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Projeto Curricular de Sala “Magia das Cores” “Sala dos 2 Anos” Ano Letivo 2017/2018 Educadora: Diana Soares Coordenadora Técnica: Ana Patrícia Almeida

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Projeto Curricular de Sala

“Magia das Cores”

“Sala dos 2 Anos”

Ano Letivo 2017/2018

Educadora: Diana Soares

Coordenadora Técnica: Ana Patrícia Almeida

Projeto Curricular de Sala “Magia das Cores”

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Índice

Introdução Pg. 3

Caracterização da Faixa Etária Pg. 4

Caracterização do Grupo Pg. 7

Organização do Espaço Pg. 8

Organização do Tempo Pg. 10

Fundamentação da Escolha do Tema Pg. 11

Áreas / Temas a Desenvolver com o Grupo Pg. 13

Objetivos / Intenções Pedagógicas Pg. 16

Conclusão Pg. 20

Bibliografia Pg. 21

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Introdução

O Projeto Curricular de Sala surge como um instrumento que vai proporcionar a

definição e a formulação de estratégias para a intervenção educativa, tendo como

ponto de partida as necessidades e interesses das crianças. Desta forma, e de acordo

com as Orientações Curriculares para a Educação Pré – Escolar, “A ação profissional do

/ a Educador / a caracteriza-se por uma intencionalidade, que implica uma reflexão

sobre as finalidades e sentidos das suas práticas pedagógicas, os modos como organiza

a sua ação e a adequa às necessidades das crianças. Esta reflexão assenta num ciclo

interativo – observar, planear, agir e avaliar – apoiado em diferentes formas de registo

e de documentação, que permitem ao Educador tomar decisões sobre a prática e

adequá-la às características de cada criança, do grupo e do contexto social em que

trabalha.” (in Ministério da Educação, 2016: p. 5).

Para que tal se suceda, o Educador deverá partir da sua capacidade de

observação de cada criança individualmente e do seu grupo na globalidade e definir

objetivos e metas a atingir, tendo por base, um conjunto de estratégias e planos de

ação, assim como a organização do ambiente educativo, sempre de acordo com o grau

de desenvolvimento das crianças.

Este Projeto Curricular, em particular, refere-se ao grupo de crianças da sala

dos 2 Anos “Magia das Cores”, da valência da Creche, e integra as intenções

educativas da prática do Educador, prevendo assim as ações a realizar ao longo do

ano, de forma a favorecer as aprendizagens e o desenvolvimento íntegro de cada

criança.

Para finalizar, devo salientar que, como qualquer projeto flexível, este pode e

deve ser alterado pelos diversos intervenientes no processo educativo, sempre que tal

se justificar.

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Caracterização da Faixa Etária

A caracterização adequada da Faixa Etária deverá ter por base um

conhecimento acerca dos principais conteúdos do desenvolvimento da criança, nas

suas diferentes dimensões (social, cognitivo e emocional), que permitam identificar os

comportamentos associados a cada idade, as limitações do seu próprio raciocínio,

assim como a forma de interpretação que cada criança faz do mundo que a rodeia.

De acordo com o psicólogo suíço Jean Piaget, que se dedicou ao estudo do

desenvolvimento cognitivo das crianças na infância, considera-se que as crianças entre

os 24 e os 36 meses de idade encontram-se no Estádio Pré-Operatório.

Esta denominação aparece como forma de suportar a tese de que, nesta fase,

as crianças se tornam mais sofisticadas no uso do pensamento simbólico (ou seja,

permite começar a pensar acerca dos acontecimentos e antecipar as suas

consequências).

Entre os progressos cognitivos do estádio pré-operatório, identificados por

Piaget, estão a função simbólica, a compreensão das identidades, a compreensão de

causa e efeito, a capacidade para classificar e a compreensão do número.

