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PROGRAMA DE ENSINO GUIA DO EDUCADOR CADERNO 1

PROGRAMA DE ENSINO - O Círculo da Matemática do Brasil · 2014-05-30 · 12. Traduza as respostas em uma linguagem que tenha um equivalente matemático, assim fica mais fácil registrar

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INTRODUÇÃO capa1

PROGRAMA DE ENSINO

GUIA DO EDUCADOR

CADERNO 1

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INTRODUÇÃO 22

PROGRAMA DE ENSINO

GUIA DO EDUCADOR

LIVRO 1

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INTRODUÇÃO 22

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5O CÍRCULO DA MATEMÁTICA DO BRASIL – GUIA DO EDUCADOR

A Abordagem do Círculo da Matemática do Brasil Uma abordagem é sempre algo difícil de transmitir, pois ela demanda umaapropriação que, na maior parte das vezes, somente vem com a prática. De qualquer modo, segue abaixo uma lista de lembretes sobre aabordagem apresentada pelos Professores Bob e Ellen Kaplan, discutidapelos participantes da Capacitação do Círculo da Matemática do Brasil.Esses lembretes estão agrupados em oito conjuntos de questões.

O perguntar incessante1.Nunca diga imediatamente as respostas aos estudantes. Faça o possívelpara que eles cheguem as suas próprias respostas. Continueperguntando. A beleza de ensinar é colocar a pergunta certa na horacerta aos seus alunos. Algumas vezes faça algumas questões ambíguas:metade do caminho da matemática consiste em adivinhar comoresponder a uma questão que pode ser respondida.

2. Seja paciente. As crianças precisam de tempo para pensar e pararesponder. Não apresse os resultados. Dê tempo às crianças.

3. As questões devem estimular as crianças a expor suas ideias. Pense: comofazer perguntas estimulantes? Não há receita, depende do contexto.

4. Chame as crianças pelo nome. O perguntar incessante antes de tudoreconhece a individualidade das crianças. As crianças gostam de números,mas elas não são números, precisam ser tratadas como pessoas.

5. Existe uma ‘coreografia do ensino’, própria ao Círculo da Matemática.Acelere até chegar ao clímax e então pause. Use a linguagem:

3“O que você acha disso?”

3“Que ideia bacana!” (sem ser excessivamente entusiasta)

3“Eu acho que você pode estar certo”

3“Eu também não sei” (mesmo que você saiba, apenas como sinal de empatia).

6.O perguntar deve promover a interação estratégica entre as crianças.Quando uma criança erra a resposta, pergunte o que o/a colega acha.Pergunte também quando ela acerta. Promova a interação, deixe a eles aautoridade do responder na prática.

7. As questões devem ser simples. Você não precisa usar ‘linguagem debebê’, mas ela deve ser clara e simples. Muitas vezes, no entanto, osalunos não entendem. Não há problema, siga refraseando até que o queestá sendo dito fique claro para todos (isso também é um modo deampliar o vocabulário matemático dos seus alunos/as).

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7O CÍRCULO DA MATEMÁTICA DO BRASIL – GUIA DO EDUCADOR

Ouvir de verdade8. Muitas vezes os/as professores/as podem estar bem dispostos para ouviros alunos, mas não conseguem dar materialidade a essa ação. Para queisso aconteça, registre no quadro todos os tipos de respostas, incluindo,principalmente, as erradas. Não é porque o aluno/a errou que ele ou ela émenos importante. Todas as respostas devem ser escutadas e registradas.

9. Desconstrua para construir. Não se preocupe demasiadamente com otempo e com as metas (não que elas não sejam importantes, mas nãodevem ser atingidas apenas formalmente), o foco deve ser na qualidadedo processo que você está construindo.

10. Seja um bom ou boa ‘escutador/a’. Muitas vezes, ensinar é confundidocom falar, quando escutar é tão ou mais importante.

11. Simplifique tanto quanto possível questões complexas. Traduzapensamentos complexos em pensamentos simples. Ajude seusalunos/as a entender os problemas dando a eles uma ponte de acesso a maneiras mais simples de pensar.

12. Traduza as respostas em uma linguagem que tenha um equivalentematemático, assim fica mais fácil registrar a participação das crianças em termos concretos e é um modo de incluí-las.

