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1 Programa Teixeira de Freitas 2º/2015

Programa Teixeira de Freitas 2º/2015 - STF...2 PROGRAMA TEIXEIRA DE FREITAS – ESTUDANTES 2º/2015 – 1. SUPERVISOR Fábio Manuel Nogueira de Souza Assessoria de Assuntos Internacionais

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Programa Teixeira de Freitas

2º/2015

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PROGRAMA TEIXEIRA DE FREITAS

– ESTUDANTES 2º/2015 –

1. SUPERVISOR

Fábio Manuel Nogueira de Souza

Assessoria de Assuntos Internacionais

E-mail: [email protected]

Tel: (+55 61) 3217-4012

2. COORDENADORA

Rogéria Ventura de Carvalho Paes Ribeiro

Assessoria de Assuntos Internacionais

E-mail: [email protected]

Tel: (+55 61) 3217- 4056

3. ESTUDANTE

Solange Alejandra Gómez Herrera

Período: 16/03/2015 a 15/05/2015

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ÍNDICE

Introdução........................................................................................................4

Capítulo I: Marco Legal Comparado.....................................................................5

Marco Legal Histórico do Aborto em Chile..........................................................5

Marco Legal Histórico do Aborto em Brasil.........................................................6

Capítulo II: Concepção da vida.........................................................................................7

Chile.......................................................................................................................10

Brasil......................................................................................................................11

Capítulo III: Legislações...................................................................................................10

Chile.......................................................................................................................10

Brasil....................................................................................................................11

Capítulo IV: Discussão doutrinária do aborto em caso de violação................................13

Capítulo V: Sentenças do caso........................................................................................15

Corte Suprema de Chile.......................................................................................15

Supremo Tribunal Federal...................................................................................15

Conclusão........................................................................................................................17

Referencia Bibliografica..................................................................................................19

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“Aborto: Vida ou Morte?”

Aluno: Solange Alejandra Gómez Herrera

Universidade: Universidad Central do Chile

Introdução

Neste trabalho de investigação e comparação das realidades tanto brasileira como

chilena, será discutido o controverso tema do Aborto. Analisarei o delito em questão

atualmente, que tem a intenção de chegar à legalidade, sendo visto como um direito que

pertence por natureza às mulheres: elas é que teriam o poder de decidir a chegada de um filho.

Atualmente, no Chile, se encontra no Congresso Nacional o projeto de lei que despenaliza em

certos casos a ocorrência da prática do aborto, em contraposição com a atualidade brasileira,

já que está um passo adiante da nossa realidade. Exporei minha opinião concreta sobre o

projeto de lei, sobre uma causa contemplada pelos dois países, desenvolvendo assim o olhar

de uma estudante de Direito próxima a entrar no Mundo Profissional.

Também poderemos olhar que, a forma como a política está levando o tema demostra

que o país se preocupa com os valores democráticos e direitos humanos. O importante é

abordar o tema desde um ponto de vista dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher: é dizer

o direito em relação à própria mulher. Por outro lado, abordarei o tema no âmbito penal.

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Capitulo I: Marco Legal Comparado

Marco Legal Histórico do Aborto no Chile

A continuação que estabelecera a evolução segundo o ponto de vista legislativo,

segundo o papel do Estado, mostrando os atores a favor e contra o tema. Faz 25 anos que se

teve a mais recente modificação: não se há feito avanços concretos sobre o tema. Apenas se

proferiu a presidenta Michelle Bachelet, em seu discurso de 21 de maio do ano 2014,

estabelecendo que o tema deve ser seriamente debatido no Congresso Nacional.

Evolução histórica legal do Aborto.

1875: Neste ano, começa a emergir e falar-se muito mais sobre o processo de aborto e

os direitos das mulheres, mas o tema foi repudiado e abolido pelo Estado, já que as

mulheres não tinham direitos.

