Ao final de cada um deles você encontrará atividades que lhe darão uma maior compreensão dos temas abordados.

TÓPICO 1 - FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

TÓPICO 2 - CONSELHOS ESCOLARES - UMA ORGANIZAÇÃO DE GESTÃO

TÓPICO 3 - PDE - PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA -, O PRO-JETO POLÍTICO - PEDAGÓGICO E O REGIMENTO ESCOLAR

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TÓPICO 1

FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO

NACIONAL

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, estudaremos sobre o processo de financiamento da educação nacional para que você compreenda como o governo organiza as finanças e investe no ensino público. A função de gestão escolar requer alguns conhecimentos particulares para o exercício com responsabilidade e compromisso, incluindo os conhecimentos sobre os processos que envolvem o uso dos recursos financeiros na escola. Nesse sentido, o gestor escolar assinará os documentos e responderá junto ao órgão mantenedor por todas as ações e operações que envolvem a aplicação do dinheiro público.

Nessas condições, destinamos um espaço para explicarmos o conceito, a aplicação e organização da lei orçamentária, com conhecimentos sobre a receita e despesas. São termos que acompanham o exercício da função do gestor escolar, quando precisa prestar contas da situação financeira da escola.

Para compreendermos como ocorrem as relações entre as instâncias governamentais, uso do dinheiro recolhido por meio dos impostos e a parte destinada para investimento na educação, estudaremos sobre o regime de colaboração que abarca os entes federados: União, estado e município. Outro tema importante que será contemplado neste tópico diz respeito ao PDDE - Dinheiro Direto na Escola, que incide na organização e planejamento financeiro do gestor escolar juntamente com sua equipe pedagógica.

2 A LEI ORÇAMENTÁRIA: RECEITA E DESPESAS NACIONAIS

A Lei de Diretrizes e Bases de 1996 preconiza sobre os níveis e modalidades que estruturam a educação nacional, organização do sistema de ensino, competências dos entes federados, direitos e deveres dos profissionais e as formas do seu financiamento. Desta forma, o artigo 21 da LDB/96 aponta sobre a constituição da educação básica, que compreende a Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e as modalidades de educação organizadas no país.

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

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QUADRO 05 - ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Níveis e Etapas Duração Faixa Etária

Educação Básica

Educação Infantil Creche 3 anos De 0 a 3 anosPré-escola 2 anos De 4 a 5 anos

Ensino fundamental (obrigatório) 9 anos De 6 a 14 anosEnsino médio 3 anos De 15 a 17 anos

EducaçãoSuperior

Cursos e programas (graduação, pós-graduação) por área

Variável Acima de 17 anos

FONTE: Dourado (2006, p. 20)

Podemos observar no quadro como se estrutura a organização dos diversos níveis e etapas que constituem a educação no Brasil, mais precisamente quanto à educação básica, com as modalidades que compreendem a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e Ensino Médio. Assim, observamos no quadro os dados que apontam sobre os níveis, duração e faixa etária, compreendendo o período de 0 a 17 anos a frequência das crianças e adolescentes na educação básica.

Apresentamos outro quadro que aponta as especificidades das responsabilidades de cada ente federado sobre a educação básica no país, observe:

QUADRO 06 - RESPONSABILIDADES ENTRE OS ENTES FEDERADOS

União Estados Municípios• Coordenar a Política Na-cional de Educação.• Exercer função normativa,redistributiva e supletiva emrelação às demais instân-cias educacionais.• Elaborar Plano Nacional de Educação.• Organizar, manter e de-senvolver os órgãos e ins-tituições oficiais do sistema federal de ensino e dos ter-ritórios.• Elaborar as diretrizes cur-riculares para a educação básica.• Coletar, analisar e disse-minar informação sobre a educação.• Avaliar a educação nacio-nal em todos os níveis.• Normatizar os cursos degraduação e pós-graduação.

• Organizar, manter e de-senvolver órgãos e insti-tuições oficiais dos seus sistemas de ensino.• Definir, com os municí-pios, formas de colabora-ção na oferta do ensino fundamental.• Elaborar e executar polí-ticas e planos educacionais,em consonância com as di-retrizes e planos nacionais de educação.• Autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os cursos das ins-tituições de educação su-perior e os estabelecimen-tos do seu sistema de ensino.• Baixar normas suplemen-tares para o seu sistema de ensino.

• Organizar, manter e de-senvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino.• Exercer ação redistribu-tiva em relação as suas escolas.• Autorizar, credenciar e supervisionar os estabele-cimentos do seu sistema de ensino.• Oferecer a educação in-fantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental.

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TÓPICO 1 | FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

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• Avaliar as instituições de ensino superior.• Autorizar, reconhecer, cre-denciar, supervisionar e ava-liar os cursos das institui-ções de educação superior e os estabelecimentos de ensino.

• Assegurar o ensino fun-damental e oferecer, comprioridade, o ensino médio.

FONTE: Dourado (2006, p. 21)

Como podemos observar, há responsabilidades próprias para cada nível que compõe a federação: União, estados e municípios. As obrigações dizem respeito à oferta de vagas para as modalidades de educação sob sua responsabilidade, considerando os diferentes níveis, sendo que deverão, em regime de colaboração, organizar seus sistemas de ensino. Cabe aos municípios a oferta e manutenção da educação prioritariamente na modalidade da Educação Infantil e Ensino Fundamental, aos estados assegurar a demanda para o Ensino Fundamental e prioritariamente o Ensino Médio. Ao Distrito Federal, um destaque especial, porque abrangerá a oferta da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Quanto à União, a LDB aponta como responsabilidade a organização do sistema de educação superior e apoio técnico e financeiro aos outros federados (DOURADO, 2006).

FIGURA 35 - SISTEMA FINANCEIRO BRASILEIRO

FONTE: Disponível em: <http://www.empresasdesucessos.com/2012/10/sistema-financeiro-brasileiro.html>. Acesso em: mar. 2017.

A estrutura financeira da União compreende o orçamento ou planejamento, uma lei que orienta o cumprimento dos planos governamentais no país. A lei orçamentária prevê as receitas e despesas públicas que são utilizadas a cada ano, ou seja, no orçamento que cada federado apresenta anualmente deve considerar

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

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as fontes de receitas destinadas à educação, gastos referentes a material, serviços, obras, equipamentos, pessoal contratado e outros. As receitas e despesas são classificadas por meio de códigos padronizados em nível nacional, de acordo com a Lei nº 4.320/64, juntamente com as tabelas aprovadas nas portarias do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (DOURADO, 2006).

A receita pública compõe o conjunto de recursos econômicos e financeiros que são previstos no orçamento de cada ente federado e arrecadado para orientar suas despesas. As receitas são divididas, de acordo com a Lei nº 4.320/64, em dois grupos: receitas correntes e de capital.

QUADRO 07 - ORGANIZAÇÃO DA RECEITA PÚBLICA

Receita públicaReceitas correntes Receitas de capital

1. Receita tributária.• Impostos• taxas• contribuições de melhoria.2. Receita de contribuições.3. Receita patrimonial.4. Receita industrial.5. Receita agropecuária.6. Receita de serviços.7. Transferências correntes.8. Outras receitas correntes.

1. Operações de crédito.2. Alienação de bens.3. Amortizações de empréstimos.4. Transferências de capital.5. Outras receitas de capital.

FONTE: Dourado (2006, p. 30)

No quadro, observamos as competências destinadas a cada tipo de receita, seja corrente ou de capital. No exercício das funções que compreendem a gestão educacional, algumas ações desenvolvidas no cotidiano da escola necessitarão de conhecimentos sobre o uso dos recursos públicos. Assim, continuamos nossos estudos sobre o assunto!

A despesa referente à lei orçamentária consiste nos gastos de dinheiro utilizado pelo governo ou administrador, gestor, na utilização das ações administrativas ou governamentais. A despesa pública consiste em qualquer desembolso oriundo da administração pública, baseada na legislação financeira, licitatória e orçamentária, subordinada à classificação e limites dos créditos orçamentários, para realizar as competências de sua responsabilidade preconizadas na Constituição (DOURADO, 2006).

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TÓPICO 1 | FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

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Despesas públicasDespesas correntes Despesas de capital

Despesas de custeio:Pessoal.Material de consumo.Serviços de terceiros e encargos.

Transferências correntes:Transferências intragovernamentais.Transferências intergovernamentais.Transferências a instituições privadas.Transferências ao exterior.Transferências a pessoas.Encargos da dívida interna.Encargos da dívida externa.Contribuições para formação do patrimônio do Servidor Público – Pasep.Diversas transferências correntes.

InvestimentosObras e instalações.Equipamentos e material permanente.Investimentos em regime de execução especial.Diversos investimentos.Inversões financeiras.Aquisições de imóveis.Aquisição de outros bens de capital já em utilização.Aquisição de bens para revenda.Aquisição de títulos de crédito.Aquisição de títulos representativos de capital já integralizado.Constituição ou aumento de capital de empresas comerciais ou financeiras.Concessão de empréstimos.Depósitos compulsórios.Diversas inversões financeiras.

Transferência de capital:Transferências intragovernamentais.Transferências intergovernamentais.Transferências a instituições privadas.Transferências ao exterior.Amortização da dívida interna.Amortização da dívida externa.Diferença de câmbio.Diversas transferências de capital.

