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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA PARA EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES DE ETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ALTO RIO GUAMÁ PROGRAMA PARÁ RURAL PROGRAMA DE REDUÇÃO DA POBREZA E GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS DO ESTADO DO PARÁ BANCO MUNDIAL BANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO – BIRD ETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ALTO RIO GUAMÁ Modalidade: SQC (Qualificação do Consultor) 1

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁSECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE

DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDASCOORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS

TERMO DE REFERÊNCIA PARA CONTRATAÇÃO DE CONSULTORIA PARA EXECUÇÃO DAS ATIVIDADES DE

ETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ALTO RIO GUAMÁ

PROGRAMA PARÁ RURALPROGRAMA DE REDUÇÃO DA POBREZA E GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS DO ESTADO

DO PARÁ

BANCO MUNDIALBANCO INTERNACIONAL PARA A RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO – BIRD

ETNOZONEAMENTO DA TERRA INDÍGENA ALTO RIO GUAMÁ

Modalidade: SQC (Qualificação do Consultor)

Agosto/2012

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TERMO DE REFERÊNCIA

CONTEÚDO

4. INTRODUÇÃO______________________________________________________ __________15. CONTEXTO__________________________________________________________________ 56. OBJETIVO __________________________________________________________________ 97. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS PELA CONSULTORIA _________ 108. PRODUTOS ESPERADOS______________________________________________________ 129. EQUIPE TÉCNICA MINIMA A SER CONTRATADA __________________________________ 1210. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO________________________________________________ 1211. PRAZOS E FORMAS DE PAGAMENTO___________________________________________1412. PRAZO DE EXECUÇÃO E ORIENTAÇÃO PARA CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS_____________________________________________________________________1413. SELEÇÃO___________________________________________________________________1614. ELEMENTOS DISPONÍVEIS_____________________________________________________1615. RESPONSÁVEL PELO ACOMPANHAMENTO DOS SERVIÇOS________________________16REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS__________________________________________________16

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TERMO DE REFERÊNCIA

1. CÓDIGO DO TR : /2012

2. TÍTULO DO TERMO DE REFERÊNCIA: Contratação de consultoria para execução das atividades de etnozoneamento da

Terra Indígena Alto Rio Guamá (municípios de Capitão Poço; Santa Luzia do Pará,

Vizeu, Paragominas. Garrafão do norte, Cachoeira do Piriá).

3. CONTRATANTE:

SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE

4. INTRODUÇÃO

O Governo do Estado do Pará firmou, em 07 de novembro de 2007, um Acordo de

Empréstimo com o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD (Banco

Mundial) para apoiar a execução do Programa de Redução da Pobreza e Gestão dos

Recursos Naturais do Estado do Pará –“Pará Rural”.

O programa é coordenado pelo Núcleo de Gerenciamento do Pará Rural – NGPR, em

parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA e o Instituto de Terras do

Pará – ITERPA e está previsto para ser executado em seis anos. Seu custo está estimado

em US$ 100 milhões, dos quais US$ 60 milhões serão financiados pelo Banco Mundial

(BIRD) e os US$ 40 milhões restantes representam à contrapartida do Governo do Estado

do Pará. O projeto possui quatro componentes: A - Investimento Produtivo; B -

Ordenamento Territorial; C - Desenvolvimento de Políticas; D - Administração e

Gerenciamento do Programa.

A realização das atividades de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá faz

parte do Componente B- Ordenamento Territorial; Subcomponente B1, voltado à área de

Gestão Ambiental que financiará implementação de Zoneamento Ecológico Econômico.

O Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá se insere nas ações do

projeto piloto Conservação da Biodiversidade em Terras Indígenas do Pará (Projeto Conbio-

indígena), executado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, por meio de sua

Diretoria de Áreas Protegidas/Coordenadoria de Ecossistemas/Gerência de Povos

Indígenas e Comunidades Tradicionais. O objetivo principal deste projeto é o

estabelecimento de diretrizes, ações políticas, técnicas, metodológicas, científicas para

viabilizar a conservação da biodiversidade e uso sustentável dos recursos naturais das

Terras Indígenas do Estado, propiciando tanto a melhoria da gestão ambiental e territorial

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das Terras Indígenas, quanto à melhoria da qualidade de vida das comunidades indígenas.

O Projeto Conbio-indígena tem como base a replicação de ferramentas de gestão ambiental

e territorial que já foram aplicadas com sucesso em outros Estados da Amazônia.

Atualmente o projeto tem desenvolvido ações junto a três territórios indígenas específicos. A

Terra Indígena Alto Rio Guamá localizada no nordeste paraense; Terras Indígenas Kayapó1

localizadas no sul do Estado e Terras Indígenas Trombetas e Nhamundá Mapuera2

localizadas na região da Calha Norte do Rio Amazonas.

O Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá, localizada na região no

nordeste paraense, entre os municípios de Paragominas, Viseu, Cachoeira do Piriá, Santa

Luzia do Pará do Pará, Garrafão do Norte, Cachoeira do Piriá, se insere na ação de

ordenamento territorial, uma vez que no Pará as Terras Indígenas possuem alta relevância

estratégica para o ordenamento territorial e para a própria conservação e uso sustentável da

biodiversidade, pois ocupam quase 25% do território paraense e são consideradas como

componentes fundamentais para a conservação e uso sustentável da biodiversidade e dos

recursos naturais do Estado, tanto pela variedade ou singularidade dos ecossistemas e

riqueza de espécies que abrigam ou pela configuração territorial estratégica que ocupam em

relação a diversas categorias de Unidades de Conservação (UC) - formando cinturões

territoriais de efetiva proteção contra o desmatamento e grilagem de terras (Ferreira, 2005) -

quanto pela situação de relativa preservação de seus recursos naturais.