1931: Se promulgam algumas reformas ao código sanitário, aprovando o aborto

terapêutico no artigo 226 do decreto-lei 2263:

Art. 226. Só com fins terapêuticos se poderá interromper a gravidez ou praticar uma intervenção

para deixar a mulher estéril. É necessária a opinião documentada de três facultativos. Quando não

for possível proceder na forma explicitada, pela urgência do caso ou por falta de facultativos na

localidade, se documentara o executado pelo médico e duas testemunhas, ficando estas em poder

daquele.

1989: Este ano é o ano do grande troco, já que no período da ditadura se realizou a

modificação ao código sanitário, reformando-o e estabelecendo o novo artigo 119.

Artigo 119. – “Não poderá executar-se nenhuma ação cujo fim seja provocar um aborto.” (Lei

18.826, 1989).

1991: Neste ano, se propõe o projeto do aborto terapêutico pela feminista Adriana

Muñoz, mas ele foi arquivado e criticado pela oposição.

1994: O Deputado da UDI Dario Paya estabelece um projeto de lei para reformar o

Código Penal, procurando endurecer as penas do aborto.

2015: Ingressa o projeto de lei à Câmara de Deputados, que despaneliza o aborto em

três casos.

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Marco Legal Histórico do Aborto em Brasil

1824: No Brasil, se falou do aborto, pela primeira vez, no primeiro Código Criminal

do império. Até então, o aborto não era punido em nenhum caso.

1890: No período republicano, a prática da interrupção do estado de gravidez foi

tipificada pelo Código Penal. Introduziu-se uma causal atenuando, no caso de estupro

da mulher, para ocultar a desonra própria. O caso no qual se pratica o aborto para

salvar a vida da mulher também não seria considerado como fato típico.

1940: No código penal da época, se extingue a punibilidade do aborto nos casos de

pratica para salvar a vida da gestante ou quando a gravidez provém de estupro.

1970: A partir dos anos 70, começou a surgir o movimento feminista contemporâneo,

sintonizado com os movimentos europeu e americano, mas, devido à ditadura, os

objetivos desse grupo foram reprimidos. Quando começou da democracia, aborto e

sexualidade foram temas da agenda feministas do país.

1983: Neste ano, se teve a primeira iniciativa de reforma legal, no qual se iniciou um

projeto de lei pela legalização do aborto na Câmara de Deputados.

2002: Se multiplicaram as denúncias contra mulheres que se praticaram aborto

clandestino.

2004: Surgiram oportunidades de reformas constitucionais e o debate se instala de

maneira mais ampla no país, tomando duas vertentes. Por um lado, a do aborto em

caso de anencefalia do embrião ou feto e interrupção voluntária da gravidez.

2012: STF garante no Brasil a interrupção terapêutica da gravidez de

fetoanencéfalo(ADPF 54).

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Capitulo II: Concepção da vida

O tema do aborto começa da vida. Sempre foi um tema muito controvertido no mundo,

já que, a partir desse acontecimento, a partir de sua certeza se pode legislar e tomar diversas

decisões.

Contexto Biológico: a vida intrauterina começa desde a união das células sexuais

masculinas e femininas, sendo composto assim um novo ser humano, que crescerá e se

desenvolverá até seu nascimento. Na realidade, a partir do momento em que o óvulo é

fecundado, inaugura-se uma nova vida.

A partir deste postulado, podemos afirmar, seguindo as respostas do neonatologista

italiano Dr. Carlo Bellieni (2005) “segundo a interrogante de que se o novo ser sente dor, ele

acerta estabelecendo que o novo ser não só sente dor com também pode ter uma percepção

mais profunda que uma criança maior. Que também tem a capacidade de sentir odores,

sabores, ouvir sons, que desde as 30 semanas de gestação dentro do ventre da mãe, têm a

capacidade de poder sonar” 1. Também o Dr. José Raimundo Lippi (2007), estabelece que o

pensamento está em paralelo com o desenvolvimento da capacidade cognitiva, que

neurologicamente um embrião não pensa já que não tem circuitos nervosos, mas percebe

sensações provocadas pela mãe, pelo tanto sabe só que é a tristeza e a alegria. Também

estabelece que “aos quatro meses se sustente que já levanta a sobrancelha, repuxa os olhos,

faz caretas, pisca, franze os lábios” 2 e tanta é a capacidade do novo ser que, ao momento de

seu nascimento, já sabe se vai a ser amado ou rejeitado.

