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PROJETO DE PRODUTO: PROPOSTA
DE UMA ALTERNATIVA
SUSTENTÁVEL NA CRIAÇÃO DE UM
MODELO DE FILTRO DE ÁGUA
Luciene Freitas Sousa (UnP)
Adriana Fonseca Mendes (UnP)
Antonia marilene de oliveira matos (UnP)
Maria Rafaela Alves Maia (UnP)
O desenvolvimento de produtos compreende as atividades através das
quais a empresa irá conceber o produto, visando desenvolver as
especificações técnicas e o processo de fabricação e comercialização.
Tendo em vista essas informações o objetivo deste trabalho consiste em
propor um modelo de filtro sustentável de água. Inicialmente, a fim de
verificar a aceitação do produto no mercado, será realizada uma
pesquisa de mercado através de um questionário aplicado a uma
determinada amostra representativa aleatória constituída de mulheres.
Para o projeto e desenvolvimento do produto, seguiu-se neste estudo a
metodologia proposta por Baxter (2000), composta pelas seguintes
etapas: avaliação de conceito, planejamento e especificação,
desenvolvimento, teste e avaliação e por último a liberação do produto.
Após a aplicação da metodologia, pôde-se perceber os requisitos,
validar as concepções e identificar problemas e causas, podendo-se
aprimorar o produto, de modo a torná-lo apto para o mercado
consumidor.
Palavras-chave: Desenvolvimento de produto, inovação e filtro
sustentável.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
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1. Introdução
Para acompanhar a evolução da tecnologia e se sobressair num mercado altamente
competitivo às empresas estão se empenhando na busca por novas alternativas de
competitividade. Sabe-se que uma parcela significativa do sucesso econômico das empresas
está associada às habilidades destas em identificar as necessidades dos clientes e rapidamente
criar produtos que atendam a essas necessidades e que possam ser produzidos a um custo
relativamente baixo.
Nesse sentido, o desenvolvimento de novos produtos é uma importante alternativa para as
organizações continuarem competitivas, sendo descrito como uma série de atividades, cujo
objetivo, é atender as necessidades do cliente por meio de produtos ou serviços (Toni, 1998).
Esse processo refere-se ao conjunto de atividades interdisciplinares que começa com a
percepção da oportunidade de mercado e termina com a produção, venda e entrega de um
produto, passando pelo planejamento, concepção, desenvolvimento do conceito, projeto do
sistema, projeto detalhado, teste, refinamento e produção-piloto (ULRICH; EPPINGER,
2000).
A busca de novas alternativas de competitividade, aliada a crescentes normas e fiscalizações
ambientais estão fazendo com que haja um aumento de pesquisas e estudos direcionados para
o desenvolvimento de produtos que atendam os 03 pilares da sustentabilidade, a saber:
econômico, ambiental e social.
Segundo dados da revista Brasilis (2011), os gestores do Brasil já entendem que a adoção de
soluções sustentáveis e ecológicas, são responsáveis não apenas para melhorar a imagem de
suas empresas, como também para aumentar a competitividade e rentabilidade dos negócios.
Como prova disso, de acordo com a referida revista, pesquisas realizadas pelo instituto Ilos,
revelam que quase metade das empresas brasileiras já possui políticas específicas para o setor
de sustentabilidade.
Neste sentido, o presente estudo tem por objetivo aplicar a metodologia de Baxter (2000)
discutida na disciplina de Projeto de Produto do curso de Engenharia de Produção, para o
projeto e desenvolvimento de um produto inovador e ecologicamente correto de um filtro
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sustentável. O produto é composto basicamente de 02 baldes de manteiga de 15 kg cada, 02
velas filtrantes e 01 torneira.
2. 2. Fundamentação teórica
2.1. Processo de desenvolvimento
Segundo Rozenfeld (2006), desenvolver produtos consiste em um conjunto de atividades por
meio das quais se busca, a partir das necessidades do mercado e das possibilidades e
restrições tecnológicas, e considerando as estratégias competitivas e de produto da empresa,
chegar às especificações de projeto de um produto e de seu processo de produção, para que a
manufatura seja capaz de produzi-lo.
É importante destacar que o Processo de desenvolvimento não é um processo isolado, é um
sistema de integração do fluxo de atividades e informações no desenvolvimento do produto,
num processo de diminuição de incertezas e de produção de conhecimento ao longo de sua
execução, desde a concepção até a descontinuidade do produto (BORNIA; LORANDI, 2006).
