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FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO Diretoria de Pesquisas Sociais Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Populacionais RELATÓRIO DE PESQUISA Recife, dezembro, 2009 PROGRAMA ESCOLA ABERTA: ALTERNATIVA DE LAZER E CULTURA PARA A COMUNIDADE? Ana Lúcia Hazin Cleide de Fátima Galiza de Oliveira

PROGRAMA ESCOLA ABERTA: ALTERNATIVA DE LAZER E … · 2010-12-14 · Nas discussões iniciais do estudo e na realização de ... culturais e de lazer, ... alternativo para o desenvolvimento

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FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO Diretoria de Pesquisas Sociais Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Populacionais

RELATÓRIO DE PESQUISA

Recife, dezembro, 2009

PROGRAMA ESCOLA ABERTA: ALTERNATIVA DE LAZER E CULTURA PARA A COMUNIDADE?

Ana Lúcia Hazin

Cleide de Fátima Galiza de Oliveira

FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO

Presidente: Fernando Lyra

Diretoria de Pesquisas Sociais

Diretor: Morvam de Melo Moreira

Coordenação de Estudos Econômicos e Populacionais

Coordenadora: Ana Eliza de Vasconcelos Lima

APRESENTAÇÃO

A pesquisa “Programa Escola Aberta: alternativa de lazer e cultura para a

comunidade?” desenvolvida pelas pesquisadoras Ana Hazin e Cleide Galiza

(coordenadora) foi realizada no âmbito da Coordenação de Estudos Econômicos e

Populacionais da Fundação Joaquim Nabuco, como parte do Programa Economia do

entretenimento: cultura, turismo, lazer, políticas públicas e impactos de

desenvolvimento. Nas discussões iniciais do estudo e na realização de entrevistas

contamos com a colaboração da pesquisadora Rejane Medeiros.

Coube ao Núcleo de Apoio à Pesquisa de Campo - sob a responsabilidade da

pesquisadora Magda Caldas - o planejamento e execução dos trabalhos de campo. Cada

componente do Núcleo contribuiu decisivamente para a realização do estudo empírico

em suas diversas etapas.

Plano amostral: pesquisador André Maia

Formatação do questionário: pesquisadora Darcilene Gomes

Supervisão dos trabalhos de campo: Ivone Medeiros

Entrevistadores de campo:

Amina Maria Couto Ribeiro

Aramis Macedo Leite Júnior

Helyon Fonseca Rêgo

Kallyne Andréia Rodrigues Moura

Valtemira Mendes Vasconcelos

Digitadores

Alesson Rodrigues Costa Aguiar

Carlos Francisco

Mariana Celeste de Souza Rodrigues

Rafael Nogueira dos Santos

Revisão final do texto

Magda Caldas

Gostaríamos de agradecer aos beneficiários do PEA pelas informações prestadas, como

também aos professores, oficineiros, coordenadores e à equipe técnica do Programa

Escola Aberta da Secretaria de Educação do Município de Recife.

SUMÁRIO

1.

Introdução 5

1.1

O Programa Escola Aberta

8

2.

Procedimentos Metodológicos

14

2.1

Abordagem quantitativa

15

2.2

Definição do universo da pesquisa

16

2.3

Estratificação

17

2.4

Plano amostral

18

2.5

Determinação do tamanho da amostra

19

3.

Programa Escola Aberta: Lazer, Cultura E Inclusão Social

22

3.1

Lazer - entretenimento, aprendizagem e sociabilidade

24

3.2

Lazer, atividades culturais e sociabilidade

35

3.3

Programa Escola Aberta - o que pensam seus beneficiários

38

3.4

Dificuldades e soluções: o Programa Escola Aberta na perspectiva do usuário

43

4.

Considerações Finais

47

5

Referências Bibliográficas

51

6.

Anexos

54

5

1- Introdução

As cidades hodiernas apresentam uma série de problemas resultantes da confluência de

fatores que se agravam à medida que as barreiras territoriais/informacionais se alargam

ou se rompem sob influência da globalização. A urbanização acelerada e a exclusão

econômica, consequências do neoliberalismo, produzem cidades com profunda

degradação espacial, ambiental e social, marcadas pela desigualdade e pela

fragmentação das classes sociais.

Evidencia-se então, como explica Carvalho (2005), a conformação de cidades

extremamente desiguais e injustas, resultantes, dentre outros fatores, da baixa

capacidade de regulação do Estado e das ingerências do capital imobiliário. Há uma

privatização cada vez maior dos espaços de convivência social em favor dos que detêm

a renda.

Aos poucos, vê-se a substituição de bairros por condomínios fechados, de espaços

públicos de lazer por centros de entretenimento, de ruas por shopping centers que

beneficiam aqueles que possuem capacidade de consumo nas cidades. Tais espaços

formam, muitas vezes, verdadeiros enclaves urbanos que, no dizer de Fonseca (2005,

p.382), por servirem a diversos usos, como moradia, trabalho, lazer ou consumo, têm

“em comum o intento de recriar um mundo para apoiar os sonhos e confirmar o quadro

social referencial dos usuários ou habitantes”.

Para Marlene Yurgel (apud PELLEGRIN, 1996, p.33), faz-se necessário “reorganizar o

ambiente urbano, entendendo o lazer como função urbana”. No entanto, as novas

funções urbanísticas, de modo geral, privilegiam, em particular, a função de circulação

da cidade. Dessa forma, até mesmo o espaço público muitas vezes é privatizado e áreas

passíveis de serem espaços de lazer e sociabilidade são mercantilizadas restringindo o

acesso democrático da população.

Também a expansão imobiliária faz com que diminuam os espaços vazios, propícios

para uma “pelada”, uma brincadeira de crianças etc. “No caso dos equipamentos de

lazer, dos espaços de convívio, parece haver uma tendência à privatização, isto é, os

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espaços de lazer, inclusive as áreas verdes e o lazer propriamente dito tornaram-se

produtos do mercado” (PELLEGRIN,1996, p.32).

Os espaços públicos de lazer, por exemplo, deixaram de ser preservados e ganharam

status de locais de risco, abrigo da violência urbana (SZMRECSAN

YI, 2001), que amedronta e dispersa, inclusive os jovens, que são aconselhados pelos

pais a não ficarem se expondo em locais públicos. Sabe-se, no entanto, o quanto é

importante a existência de lugares onde se possa conviver com o outro, em um clima de

paz e amizade, onde a brincadeira e o divertimento aconteçam livremente.

Os bairros da periferia, em particular, não contemplam espaços propícios à

sociabilidade e ao lazer. As ruas são estreitas, os espaços são ocupados de forma

desordenada com habitações precárias. Assim se mostra

a distribuição dos padrões urbanísticos peculiares à população de baixa renda em toda a periferia da Região Metropolitana do Recife [...] infiltrada no tecido urbano do núcleo metropolitano por meio de assentamentos espontâneos concentrados nas áreas de colinas e dispersos, em menores proporções, na planície central (MARINHO et al, 2007, p.209).

Violência e drogas espraiam-se por todos os lados, o que exige do citadino uma atenção

sempre e cada vez mais aguçada. Isso leva muitas pessoas a se refugiarem entre altos

muros na tentativa de encontrar proteção e segurança; em consequência, o contato

pessoal vai se tornando cada vez mais seletivo e restrito. Portanto, importante é ressaltar

o caráter aglutinador do lazer: ele é capaz de congregar as pessoas, de humanizar o

espaço urbano e de trazer de volta a dimensão do coletivo, própria dos espaços públicos.

Para Domingues (1999, p.21), a sociabilidade [...] é “o tipo de atitude manifestada pelos

sujeitos uns em relação aos outros no curso das interações sociais”, sendo a cidade o

locus por excelência para a sua realização. Baechler (1995, p.65) refere-se ao

pensamento de Gurvitch (1969) para quem a sociabilidade designa “o princípio das

relações entre pessoas e a capacidade de estabelecer laços sociais”. Portanto, a

sociabilidade necessita da existência de certas condições para que possa se desenvolver.

Nesse sentido, pode-se afirmar que a sociabilidade está em relação direta com a cultura

de um povo, com seus costumes, valores e tradições.

7

A sociabilidade, que se mostra como um elemento de extrema importância para uma

convivência saudável entre os jovens, se vê ameaçada nas cidades de médio e grande

porte pela força da violência que agride e, muitas vezes, mata, principalmente, aqueles

que estão em situação de vulnerabilidade social. Esse estigma, tão presente na vida da

juventude brasileira, constituiu-se em motivo determinante para a implantação do

Programa Escola Aberta (PEA).

A pesquisa realizada com participantes do Programa, em Escolas Municipais da cidade

do Recife – Brasil, trouxe à tona a escassez de espaços públicos e a dificuldade de

acesso a certos bens e serviços que não podem ser consumidos devido às desigualdades

de renda existentes entre as pessoas. Esse é o caso, por exemplo, do acesso a quadras de

esporte, a locais de recreação e sociabilidade, a certos tipos de entretenimento e

manifestações culturais que não compõem a “cesta básica” de grande parcela da

população. Como diz Bourdieu (1979/2002) essas pessoas só têm a possibilidade de

experimentar e responder ao “gosto de necessidade”, devido à carência do capital

econômico. Elas podem, no entanto, através de suas maneiras de se expressar, seja

através da dança, do artesanato, da grafitagem etc., mostrar a presença do capital

cultural. Isso porque o conceito de cultura é muito abrangente. Na linguagem

sociológica pode-se dizer que é cultura tudo o que resulta da criação humana; portanto,

fazem parte da cultura os objetos que o homem cria - face materializada da cultura -

assim como as ideias, valores, costumes e tradições de um povo.

Ainda que fazendo parte do cotidiano do ser humano, nem sempre o indivíduo se

percebe como alguém integrado nesse contexto. Daí a importância do Programa Escola

Aberta que propicia àqueles que dela participam a possibilidade de inserção em diversas

atividades culturais integrando-o, também e, cada vez mais, à sua comunidade.

Pode-se dizer que através da democratização do acesso à cultura promovida pelo PEA,

se implanta a “idéia de cidadania cultural, em que a cultura não se reduz ao supérfluo,

entretenimento, aos padrões de mercado, à oficialidade doutrinária (que é ideologia),

mas se realiza como direito de todos os cidadãos [...]” (CHAUI, 2008, s/p).

8

1.1 - O Programa Escola Aberta

De acordo com Tinoco (2007, p.7), o “Programa Escola Aberta: Educação, Cultura,

Esporte e Trabalho para a Juventude” é “uma ação governamental que se estrutura a

partir da abertura do espaço público escolar, aos finais de semana, para apropriação

pelas comunidades locais”.

Trata-se de um Programa do Governo Federal direcionado, sobretudo, para adolescentes

e jovens em situação de vulnerabilidade social. Configura-se como uma prática

educativa que visa promover a integração desses indivíduos em atividades esportivas,

culturais e de lazer, nos finais de semana, proporcionando uma melhoria na qualidade

da educação, no sentido mais amplo do termo, contribuindo para a construção de uma

cultura de paz e reduzindo os índices de violência. Não se pode esquecer a participação

da comunidade que também é um dos focos principais do referido Programa.

Lançado em 2000, foi inspirado no Programa “Abrindo Espaços” da Organização das

Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), cuja preocupação

maior era com o tipo de cidadão que se pretendia formar através do processo educativo.

No início, quando a

UNESCO entrou nas escolas pelas portas do final de semana com o Programa Escola Aberta, não só em Pernambuco, como na Bahia e no Rio de janeiro, era comum acontecer elas rejeitarem as atividades – não aceitavam o fato de a escola abrir seu espaço para a comunidade ( MENEZES, 2009).

A abertura das escolas nos finais de semana foi muito importante,

porque começou a quebrar um pouco, esse muro que isolava a escola da comunidade [...]. Seria mais oferta de espaço para tirar do ócio aquelas comunidades que não tinham nenhuma opção de lazer (idem).

O Programa Escola Aberta é hoje uma política pública executada pelo Ministério da

Educação, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

(FNDE/MEC), em parceria com os Ministérios do Trabalho e Emprego, do Esporte e da

Cultura, contando com a cooperação da Organização das Nações Unidas para a

Educação, a Ciência e a Cultura. De acordo com Ricardo Henriques, Secretário de

Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação,

o Programa Escola Aberta: educação, cultura, esporte e trabalho para a Juventude se propõe a promover a ressignificação da escola como espaço

9

alternativo para o desenvolvimento de atividades de formação, cultura, esporte, lazer para os alunos da educação básica das escolas públicas e suas comunidades nos finais de semana. Sua proposta não se restringe aos indicadores clássicos educacionais nem reduz a educação a um instrumento que serve apenas para ampliar a maturidade intelectual, por meio da aprendizagem de conhecimentos técnicos e acadêmicos. Vai além, propõe a formação integral, capaz de desconstruir o muro simbólico entre escola e comunidade e entre educação, cultura, esporte e lazer. (TINOCO; SILVA, 2007, p.4).

O Programa é desenvolvido a partir de articulações governamentais nas três esferas de

governo. Sua estrutura é composta, em cada escola, por oficineiros e um coordenador,

oriundos da comunidade; nas secretarias parceiras, por supervisores, um coordenador

geral e três coordenadores temáticos; uma unidade local em cada estado e a

coordenação nacional do Programa, integrada pelas Secretarias de Educação Básica

(SEB) e de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), ambas do

Ministério da Educação, entre outros parceiros governamentais.

É importante destacar que o trabalho desenvolvido nas oficinas é em parte realizado por

oficineiros voluntários, embora exista também uma significativa parcela dos chamados

“ressarcidos”, uma vez que recebem mensalmente uma ajuda de custo no valor de

R$240,00 para despesas com transporte e alimentação.

Cabe ao MEC repassar esse e outros recursos às unidades escolares para que possam

funcionar nos finais de semana. Com tal finalidade foi criada uma linha de

financiamento pelo Programa Dinheiro Direto na Escola, que disponibiliza de 19 a 20

mil reais para os estabelecimentos de ensino engajados no PEA. Para que uma escola

seja aceita no Programa é primordial que ela esteja situada em um espaço onde não

exista oferta de lazer e que a comunidade local viva em situação de vulnerabilidade

social (Cf. MENEZES, 2009).