Assim, a ciência biomédica, com seus avanços tecnológicos, tem provas irrefutáveis

de que o início da vida é, justamente, o momento da concepção. E este princípio da vida é

assegurado, também, pelos sólidos fundamentos éticos da doutrina da Igreja.

1 BELLIENI apud AQUINO, 2005, p. 22-23

2 http://www.teologia-assuncao.br/re-eletronica/numeros/n4/n4_ivanaldo.html

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Chile

Dentro da doutrina nacional chilena, a grande maioria está de acordo que se deve

considerar ao novo ser como pessoa desde sua concepção, podendo assemelhar palavras “ser

humano” e “pessoa”, reconhecendo-se em muitos casos que ambas palavras são iguais.

Muitos dos autores que acompanham este conceito também afirmam que não estão de acordo

com o artigo 55 do Código. Segundo eles, a definição em questão é muito filosófica, apenas

contemplando forma jurídica à pessoa.

A doutrina contrária sustenta que são só pessoas aqueles que nasceram

efetivamenteaqueles que, uma vez separados do ventre materno, podem viver um momento

sequer, e que desde esse momento é titutar do direito à vida e dos outros direitos

fundamentais. Isso não implica, contudo, que o nascituro não deva ser protegido.

Em quanto à distinção que o Chile realiza, podemos fazer referencia à mesma que

estabelece o direito brasileiro. Por um lado temos:

1- O reconhecimento de direitos e proteção do nascituro, estabelecendo como exemplo

o artigo 19 N 1 do Capitulo III: Dos Direitos e Deveres Constitucionais o qual

estabelece:

Artículo 19 N° 1. - A Constitução asegura a tudas as pessoas:

“O direito à vida e à integridad física e psíquica da pessoa”.

“A lei protege a vida do que está por nascer”.

2- O reconhecimento Jurídico como pessoas e o exercício de direitos: esse se

reconhece uma vez separado o novo ser do ventre da mãe. Como exemplos, se tem o:

Art. 55. São pessoas tudos os individuos da especie humana, qualquera que seja sua

edad, sexo, estirpe ou condição. Divídense em chilenos e estrangeiros.

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Brasil

O Brasil é um dos países onde se há discutido em que momento o novo ser tem vida, e

desde quando essa vida seria reconhecida e protegida, tanto em nível de ser um novo ser e ao

nível de pessoa.

A continuação abordará o tema constitucional e legal da nova vida.

Para o direito brasileiro, se deve realizar uma distinção em quanto ao novo ser que está

em crescimento dentro da mãe.

1- Reconhecimento de Direitos e Proteção do nascituro: para a legislação Brasileira, o

novo ser possui direitos, os quais são reconhecidos constitucionalmente. Também foi

estabelecido assim no Código Civil, em seu artigo 2°, expressando que “mas a lei põe

a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Mais esta nova vida só se

considera vida como tal a qual tem apenas uma expectativa de direitos. O professor

Washington de Barros Monteiro esclarece que “o nascituro é uma expectativa de vida

humana, uma pessoa em formação. A lei não pode ignorá-lo por isso lhe salvaguarda

os eventuais direitos”. O nascituro é uma pessoa condicional, a qual se verificara no

momento de produzir-se o nascimento.

Exemplo: Um artigo que consagra e reconhece direitos sucessórios ao nascituro é o

Art. 1798 do Código Civil, estabelecendo que “Legitimam-se a suceder as pessoas

nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”

2- Reconhecimento jurídico como pessoa e exercício de direitos: nesse aspecto, se

estabelece que a nova vida terá reconhecimento jurídico como pessoa desde o

momento em que ela nasce com vida depois de ser separado de ventre da mãe,

consumando todas as expectativas de direito que tinha quando era um nascituro. Esse

aspecto se encontra consagrado no artigo 2° do Código Civil, que diz “A

personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida.”.