Segundo Bornia e Lorandi (2006), o Processo de Desenvolvimento de Produtos envolve
capacidades internas multifuncionais e externas com parcerias, para capacitar a empresa a
gerar inovações que a possibilitam acompanhar a necessidade de crescimento. Ainda de
acordo com os referidos autores para que isso aconteça, é necessário que a empresa vá além
dos limites de suas fronteiras; o envolvimento de parceiros, e até de pesquisadores externos à
empresa, pode contribuir para alavancar o processo de criação na empresa. Em concordância,
Silva (2002) ressalta que muitas empresas erram ao elaborarem a especificação do produto
somente com as pessoas envolvidas nas etapas iniciais do ciclo, o que pode implicar em
aumento de custos e atrasos para o lançamento do produto.
2.2. Metodologia de Baxter
Segundo Baxter (2005, p. 1), “a inovação é um ingrediente vital para o sucesso dos negócios”
e gera uma competição entre as empresas de forma acirrada onde estas procuram introduzir
continuamente novos produtos para que não percam parte do seu mercado. Portanto, o
desenvolvimento de novos produtos é encarado como uma atitude importante, porém
arriscada. Para o sucesso de uma inovação é necessário que se faça um estabelecimento de
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metas, onde se deve verificar se o produto irá satisfazer os objetivos propostos; se será bem
aceito pelo consumidor; se possuirá um custo acessível.
Em relação à inovação, um conceito inerente é identificar oportunidades tecnológicas. Baxter
(2000) afirma que existem muitas formas de identificar as oportunidades tecnológicas, como a
análise de produtos concorrentes; o benchmarking; o monitoramento tecnológico e a previsão
tecnológica.
Baxter (2000, p.3) afirma que “o desenvolvimento de um novo produto não é tarefa simples.
Ele requer pesquisa, planejamento cuidadoso, controle meticuloso e, o mais importante, o uso
de métodos sistemáticos”.
Conforme mencionado por Baxter (2000), No tocante ao mercado, entender as necessidades
dos consumidores é fundamental para identificar, especificar e justificar uma oportunidade de
produto. Isso é feito pela pesquisa das necessidades de mercado, que se baseia em quatro
fontes de informação: capacidade de marketing da própria empresa, pesquisa bibliográfica,
levantamento qualitativos do mercado e levantamentos quantitativos do mercado.
Segundo Baxter (2000), “o planejamento do produto inclui: identificação de uma
oportunidade, pesquisa de marketing, análise dos produtos concorrentes, proposta do novo
produto, elaboração das especificações da oportunidade e a especificação do projeto”. Este
planejamento é uma das etapas mais exigidas do desenvolvimento de novos produtos, pois
nela pode estar o sucesso ou fracasso do investimento.
2.3. Sustentabilidade
Segundo o “World Commission Environment and Development" (WCED, 1987), entende-se
por desenvolvimento sustentável "o desenvolvimento que atende às necessidades do presente
sem comprometer a capacidade das futuras gerações atenderem às suas necessidades”.
O tema sustentabilidade ganhou importância devido a grandes discussões sobre o futuro
ambiental do planeta, realizadas em encontros de repercussão mundial, como a reunião de
Copenhague, em 2009, a Assembleia do Milênio em 2000, o protocolo de Kioto, em 1997, e a
Eco 92, na cidade do Rio de Janeiro.
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A gestão da sustentabilidade em empresas em todo o mundo utiliza como diretriz o Global
Reporting Initiative (GRI). O GRI é um órgão sediado na Holanda e atua de acordo com o
conceito de Triple Bottom Line (tripé da sustentabilidade). O tripé da sustentabilidade é um
conjunto de indicadores embasados nas dimensões econômica, social e ambiental e que visa
determinar o grau de desenvolvimento sustentável da empresa (GARCEZ, et al. 2013).
Segundo o GRI (2008), as dimensões do tripé da sustentabilidade podem assim ser definidas:
Desempenho Ambiental: a dimensão ambiental da sustentabilidade refere-se aos
impactos da organização sobre os sistemas naturais vivos e não-vivos. Os indicadores
dessa categoria abrangem o desempenho relacionado à utilização de insumos (como
material, energia, água) e a produção (emissões, efluentes, resíduos), além de tratarem
temas como biodiversidade, conformidade ambiental e outras relacionadas.
Desempenho Social: a dimensão social da sustentabilidade refere-se aos impactos da
organização nos sistemas sociais nos quais opera. Os indicadores dessa categoria
identificam aspectos de desempenho referentes a diferentes atividades, como práticas
trabalhistas, direitos humanos, sociedade e responsabilidade pelo produto.