No que diz respeito ao desenvolvimento da linguagem, é de referir que se

verifica na criança um aumento da compreensão, assente na progressiva utilização

adequada do vocabulário e produção de frases com sentido completo. Esta

característica começa agora a evidenciar-se em determinados elementos do grupo,

nomeadamente, com a verbalização de frases simples tais como “quero água”, “é o

carro do papá”, entre outras.

A criança de dois anos está cheia de energia, vontade de explorar, caminhando

progressivamente para o desenvolvimento da sua autonomia. Nesta fase, a criança é

muito ativa, nomeadamente, ao nível da motricidade ampla, é mais segura e estável,

permitindo-lhe explorar tudo o que está à sua volta. Com maior autonomia motora, a

criança acaba por desenvolver novas competências aplicadas à exploração do meio

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ambiente e concretiza-o de várias formas, como correr, pular, arrastar e puxar objetos

com maior coordenação.

Uma das principais características das crianças, nesta fase, é o egocentrismo,

que se traduz no facto de a criança considerar que a sua opinião é a que prevalece, é o

centro das atenções, não é capaz de compreender o ponto de vista do outro. Esta

característica é bem visível no grupo, pelo que surgem os primeiros conflitos, quer com

os adultos (afirmando a sua vontade e contrariando o que este impõe), quer com as

outras crianças (causadas, maioritariamente, pelo sentimento de posse que têm sobre

os objetos e brinquedos).

No que se refere à função simbólica, é de notar que a criança revela a

capacidade de pensar nas coisas sem ter que as ver à sua frente, ou seja, usa símbolos

ou representações mentais, como as palavras, as imagens ou números.

O mundo torna-se mais organizado e previsível à medida que as crianças

desenvolvem uma melhor compreensão das identidades, isto é, a conceção de que as

pessoas e as coisas são basicamente as mesmas, mesmo se mudam a forma, o

tamanho ou a aparência.

Uma outra característica prende-se com a chegada dos porquês, colocados de

forma persistente pelas crianças, na medida em que nesta fase já evidenciam a

capacidade de estabelecer a relação causa / efeito, empregando novos vocábulos,

como por exemplo, porque e por isso. Não menos importante, é a capacidade que as

crianças demonstram para a classificação ou agrupamento de objetos / brinquedos,

frequentemente visível no empilhamento de livros, o que lhes permite distinguir as

semelhanças e as diferenças entre os objetos.

As estruturas de pensamento das crianças são assim mais organizados,

compreendem a sequência das ações, pelo que a sua memória caracteriza-se por uma

memória a médio prazo. Todavia, a sua estrutura cognitiva apresenta determinadas

limitações, nomeadamente, conhecidas como centração (a criança centra-se num

aspeto da situação e negligencia os outros, não sendo capaz de pensar acerca de vários

assuntos em simultâneo), a irreversibilidade (consiste na incapacidade para

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compreender que uma operação ou uma ação pode fazer-se em dois ou mais sentidos)

e, finalmente, o raciocínio transdutivo (a criança vê determinada situação como sendo

a base para outra).

No que se refere aos aspetos sociais, é de notar que o grupo é bastante

sociável, contudo, é frequente verificar-se a tomada de consciência do Eu e a

autoafirmação, que se traduz em reações de teimosia e obstinação. É ainda de

salientar que já se verifica em determinados elementos do grupo a brincadeira de

pares ou pequenos grupos de três crianças, surgindo assim pela primeira vez a noção

de “melhor amiguinho”.

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Caracterização do Grupo

No que diz respeito ao grupo da sala “Magia das Cores”, é constituído por onze

crianças, na sua globalidade, com idades compreendidas entre os 22 e os 32 meses.

Em termos de género, três dessas onze crianças são do sexo feminino e oito são do

sexo masculino. Dessas onze crianças, duas deram entrada pela primeira vez na Creche

e os restantes elementos transitaram da sala de um ano, do ano letivo anterior. A

equipa educativa mantém-se a mesma do ano letivo anterior.

