4
Qualidade do Leite A importância da assistência técnica na qualidade do leite p. 4 Embriões bovinos Jornal da Produção de Leite / Ano XXI - Número 278 - Viçosa, MG - Junho de 2012 PDPL-RV Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa www.ufv.br/pdpl Transferência de embriões: do laboratório ao bezerreiro Em um programa de melhoramen- to genético em bovinos, buscamos aperfeiçoar características positivas e corrigir as negativas de um determi- nado animal. Pensando nisso, a utili- zação da inseminação artificial (IA) é imprescindível, pois podemos es- colher determinados touros que são melhoradores para uma característi- ca específica, e assim, procurar fazer com que as filhas sejam superiores às mães. Porém, sabemos que devido ao prolongado período de gestação e elevado intervalo entre gerações dos bovinos, esse melhoramento ocorre apenas em longo prazo. Com a transferência de embriões (TE), podemos minimizar esse pro- blema, já que conseguimos gerar mais bezerras de uma mesma vaca por ano. Resumidamente, a técnica consiste em retirar embriões de um vaca (doadora) e implantar em ou- tras vacas (receptoras), que servirão apenas como “barriga de aluguel”. Vejamos a seguir o passo a passo da técnica: • Primeiramente devemos sele- cionar a doadora dos embriões, que deve ter, entre outras características, um bom histórico reprodutivo, boa condição corporal, ser livre de do- enças infecto-contagiosas, estar fora de qualquer situação de estresse e ci- clando regularmente, e claro, ser boa produtora de leite. A seleção das re- ceptoras também deve ser criteriosa, escolhendo as que apresentam bom histórico reprodutivo e condições saudáveis; • Escolhida a doadora, ela passa- rá por um protocolo hormonal de superovulação, para que vários folí- culos tenham condições de ovular, e não apenas um, como acontece no André Navarro Lobato Médico Veterinário do PDPL-RV cio natural. A resposta desse proces- so em cada vaca é muito variável e é o principal fator limitante do sucesso da técnica; • Ao mesmo tempo, as receptoras devem ser sincronizadas de forma a estarem no mesmo estágio repro- dutivo da doadora, ou seja, se o em- brião foi retirado no sétimo dia da doadora, ele deve ser implantado na receptora que estiver com sete dias após a ovulação; • Após coletados, os embriões são levados a um laboratório onde será realizada a classificação dos mesmos e procedimentos de proteção, antes da transferência para as receptoras; O principal benefício da TE é con- seguir mais descendentes de uma mesma vaca. De cada coleta, espera- mos por volta de 3 a 4 prenhezes, em média. Assim, conseguimos a multi- plicação mais rápida de um genótipo superior. Porém, as fazendas necessi- tam de condições mínimas, como nu- trição adequada, aspecto sanitário do rebanho em dia, mão de obra respon- sável e compromissada com os resul- tados e, claro, pelo menos uma vaca geneticamente superior, que valha a pena multiplicar suas características. Diante dos benefícios supracitados, o PDPL-RV está planejando e já está buscando meios de iniciar a TE den- tro das fazendas participantes, para multiplicar vacas com genética supe- rior e colaborar para atingir o objeti- vo principal, que é a rentabilidade da empresa rural. PDPL-RV promove encontro de produtores e equipe do Programa Com quase 24 anos de “estrada”, sempre com o mesmo objetivo, a equipe do PDPL-RV promoveu no dia 23 de maio um encontro com o intuito de reunir estagiários, a equi- pe do Programa e principalmente os produtores participantes, para discorrer sobre os resultados que as propriedades apresentaram no úl- timo ano e sobre a importância da gestão, focada no sucesso da ativida- de leiteira. Da abertura ao encerramento, o evento foi conduzido pelo coordena- dor técnico do PDPL-RV, Christiano Nascif, que de antemão agradeceu a presença dos produtores que se deslocaram até o Centro de Ensino e Extensão da UFV para contribuí- rem com o sucesso da reunião, além dos técnicos e estagiários também presentes. Inicialmente, discutiu-se a estra- tificação das propriedades que atu- almente participam do Programa, de acordo com a área utilizada para pecuária, número de matrizes e produção de leite diária. Dessa for- ma, foi possível observar a grande heterogeneidade entre as proprie- dades, o que representa a realidade da região. Dentre as análises e dados divul- gados, o foco principal foi a gestão econômica das propriedades, evi- denciando as correlações entre os resultados técnicos e econômicos, como a produção de leite por hecta- re por ano, e a produção de leite por dia-homem, ambos atuando como pontes para o sucesso econômico na atividade. O recurso terra representa cerca de 60% do capital imobilizado na atividade. Já os gastos com a mão Marcelo Bianco Estudante de Zootecnia de obra, pilar da pecuária leiteira, re- presentam de 10 a 15% da renda bru- ta obtida com a venda do leite. Durante a palestra, cada produtor pôde avaliar a sua propriedade de acordo com o ranking que foi apre- sentado, classificados pela rentabili- dade de cada uma. Estas compara- ções têm como objetivo motivar o planejamento de cada propriedade, visando aumentar a eficiência técni- ca e econômica, além de diagnosticar a situação real em que cada empresa se encontra. O gráfico abaixo mostra o percen- tual dos custos em relação ao preço do leite, de acordo com o período de participação no Programa. Antes do encerramento, foi desta- cada a importância da gestão foca- da em resultados e o sucesso como consequência de muito empenho e comprometimento. Ao final da apre- sentação foi notável a satisfação e o interesse dos produtores participan- tes do PDPL-RV que compareceram à reunião. Após o término da reunião foi servido um “leite com papo”, que contribuiu para a conclusão do en- contro. C OE (Custo Operacional Efetivo): Envolve os custos variáveis da propriedade, como mão de obra, concentrado, medicamentos, etc.; COT (Custo Operacional Total): Envolve os custos operacionais efetivos, acrescidos da mão de obra familiar e a depreciação dos bens investidos com a atividade; RB (Renda Bruta do leite): Renda obtida com a venda do leite CT (Custo total do Leite): Envolve os custos operacionais totais acrescidos dos juros aplicado em cima do capital empatado na atividade 1. Gasto com mão de obra con- tratada dividido pela renda bruta obtida com a venda de leite 2. Gasto com concentrado dividido pela renda bruta obtida com a venda de leite 3. Custo operacional efetivo do leite, dividido pelo preço do leite 4. Custo operacional total do leite, dividido pelo preço do leite 5. Custo total do leite dividido pelo preço do leite Momento do Produtor Danilo de Castro p. 3 Dicas do Veterinário Partos distócitos p. 2

Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de … · A distocia varia de um li-geiro atraso no parto até a completa incapacidade de parir. As principais causas

  • Upload
    lamnhu

  • View
    215

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de … · A distocia varia de um li-geiro atraso no parto até a completa incapacidade de parir. As principais causas

Qualidade do LeiteA importância da assistência técnica na qualidade do leite

p. 4

Embriões bovinos

Sistema de boas práticas na fazenda é aplicado nas propriedades assistidas pelo PDPL-RV Jornal da Produção de Leite / Ano XXI - Número 278 - Viçosa, MG - Junho de 2012

PDPL-RV Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa www.ufv.br/pdpl

Transferência de embriões: do laboratório ao bezerreiro

Em um programa de melhoramen-to genético em bovinos, buscamos aperfeiçoar características positivas e corrigir as negativas de um determi-nado animal. Pensando nisso, a utili-zação da inseminação artificial (IA) é imprescindível, pois podemos es-colher determinados touros que são melhoradores para uma característi-ca específica, e assim, procurar fazer com que as filhas sejam superiores às mães. Porém, sabemos que devido ao prolongado período de gestação e elevado intervalo entre gerações dos bovinos, esse melhoramento ocorre apenas em longo prazo.

Com a transferência de embriões (TE), podemos minimizar esse pro-blema, já que conseguimos gerar mais bezerras de uma mesma vaca por ano. Resumidamente, a técnica

consiste em retirar embriões de um vaca (doadora) e implantar em ou-tras vacas (receptoras), que servirão apenas como “barriga de aluguel”. Vejamos a seguir o passo a passo da técnica:

• Primeiramente devemos sele-cionar a doadora dos embriões, que deve ter, entre outras características, um bom histórico reprodutivo, boa condição corporal, ser livre de do-enças infecto-contagiosas, estar fora de qualquer situação de estresse e ci-clando regularmente, e claro, ser boa produtora de leite. A seleção das re-ceptoras também deve ser criteriosa, escolhendo as que apresentam bom histórico reprodutivo e condições saudáveis;

• Escolhida a doadora, ela passa-rá por um protocolo hormonal de superovulação, para que vários folí-culos tenham condições de ovular, e não apenas um, como acontece no

André Navarro LobatoMédico Veterinário do PDPL-RV

cio natural. A resposta desse proces-so em cada vaca é muito variável e é o principal fator limitante do sucesso da técnica;