As Terras Indígenas também estão cotadas como lugares mais importantes (áreas

críticas) para a conservação de populações de espécies ameaçadas de extinção

(ALBERNAZ & AVILA-PIRES, 2009). As informações relacionadas à localização das áreas

críticas para biodiversidade, segundo os cientistas, devem ser consideradas como

relevantes em um processo de planejamento do uso do território paraense.

A SEMA, através do Projeto Conbio-indígena, também vem realizando ações de

Etnozoneamento das Terras Indígenas do Estado como forma de complementar o Macro

Zoneamento Ecológico-Econômico Estadual (ZEE). O ZEE do Pará foi instituído por meio da

Lei nº 6.745, de 06 de maio de 2005, em que em seu artigo 4º estabelece que a área

territorial do Estado do Pará fica distribuída em quatro grandes zonas, definidas a partir de

dados atuais relativos ao grau de degradação ou preservação da qualidade ambiental e à

intensidade do uso e exploração de recursos naturais, sendo 65%, no mínimo, destinados a

áreas especialmente protegidas, distribuídos em 28%, no mínimo, para Terras Indígenas e

Terras de Quilombos; 27%, no mínimo, para as Unidades de Conservação de Uso

Sustentável e 10%, no mínimo, para as Unidades de Conservação de Proteção Integral. 1 A SEMA (Projeto Conbio-indígena) através de convênio financeiro com a Conservação Internacional do Brasil está realizando o etnomapeamento de todas as Terras Indígenas Kayapó com vista a realização futura de seus respectivos zoneamentos participativos.2 O Etnozoneamento das Terras Indígenas Trombetas e Nhamundá Mapuera foi viabilizado pela SEMA (Projeto Conbio-indígena) através de convênio financeiro com Associação de Defesa Etnoambiental finalizado em maio de 2012 e foi o primeiro zoneamento participativo realizado em Terras Indígenas do Pará.

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Destinando 35%, no máximo, para consolidação e expansão de atividades produtivas, e

áreas para recuperação (LOBATO, 2010). A forma como foi estabelecido no Macro ZEE

Estadual, todas as Terra Indígenas do Pará, estão definidas apenas como zona de

conservação, com uma idéia definida de aliar o potencial produtivo à proteção dos

ecossistemas e sua biodiversidade. Desta forma no ZEE as Terras Indígenas estão

definidas como áreas protegidas equiparadas as Unidades de Conservação, não tendo sido

realizado a atribuição e especificações territoriais mais precisas que orientem um

ordenamento territorial mais eficaz das Terras Indígenas do Estado que hoje perfazem 25%

do território paraense. A realização dos Etnozoneamentos em Terras Indígenas do Pará

permite viabilizar a complementação do ZEE Estadual relacionada aos territórios indígenas.

Através da realização dos Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá a SEMA

espera ter os subsídios necessários para auxiliar ordenamento territorial, a conservação dos

ecossistemas e da biodiversidade da Terra Indígena Alto Rio Guamá aliada à necessidade

produtivas do povo Tembé que é o grande aliado nesta causa.

O Etnozoneamento3 é uma ferramenta de diagnóstico e planejamento para a Gestão de

Terras Indígenas reconhecida pela Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de

Terras Indígenas (Decreto nº 7.747, de 5 de junho de 2012), que deve ser elaborado de

forma participativa, promovendo a autonomia e respeitando a diversidade cultural indígena.

Tem os objetivos de contribuir para a garantia da preservação, conservação, uso e manejo

dos recursos naturais das Terras Indígenas; apoiar a elaboração e a realização dos Planos

de Gestão de Terras Indígenas; apoiar o processo de fortalecimento das organizações

indígenas para a gestão de suas terras; apoiar a elaboração de Planos, Programas e

Projetos de Etnodesenvolvimento nas Terras Indígenas do Pará; apoiar a promoção da

proteção, controle e fiscalização das Terras Indígenas do Pará; apoiar a ações de gestão

integrada das áreas protegidas.

Deste modo, Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá procura continuar um

processo já iniciado pelo Governo do Estado para zonear participativamente os territórios

indígenas do Pará, a fim de apoiar os processos mais qualificados de ordenamento territorial

e de gestão ambiental e territorial destas Terras Indígenas que reconhecidamente são

importantes para proteção e conservação da biodiversidade do Estado.

A viabilização de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá é de extrema

importância para o ordenamento territorial aliado a conservação da biodiversidade do

Estado, assim como é uma ferramenta importante para viabilizar a gestão ambiental e

territorial desta Terra Indígena, podendo auxiliar ainda na resolução das graves

3O etnozoneamento e o etnomapeamento são definidos (Correia, 2007) como instrumentos técnicos e políticos de diagnóstico que oferecem subsídios aos povos indígenas e entidades governamentais e não governamentais com as quais se relacionam para planejar ações voltadas para a gestão territorial e ambiental em Terras Indígenas.

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problemáticas socioambientais que são observadas na área. As informações relacionadas à

localização das áreas críticas para biodiversidade, segundo os cientistas, devem ser

consideradas como relevantes em um processo de planejamento do uso do território

paraense.

5. CONTEXTO:

Segundo o Instituto Socioambiental (2010) nos últimos 20 anos, houve, sobretudo na

Amazônia, grande avanço nos processos de reconhecimento oficial das Terras Indígenas do

país. A demarcação de territórios extensos, o reconhecimento e a inclusão das terras indígenas

como componentes importantes de mosaicos de áreas protegidas e de grandes corredores de

sociobiodiversidade, conferiram novas dimensões políticas aos territórios e povos indígenas.