Nesta fase, todas as crianças já concretizam a rotina da sala dos dois anos em

pleno, pelo que considero que o processo de adaptação das duas novas crianças

demonstrou-se rápido, decorrendo de forma estável.

No que diz respeito ao desfralde, é de notar que este processo árduo teve início

na sala de um ano, contudo, apenas um elemento já deixou por completo a fralda

durante os vários momentos da rotina. Das onze crianças do grupo, com a exceção de

duas (uma já do grupo da sala de um ano e outra que entrou de novo para a Creche)

quatro já usam durante o dia a cueca, apenas necessitando da fralda para dormir.

Quatro das onze crianças encontram-se na Fase Um do processo de desfralde, ou seja,

vão à casa de banho nos vários momentos da rotina, usando durante o dia a fralda

cueca.

Tendo como ponto de partida as primeiras observações do mês de Setembro, é

de notar que o grupo ainda não adquiriu as regras básicas de convivência em grupo,

nomeadamente, não são capazes de se sentar na Roda do Acolhimento no seu

respetivo lugar e esperar pela sua vez para realizar alguma atividade orientada pelo

adulto. Em termos de organização no espaço, verifico que o grupo não é capaz de

brincar na área que escolheu durante algum tempo, transportando os objetos /

brinquedos de uma área para outra. As crianças demonstram ainda a incapacidade

para centrar a sua brincadeira numa determinada área e brincar com os objetos /

brinquedos na mesma, espalhando-os pelo chão.

Ao nível da sua autonomia, apenas duas crianças são capazes de ir à casa de

banho de forma autónoma, sem necessitar da ajuda do adulto, assim como de despir e

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vestir algumas peças de vestuário e calçado. Os restantes elementos do grupo têm

vindo a demonstrar ser capazes de se descalçar e despir as calças, embora com alguma

ajuda do adulto, que os vai incentivando diariamente antes da hora do seu descanso.

Em relação à hora do almoço, a maioria do grupo é capaz de pegar na colher e comer

de forma autónoma, tendo verificado igualmente uma boa adaptação aos novos

alimentos.

No que diz respeito à socialização, verifico que o grupo na sua maioria

demonstra dificuldade em partilhar os objetos / brinquedos, surgindo por vezes os

conflitos pela posse dos mesmos (como as mordidelas, o bater com o brinquedo no

amigo). Nesta situação, a maior parte das crianças recorre frequentemente à

intervenção do adulto, chamando pelo seu nome, o que evidencia a sua dificuldade em

resolver por elas próprias os seus problemas. Contudo, o grupo possui uma interação

positiva tanto com os adultos da sala, como com os restantes colegas, acabando por

desenvolver jogo social.

No que remete para a motricidade fina, o grupo na sua globalidade demonstra

interesse em pegar nos lápis e rabiscar, contudo, o seu interesse e motivação recaem

mais sobre atividades de pintura com o pincel. Verifico igualmente que a maior parte

do grupo já executa o movimento de pinça de forma correta.

Ao nível da sua linguagem oral, verifico uma evolução positiva na maioria do

grupo, com a formação de frases simples de duas a três palavras, como por exemplo,

“carro do papá” ou “quero água”. Dois elementos do grupo já concretizam frases mais

completas, empregando a conjugação de verbos e de prefixos, assim como de

vocábulos aprendidos anteriormente, sendo por isso o seu discurso percetível,

participando igualmente em pequenos diálogos. A maior parte do grupo não

demonstra ainda interesse na brincadeira do faz-de-conta, principalmente na área da

Casinha, contudo, são recetivos à apresentação de histórias, assim como já se sentam

na área da Biblioteca a desfolhar os livros e a interpretar à sua maneira as imagens.

Denoto, contudo, alguma dificuldade no grupo em responder a simples questões de

interpretação das histórias. Reagem de forma muito positiva à apresentação de

canções novas.