Segundo a doutrina de Diego Espin Cánovas: “para a doutrina tradicional pessoa é o

ente físico ou coletivo susceptível de direitos e obrigações, sendo sinônimo de sujeito de

direitos. Sujeito de direitos é aquele que é sujeito de um dever jurídico, de uma pretensão à

titularidade jurídica, que é o poder de fazer valer, através de uma ação, o não cumprimento do

dever jurídico, ou melhor, o poder de intervir na produção da decisão judicial”.

Dentro das duas correntes doutrinárias sobre o início da personalidade humana, no

Brasil, o sistema positivo nacional adota a Naturalista: se é pessoa desde o nascimento.

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Capitulo III: Legislações

Chile

Chile é o único país da América Latina que penaliza o aborto em toda e qualquer

circunstância, depois que, no governo militar, se derrogara o artigo 119 do Código Sanitário,

que aceitava o aborto terapêutico. Na atualidade, o aborto se encontra contemplado no Código

Penal como um fato contra a ordem das famílias, contra a moralidade pública e contra a

integridade sexual, estabelecendo no artigo 342, título VII de dito Código, estabelecendo as

seguintes sanções para os que cometam o delito:

1°. Com a pena de presídio maior em seu grau mínimo, se a

mulher grávida sofre de violência.

2°. Com a de presídio menor em seu grau máximo, se,

ainda que não ocorra a consumanção, se pratique o ato sem

o consentimento da mulher.

3°. Com a de presídio menor em seu grau médio, se a

mulher tem consentimento.

O texto apresentado pela atual presidenta Michelle Bachelet, no dia 31 de janeiro deste

ano, pretende despenalizar o aborto em três situações específicas. O executivo também

indicou que o procedimento do aborto fica à “objeção de consciência” para o facultativo que

esteja na situação em questão. Tambem esta lei é uma possibilidade certa para aquelas

mulheres que se encontrem dentro dessas três situações, não sendo isso obrigatório o

procedimento, mas vountário.

A continuação passa a explicar em que consiste o atual projeto de lei que despenaliza

em certos casos o aborto:

1- Quando a mulher se encontre em risco vital presente ou futuro: Neste caso, podemos

dizer que a decisão é tomada por aquela mulher que se encontra em risco vital durante

a gravidez, ou que tenha uma alta probabilidade de apresentar algum grave problema

após o nascimento do filho.

2- Quando o embrião ou feto, que padece alterações estruturais congénitas ou genéticas

incompatíveis com a vida intrauterina: Neste caso, a mulher poderá ter a possibilidade

de não levar dentro de seu ventre um ser humano que é incompatível com a vida,

dando-lhe a possibilidade de não levar consigo, durante nove meses, um sentimento de

insegurança, angústia, frustração, desilusão e, o mais importante, um trauma

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psicológico por ter, dentro de si, um ser que não viverá, mas que apenas conhecerá

alguns minutos de vida, pois a probabilidade de morte é quase certa.

3- Quando a gravidez seja produto de um estupro. (este tema será abordado no próximo

capítulo de maneira mais profunda).

Brasil

Na atualidade brasileira, se há estimado que o aborto é a 4ª maior causa de morte

materna no país. Desde 1940, ano do grande avanço no que diz respeito sobre os temas de

reprodução e vida sexual da mulher, o aborto foi tipificado no Código Penal, tendo apenas

três exceções para fazê-lo. Essas situações, onde a mulher não seria castigada penalmente, são

consideradas um grande avanço no âmbito mundial para as mulheres. Mesmo com a

despenalização do aborto com três situações, o número de abortos clandestinos é gigantesco,

causando a morte de 1600 mulheres por ano.