Novos papéis foram atribuídos aos indígenas e seus territórios, relacionados ao

reconhecimento de suas capacidades de melhorarem, conservarem e usarem de maneira

sustentável a diversidade biológica das áreas que subsistem milenarmente. Na atualidade os

povos indígenas são considerados os “guardiões das florestas” e prestadores de serviços

ambientais valiosos a humanidade e ao planeta terra. Essas conquistas deslocaram o eixo das

preocupações e reivindicações dos índios, historicamente focadas na luta pela terra,

ganhando importância na atualidade o desafio da gestão e da proteção desses vastos

territórios indígenas ricos e diversidade biológica, mas que, no entanto possuem, de forma

geral, insuficiência de estruturas institucionais de governança, de representação política

nacional e de instrumentos econômicos e tributários capazes de enfrentar demandas,

pressões e ameaça que se diversificam e adquirem com o passar do tempo maior escala

(CARNEIRO FILHO E SOUZA, 2009).

No Pará a situação dos territórios indígenas não é diferente. Os poucos territórios que

restaram nas áreas colonização mais antigas, por exemplo, sofrem históricos e sofridos

processos de invasão e estabelecimento de atividades produtivas criminosas, como

extração ilegal de madeira, implantação de garimpos e grandes projetos de mineração e

hidroelétricos, desmatamentos para implantação de pastagens, dentre outros. Estes

processos são desenvolvidos desconsiderando os direitos fundamentais e as leis que dão

aos indígenas o direito de consulta previa informada e uso fruto exclusivo dos recursos

naturais dos seus territórios.

A Terra Indígena Alto Rio Guamá está localizada no Centro de Endemismo de Espécies

Belém. O CEB é o menor em tamanho entre os oito centros de endemismo, com uma área

de 243.000 km2 localizada entre a margem direita do rio Tocantins e a margem esquerda do

rio Gurupi, entre as coordenadas geográficas 00⁰ 30’ 00” e 06⁰ 00’ 00” de latitude Sul e 44⁰ 00’ 00” e 50⁰ 00’ 00” de longitude WGr (ALMEIDA & VIEIRA, 2010).

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A região do CEB (Ver mapa 01 e 02) é a mais ameaçada de toda a Amazônia e é

apontada em estudos recentes como prioritária no estado do Pará para a implantação de

ações de conservação da biodiversidade (Projeto Biota Pará – Museu Paraense Emílio

Goeldi / Conservação Internacional). Cerca de 70% de suas florestas originais já foram

desmatadas (SILVA; RYLANDS, FONSECA, 2002), contribuindo para a formação de um

cenário atual onde se observa um conjunto de fragmentos de diferentes tamanhos isolados

entre si por grandes áreas antropizadas.

O pouco que resta da biodiversidade se concentra nas unidades de conservação que

estão no Estado do Maranhão, nas terras indígenas e áreas de reserva legal das numerosas

propriedades privadas da região, em meio a áreas de uso intensivo para a agricultura e a

pecuária.

As áreas protegidas existentes no CEB não são suficientes para garantir a conservação

das áreas florestadas e da biota a elas associada. Menos de 20% desta região está sob

algum tipo de proteção (SILVA; RYLANDS; FONSECA, 2002). Para completar o quadro, as

áreas protegidas do CEB são em grande parte: (1) reduzidas em tamanho; (2) unidades de

conservação de uso sustentável, onde a exploração dos recursos naturais é permitida; ou

(3) localizadas na faixa litorânea. Além disso, as poucas áreas protegidas localizadas em

áreas de floresta já sofreram intervenção antrópica em diversos graus e desmatamento de

suas florestas originais.

Devido ao nível de devastação do CEB, grande parte das espécies ameaçadas da lista

do Pará tem sua área de ocorrência compreendida, em parte ou exclusivamente, neste

centro de endemismo. É o caso, por exemplo, de duas espécies de macacos classificadas

como criticamente ameaçadas: o macaco-caiarara (Cebus kaapori) e o cuxiú-preto

(Chiropotes satanas). Este último ocorre apenas na região do CEB. Dentre as aves, dos 31

Mapa 02: Centro de Endemismo Belém, mostrando o desmatamento na área e destacando o mosaico de áreas protegidas formado pelas Terras Indígenas Alto Rio Guamá (PA), Alto Turiaçu, Awá e Caru (MA); e pela Reserva Biológica do Gurupi (MA). Fonte: Modificado de CI-BRASIL (2008).

Mapa 1- Localização do Centro de Endemismo Belém (CEB), contendo áreas no leste do estado do Pará e oeste do Maranhão.

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táxons incluídos na lista do Pará, 19 tem ocorrência confirmada na área do CEB. Destas, 14

só ocorrem nesta região, como o mutum-de-penacho (Crax fasciolata pinima) e o jacamim-

de-costas-verdes (Psophia viridis obscura), ambas classificadas na categoria Em perigo.

Considerando-se a Lista Nacional de Espécies Ameaçadas (IBAMA, 2003), dos 11 táxons

de aves amazônicas nela incluídas, 10 ocorrem na área entre os rios Gurupi e Tocantins, no

CEB. Certamente a perda de hábitat ocasionada pela devastação florestal constitui o

principal fator responsável por este número de espécies ameaçadas no leste do Pará.

O único contínuo florestal do CEB localizado no estado do Pará está justamente

localizado dentro da Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, que, ainda assim, possui toda a

sua porção setentrional com grande incidência de áreas desmatadas e com possibilidade de

estarem degradadas. A TI Alto Rio Guamá forma um mosaico com outras áreas protegidas

localizadas no Maranhão: a Reserva Biológica do Gurupi; e as TI Alto-Turiaçu, Awa e Caru.

