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AULA 1 INTERPRETAÇÃO DE TEXOS MINISTÉRIO DA FAZENDA Professor Marlus Geronasso

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AULA 1

INTERPRETAÇÃO DE TEXOS

MINISTÉRIO DA FAZENDA

Professor Marlus Geronasso

O texto a seguir é referência para as

questões 01 a 04.

Brasil arcaico estranha TV moderna A vida

que passa nas novelas da Globo é mais

moderna do que a real. Em muitos

aspectos, o cotidiano retratado na televisão

se mostra mais avançado em relação a

alguns temas tabus do que a média da

população brasileira. No mundo real,

pesquisas de opinião mostram uma rejeição

alta da população brasileira,

especialmente masculina, aos

homossexuais. No mundo das novelas,

várias produções nos últimos dez anos

abordaram, com maior ou menor abertura, o

tema. Quase sempre, os personagens gays

terminavam bem aceitos e com um final

feliz, ainda que, para não chocar a

audiência, as demonstrações de afeto

nunca ultrapassassem a barreira do beijo.

Para especialistas ouvidos pela Folha, há uma

distância cultural entre aqueles que produzem novelas

e os que as assistem. No entanto, como esse é um

produto de massa, eles apontam que há sempre um

limite até o qual se pode ir. A vice-coordenadora do

núcleo de telenovelas da USP e professora da Escola

de Comunicação e Artes (ECA), Maria Lourdes Motter,

diz que essa diferença sempre existiu e deve

continuar existindo, mas que é preciso achar o ponto

de equilíbrio: "É preciso sempre produzir algo novo,

mas mantendo uma parte conhecida para que você

não afugente as pessoas pela falta de compreensão.

A indústria cultural prevê a existência de um pêndulo

entre a conservação e a mudança. Os artistas têm

que conservar e inovar ao mesmo tempo".

O cientista político Alberto Almeida, autor de uma

pesquisa de opinião que comparou vários hábitos e

comportamentos do brasileiro por nível de

escolaridade, diz que as polêmicas recentes em

novelas são um reflexo do que ele chamou, em sua

pesquisa, de choque entre o Brasil arcaico e o

moderno

Ele concorda, no entanto, que a novela acaba

conciliando, no final, o interesse de todos."O final das

novelas sempre reflete uma visão conservadora de

felicidade, com casamentos e uniões, o que em geral

é uma preferência bem sedimentada da classe baixa.

Se o final refletisse a elite escolarizada do Rio e de

São Paulo, teria separações e pessoas refazendo

suas vidas. Assim, em alguma medida, a novela

concilia os dois conjuntos de valores".

Para o dramaturgo Rubens Rewald, que integra o

Nudrama (Núcleo de Pesquisa em Dramaturgia

Audiovisual da USP), é muito difícil dizer até que

ponto a novela reflete a realidade ou indica novos

caminhos para ela: "Uma obra é sempre fruto de um

meio, de uma época. E, por mais ficção que seja,

reflete uma questão aparente ou sublimada na

sociedade. As obras de arte, e dentro delas as

novelas, sempre dialogam com seu tempo". Rewald

diz que o que se vê nas novelas são espelhos da

sociedade urbana, mas destaca que, mais do que

indicar modelos de comportamento, elas acabam

gerando discussões sobre esses modelos.

Para o dramaturgo, no entanto, o público de novela no

Brasil ainda é muito conservador e faz com que a

televisão seja conservadora também.

Na opinião da demógrafa Paula Miranda Ribeiro, do

Cedeplar (Centro de Desenvolvimento e Planejamento

Regional), da UFMG, a Rede Globo tem consciência

do papel indutor que as novelas podem ter em relação

a alguns temas. Isso fica claro, segundo ela, quando a

novela faz merchandising social e inclui, muitas vezes

a pedido da rede, temas como dependência química,

leucemia ou deficiência nas tramas de novela.

Ribeiro diz não acreditar, no entanto, que as

polêmicas relacionadas a sexualidade apareçam por

causa de uma orientação da emissora. Para ela, trata-

se muito mais de uma iniciativa dos autores. O escritor

Gilberto Braga confirma a tese. "Nunca tive notícia de

que a emissora pedisse para incluir personagens

gays, por exemplo. Quem propõe é o autor, às vezes

com o objetivo de contribuir para a discussão sobre

preconceito, salvo em algumas novelas em que esses

personagens eram mostrados para fazer graça".

(Folha de S. Paulo, 06 ago. 2006 – adaptado.)

01 - Segundo o texto, “... há uma

distância cultural entre aqueles que

produzem novelas e os que as assistem.

No entanto, como esse é um produto de

massa, eles apontam que há sempre um

limite até o qual se pode ir”. São

exemplos de cuidados da Rede Globo em

não ultrapassar esse limite:

1. As demonstrações de afeto entre

personagens gays.

2. O merchandising social de temas como

dependência química e deficiência.

3. Os casamentos e uniões no final das

novelas.

4. O controle sobre a liberdade dos autores

para definir temas e criar personagens.

São exemplos desse limite:

a) 1 e 2 somente.

b) 1 e 3 somente.

c) 2 e 3 somente.

d) 2 e 4 somente

e) 1, 3 e 4 somente.

Resposta correta – alternativa B

02 - Para a demógrafa Paula Miranda

Ribeiro, as novelas da Rede Globo

podem ter um papel indutor em relação a

alguns temas. A partir dessa afirmação,

pode-se deduzir que:

a) a Rede Globo desconhece a reação do público aos

temas abordados nas novelas.

b) as novelas da Globo tratam de temas que estejam

em evidência no cotidiano dos telespectadores.

c) a Rede Globo procura colocar em discussão temas

que a emissora considera relevantes.

d) as novelas da Rede Globo dão

preferência a temas polêmicos.

e) a Rede Globo é ousada na escolha dos

temas ppara obter aprovação dos

telespectadores.

Resposta correta – alternativa C

3 - Segundo o texto, é correto afirmar:

a) os autores de novelas fazem poucas concessões

às expectativas dos telespectadores.

b) a maioria dos telespectadores não compreende a

trama das novelas devido à diferença cultural entre o

meio em que vive e o mundo ficcional.

c) por falta de conhecimento da audiência real das

novelas, os autores de novelas só atendem às

expectativas do público com escolaridade mais

elevada.

d) a classe baixa brasileira é mais

conservadora do que a elite.

e) os índices de audiência determinam a

escolha e a abordagem dos temas das

novelas.3 - Segundo o texto, é correto

afirmar:

Resposta correta – alternativa D

04 - No trecho abaixo, foram destacadas

expressões que retomam outras palavras

mencionadas anteriormente, como um

recurso para garantir a coesão do texto.

“Para especialistas ouvidos pela Folha, há uma

distância cultural entre aqueles que produzem

novelas e os que as assistem. No entanto, como

esse é um produto de massa, eles apontam que há

sempre um limite até o qual se pode ir. A vice-

coordenadora do núcleo de telenovelas da USP e

professora da Escola de Comunicação e Artes

(ECA), Maria Lourdes Motter, diz que essa

diferença sempre existiu e deve continuar

existindo, mas que é preciso achar o ponto de

equilíbrio.”

Em que alternativa o antecedente da

expressão grifada NÃO foi indicado

adequadamente?

a) as ® novelas

b) esse ® novelas

c) eles ® aqueles que produzem novelas

d) o qual ® um limite

e) essa diferença ® distância cultural

Resposta correta – alternativa C