QUADRO 08 - CLASSIFICAÇÃO DAS DESPESAS PÚBLICAS

FONTE: Dourado (2006, p. 29)

Os dados apontados no quadro nos informam sobre a classificação das despesas públicas de acordo com cada tipo: correntes e de capital. Vamos entender o conceito de cada tipo de despesa!

As despesas correntes são de responsabilidade da administração pública para promover a execução e manutenção da ação governamental em relação às despesas de custeio e transferências correntes. As despesas de capital se destinam a compor um bem capital ou adicionar valor a um já existente, ou transferir por meio de aquisição alguma propriedade entre entidades do setor público, ou ainda do setor privado para o público, todas essas ações são organizadas pela administração pública (DOURADO, 2006).

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

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3 REGIME DE COLABORAÇÃO ENTRE OS ENTES FEDERADOS

A responsabilidade do cálculo da receita pública arrecadada e das despesas organizadas pela administração refletem no planejamento das ações voltadas para a organização da educação. Desta forma, a gestão dos entes federados necessita realizar de forma coerente, comprometida e com responsabilidade o planejamento e as ações que envolverão a aplicação da verba pública.

FIGURA 36 - RELAÇÃO ENTRE A UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO

FONTE: Disponível em: <https://eleicoes.uol.com.br/2014/album/2014/08/23/municipio-estado-ou-uniao-veja-a-responsabilidades-de-cada-um.htm>. Acesso em: 23 mar. 2017.

A Constituição de 1988 preconiza a educação como direito de cidadania e confere a cada ente federado a responsabilidade de oferta, organização dos recursos específicos para aplicar na Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE). A LDB de 1996 e a Constituição de 1988 apontam para a integração, colaboração e responsabilidades entre os entes governamentais em relação à educação (DOURADO, 2006).

QUADRO 09 - REGIME DE COLABORAÇÃO FINANCEIRA

Ente Federado LDB/ 96 Constituição Federal/ 88

União

Prestar assistência técnica efinanceira aos estados, ao Dis-trito Federal e aos municípios para o desenvolvimento de seussistemas de ensino e o aten-dimento prioritário à escola-ridade obrigatória, exercendosua função redistributiva e supletiva (Art. 9, inciso III).

A União organizará o sistemafederal de ensino e o dos territórios, financiará as insti-tuições de ensino públicas federais e exercerá, em maté-ria educacional, função redis-tributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de opor-tunidades educacionais e padrão

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TÓPICO 1 | FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

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mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios (Art. 211, § 1º, Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996).

Estados, municípios e Distrito Federal

Definir, com os municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do poder público (Art. 10, inciso II).

A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os estados, o Distrito Federal e os municípios, vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino (Art. 212).

FONTE: Dourado (2006, p. 34)

Os dados nos apontam que os recursos para a MDE se encontram vinculados constitucionalmente na receita dos impostos. Caberá à União a responsabilidade de organizar os sistemas de ensino no território nacional, garantindo os padrões mínimos de qualidade do ensino e subsidiando os recursos financeiros. Desta forma, a receita consiste no conjunto de rendimentos de um estado ou entidade, destinados a custear os gastos necessários para sua manutenção (DOURADO, 2006).

4 PDDE - DINHEIRO DIRETO NA ESCOLA

O programa do PDDE iniciou em 1995, sob a organização do governo federal, e apresentava na época a denominação de Programa de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (PMDF). Em 1998 foi alterado para Programa Dinheiro Direto na Escola, sendo responsabilidade do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por meio da Medida Provisória nº 1784, de 14 de dezembro de 1998. Com a finalidade de descentralização da organização dos recursos federais destinados ao Ensino Fundamental, contribuindo para o exercício da cidadania (BRASIL, 1995).

Por meio do PDDE, os recursos financeiros são repassados para as escolas, destinados ao pagamento das despesas de custeio, manutenção e pequenos investimentos. Podem ser aplicados na melhoria das condições físicas, como a manutenção do prédio escolar, aquisição de materiais, e também em investimentos no âmbito pedagógico, como capacitações e aperfeiçoamento dos profissionais da educação (BRASIL, 1995).

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

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FIGURA 37 - RECURSOS DO FNDE

FONTE: Disponível em: <http://sofatima.net/blog/2013/09/26/prefeituras-de-antas-e-coronel-joao-sao-recursos-do-fnde-sao-bloqueados/>. Acesso em: 25 mar. 2017.

A cada ano o FNDE repassa os recursos financeiros para que as escolas invistam no que julgarem necessário. A forma de aquisição do valor consiste no crédito em dinheiro na conta bancária da Unidade Executora, organizada legalmente nas escolas. As Unidades Executoras consistem em entidades de direito privado, sem fins lucrativos que representam a unidade escolar, são responsáveis pelo recebimento e organização dos recursos financeiros advindos do FNDE (BRASIL, 1997b). Mais precisamente: “A função das UEX é administrar bem como receber, executar e prestar conta dos recursos transferidos por órgãos federais, estaduais, municipais, privados, doados, ou os recursos provenientes de campanhas escolares, advindos da comunidade ou de entidades beneficentes, bem como fomentar as atividades pedagógicas da escola” (BRASIL, 1997a, p. 11).

Neste sentido, as Unidades Executoras compõem um grupo de pessoas responsáveis por administrar os recursos financeiros encaminhados para a escola. Assim, em todo o território nacional as Unidades Executoras existem com outras denominações, variando conforme as regiões do Brasil, consideradas como Caixa Escolar, Cooperativa Escolar, Associação de Pais e Professores, Associação de Pais e Mestres, Círculo de Pais e Mestres (BRASIL, 1997b). Diferente dos Conselhos Escolares, que atuam diretamente nos aspectos administrativos e pedagógicos na escola.

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TÓPICO 1 | FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

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A unidade escolar deverá organizar uma prestação de contas para justificar o investimento dos recursos recebidos, seguindo alguns trâmites legais (BRASIL, 2005).

1. As escolas públicas encaminham as prestações de contas para os órgãos mantenedores, que podem ser municipais, estaduais ou federal, prestando conta do uso dos recursos financeiros. A prestação de contas consiste na organização da documentação sistematizada, com informações sobre os balanços financeiros e orçamentários. O Conselho Escolar deve acompanhar, avaliar e participar nas definições do plano de aplicação na escola, sobre os recursos financeiros administrados pela gestão escolar.

2. Os órgãos mantenedores, após receberem a prestação de contas, deverão analisar, prestar contas ao FNDE sobre os recursos encaminhados às escolas que não possuem uma Unidade Executora, consolidar e emitir parecer concluindo todo o processo da prestação de contas, encaminhando o relatório ao FNDE sempre até o dia 28 de fevereiro do ano subsequente ao do repasse.

A prestação de contas consiste numa forma transparente de a escola e o Conselho Escolar apresentarem à comunidade o destino dos recursos financeiros que são repassados para a educação. Desse modo, a organização da prestação de contas deve ser realizada de forma correta e responsável, sendo apresentada à entidade competente interna a contabilidade ou auditoria do mantenedor, ou externa para o Legislativo ou Tribunal de Contas (BRASIL, 2005).

DICAS

Acesse o site do FNDE e conheça sobre os programas, bolsas auxílio, financiamento e prestação de contas. Confira e compreenda a organização dos recursos financeiros no país. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/dinheiro-direto-escola/pdde-perguntas-frequentes>.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• A estrutura financeira da União compreende o orçamento ou planejamento, uma lei que orienta o cumprimento dos planos governamentais no país.

• A lei orçamentária prevê as receitas e despesas públicas que são utilizadas a cada ano, ou seja, no orçamento que cada federado apresenta anualmente, devendo considerar as fontes de receitas destinadas à educação, gastos referentes a material, serviços, obras, equipamentos, pessoal contratado e outros.

• A receita pública compõe o conjunto de recursos econômicos e financeiros que são previstos no orçamento de cada ente federado e arrecadado para orientar suas despesas.

• A despesa pública consiste em qualquer desembolso oriundo da administração pública, baseada na legislação financeira, licitatória e orçamentária, subordinada à classificação e limites dos créditos orçamentários, para realizar as competências de sua responsabilidade preconizadas na Constituição.

• A responsabilidade do cálculo da receita pública arrecadada e das despesas organizadas pela administração refletem no planejamento das ações voltadas para a organização da educação tanto nos sistemas como das escolas.

• Por meio do PDDE os recursos financeiros são repassados para as escolas, destinados ao pagamento das despesas de custeio, manutenção e pequenos investimentos.

• A cada ano o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE - repassa os recursos financeiros para que as escolas invistam no que julgarem necessário.

• A prestação de contas consiste numa forma transparente de a escola e o Conselho Escolar apresentarem à comunidade o destino dos recursos financeiros que são repassados para a educação.

RESUMO DO TÓPICO 1

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1 A receita pública consiste no conjunto de recursos econômicos e financeiros que compõem o orçamento de cada ente federado, arrecadados para servir às suas despesas. Analise e assinale a alternativa correta que aponta o conceito de despesa pública:

a) ( ) Qualquer desembolso que provenha da administração pública regulamentado pela legislação, para ser aplicado de acordo com o indicado na Constituição.b) ( ) Dinheiro arrecadado por meio da contribuição da comunidade de forma espontânea, para uso nas necessidades de despesa na escola ao longo do período letivo.c) ( ) Contribuição obrigatória dos pais ou responsáveis para custear os bens de materiais usados ao longo do ano letivo pelos estudantes, incluindo reparos no prédio da escola.d) ( ) Recurso financeiro destinado pelo Banco Mundial para ajudar no custeio dos salários e investimentos nas capacitações dos professores, juntamente com a contribuição dos pais e responsáveis.