Mapa 02: Áreas de Floresta, Vegetação e Uso do Solo da Terra Indígena Alto Rio Guamá (Mitschein,

Rocha e Dias, 2012)

O Macro Zoneamento Ecológico Econômico defini grande parte da região do Centro de

Endemismo Belém, onde está localizada a Terra Indígena Alto Rio Guamá, como zona de

consolidação das atividades Produtivas. Uma pequena parcela do centro de endemismo Belém,

notadamente uma área localizada no entorno da Terra Indígena Alto Rio Guamá é definida

como zona de recuperação e finalmente há a definição para este centro de endemismo de zona 8

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de unidades de conservação da natureza do grupo sustentável legalmente instituída (ver mapa

03), estas localizadas principalmente nas áreas costeiras.

Mapa 03: Mapa do MacroZoneamento Ecológico-Econômico. Fonte: SECTAM (2005).

A TI (1) Alto Rio Guamá (RIARG) possui um território de 279.000 hectares (PETI,

1990: 66) destinados aos índios Tembé, Timbira, Kaapor e Guajá. Foi oficializada mediante

o Decreto 307-21/3/45, assinado pelo Interventor Federal do Pará, Joaquim de Magalhães

Cardoso Barata. A reserva está localizada ao nordeste do Estado do Pará, entre a margem

direita do rio Guamá e a margem esquerda do rio Gurupi, no limite do Estado do Pará com o

de Maranhão. Sua homologação somente ocorreu em 04 de outubro de 1993. Por estar

localizada em uma área de colonização antiga esta reserva já perdeu a maior parte de suas

florestas primárias, tendo este território indígena, sofrido forte e também sucessivos

impactos socioambientais, a partir dos processos de abertura da fronteira amazônica que

foram permeados, pela de construção de rodovias (principalmente a construção da rodovia

Belém – Brasília- BR 316), estradas, vicinais e ocupação da região por frentes de expansão

agropecuária que trouxe a região novos atores como grandes empresas agropecuárias e

madeireiras e um campesinato de fronteira que concorrerem e ameaçam, ao longo dos

anos, a territorialidade indígena local.

Desta forma, a Terra Indígena Alto Rio Guamá se caracteriza por possuir um histórico

variado, sucessivo e ininterrupto cenário de conflitos fundiários e socioambientais que se

intensificaram justamente na década de 70, quando houve a invasão da reserva. Houve a

abertura de uma estrada dentro da TI que ligava a BR-316 ao povoado Garrafão, e da estrada

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que liga a fazenda de Meyer Karaczinick à Vila de Pau do Remo, atual Município de Nova

Esperança do Piriá (IDESP, 1989).

A construção dessas estradas dentro dessa TI, realizada pelo proprietário da gigantesca

Fazenda Meyer, foi embargada em 1988 pela 2ª delegacia da FUNAI. Entretanto, uma ordem de

Brasília permitiu sua conclusão no mesmo ano, desde que o proprietário se responsabilizasse

por fiscalizar a entrada de pessoas estranhas à área.

A fiscalização não ocorreu, e desde então, as invasões continuaram a acontecer em

proporções maiores, facilitadas pelos acessos criados. A área citada sofreu acesso durante

anos pelos limites norte, leste e oeste, estando resguardada apenas no limite Sul, onde passa o

Rio Gurupi. Ao norte, encontrava-se invadida por posseiros que formaram povoados, e a leste

por fazendas, destacando-se a do Sr. Meyer Kabaznick, que avançou seus domínios para o

território indígena em cerca de 4.000 hectares.

A disputa judicial de mais de 20 anos - nove deles apenas no âmbito da Justiça Federal,

entre os índios da tribo Tembé, e as mais de mil famílias de invasores e o empresário Samuel

Meyer Kabaznick -, felizmente chegou ao fim neste ano de 2010. Um juiz federal da 9ª Vara,

especializada no julgamento de ações de natureza ambiental, proferiu sentença condenando a

empresa Indústria de Sabões e Óleos Santa Izabel do Pará Ltda., de propriedade dos Meyers, a

indenizar por danos morais e materiais a comunidade indígena Tembé. A decisão judicial

também atribuiu aos réus à obrigação de recomporem a área da estrada que corta boa parte da

TI Alto Rio Guamá (Diário do Pará 02/09/2010).

A indenização, a título de danos morais coletivos praticados em detrimento dos índios e da

coletividade em geral, foi fixada na sentença no valor de R$ 70 mil. Mas o valor total da

indenização a título de danos materiais pode chegar a milhões de reais, uma vez que deverá

corresponder, durante mais de uma década, o total de 2 mil toras de madeiras extraídas

ilegalmente da TI, além de mais de 20 (vinte) quilômetros de desmatamento que foram

realizados para construir estradas. Segundo a sentença, o valor será apurado de acordo com

cada espécie de madeira e sobre ele deverão incidir juros de 0,5% ao mês, além de correção

monetária (Diário do Pará 02/09/2010).

Na ocasião, a Justiça Federal chegou também a conceder liminar que suspendeu todas as

atividades madeireiras e as demais de natureza econômica desenvolvidas na área indígena. A

mesma decisão mandou apreender todos os equipamentos dos réus empregados na exploração

ilícita, lacrar serrarias e proibir o acesso à reserva.

Na atualidade, apesar das determinações judiciais, o Centro da TIARG, entre o Igarapé

Cumarú e o Rio Coraci-Paraná, está sendo ocupado por intrusos não indígenas. Destes

fazem parte 1000 (mil) famílias de trabalhadores sem terra que estão à espera da indicação

de um assentamento novo por parte do INCRA (MITSCHEIN, ROCHA E DIAS, 2012).

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O problema das invasões por não indígenas da TI Alto Rio Guamá promove uma avalanche

de outros problemas relacionais que trazem ameaças e pressionam os recursos naturais,

incluindo a cobertura florestal, que constitucionalmente devem ser de uso exclusivo dos índios

Tembé.