• Ao mesmo tempo, as receptoras devem ser sincronizadas de forma a estarem no mesmo estágio repro-dutivo da doadora, ou seja, se o em-brião foi retirado no sétimo dia da doadora, ele deve ser implantado na receptora que estiver com sete dias após a ovulação;

• Após coletados, os embriões são levados a um laboratório onde será realizada a classificação dos mesmos e procedimentos de proteção, antes da transferência para as receptoras;

O principal benefício da TE é con-seguir mais descendentes de uma mesma vaca. De cada coleta, espera-mos por volta de 3 a 4 prenhezes, em média. Assim, conseguimos a multi-plicação mais rápida de um genótipo superior. Porém, as fazendas necessi-tam de condições mínimas, como nu-

trição adequada, aspecto sanitário do rebanho em dia, mão de obra respon-sável e compromissada com os resul-tados e, claro, pelo menos uma vaca geneticamente superior, que valha a pena multiplicar suas características.

Diante dos benefícios supracitados,

o PDPL-RV está planejando e já está buscando meios de iniciar a TE den-tro das fazendas participantes, para multiplicar vacas com genética supe-rior e colaborar para atingir o objeti-vo principal, que é a rentabilidade da empresa rural.

PDPL-RV promove encontro de produtores e equipe do Programa

Com quase 24 anos de “estrada”, sempre com o mesmo objetivo, a equipe do PDPL-RV promoveu no dia 23 de maio um encontro com o intuito de reunir estagiários, a equi-pe do Programa e principalmente os produtores participantes, para discorrer sobre os resultados que as propriedades apresentaram no úl-timo ano e sobre a importância da gestão, focada no sucesso da ativida-de leiteira.

Da abertura ao encerramento, o evento foi conduzido pelo coordena-dor técnico do PDPL-RV, Christiano Nascif, que de antemão agradeceu a presença dos produtores que se deslocaram até o Centro de Ensino e Extensão da UFV para contribuí-rem com o sucesso da reunião, além dos técnicos e estagiários também presentes.

Inicialmente, discutiu-se a estra-tificação das propriedades que atu-almente participam do Programa, de acordo com a área utilizada para pecuária, número de matrizes e produção de leite diária. Dessa for-ma, foi possível observar a grande heterogeneidade entre as proprie-dades, o que representa a realidade da região.

Dentre as análises e dados divul-gados, o foco principal foi a gestão

econômica das propriedades, evi-denciando as correlações entre os resultados técnicos e econômicos, como a produção de leite por hecta-re por ano, e a produção de leite por dia-homem, ambos atuando como pontes para o sucesso econômico na atividade. O recurso terra representa cerca de 60% do capital imobilizado na atividade. Já os gastos com a mão

Marcelo BiancoEstudante de Zootecnia

de obra, pilar da pecuária leiteira, re-presentam de 10 a 15% da renda bru-ta obtida com a venda do leite.

Durante a palestra, cada produtor pôde avaliar a sua propriedade de acordo com o ranking que foi apre-sentado, classificados pela rentabili-dade de cada uma. Estas compara-ções têm como objetivo motivar o planejamento de cada propriedade,

visando aumentar a eficiência técni-ca e econômica, além de diagnosticar a situação real em que cada empresa se encontra.

O gráfico abaixo mostra o percen-tual dos custos em relação ao preço do leite, de acordo com o período de participação no Programa.

Antes do encerramento, foi desta-cada a importância da gestão foca-

da em resultados e o sucesso como consequência de muito empenho e comprometimento. Ao final da apre-sentação foi notável a satisfação e o interesse dos produtores participan-tes do PDPL-RV que compareceram à reunião. Após o término da reunião foi servido um “leite com papo”, que contribuiu para a conclusão do en-contro.

C OE (Custo Operacional Efetivo): Envolve os custos variáveis da propriedade, como mão de obra, concentrado, medicamentos, etc.;COT (Custo Operacional Total): Envolve os custos operacionais efetivos, acrescidos da mão de obra familiar e a depreciação dos bens investidos com a atividade;RB (Renda Bruta do leite): Renda obtida com a venda do leiteCT (Custo total do Leite): Envolve os custos operacionais totais acrescidos dos juros aplicado em cima do capital empatado na atividade

1. Gasto com mão de obra con-tratada dividido pela renda bruta obtida com a venda de leite2. Gasto com concentrado dividido pela renda bruta obtida com a venda de leite3. Custo operacional efetivo do leite, dividido pelo preço do leite4. Custo operacional total do leite, dividido pelo preço do leite5. Custo total do leite dividido pelo preço do leite