2 A LDB/96 e a Constituição de 1988 incidem sobre a integração, colaboração e responsabilidades entre os entes governamentais: União, estado e município, em relação à educação. Analise sobre os recursos destinados para a MDE - Manutenção e Desenvolvimento do Ensino.

I- Cabe à União a responsabilidade de organizar os sistemas de ensino em todo o território nacional.

II- Pertence à União a responsabilidade da oferta do Ensino Fundamental para suprir a demanda nacional.

III- Confere à União o encaminhamento e custeio dos recursos financeiros para a educação.

IV- Compete à União a garantia dos padrões mínimos de qualidade do ensino em nível nacional.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) I, III, IVb) ( ) I, II, IVc) ( ) I, II, IIId) ( ) II, III, IV

AUTOATIVIDADE

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3 O programa do PDDE iniciou em 1995 e atualmente se encontra sob a responsabilidade do FNDE. Consiste na descentralização da organização dos recursos federais para investimentos no Ensino Fundamental. Reflita sobre o destino dos recursos financeiros provindos do FNDE e assinale V para Verdadeiro e F para Falso:

( ) O gestor escolar pode aplicar o dinheiro para melhoria das condições físicas da escola.( ) O dinheiro se destina à complementação da merenda escolar com a aquisição de produtos locais.( ) O investimento do dinheiro pode ser direcionado para aquisição de materiais, como os de uso pedagógico.( ) O gestor escolar pode organizar com esse dinheiro o custeio de capacitações e cursos de aperfeiçoamento para os professores.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) V, F, V, V.b) ( ) F, V, V, F.c) ( ) F, F, V, V.d) ( ) V, V, F, V.

4 (ENADE - PEDAGOGIA, 2014) Com a globalização da economia social por meio das organizações não governamentais, surgiu uma discussão do conceito de empresa, de sua forma de concepção junto às organizações brasileiras e de suas práticas. Cada vez mais é necessário combinar as políticas públicas que priorizam modernidade e competitividade com o esforço de incorporação dos setores atrasados, mais intensivos de mão de obra.FONTE: Adaptado de <http://unpan1.un.org>. Acesso em: 4 ago. 2014.

A respeito dessa temática, avalie as afirmações a seguir.

I- O terceiro setor é uma mistura dos dois setores econômicos clássicos da sociedade: o público, representado pelo Estado; e o privado, representado pelo empresariado em geral.

II- É o terceiro setor que viabiliza o acesso da sociedade à educação e ao desenvolvimento de técnicas industriais, econômicas, financeiras, políticas e ambientais.

III- A responsabilidade social tem um resultado na alteração do perfil corporativo e estratégico das empresas, que têm reformulado a cultura e a filosofia que orientam as ações institucionais.

Está correto o que se afirma em:

a) ( ) I, apenas.b) ( ) II, apenas.c) ( ) I e III, apenas.d) ( ) II e III, apenas.

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TÓPICO 2

CONSELHOS ESCOLARES - UMA

ORGANIZAÇÃO DE GESTÃO

DEMOCRÁTICA

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, neste tópico, estudaremos sobre as características, organização e conceito dos conselhos escolares nas instituições de ensino. As ações desenvolvidas pelo gestor escolar no cotidiano educacional assumem algumas especificidades que envolvem questões administrativas, pedagógicas e referentes às relações que estabelece com a comunidade.

Desta forma, você perceberá, ao longo da leitura, que os Conselhos Escolares são órgãos deliberativos que auxiliam nos trabalhos desenvolvidos no cotidiano escolar. Atuam exercendo as funções deliberativa, consultiva, fiscalizadora e mobilizadora, inferindo sobre as normas, elaboração e organização do Projeto Político-Pedagógico (PPP) na escola.

2 PARTICIPAÇÃO DOS CONSELHOS ESCOLARES NAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES

Os Conselhos Escolares consistem em órgãos deliberativos coletivos que compõem a estrutura da gestão dos sistemas de ensino. Um conselho passa a ser formado por meio de uma assembleia de pessoas da comunidade dispostas a aconselhar, emitir parecer, deliberar sobre as questões de interesse público. Os Conselhos Escolares nos sistemas de ensino representam uma forma de gestão colegiada, uma forma de atuação que represente a vontade e as necessidades da sociedade na organização das políticas e normas educacionais estabelecidas nas escolas (BRASIL, 2004).

Os conselhos são órgãos que integram a gestão dos sistemas de ensino, considerados como órgãos do Estado, contudo, não seguem suas determinações diretamente, apenas comunicam ao Estado como representação ativa da comunidade. O Estado constitui-se em uma representação permanente da sociedade, enquanto que os governos são transitórios, seguindo a temporalidade dos mandatos. Desta forma, os conselhos, como órgãos de Estado, apresentam como desafios: garantir a permanência da institucionalidade e da continuidade das políticas educacionais e agir como representantes das vontades da comunidade. Para tanto, foi instituído aos Conselhos Escolares o cumprimento de mandatos alternados para os conselheiros, permitindo uma participação democrática de forma rotativa entre as pessoas da comunidade (BRASIL, 2004).

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

FIGURA 38 - ORGANIZAÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <http://amigosdosereno.blogspot.com.br/2015/08/conselho-escolar.html>. Acesso em: 25 mar. 2017.

A constituição dos Conselhos Escolares se fundamenta nos preceitos dispostos na Constituição de 1988, no artigo 206, e na LDB nº 9.394/96. Ambos os documentos de lei apontam para uma organização da gestão democrática que efetivamente contribua na construção de uma cidadania emancipadora, autônoma, participando nas decisões e elaborações de forma coletiva. Para tanto, faz-se necessário que a escola sustente uma concepção filosófica político-pedagógica norteadora, organizada de acordo com a análise da realidade nacional e local, estruturada no Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola (BRASIL, 2004).

A LDB/96 preconiza sobre as normas da gestão democrática que devem servir de orientação para a gestão democrática escolar, no artigo 14:

Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica de acordo com as suas peculiaridades, conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes (BRASIL, 1996, s.p.).

O Plano Nacional de Educação - PNE - estabelece os objetivos e prioridades que orientarão as políticas públicas no período de dez anos. O documento aponta sobre a democratização da gestão escolar pública, preconizando sobre a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola, a participação da comunidade escolar nos Conselhos Escolares, e na descentralização da gestão educacional (BRASIL, 2004).

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TÓPICO 2 | CONSELHOS ESCOLARES - UMA ORGANIZAÇÃO DE GESTÃO

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Os Conselhos Escolares atuam amparados pela legislação educacional nacional e seguem normas que distinguem sobre funções deliberativas, consultivas, normativas, mediadoras, mobilizadora, fiscalizadora e outras. No exercício da função, os conselheiros deliberam tanto nas decisões administrativas, quanto como aconselhamento em outras formas de atuação (BRASIL, 2004).

FIGURA 39 - FUNÇÕES DOS CONSELHOS ESCOLARES

FONTE: A autora

De acordo com o organograma, podemos observar as principais funções atribuídas aos Conselhos Escolares, como a deliberativa, consultiva, fiscal e mobilizadora. Estudaremos sobre as principais características que conceituam cada termo apresentado (BRASIL, 2004):

• Função deliberativa: participam das decisões sobre o Projeto Político-Pedagógico e outros assuntos da escola, aprovando encaminhamentos para os problemas apresentados, garantem a elaboração das normas internas e o cumprimento das normas dos sistemas de ensino, decidindo sobre a organização e funcionamento geral das escolas, apresentando à equipe gestora algumas ações que poderiam ser desenvolvidas. Participam da elaboração das normas internas da escola nas questões que envolvem o pedagógico, administrativo e financeiro.

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

• Função consultiva: apresentam caráter de assessoramento, na análise das questões encaminhadas pelos diversos segmentos que compõem a organização da escola, apresentando sugestões que podem ou não ser acatadas pela equipe gestora.

• Função fiscalizadora: configuram o acompanhamento e a prática das ações pedagógicas, administrativas e financeiras, avaliando e garantindo o cumprimento das normas da escola.

• Função mobilizadora: atuam na promoção da participação de forma integrada de todos os segmentos que compõem a comunidade escolar e local, nas diversas atividades, contribuindo para o exercício da cidadania e democracia participativa, objetivando a melhoria na qualidade social da educação.

FIGURA 40 - CONSTITUIÇÃO DO CONSELHO ESCOLAR

FONTE: A autora

No organograma apresentamos a constituição dos Conselhos Escolares por alguns membros que compõem a comunidade escolar e local. Para a organização dos Conselhos Escolares há necessidade da iniciativa do gestor escolar ou qualquer outro representante da escola, por meio da convocação de todos para organizarem as eleições do colegiado. Desta forma, o Conselho Escolar se constitui pela direção da escola, representação dos estudantes, pais ou responsáveis, professores e trabalhadores da comunidade local. O Conselho Escolar, como colegiado, organiza e assume as decisões de forma coletiva por meio de reuniões (BRASIL, 2004).