Constantemente, a área da reserva é utilizada por bandidos e traficantes de drogas para o

plantio de maconha e desmanche de carros roubados (O Liberal, 17/09/2010). No dia

13/12/2010 uma reportagem do Jornal “O Liberal” intitulada “Tensão Ronda a Aldeia Tembé”

publicou a situação de revolta dos índios pelo descaso dos órgãos de fiscalização em resolver a

questão das invasões provocadas pelos traficantes e bandidos ao território demarcado. Os

índios acabam por comunicar que estarão realizando, com ajuda da FUNAI, a fiscalização das

fronteiras invadidas da Terra Indígena.

De outro lado, as pressões sobre os recursos naturais, principalmente o madeireiro, da TI

Alto Rio Guamá, continuam com toda força, apesar da recente decisão da Vara de Justiça

Ambiental em favor dos índios Tembé. Estudos do IMAZON, divulgados em agosto de 2010,

identificaram que, entre agosto de 2008 e julho de 2009, a exploração ilegal de madeira no Pará

atingiu 5.286 hectares de floresta em TIs (Terras Indígenas). A grande maioria (90%) dessa

exploração em TIs ocorreu na TI do Alto Rio Guamá.

Entre março de 1998 e março de 2008, o Pará foi responsável por 28% das multas emitidas

pelo IBAMA em Áreas Protegidas na Amazônia Legal. Das 46 ocorrências de crimes ambientais

analisados pela equipe do IMAZON, 41% ocorreram em onze TIs. A Terra Indígena que

apresentou maior incidência de crimes ambientais foi a Alto Rio Guamá, com 11% das

incidências totalizando 15 processos de crimes ambientais (BARRETO; ARAÚJO; BRITO,

2009).

A SEMA por meio de sua Diretoria de Áreas Protegidas considera que os povos

indígenas podem ser grandes aliados nos processos vigilância e proteção territorial das

florestas, de geração de conhecimento sobre o funcionamento dos ecossistemas e da

biodiversidade do Estado. Certamente, devido a sua comprovada eficácia em ações que

contribuem para a conservação da biodiversidade, os indígenas, estão habilitados a auxiliar no

zoneamento, ordenamento e proteção, gestão de seus territórios.

O etnozoneamento da Terra Indígena (TI) Alto Rio Guamá, deverá ser um instrumento de

planejamento dos povos indígenas para auxiliar a gestão dos seus territórios. Deverá ser

realizado de forma participativa com os índios Tembé, Guajá, Kaapor e Timbira. Seu propósito

deverá contribuir com o processo de autonomia destes povos indígenas, respeitando a

diversidade cultural. O etnozoneamento deve procurar ater-se às especificidades de cada povo

indígena, produzindo e sistematizando informações documentais, bibliográficas e empíricas

consideradas relevantes por eles no processo de gestão dos seus territórios. Os dados

produzidos são de natureza cultural, social, política, econômica e ecológica. Com as

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informações resultantes deste etnozoneamento pretende-se subsidiar esses povos e o governos

na tomadas de decisões. Deverá contribuir para viabilizar as soluções das graves problemáticas

socioambientais e fundiárias que historicamente devastam a floresta e pressionam e ameaçam a

biodiversidade da Terra Indígena Alto Rio Guamá, possibilitando assim um cenário futuro de

ordenamento territorial e ambiental.

6. OBJETIVO

O presente Termo de Referência tem por objetivo orientar os requisitos para contratação de

consultoria para execução do Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá.

7. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS PELA CONSULTORIA

A execução das atividades de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá

terão duração total de 06 (seis) meses, sendo necessária a execução de 03 etapas de

trabalho para viabilizar a entrega dos produtos finais requeridos neste termo de referência.

Na ETAPA 01 serão necessários 02 (dois) meses para planejamento de ações, contratação

de equipe técnica, organização das atividades e realização de consulta prévia aos

indígenas. Na ETAPA 02 serão necessários 02 (dois) meses para realização da I Oficina

para o Etnozoneamento e das atividades de campo para viabilizar a elaboração do

Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena, e finalmente na ETAPA 03 serão

necessários 02 (dois) meses para elaboração dos relatórios do diagnóstico e etapa de

realização da Oficina de validação dos resultados do diagnóstico e elaboração participativa

do zoneamento e entrega final dos produtos. A consultoria será responsável também pela

preparação do relatório final, com a prestação de serviço de planejamento,

desenvolvimento, organização, contratação, supervisão e coordenação dos serviços que

serão prestados por pessoas físicas e pelas empresas fornecedoras dos itens de aquisição

de equipamentos e prestação de serviços especificados neste Termo de Referência.

7.1. ETAPA 01- PLANEJAMENTO

7.1.1- Atividades

A.Elaboração do Plano de Trabalho com metodologia adequada para execução do Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá, sem desconsiderar as determinações do presente TDR. A metodologia deve prevê a participação de pesquisadores não indígenas e pesquisadores indígenas que serão auxiliares na elaboração do Diagnóstico Etnoambiental participativo. A proposta de trabalho deverá

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ser submetida e aprovada pela equipe técnica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente responsável pelo acompanhamento do projeto.

B.Articulação com organizações e lideranças indígenas da Terra Indígena Alto Rio Guamá com fim de possibilitar a atividade de consentimento prévio informado das ações do projeto.

C. Articulação com a FUNAI regional e FUNAI Brasília para viabilizar autorização da entrada da equipe técnica na Terra Indígena.

D. Contato e articulação com prefeituras dos municípios de Capitão Poço; Santa Luzia do Pará, Viseu, Paragominas, Garrafão do Norte, Cachoeira do Piriá para que as mesmas possam ficar cientes, e por ventura apoiar e participar das atividades do Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá.

E.Realização de Oficina para o consentimento prévio informado aos indígenas na Terra Indígena Alto Rio Guamá.

F. Encaminhamento à SEMA (Gerência de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais) do documento de consentimento prévio informado assinado pelos indígenas.