Momento do ProdutorDanilo de Castro

p. 3

Dicas do VeterinárioPartos distócitos

p. 2

Page 2: Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de … · A distocia varia de um li-geiro atraso no parto até a completa incapacidade de parir. As principais causas

2

Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de Viçosa

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL-RV:Prof. Sebastião Teixeira

Gomes

Jornalista Responsável:José Paulo Martins

(MG-02333-JP)

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André NavarroMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenação gráfica:

Erika VieiraNeide Assis

Impressão:Suprema Gráfica e Editora

(32) 3551 2546

Endereço do PDPL-RV: Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/ Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]

www.pdpl.ufv.brTwitter: @PDPLRV

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

João Márcio Alvim Estudante de Medicina Veterinária

Parto distócico pode ser definido como a dificuldade ou impedimen-to que a vaca encontra para expul-sar o feto do útero. Essa dificuldade pode ser atribuída à mãe, ao feto ou a ambos. A distocia varia de um li-geiro atraso no parto até a completa incapacidade de parir. As principais causas são fetos com tamanho des-proporcional ao da mãe, falta de dila-tação cervical, atonia uterina e fetos com posicionamento inadequado.

A distocia traz grandes problemas para a produção leiteira, pois pode levar o bezerro à morte, provocar re-

tenção de placenta, aumentar o perí-odo de serviço e, consequentemente, aumentar o intervalo entre partos.

Quando uma vaca apresenta dis-tocia, deve-se intervir no parto para que se possa salvar o bezerro e a vaca, que podem chegar a óbito devido ao tempo demasiadamente elevado do trabalho de parto. A intervenção deve ser feita com certos cuidados, para que lesões mais graves não se-jam causadas à mãe e ao bezerro, que já está sofrendo. Cuidados com a hi-giene também são fundamentais para evitar que uma contaminação exter-na seja levada para o interior do úte-ro, agravando ainda mais o problema.

Ao intervir no parto, deve-se verifi-car o posicionamento do feto (mem-

bros anteriores esticados e com a cabeça posicionada entre eles). Caso esteja posicionado de forma incorre-ta, a posição deve ser corrigida. Ao puxar o feto, a força deve ser realiza-da para baixo, alternando a força en-tre os membros (puxa um pouco um membro, depois o outro) e fazendo força junto com as contrações uteri-nas da vaca.

Para evitar partos distócicos, algu-mas medidas podem ser tomadas, como:

• Inseminar as novilhas com touros que tenham alto índice de facilidade de parto;

• Monitorar o desenvolvimento das novilhas antes e após a inseminação (a novilha deve ser inseminada quan-

Partos distócicosDicas do Veterinário

do estiver com 65% do peso adulto de animais da mesma raça, e ao parto deve apresentar 80% deste peso);

• Evitar que vacas cheguem ao parto gordas ou muito magras (os animais devem apresentar escore de condição corporal entre 3,5 e 4,0);

• Evitar estresse no período de pré- parto, estresse calórico (sombra deve ser de 5m² por animal), superlotação de lote (espaço de cocho insuficiente) e a dieta do pré-parto deve ser a mes-ma fornecida ao animal no início da lactação, para que este possa se adap-tar a ela com o tempo.

Tomando estes cuidados e seguin-do as recomendações técnicas, a distocia pode ser evitada e as perdas minimizadas.

Casqueamento preventivo: mais saúde e menos gastos

As afecções de casco são problemas comuns em fazendas leiteiras, prin-cipalmente nas propriedades em que os animais permanecem a maior par-te do dia confinados, aumentando o consumo de concentrado e o período em contato com pisos concretados. Esses fatores aumentam o desgaste natural dos cascos, predispondo os animais a essas enfermidades.

O casqueamento preventivo pode parecer mais um trabalho no dia a dia ou uma despesa extra, entretanto analisando que os animais acome-tidos por afecções de casco podem

Jaime Camilo FilhoEstudante de Medicina Veterinária

Marcelo BiancoEstudante de Zootecnia

diminuir a produção leiteira e tam-bém prejudicar a eficiência repro-dutiva do rebanho, concluímos que esta medida acaba trazendo maior lucratividade.