13. Não elogie diretamente as crianças quando elas acertam. Elogie sua participação. Elogie quando o resultado certo é atingido.Exemplo: “Muito bom, então, o que isso sugere?”.

A organização do quadro14. Dê flexibilidade ao seu quadro, mantenha o raciocínio principalauxiliado por outras partes do quadro. Não subdivida o seu quadro, dê organicidade a ele.

15. Não esqueça de registrar todas as respostas das crianças no quadro, pois o quadro também é das crianças.

16. Deixe alguns resultados certos no quadro quando estiver perguntando,de tal modo que as crianças possam responder suas questõesbuscando-os no quadro. O seu quadro pode parecer bagunçado, mas ele deve ter uma lógica.

O erro17. O erro é bom. Respostas erradas são muito bem-vindas. Registre todas as respostas erradas como seu ponto de partidapara organizar o pensamento, o seu e o da classe, em direção àresposta correta.

18. Use o erro pedagogicamente para organizar o pensamento deseus estudantes. Respostas muito erradas são muito boas comoúteis pontos de partida.

19. Não tenha medo de errar – de fato, faça alguns erros intencionais,pois isso pode revelar o entendimento dos estudantes e relaxar oclima.

Estratégias inclusivas20. Se você escutar, registrar as respostas, receber bem os erros, issovai ajudar muito na inclusão dos alunos/as. Mas se os estudantesnão participarem, tente cativá-los, fazendo perguntas mais gerais a eles, do tipo “qual é o seu número favorito?”, “qual a cor que vocêquer que usemos para pintar... algo no quadro?”, e assim pordiante.

21. Respeite a diversidade. Cada criança deve avançar dentro de seupróprio ritmo. Mas não tolere mau comportamento, crianças rudes,exibidas. Não promova um ambiente competitivo permitindocomportamentos não-cívicos das crianças.

22. Diversifique os problemas e as questões. Se você vê que umproblema é muito difícil, tente um outro diferente e retorne aoproblema mais difícil mais tarde (o uso da “máquina de funções” é sempre uma boa alternativa para dar uma quebra com umaregra fácil e recuperar as crianças “perdidas”).

23. Se o ambiente for hostil, introduza questões bem gentis, paramostrar que a conversa não é “perigosa”, do tipo “como devemoschamar o vencedor dessa corrida?”.

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9O CÍRCULO DA MATEMÁTICA DO BRASIL – GUIA DO EDUCADOR

O fim24. Quando você se aproximar do fim, retome o caminho lógico que vocês seguiram para chegar ao resultado. Enfatize os pontosimportantes.

25. Simplesmente chegar aos resultados corretos não é o fim, ouobjetivo, de tudo. O segredo está na construção do processo.Brinque com o resultado. Não termine o problema com a respostacerta, extrapole, invente, aplique o resultado. Pergunte se existemoutras formas de se chegar ao mesmo resultado. Tente terminarem uma nota alta com uma questão aberta: “Vamos imaginar oque pode ser feito com esse resultado na próxima aula”.

Os nãos26. Não se deve focar a aula como sessões de cópia do quadro, sem o devido pensar. As crianças devem focar o pensar, não o copiar.

27. Não seja escravo/a dos conteúdos. Simplesmente “passar” pelomaterial não deve ser nossa prioridade (ver ponto 9). A nossaprioridade deve ser estimular o interesse das crianças em pensarmatematicamente.

As sutilezas28. A maior ênfase deve ser na promoção da imaginação das criançase daquilo que elas estão sentindo. Por isso é importante saberquais são os pontos difíceis e os pontos de acesso à matemáticapara cada criança.

29. Quando formalizar? No momento em que você julgue que sem o rigor a discussão ficará muito solta – mas não quando o rigorpuder matar a discussão.

30. Você precisa julgar quando você passou por um ponto sem haversido entendido por todos, ao mesmo tempo em que você nãodeseja que ele se torne repetitivo a ponto de ficar chato para todos.

“Será que tudo isso é muito para memorizar? Relaxe. Você irá se divertir, com aqueles que serão seus amigos/as para toda a vida.”Bob e Ellen Kaplan