G. Contratação da equipe técnica (pesquisadores não indígenas e indígenas) do projeto (Ver tabela de equipe técnica item 9 deste TR). Os pesquisadores indígenas deverão ser indicados pela comunidade indígena que será informada previamente sobre as necessidades técnicas do diagnóstico4.

H. Apresentação à equipe técnica da SEMA das metodologias de coleta de dados para elaboração do Diagnóstico Etnoambiental Participativo que serão usadas por cada pesquisador não indígena na fase de trabalho de campo. As metodologias deverão ser aprovadas pela equipe técnica da SEMA responsável pelo acompanhamento do projeto.

7.2 ETAPA 02- EXECUÇÃO DO DIAGNÓSTICO

7.2.1- Atividades

I. Abertura de trilha para observação da fauna e flora local.

J. Realização de I Oficina para o Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá com participação de todas as lideranças indígenas da TI, FUNAI e representantes institucionais e organizacionais convidados.

4 Será necessário informar às comunidades indígenas para que possam indicar pesquisadores indígenas que tenham conhecimento amplo do território e sobre seus recursos naturais. Informando que cada área temática do diagnóstico deverá dispor de indígenas que tem domínios de conhecimentos relacionados à flora, fauna, sócio-economia etc. A preferência, por exemplo, para o diagnóstico da fauna é que o pesquisador indígena seja bom conhecedor da fauna local. Geralmente, essa escolha é feita pelos caçadores e pescadores das aldeias.

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K.Preparação e planejamento logístico para as atividades de campo para realização do Diagnóstico Etnoambiental participativo.

L. Aquisição de materiais de consumo, alimentação, transporte de pessoas e equipamentos para execução da atividade de campo, viabilizando a execução do Diagnóstico etnoambiental participativo e do Etnozoneamento.

M. Produção e organização de informações secundárias sobre a Terra Indígena Alto Rio Guamá

N. Realização da etapa de trabalho de campo (mínimo 20 dias) para realização de Diagnóstico etnoambiental participativo, áreas socioeconômicas e etnohistória; meio físico, avifauna; mastofauna; vegetação; ictiofauna (ou conforme aprovação da plenária indígena que será realizada nas atividades de consentimento prévio e informado). O Diagnóstico deve apresentar dados de todas as aldeias da terra indígena

O. Pagamento de diárias aos indígenas que participarão como pesquisadores indígenas do projeto. Cada pesquisador não indígena deverá ser acompanhado por um pesquisador indígena e indígena responsável pelo deslocamento.

7.3. ETAPA 03- ELABORAÇÃO DOS PRODUTOS

7.3.1. Atividades

P. Elaboração dos relatórios impressos e em áudio-visual do Diagnóstico Etnoambiental Participativo.

Q. Planejamento e preparação da Oficina de Validação dos relatórios do Diagnóstico e de elaboração participativa do Etnozoneamento. Na oficina do Etnozoneamento deverão ser produzidos os mapas temáticos e informações gerais sobre a terra Indígena, assim como deverá ocorrer a correção participativa e complementação dos mapas e das informações gerais; R. Digitalização dos mapas temáticos na escala 1:50.000, preliminares e organização das informações gerais;

S. Digitalização dos mapas complementados e corrigidos; Elaboração e impressão dos mapas e documentos finais.

T. Sistematização dos dados e publicação de 500 cópias do livro informativo com os resultados do Diagnóstico Etnoambiental e Etnozoneamento da Terra Indígena Alto. O livro deverá conter o resumo executivo dos relatórios que compõem o Diagnóstico e deverá ter uma linguagem acessível à compreensão dos indígenas.

U. Oficina de entrega ás comunidades indígenas dos resultados do Etnozoneamento.

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8. PRODUTOS ESPERADOS:

PRODUTO Quat SUBPRODUTO Quat

01 Plano de Trabalho contendo a metodologia apropriada para a execução do Diagnóstico Etnoambiental participativo e Etnozoneamento da TI Alto Rio Guamá e cronograma de atividades.

01

02 Relatório escrito e em áudio-visual da oficina da Consulta previa informada constando em anexo o documento de consentimento prévio informado ao projeto de Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá assinado pelos indígenas participantes da oficina.

01

03 Relatório Geral com os resultados do Diagnóstico Etnoambiental Participativo da Terra Indígena Alto Rio Guamá.

01

04 Relatório Multidisciplinar com resultados da oficina de Validação dos Diagnósticos e do Zoneamento Participativo (escala 1:50.000).

01 Livro com sistematização dos resultados e resumo executivo do Diagnóstico Etnoambiental Participativo e do Etnozoneamento.

500

9. EQUIPE TÉCNICA MÍNIMA A SER CONTRATADA:

SERVIÇOS DE CONSULTORIA INDIVIDUAL QUE DEVERÃO SER CONTRATADAS PARA EXECUÇÃO DO ETNOZONEAMENTO QT

Especificação técnica do Profissional a ser contratado

CONSULTOR COORDENAÇÃO GERAL 01

Profissional com nível superior nas áreas de ciências sociais, florestais ou biológicas, com experiência em coordenação de equipe técnica de pesquisa multidisciplinar com a temática indígena para a realização de Etnozoneamento de Terras Indígenas. Mínimo de dois anos de experiência em coordenação de equipe.

CONSULTOR COORDENAÇÃO GERAL INDÍGENA 01

Liderança Indígena escolhida in locu pela comunidade indígena, no pleito da consulta prévia, na apresentação deste projeto para a comunidade indígena.

CONSULTOR COORDENADOR DE LOGÍSTICA NÃO INDÍGENA

01 Profissional graduado nas áreas de ciências sociais, florestais, biológicas ou áreas afins, com experiência na coordenação de logística

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de equipe técnica de pesquisa multidisciplinar. Mínimo de um ano de experiência.