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TÓPICO 2 | CONSELHOS ESCOLARES - UMA ORGANIZAÇÃO DE GESTÃO

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O gestor escolar, no momento das reuniões, atua como coordenador na execução das deliberações e como articulador das ações de todos os segmentos, garantindo a efetivação do projeto pedagógico na escola. Na participação do conselho poderá ou não assumir a função de presidente, dependendo dos acordos estabelecidos em cada conselho conforme o Regimento Interno da escola. Os membros efetivos que compõem o conselho são os representantes de cada segmento, com suplentes para cada função. No momento das reuniões a presença dos suplentes se constitui de forma facultativa, sendo necessária a atuação dos membros eleitos (BRASIL, 2004).

As reuniões dos Conselhos Escolares devem acontecer com periodicidade, podendo ser de forma mensal, organizada de acordo com uma pauta previamente sistematizada e entregue aos conselheiros, adiantando os assuntos que serão discutidos. Após a reunião, os conselheiros deverão informar aos seus respectivos segmentos sobre as decisões e encaminhamentos registrados na ata da reunião. Além das reuniões, aconselha-se a organização de assembleias gerais, com a participação de todos os envolvidos na comunidade escolar e local (BRASIL, 2004).

3 ATRIBUIÇÕES DOS CONSELHOS ESCOLARES

Os Conselhos Escolares apresentam determinadas atribuições de acordo com o exercício de suas atividades junto à comunidade escolar e local. Incidem na elaboração do Regimento Interno do Conselho Escolar, definindo algumas ações, como calendário das reuniões, substituição dos conselheiros, participação dos suplentes, processos de decisão, indicação das funções de cada representante e outros. Atuam também no processo de elaboração, discussão e aprovação do Projeto Político-Pedagógico (PPP) da escola. O Conselho Escolar apresenta uma significativa atuação no debate sobre os problemas da escola e possíveis encaminhamentos (BRASIL, 2004).

FIGURA 41 - REUNIÃO DO CONSELHO ESCOLAR

FONTE: Disponível em: <http://etecribeiraopires.com.br/site/category/direcao/>. Acesso em: 23 mar. 2017.

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

O Conselho Escolar apresenta as seguintes atribuições no exercício da função dos seus representantes:

• elaborar o Regimento Interno do Conselho Escolar;• coordenar o processo de discussão, elaboração ou alteração do Regimento Escolar;• convocar assembleias gerais da comunidade escolar ou de seus segmentos;• garantir a participação das comunidades escolar e local na definição do Projeto Político-Pedagógico da unidade escolar;• promover relações pedagógicas que favoreçam o respeito ao saber do estudante e valorize a cultura da comunidade local;• propor e coordenar alterações curriculares na unidade escolar, respeitada a legislação vigente, a partir da análise, entre outros aspectos, do aproveitamento significativo do tempo e dos espaços pedagógicos na escola;• propor e coordenar discussões junto aos segmentos e votar as alterações metodológicas, didáticas e administrativas na escola, respeitada a legislação vigente;• participar da elaboração do calendário escolar, no que competir à unidade escolar, observada a legislação vigente;• acompanhar a evolução dos indicadores educacionais (abandono escolar, aprovação, aprendizagem, entre outros), propondo, quando se fizerem necessárias, intervenções pedagógicas e/ou medidas socioeducativas visando à melhoria da qualidade social da educação escolar;• elaborar o plano de formação continuada dos conselheiros escolares, visando ampliar a qualificação de sua atuação;• aprovar o plano administrativo anual, elaborado pela direção da escola, sobre a programação e a aplicação de recursos financeiros, promovendo alterações, quando necessário;• fiscalizar a gestão administrativa, pedagógica e financeira da unidade escolar;• promover relações de cooperação e intercâmbio com outros Conselhos Escolares (BRASIL, 2004, p. 48-19).

A atuação na prática das diversas atribuições que conferem ao Conselho Escolar constitui no aprendizado de um processo democrático de partilha dos direitos e responsabilidades no processo de gestão escolar. Desta forma, cada Conselho Escolar deve eleger as atribuições prioritárias, conforme as normas do seu sistema de ensino e legislação.

Para o efetivo exercício das atribuições apresentadas e de outras que podem ser definidas, faz-se necessário considerar, sobretudo, que a qualidade que se pretende atingir confere a qualidade social, ou seja, na realização de um trabalho que represente, na vivência cotidiana, o crescimento intelectual, afetivo, político e social da comunidade, buscando a transformação da sociedade de forma participativa e democrática.

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TÓPICO 2 | CONSELHOS ESCOLARES - UMA ORGANIZAÇÃO DE GESTÃO

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DICAS

O Conselho Nacional de Educação - CNE - consiste em normativas que deliberam e assessoram o Ministro de Estado da Educação no desempenho de suas funções e atribuições do poder público federal. Acesse: <http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/apresentacao> e conheça mais sobre a função, reuniões, pareceres e normativas.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• Os Conselhos Escolares consistem em órgãos deliberativos coletivos que compõem a estrutura da gestão dos sistemas de ensino.

• Os Conselhos Escolares nos sistemas de ensino representam uma forma de gestão colegiada, numa atuação que represente a vontade e as necessidades da sociedade na organização das políticas e normas educacionais estabelecidas nas escolas.

• A constituição dos Conselhos Escolares se fundamenta nos preceitos dispostos na Constituição de 1988, no artigo 206, e na LDB nº 9.394/96.

• Para a organização dos Conselhos Escolares há necessidade da iniciativa do gestor escolar ou qualquer outro representante da escola, por meio da convocação de todos para organizarem as eleições do colegiado.

• Os Conselhos Escolares apresentam determinadas atribuições de acordo com o exercício de suas atividades junto à comunidade escolar e local. Incidem na elaboração do Regimento Interno do Conselho Escolar, definindo algumas ações, como calendário das reuniões, substituição dos conselheiros, participação dos suplentes, processos de decisão, indicação das funções de cada representante e outros.

• A atuação na prática das diversas atribuições que conferem ao Conselho Escolar constitui no aprendizado de um processo democrático de partilha dos direitos e responsabilidades no processo de gestão escolar.

RESUMO DO TÓPICO 2

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AUTOATIVIDADE

1 O Conselho consiste numa assembleia de pessoas da comunidade que se reúnem com o objetivo de aconselhar, emitir parecer e deliberar sobre as questões de interesse público. Analise e assinale a alternativa que apresenta as características do conceito sobre os Conselhos Escolares:

a) ( ) Consistem em órgãos deliberativos coletivos que fazem parte da composição da gestão escolar nos sistemas de ensino.b) ( ) Constituem-se em uma organização de pais e responsáveis que se reúnem para deliberar sobre os recursos financeiros da escola.c) ( ) Reunião de pessoas que atuam estabelecendo redes de contato entre as empresas locais e a escola.d) ( ) Consistem em um grupo de pessoas que participam ativamente nas reuniões pedagógicas na escola e conselhos de classe.

2 Os Conselhos Escolares se encontram amparados pela legislação educacional nacional e seguem normas quanto às funções deliberativas, consultivas, normativas, mediadoras, mobilizadora, fiscalizadora e outras. Reflita sobre as funções desempenhadas pelos Conselhos Escolares e associe as alternativas:

I- Função deliberativa.II- Função consultiva.III- Função fiscalizadora.IV- Função mobilizadora.

( ) Assessoramento e análise das questões encaminhadas sobre a organização da escola.( ) Decisões quanto à organização do Projeto Político-Pedagógico e cumprimento das normas internas.( ) Promove a participação de forma integrada de todos os envolvidos na comunidade escolar e local.( ) Acompanhamento das ações pedagógicas, administrativas e financeiras na escola.

Agora, assinale a alternativa CORRETA:

a) ( ) I, II, IV, IIIb) ( ) II, I, IV, IIIc) ( ) III, II, I, IVd) ( ) I, III, II, IV

3 O Conselho Escolar consiste no órgão deliberativo da escola que atua em diversos assuntos educacionais. Sua composição compreende a participação do gestor escolar, estudantes, pais e responsáveis, professores e profissionais da comunidade. Analise e descreva sobre a função, atuação e participação do gestor escolar no Conselho Escolar.

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4 (ENADE - PEDAGOGIA, 2014) Muitos pais e funcionários de escolas são membros de conselhos e de colegiados escolares, mas, usualmente, exercitam um pacto de silêncio, não participando, de fato, dessas instâncias e servindo de “modelo passivo” para outros setores da comunidade educativa que compõem colegiados. Por que eles se comportam assim? Porque, na maioria dos casos, estão presentes para referendar demandas corporativas, ou para fortalecer diretorias centralizadoras. Como elo mais fraco do poder, eles participam para “compor”, para dar número e quórum necessários aos colegiados, contribuindo com esse comportamento para não construir nada e nada mudar. Embora os colegiados sejam um espaço legítimo e uma conquista para o exercício da cidadania, até por serem previstos em lei, essa cidadania tem de ser qualificada e construída na prática. Os projetos políticos dos representantes dos diferentes segmentos e grupos, seus valores e suas visões de mundo, interferem na dinâmica desses processos participativos. Para terem como meta projetos emancipatórios, eles devem ter como lastro de suas ações os princípios da igualdade e da universalidade. Os colegiados devem construir ou desenvolver essa sensibilidade por meio de um conjunto de valores que venham a ser refletidos em suas práticas. Sem isso, temos uma inclusão excludente: aumento do número de alunos nas escolas e estruturas descentralizadas que não ampliam, de fato, a intervenção da comunidade na escola.