Um estudo realizado na Inglaterra dividiu as lesões de casco em três ca-tegorias: lesões interdigitais, digitais e de sola. Os custos por animal afe-tado foram de R$293,00, R$520,00 e R$ 940,00, respectivamente (soman-do todos os gastos, medicamentos, descarte do leite e perda da eficiência reprodutiva). Outro estudo realiza-do nos USA mostrou que as vacas acometidas apresentam uma taxa de descarte de 1,77 vezes maior que as vacas sadias. Nota-se uma significati-va diferença entre os gastos, visto que o casqueamento preventivo, realiza-do duas vezes ao ano, fica em torno

de R$ 50,00 por animal.Pensando em diminuir os gastos

com medicamentos e os prejuízos que os animais acometidos causam, o pro-prietário José Afonso adotou o mane-jo e tratou todas as vacas da proprie-dade Bela Vista, em Coimbra/MG. O funcionário Júlio, que já passou por treinamentos realizados pelo PDPL- RV, foi o responsável pela atividade e, segundo ele, a grande vantagem em casquear os animais é a identificação das lesões no início, tornando o trata-mento rápido e barato, minimizando os transtornos com a produção.

O casqueamento preventivo deve ser realizado duas vezes ao ano, no final do período de lactação, iden-tificando assim resíduos de lesões que ocorreram durante a lactação; e no período pós-parto (por volta de

um mês após o parto), preparando o animal para a lactação. Esse processo consiste basicamente em:

1- Aparar as pinças maiores que 7,5 cm de comprimento

2- Rebaixar as pinças, fazendo com que os animais se apoiem mais na região da sola, distribuindo o peso uniformemente por todo o casco

3- Abrir o espaço interdigital, fa-vorecendo a saída de sujidades que causam lesões

4- Alinhar os talões para que te-nham a mesma altura.

Analisando os dados citados, nota-mos que as doenças de casco causam perdas significativas na produção e o casqueamento preventivo é uma ferramenta que diminui o custo de produção, tornando o produtor mais eficiente na atividade leiteira.

Sucessão familiar na pecuária leiteira

Segundo Wanderley (2003), a em-presa familiar engloba uma diversi-dade de formas de produção organi-zadas em torno do trabalho conjunto da família, sendo que, além dos ob-jetivos financeiros, também são leva-dos em consideração os interesses e necessidades familiares. De acordo com dados do último Censo Agro-pecuário do IBGE (2007), o Brasil conta com 4,8 milhões de estabeleci-mentos rurais, dos quais 85% são re-presentados pela agricultura familiar, totalizando 38% da produção agro-pecuária do país.

O grande desafio, no entanto, é alcançar uma continuidade aos tra-balhos já desenvolvidos através de herdeiros ao longo das gerações. A sucessão familiar é um ponto delica-do no processo de desenvolvimento da atividade produtiva. Sua consoli-dação e aprimoramento ao longo dos anos exigem mudanças tecnológicas na propriedade, desenvolvimento produtivo e abertura de mercado. Além disso, é preciso um planeja-mento da atividade e a transferência dos conhecimentos, buscando-se pessoas com gosto pelo setor e com interesse em mantê-lo ativo.

Atualmente, boa parte dos filhos sai da fazenda para estudar e, na maio-ria dos casos, acabam se interessando mais pelo trabalho nas cidades do

Lidiane M. FinotiEstudante de Medicina Veterinária

Wagner da Silva MachadoEstudante de Zootecnia

que no campo, ameaçando o sonho de dar continuidade à tradição da família e à sucessão familiar nos ne-gócios. Muitos também acabam não sendo estimulados a seguir os passos dos pais, pois se recordam do campo como um local de trabalho exaustivo. Porém, há muitos casos em que após a capacitação profissional por meio de cursos, estágios e faculdades, os fi-lhos retornam ao campo e, aplicando os conhecimentos adquiridos, são ca-pazes de dar um novo impulso à ativi-dade, melhorando sua rentabilidade.

Dentro do Programa de Desenvol-vimento da Pecuária Leiteira da Re-gião de Viçosa (PDPL-RV), há alguns casos em que as propriedades assisti-das desenvolvem a pecuária familiar. Dois exemplos são os produtores Antônio Moreira Vieira e José Maria de Barros, proprietários das fazendas Boa Vista e Itapeva, respectivamente, no município de Presidente Bernar-des, na Zona da Mata Mineira. Nelas, os filhos, com grande interesse na pecuária leiteira, já desempenham papel ativo nas atividades.