CONSULTOR COORDENADOR DE LOGÍSTICA INDÍGENA 01

Liderança Indígena escolhida in locu pela comunidade indígena, no pleito da consulta prévia, na apresentação deste projeto para a comunidade indígena.

CONSULTOR SOCIOECONÔMIA E ETNOHISTÓRIA 01

Profissional com formação nas Ciências Sociais, História e Antropologia com experiência de realização de diagnóstico sócio-econômico e etnohistória em Terras Indígenas. Mínimo de um ano de experiência.

CONSULTOR ICTIOFAUNA 01

Profissional graduado em Biologia, com especialidade em levantamento da ictioufauna e experiência de diagnósticos de fauna junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.

CONSULTOR MEIO FÍSICO 01

Profissional com formação na Agronomia, com experiência na realização de diagnósticos de meio físico junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.

CONSULTOR MASTOFAUNA 01

Profissional graduado em Biologia, com especialidade em levantamento da mastofauna e experiência na realização de diagnósticos de fauna junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.

CONSULTOR VEGETAÇÃO 01

Profissional com formação na Engenharia Florestal, com experiência na realização de diagnósticos de flora, junto a comunidades tradicionais. Mínimo de um ano de experiência.

CONSULTOR CARTÓGRAFO 01

Profissional com nível superior em geografia, cartografia ou áreas afins, com experiência comprovada em trabalhos com indígenas e conhecimentos plenos em softwares aplicados à área de geoprocessamento, destacando Arcview, Arcgis, ArcMap e GVSIG. Mínimo de um ano de experiência.

10. CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO:

PRODUTO Mês1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6

01 X

02 X

03 X

04 X

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11. CUSTO E DESEMBOLSO

O custo total dos trabalhos deverá ser apresentado pela pessoa jurídica na proposta

financeira. O custo total deve incluir todos os valores de impostos e encargos, bem como

todas as despesas necessárias para a realização das atividades previstas. O pagamento

será feito em parcelas mediante a entrega dos produtos, conforme tabela abaixo. Será

efetuado mediante o recebimento de produtos e aprovação pelo responsável pelo

acompanhamento do serviço.

CRONOGRAMA DE DESENBOLSO

PRODUTO PRAZO PARA ENTREGA

Percentual do Total (%) a ser desembolsado

Condição de pagamento

Produto 1 Mês 01 Parcela 01= 25 Após expedição de

documento de

aprovação da equipe

técnica da SEMA.

Produto 2 Mês 02 Parcela 02= 25 Após expedição de

documento de

aprovação da equipe

técnica da SEMA

Produto 3 Mês 06 Parcela 02= 35 Após expedição de

documento de

aprovação da equipe

técnica da SEMA.

Produto 04 Mês 08 Parcela 03= 15 Após expedição do

documento de

aprovação da equipe

técnica da SEMA

12. QUALIFICAÇÃO

A consultoria a ser contratada deverá ser realizada por entidade pública ou privada

com comprovada experiência de pelos menos 03 anos de trabalho junto aos povos

indígenas do estado do Pará e experiência de realização de etnozoneamento e

mapeamentos participativos em Terras Indígenas da Amazônia. A entidade também

deverá ter experiência de três anos em trabalhos com organização indígenas na

Amazônia; Experiência em prestação de contas de projetos; Experiência de trabalho com 17

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planejamento participativo e moderação de eventos participativos. Deverá ter equipe de

profissionais qualificados e com experiência em etnozoneamento para orientação da

equipe técnica que será contratada. A entidade também deverá ter seu próprio arsenal de

equipamentos (computadores, GPS, HDs, etc) para realização dos serviços.

13. PRAZO DE EXECUÇÃO E ORIENTAÇÃO PARA CONCLUSÃO DOS SERVIÇOS

• O trabalho deverá ser concluído num prazo máximo de 06 meses corridos, contados

a partir da data da assinatura do contrato.

• A Consultoria contratada fica obrigada a fornecer dados, informações, sistemas

informatizados, e todos e quaisquer elementos que integrem, ou, sejam utilizados na

realização dos serviços deste Termo de Referência.

• A aprovação final dos produtos descritos neste Termo de Referência é de

responsabilidade e competência da contratante, que poderá solicitar informações

complementares que julgar necessárias para tomar sua decisão.

• Todos os produtos deverão ser entregues no prazo determinado contados da

assinatura do contrato, considerando aprovação de renovação se necessária; com o

material escrito em língua portuguesa e entregue com as seguintes instruções.

• Os relatórios deverão ser apresentados seguindo as especificações do documento

“Normalização dos relatórios técnicos e diagnósticos da Coordenadoria de

Ecossistemas” que será entregue pela equipe técnica da SEMA a consultoria

contratada.

Tabelas, quadros, croquis, siglas, mapas, fotografias deverão compor listas antes da

apresentação do sumário de cada produto contratado.

Todos os produtos contratados neste Termo de Referencia devem ser reunidos e

entregues impressos encadernados em papel formato A4 e em formato digitalizado,

em 2 DVDs.