Como se disse anteriormente, o Brasil contempla o aborto como crime do artigo 124 ao artigo

127 do Código Penal, estabelecendo o aborto como crime nos seguintes casos:

a) Pela própria gestante

b) Quando a gestante o pede

c) Sem o consentimento da gestante

Penas:

a) Detenção de 1 a 3 anos, para a mulher que faz aborto em si mesmo ou consente que

outra pessoa o faça.

b) Reclusão de 3 a 10 anos, para a pessoa que faz o aborto em uma mulher, sem seu

consentimento.

c) Reclusão de até 10 anos, para a pessoa que faz o aborto com ou sem consentimento da

gestante menor de 14 anos, de alienada ou débil mental, ou ainda se o consentimento é

obtido através de fraude, grave ameaça ou violência.

O artigo 128 do Código Penal estabelece as exceções ao delito de aborto nos seguintes casos:

Aborto Necessário

I. Se não há outro meio de salvar a vida da gestante: Em caso de risco de vida da mulher,

o próprio médico pode solicitar uma junta médica para atestar a necessidade do

aborto. A interrupção da gravidez será feita com toda segurança. Neste tipo de

interrupção de gravidez, o médico não precisa do consentimento da gestante nem

do consentimento do representante legal (em caso de menor ou doente mental).

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II. Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante

ou, quando incapaz, de seu representante legal: Em caso de estupro, a mulher deve

imediatamente registrar a ocorrência do crime em uma delegacia, de preferência

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Delegacia da Mulher, para que, além de registrar o crime para uma futura punição

do estuprador, receber o Boletim de Ocorrência (BO) e fazer o Exame de Corpo de

Delito, que comprova a agressão sexual sofrida.

Situação especial

III. Desde o dia 12 de abril do ano 2012, o STF, em decisão, decorrida de votação

majoritária, legalizou o aborto naqueles casos em que os fetos sejam anencéfalos,

ou seja, aqueles que sejam incompatíveis com a vida fora do útero materno.

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Capitulo IV: Discussão doutrinária do aborto em caso de violação.

Uma das discussões mais controvertidas da despenalização do aborto é a terceira

causa: a “Violação”, tema que há sido discutido tanto no Poder Legislativo (Comissão de

saúde da Câmara dos Deputados), na área medicinal, grupos feministas, temas educacionais,

etc. São muitas as perguntas que se têm em mente para tomar a decisão definitiva de

estabelecer que uma gravidez, produto de uma violação, devesse ser uma causa de legitimação

para provocar um aborto, as que vão desde modelos de acompanhamento a qual fica nas maõs

de uma equipe médica especializada, sempre que seja com a vontade da mulher,

consentimento informado de menores de 14 anos, questão muito controvertida já que se

origina no debate sobre se “As menores violadas estão realmente capacitadas ou são capazes

de tomar a decisão de abortar”. Como resposta, diversas posturas. A diretora Executiva

de Miles Chile (ONG a favor do aborto) diz que “Sim, qualquer menor de idade está

capacitada para decidir abortar, porque são sujeitos de direito. Há que lembrar que não faz

muito tempo, os Tribunais não levavam em consideração o que as crianças diziam sobre os

abusos sexuais, como foi o caso de Karadima, caso no qual se teve dúvida sobre o que as

crianças, que foram abusadas sexualmente, disseram. A sociedade chilena tem que se

acostumar com a ideia de que cada um possa tomar as suas próprias decisões”, e a Verónica

Hoffmann, (direitora Executiva de Chile Unido, fundação a favor da vida) que

opina: “Desconhecemos o motivo pelo qual o Estado, nessa situação crucial para a vida da

pessoa, lhe dá plena autonomia e diz à pessoa que ela é capacitada para decidir sobre um

dano que ela não conhece. Contudo, em situações menos cruciais, como ingerir álcool ou

dirigir sob o seu efeito, o Estado proíbe as condutas em questão”.

Também existe a discussão sobre qual é o máximo de idade gestacional, a qual se pode

realizar até as 12 semanas de gestação; e, no caso das menores de 14 anos, este prazo se

amplia até as 14 semanas, situação muito polêmica já que, se há estabelecido cientificamente

que, neste tempo de gestação, o embrião já tem vida, sensações e até dor. Em muitos casos, o

embrião já se encontra formado de uma forma avançada e pode provocar certas complicações

para a gestante. Outra questão é a obrigatoriedade de denúncia do delito, dever de

formalização de denúncia judicial, já que se busca que seja responsabilidade do chefe do

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estabelecimento de saúde colocar em conhecimento do Ministério Público a invocação da

causa, com o fim de que se investigue o delito de violação com a prévia ratificação da mulher.