Fabrício, filho mais velho de Antô-nio Moreira, pretende cursar gradua-ção na área agrária e depois retornar à fazenda para, com os conhecimen-

tos adquiridos, incrementar a pro-dutividade. “Sou muito feliz naquilo que faço, tiro leite desde os meus sete anos e coloco o Vinícius (filho mais novo do produtor) para frente, por-que ele tem que ficar no meu lugar quando eu sair para estudar”, diz Fa-brício enquanto ensina ao irmão, de apenas oito anos, a forma correta de realizar a ordenha. Atualmente, Fa-brício é o responsável pelo manejo dos animais, aleitamento das bezer-ras, ordenha e limpeza dos equipa-mentos. Seus pais ficam orgulhosos ao falarem do filho, que sempre se mostrou interessado pelos trabalhos da família e que tem um excelente desempenho escolar.

No caso do José Maria, seu filho mais velho, Thiago, tem grande im-portância na rotina da fazenda, em-pregando seus conhecimentos e ha-bilidades na prática da atividade. A família é composta por dois filhos e uma filha, além da matriarca Maria Gurdiana, sendo referência na região pela tradição e história rural. Sempre muito orgulhoso, o produtor elogia o filho: “ele é meu braço direito, sem ele não poderia estudar meus outros dois filhos”. Thiago tem muitos pla-nos para o futuro dos negócios e pre-

tende se fixar na propriedade após seu casamento. Assim, pai e filho trabalham juntos para o sustento da família no campo.

Dessa forma, por meio dos seus sucessores, os produtores em ques-tão pretendem prolongar suas ati-vidades, de forma a ampliar a pro-dução com o passar do tempo e das gerações. A sucessão familiar surge como uma forma de manter vivas as tradições e objetivos da família, além de buscar garantir seu sustento e perpetuação.

José Maria de Barros e seu filho Tiago de BarrosAntônio Moreira e família

Page 3: Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de … · A distocia varia de um li-geiro atraso no parto até a completa incapacidade de parir. As principais causas

Momento do Produtor: Danilo de Castro

3

O senhor Danilo de Castro, proprie-tário da Fazenda Santa Helena, loca-lizada no município de Ervália/MG, possui 58 ha destinados à atividade leiteira. Destes, 1,7 ha é destinado ao capim-elefante, 4,1 ha à cana-de-a çúcar, 27,5 ha para milho silagem e grão e 24,7 ha de pastagem Brachiaria sp, benfeitorias e reserva verde.

A fazenda é administrada pelo filho do produtor, Marco Alan de Castro, e conta com o gerente Edson Rocha e a secretária Adriana Dias. Três funcio-nários são responsáveis pelo manejo do dia a dia da atividade leiteira: João Paulo Alves, Geraldo Luciano e João Paulo Cassiano.

A propriedade utiliza o sistema semi-intensivo, em que a dieta para as vacas em lactação, animais da cria, recria e pré-parto é fechada total-mente no cocho, sendo o pasto utili-zado para as vacas secas.

O produtor ingressou na atividade em 2002, e desde meados de 2003 conta com a assistência técnica e ge-rencial do PDPL-RV. No início sua produção era de 250 L/dia e uma mé-dia de 5,8 L/vaca em lactação, devido à menor especialização do rebanho. Hoje, depois de nove anos de assis-tência do PDPL-RV, a propriedade produz média de 880 L/dia, aproxi-madamente 20,2 L/vaca em lactação.

As vacas são inseminadas com tou-ros holandeses, a fim de melhorar a genética do seu rebanho, sendo uti-lizado o acasalamento direcionado para cada animal e sêmen sexado para as novilhas. Para melhorar os índices reprodutivos da proprieda-de, desde 2011 é utilizada a técnica de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), atingindo uma eficiên-cia da técnica de 50%.

A propriedade possui uma fábrica de ração e produz o milho grão que

é utilizado no concentrado dos ani-mais, conseguindo assim reduzir os gastos, obtendo um índice de 28% em gasto com concentrado na atividade/renda bruta do leite. Outro fator de impacto para a redução destes custos é a utilização da torta de algodão.

Na última safra a fazenda obteve bons índices na produção da silagem de milho, obtendo uma produtivida-de de 50 tonMV/ha, ficando o custo em 52,8 R$/tonMV abaixo da média do PDPL-RV. Já na última safra, foi incrementado 0,7 ha de canavial e 0,6 ha de capineira, o que refletiu na redução de seus gastos com silagem para os próximos anos.

O manejo da propriedade é feito da seguinte forma: os animais em lactação são separados em 5 lotes. Os lotes 1 e 2 recebem silagem de milho e concentrado durante o ano todo, os lotes 3, 4 e 5 recebem capim nas águas e cana corrigida na seca e concentrado.