São três os vetores1 principais a partir dos quais se desenvolve o Programa Escola

Aberta: a educação, a cidadania e a inclusão social.

1 As informações utilizadas nesta parte do relatório têm como base o texto “Programa Escola Aberta” publicado pela UNESCO, FNDE e MEC em 2007.

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1 - A educação

A atividade educativa, nesse caso, não se restringe aos conhecimentos adquiridos

formalmente na escola: ela tem uma abrangência bem maior, no sentido de chamar a

família e a comunidade como um todo para participarem do processo de formação de

vínculos, de laços de solidariedade e sociabilidade, transformando assim os hábitos de

convivência. Pode-se dizer que as oficinas constituem o eixo central em torno e a partir

do qual se espera e se deseja transformar a vida dos cidadãos e da comunidade.

As oficinas oferecidas pelo PEA, com recursos advindos da coordenação nacional, são

fruto do levantamento dos interesses da comunidade e da valorização dos talentos

locais, devendo estar direcionadas à formação da cidadania e à diversidade. As oficinas

contemplam as áreas de educação, cultura e arte, esporte e lazer, saúde, informática e

trabalho e têm como objetivos a informação, a cidadania, a recreação, o entretenimento

ou a formação inicial para o trabalho.

O fato de as oficinas se realizarem no espaço físico das escolas reduz a distância da

instituição com os moradores locais, ao mesmo tempo em que amplia as experiências de

aprendizagem, ao trazer para a instituição escolar saberes e talentos que fluem na vida

das comunidades.

2 - A cidadania

Partindo-se do princípio da existência de desigualdades sociais, onde a violência se

origina, o PEA pretende ser um espaço onde a acessibilidade deve ser facilitada levando

em consideração a heterogeneidade social nos seus diversos aspectos. Prevê-se como

resultado que a reflexão crítica e a criatividade se façam presentes permitindo assim a

construção e a reconstrução da realidade, através da redistribuição das riquezas e dos

saberes historicamente construídos. Busca-se assim o exercício da cidadania, através da

participação nas diversas atividades oferecidas nos finais de semana. São exemplos, as

oficinas de esporte, onde se pode trabalhar a questão da postura ética, do senso de

equipe, o respeito ao adversário, assim como as oficinas de formação para o trabalho

que, além dos aprendizados específicos, geram oportunidades de reflexão a respeito das

relações sociais, dos direitos e deveres legalmente instituídos, entre outras questões (Cf.

TINOCO; SILVA, 2007).

11

3 – Inclusão social

É a partir do respeito à diversidade e à dignidade humana que se firma o conceito de

inclusão social, no sentido de facilitar o acesso da comunidade aos benefícios que a

sociedade pode oferecer, permitindo assim o exercício da cidadania. Nesse sentido, ela

necessita da democratização da escola enquanto espaço público, onde se desenvolvem

as oficinas, lugares por excelência de inclusão dos interesses, necessidades e linguagens

dos seus participantes, como também de acolhimento às diversas formas de expressão

cultural.

O Programa propõe, então, alguns princípios a serem respeitados, uma vez que são

condizentes com suas características e objetivos. São eles:

a) Autonomia

A autonomia do ser humano só pode ser considerada quando se leva em conta o

contexto sociocultural em que se vive, o que dá margem a uma série de restrições e

adequações aos seus comportamentos e ações. Não se pode esquecer, no entanto, que a

vontade faz parte do sujeito social; portanto, há sempre a possibilidade de tomar

decisões, de fazer escolhas.

O Programa Escola Aberta colabora para a construção dessa autonomia ao estimular a

escola a ser o locus das discussões sobre temas da atualidade, e ao promover

oportunidades de convivência entre diversas manifestações culturais e atividades de

esporte e lazer.

b) Solidariedade ou ética da cooperação

A abertura das escolas nos finais de semana de forma organizada oferece aos jovens e

aos demais participantes da comunidade a oportunidade de se encontrarem, de

conversarem e, assim, de dizerem o que pensam sobre questões relacionadas ao seu

cotidiano. Isso só é possível se as pessoas se sentirem valorizadas e respeitadas como

cidadãs.

c) O trabalho como meio de transformação do homem e da sociedade

Para muitas pessoas é o trabalho que dá identidade, sendo por isso fonte de autoestima.

Assim, a ausência de emprego e a impossibilidade de dar o sustento à família levam os

12

indivíduos, muitas vezes, a um sentimento de desvalorização de si mesmos e ao

enfraquecimento dos laços sociais. A presença de aptidões e conhecimentos adequados

ao emprego que se deseja ocupar leva muitos jovens, sobretudo os de baixa renda, sem

acesso ao mínimo necessário para se ter uma vida digna, a adotarem comportamentos

violentos como uma espécie de retaliação por aquilo que não puderam ter.

O Programa Escola Aberta propõe-se a contribuir para o fortalecimento da autoestima

dos moradores das comunidades em que se encontram as escolas participantes, através

da oferta de cursos de formação inicial que abrirá caminhos para a aprendizagem de um

trabalho que possibilite obter uma renda capaz de melhorar sua situação de vida.

d) Respeito à diversidade: cultural, étnica, linguística, religiosa, de orientação

sexual, de classe social

O espaço da escola deve permitir a convivência dos diferentes, criando um ambiente em

que a tolerância e o respeito à expressão das diferenças de identidade estejam sempre

presentes. O Programa Escola Aberta, em particular, ao oferecer oficinas variadas,

abriga uma heterogeneidade de modos de ser que não podem ser ignorados, mas

aproveitados através de uma reflexão sobre os valores vigentes na sociedade, no sentido

de evitar o desrespeito ao outro, o preconceito, a exclusão (Cf.TINOCO; SILVA, 2007).

e) Preservação do meio ambiente (patrimônio natural e construído)

Também é papel da escola promover ações educativas que levem a uma nova forma de

pensar a relação com o meio ambiente e a ter uma atitude crítica em relação ao consumo

inconsequente e exagerado dos recursos naturais.

A presença desse princípio no Programa Escola Aberta permite um foco de atuação

bastante ampliado, centrado nos seguintes aspectos (TINOCO;SILVA, 2007):

1- Estimular o zelo com o patrimônio coletivo que é o espaço físico da escola,

reduzindo as atitudes de depredação, desperdício e descaso com a sujeira.

2- Discutir nas oficinas sobre como a ação profissional consciente pode evitar danos ao

patrimônio natural e ao construído, colaborando para a preservação da qualidade de

vida; conscientizar as pessoas quanto à forma como se dá o relacionamento entre si e

com o meio ambiente.

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f) Lazer como direito social e como tempo e espaço de organização

A preocupação com o lazer não é um fato novo. É com a segunda revolução industrial -

período caracterizado pelo surgimento de grandes inovações como a eletricidade, o

motor a explosão, o automóvel, o avião, o telefone, o rádio e a televisão, abrangendo um

período de tempo que vai do fim do século XIX ao início da primeira guerra mundial - ,

que surge o lazer, no sentido social da palavra. Com efeito, é no final de 1948, com a

Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pelas Nações Unidas, que o

direito ao lazer é reconhecido. O art.XXIV do referido documento dispõe: “Todo

homem tem direito a repouso e a lazer, inclusive à limitação razoável das horas de

trabalho e a férias remuneradas periódicas”.

Também a Constituição Brasileira de 1988 trata, “em seus artigos 6º (caput) e 217º

(parágrafo 33º) o lazer como direito social e como forma de promoção social

respectivamente” (TINOCO; SILVA, 2007, p.43). Referências a esse direito do cidadão

e dever do estado também são encontradas no Estatuto da Criança e do Adolescente

(1990); no Estatuto do Idoso (2003); no Estatuto da Pessoa com Deficiência (1999) e no

Estatuto da Cidade (2001).

Sabe-se que o lazer, no mundo contemporâneo, apresenta-se como questão tipicamente

urbana, característica das grandes cidades, embora, muitas vezes, ultrapasse suas

fronteiras, devido à amplitude e abrangência dos meios de comunicação que atingem

também as regiões menos urbanizadas. Por isso a necessidade de políticas públicas que

contemplem o acesso ao lazer, não somente para a preservação da ordem estabelecida,

ou como válvula de escape de tensões, numa linha de abordagem funcionalista, mas

como uma possibilidade de experienciar o lazer como prazer e, dessa forma, ter melhor

qualidade de vida.

Em seu livro Festa no pedaço: cultura popular e lazer na cidade, Magnani (1984)

destaca a importância do espaço de lazer que abre inúmeras possibilidades de criação e

escolhas, bem diferentes daquelas existentes numa linha de montagem. Ou seja, é

plausível vivenciar um lazer que não seja o mercantilizado pela indústria/comércio de

entretenimento e gerenciado pela iniciativa privada.

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Daí a importância, como enfatiza Zingoni ( 2002, p. 74-75), de o poder público ser

capaz de “criar ambientes indutores de participação e sociabilidade, de promoção de

identidades individual e coletiva e de subjetividade dos sujeitos”. Nesse sentido,

programas de lazer, de apoio a pequenas iniciativas comunitárias, de associativismo, de atividades lúdicas pedagógicas, de incentivo à formação de grupos de convivência, [...] alimentam o processo de socialização dos agentes comunitários locais, fortalecendo a sua auto-estima e a daqueles que lhes estão próximos [...] (idem, p.75).

O fato de o lazer não ser percebido como essencial por muitos dos gestores das cidades,

faz com que os espaços e equipamentos de lazer não costumem merecer a atenção

necessária nas políticas públicas que, como ressalta Pinto (1996, p.61), são muitas vezes

traduzidas como [...] “cessão de equipamentos específicos para o lazer, melhor dizendo,

de construção de espaços públicos para a prática de atividades, sem, contudo,

preocuparem-se com a participação comunitária, que é a vida desse equipamento”.

Pode-se dizer que o Programa Escola Aberta vem na contramão dessas ideias, uma vez

que fomenta o direito dos cidadãos ao lazer e à cultura, estimulando as comunidades a

repensarem suas práticas e à utilização de seu tempo livre de forma criativa e autônoma.

Segundo Noleto (2004), o PEA tem como objetivo a valorização de expressões da

cultura nacional, da diversidade local e regional tornando a escola um polo de atração

para a juventude, redefinindo a relação jovem-escola-comunidade e reafirmando a

importância da escola na vida dos jovens e do País como um todo.

2. Procedimentos Metodológicos

Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizado o método quantitativo mediante o uso

de questionários – com o plano amostral foram aplicados 490 questionários aos

beneficiários do PEA a partir dos 8 anos de idade - complementado pela abordagem

qualitativa que obteve dados através da realização de entrevistas, com roteiros

previamente elaborados.

Para essa etapa foram abordados quinze profissionais ligados ao PEA como professores

comunitários, coordenadores das unidades escolares, oficineiros – responsáveis pelo

comando das várias atividades desenvolvidas nos finais de semana, como também

15

membros da equipe técnica do Programa, vinculada à rede de ensino municipal da

capital pernambucana.

O objetivo principal desses contatos consistiu em obter informações mais aprofundadas

e subjetivas, que escapavam aos dados que seriam obtidos através dos questionários. Os

temas que orientaram as entrevistas estão abaixo relacionados:

A pesquisa de campo, em um primeiro momento, contemplou a realização de entrevistas

semiestruturadas. Na segunda etapa, foram aplicados 490 questionários, distribuídos nas

32 escolas selecionadas. Os trabalhos ocorreram sempre aos sábados e domingos,

período em que as unidades de ensino são abertas para o desenvolvimento de atividades

do PEA.

2.1 Abordagem quantitativa

O estudo sobre o Programa Escola Aberta em escolas situadas em regiões urbanas de

risco e vulnerabilidade social do município de Recife foi realizado através de

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Identificação Nome Escola Cargo que ocupa/tempo de ocupação

Programa Escola Aberta/impacto no comportamento/dificuldades Frequência média no final de semana (por sexo, por idade) Mudanças de comportamento

- relação com amigos - relação com familiares - relação com escola/professores - melhora da auto-estima/ auto-valorização - oportunidade de acesso às manifestações culturais e ao esporte - impacto em diferentes grupos etários - atividades oferecidas - atividades que mais despertam o interesse dos participantes - principais dificuldades do funcionamento do Programa - sugestões para a melhoria da qualidade das atividades e do

Programa

16

levantamento primário por amostragem, conduzido pela Fundação Joaquim Nabuco,

visando verificar de que forma o Programa, enquanto espaço de lazer e cultura, interfere

no cotidiano dos participantes das atividades por ele oferecidas.

A abordagem quantitativa permite a transformação das informações primárias coletadas

em dados estatísticos com a finalidade de identificar fatores de influência do PEA no dia

a dia dos participante. Dentre outros fatores, as informações coletadas em campo devem

contribuir para: identificar as escolas participantes do Programa Escola Aberta no

Recife e relacionar as atividades desenvolvidas pelo Programa; verificar o nível de

frequência ao espaço Escola Aberta; identificar mudanças de comportamento dos

participantes do Programa; verificar impactos do Programa Escola Aberta em diferentes

grupos de usuários do Programa; identificar outras formas de lazer

consumidas/vivenciadas pelos participantes do PEA.

2.2 Definição do universo da pesquisa

A população-alvo da pesquisa foi definida como os participantes do PEA de escolas

situadas na cidade do Recife que frenquentam o Programa há pelo menos quatro finais

de semana. Além desta condição, o entrevistado seria considerado elegível para

responder o questionário se estivesse presente na escola e tivesse idade igual ou superior

a 8 anos. As informações foram obtidas aos sábados e domingos nas escolas

participantes do Programa Escola Aberta situadas na cidade do Recife, no período de

setembro a novembro de 2008.