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Em suma, as características do desenvolvimento global apontadas

anteriormente são expectáveis de acontecer, ou seja, descrevem as especificidades

desta faixa etária, contudo, deverão ser conteúdos a ter em consideração no contexto

de aprendizagem das crianças. Desta forma, esta caracterização deverá ser o ponto de

partida do processo de planeamento semanal com a promoção de atividades

diversificadas e apropriadas ao seu grau de desenvolvimento, prevendo assim o

enriquecimento das suas competências e capacidades.

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Organização do Espaço

A organização do espaço onde se desenvolve a aprendizagem ativa das crianças

deverá ter por base critérios como a segurança, o conforto e a motivação para a

aquisição de conhecimentos e favorecer as necessidades e interesses que o

desenvolvimento em constante mudança impõe. O espaço sala deve favorecer as

trocas entre os diferentes elementos do grupo, a interação social e a aprendizagem.

Deve contemplar múltiplas possibilidades de atividades, áreas que permitam o jogo

simbólico, a representação, a criatividade e a exploração de uma multiplicidade de

linguagens. O processo de aprendizagem implica que as crianças compreendam como

o espaço está organizado e que participem nessa organização e nas decisões sobre as

mudanças a realizar.

Desta forma, a arrumação dos materiais deve ser consistente e acessível para que

as crianças possam alcançar e manusear de forma espontânea os mesmos que querem

explorar.

A sala “Magia das Cores” está dividida por cinco áreas de trabalho / brincadeira,

sendo elas: Área da Expressão Plástica, Área da Casinha, Área da Biblioteca, Área da

Garagem e Área dos Jogos, cada uma enriquecida e apetrechada com os objetos,

brinquedos e materiais que se adequam ao grau de desenvolvimento cognitivo e

motor do grupo.

De seguida, será exposta a planta da respetiva sala, com a identificação das

respetivas áreas e a sua legenda:

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Planta da Sala “Magia das Cores”

Legenda:

A- Porta de Entrada da sala;

B- Janelas para o exterior;

C- Mesa e cadeiras da área de trabalho;

D- Quadro dos Trabalhos;

E- Quadro dos Aniversários;

F- Área do Acolhimento.

B

A

Área da Garagem

Área da Expressão Plástica

C

Área da

Casinha

Área

dos

Jogos

D

E

B

Área da

Biblioteca

F

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Organização do Tempo

Num contexto de aprendizagem ativa para crianças, os horários e as rotinas são

organizados em torno das suas principais necessidades e cuidados básicos, pelo que o

Educador deverá partir do conhecimento que tem de cada criança e de sinais que esta

apresenta para mais facilmente responder às suas necessidades.

A criação de rotinas é fundamental, na medida em que possibilita à criança

antecipar os acontecimentos e assegurar a sua permanência calma e segura no

contexto de sala da Creche. Os horários e as rotinas são suficientemente repetitivos

para permitirem que as crianças explorem, treinem e ganhem confiança nas suas

competências em desenvolvimento. Porque o tempo é de cada criança, do grupo e do

Educador, importa que haja uma organização do tempo decidida por ambas as partes.

Importa que o Educador planeie esta organização e avalie o modo como contribui para

a educação das crianças, introduzindo os ajustamentos e correções necessárias.

Seguidamente, será exposta a Grelha descritiva da Rotina da sala dos 2 Anos.

Hora Rotina

Até às 9:30 Reforço da manhã

9:30

Acolhimento / Canção dos Bons-Dias

9:45

Atividades orientadas / livres

11:15-11:45

Recreio da manhã

11:45

Almoço

12:30-15:15

Higiene / Descanso

15:45

Lanche

16:15-16:45

Recreio da tarde

16:45-17:45

Higiene / Atividades livres

18:00

Fim das atividades

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Fundamentação da Escolha do Tema

“Em nosso entender, o papel do professor mantém-se essencial (…); consiste basicamente em despertar

a curiosidade da criança e estimular-lhe o espírito de investigação. Isto é conseguido através do

encorajamento da criança para que coloque os seus próprios problemas (…)o adulto deve encontrar

novas formas de estimular a atividade da criança e estar preparado para adaptar a sua abordagem

conforme a criança vai colocando novas questões ou imaginando novas soluções. (…)em controlar

experiências de forma a que a criança seja capaz de corrigir os seus próprios erros e de encontrar

soluções novas através da ação direta”.