O manejo dos animais da cria é realizado em abrigos contínuo e individual, sendo fornecido capim picado e concentrado à vontade. Os animais da recria são divididos em três lotes, sendo o primeiro de tran-sição, onde permanecem os animais que vieram do aleitamento, ficando até obterem peso médio de 150 kg, os animais recebem capim picado nas águas e cana corrigida na secas, sendo suplementado com concen-trado. Após essa fase os animais são transferidos para o lote dois, onde permanecem até obterem 350 kg e então são transferidos para o lote três, onde ficam os animais liberados para a inseminação. Neste lote há presença de um rufião, que facilita a detecção de cio. Quando os animais são confirmados passam para os pi-quetes junto com as vacas secas, e posteriormente passam para o pré- parto, 60 dias antes do parto.

Assim, em quase nove anos de par-ceria com o PDPL-RV, a propriedade se encontra com bons indicadores técnicos e tendo como meta, hoje, melhorar os índices econômicos com o auxílio e esforço dos funcionários, técnicos e estagiários.

Gabriel R. OliveiraEstudante de Medicina Veterinária

Hugo S. RochaEstudante de Agronomia

José Teotônio OliveiraEstudante de Zootecnia

INDICADORESProdução média de leite

Vacas em lactação/Total do rebanho

Produção/Vacas em lactação

Produção/Total de vacas

Produção/Área para pecuária

UnidadeL/dia

%

L/dia

L/dia

L/ha/ano

2003 a 2004237,5

30,9

8,36

5,48

1.333,60

2011 a 2012707,92

38,07

14,7

9,59

4.053,83

Evolução298%

123%

176%

175%

304%

• Qual a importância da parceria com o PDPL-RV?

A proposta do PDPL é de funda-mental importância para sucesso da atividade.

Essa importância se deve principal-mente à abrangência da assistência, que contempla os diversos aspectos: a parte veterinária, agronômica, nutri-cional, o acompanhamento da rotina dos trabalhos, além da parte finan-ceira e do planejamento estratégico.

Sem a parceria com o PDPL não es-taríamos na atividade leiteira.

• Em sua opinião, qual medida implantada durante a parceria ge-rou mais impactos?

Durante os oito anos de assistência do PDPL várias medidas de impacto foram tomadas. Mais recentemente, houve a implantação do Protocolo (IATF). Acredito que isto irá trazer grande melhoria na parte reproduti-va do rebanho.

Entrevista com o Produtor• Quais são as metas para o futu-

ro?Inicialmente nossa visão era muito

restrita ao volume de leite produzido. É claro que isso é importante, mas hoje nos preocupamos mais com a evolução genética do rebanho, com o ganho de produtividade na produção de alimentos e a otimização dos re-cursos disponíveis em nossa fazenda. Ou seja, nossa meta para o futuro é produzir mais com menos.

Produtor Marco Alan de Castro, filho do sr. Danilo de Castro e administrador da fazenda

Vista panorâmica da Fazenda Santa Helena Lote de vacas em lactação

Page 4: Programa de Desenvolvimento da Pecuária Leiteira da Região de … · A distocia varia de um li-geiro atraso no parto até a completa incapacidade de parir. As principais causas

A importância da assistência técnica na quali-dade do leite

Qualidade do leite

Bruno de Castro MouraEstudante de Zootecnia

A atividade leiteira é uma das mais complexas atividades agropecuárias, desta forma a assistência técnica é de fundamental importância em todos os aspectos ligados à cadeia produti-va. Neste cenário, a qualidade do lei-te tem ganhado destaque. Há alguns anos falava-se apenas em produzir leite em grande volume, hoje a pre-ocupação é produzi-lo com qualida-

de, o que se torna complicado se não houver nenhuma orientação técnica.

Uma pesquisa feita pela Milkpoint em dezembro de 2011, que entre-vistou técnicos e produtores, reve-lou que a assistência técnica seria o segundo fator mais importante para se obter um leite de qualidade, o que reforça ainda mais a necessidade de técnicos no campo. A grande carên-cia de extensão rural em nosso país é uma realidade, o que limita ao Brasil a conquista de novos mercados im-portadores de leite.

4

O pagamento pela qualidade do leite é um fator de extrema impor-tância, mas produzir leite com quali-

dade não é tão simples, o que torna imprescindível a orientação de um profissional qualificado.