O sistema de referência adotado para composição da amostra foi disponibilizado por

coordenadores do Programa Escola Aberta. Este sistema é composto por uma lista com

os nomes das escolas que fazem parte do Programa com os respectivos endereços. Além

destas informações, foi necessário o levantamento do número de participantes das

oficinas, por final de semana, em cada escola para efeito de cálculo do tamanho e

alocação da amostra. Este número foi fornecido pela Secretaria de Educação do

Município de Recife para o período de referência compreendido entre os meses de maio

a outubro de 2007.

A lista utilizada para a definição da amostra apresentava 104 escolas, com um total de

71.450 participantes por final de semana (ver anexo). No entanto, 4 escolas não foram

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consideradas para o sorteio da amostra por não conterem informações sobre o número

de participantes por final de semana.

2.3 Estratificação

Para estratificação do universo da pesquisa, foi utilizada a divisão proposta pela

Prefeitura da Cidade do Recife que agrupa os bairros do município em 6 Regiões

Político-Administrativas (RPAs) de acordo com sua localização geográfica (Lei

Municipal nº 16.293, de 22 de janeiro de 1997). As regiões são nomeadas por RPA 1,

RPA 2, RPA 3, RPA 4, RPA 5 e RPA6. Os bairros são distribuídos em cada RPA

conforme a seguinte lista:

Bairros que compõem a RPA 1:

Recife, Santo Amaro, Boa Vista, Soledade, Ilha do Leite, Paissandu, Cabanga, Santo

Antônio, São José, Ilha Joana Bezerra e Coelhos.

Bairros que compõem a RPA 2:

Arruda, Campina do Barreto, Campo Grande, Encruzilhada, Hipódromo, Peixinhos,

Ponto de Parada, Rosarinho, Torreão, Água Fria, Alto Santa Teresinha, Bomba do

Hemetério, Cajueiro, Fundão, Porto da Madeira, Beberibe, Dois Unidos e Linha do

Tiro.

Bairros que compõem a RPA 3:

Aflitos, Alto do Mandu, Apipucos, Casa Amarela, Casa Forte, Derby, Dois Irmãos,

Espinheiro, Graças, Jaqueira, Monteiro, Parnamirim, Poço, Santana, Sítio dos Pintos,

Tamarineira, Alto José Bonifácio, Alto José do Pinho, Mangabeira, Morro da

Conceição, Vasco da Gama, Brejo do Beberibe, Brejo da Guabiraba, Córrego do

Jenipapo, Guabiraba, Macaxeira, Nova Descoberta, Passarinho e Pau-Ferro.

Bairros que compõem a RPA 4:

Cordeiro, Ilha do Retiro, Iputinga, Madalena, Prado, Torre, Zumbi, Engenho do Meio,

Torrões, Caxangá, Cidade Universitária e Várzea.

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Bairros que compõem a RPA 5: Afogados, Bongi, Mangueira, Mustardinha, San

Martin, Areias, Caçote, Estância, Jiquiá, Barro, Coqueiral, Curado, Jardim São Paulo,

Sancho, Tejipió e Totó.

Bairros que compõem a RPA 6: Boa Viagem, Brasília Teimosa, Imbiribeira, Ipsep,

Pina, Ibura, Jordão e Cohab.

Desta maneira, no processo de estratificação para elaboração do plano amostral, as

escolas foram divididas em grupos conforme a sua localização nas RPA’s do Recife. A

Tabela 1 apresenta o número de escolas por RPA.

Tabela 1

Número de escolas do Programa Escola Aberta na cidade do Recife por RPA.

Região Número de escolas

RPA 1 8 RPA 2 14 RPA 3 21 RPA 4 12 RPA 5 17 RPA 6 32 Total 104

Fonte: Secretaria de Educação do Município de Recife s/d

2.4 Plano amostral

O uso do sistema de referência disponível levou à utilização de um plano amostral em

dois estágios (COCHRAN, 1977). Esta técnica de amostragem consiste na divisão da

população em um número de unidades do primeiro estágio (unidades primárias), as

quais podem ser subdivididas em um número de unidades do segundo estágio (unidades

secundárias). As unidades primárias são geralmente pré-definidas em tamanho e forma,

assim como as unidades secundárias que são alocadas das unidades primárias.

Foi adotada a amostragem estratificada ponderada realizada em dois estágios. Neste

plano as unidades amostrais de primeiro estágio são as escolas, sendo a população

objetivo constituída pelas unidades de ensino do Programa Escola Aberta na cidade do

19

Recife agrupadas por RPA. Um dos aspectos específicos deste estágio refere-se

principalmente à estratificação geográfica, como explicado anteriormente. As unidades

amostrais de primeiro estágio foram selecionadas com probabilidade proporcional ao

tamanho, dado pelo número de participantes por final de semana. Utilizou-se este tipo

de seleção por se tratar de unidades de primeiro estágio de tamanhos distintos.

Para 6 escolas atribuiu-se probabilidade 1 de sorteio, isto é, estas unidades certamente

entrariam na amostra pelo fato de serem consideradas bem sucedidas, obedecendo a um

critério adotado pela pesquisa. São elas: Novo Mangue, Aderbal Galvão, Jandira

Botelho, José da Costa Porto, Professor João Batista Lippo Neto e Balbina Menelau.

2.5 Determinação do tamanho da amostra

De acordo com o plano amostral empregado na pesquisa, procedeu-se com o cálculo do

tamanho da amostra. A priori, decidiu-se investigar 32 unidades de ensino devido aos

custos de deslocamento. Assim, optou-se por sortear inicialmente as escolas e em

seguida determinar o número de entrevistas a serem realizadas em cada uma delas. As

32 selecionadas foram alocadas de modo proporcional ao número de escolas por RPA,

como apresentado na Tabela 2.

Tabela 2

Número de escolas na amostra por RPA.

Região Número de escolas na amostra

RPA 1 3 RPA 2 5 RPA 3 6 RPA 4 4 RPA 5 6 RPA 6 8 Total 32

Fonte: Pesquisa direta, Fundaj, 2008.

Baseado no sistema de referência adotado, a população-alvo da pesquisa constituiu-se

por 104 escolas, com a estimativa de 71.450 participantes por final de semana. A

pesquisa teve como variável de dimensionamento a proporção de participantes que

sofreu alguma influência do Programa Escola Aberta no seu cotidiano. Como não se

20

sabia seu valor real, resolveu-se utilizar a proporção de 0,5. Este valor é adotado com a

finalidade de maximizar o tamanho da amostra e, então, superar o tamanho obtido

quando adotado qualquer outro valor. Com isso, tem-se a certeza de que esse tamanho

atende à margem de erro tolerável de 4%.

A precisão das estimativas foi calculada sob a suposição de um desenho amostral

aleatório simples, com intervalo de confiança de 90%. Assim, o tamanho da amostra

resultante foi de 468 participantes do Programa Escola Aberta. A distribuição da

amostra calculada foi realizada utilizando-se o processo de alocação proporcional ao

número de participantes por final de semana nas 32 escolas selecionadas.

A amostra efetuada foi maior que a prevista para a pesquisa. Foram entrevistados 490

participantes do Programa Escola Aberta distribuídos nas 32 escolas visitadas, como

mostra a Tabela 3.

21

Tabela 3

Amostra de Escolas do Programa Escola Aberta na cidade do Recife e número de entrevistas efetuadas por escola.

ESCOLAS MUICIPAIS Número de

participantes entrevistados

Aderbal Galvão 23 André de Melo 11 Balbina Menelau 10 Cícero Franklin Cordeiro 12 Deus é Amor 10 Diná de Oliveira 23 Dom Bosco 33 Dr. Rodolfo Aureliano 10 Draomiro Chaves Aguiar 10 Edite Braga 10 Eng. Guilherme Diniz 15 Escola Municipal da Iputinga 13 Florestan Fernandes 16 General Emídio Dantas Barreto 12 Jardim Uchôa 10 João Batista Lippo Neto 14 José da Costa Porto 10 Maria de Sampaio de Lucena 21 Mário Melo 10 Maurício da Nassau 16 Municipal do Ibura 13 Nadir Colaço 25 Novo Mangue 16 Orlando Parahyn 12 Pastor Paulo Leivas Macalão 15 Prof. Antônio de Brito Alves 11 Profª Jandira Botelho Pereira 15 São João Batista 12 Serra da Prata 30 Sociólogo Gilberto Freire 12 Solano Magalhães 25 Vasco da Gama 15

TOTAL 490

22

3. Programa Escola Aberta, Lazer, Cultura E Inclusão Social O público que vai em busca das oficinas desenvolvidas nos espaços escolares nos finais

de semana é formado, em sua maioria (74,7%), por uma população jovem entre 8 e 17

anos de idade (ver Tabela 4) o que revela uma sintonia com os propósitos do PEA no

que diz respeito ao atendimento de crianças e adolescentes, grupo mais vulnerável às

adversidades. Embora aparentemente não se mostre expressivo, quando comparado à

sua totalidade, os adultos, com mais de 21 anos, formam um significativo contingente

(quase 20% dos entrevistados) que vê no Escola Aberta oportunidades de lazer e de

aprendizagem.

Tabela 4

Faixa etária dos participantes do PEA

Faixa etária Nº %

De 8 a 11 anos 138 28,2 De 12 a 14 anos 159 32,4 De 15 a 17 anos 69 14,1 De 18 a 21 anos 29 5,9 De 22 a 59 anos 81 16,5 60 anos ou mais 14 2,9 Total 490 100,0

Pesquisa direta, Fundaj, 2008 O Programa Escola Aberta foi implementado nos Estados brasileiros de Pernambuco e

Rio de Janeiro em 2000 e, após seis anos de sua criação, tornou-se uma política pública

federal. Tem como objetivo oferecer atividades de lazer e cultura à comunidade nos

espaços físicos das escolas públicas nos fins de semana. Esse Programa baseou-se em

modelos similares existentes em países como Estados Unidos, França e Espanha, cujos

resultados mostraram-se eficazes na mudança de comportamento e na melhoria da

autoestima dos beneficiários.

O PEA tornou-se um elo com a escola regular, em que se procura estabelecer uma

conexão entre as atividades pedagógicas e aquelas desenvolvidas nas oficinas, além de

se buscar a colaboração da comunidade e também atender às suas necessidades.

23

Há uma preocupação em se estabelecer ligação com o chamado ensino regular, não só

quanto ao conteúdo apresentado, como também no conhecimento e reconhecimento dos

alunos e professores das atividades desenvolvidas e dos trabalhos produzidos nas

oficinas do Programa. A interseção é buscada por se compreender que a educação é

muito mais do que as aulas ministradas nas salas de aula. Qualquer interação entre pessoas e objetos com o objetivo de enriquecer,

transmitir ou construir conhecimentos/valores etc., faz parte do processo de educação, dessa forma [a educação] está presente em todas as relações que constituem as pessoas” (SECRETARIA...,2008, p.9).

A essência do PEA, segundo seus executores, reside na possibilidade de se

trabalhar a autoestima e a valorização pessoal, através das artes. Dados apresentados

pelo FNDE (2006) mostram que o Programa é capaz de “impactar a vida das pessoas e o

cotidiano da escola, oportunizando o exercício do direito à educação e o acesso às

políticas públicas”.

As oficinas oferecidas pelo PEA, por sua própria natureza, possibilitam o encontro com

o outro, uma vez que agregam pessoas em torno das diferentes atividades desenvolvidas

nos espaços escolares nos fins de semana. As oficinas abarcam diversas situações indo

de cursos a jogos, da arte (dança, música, teatro, artesanato) ao entretenimento. Muitas

dessas atividades têm como componente principal o lazer que, desde 1948, com a

Declaração Universal dos Direitos Humanos, passa a ser reconhecido como direito de

todo cidadão. O mesmo está presente na Constituição Federal do Brasil, de 1988, no

artigo 6º, que trata o lazer como um dos direitos sociais.

Sabe-se, no entanto, que nas sociedades onde os níveis de desigualdade social são

elevados, o direito à cidadania muitas vezes é relegado a segundo plano. Na maioria dos

países que ainda enfrenta sérios problemas sociais, com baixos índices de

desenvolvimento humano e uma enorme concentração de renda, como é o caso do

Brasil, grande parcela da população vive à margem da sociedade. Muitas dessas pessoas

estão desempregadas ou fazem parte do mercado de trabalho informal e precarizado.

Como então inserir-se no atraente mundo do lazer, tão propagado pela midia? Ressalte-

se, ainda, que nas grandes cidades a expansão imobiliária faz com que diminuam os

espaços vazios, propícios às “peladas” (jogo de futebol), às brincadeiras de crianças etc.

24

Vários pesquisadores se dedicaram ao estudo do lazer, surgindo daí uma diversidade de

definições sobre o referido tema. Na pesquisa em foco, tomou-se como referência a

conceituação de lazer elaborada por Dumazedier por contemplar situações

comportamentais, além do aspecto lúdico-recreativo. Assim, para ele, o lazer é formado

por um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se ou ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua livre capacidade criadora, após libertar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais (DUMAZEDIER, 2001, p.34).

O autor destaca na sua definição as funções principais do lazer: o descanso, referido

geralmente ao cansaço decorrente do trabalho; a diversão e a recreação, que afastam do

tédio; e o desenvolvimento da personalidade que permite a participação social e cultural

do indivíduo de forma desinteressada.

O lazer gera sociabilidade e entretenimento, não estando restrito apenas a resultados

lúdicos, o fazer por fazer. Nesse sentido, Wnuk-Lipinski, citado por Iwanowicz(1997,

p.95), tal qual Dumazedier, apresenta uma classificação ampla das funções do lazer, o

que lhe confere abrangência múltipla, com resultados variados.

Para ele o lazer apresenta funções educativas: caracterizadas pela necessidade de

ampliar conhecimento; funções de ensino: assimilação de normas culturais,

convivência social e comportamento; funções integrativas: formar e solidificar grupos

familiares e de amizade; funções recreativas: relacionam-se ao descanso físico e

psicológico; funções culturais: referem-se à compreensão, assimilação e criação de

valores culturais e funções compensadoras: caracterizam-se pela compensação de

momentos de insatisfação da vida fazendo com que o indivíduo tenha a atitude de fazer

tudo que não pode realizar em outras situações.