FONTE: GOHN, M. G. Educação não formal na pedagogia social. Anais... I congresso Internacional de Pedagogia Social, 2006 (adaptado).

Considerando as ideias do texto, avalie as afirmações a seguir.

I- A gestão compartilhada, em suas diferentes formas de conselhos e colegiados, precisa desenvolver uma nova cultura de participação que altere as mentalidades, os valores e a forma de conceber a gestão pública em nome dos direitos da maioria, e não de grupos.

II- É uma utopia a articulação da educação, em seu sentido mais amplo, com os processos de formação dos indivíduos como cidadãos ou da escola com a comunidade educativa.

III- É preciso desenvolver saberes que orientem as práticas sociais, construindo novos valores por meio da participação de coletivos de pessoas diferentes, mas com metas iguais.

IV- Os projetos emancipatórios visam a formação de cidadãos éticos, ativos, participativos, com responsabilidade diante do outro e preocupados com questões universais e, para tal, devem priorizar as normatizações legais, em detrimento dos órgãos colegiados de natureza deliberativa.

V- A transformação das escolas em centros de referências civilizatórias nos bairros onde se localizam exige preparação contínua e aprendizado permanente no que diz respeito à participação da comunidade escolar em conselhos e colegiados.

É correto apenas o que se afirma em:

a) ( ) I e IVb) ( ) II e IIIc) ( ) I, III e Vd) ( ) I, II,IV e V

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TÓPICO 3

PNE - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO,

O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O

REGIMENTO ESCOLAR

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico, chegamos ao final dos estudos sobre a gestão educacional e apresentamos informações sobre os principais documentos que nortearão as atividades educativas. Precisamos de especial atenção no desenvolvimento e organização do Projeto Político-Pedagógico (PPP) e no Regimento Escolar, observando as especificidades legais de cada documento.

Abordaremos o conteúdo das 20 metas estipuladas pelo Plano Nacional de Educação – PNE, que serão foco de investimento do governo federal para os próximos dez anos. Conhecendo as metas apontadas no PNE entenderemos as intencionalidades e ações do governo federal em relação ao desenvolvimento e ações programadas para a educação nacional. Desta forma, sentiremos na conjuntura educacional os reflexos, ao longo dos anos, das intenções de progresso e melhoria na qualidade da educação para o Brasil.

Neste tópico, estudaremos sobre a organização e elaboração do Projeto Político-Pedagógico – PPP e do Regimento Escolar, são documentos que regulamentam e legislam os fazeres educativos e pedagógicos na escola. Você conhecerá as etapas e os processos para sua elaboração, com sugestões de leituras complementares sobre o assunto.

2 PNE - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

O Plano Nacional de Educação – PNE – apresenta como objetivo a organização racional das ações educativas que devem ser executadas e seguidas no país. Segundo a Constituição de 1988, o PNE deve abranger todos os aspectos que dizem respeito à organização da educação nacional, unindo os diversos níveis do ensino e integrando as ações governamentais para solucionar as deficiências históricas educacionais. Nesse sentido, o PNE deve, no seu contexto, estabelecer

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

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metas que apontem para a erradicação do analfabetismo, universalização do atendimento escolar, melhoria da qualidade de ensino, formação para o trabalho, promoção humanística, científica e tecnológica do país (BRASIL, 2014).

A organização e estruturação do PNE segue os princípios legais da LDB/1996, como lei prioritária da educação, estabelecendo as diretrizes para sua organização nacional. A Lei de Diretrizes prevê que o PNE seja enviado ao Congresso Nacional para sua aprovação, no prazo máximo de um ano após sua promulgação. O processo de elaboração do PNE se baseia na sistematização das metas, que indicarão o atendimento às demandas educacionais dentro de prazos estabelecidos pelas autoridades, para conseguirem atender aos problemas diagnosticados no país (BRASIL, 2009).

As diretrizes e metas que compõem o Plano Nacional de Educação apresentam relação direta com o projeto político e de desenvolvimento almejado pelo governo do país. Nesse sentido, o PNE não possui somente como objetivo o repasse dos recursos, mas se encontra subordinado às estratégias de desenvolvimento nacional, priorizando a conquista do desenvolvimento do país e a resolução dos problemas sociais, baseado no direito da educação para todos. Assim, a cada ano o governo disponibiliza um certo número de recursos para realizar as metas que foram estabelecidas no PNE, para assegurar a universalização da educação com qualidade para todos (BRASIL, 2009).

O atual Plano Nacional de Educação determinará as diretrizes, metas e estratégias para a política educacional no período de 2014-2024. O texto compreende 20 metas distribuídas em quatro grupos que pretendem solucionar os problemas diagnosticados no país. O primeiro grupo de metas abordará sobre a garantia do direito à educação básica com qualidade, acesso, universalização do ensino obrigatório e a ampliação das oportunidades educacionais. O segundo grupo aponta a redução das desigualdades e a valorização da diversidade. O terceiro grupo de metas prioriza a valorização dos profissionais da educação, juntamente com as metas anteriores que não foram alcançadas. O quarto e último grupo de metas destaca o investimento ao Ensino Superior no país (BRASIL, 2014).

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TÓPICO 3 | PNE - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O REGIMENTO ESCOLAR

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QUADRO 10 - 20 METAS DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2014-2024

Meta 1: Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de Educação Infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.

Meta 2: Universalizar o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.

Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no Ensino Médio para 85% (oitenta e cinco por cento).

Meta 4: Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.

Meta 5: Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do Ensino Fundamental.

Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos(as) alunos(as) da educação básica.

Meta 7: Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem, de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos iniciais do Ensino Fundamental; 5,5 nos anos finais do Ensino Fundamental; 5,2 no Ensino Médio.

Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no país e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografa e Estatística (IBGE).

Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional.

Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos Fundamental e Médio, na forma integrada à educação profissional.

Meta 11: Triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público.

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

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Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público.

Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores.

Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.

Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.

Meta 16: Formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.

Meta 17: Valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.

Meta 18: Assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.

Meta 19: Assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto.

Meta 20: Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) do país no 5º (quinto) ano de vigência desta lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio.

FONTE: (BRASIL, 2014)

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TÓPICO 3 | PNE - PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, O PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO E O REGIMENTO ESCOLAR

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O PNE consiste em um documento que normatiza as metas que deverão ser alcançadas em prazos decenais. Observamos que as 20 metas que ocuparão o prazo de 2014 a 2024 consistem em intencionalidades do governo para garantir o acesso, qualidade e garantia de educação para todos. Para tanto, também há necessidade de todos os profissionais envolvidos na educação conhecerem as metas do PNE, para que sejam analisadas e incorporadas por todos.

Nesse sentido, outro objetivo da divulgação consiste no conhecimento deste documento para os municípios, estado e Distrito Federal, para que todos se atentem à relevância e necessidade de cada meta. Assim, possam contribuir de forma significativa para que o Brasil consiga avançar na universalização e qualidade da educação, conforme o pretendido no PNE 2014-2024 (BRASIL, 2014).

3 PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

O Projeto Político-Pedagógico (PPP) consiste no documento que revela a identidade, ações e as concepções do processo de ensino e aprendizagem da escola. Para tanto, a escola deve organizar o documento para que esteja de acordo com a rotina, as vivências e necessidades dos estudantes e da comunidade.

FIGURA 43 - PESSOAS QUE CONTRIBUEM PARA ELABORAÇÃO DO PPP

FONTE: A autora

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UNIDADE 3 | GESTÃO DO ESPAÇO ESCOLAR

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Como podemos observar no organograma, o PPP é um documento que deve ser elaborado e organizado com a participação democrática e ativa daqueles que compõem a comunidade escolar, assim entendidos (CEDAV, 2016):

• Os estudantes: crianças, adolescentes, jovens e adultos, sujeitos principais do processo educativo da escola.

• Os professores: profissionais da educação, imprescindíveis e responsáveis pelo ensino e pela aprendizagem dos estudantes.

• A equipe gestora: profissionais que regem toda essa orquestra, “empoderados” para gerir, orientar, conduzir, moderar e mobilizar todos os envolvidos com o intuito de entrelaçar os caminhos de cada um e de todos, em um alinhavo potencializador.

• Outros funcionários: profissionais dedicados ao bem-estar de toda a comunidade escolar, muitas vezes esquecidos no que se refere ao ensino e aprendizagem, mas potenciais parceiros no processo educativo da escola.

• Os pais ou responsáveis: pessoas que confiam os filhos à escola para compartilhar sua educação, sujeitos ocultos ou não, mas parceiros na educação das crianças, adolescentes e jovens.

• A comunidade externa: a comunidade do entorno da escola, pessoas e entidades que podem estar envolvidas direta ou indiretamente no processo educativo da instituição.

A organização e elaboração do PPP requer respeito, coerência, compromisso, responsabilidade e intencionalidade, baseados no compromisso do processo de ensino e aprendizagem desenvolvido na escola, vislumbrando atingir a qualidade e acesso da educação para todos. Nesse sentido, o PPP não consiste em mais um documento que deve ser guardado em gavetas ou arquivos midiáticos. Mas sim, um instrumento que representa a função social da escola e ser disponibilizado a todos da forma como a equipe de profissionais julgar necessário (CEDAV, 2016).

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FIGURA 44 - CONSTRUÇÃO DEMOCRÁTICA DO PPP

FONTE: Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/751/a-escola-da-familia>. Acesso em: 31 mar. 2017.