(In “Educar a Criança”, de Mary Hohmann e David P. Weikart, 2004, pg.32)

A metodologia subjacente à minha intervenção educativa tem por base o

interesse das crianças e as suas necessidades para a construção do seu próprio

conhecimento, tendo em conta as principais características da faixa etária em questão.

São as crianças as principais indicadoras de como estruturar o espaço da sala e

partindo da sua curiosidade e das suas dificuldades, o educador, em conjunto com a

equipa educativa, planifica e reflete semanalmente as experiências chave que deve

proporcionar a este grupo. O Educador prepara um conjunto de alternativas e as

crianças selecionam de acordo com as suas necessidades e interesses, de modo a

permitir-lhes momentos de aprendizagens significativas e diversificadas, integradas

num ambiente educativo estimulante. Desta forma, o papel do adulto “é apoiar e guiar

as crianças através das aventuras e das experiências que integram a aprendizagem

pela ação” (Hohmann e Weikart, 1995).

Nesta linha de pensamento, a metodologia subjacente à minha intervenção

educativa remete essencialmente para a aprendizagem pela ação, sendo esta definida

como a aprendizagem na qual a criança, através da sua ação direta e imediata sobre os

objetos e da sua interação com pessoas, ideias e acontecimentos, constrói novos

entendimentos. Este tipo de interação dá uma liberdade de expressão à criança,

desenvolve a sua confiança com o adulto, expressa os seus pensamentos e

sentimentos, pelo que a determina como um sujeito ativo de todo o processo de

aprendizagem.

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Enquanto Educadora, escolhi como tema principal de sala “As cores do arco-

íris”, visto que o meu objetivo era o de dar cor e vida à sala. Tendo por base as cores,

as crianças vão descobrir o meio que as rodeia, visto que os objetos, os brinquedos e

as coisas ganham vida porque são coloridos. A escolha do elemento da Fada surge

como resultado e inspiração na história “A Fada da cor”, pelo que se caracteriza como

uma mascote, uma pessoa que lhes vai ensinar o que há para descobrir, muitas vezes

associada à fantasia e à magia, daí o nome “Magia das Cores”. Como as crianças não

têm ainda a noção do tempo, concretamente, a passagem dos meses, optei por expor

os seus aniversários a partir da representação das estações do ano. Desta forma, a sua

compreensão será mais fácil, visto que à medida que as estações vão surgindo, com

elas também aparecerão diferentes características, como o vestuário, as mudanças

climáticas, etc., para as quais as crianças serão chamadas à atenção, ao longo do ano.

Nesta linha de pensamento, proponho-me levar a cabo um conjunto de atividades

enriquecedoras, associadas à observação e à exploração de conceitos e noções,

partindo dos elementos decorativos da sala e que vão também de encontro ao Projeto

Educativo.

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Áreas / Temas a Desenvolver com o Grupo

Para o presente Ano Letivo de 2017/2018, enquanto Educadora de Infância da sala

dos 2 Anos, pretendo levar a cabo um conjunto de estratégias, experiências

enriquecedoras e diversificadas, de forma a explorar uma série de temas do interesse

das crianças, no sentido de alargar os seus conhecimentos e aquisição de

competências que lhes permitam aprender acerca do meio envolvente, respeitando

sempre o ritmo de desenvolvimento de cada criança.