3.1 Lazer - entretenimento, aprendizagem e sociabilidade

Em que pese algumas deficiências técnico-estruturais, o Programa gerou, em graus

diferenciados, a sociabilidade lúdica que o lazer permite estabelecer, além de

possibilitar o aprendizado de novas atividades o que pode resultar em oportunidades de

inserção no mercado.

25

A pesquisa revelou que o fato de participar das atividades do PEA possibilitou

mudanças na vida de quase 90% dos entrevistados ( ver gráfico 1).

Gráfico 1

Mudanças ao participar no PEA

89%

10% 1%

SimNãoNS/NR

Os pesquisados, jovens em sua maioria, relatam que ao frequentarem os espaços das

escolas públicas nos finais de semana, têm a oportunidade de vivenciar novas

brincadeiras e diversões. Concomitantemente o PEA oferece a possibilidade de

aumentar o círculo de amizades, conhecer mais pessoas, abrir novas perspectivas para a

melhoria do convívio social com familiares, colegas, professores e ampliar o

aprendizado.

A mudança mais apontada pelos pesquisados (ver Tabela 5) está relacionada às

oportunidades no campo profissional, tanto na condição de aprender novos ofícios como

na possibilidade de adquirir habilidades para obter renda, o que caracterizaria a função

educativa do lazer apontada por Iwanowicz (1997).

Ao ampliar conhecimentos, os participantes do PEA obtêm mais informações abrindo,

assim, um leque de opções, o que pode interferir positivamente nas futuras escolhas no

mercado de trabalho, uma vez que o sistema educacional brasileiro nem sempre oferece

cursos além daqueles denominados de regulares, já que as aulas, na maioria das escolas,

são distribuídas em turnos matinais, vespertinos e noturnos, o que dificulta a inserção de

Fonte: Pesquisa direta, Fundaj, 2008.

26

outras ferramentas, consideradas partes integrantes da educação, como idiomas,

informática, dança, esportes etc.

Tabela 5

Principais mudanças ocorridas após participação no Programa Escola Aberta

Principais mudanças*

Nº %

Aprendeu novas profissões/ofícios/ampliou os conhecimentos 197 25,5 Aumentou o círculo de amizades/melhorou o convívio social 194 25,1 Sente-se mais feliz/ Tem mais disposição/ Melhorou a autoestima 156 20,2 Saiu da rua/fica menos tempo na rua/ocupou o tempo/a mente 90 11,6 Aprendeu novas brincadeiras/ diversões/lazer 84 10,9 Aumentou/obteve/criou oportunidade de gerar renda 14 1,8 Tornou-se mais disciplinado/educado/melhorou os estudos 11 1,4 Outros 2 0,3 NS/NR 25 3,2 Total 773 100,0

* Respostas múltiplas Pesquisa direta, Fundaj, 2008

Em que pese a precariedade em que algumas oficinas são desenvolvidas, o conteúdo

mínimo ministrado possibilita, aos seus usuários, o contato com algo até então

desconhecido ou inacessível, seja por limitações financeiras, dificuldade de acesso ou

outras questões de ordem social. No contexto do PEA, o lazer proporcionado vai além

de brincadeira e diversões.

Situações como a descoberta de novas vocações são narradas pelos participantes e,

também, pelos oficineiros que lidam com as sensações do encontro dos seus alunos com

as atividades oferecidas, em alguns casos, estranhas ao seu cotidiano. Entre outros

exemplos, destaca-se a experiência dos jovens em conhecer os meandros da produção,

organização e execução de um vídeo. A oportunidade surgiu através de uma visita

realizada a um canal de televisão e, segundo um oficineiro, “eles [os jovens] ficaram

fascinados por tudo aquilo” e resolveram produzir um documentário sobre a atividade

de dança da qual fazem parte.

A motivação aliada à descoberta de uma nova categoria profissional contribuíram para a

organização de um curso com a finalidade de preparar o participante do PEA para essa

nova empreitada. Segundo o responsável pela oficina, a ideia inicial era contemplar do

roteiro à finalização,

27

fazer nesses 90 dias um documentário de quatro minutos, por mês. E paralelo a isso mais dois de um minuto cada. Porque a gente tem que incentivar esse exercício de curta-metragem, não adianta eles abrirem a mente hollywoodiana e saírem fazendo facetas que não dá para cumprir. Não tem que gravar um longa e nem um média-metragem por enquanto, porque o nosso equipamento é precário, não dá condições para isso.

As vocações surgidas são comentadas pelos professores que são surpreendidos pela

descoberta de talentos não revelados na escola regular. Reconhecem que na sala de aula,

devido ao grande número de alunos e, também, pelo fato da necessidade de lecionarem

em mais de um turno, não conseguem perceber além do que se apresenta no cotidiano

escolar. Nesse sentido, para um dos coordenadores do PEA

O (Programa) Escola Aberta é uma escola viva [...] porque muitas vezes os

talentos estão dentro da sala de aula e não são descobertos e, no Escola Aberta, a gente tem condições de perceber a criança na sua realidade. Tinha um menino que fazia poesias. Eu ficava maravilhada [...] um menino tímido, tímido, tímido em sala de aula.

O despertar de talentos proporcionado pela oportunidade de inserção em atividades

recreativas e culturais do PEA, condiz com a capacidade que tem o lazer de, através do

interesse do próprio indivíduo, vivenciar experiências que o leva ao encontro da

possibilidade real de concretizar vocações, em alguns casos, adormecidas pela falta de

acesso às informações. Tal situação pode ser exemplificada pelo discurso de um jovem

participante do PEA, exercendo hoje a função de oficineiro, que encontrou nesse

Programa a oportunidade de tornar-se um profissional da dança.

Eu sempre tive vontade de aprender a dançar e nunca tive condições de ir para

uma academia pagar. É muito caro, uma hora de aula [custa] R$60,00. Aí chegou uma proposta, um professor foi dar aula no Escola Aberta e me convidou para ter aula [...]. Com o tempo fui aprendendo mais coisas, ele me colocou como instrutor, começou a dividir as aulas. Um certo tempo eu dava o começo da aula e ele terminava [...] Ivone [coordenadora da escola] conseguiu que eu fosse bolsista da Academia de Jaime [um centro conceituado de dança [...] consegui passar (no teste), era para dança de salão com bolero, salsa, samba de gafieira,soltinho, tango, aí fui aprendendo esses ritmos e trazendo pra cá. Aí ele (Jaime) começou a buscar mais coisa de frevo, caboclinho (ritmos pernambucanos). Depois ficou na minha cabeça e fui trazendo tudo [...] foi através de Ivone (coordenadora da escola) que consegui abrir a mente para toda essa cultura, cultura popular em geral.

Uma outra experiência de encontro com a vocação pode ser retratada por um

participante de 11 anos de idade, do sexo masculino, oriundo de uma família de baixos

recursos, a mãe empregada doméstica, residente numa casa com dois cômodos, sem

28

água encanada. O jovem procurou o Programa para “distrair a mente”. Descobriu o

teatro e decidiu ser ator. Para ele, participar dessa atividade cultural facilitou o convívio

social, já que os ensaios possibilitam o trabalho em grupo, como também tornou-se

“mais feliz” com a descoberta dessa vocação. Questionado sobre a importância do PEA

ressaltou que o Programa é um lugar para encontrar pessoas e representa “tudo na vida”.

Como afirma Dumazedier (2001), a interação social é um dos elementos primordiais

para a formação do indivíduo e, segundo ele, esta é, ao lado da informação, o que o

lazer pode ofertar. Nesse sentido, observa-se que a segunda mudança apresentada pelos

entrevistados recai sobre o aumento no círculo de amizades e melhoria do convívio

social (Ver Tabela 5). São as funções integrativas do lazer

que têm por objetivo formar ou solidificar os grupos, principalmente os familiares, de amizade-companhia, de interesses comuns, os quais poderiam estar satisfazendo à necessidade de pertencer a alguém ou de realizar as duas metas, de ser reconhecido (IWANOWICZ, 1997, p.96).

Sob esse enfoque, a participação no PEA, principalmente nas atividades coletivas,

permite desenvolver hábitos de solidariedade e contemplar situações em que os

interesses do grupo se sobrepõem às questões individuais. O depoimento a seguir revela

que a prática do esporte pode abrir perspectivas disciplinadoras em um ambiente de

descontração e entretenimento. Caso como o relatado por um oficineiro representa a

possibilidade de mudança de comportamento de jovens que, em suas trajetórias de vida,

encontraram uma forma de inserção proporcionada pela oportunidade de acesso às

atividades lúdicas.

Eles eram indisciplinados, vendiam drogas, não respeitavam ninguém na escola [...] aí fiz um trabalho de conversar, procurar saber o que é que estava se passando, aí eles diziam: minha mãe, meu pai brigou comigo porque eu não estou trabalhando, isso e aquilo outro [...] foi na hora que entrou o esporte [...] todos dois são do vôlei [...] eles não estão mais nem andando com aquelas pessoas, com más influências [..] eles sempre ficam olhando os profissionais jogando, né! (os meninos diziam) professor eu acho tão bonito, é aquela união. O jogo termina, eles se abraçam, aí eles (os meninos) vêm e fazem a mesma coisa. Eu fico empolgado. É muita emoção!

À essa categoria de formação de novas amizades, acrescente-se a melhoria da

autoestima e o bem-estar produzido nas pessoas ao se sentirem mais felizes e menos

estressadas ao participarem das atividades do PEA (ver Tabela 5). São sentimentos e

sensações que se assemelham à segunda mudança mais citada pelos pesquisados e que

provocam um estado de pertencimento, leveza e interação social resultantes da

29

participação em atividades lúdicas. São respostas típicas do lazer que para Lefebvre,

citado por Oliveira (1997, p.13), “não deve trazer uma nova preocupação ou alguma

obrigação ou tampouco uma necessidade, mas sim liberar das obrigações e das

necessidades”.

Nessa perspectiva de preencher a lacuna “da necessidade” em seus vários níveis

(educação, trabalho, saúde, moradia, diversão) se inserem as funções compensadoras

do lazer “que seriam as atuações que, de alguma forma, revelam as insatisfações das

outras áreas da vida, levando a pessoa a uma atitude de ‘viver a toda’ aquilo que, nas

outras situações não pôde ser realizado” (IWANOWICZ, 1997, p.96).

Estudo desenvolvido, por Waiselfisz e Maciel (2003), sobre o Programa Escola Aberta,

revelou que 60% dos jovens, entre 14 e 19 anos, foram vítimas de violência nas

unidades escolares motivada pela apatia, falta de perspectivas, quebra

de valores de tolerância e solidariedade em virtude da falta de mecanismos de

articulação para encontrar saídas. As famílias menos favorecidas sentem falta de

alternativas culturais, artísticas, esportivas e de lazer para os jovens. Desse modo, a rua

é praticamente o único espaço disponível para diversão.

Para uma parcela da população a rua “pode significar o quintal inexistente, o terraço e a

varanda negados, a praça não construída e as calçadas imaginárias” (OLIVEIRA, 1989,

p.36), porém, também representa local de violência e insegurança. O que deveria se

constituir em potencial área de lazer transforma-se, devido às configurações espaciais

urbanas e às condições sociais de parcela da população, em local de medo, vulnerável às

adversidades. Segundo Alencar (2008, p.31),

as pessoas estão assustadas, com medo do outro e, por isso, cercam suas residências, isolam-se em apartamentos e condomínios fechados, ao restringirem os espaços e ocasiões de lazer. Dessa forma, a cidade deixa de cumprir uma das principais funções que lhe foi atribuída pelo urbanismo moderno: propiciar o lazer aos que nela vivem.

Nesse contexto, compreende-se que 11% do total de respostas (ver Tabela 5)

apresentadas pelos pesquisados, referem-se à oportunidade, proporcionada pelo PEA, de

saírem da rua. Para esses entrevistados, a participação, em atividades do Programa,

promove mudanças em seu cotidiano, tornando o Escola Aberta um “porto seguro”,

lugar propício para ocupar o tempo e a mente. Ao se considerar as condições de

30

habitação a que são submetidas as famílias com baixo poder aquisitivo, observa-se um

processo de expulsão progressiva. Os moradores, principalmente o segmento infanto-

juvenil, expropriados de espaços em suas próprias residências, passam para a rua que

também se converte em local inadequado para o convívio social.

O público atendido pelo PEA, em sua maioria (ver Tabela 3), reside em comunidades

em torno das escolas frequentadas. Grande parte dessas moradias está localizada em

bairros com deficiência ou inexistência de infraestrutura, serviços, lazer etc. São

carências de necessidades de diversas ordens, entre elas, espaços nas moradias, nas ruas,

nas praças para a prática da sociabilidade, através da diversão, do esporte, da dança, da

brincadeira.

Tabela 6

Local de residência dos participantes do Programa Escola Aberta

Local de residência

Nº %

No mesmo bairro do Escola Aberta 435 88,8 Em bairro vizinho 48 9,8 Em bairro distante 7 1,4 Total 490 100,0

Pesquisa direta, Fundaj, 2008

Em princípio são lacunas que poderiam ser preenchidas em espaços exteriores ao bairro

de residência, porém, o público beneficiário do PEA advém de famílias que não

possuem ganhos suficientes para atender a esse tipo de necessidade e apresenta um

perfil com características inerentes às suas condições materiais. Ver quadro a seguir:

31

A pesquisa revelou que 57,6% dos responsáveis pelas famílias desenvolvem alguma

atividade geradora de renda. Em geral, são ocupações relacionadas a serviços

domésticos, vendas, prestação de serviços como pedreiro, encanador, pintor,

marceneiro. Essas pessoas trabalham como autônomas, em sua maioria, historicamente

têm baixa remuneração e encontram-se situadas na base da pirâmide salarial (ver Tabela

7).