Embora as indicações de outros parlamentares oficialistas condicionem a prestação de saúde à

existência da denúncia, que operaría como proteção para permitir a interrupção da gravidez.

Também há indicações que propõem que a existência de denúncia judicial opera como

justificação da invocação da causa. Nos casos que a invocação da causa aborda os menores de

idade, a proposta do executivo coloca ênfase na expressão de vontade da menor e na

autorização de um representante legal. Se esta última tem a sua responsabilidade negada, é de

competência da equipe de saúde apelar à instância judicial competente e fazer presente a

invocação da causa. O tribunal competente tomará razão e sua decisão não poderá ser objeto

de alteração. Só em caso de rejeição, esta poderá ser apelada. Outra postura, sempre muito

importante neste tema, é o da Igreja, que sempre demanda a não realização do aborto, dando

como fundamento que o novo ser tem vida desde a concepção, sendo assim um ser de luz que

Deus enivou ao mundo para viver em paz e amor, e que se uma mulher violada não poderá dar

lhe todo o que ele merece, outra família que o queira poderá entregar-lhe todas as ferramentas

para que se desenvolva e possa ter a oportunidade de viver como qualquer outro ser.

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Capitulo V: Sentenças do caso.

Corte Suprema de Chile

Requerente: Corte Suprema em Recurso de Cassação.

Requerido: Jacqueline Lopez e Ramon Pardo Valenzuela.

Resumo:

A Corte Suprema de Chile rejeita um recurso de cassação apresentados contra do casal

requerido, que cometeu aborto sete vezes entre os anos 1994 e 2001.

Em sentença unânime (rol 875-2008), foi rejeitado o recurso, sendo que os requeridos foram

condenados a cinco anos e um dia de presídio pelo delito de aborto reiterado. Na 1ª instância,

em 2006, a ministra em visita da Corte de Apelações Dobra Lusic tinha aplicado a mesma

condenação depois de três anos de investigação.

No dia 21 de janeiro de 2008, a 4ª sala da Corte de Apelações de Santiago (rol 13.602-06)

confirmou a sentença, sem maiores modificações, retirando-se na sentença dos ministros da

sala penal integrada por Nibaldo Segura, Jaime Rodríguez, Rubén Ballesteros, Hugo

Dolmestch e o advogado integrante Óscar Carrasco, onde foram ratificadas ambas sentenças,

depois de rejeitar os argumentos da defensa de Jacqueline, que tinha dito que fora abusada,

desde os doze anos, por seu padrasto (requerido) e que, durante esse tempo, ela tinha que

esconder a gravidez de sua mãe e da família familiar.

Supremo Tribunal Federal

Ministro Relator: Marco Aurélio

Requerente: Confederação Nacional Dos Trabalhadores na Saúde

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Resumo:

Em 2004, a Confederação Nacional de Trabalhadores na Saúde formula uma petição ao STF

de ação de inconstitucionalidade, pedindo-lhe a permissão para interromper a gravidez em

caso de feto anencéfalo.

Dentro dos argumentos e os pedidos da Confederação se encontram os seguintes:

1- Se bem o Código Penal, em seus artigos 124 a 128, contempla o aborto dentro dos

delitos Contra a Vida, possibilitar a interrupção da gravidez de forma antecipada

naqueles casos que o feto é anencéfalo não seria um crime, já que cientificamente se

há verificado que o feto anencéfalo não tem vida, portanto não há potencial de vida a

ser protegido, visto que seu cérebro está morto.

2- O Judiciário, em várias ocasiões, se pronunciou dando autorização de interrupção da

gravidez para mulheres cujo feto seja anencéfalo.

3- Que se declare inconstitucional a interpretação dos dispositivos do Código Penal (124-

126-128 I e II) como impeditivos da antecipação terapêutica do parto em caso de

gravidez de feto anencefálico, reconhecendo-se o direito da gestante sem necessidade

de autorização previa judicial ou qualquer outra forma de permissão específica do

Estado.