Desempenho Econômico: a dimensão econômica da sustentabilidade refere-se aos
impactos da organização sobre as condições econômicas de seus stakeholders e sobre
os sistemas econômicos em nível local, nacional e global. Os indicadores dessa
categoria ilustram o fluxo de capital entre os diferentes stakeholders e os principais
impactos econômicos da organização sobre a sociedade como um todo.
Segundo Scharf (2004), as principais vantagens dos negócios sustentáveis são:
Melhor acesso a mercados com algum tipo de filtro ou critério;
Maior produtividade, em função dos investimentos em eficiência e do maior grau de
aproveitamento da matéria-prima;
Economia nos insumos (matéria-prima, energia, água, tempo);
Garantia de acesso à matéria-prima no longo prazo, por se tratar de materiais
Renováveis;
2.3.1. Reaproveitamento de embalagens
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Os descartes são uma agressão à natureza, desta forma tornou-se necessário um planejamento
reverso do pós-consumo, visando o retorno e a recuperação dos produtos utilizados, visto que
na cadeia comercial, o ciclo dos produtos não termina quando os mesmos são descartados, daí
a importância da reciclagem e do reaproveitamento destes produtos para o meio empresarial,
já que tratam da responsabilidade da empresa sobre o fim da vida de seus respectivos produtos
(Motta 2011).
Esta proposta conforme apontado por Nhan et al. (2003), considera a importância e a
participação das embalagens, considerando a realidade atual do mercado, onde os gastos com
embalagens tem sofrido um incremento muito grande e isto tem tido um reflexo direto no
custo final dos produtos. Devido a este incremento nos gastos, tem surgido uma tendência
mundial da utilização das embalagens retornáveis, reutilizáveis ou de múltiplas viagens, tendo
em vista que o total de resíduos aumenta a cada ano, causando um grande impacto negativo ao
meio ambiente. Mas independente desta tendência, a realidade vivida hoje é da grande
degradação sofrida pelo meio ambiente, decorrente do descarte das embalagens que hoje
ainda, são em sua maioria descartáveis.
Os resultados indicam que por meio do reaproveitamento de embalagens é possível reduzir
custos, além de minimizar os impactos ambientais relacionados à poluição e desperdício de
materiais, proporcionando renda a empresa. Além disso, a mesma obtêm vantagens
competitivas através da utilização de produtos reciclados nos processos produtivos.
2.4. Filtragem
De acordo com FUNASA (2006), os métodos de tratamento de água mais comuns são:
fervura, sedimentação simples, filtração lenta, aeração, correção da dureza, remoção de ferro,
remoção de odor e sabor desagradáveis e desinfecção.
Os métodos possuem diversas finalidades e podem ser utilizados individual ou coletivamente.
Porém, no tratamento de água para o consumo humano várias dessas técnicas devem ser
utilizadas conjuntamente.
De acordo com Richter e Netto (1991), as partículas que não são removidas no processo de
sedimentação, seja por seus pequenos tamanhos ou por terem uma densidade muito próxima a
da água, deverão ser removidas na filtração. É na filtração que todas as partículas em
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suspensão são removidas para que a água atenda aos padrões de potabilidade. O processo
consiste, segundo a FUNASA (2006), em fazer com que a água passe através de um meio
granular para remoção das impurezas físicas, químicas e biológicas. O filtro mais utilizado é o
filtro de areia, por causa, principalmente, do baixo custo. Este tipo de filtro possui uma
camada de areia através da qual a água atravessa e deixa as impurezas. A quantidade de filtros
de uma ETA é determinada pela demanda de água e pelos fatores econômicos (RICHTER E
NETTO, 1991).
3. Metodologia
A metodologia utilizada para o PDP do produto é baseada no modelo elaborado por Baxter
(2000). O autor propõe uma metodologia de maior ênfase com relação às etapas
correspondentes ao pré-desenvolvimento e desenvolvimento do produto.
O processo é segmentado em cinco fases distintas e estar ilustrado na Figura 1.