Todavia, não significa que não poderão surgir outras temáticas que não estão

inicialmente pensadas e articuladas neste projeto, na medida em que a cada dia que

passa há um crescendo na motivação e curiosidade das crianças e que muitas vezes

resultam das experiências familiares que vão decorrendo. O mesmo não quer dizer que

as temáticas que a seguir são apresentadas serão trabalhadas com o grupo pela ordem

em que são sugeridas.

Seguindo esta linha de pensamento, iremos começar por explorar a chegada da

Estação do Outono, com a exploração de algumas das suas principais características

como os animais mais conhecidos, os frutos da época e as diferentes cores das folhas,

que norteará seguidamente a exploração do tema das Cores (primárias e secundárias).

Como estratégia de exploração deste tema iremos debruçar-nos sobre a dramatização

de histórias, recorrendo sempre que possível a bonecos de peluche ou fantoches, ou a

músicas com vídeos, sendo mais percetíveis visualmente para as crianças a captação

da informação.

Diariamente, abordaremos o Quadro das Presenças, que ajudará as crianças a

tomar consciência do sentido de pertença a um grupo, a verificar quais os amigos que

estão ausentes e progressivamente a compreender a noção dos dias da semana.

Paralelamente à exploração das Estações do Ano, sobretudo, com a chegada do

Inverno, iremos explorar a temática do Corpo Humano, na medida em que é das

estações a que apresenta maior diversidade de vestuário, com o qual poderemos

abordar as diferentes partes do corpo. A exploração desta temática ajudará a criança a

consciencializar-se das capacidades e possibilidades do seu próprio corpo,

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identificando-se igualmente como sendo menino ou menina, o que permite mais

facilmente trabalhar a capacidade de se despir e vestir sozinha.

Não menos importante, com a chegada da Estação do Outono, iremos explorar as

condições meteorológicas, com a introdução do Quadro do Tempo, nomeadamente, a

identificação e nomeação do sol, da chuva, do vento e do enublado.

De seguida, iremos abordar a temática das Formas Geométricas, que poderá

culminar com a chegada do Natal, a partir da exploração da forma dos presentes.

Posteriormente, abordaremos a temática dos Meios de Transporte, com a

consolidação dos conhecimentos já adquiridos nesta temática e aquisição de novo

vocabulário, assim como a classificação e seriação das suas categorias (marítimos,

aéreos e terrestres). A par desta temática surgirão as profissões, com a identificação e

nomeação das suas principais características, explorando aquelas que fazem parte do

quotidiano das crianças (padeiro, cozinheiro, bombeiro, polícia, etc.). Como

consequência, já perto do final do ano letivo, iremos abordar o tema dos animais,

partindo da profissão do veterinário, revendo os animais da quinta, passando para as

diferentes categorias (da selva, da savana, do mar, etc.).

Em suma, devo ainda referir que todo este trabalho que irá ser realizado ao

longo do ano letivo recorrerá a diversas formas de exploração, entre elas canções,

histórias, observação de imagens, diálogos, etc., tentando com que haja uma

variedade consoante o tema também for variando.

Objetivos / Intenções Pedagógicas

AUTO-CONHECIMENTO E INTERAÇÃO

Reconhece a sua cara quando se encontra diante de um espelho ou numa fotografia (i.e. aponta ou diz o seu nome quando vê uma fotografia onde está, separando-a de outras fotografias)

Usa o seu nome e o de outras pessoas familiares (i.e. "eu sou o João")

Demonstra ter consciência de estar a ser observada pelos outros (i.e. exagera ou repete um comportamento quando nota que alguém a está a ver)

Age de forma como se pensasse que é capaz de fazer tudo (i.e. limpa o chão com uma vassoura grande, "eu faço isso sozinho")

Quando se encontra a brincar sozinho ou com os pares, verifica periodicamente se o adulto se encontra por perto para pedir ajuda ou por segurança (i.e. chama ou olha em redor para verificar a proximidade do adulto)