Font

e: M

ilkpo

int

Evolução da qualidade do leite : média das fazendas assistidas pelo PDPL-RV

As 10 maiores produtividades do mês de maio de 2012

As 10 maiores produções do mês de maio de 2012

10 Melhores leites em CCS do mês de maio de 2012

Produtor Município Produção

Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 107.0581

Ozanan Luiz Moreira Ubá 17.439

2

Danilo de Castro Ervália 19.459

3

José Afonso Frederico Coimbra 55.979

4

Hermann Muller Visc. do Rio Branco 55.818

5

Paulo Frederico Araponga 46.860

6

Marco Túlio Kfouri Araújo Oratórios 45.140

7

Sérgio H. V. Maciel Coimbra 28.379

8

Renato A. Junior Pedra do Anta 22.400

9 Cristiano José da Silva Lana Piranga 18.000

10

Produtor Município CCS (mil/ml)

Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 266

1 Luis Maciel Ubá 50

2 Áureo de Alcântara Guaraciaba 107

3 Saulo Ronaldo Maciel Piranga 123

4 Luciano Sampaio Teixeiras 162

5 Célio Coelho de Oliveira Porto Firme 163

6 Alaelson José da Silva Ubá 190

7 Agenor Américo da Silva Neto Teixeiras 195

8 Antônio Moreira Vieira Presidente Bernardes 200

9 Roque Sérgio Maciel Piranga 220

10

10 Melhores análises totais de bactérias CBT do mês de maio de 2012

Produtor MunicípioProdutividadepor vacas em

lactação

Antônio Maria da Silva Araújo Cajuri 25,461

Ozanan Luiz Moreira Ubá 25,061

Sérgio H. V. Maciel Coimbra 20,822

José Afonso Frederico Coimbra 18,213

Rogério Barbosa Moreira Teixeiras 16,004

Paulo Frederico Araponga 18,795

Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 20,546

Áureo de Alcântara Ferreira Guaraciaba 16,667

Agenor Américo da Silva Neto Teixeiras 14,728

Antônio Saraiva Porto Firme 15,579

Produtividade por vaca total

20,74

20,74

16,04

15,08

14,22

14,05

13,94

13,49

11,77

11,68

João Bosco Diogo Porto Firme 14,110 11,63

PDPL-RV realiza palestra sobre o uso de transgênicosEmílio Alves FonsecaEstudante de Agronomia

Procurando formar profissionais de qualidade, com consciência am-biental, gerencial e também social, o PDPL-RV realizou no dia 30 de maio de 2012 uma palestra sobre Transgê-nicos na Cultura do Milho, ministra-da pelo Professor Eliseu J. G. Pereira, do Departamento de Entomologia da Universidade Federal de Viçosa.

O objetivo da apresentação foi de-monstrar a importância do uso de tecnologias para o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura do milho. Os organismos modificados geneti-camente, também conhecidos como OMG, têm grande importância eco-nômica para o país e, de forma direta, para os produtores da pecuária leitei-ra, uma vez que o milho é utilizado como elemento essencial na formula-ção de dietas para os animais.

Na ocasião, foi explicado o funcio-namento do material transgênico no organismo de insetos que são consi-derados pragas-chave na cultura do milho, tal como a Spodoptera frugi-perda, a famosa Lagarta-do-Cartu-cho. É utilizada a bactéria Bacillus thuringiensis, de caráter entomopa-togênico, que atua no processo di-gestivo da lagarta e age por meio da ingestão do material geneticamente modificado. Por ser específico para esses insetos, não acarreta danos a mamíferos, ou seja, o homem e seus animais.

A palestra foi de grande importân-cia para os estagiários do PDPL-RV e utilizou-se do conhecimento de um pesquisador idôneo, de nossa própria instituição de ensino, comprovando que a Universidade Federal de Viçosa forma profissionais qualificados tan-to para o campo da Extensão Rural quanto para o campo da Pesquisa.

Professor Eliseu durante a palestra

Produtor Município UFC (mil/ml)José Afonso Frederico Coimbra 21

Antônio Moreira Vieira Presidente Bernardes 21

Saulo Ronaldo Maciel Piranga 32

Roque Sérgio Maciel Piranga 32

Edmar Lopes Canaã 53

Célio de Oliveira Coelho Porto Firme 53

Claudio Cacilhas Visc. do Rio Branco 53

Rogério Barbosa Moreira Teixeiras 64

João Bosco Diogo Porto Firme 85

Áureo de Alcântara Guaraciaba 96

Antonio Carlos Reis Piranga 107

Cristiano José da Silva Lana Piranga 128

Ozanan Luiz Moreira Ubá 128

Alaelson José da Silva Ubá 149

Wilma Lúcia de Paiva Pedra do Anta 1610