Do total de entrevistados 86,7% moram em habitação tipo casa de alvenaria com reboco; própria (80.6%), com água da rede pública (96,1%), energia elétrica da rede oficial (97,6%). Possuem bens, tais como: TV em cores (96,8%) e, entre esses, 40,9% declararam ter dois ou mais aparelhos em suas moradias. Um fato que representa a realidade recente da história da telefonia brasileira, diz respeito a 65,1% dos pesquisados que declararam não possuir aparelhos fixos; por outro lado é bastante significativa a presença dos telefones celulares. Quase 90% fazem uso desse equipamento e o quantitativo expressivo de 59% dessas pessoas informaram ter em suas residências de dois a quatro aparelhos. Ao se reportar a bens que definiriam a inserção do grupo de entrevistados em um nível de renda mais elevado, observa-se ainda a dificuldade de acesso a alguns equipamentos, tais como: máquina de lavar roupa (66,1% não têm o produto); forno de microondas (80,8%); automóvel (90,2%); motocicleta (92,2); computador (83,9%); impressora (92,9).

32

Tabela 7

Atividades remuneradas desenvolvidas pelo responsável pela família Pesquisa direta, Fundaj, 2008 Com ganhos insuficientes para atender às necessidades básicas (alimentação, educação,

saúde, moradia) pouco resta para ser investido em atividades de lazer. Porém, observou-

se que, ao serem oferecidas oportunidades de diversão aos participantes do PEA, a

demanda é correspondida, sendo necessário, inclusive, o controle da procura devido à

dificuldade em atender aos interessados nas atividades culturais e de entretenimento.

Segundo um dos coordenadores do PEA, em sua escola há um grande interesse pela

oficina de teatro, devido ao dinamismo da atividade em que se mesclam apresentações

no recinto interno e aparições públicas, como também pela geração de oportunidades de

se conhecer peças teatrais encenadas por companhias culturais da cidade. Assim, a

procura extrapola os limites do Escola Aberta e atrai familiares, vizinhos etc. Tal

situação reflete que a necessidade de lazer é inerente ao ser humano, no entanto,

usufruir desse descanso ou diversão, na maior parte das vezes, está relacionado à

situação socioeconômica do grupo social. O depoimento de uma coordenadora do PEA

mostra a relação necessidade versus oportunidade:

Quando a gente tem um passeio, tipo uma festa, a gente tem muita dificuldade porque vem o menino, a mãe do menino, a tia que já vai trazer o

Atividades Nº % Serviços domésticos 60 21,4 Prestação de serviços 31 11,0 Vendas domiciliar/ambulante 21 7,4 Cozinha/restaurante/bar/panificadora 20 7,1 Construção civil 19 6,7 Serviços gerais 15 5,3 Segurança/vigilância/portaria 15 5,3 Comércio 14 5,0 Educação 11 3,9 Transporte 10 3,5 Serviço público 8 2,8 Saúde (cuidador de idoso/enfermeiro) 7 2,5 Beleza e cuidados pessoais 7 2,5 Comerciantes 5 1,8 Reciclagem 5 1,8 Outras 13 4,6 NS/NR 21 7,4 TOTAL 282 100,0

33

filho dela [...] muitas vezes a gente tem que dizer: “olhe, eu não vou garantir que você vá” [...] é muita gente que quer ir.

Desse modo, a condição socioeconômica é responsável pelas escolhas dos produtos

culturais e pelo quantitativo desse consumo. Segundo estudo desenvolvido pelo IPEA e

coordenado por Silva (2007),

o consumo de bens culturais mantém relações estreitas com as desigualdades sociais e culturais. Não ser dotado de capital econômico implica alta probabilidade de desapossamento do gosto e dos habitus de consumo de certos bens de cultura, ou seja, implica uma grande possibilidade de desapossamento cultura.

O referido estudo mostra que as famílias brasileiras, com menor renda, realizam seus

gastos em itens que envolvem equipamentos audiovisuais, em detrimento de outros

produtos de mais conteúdo, como livros, teatro, cinema, TV a cabo etc., o que revela

impedimentos de ordem financeira para usufruir bens da indústria cultural.

Nesse contexto, se encontram os participantes do PEA pesquisados. Questionados sobre

as atividades de entretenimento, desenvolvidas antes da utilização dos espaços das

escolas nos finais de semana, relataram, como as mais frequentes, brincar, jogar, ver

TV, ir à praia, visitar amigos e parentes, participar de jogos eletrônicos entre outras

menos expressivas (ver Tabela 8).

34

Tabela 8

Atividades de lazer antes de frequentar o Programa Escola Aberta

*Respostas múltiplas Pesquisa direta, Fundaj, 2008

O leque de diversões apresentado é compatível com a faixa etária dos entrevistados

situada, em sua maioria (80,6%), entre 8 e 21 anos de idade (ver Tabela 4). Embora se

trate de um público jovem não significa que as atividades vivenciadas se reproduzam

para o mesmo grupo etário com outra condição econômica, uma vez que o nível de

renda tem estreita relação com os gastos e gostos culturais (SILVA, 2007). Porém,

contrariando essa informação, percebe-se que ao se ofertar novos conteúdos, mesmo se

tratando de famílias com baixos rendimentos, como aquelas atendidas pelo PEA, o

“gosto” se modifica diante do elenco de atividades culturais que são colocadas para

conhecimento e apreciação desse público.

Atividades

%

Brincar (na rua, em casa) 166 18,2 Jogar futebol 144 15,9 Ver TV 123 13,5 Praia 65 7,1 Visitar amigos/parentes 57 6,2 Jogos eletrônicos/internet 55 6,0 Nenhuma 45 4,9 Conversar na rua 34 3,7 Ir para a igreja 29 3,2 Passear (ir ao parque, cinema, pizzaria, clube, sítio) 28 3,1 Andar de bicicleta 26 2,9 Passear no shopping 20 2,2 Dançar/ ir para festas/beber/tocar 16 1,7 Praticar esportes (basquete, vôlei, natação) 14 1,5 Descansar 13 1,4 Ler/ouvir música 13 1,4 Cozinhar para amigos/festas 8 0,9 Jogar cartas/dominó 8 0,9 Fazer artesanato/desenhar/grafitar 8 0,9 Costurar 7 0,8 Tomar banho de rio/açude/piscina 7 0,8 Namorar 6 0,7 Outros 3 0,3 NS/NR 17 1,9 TOTAL 912 100,0

35

O que se percebe é que ao se defrontarem com a dança popular, o xadrez, o teatro, a

música, o artesanato entre outras, os participantes do PEA são contemplados com um

mundo mais amplo do que o conhecido anteriormente. Desse modo o público jovem tem

a oportunidade de ser introduzido a uma forma de lazer em que informação, formação e

divertimento se mesclam e permitem novas inclusões.

O lazer, nesse caso, toma formas diferenciadas e permite alcançar novas perspectivas

através de atividades lúdicas que por um lado, pode se direcionar para uma formação

profissional, mas também e, principalmente, pode promover a educação integral

necessária ao ser humano.

3.2 Lazer, atividades culturais e sociabilidade

As atividades lúdicas permitem introduzir noções e ensinamentos necessários ao

aprendizado da vida, na forma de relacionar-se, respeitar, preservar, solidarizar-se. Essa

concepção está contida no Plano de Trabalho (2008) de uma das unidades de ensino da

rede municipal, integrante do PEA. Segundo esse documento, elaborado pela equipe da

referida escola, os princípios de cidadania e respeito às diversidades

não entram nas oficinas de forma isolada e localizada. Ou seja, não

precisamos por exemplo oferecer oficina de cidadania ou solidariedade para garantir que esses princípios sejam contemplados. Estabelecer princípios para o programa significa dizer que todas as oficinas devem considerar esses aspectos no seu trabalho. Por exemplo, se um oficineiro organiza uma oficina de esporte e seleciona os alunos conforme o perfil físico, enfatiza a competição em detrimento da participação e não estimula atitudes de solidariedade e de organização no processo, ele estaria negando o eixo da inclusão social assim como os princípios de solidariedade, autonomia e lazer como direito social (...). Dessa forma devemos estar atentos para contemplar esses eixos e princípios no nosso trabalho, na organização das atividades de todas as oficinas e inclusive na seleção destas [ao escolher algumas oficinas de ritmos populares, em detrimento de outras se busca] uma valorização da cultura local e portanto fortalecer a identidade da população e aumentar a auto-estima do grupo” (SECRETARIA ..., 2008, p.11).

Nesse sentido, o PEA oferece oportunidade de participação em atividades culturais. As

danças, em suas diversas concepções, representam as atividades mais concorridas,

seguidas do artesanato, capoeira e percussão (ver Tabela 9). O teatro, a música e a

pintura também se inserem no cotidiano dos participantes. São alternativas de formação,

36

aprendizado e lazer que geram uma grande capacidade criadora, fomentadoras de

recursos que vão além do material, do palpável e que produzem no individuo sensação

de bem-estar essencial para o desenvolvimento pessoal.

Tabela 9 Atividade cultural desenvolvida pelos participantes do PEA

Atividade*

Nº %

Dança popular (caboclinho, forró, frevo, maculelê, maracatu, pastoril, quadrilha junina, afoxé)

235

28,2

Artesanato 168 20,2 Capoeira 83 9,9 Danças urbanas 70 8,4 Nenhuma 69 8,3 Percussão 58 6,9 Teatro de atores/ de bonecos 42 5,0 Música 34 4,1 Canto coral 27 3,2 Dança clássica/moderna/de salão 19 2,3 Desenho/Pintura/Grafitagem 14 1,7 Circo 7 0,8 NS/NR 6 0,7 Outro 3 0,3 Total 835 100,0

*Respostas múltiplas Pesquisa direta, Fundaj, 2008

A participação em jogos, em dança, música e outras atividades culturais gera

manifestações de comportamento nos grupos sociais que recebem e codificam imagens

diversificadas resultantes de suas condições objetivas. Os usuários do PEA, ao terem

oportunidade de entrar em contato com cenas culturais que reportam à sua própria

identidade, sentem-se inseridos e valorizados. Constituem-se em fatores significativos

na formação do indivíduo, principalmente quando se verifica que é o segmento infanto-

juvenil que mais se apropria dos serviços oferecidos pelo PEA. Ao se integrarem às

danças populares como o frevo, afoxé, caboclinho, maracatu, forró entre outras

atividades representativas das manifestações culturais locais, os jovens participantes

vivenciam e reelaboram essas experiências lúdico-recreativas-formativas significativas

para o seu desenvolvimento pessoal. Sob esse aspecto, em que o lazer e a cultura se

expressam nessas atividades, Bruhns (1997, p.51) coloca que

37

Os jogos não nos dizem somente que o risco é excitante, que a derrota é deprimente ou que o triunfo é gratificante. As festas não nos dizem somente que a comida é prazerosa, a bebida embriagante e o encontro envolvente. A dança não nos diz somente que a música é enlevante, o dançar é sensual ou os movimentos provocantes. Mas, sim, que é com essas emoções, assim exemplificadas, que a sociedade é construída e os indivíduos são reunidos.

Nesse mesmo sentido, Silva (2007, p.19) afirma que “a cultura se relaciona com a

sociabilidade e a sua reprodução [..] e liga-se aos direitos e à cidadania”. Ao se observar

as respostas dos pesquisados, quando indagados sobre os benefícios advindos da

participação em atividades culturais (ver Tabela 10), verifica-se um percentual

expressivo em alternativas relacionadas ao estado de espírito. Sensação de bem-estar,

autovalorização, melhoria das relações sociais, ampliação de conhecimento espacial

(através de visitas a novos lugares) e intelectual (aprendizado da história local e

nacional) apresentam 45,4% das respostas, percentual quase equivalente aos benefícios

referentes à questão profissional que se constitui elemento essencial na vida dessas

pessoas.

Tabela 7 Benefícios adquiridos com a participação em atividades culturais

Benefícios*

Nº %

Aprendeu uma arte nova/ uma profissão 224 38,1 Melhorou a autoestima (mais valorizado na família, na escola) 81 13,8 Ampliou os conhecimentos (conheceu lugares, pessoas, aprendeu mais sobre a cidade/país/estado)

77 13,1

Sensação de bem-estar (alegria, descontração, menos estresse) 63 10,7 Criou oportunidade de trabalho/ aumentou renda 57 9,7 Tornou-se mais integrado ao grupo, à família, aos amigos 46 7,8 Aprendeu a respeitar as diferenças 5 0,8 Outros 8 1,4 NS/NR 27 4,6 TOTAL 588 100,0 *Respostas múltiplas

Pesquisa direta, Fundaj, 2008 A posição social que os pesquisados ocupam na hierarquia econômica remete a primeiro

plano a necessidade de suprir a deficiência financeira; no entanto, o convívio com as

manifestações culturais revela novos sentimentos impulsionadores da conquista de uma

posição privilegiada na pirâmide social. O contato com as artes, num espaço lúdico-

38

recreativo como aquele oferecido pelas escolas nos finais de semana, em que a busca da

satisfação e do bem-estar parece ser atendida, conforme mostram os dados, faz com que

se reforce a ideia de que o lazer “deve se pautar na preocupação de ser mais um

componente dentro da educação global das pessoas para o mundo dos lugares, das

sensações e das emoções” (STUCCHI, 2007, p.118).

3.3 Programa Escola Aberta – o que pensam seus beneficiários

Os ganhos auferidos pelos participantes do PEA, no que concerne à oportunidade de

exercitar o lazer através das oficinas oferecidas, são limitados às condições estruturais

do referido Programa. Apesar de apresentarem respostas positivas sobre o PEA, os

participantes se ressentem de uma melhor estrutura, que ofereça consistência e

eficiência às suas várias atividades, desenvolvidas em forma de oficinas.

O que pensam os participantes desse Programa? Que significado tem na vida dos

usuários? Quais os principais problemas? O que pode ser feito para melhorar?