Usa palavras ou gestos para pedir a ajuda dos adultos que lhe são familiares (i.e. pede aos adultos que lhe são familiares para a ajudarem a alcançar um brinquedo ou para resolver um conflito)

Sob a orientação dos adultos, encontra coisas que são necessárias para realizar uma determinada tarefa (i.e. usa as sugestões do adulto para encontrar peças que faltam num brinquedo ou para realizar uma actividade)

Aproxima-se ou procura por um determinado par para estar perto ou brincar com ele

Envolve-se em actividades de exploração com os pares e em algumas brincadeiras com pares (i.e. Brinca com outras crianças numa caixa de areia, junta-se, de forma espontânea, em pequenas actividades de grupo como brincar às escondidas, andar à volta de outro par)

Demonstra preocupação por outra criança que se encontre a chorar ou muito agitada (i.e. pára de brincar depois de ver outra criança que se magoou)

Começa a partilhar os brinquedos com os pares

Cria actividades de brincar que imitam as actividades de vida diária dos adultos que lhe são familiares (i.e. brinca ao papel de "ser a mama/papa/outra criança", a varrer, a falar ao telefone, a limpar o pó)

AUTO-REGULAÇÃO E ACEITAÇÃO DA DIFERENÇA

Começar a exibir o impulso de se auto-controlar e auto-regular (i.e. diz "não" quando olha para um objecto que sabe que não pode mexer, refreia-se de pisar um livro que está caído no chão)

Quando se lhe pede, antecipa e segue uma sequência de passos para realizar uma tarefa ou actividades de vida diária (i.e. lava as mãos e ajuda a colocar a mesa para as refeições, ajuda a agarrar e arrumar os brinquedos que estão espalhados na hora da arrumação)

Dá-se conta da existência da diferença (i.e. pára quando encontra alguém que é diferente (de outra raça ou etnia)

CAPACIDADES MOTORAS FINAS

Anda de triciclo ou outro brinquedo com rodas e pedais, usando os pedais durante a

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maior parte do tempo

Usa pincéis

Segura objectos com uma mão e manipula-os com a outra (i.e. toca a caixa de música enquanto a segura com a outra, segura a boneca enquanto a penteia, faz rodar a hélice do helicoptero enquanto o segura)

Dobra o cobertor, a fralda de pano ou o papel ou rasga papel

Cria estruturas com blocos ou outros objectos simples (i.e. torres com 9 cubos)

Apanha uma bola em movimento

Derrama o líquido de um jarro ou copo pequeno

COMPETÊNCIAS COGNITIVAS

Usa objectos que lhe são familiares de forma combinada (i.e. boneca na cama, pessoa no carro, colher no prato, come com colher e garfo)

Realiza pequenas peças teatrais com os outros (i.e. "eu sou o bebé e tu a mama", finge que é um animal)

Constrói pequenos puzzles (i.e. completa puzzles de 3 peças simples, usa caixas simples de formas)

COMPETÊNCIAS DE LEITURA E ESCRITA

Identifica pelo nome os objectos ou ações de um livro

Reconhece sinais e símbolos no contexto (i.e. identifica o sinal de stop, identifica o logotipo ou símbolo da caixa de cereais preferida)

Memoriza frases

Interesse em livros e outros materiais escritos

Realiza uma actividade direccionada e adequada quando explora os livros de imagens, as revistas, os catálogos (i.e. vira as páginas no momento adequado, faz sons relacionados com a imagem que está a ver)

Faz rabiscos e escrevinha com lápis e marcadores

Identifica os rabiscos que fez (i.e. diz aos outros o que aqueles rabiscos significam)

COMPORTAMENTOS DE SEGURANÇA

Presta atenção a instruções de segurança (i.e. coopera quando se lhe pede para o fazer, "eu preciso de te segurar a mão enquanto atravesso a estrada")