Um DVD corresponderá aos produtos (relatórios) finalizados, em ARQUIVOS word e

pdf, e o outro DVD para a produção de imagens em campo, como fotografias e

vídeos, organizadas em Arquivo JPEG, em pastas definidas nas seguintes áreas

temáticas: 1 socioeconomia e Etnohistoria; 2 Ictiofauna; 3 Mastofauna; 4 Vegetação;

5 Cartografia e 6 Meio Físico;

Os relatórios relativos ao meio Biológico e Vegetação deverão ser baseados em

informações primárias e secundárias. Destaca-se o interesse de que seja definida a

importância das ocorrências ou ausências de espécies, populações ou comunidades,

de flora e fauna, seguido de análises que subsidiem claramente o planejamento de

estratégias e de ações de proteção ambiental para as espécies, principalmente as

espécies ameaçadas de extinção. Deverão também ser estabelecidas sempre as

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suas relações com os hábitats disponíveis na área de estudo, sua qualidade e

vulnerabilidade. Será necessário que o relatório final do Diagnóstico Etnoambiental

Participativo possa apontar caminhos técnicos para resoluções para as

problemáticas socioambientais existentes na Terra Indígena Alto Rio Guamá. Este

será considerado pela equipe técnica da SEMA um item de extrema importância para

o diagnóstico. Não serão aceitos relatórios somente com citações de longas listas de

espécies. Deve haver procedimento de análise da significância, quando possível,

tanto biológica quanto socioeconômica e cultural, uma vez que a importância aqui é

a de estabelecer-se a relação de significado junto às comunidades indígenas

presentes na área de estudo, ou seja, “esclarecendo ou traduzindo o significado” de

elementos, conteúdos e sua função ambiental, socioeconômico e cultural local,

referentes a Ictioufauna, mastofauna , Vegetação, etc. • Mapas de distribuição da

mastofauna, de acordo com seus grupos e habitats.

O diagnóstico do meio físico deverá ser baseado em informações primárias e

secundárias. O profissional responsável por esta área temática deverá abordar os

seguintes elementos nos levantamentos e análises: 1) Caracterização

geomorfológica, com análise e descrição das geoformas e das grandes unidades

geológicas presentes; 2) Mapas, croquis ou perfil esquemático dos aspectos

geomorfológicos; Indicação das principais sub-bacias hidrográficas, plotando tal

informação na base cartográfica; Tipificação e classificação das sub-bacias

hidrográficas. Existência e tipos de possíveis pressões exercidas sobre os corpos

d’água, indicando, na base cartográfica os principais locais onde isto se verifica;

assim como deve se incluir o estudo dos usos do

solo e dos modos de sobrevivência e das práticas de manejo dos recursos

naturais, bem como se incluir estudo das áreas intrusadas da TI Alto Rio Guamá.

14. SELEÇÃO

A seleção da empresa de consultoria será regida segundo as “Diretrizes do Banco Mundial sobre Seleção de Consultores”, versão de maio de 2004 revisada em outubro de 2006 e maio de 2010, Capítulo V. A seleção será feita após análise da qualificação técnica das candidatas e, caso necessário, poderão ser realizadas entrevistas com as mesmas.

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15. ELEMENTOS DISPONÍVEIS

A contratante disponibilizará a entidade contratada todas as informações que

dispuser sobre as regiões, incluindo as informações e dados do Diagnóstico sócio-econômico e

ambiental do ZEE e mapas produzidos pelo Zoneamento Ecológico e Econômico do Estado

objeto do contrato, facilitando o acesso do mesmo aos órgãos dos Estados e Municípios que

também dispõem de informações similares. Deverá também ser formalizada através de

publicação em portaria a existência da Comissão de Acompanhamento do projeto de

Etnozoneamento da Terra Indígena Alto Rio Guamá. A Comissão de Acompanhamento do

Projeto será responsável pela análise e aprovação dos planos de trabalho específicos e

avaliará, com uma periodicidade mensal ou outra estabelecida pela própria Comissão, às

ações objeto deste projeto sugerindo alterações e prorrogações das metas e prazos do

plano de trabalho. A Comissão encaminhará as atas das reuniões, bem como o relatório

conclusivo, à Diretoria de Áreas Protegidas da SEMA/PA. A Comissão de Acompanhamento

desse Projeto será constituída por 02 (dois) representantes da CONTRATANTE e 02 (dois)

representantes da CONTRATADA e 02 (representantes indígenas) com um suplente para

cada titular. A contratante também disponibilizará equipe técnica de pelo menos 03

profissionais para acompanhamento, participação e avaliação de todas as atividades da

ação.

16. RESPONSÁVEL PELO ACOMPANHAMENTO DOS SERVIÇOSCLAUDIA MARIA CARNEIRO KAHWAGE

Gerência de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais

Diretoria de Áreas Protegidas/Coordenadoria de Ecossistemas

Telefone: (91) 3184-3603 / 80211050

E-mail: [email protected]

Endereço: Travessa Lomas Valentinas, 2717, Marco. Belém – Pará.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, A.S.; VIEIRA, I.C.G. Centro de Endemismo Belém: status da vegetação remanescente e desafios para a conservação da biodiversidade e restauração ecológica. REU, Sorocaba, SP, v. 36, n. 3, p. 95-111. 2010.

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BARRETO, P.; ARAÚJO, E; BRITO, B. A Impunidade de Crimes Ambientais em Áreas Protegidas Federais na Amazônia- Belém, PA- Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, 2009. Disponível em: <http: //www. imazon. org.br/ novo2008/arquivosdb/ImpunidadeAreas Protegidas. pdf>. Acesso em: 10 dez. 2010.

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IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Lista das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Instrução Normativa n° 03, de 27 de maio de 2003. 2003.

FERREIRA, L. O Desmatamento na Amazônia e a importância de Áreas Protegidas. Estudo Estud. av.vol.19, no.53, São Paulo, 2005.

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DIÁRIO DO PARÁ. Índios Tembés serão indenizados. Disponível em: <http:// www. diariodopara. com .br / n-109535-indios + tembes +serao +indenizados . html>. Acesso em: 2 set. 2010.

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MITSCHEIN, Thomas, ROCHA, G & DIAS, Claudionor. Territórios Indígenas e Serviços Ambientais na Amazônia: O Futuro Ameaçado do Povo Tembé do Alto Rio Guamá (PA)- Belém: NUMA/UFPA, POEMA, 2012.

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SILVA, J.M.C.; RYLANDS, A.B.; FONSECA, G.A.B. O destino das áreas de endemismo na Amazônia. Megadiversidade 1: 124-129. 2005.

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