Por se tratar de um programa implementado no âmbito de espaços escolares, a

divulgação de suas atividades ocorre, principalmente, através de colegas/amigos e

professores/diretores. São esses segmentos os maiores responsáveis já que foram

apontados como agentes de informação do Programa por 73,6% dos entrevistados (ver

Tabela11). Também merecem destaque, como elos de comunicação do Programa, os

familiares e vizinhos, citados por 17,9% dos pesquisados. Por outro lado, a propaganda

por meio de faixas nas escolas, nas ruas, nos bairros ou ainda a utilização da mídia

escrita e televisiva se constituíram em meios de divulgação pouco utilizados, conforme

atesta o pequeno número de entrevistados que a eles fizeram menção. A rede de

comunicação se restringe ao ambiente local, vindo da própria escola o convite para

ocupar os espaços nos finais de semana. Surge uma questão: a estrutura do Programa

suportaria uma propaganda mais efetiva? Há algumas deficiências no PEA como se verá

adiante.

39

Tabela 11

Fonte de informação sobre o Programa Escola Aberta

Fonte de informação N %

Através de colegas/amigos 189 38,7 Através de professor/diretor 171 34,9 Através de familiares 56 11,4 Através de vizinhos 32 6,5 Através de propaganda na escola/na rua/no bairro

28 5,7

Através da televisão 4 0,8 Outros 7 1,4 NS/NR 3 0,6 Total 490 100,0

Pesquisa direta,Fundaj, 2008

Um outro aspecto diz respeito ao grau de interesse dos participantes nas atividades

desenvolvidas, ou seja, o que motivou a demanda por suas oficinas e pela proposta

disseminada pelos responsáveis pelo Programa. O que fazer nos espaços escolares nos

finais de semana? O que levou os beneficiários a procurarem o Programa?

A necessidade de aprender coisas novas, de se preparar para o mundo do trabalho

representou 38,2% das respostas dos participantes (ver Tabela 12). Esse desejo,

provavelmente, está aliado à necessidade de formação profissional uma vez que grande

parte dos entrevistados se encontra entre 12 e 21 anos de idade e faz parte de famílias

com baixa condição econômica, o que gera a necessidade de encaminhar, precocemente,

o jovem para o trabalho. No entanto, uma parcela significativa das respostas (40,8%)

associou a procura pelo PEA à vontade de se divertir, ocupar o tempo e realizar

atividades esportivas, o que pode revelar a busca por entretenimento em virtude da

escassez de espaços nas moradias e no seu entorno para a prática do lazer em suas várias

modalidades.

40

Tabela 9 Motivos da procura pelo Programa Escola Aberta

Motivos* Nº % Aprender algum ofício/alguma atividade 262 38,2 Ocupar o tempo 134 19,6 Divertir-se 122 17,7 Por curiosidade 62 9,0 Sair de casa/ da rua 47 6,8 Praticar esportes 24 3,5 Fazer novas amizades 10 1,4 Influência de parentes e amigos 6 0,9 Outros 9 1,3 NS/NR 11 1,6 TOTAL 687 100,0

*Respostas múltiplas Pesquisa direta,Fundaj, 2008

A configuração urbana e a baixa iniciativa governamental, entre outros fatores, não

contemplam suficientemente situações de lazer, principalmente nas localidades

periféricas. As desigualdades também se expressam através desse recorte, ou seja, a

escassez ou inexistência de equipamentos públicos revelam a heterogeneidade social.

Para Silva (2007, p.43), essas clivagens são geradas na expansão das cidades, em geral desordenada, em especial nos países latino-americanos, e refletem o papel cada vez menor dos espaços de uso compartilhado. No entanto, essas diferenciações sociais também se relacionam com a estrutura dos mercados de trabalho e a estrutura de renda em processos produtivos cada vez mais internacionalizados. O resultado disso tudo é o aumento das desigualdades e do isolamento das frações das classes sociais em espaços delimitados de consumo e lazer, inacessíveis ao contato e às interações densas.

Ao se comparar os dados obtidos com as questões referentes aos motivos que levaram

os pesquisados a procurarem o PEA e o que esse Programa representa para eles,

verifica-se um quadro de respostas com elementos significativos para se proceder

algumas considerações.

Quando indagados sobre o significado do PEA, a resposta com maior percentual

(42,9%) apontou como um “lugar para aprendizagem” (ver Tabela 13), dado bem

aproximado (38,2%) ao do principal motivo que fez o pesquisado procurar o Programa,

o que leva, nesse caso, à reprodução de uma imagem já esperada, ou seja, o motivo da

inserção nas atividades diz respeito à possibilidade de aprender algum ofício. Por outro

41

lado, a oportunidade de “lazer e divertimento” superou as expectativas. O que

inicialmente correspondeu a 17,7%, ou seja, a busca do entretenimento como um dos

motivos para ingressar no Programa passou para 29,7% na representação dos

pesquisados.

Tabela 13

Motivos para ingressar no PEA e o que o Programa representa

Motivos para ingressar no PEA

( o esperado)

% Representação do PEA

(o encontrado)

%

Aprender algum ofício/alguma atividade

38,2 Lugar de aprendizagem 42,9

Ocupar o tempo 19,6 Lugar de lazer/divertimento 29,7 Divertir-se 17,7 Lugar de encontrar pessoas/fazer

novas amizades 14,2

Por curiosidade 9,0 Lugar para ocupar o tempo 7,2 Sair de casa/ da rua 6,8 Oportunidade para sair de casa/ da

rua 2,1

Praticar esportes 3,5 Lugar para praticar esportes 1,5 Fazer novas amizades 1,4 Lugar para melhorar/conseguir

renda 0,7

Influência de parentes e amigos

0,9 Outros 0,6

Outros 1,3 NS/NR 1,1 NS/NR 1,6 TOTAL 100,0 TOTAL 100,0 Pesquisa direta,Fundaj, 2008

A oportunidade de divertir-se em local seguro, protegido pelo espaço físico escolar pode

ser um dos principais ganhos dos participantes, aliado ao aprendizado de novos ofícios,

o que caracteriza o descanso ativo ou participativo “que tanto leva ao relaxamento e

diminuição de tensão nervosa quanto produz uma sensação de satisfação e maior

contentamento” (IWANOWICZ,1997, p.96).

Nesse sentido, a procura dos pesquisados pelo Programa como uma forma de “ocupar o

tempo” representou 19,6% das respostas, porém, quando indagados sobre o significado

do PEA com relação a esse tema, verificou-se uma reavaliação ou ressignificação, já

que a concepção inicial sofreu mutação, ou seja, de 19,6% passa a representar 7,2% na

opinião dos participantes entrevistados. O que pode significar que a “ocupação do

42

tempo” foi substituída por um tempo livre ativo com novas oportunidades e

possibilidades.

A expectativa de conhecer pessoas, fazer novas amizades, através do PEA, foi baixa,

representando 1,4% das respostas relacionadas aos motivos para procurar esse

Programa. No entanto, a participação e a vivência nas atividades geraram uma relação

bastante positiva com o PEA, fazendo com que 14,2% das respostas apontassem para a

concretização dessa possibilidade, inicialmente pouco esperada, como revelam os

dados. Desse modo, o elevado percentual pós-participação nas atividades, comparado ao

esperado inicialmente, demonstra a função integrativa do lazer que se propõe a criar e

solidificar amizades num ambiente de descontração e sociabilidade. Para um dos

integrantes do PEA, o Programa é considerado um espaço de resgate, da cultura, da cidadania, da participação, da integração, da alegria e da criação, também da criatividade, porque muitas coisas vão sendo criadas, vão sendo transformadas, recriadas. É um espaço [...] que as pessoas [...] ficam mais à vontade e ficam mais felizes.

Nessa perspectiva, verifica-se que a participação no PEA traz benefícios que se revelam

na quase totalidade de opinião positiva (99,2% dos pesquisados) sobre o uso dos

espaços públicos escolares, no final de semana, para a prática de atividades lúdico-

recreativas-informativas As maiores frequências às oficinas do Programa se distribuem

em dois momentos (ver Gráfico 2): só aos sábados (55,9% dos participantes) e todo

final de semana (34,1%).

O fato de haver uma maior concentração nos sábados pode estar relacionado à

impossibilidade de alguns usuários participarem das oficinas aos domingos,

principalmente os mais jovens, por estarem acompanhando os pais em atividades

remuneradas. Outro fator diz respeito à inexistência ou a baixa oferta de oficinas

detectada em algumas escolas no segundo dia de atividades destinado ao Programa.

43

Gráfico 2

3.4 Dificuldades e soluções: o Programa Escola Aberta na perspectiva do usuário

As políticas públicas quando implementadas trazem, em sua concepção, a necessidade

de suprir, complementar ou impulsionar ações que promovam a qualidade de vida dos

indivíduos. O PEA segue essa linha ao procurar interferir positivamente no cotidiano

das pessoas através do desenvolvimento de oficinas artísticas, recreativas e informativas

nos espaços escolares nos finais de semana. A valorização pessoal e a elevação da

autoestima também fazem parte dos objetivos do PEA que direcionam suas atividades à

comunidade do entorno das escolas, desprovida de atividades de lazer e de áreas de

sociabilidade como praças, clubes, associações recreativas e outras similares.

Nesse sentido, o Programa parece ter atendido às expectativas dos participantes, no

momento em que são oferecidas oportunidades para o entretenimento e para a inserção

em atividades que, de algum modo, apontem para a profissionalização e possibilitem a

geração de renda. Nessa perspectiva, tornam-se pertinentes os dados referentes à

classificação positiva obtida pelo PEA através dos participantes de suas atividades. Para

68% dos pesquisados o Programa é considerado ótimo, 29% classificam como bom e

apenas 2% o qualificam como regular (ver Gráfico 3).

55,9%

8,2%

34,1%

0

10

20

30

40

50

60

Frequência ao PEA

Só aos sábados

Só aos domingos

Final de semana

Fonte: Pesquisa direta, Fundaj, 2008.

44

Gráfico 3

Em que pese a boa avaliação obtida pelo PEA, algumas dificuldades, que afetam o

desenvolvimento adequado das atividades propostas, foram relacionadas por 78,4% dos

pesquisados. Ao se verificar o elenco de oficinas que exigem um arsenal de

equipamentos para a sua efetivação, como música instrumental, informática, artes

marciais, danças populares entre outras com características similares, observa-se uma

ampla lacuna nos equipamentos e materiais necessários para a concretização das

atividades.

Desse modo, a maior dificuldade apresentada pelos pesquisados com relação ao

desempenho do PEA diz respeito à falta de condições materiais para a execução dos

trabalhos das oficinas (ver Tabela 14). São relatadas a inexistência ou precariedade dos

instrumentos musicais, falta de material esportivo, de adereços para apresentações

públicas, de computadores, entre outros equipamentos.

Fonte: Pesquisa direta, Fundaj, 2008.

45

Tabela 14

Principais problemas do Programa Escola Aberta

Principais problemas

Nº %

Falta de material/equipamentos para as oficinas 223 39,2 Escola sem espaço físico/inadequado/insuficiente 98 17,2 Poucos cursos 50 8,8 Escola desorganizada 53 9,5 Falta/desinteresse de instrutores/oficineiros 45 7,9 Insegurança na escola (violência/vandalismo) 30 5,3 As atividades não são atraentes 17 3,0 Muita gente nas salas (dificultando a aprendizagem) 11 1,9 Descontinuidade das oficinas 9 1,6 Pouca divulgação 5 0,7 Outros 7 1,2 NS/NR 21 3,7 Total 569 100,0

*Respostas múltiplas Pesquisa direta, Fundaj, 2008 Outra dificuldade refere-se ao espaço físico das escolas, considerado inadequado e

precário para o desenvolvimento das atividades. Nos registros de campo realizados

pelos entrevistadores são ressaltadas as condições em que algumas práticas esportivas

são desenvolvidas, como os jogos coletivos que envolvem um número considerável de

participantes. São campos improvisados, sem o tratamento apropriado para a prática

esportiva. Ambiente quente, com intensa exposição ao sol e chuva aliado ao uso de

material inadequado. Também foi observada a existência de salas pequenas e

desconfortáveis para o desenvolvimento de determinadas oficinas.

Um aspecto relevante, demonstrado pelos dados da pesquisa com referência às

dificuldades no PEA, foi o significativo percentual (21,6%) de respostas dos

participantes do Programa que ressaltam a inexistência de problemas em sua execução.

Tal fato apresenta coerência com a avaliação positiva realizada por 68% dos

pesquisados que colocaram o PEA num patamar elevado de aceitação, ao considerarem

ótimo o seu nível de atuação.

Em que pese o bom desempenho do Programa relatado pelos pesquisados, as lacunas

existem e melhorias são reivindicadas para atender de forma satisfatória os

46

beneficiários. A questão da falta de material, colocada como um dos principais

problemas do PEA aparece no rol de sugestões que visam contribuir para que o

Programa apresente uma resposta mais positiva para aqueles que buscam as suas

atividades.

Como já discutido anteriormente, os participantes se ressentem da inexistência e

também da inadequação de equipamentos e compreendem, claramente, que o Programa

que está sendo oferecido pelo poder público é atraente, porém insuficiente para atender

à demanda dos beneficiários. Nesse sentido, a percepção de que é necessário mais

material para as atividades representou 30,5% das respostas, num paralelo significativo

à questão da ampliação do número de oficinas, principalmente de esportes, de dança e

de cursos profissionalizantes perfazendo um total de 30,2% das sugestões para a

melhoria do Programa (ver Tabela 15).

Tabela 15

Sugestões para melhorar o Programa Escola Aberta

Sugestões Nº % Obter mais material para as oficinas 235 30,5 Ter mais oficinas (esportes, danças, cursos profissionalizantes) 232 30,2 Ampliar o espaço físico 118 15,3 Ter mais organização/planejamento 44 5,7 Aumentar o número de professores/professores interessados 23 3,0 Incrementar a divulgação 15 2,0 Diversificar as brincadeiras / divertimento 14 1,8 Conseguir mais horários/mais dias 11 1,4 Incrementar a merenda 9 1,2 Outros 12 1,6 NS/NR 56 7,3 Total 769 100,0 *Respostas múltiplas Pesquisa direta, Fundaj, 2008 Nesse aspecto, a discussão que envolve o lazer, com relação à amplitude de sua

concepção a qual envolve não só entretenimento mas também formação e informação,

apresenta coerência com as respostas que solicitam atividades com essas características.