COMPREENSÃO E EXPRESSÃO DA LINGUAGEM

Compreende uma variedade de pedidos que impliquem a realização de 2 passos ou tarefas simples e consecutivas (i.e. "agarra no livro e traz aqui")

Compreende os nomes de objectos comuns, pessoas familiares, acções ou expressões (i.e. Identifica ou aponta para pessoas, objectos, roupa, brinquedos ou acções quando se diz o nome das mesmas)

Aprende e usa novo vocabulário nas actividades de todos os dias

Combina palavras para fazer sequências simples (i.e. "vou bacio", "quero brincar", "João tem carro")

Pergunta e responde a questões simples (i.e. "vou ao parque?", "onde está mama?")

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CONCEITO DO NÚMERO

Conta até 2 ou 3 (i.e. Recita "um, dois, três")

Imita os outros a cantar pequenas canções ou rítmos

Usa algumas palavras que identificam o número (i.e. pergunta pelo "dois", diz que há "três formigas")

CONCEITOS DA MATEMÁTICA

Combina formas simples em quadros ou jogos de sequências ou puzzles (i.e.círculos, quadrados, triângulos)

Classifica e organiza por grupo os objectos (i.e. duro - mole, grande - pequeno, pesado - leve, por cores, por tamanhos)

Arranja os objectos em linha (i.e. faz uma linha de blocos, de legos)

HÁBITOS SAUDÁVEIS

Lava e seca as mãos sem qualquer apoio do adulto

Usa lenços, de papel ou pano, para limpar o nariz com ajuda do adulto

Tenta novos alimentos que lhe são desconhecidos

INTERESSE EM APRENDER

Explora, de forma independente, o meio ambiente que a rodeia (i.e. procura por um novo brinquedo, vai à caixa dos brinquedos e procura um determinado carro)

Tenta realizar novas actividades, materiais ou equipamento (i.e. demonstra vontade e interesse em experimentar material de arte novo e pouco familiar, novos brinquedos ou instrumentos musicais)

MEDIDA, ORDEM E TEMPO

Enche e esvazia o conteúdo de um contentor (i.e. enche e esvazia um copo de água, uma caixa de areia)

Demonstra interesse em padrões e sequências (i.e. tenta usar ou seguir um determinado padrão com material magnético, botões)

Demonstra compreender a sequência de rotinas diárias (i.e. hora de comer, hora de ir para casa, tempo de estar em grupo, hora de dormir)

MOTRICIDADE GLOBAL

Anda e permanece na ponta dos dedos dos pés

Anda para trás de costas

Sobe escadas segurando-se no corrimão ou com a mão na parede

Apanha uma bola segurando-a com os braços e as mãos

Dá pancadas fortes com intenção e precisão (i.e. Martela objetos, pinos com precisão)

Sobe escadas com alternância

Coloca os pés nos sapatos

Tira os sapatos dos pés

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Conclusão

Em jeito de conclusão, este Projeto Curricular de Sala, para o presente ano

letivo de 2017 / 2018, foi elaborado com consciência, responsabilidade e reflexão pela

minha parte, enquanto Educadora da sala “Magia das Cores”, salvaguardando sempre

a possibilidade de alterações ao longo do ano, consoante as necessidades e interesses

manifestados pelo grupo na sua totalidade e por cada criança em particular.

Nesta linha de pensamento, o presente projeto serve como guia do meu

trabalho enquanto Educadora, tendo como ponto de partida as planificações semanais

e as respetivas avaliações, que vão de encontro aos objetivos propostos para fomentar

o desenvolvimento e crescimento harmonioso e saudável das crianças.

O trabalho pedagógico complementa-se através da participação dos pais que

ao trazerem mais informações para a escola acerca de um projeto a vivenciar, vão

aumentar o interesse das crianças nesse âmbito e assim sendo vão ser mais

participativos, inclusivos e conhecedores do ambiente educativo do seu educando.

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Bibliografia

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