O gestor escolar, como mediador das relações sociais que ocorrem na escola, deve propiciar momentos para que todos participem ativamente do processo de construção do PPP. A base da elaboração do documento reúne questionamentos que necessitam ser bem elaborados, para coletar os dados e informações necessárias para expressar a realidade social, pedagógica e administrativa da escola.

Para definir o que precisa ser melhorado na escola, ou analisar o contexto existente, faz-se necessário um olhar apurado e crítico sobre a própria instituição. Pensando na construção de um PPP que contextualize a realidade vivenciada pela comunidade escolar, sugerimos que seja organizado um roteiro de observação. Uma forma de documentar as observações, sistematizando e orientando o olhar para os pontos que necessitam ser considerados, para depois serem analisados nas reuniões da elaboração do PPP.

QUADRO 11 - ROTEIRO PARA OBSERVAÇÃO DA REALIDADE ESCOLAR

Situações a serem observadas Registro do que foi observado

O que o registro revela sobre o PPP

Onde e como os estudantes se alimentam na escola?Como os estudantes se relacionam entre si em sala de aula e no intervalo?Como os estudantes são chamados pelos professores e funcionários? Pelo nome? Pelo apelido?

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O mobiliário, sua organização e sua distribuição espacial são adequados aos estudantes (faixa etária, gênero, deficiência etc.)?Como os estudantes acessam os materiais escolares (livros literários, equipamentos, lápis etc.)? Têm autonomia ou precisam sempre de um adulto?Como é a organização do pátio escolar para uso dos estudantes no intervalo?Qual o envolvimento dos estudantes com a aprendizagem?Os estudantes se sentem estimulados a buscar novas informações e conhecimentos?Os estudantes estão aprendendo sobre temas significativos para a realidade vivida?O que se faz com as produções dos estudantes?Como os familiares são atendidos na escola? Em quais situações são convidados a comparecer à unidade?Outras situações...

FONTE: (CEDAV, 2016)

O roteiro pode ser alterado pelo gestor e sua equipe, acrescentando novos tópicos de interesse para a realidade da escola. O importante seria um guia com tópicos pertinentes aos interesses da comunidade, que revelasse as informações que necessitam ser discutidas e analisadas. O PPP consiste no documento de identidade da escola, dessa forma, precisa revelar as condições reais, intencionalidades e interesses da equipe de profissionais e comunidade envolvidas.

Para a organização do PPP se faz necessário contemplar algumas informações sobre a escola, que norteiam a identidade do documento e assinalam as intencionalidades para o contexto escolar.

1. Contextualização histórica da comunidade e da escola - informações sobre a história da cidade e do bairro; costumes da população local; situação das residências; grupos e lideranças comunitárias; associações e clubes; grupos culturais; situação econômica e educacional; condições de trabalho. Situação física da unidade escolar, caracterização do quantitativo do corpo docente e discente da escola; equipe gestora, administrativa e pedagógica, Conselho Escolar e Unidade Executora.

2. Caracterização da comunidade escolar - analisar as fichas de matrículas e considerar as informações quanto à constituição familiar como número de filhos, idade, sexo, saúde, hábitos alimentares, níveis de escolaridade, renda e qualificação profissional dos pais ou responsáveis. Os profissionais da escola podem organizar

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um questionário socioeconômico para descobrir as informações que desejam considerar na construção do PPP.

3. Diagnóstico com base nos indicadores educacionais da escola - apresentar os indicadores da escola que orientarão as decisões quanto à melhoria do desempenho dos estudantes e da qualidade de ensino e aprendizagem.

4. Missão, visão, princípios e valores da escola - as intencionalidades da comunidade escolar para conquistar uma educação de qualidade, as ações que pretendem desenvolver e oferecer aos estudantes e à comunidade externa. Precisa apresentar claramente as intenções que norteiam suas decisões, qual indivíduo se pretende formar, ou seja, sua política educativa.

5. Fundamentação teórica e bases legais - considerar as concepções teóricas e as bases legais que fundamentam o trabalho educativo desenvolvido na escola. As bases legais precisam considerar os dispositivos e normativas que apoiam e determinam sobre a educação nacional, como a Constituição de 1988, a LDB/96, as Diretrizes Nacionais e outros.

6. Plano de ação e/ou atividades - definição descritiva das ações que serão realizadas coletivamente para superar os problemas detectados, buscando a qualidade do ensino oferecido pela escola.

7. Outros itens - pode apresentar outras informações referentes à Proposta Curricular, Regimento Escolar e outros documentos que a equipe escolar julgar necessário para a redação do PPP (CEDAV, 2016).

FIGURA 45 - ORGANIZAÇÃO DO PPP

FONTE: Disponível em: <http://www.danielnoblog.com.br/?pg=115>. Acesso em: 31 mar. 2017.

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O processo de construção e organização do PPP não acontece em uma única reunião ou encontro, ao contrário, diz respeito a uma sequência de ações que devem ser planejadas antecipadamente e a seu tempo serem implantadas. O tempo de elaboração precisa considerar a captação das informações sobre a comunidade local por meio de questionários ou pesquisa nas fichas de matrícula, tabulação dos dados, reuniões para organizarem as concepções e intencionalidades para a educação na escola, estruturação do documento para análise final e aprovação do grupo de trabalho.

Nesse sentido, apresentamos, de acordo com CEDAV (2016), as etapas que constituem a elaboração e construção do PPP:

• 1ª etapa: Envolvimento e sensibilização da equipe da escola para promover o engajamento e a visão de conjunto do trabalho a ser realizado.

• 2ª etapa: Planejamento coletivo para organizar o processo e definir as atribuições de cada participante; pode conter informações sobre ações, etapas, duração e responsáveis.

• 3ª etapa: Levantamento para coletar dados e fazer um diagnóstico sobre a escola.

• 4ª etapa: Mobilização da comunidade escolar externa (pais e familiares, responsáveis, vizinhos) para participar.

• 5ª etapa: Análise e socialização dos dados e definição de prioridades para estabelecer metas com a comunidade escolar.

• 6ª etapa: Elaboração e validação do texto do documento.

• 7ª etapa: Divulgação da versão final.

• 8ª etapa (permanente): Uso do documento como referência para nortear a tomada de decisões no cotidiano escolar.

Apresentamos os itens e as etapas que precisam ser considerados na organização e elaboração do PPP. Contudo, ainda há necessidade de se observar atentamente algumas situações que precisam de atenção da equipe gestora durante o processo de construção do PPP (CEDAV, 2016):

• Assegurar que os dados e informações apresentados sejam claros, precisos e compreensíveis, a fim de evitar que sejam mal entendidos e questionados pelos participantes.

• Explicar a todos os participantes as etapas do processo e a metodologia utilizada.

• Assegurar que todos os participantes compreendam o processo, inclusive os não educadores.

• Definir com precisão as atribuições e papéis de cada participante.

• Estabelecer metas e prioridades para cada etapa e para o documento.

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• Ajustar o planejamento considerando as demandas surgidas ao longo do processo.

• Garantir a participação genuína de todos, com espaço para escuta e troca de experiências.

• Exercer liderança de modo a assegurar a motivação, o interesse e o compromisso de todos os participantes durante todo o processo.

O gestor escolar, juntamente com a equipe de profissionais da escola, na organização e elaboração do PPP, precisa considerar como um exercício que faz parte da gestão democrática, orientando as intencionalidades educativas de acordo com as necessidades identificadas na escola. Desta forma, a construção do documento se faz de forma participativa, com as contribuições dos gestores, professores, funcionários, estudantes e famílias. Somente oportunizando, no ambiente escolar, possibilidades de atuação democrática e participativa da comunidade, é que se consegue realmente viver uma gestão democrática, voltada para a conquista da qualidade na educação.

4 REGIMENTO ESCOLAR

O regimento escolar consiste, na constituição da escola, no documento que aponta sobre as normas gerais que regulamentam todas as práticas escolares disciplinares e pedagógicas. A constituição textual do regimento precisa estar em consonância com a legislação da educação, em nível nacional, bem como, nas instâncias estaduais e municipais. A escola possui autonomia para elaborar seu regimento escolar, como também acompanhar o regimento único para todas as unidades escolares do sistema, quando houver essa situação (PACHECO; CERQUEIRA, 2009).

Para a elaboração e organização do regimento escolar há necessidade da participação do Conselho Escolar, como órgão deliberativo formado por representantes da comunidade escolar e local. Como não existe um modelo único a ser seguido de como deve ser organizado e estruturado um regimento escolar, cada escola pode estabelecer as regras e parâmetros para sua criação. Contudo, reiteramos a necessidade de o regimento escolar acompanhar as determinações legais que regem a educação nos níveis nacional, estadual e municipal (PACHECO; CERQUEIRA, 2009).

Segundo Pacheco e Cerqueira (2009), a organização geral do regimento escolar precisa conter alguns dados fundamentais, como:

• Identificação da instituição, com nome e endereço completo.

• Informações sobre a instituição ou órgão, no caso de ensino público que a mantém.

• Apresentação clara de seus fins e objetivos.

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• Detalhamento das estruturas administrativa e pedagógica, constando cada um dos cargos e suas atribuições.

• Princípios que regerão as relações internas da instituição e desta com a comunidade.