A necessidade de divertimento surge paralela à busca da profissionalização o que pode

sugerir que o lazer, em sentido mais abrangente, colabora para o desenvolvimento

47

pessoal do indivíduo, principalmente para aquele pertencente ao grupo social com

menos oportunidades e pouco acesso ao entretenimento.

As atividades oferecidas pelo Programa podem contribuir para descobertas de emoções

e sentimentos até então imperceptíveis em virtude da falta de oportunidade de usufruir

momentos lúdicos, seja através de esportes, teatro, dança, teatro, artesanato e outras

formas de entretenimento.

Daí a importância do estabelecimento de políticas públicas que contemplem áreas

específicas para a prática do lazer, uma vez que no contexto sociopolítico atual do país,

as cidades são percebidas, por muitos, como espaços de violência, o que faz com que

cada vez mais as pessoas se refugiem entre altos muros e evitem o contato com as

pessoas.

No entanto, as políticas pensadas para a população desprovida de capital econômico

precisam também ser planejadas e implementadas com vistas à obtenção de uma

resposta plena de seus objetivos, caso contrário, tornam-se pequenas e deficientes o que

pode levar ao seguinte questionamento: políticas direcionadas aos desprovidos de

capital econômico também precisam ser desprovidas de condições suficientes para

atendimento satisfatório dessa população? 4. Considerações finais

O Programa Escola Aberta, instituído como política pública federal em 2006 nos

estados brasileiros, surgiu com o objetivo de oferecer lazer, cultura e esportes à

comunidade, utilizando os espaços das escolas públicas nos finais de semana. As

oficinas contemplam educação, cultura, arte, esporte, lazer, informática e formação

inicial para o trabalho.

Como os estudos sobre o lazer e seus impactos sobre a sociedade são relativamente

recentes no Brasil, quando comparado com outros países onde as pesquisas e estudos

ocorrem há mais tempo, as discussões sobre a importância da atividade e sua

consequente valorização, costumam apresentar divergências.

48

Enquanto para alguns é inoportuno repensar o tempo livre e o lazer num país marcado

por contrastes e desigualdades socioeconômicas, outros, como Waiselfsz (2003), ao

analisar o impacto do Programa Escola Aberta acerca dos índices de violência,

demonstram a importância de se oferecer mais opções de lazer principalmente à camada

mais carente da população. Foi constatado que antes do programa ser instaurado, estava

ocorrendo nos finais de semana maior número de atos de violência entre os jovens em

função do ócio.

O lazer, portanto, contribui para a melhoria da qualidade de vida uma vez que a sua

prática favorece a integração social, a diversão, a formação do indivíduo e a informação

com a ampliação de conhecimentos. Ao ser criado com o objetivo de oferecer diversão,

cidadania e inserção social o PEA estruturou-se através da organização de oficinas

oferecidas à população do entorno das escolas. De modo geral, trata-se de comunidades

com carências de diversas ordens que têm a oportunidade de participar de atividades

lúdico-recreativas e culturais preenchendo uma lacuna de serviços e espaços

inexistentes em seus locais de moradia.

Por se tratar de uma política pública o Programa Escola Aberta busca atender uma

população com baixos recursos financeiros e com idades distintas, embora o foco

principal seja o segmento infanto-juvenil, mais vulnerável às adversidades. A pesquisa

realizada com os participantes do PEA para verificar as interferências desse Programa

no cotidiano dos beneficiários apresentou resultados que apontam mudanças no

comportamento e um olhar crítico sobre o desenvolvimento do referido Programa.

Ao participarem das atividades do PEA os beneficiários mostram que ao frequentarem

as oficinas têm a oportunidade de ampliar conhecimentos e conhecer novas profissões

ligadas à arte cênica, como teatro e dança, ao audiovisual e a informática. São

atividades que despertam novas vocações e abrem perspectivas de inserções no mercado

de trabalho. Outro resultado oriundo da participação diz respeito ao aumento do círculo

de amizade. Conhecer pessoas, ampliar as relações sociais são situações proporcionadas

pela função integrativa do lazer que, ao congregar os indivíduos, possibilita um melhor

convívio social.

49

Uma terceira mudança mais apontada pelos pesquisados diz respeito à oportunidade de

sair da rua e assim ocupar o tempo e a mente com as atividades do PEA. O público

atendido pelo Programa reside em áreas pouco propícias para o lazer, seja do ponto de

vista da inexistência de espaço para entretenimento, como praças, parques etc., como

pela inadequada situação da rua, convertida no único lugar disponível, porém inseguro,

para a diversão. Nesse aspecto, o PEA se torna um “porto seguro” em que as

brincadeiras podem ser vivenciadas sob a proteção dos muros escolares.

Contrariando alguns estudos que afirmam que o consumo cultural está relacionado ao

poder aquisitivo das pessoas, o que se observou na pesquisa realizada é que existindo

oferta, a demanda é correspondida, ou seja, as atividades culturais-recreativas oferecidas

pelo PEA encontram um público ávido por teatro, dança, cinema e outras

manifestações.

As oportunidades criadas estimulam a participação e motivam, não só os beneficiários

do Programa, mas também os familiares que se sentem atraídos por esse tipo de

atividade. Nesse sentido, observou-se que ao participarem de manifestações culturais, os

beneficiários do PEA sentem-se mais valorizados e inseridos no grupo social do qual

fazem parte. São repercussões no bem-estar, autovalorização, melhoria nas relações

sociais e na formação profissional, com o aprendizado de novos ofícios vinculados ao

mundo das artes que, de modo geral, envolve emoções e sentimentos, partes integrantes

da educação global do indivíduo.

Pode-se dizer que através da democratização do acesso à cultura promovida pelo PEA,

se estabelece o que Chauí (2008, s/p) chama de cidadania cultural, uma vez que a

cultura é oferecida àqueles que até então não tinham a possibilidade de a ela aceder.

Apesar das interferências positivas no cotidiano dos pesquisados, o Programa Escola

Aberta apresenta problemas estruturais e espaciais. Há o reconhecimento da inexistência

de atividades de lazer e áreas de sociabilidade no entorno das escolas e, de alguma

forma, o PEA vem a preencher essa lacuna. No entanto, a falta e a precariedade de

equipamentos para o desenvolvimento das atividades foram constatadas, como também

espaços inadequados para a prática de esportes e de oficinas.

50

Dentro do contexto apresentado, o Programa Escola Aberta é atraente, porém

insuficiente e precário para atender às necessidades e às demandas de seus beneficiários.

As políticas elaboradas e implementadas através de programas para a população mais

carente e vulnerável às adversidades, devem ser pensadas também como garantia de

qualidade na sua execução para que os resultados sejam, de fato, contabilizados como

favoráveis à formação e à inclusão dos indivíduos, público-alvo de suas ações. Diante

desse quadro são colocadas algumas sugestões:

Melhorar a divulgação do Programa nas comunidades incentivando a

participação dos seus membros. Para isso, há a necessidade de fazer uma

avaliação das escolas, identificando as que obtiveram êxito e as que não

lograram bons resultados. A partir daí deve-se repassar as experiências bem

sucedidas e verificar se é possível utilizar procedimentos semelhantes nas

demais. É de grande importância que haja um trânsito livre para a troca de

informações e que a comunicação se estabeleça em todos os níveis.

Oferecer condições para a realização dos trabalhos. As escolas devem estar

equipadas e possuir um ambiente agradável e seguro, para que os pais se sintam

motivados a estimular os filhos a frequentarem as atividades do PEA. Por outro

lado, os oficineiros e responsáveis pela abertura das escolas aos sábados e

domingos também precisam ser incentivados para que seja possível a

continuidade dos trabalhos.

51

5. Referências Bibliográficas

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53

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54

Anexo Tabela com relação das Escolas

Municipais do Recife Modelo de questionário utilizado

na pesquisa

55

Escolas do Programa Escola Aberta na Cidade do Recife e número de participantes do Programa no período de maio a outubro de 2007.

ESCOLA MUNICIPAIS Número de

participantes por final de semana

Pedro Augusto 696 Gal. Emídio Dantas Barreto 780 Nossa Senhora do Pilar 392 Do Coque 436 Josué de Castro 797 Novo Mangue 1122 Jandira Botelho 1064 São João Batista 877 Mário Melo 688 Deus é Amor 620 Paulo Leivas Macalão 1292 Campina do Barreto 620 Antônio Heráclio Do Rego 972 Alto Santa Terezinha 668 Paulo VI 533 Olindina Monteiro 157 Manoel Antônio de Freitas 320 Luiz Lua Gonzaga 208 Antônio Tibúrcio 178 Alto do Maracanã 403 Sociólogo Gilberto Freire 852 Mauricio de Nassau 948 Vasco da Gama 900 Draomiro Chaves Aguiar 600 Profº ADERBAL GALVÃO 1640 Nadir Colaço 1758 Nilo Pereira 836 Da Mangabeira 716 São Cristóvão 1190 Octávio Meira Lins 592 Josefina Marinho 420 Alto do Refúgio Ivan Neves 488 Poeta Joaquim Cardoso 210 Córrego da Bica 660 Dom Hélder Câmara 502 Marluce Santiago 1190 Doutor Caeté 180 Mundo Esperança 728 Do Pedrinho 190 Renato Aciolly C. Campos 230 Professor Mauro Mota 175 Diná de Oliveira 1665 Ur-7 Várzea 890 Rodolfo Aureliano 496

56

Da Iputinga 645 Creusa de Freitas Cavalcante 632 Sítio do Berardo 695 Arraial Novo Bom Jesus 950 Engenho do Meio 456 Do Henfil 424 Célia Arraes 513 Senador José Ermínio de Moraes 1184 Professor João Batista Lippo Neto 964 Dom Bosco 2432 Antônio de Brito 764 André de Melo 794 Edite Braga 560 Jardim Uchoa 553 Antônio Correia 712 Balbina Menelau 616 De Tejipió 820 Vila São Miguel 660 João Pessoa Guerra 556 San Martim 572 Casa dos Ferroviários 572 Do Barro 384 Santo Antônio do Caçote 692 Maria da Paz Brandão Alves 508 Antônio Farias 1640 Serra da Prata 2155 Solano Magalhães 1670 Maria Sampaio de Lucena 1544 Engenheiro Guilherme Diniz 1012 Florestan Fernandes 1150 Professor Orlando Parahym 824 Do Ibura 924 Cícero Franklin Cordeiro 780 Educador Paulo Freire 1068 Oswaldo Lima Filho 682 Três Carneiros 813 Professor Júlio de Oliveira 492 Henoch Coutinho 280 Jardim Mauricéia 252 Manoel Torres 588 Sônia Maria Araújo 385 Beato Eugênio Mazenod 800 Luíz Vaz de Camões 246 Cristina Tavares 544 Lagoa Encantada 480 Karla Patrícia 151 São Francisco de Assis 336 Do Jordão 328 Umberto Gondim 120 Novo Pina 150

57

Professor Simões Barbosa 976 Margarida Serpa 640 Lula Cardoso Ayres 262 Pais E Filhos 436 José Múcio Monteiro 976 Deputado Edson Cantareli 209

Total 71450 Fonte: Secretaria de Educação do Município de Recife s/d

58

FUNDAÇÃO JOAQUIM NABUCO - FUNDAJ DIRETORIA DE PESQUISAS SOCIAIS – DIPES COORDENAÇÃO GERAL DE ESTUDOS ECONÔMICOS E POPULACIONAIS COORDENAÇÃO DE PESQUISA DE CAMPO – COPEC

“PROGRAMA ESCOLA ABERTA”:

ALTERNATIVA DE LAZER E CULTURA PARA A COMUNIDADE? Número do Questionário: _________

Filtros: Escola:_________________________________________________________ Idade mínima: 8 anos Freqüência no Escola Bairro:_________________________________________________________

Aberta: no mínimo quatro vezes Data da entrevista: ____/____/ 2008 Hora: ____________

Entrevistador: _________________________________CD:______________

BLOCO 1 - IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO 1 Nome: V01

__________________________________________________Apelido:_________________

2 Sexo: V02 1 Masculino 2 Feminino 9 NS/NR ___

3 Idade: V03 __________ anos completos ______

4 Qual o seu estado civil: V04 1 Solteiro 3 Divorciado / Separado 9 NS/ NR 2 Casado/ União estável 4 Viúvo

___

BLOCO 2 - DADOS DE ESCOLARIZAÇÃO 5 Você sabe ler e escrever? V05 1 Sim 2 Não 9 NS/NR ___

6 Você estuda? V06 1 Sim 2 Não pular p/9 9 NS/NR ___

7 Se sim, é o mesmo local do Escola Aberta? V07 1 Sim 2 Não 9 NS/NR ___

8 Por quê? V08 ___________________________________________

_ 9 NS/NR ___

9 Qual a sua escolaridade? (última série concluída) V09 1 Analfabeto 6 Médio completo 2 Alfabetizado 7 Superior incompleto 3 Fundamental incompleto 8 Superior completo 4 Fundamental completo 0 Outro ____________________ 5 Médio incompleto 9 NS/NR

___

BLOCO 3 - CARACTERÍSTICAS DO DOMICÍLIO 10 Qual é o seu endereço? (Se mora na rua, pular para 23) 99 NS/NR V10

59

Rua: ___________________________________________________________________N.º___________

11 Qual o bairro da sua residência? V11 Bairro: _______________________________________ 99 NS/NR |___||___|

12 Este bairro fica: V12 1 No mesmo bairro do Escola Aberta 3 Em bairro distante 9 NS/NR 2 Em bairro vizinho 4 Não tem residência fixa