Depois de perto de 13 horas em total de julgamento, o dia 12 de abril de 2012, por oito votos

contra dois, o STF decidiu que é possível a interrupção terapêutica de fetos anencéfalos,

fazendo assim com a que mulher decida se que interromper a gestação com a assistência

médica.

O Código Penal não realizou nenhuma modificação, já que se entende que este caso se

encontra do inciso 1 do artigo 128, já que a necessidade, para a vida física e psicológica da

mulher, de poder evitar o sofrimento da gestante, é o principal argumento para permitir a

interrupção da gestação nesses casos particulares.

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Conclusão

No que diz respeito sobre a minha conclusão pessoal, posso estabelecer, em primeiro

lugar, uma comparação no que tange os dois países em questão; Brasil e Chile. Por um lado,

temos um país que já legislou sobre o tema do aborto e seus aspectos; por outro, temos o

Chile, que se encontra bem atrás do Brasil, visto que, em todos os casos, o aborto é crime,

infrigindo assim inúmeros direitos fundamentais.

No que tange a despenalização do aborto, posso dizer que, quando se tem o risco de

morte da gestante, a mulher é quem deve decidir se salva a sua vida ou a vida do, ainda este

não se encontre em perfeitas condições. Esse caso específico mostra a colisão dentro de um

mesmo direito fundamental, que é o direito à vida. Por essa razão, creio que a decisão deve

ser da mulher.

Outra das causas é a inviolabilidade ou incompatibilidade do feto com a vida fora do

útero. Neste caso, estou de acordo em que seja uma causa, já que neste caso a dignidade,

liberdade e a autonomia da vontade da mulher grávida não se estariam reconhecendo, já que

levar um bebê que não viverá ou que o fará por alguns minutos posteriormente ao parto é um

trauma psicológico para aquela mulher que tem que viver este procedimento. Sendo assim, é

melhor interromper a tempo a gravidez e evitar o sofrimento da mãe.

Finalmente, quero falar sobre a última exceção, que é o estupro no caso de Brasil e

violação no caso de Chile. Nesse caso, minha opinião difere das duas outras. Não estou de

acordo com que esta seja uma causa de despenalização do aborto, pois o feto ou bebê se

encontra em perfeitas condições e ele tem a possibilidade de vida fora do útero materno. Já

que sou uma pessoa provida, não vejo porque a nova vida tem que pagar pelas consequências

de vida que a mãe sofreu. É muito lamentável uma agressão sexual, mas não se deve remover

a oportunidade de crescer e desenvolver o fruto dessa violação, ainda pelo fato do novo ser ter

outras opções muito diferentes da morte.

Em quanto a esta exceção e o procedimento que se deveria fazer no projeto chileno,

não concordo com nada, já que o principal é que qualquer menor de catorze anos que queira

praticar um aborto sem que tenha a autorização de seu representante legal pode solicitar a

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autorização a qualquer outro ente familiar, que deveria concedê-lo em qualquer caso, sempre

que seja feito por um médico habilitado. Minha grande dúvida é saber como um médico pode

comprovar a gravidez realmente foi produto de uma violação, se a violação e verificação são

feitas em tempos distintos? Com isso, creio que muitas adolescentes menores de catorze anos

podem aproveitar-se desta saída e invocar circunstâncias que não seriam válidas.

No caso de que a gravidez foi produto de uma violação, e este novo ser encontra-se

com complicações, ou a mãe corre algum risco, deveria poder ter a opção do aborto; mas,

nesse caso, se invocaria uma das exceções anteriores, pelo tanto o aborto por violação ficaria

sem fundamento e sustento.

É por isto que deixo essa pergunta final aoscleitores desta investigação:

Seria distinto o trauma psicológico da mulher violada, matando ou não ao novo ser se,

de igual maneira, subsistiria o feito da agressão sexual?

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http://www.leychile.cl/Navegar?idNorma=1984