FIGURA 46 - ORGANIZAÇÃO DO REGIMENTO ESCOLAR

FONTE: A autora

No regimento da escola outras informações devem aparecer, como o nível e a modalidade de ensino, com os turnos e as turmas que são atendidas no espaço escolar. Assuntos pedagógicos, quanto à organização do currículo, avaliação, progressão dos alunos, aproveitamento de estudos, carga horária e outras informações que condizem com a estrutura pedagógica da escola. Informações administrativas quanto à escrituração de documentos, como o histórico escolar, transferências, controle de frequência dos estudantes, emissão de certificados e outros documentos que envolvem assuntos escolares dos estudantes (PACHECO; CERQUEIRA, 2009).

O regimento escolar consiste no documento institucional que faz parte da gestão democrática, estabelecendo os parâmetros para o desenvolvimento das relações administrativas e sociais no ambiente escolar. Desta forma, o conteúdo não se ocupa somente de formas de controle e organização, mas como um instrumento de democratização das relações estabelecidas entre a comunidade escolar e local.

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FIGURA 47 - REGIMENTO ESCOLAR: DOCUMENTO LEGISLADOR

FONTE: Disponível em: <http://www.ctaalinepicheth.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=15>. Acesso em: 31 mar. 2017.

O primeiro passo para organizar um regimento escolar consiste na existência do Conselho Escolar, órgão deliberativo que se ocupará dos encaminhamentos e coordenação da eleição de uma comissão, que redigirá a proposta de regimento, para ser votada e aprovada em assembleia geral com a participação da comunidade. Contudo, caso a escola não disponha da atuação do Conselho Escolar, poderá organizar uma reunião com a presença de membros representando todos os segmentos da escola. Na reunião os participantes precisam apurar uma comissão para elaborar a proposta de regimento, que será analisada e votada numa data predefinida. Assim, na reunião, uma comissão redatora deverá ser apontada para que atente aos prazos estabelecidos, pense em alternativas de coletar sugestões, organize reuniões com a comunidade para debates de temas polêmicos referentes à educação, enfim, que seja realmente um processo de participação ativa e democrática de todos os envolvidos (PACHECO; CERQUEIRA, 2009).

Na organização do Regimento Escolar, o gestor escolar e o Conselho Escolar atuam como um segmento de apoio para a elaboração e organização do documento. Ambos participam convocando a comunidade escolar para auxiliar no debate sobre as questões da escola, definir a comissão que contribuirá para elaboração da proposta e apurar as assembleias para que haja as discussões, análise e aprovação do documento (PACHECO; CERQUEIRA, 2009).

O regimento escolar consiste no instrumento de fortalecimento das ações educativas desenvolvidas na escola. Nesse sentido, necessita estabelecer parcerias com os demais órgãos públicos do sistema educacional e disponíveis no seu município. Desta forma, conseguirá viabilizar projetos, auxílio da demanda dos encaminhamentos, parcerias com outros profissionais que contribuem com seus serviços e acabam influenciando o andamento das atividades educativas. Como exemplos, podemos apresentar a integração com os Postos de Saúde e os serviços oferecidos, parceria com os Conselhos Tutelares no encaminhamento de situações dos estudantes, com as empresas locais estabelecendo parcerias com projetos, e outros.

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O Regimento Interno regulamenta e operacionaliza o cotidiano escolar com normas criadas para definir papéis, funções, direitos, deveres, proibições, avaliação e outros. O documento deve estar sempre em sintonia com o Projeto Político-Pedagógico (URBANESKI; CANI, 2017). Desta forma, Vasconcellos (2012, p. 174) aponta que:

É preciso que fique clara a distinção entre o Projeto Político-Pedagógico da escola. [...] O que se espera é que o regimento possa ser feito a partir do Projeto, qual seja, ter os parâmetros e princípios do Projeto como referência para o detalhamento administrativo e jurídico (o que nem sempre é possível, pelo menos no todo, em função das diretrizes e normas exteriores à escola). O que se recomenda é que o regimento seja o mais abrangente possível, delegando a tarefa de definir detalhes para segmentos específicos da instituição [...].

Urbaneski e Cani (2017) argumentam sobre a elaboração do regimento interno como forma de precaução quanto à segurança jurídica e também evita infindáveis discussões no Judiciário sobre temas não regulamentados, como na sanção administrativa adequada à punição de estudante que ofende ou agride o professor. Assim, o regimento interno pode ser utilizado como documento que regulamenta as ações desenvolvidas na escola, no âmbito judicial, por exemplo, quanto à indisciplina dos estudantes.

Os procedimentos previstos no regimento interno escolar devem ser criteriosamente seguidos, por exemplo, quando envolve ato de indisciplina dos estudantes e a aplicação das sanções sob pena de nulidade de todos os atos. Sobretudo, no caso de apuração de ato de indisciplina, cabe ao estudante e aos pais ou responsáveis o direito de ampla defesa. Ambos precisam ser notificados quando da instauração do procedimento administrativo disciplinar, dentre outros procedimentos, tendo todos os atos registrados em ata e assinados pelo gestor escolar e professores envolvidos. Caso os procedimentos formais do processo administrativo disciplinar não forem rigorosamente respeitados, pode ser anulado, seja na esfera administrativa ou no Judiciário (URBANESKI; CANI, 2017).

Observe a importância do regimento na escola como documento legislador das ações educativas, disciplinares e administrativas em alguns exemplos de decisões judiciais em que o regimento escolar foi citado.

"MANDADO DE SEGURANÇA. ALUNO. TRANSFERÊNCIA COMPUL-SÓRIA. DIREITO LÍQUIDO E CERTO INEXISTENTE. DENEGA-SE A SEGURANCA QUANDO NÃO TENHA SIDO PROVADA A AGRESSÃO A DIREITO LÍQUIDO E CERTO DO IMPETRANTE. A TRANSFERÊNCIA COMPULSÓRIA PRESCINDE DE PROCEDIMENTOS FORMAIS, PRINCIPALMENTE EM HAVENDO PREVISÃO EXPRESSA NO REGIMENTO ESCOLAR E SEJA O ALUNO REINCIDENTE NO MAU COMPORTAMENTO, INCLUSIVE COM DUAS SUSPENSÕES. A PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES PELA AUTORIDADE AVERBADA DE COATORA PODE SER FEITA PESSOALMENTE, SEM NECESSIDADE DE PROCURADOR CONSTITUÍDO".

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(TJGO, APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE SEGURANÇA 43962-9/189, Rel. DRA. MARILIA JUNGMANN SANTANA, TJGO SEGUNDA CAMARA CÍVEL, julgado em 28/05/1998, DJe 12858 de 31/07/1998).

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. EXPULSÃO DE ALUNA. FALTA DISCIPLINAR. O comportamento da apelante infringiu as normas disciplinares da escola e, portanto, justificada está a sua transferência para outro ambiente escolar. NEGARAM PROVIMENTO AO APELO. (Apelação Cível Nº 70054283296, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alzir Felippe Schmitz, Julgado em 27/06/2013).

Apelação Cível. Direito Civil. Ação indenizatória. Aluno menor expulso de instituição de ensino particular em razão de indisciplina. Questionamento dos pais quanto à medida extrema adotada. Aluno portador de déficit de atenção e hiperatividade. Alegação de discriminação e ocorrência de danos morais sofridos pelos autores. Sentença de improcedência do pedido indenizatório. Laudo médico que comprova o déficit de atenção e a hiperatividade do menor. Quadro clínico que não legitima o aluno ignorar as normas de disciplina e respeito aos colegas e professores. Comprovação de ocorrências referentes à indisciplina do mesmo. Expulsão que não se reveste de qualquer ilegalidade. Dano moral não configurado. Recurso a que se nega seguimento na forma autorizada pelo artigo 557 do Código de Processo Civil. (0015886-56.2004.8.19.0014 – APELAÇÃO. Des(a). CLAUDIO BRANDÃO DE OLIVEIRA - Julgamento: 22/03/2012 - DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL).

IMPORTANTE

A obra “Responsabilidade jurídica dos pais, professores e escola: legislação, processo, doutrina e decisões judiciais” apresenta que, num cenário de mudanças constantes, as responsabilidades dos pais/genitores sobre os filhos são cada vez mais amplas no ordenamento jurídico brasileiro, independentemente das configurações de família. E neste sentido, aponta-se as responsabilidades dos pais/genitores frente aos filhos nos diversos ramos do direito (constitucional, penal, civil, trabalhista, código de trânsito, previdenciário, tributário, no ECA e na LDB) e inclusive perante os atos ilícitos dos filhos.O estudo destaca as responsabilidades dos professores (pedagógicas e jurídicas) e das escolas, pois as crianças e os adolescentes passam um tempo considerável de suas vidas nos estabelecimentos escolares e estão sob a responsabilidade destes.

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Quanto ao campo educacional, apresentam-se as responsabilidades dos estudantes, a importância do Projeto Político-Pedagógico e do Regimento Escolar. E, por fim, são elencados alguns crimes que podem se fazer presentes no cotidiano escolar, uns com maior e outros com menor incidência, como observado nas jurisprudências pesquisadas e selecionadas dos Tribunais de Justiça. Confira e se informe sobre a legislação!