13 Tipo do domicílio: 1 Casa 3 Quarto 9 NS/NR 2 Apartamento 4 Barraco

V13 ___

14 Qual o material que predomina na construção das paredes externas de sua residência? V14

1 Alvenaria com reboco 4 Madeira 9 NS/NR 2 Alvenaria sem reboco 5 Misto ____________________ (especificar) 3 Taipa 6 Improvisado

___

15 Quantos cômodos têm no seu domicílio? (uso exclusivo da família) V15 __________ 99 NS/NR ______

16 Quantos cômodos servem permanentemente de dormitório para os moradores do seu domicílio? V16 __________ 9 NS/NR ___

17 O seu domicílio é: V17 1 Próprio 3 Cedido 9 NS/NR 2 Alugado 4 Invadido

___

18 O seu domicílio possui água da rede pública de abastecimento? V18 1 Sim 9 NS/NR 2 Não

___

19 O seu domicílio possui energia elétrica da rede oficial? V19 1 Sim 9 NS/NR 2 Não

___

20 No seu domicílio existe banheiro? V20 1 Sim 2 Não 9 NS/NR ___

21 Quantos banheiros existem no seu domicílio? V21 __________ 9 NS/NR ___

22 Assinale os bens presentes no domicílio do entrevistado: V22 Usar: 00 para a inexistência do bem e 99 para NS/NR Quantidade 1 TV preto em branco 1 ______ 2 TV em cores 2 ______ 3 Geladeira simples 3 ______ 4 Geladeira duplex 4 ______ 5 Freezer 5 ______ 6 Videocassete 6 ______ 7 Aparelho de DVD 7 ______ 8 Máquina de lavar 8 ______ 9 Microondas 9 ______ 10 Aparelho de som 10______ 11 Automóvel 11______ 12 Motocicleta 12______ 13 Bicicleta 13______ 14 Computador 14______ 15 Impressora 15______

60

16 Gravador de CD/DVD 16______ 17 Telefone fixo 17______ 18 Telefone celular 18______ 23 Incluindo você, quantas pessoas moram em sua casa/rua? V23

__________________

99 NS/NR ______

24 Quem são essas pessoas?

V24

01 O próprio entrevistado 07 Tio / Tia 13 Amigo / amiga 02 Pai 08 Avô 14 Primo / prima 03 Mãe 09 Avó 15 Neto / Neta 04 Marido / Companheiro 10 Madrinha / Padrinho 16 05 Mulher / Companheira 11 Madrasta / Padrasto

Outro ___________________

06 Filho / Filha 12 Irmão / Irmã 99 NS/NR

25 Quem é o responsável pela sua família?

V25

01 O próprio entrevistado 07 Tio / Tia 13 Amigo / amiga 02 Pai 08 Avô 14 Primo / prima 03 Mãe 09 Avó 15 Neto / Neta 04 Marido / Companheiro 10 Madrinha / Padrinho 16 05 Mulher / Companheira 11 Madrasta / Padrasto

Outro ___________________

06 Filho / Filha 12 Irmão / Irmã 99 NS/NR

26 Qual a idade do responsável pela família? V26 ___________________ 99 NS/NR ______

27 Atualmente essa pessoa está trabalhando? V27 1 Sim 2 Não pular p/ 29 9 NS/NR ___

28 Se sim, o que ela faz/ em que ela trabalha? V28 ___________________________________________________

99 NS/NR ______ 29 Alguma pessoa com quem você mora recebe Bolsa Família? V29

1 Sim 2 Não 9 NS/NR ___ 30 Alguma pessoa com quem você mora recebe Bolsa Escola da prefeitura? V30

1 Sim 2 Não 9 NS/NR ___ PROGRAMA ESCOLA ABERTA

31 Como soube da existência do Escola Aberta? V31 01 Através de colegas / amigos 08 Na Academia da Cidade 02 Através do professor/diretor 09 Na Igreja 03 Através de familiares 10 Na associação de moradores/do bairro 05 Através de vizinhos 11 Outro __________________________ 06 Através de uma faixa de propaganda na escola/na

rua/no bairro

99 NS/NR

07 Através de agentes de saúde

______

32 Por que você procurou o Escola Aberta? (Até duas alternativas) V32 01 Por curiosidade 07 Para praticar esportes 02 Para ocupar o tempo 08 Para “aliviar a cabeça”/desestressar 03 Para aprender algum ofício/alguma atividade 09 Por causa da merenda 04 Para se divertir 10 Outro____________________________ 05 Para sair de casa 99 NS/NR 06 Conhecer pessoas/fazer novas amizades

______

______

33 Antes de freqüentar o Escola Aberta, o que você fazia (no seu tempo livre) para se divertir nos finais V33

61

de semana? (Até três atividades) 01 Andar de bicicleta 12 Descansar 23 Praia 02 Assistir futebol 13 Dominó / Jogar cartas 24 Teatro 03 Brincadeiras de rua 14 Grafitar 25 Tomar “uma”/ Beber 04 Caminhar 15 Ir para a Igreja 26 Tomar banho de rio/açude/ piscina 05 Capoeira 16 Jogar futebol 27 Usar o computador (jogos,internet) 06 Cinema 17 Jogos eletrônicos 28 Ver TV 07 Conversar na rua 18 Ler 29 Visitar amigos / parentes 08 Costurar 19 Nada 30 09 Cozinhar para amigos/festas 20 Namorar

Inventava algo __________________________

10 Cuidar dos netos 21 Passear no shopping 31 Outros _________________________

11 Dançar 22 Pescar

99 NS/NR

______

______

______

34 O que você faz hoje (atualmente) no Escola Aberta?(até três atividades) V34 A_________________________________________

B_________________________________________ C_________________________________________

99

NS/NR

A______

B______

C______ 35 Por que você escolheu essas atividades? (motivo principal) V35 A_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

B_______________________________________________________________

________________________________________________________________

C_______________________________________________________________

________________________________________________________________

99

NS/NR

A______

B______

C______ 36 De que atividades você já participou no Escola Aberta? (até três alternativas) V36 __________________________________________

___________________ _______________________

__________________________________________

98

99

Nenhuma (pular para 39) NS/NR

______

______

______ 37 Dessas atividades, qual a que você mais gostou? V37 __________________________________________

99

NS/NR

______

38 Por quê? (principal motivo) V38 ___________________________________________________________

___________________________________________________________

99

NS/NR

______ 39 Participar do Escola Aberta trouxe alguma mudança em sua vida? V39 1 Sim 2 Não pular p/ 41 9 NS/NR pular p/ 41 ___ 40

Se sim, quais?(anotar as três principais) V40

01 Aumentou o círculo de amizades,conheceu mais pessoas 07 Sente-se mais feliz 02 Melhorou o relacionamento/convivência social (com

familiares, amigos, vizinhos, professores, colegas) 08 Sente-se mais leve, “ligth”, menos

estressado 03 Aprendeu novas profissões/ofícios 09 Tem mais disposição

______

62

04 Aprendeu novas brincadeiras/ diversões 10 Sair da depressão 05 Ampliou os conhecimentos 11 Outra_ ________________________ 06 Sente-se menos só 99 NS/NR

______

______

41 Você passou a fazer parte de outra atividade (festa, associação, academia da cidade, grupo musical do bairro/da comunidade) depois que começou a freqüentar o Escola Aberta?

V41

1 Sim 2 Não 9 NS/NR ___ 42 Você passou a ter mais amizades no bairro/na comunidade depois que passou a freqüentar o

Escola Aberta? V42

1 Sim 2 Não 9 NS/NR pular p/44 ___ 43 Por quê? V43

___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

___________________________________________________________

99

NS/NR

______

44 Que tipo de atividade cultural você participa/participou no Escola Aberta?

V44

01 Afoxé 08 Dança clássica 15 Maculelê 22 Vídeo 02 Artesanato 09 Dança de salão 16 Maracatu 23 Música 03 Caboclinho 10 Dança moderna 17 Pastoril ___________________ 04 Canto coral 11 Dança popular 18 Percussão instrumento 05 Capoeira 12 Forró 19 Quadrilha junina 24 Outro 06 Cinema 13 Fotografia 20 Teatro de atores __________________ 07 Circo 14 Frevo 21 Teatro de bonecos 99 NS/NR

45 Você acha que participar das atividades culturais trouxe algo de bom/positivo para a sua vida?

V45

1 Sim 2 Não pular p/ 47 9 NS/NR ___ 46

Se sim, por quê? (assinalar até três alternativas) V46

01 Aprendi uma arte nova 09 Conheci mais sobre a história do meu país/da cidade/do Estado

02 Aprendi um ofício/uma profissão 10 Dei mais valor à história do país 03 Fiquei mais leve, mais descontraído (menos

tímido) 11 Aprendi a respeitar a cultura do outro/respeitar as

diferenças 04 Me senti mais importante na escola 12 Criou oportunidade de trabalho 05 Me senti mais importante na família 13 Me senti mais ativo/mais dinâmico 06 Me senti mais valorizado(melhorou a auto-

estima) 14 Descobri ser capaz de aprender novas atividades

07 Me senti mais integrado ao grupo 15 Outro_________________________________ 08 Ampliei meus conhecimentos 99 NS/NR

______

______

______

47 Excetuando as atividades do Escola Aberta, o que você faz hoje para se divertir? (até três alternativas)

V47

01 Andar de bicicleta 12 Descansar 23 Praia 02 Assistir futebol 13 Dominó / Jogar cartas 24 Teatro 03 Brincadeiras de rua 14 Grafitar 25 Tomar “uma”/ Beber 04 Caminhar 15 Ir para a Igreja 26 Tomar banho de rio/açude/ piscina 05 Capoeira 16 Jogar futebol 27 Usar o computador (jogos,internet) 06 Cinema 17 Jogos eletrônicos 28 Ver TV 07 Conversar na rua 18 Ler 29 Visitar amigos / parentes 08 Costurar 19 Nada 30 Invento algo

______

______

______

63

09 Cozinhar para amigos/festas 20 Namorar __________________________ 10 Cuidar dos netos 21 Passear no shopping 31 Outros

__________________________ 11 Dançar 22 Pescar 99 NS/NR

48 Por que escolheu essas atividades? (até três alternativas) V48 01 Gosta 06 Influência de amigos 02 Não tem dinheiro para outras coisas 07 Influência da mídia (TV, jornal, rádio...) 03 É perto de casa 08 04 É de graça

Outro __________________________

05 Influência de familiares 99 NS/NR

______

______

______

49 Você costuma ir para o Escola Aberta com alguém que também participa do programa? V49 1 Sim 2 Não pular p/ 51 9 NS/NR pular p/ 51 ___

50 Se sim, com quem? (assinalar o mais freqüente) V50 01 Familiares 04 Outro________________________ 02 Amigos 03 Vizinhos

99 NS/NR

______

51 Com que freqüência você participa do espaço Escola Aberta? V51 01 Somente no sábado 06 Quando tem vontade 02 Somente no domingo 07 Quando tem atividade especial/diferente/festa 03 Todo final de semana 08 04 Um final de semana outro não

Outro ____________________________

05 Uma vez por mês

99 NS/NR

______

52 O que significa/representa o Programa Escola Aberta para você? (Até duas alternativas) V52 01 Lugar de encontrar pessoas/ fazer novas amizades 02 Lugar de aprendizagem 07 03 Lugar de lazer/divertimento

Outro_____________________

04 Lugar para ocupar o tempo 99 05 Lugar para praticar esportes

NS/NR

06 Refúgio(para sair de casa)

______

______

53 Você também freqüenta outras escolas do Programa nos finais de semana ? V53 1 Sim 2 Não 9 NS/NR pular p/ 55 ___

54 Por quê? V54 ___________________________________________________________

___________________________________________________________

99

NS/NR

______ 55 Você acha certo ou errado as escolas ficarem abertas nos finais de semana? V55

1 Certo 2 Errado pular p/ 57 9 NS/NR pular p/ 58 ___ 56 Por que acha certo? (até duas alternativas) V56 01 No bairro tem pouco/ou não tem espaço para se divertir/brincar 05 Integra escola/ comunidade 02 Dá oportunidade para as pessoas realizarem atividades que não

podem ser feitas durante a semana 06 Outro

______________________ 03 O lugar fica mais animado 99 NS/NR 04 Reduz a violência

______

______

57 Por que acha errado? (até duas alternativas) V57 01 É dinheiro do governo jogado fora 05 Aumenta a violência 02 Os professores não descansam 06 03 Tira a tranqüilidade do bairro/da rua

Outro ____________________

______

______

64

04 As pessoas sujam/ danificam a escola 99 NS/NR 58 Em uma escala, como você classificaria o Escola Aberta? V58

1 Ótimo 2 Bom 3 Regular (Mais ou Menos) 4 Ruim 5 Péssimo 9 NS/NR

___

59 Na sua opinião, quais são os maiores problemas do Escola Aberta? (até três alternativas) V59 01 Falta dos professores (instrutores/oficineiros) 06 As oficinas não têm continuidade 02 Escola sem equipamentos/ inadequados / insuficientes 07 Escola desorganizada 03 Escola sem espaço físico / inadequado / insuficiente 08 Falta de material p/ as oficinas 04 Muita gente nas salas/nas oficinas(dificultando a

aprendizagem) 09 Outro

________________________ 05 As atividades não são atraentes/interessantes 99 NS/NR

______

______

______

60 Na sua opinião, o que está faltando para melhorar o Escola Aberta? (até três alternativas) V60 01 Ter esporte 09 Ter mais equipamentos 02 Ter mais esportes 10 Ter mais espaço físico 03 Ter dança 11 Ter mais organização/planejamento 04 Ter mais dança 12 Ter maior divulgação 05 Ter curso profissionalizante 13 Ter mais material para as oficinas 06 Ter mais curso profissionalizante 14 07 Ter mais sala de aula/ mais oficinas

Outro ___________________________

08 Ter mais brincadeiras / divertimento 99 NS/NR

______

______

______

Telefone:

________________

Obs.: _________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________