O DIREITO À EDUCAÇÃO: Um campo de atuação do gestor educacional na escola

Carlos Roberto Jamil Cury

Tanto quanto um direito, a educação é definida, em nosso ordenamento jurídico, como dever: direito do cidadão – dever do Estado. Do direito nascem prerrogativas próprias das pessoas em virtude das quais elas passam a gozar de algo que lhes pertence como tal. Do dever nascem obrigações que devem ser respeitadas tanto da parte de quem tem a responsabilidade de efetivar o direito como o Estado e seus representantes, quanto da parte de outros sujeitos implicados nessas obrigações. Se a vida em sociedade se torna impossível sem o direito, se o direito implica em um titular do mesmo, há, ao mesmo tempo, um objeto do direito que deve ser protegido inclusive por meio da lei.

Hoje, praticamente, não há país no mundo que não garanta, em seus textos legais, o direito de acesso, permanência e sucesso de seus cidadãos à educação escolar básica. Afinal, a educação escolar é uma dimensão fundante da cidadania e tal princípio é indispensável para a participação de todos nos espaços sociais e políticos e para (re)inserção qualificada no mundo profissional do trabalho. Por isso, o art. 205 de nossa Constituição Federal de 1988 é claro: A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Dessa definição, bela e forte ao mesmo tempo, seguiram-se outros preceitos visando à efetivação desse direito à educação já proclamado no artigo 6º da mesma Constituição como o primeiro direito social. Tal efetivação abrange desde os princípios e regras da administração pública até as diretrizes que regem os currículos da educação escolar.

LEITURA COMPLEMENTAR

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A educação escolar é um bem público de caráter próprio por implicar a cidadania e seu exercício consciente, por qualificar para o mundo do trabalho, por ser gratuita e obrigatória no Ensino Fundamental, por ser gratuita e progressivamente obrigatória no Ensino Médio, por ser também dever do Estado na Educação Infantil.

Esse bem público, capaz de ser como serviço público, aberto, sob condições, à iniciativa privada, é, no âmbito público, cercado de proteção, por exemplo, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o Plano Nacional de Educação e os pareceres e resoluções dos Conselhos de Educação. Veja se, por exemplo, a vinculação percentual de impostos na Constituição, a obrigatoriedade do censo escolar e a avaliação de desempenho escolar.

Como se trata de um direito reconhecido, é preciso que ele seja garantido e, para isto, a primeira garantia é que ele esteja inscrito no coração de nossas escolas cercado de todas as condições. Nesse sentido, o papel do gestor é o de assumir e liderar a efetivação desse direito no âmbito de suas atribuições.

A declaração e a efetivação desse direito tornam se imprescindíveis no caso de países, como o Brasil, com forte tradição elitista e que, tradicionalmente, reservaram apenas às camadas privilegiadas o acesso a este bem social. As precárias condições de existência social, os preconceitos, a discriminação racial e a opção por outras prioridades fazem com que tenhamos uma herança pesada de séculos a ser superada.

Por isso, declarar e assegurar são mais do que uma proclamação solene. Declarar é retirar do esquecimento e proclamar aos que não sabem ou se esqueceram que somos portadores de um direito importante. Declarar e assegurar, sob esse enfoque, resultam na necessária cobrança de quem de direito (dever) e na indispensável assunção de responsabilidades por quem de dever (direito), em especial quando ele não é respeitado. Se a nossa Constituição põe como princípio do ensino a garantia de um padrão de qualidade (art. 206, VII), por contraste, assinala, no art. 208, § 2º que o não oferecimento do ensino obrigatório ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente.

FONTE: Disponível em: <http://escoladegestores.mec.gov.br/site/8-biblioteca/pdf/jamilcury.pdf>. Acesso em: 31 mar. 2017.

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Neste tópico, você aprendeu que:

• O Plano Nacional de Educação - PNE apresenta como objetivo a organização racional das ações educativas que devem ser executadas e seguidas no país.

• A organização e estruturação do PNE segue os princípios legais da LDB/1996, como lei prioritária da educação, estabelecendo as diretrizes para sua organização nacional.

• As diretrizes e metas que compõem o Plano Nacional de Educação apresentam relação direta com o projeto político e de desenvolvimento almejado pelo governo do país.

• O atual Plano Nacional de Educação determinará as diretrizes, metas e estratégias para a política educacional no período de 2014-2024.

• O Projeto Político-Pedagógico - PPP consiste no documento que revela a identidade, ações e as concepções do processo de ensino e aprendizagem da escola. Para tanto, a escola deve organizar o documento para que esteja de acordo com a rotina, vivências e necessidades dos estudantes e da comunidade.

• O gestor escolar, como mediador das relações sociais que ocorrem na escola, deve propiciar momentos para que todos participem ativamente do processo de construção do PPP.

• O regimento da escola consiste na constituição da escola, no documento que aponta sobre as normas gerais que regulamentam todas as práticas escolares disciplinares e pedagógicas.

• O Regimento Interno regulamenta e operacionaliza o cotidiano escolar com normas criadas para definir papéis, funções, direitos, deveres, proibições, avaliação e outros. O documento deve estar sempre em sintonia com o Projeto Político-Pedagógico.

RESUMO DO TÓPICO 3

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AUTOATIVIDADE

1 A organização e estruturação do PNE segue os princípios legais da LDB/1996, e a Lei de Diretrizes prevê que seja encaminhado ao Congresso Nacional para sua aprovação, no prazo máximo de um ano após sua promulgação. Reflita sobre o objetivo do Plano Nacional de Educação - PNE e assinale a alternativa correta:

a) ( ) Estrutura e organiza todas as ações educativas desenvolvidas no país, garantindo sua execução.b) ( ) Atua como órgão deliberativo quanto à organização da estrutura e funcionamento das escolas.c) ( ) Delibera somente sobre as ações aplicadas ao desenvolvimento dos planos de cargos e carreiras dos professores.d) ( ) Documento que norteia as ações que devem ser desenvolvidas exclusivamente no Ensino Superior.

2 Realize uma pesquisa para verificar quais os direitos, deveres e proibições mais comuns que você encontrou para alunos, pais e professores em regimentos escolares disponíveis on-line.

3 (ENADE - PEDAGOGIA, 2014) O Plano Nacional de Educação (PNE) inclui 20 metas e estratégias traçadas para o setor nos próximos 10 anos. Entre as metas, está a aplicação de valor equivalente a 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública, promovendo a universalização do acesso à Educação Infantil para crianças de quatro a cinco anos, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Esse plano também prevê a abertura de mais vagas no Ensino Superior, investimentos maiores em educação básica em tempo integral e em educação profissional, além da valorização do magistério.

FONTE: BRASIL. Conheça as 20 metas definidas pelo PNE. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br>. Acesso em: 4 jul. 2014 (adaptado).

A Lei nº 13.005, de 25 junho de 2014, que aprova o PNE, prevê importantes dispositivos, tais como:

Art. 5 - A execução do PNE e o cumprimento de suas metas serão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações periódicas.

Deveres Direitos Proibições AlunosProfessoresPais/responsáveis

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Art. 10 - O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Munícipios serão formulados de maneira a assegurar a consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias deste PNE e com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua plena execução.

Art. 11 - O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, coordenado pela União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, constituirá fonte de informação para a avaliação da qualidade da educação básica e para a orientação das políticas públicas desse nível de ensino.

Art. 13 - O poder público deverá instituir, em lei específica, contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema Nacional de Educação, responsável pela articulação entre os sistemas de ensino, em regime de colaboração, para efetivação das diretrizes, metas e estratégias do Plano Nacional de Educação.

Considerando as informações acima, conclui-se que o PNE:

a) ( ) Possibilita ao país iniciar seu processo de desenvolvimento, pois prevê aumento anual de 10% nos patamares de aplicação do PIB em educação e sistema de monitoramento da aplicação de investimentos, o Sistema de Avaliação da Educação Básica, a ser instituído nos próximos dois anos. b) ( ) Prevê meta de aplicação de 10% do PIB em educação, sinalizando que os gestores escolares terão 10 vezes mais possibilidades de atingir patamares mais elevados de educação nos próximos 10 anos, pois vincula os investimentos com a educação aos níveis de desenvolvimento do país, aferidos pelo PIB.c) ( ) Estabelece que a melhoria da educação básica – universalização do acesso à educação infantil, aumento de vagas no Ensino Superior, maior investimento em educação profissional - evidencia a base para o desenvolvimento, pois o crescimento econômico é o indicador do percentual de recursos do PIB a ser aplicado em educação.d) ( ) Permite planejar a educação para os próximos 10 anos e institui mecanismos de monitoramento e avaliação, tanto da execução do Plano como da qualidade da educação, por meio do estabelecimento de metas educacionais dos investimentos a serem disponibilizados para o alcance dessas metas.

4 (ENADE - PEDAGOGIA, 2014) Considerando as concepções atuais de Projeto Político-Pedagógico (PPP) presentes na literatura, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.

I- Na avaliação de um PPP, deve-se reconhecer que esse processo é constituído de uma dimensão de cunho político, cujas expectativas ou intenções e realidade curricular encontram-se inseridas em contexto amplo, no que se refere às políticas educacionais e, especificamente, ao cotidiano escolar.PORQUE

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II- O PPP deve estar comprometido com a formação do cidadão para um tipo de sociedade, e é pedagógico devido à possibilidade e concretização das intencionalidades da escola, ou seja, da formação do cidadão partícipe, compromissado, crítico e criativo.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.c) ( ) A asserção I é uma Proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II também é uma proposição verdadeira.

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REFERÊNCIAS

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