Oportunidade de negócio e especificações do projeto: Na primeira fase será
verificada à oportunidade de fazer filtros que seriam ecologicamente corretos e ao
mesmo tempo possuíssem preço bastante acessível, ou seja, que atendesse todas as
classes sociais. Em seguida são analisados o mercado e o potencial consumidor no
intuito de identificar um ponto de inserção e possíveis características do produto;
Projeto conceitual: Após um criterioso e bem elaborado planejamento e a
especificação da oportunidade, inicia-se o projeto conceitual para geração de muitos
conceitos. Alguns conceitos são pré-selecionados e analisados segundo alguns
critérios, mas não são verificadas aqui restrições práticas. Feito isso, faz-se um novo
planejamento para as próximas etapas, atribuindo tarefas a cada membro da equipe de
desenvolvimento e cronograma;
Projeto de configuração: Nesta fase verificou-se os conceitos trabalhados, gerando-
se alternativas;
Figura 1 – Modelo de Baxter (2000)
Fonte: Adaptado de Baxter, 2000
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Projeto detalhado: Sendo aprovado, passa-se para o detalhamento, através de
desenhos do produto e seus componentes, e a construção de um protótipo
experimental. Nessa etapa é definido o detalhamento final dos componentes,
montagem do produto, e é possível efetuar testes físicos ou de funcionamento do
produto junto aos seus potenciais usuários/consumidores (teste qualitativo);
Projeto de fabricação: Uma vez acertados os detalhes, é confeccionado, em alguns
casos, um protótipo de produção onde serão definidos os parâmetros para o processo
de produção na indústria. A aprovação desse modelo ou protótipo final encerra o
processo de desenvolvimento do produto em questão. A partir desse ponto, começa-se
a produção e o lançamento do produto no mercado.
4. Processo de desenvolvimento do produto
Às vezes, as tecnologias mais simples têm um maior impacto na vida das pessoas. Tomamos
como exemplo o nosso produto ecologicamente correto: Filtro Sustentável.
A seguir será detalhado todo o processo que gerou o desenvolvimento do produto
anteriormente citado.
Oportunidade de negócio e especificações do projeto
São frequentes os casos de invenções tecnológicas lançadas no mercado ausentes de
instruções de suas formas de descarte. Isso porque a preocupação em primeiro lugar de muitas
organizações é o lucro imediato. De forma que as questões ambientais na maioria das vezes só
são analisadas devido à fiscalização de ONG’s e governos que costumam ser rigoroso quando
na aplicação de penalidades. Diante de tal descaso, é enorme a quantidade de “lixo reciclável”
acumulado em aterros sanitários, poluindo os rios, lençóis freáticos e oceanos, além de
doenças causadas por toxicação.
Especificamente no caso dos plásticos - termoplástico polipropileno, objeto de estudo do
presente trabalho, segundo dados do instituto Ecofaxina coletados no período de 2008 a 2013,
estima-se que 46.000 peças deste material estejam flutuando em cada milha quadrada de
oceano, sendo que 70% vão para o fundo. Ainda de acordo com o referido site algumas
estimativas alarmantes são:
Quase 90% de todos os detritos marinhos são formados por plástico. Escalarmente, o
plástico supera o zooplâncton em 6:1 em algumas regiões.
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Os plásticos não são biodegradáveis. Eles se mantêm ao longo dos séculos no meio
ambiente decompondo-se lentamente em pequenos fragmentos de plástico e por
último em pó.
De acordo com os supracitados dados se pode até pensar que os referidos materiais não
apresentam mais nenhum valor para a economia. Tal pensamento é totalmente equivocado. É
o que afirma o site Isto é dinheiro em uma matéria de 2011, quando diz que durante muito
tempo, os brasileiros jogou no lixo, literalmente, uma montanha de dinheiro, estimada em R$
8 bilhões por ano (site Istoédinheiro, 2011).
Em se tratando do reaproveitamento e reciclagem do plástico, algumas de suas características,
o destacam no âmbito da sua viabilidade econômico-financeira. A saber, a sua
disponibilidade. Segundo ainda o instituto Ecofaxina (2008-2013) uma pessoa utiliza em
média cerca de 120 quilos de plástico por ano. De acordo com a Comissão Brundtland (2002)
aproximadamente 48% dos materiais acumulados em lixões são passíveis de reciclagem,
sendo que o percentual de plásticos e correlatos fica em 12% dessa totalidade. Além do fator
positivo disponibilidade, ainda há vários outros, que viabilizam o processo de
reutilização/reciclagem do plástico, são eles:
É um material leve;
É flexível e maleável;
É durável;
É reutilizável;
É reciclável.
Os fatores que dificultam a reciclagem e, portanto contribuem mais ainda para a reutilização
do termoplástico polipropileno, de acordo com Cerqueira (2007), são:
Alta competitividade com o preço da matéria-prima virgem;
Ausência de sistema eficiente de coleta e limpeza urbana;
Diminuição do peso molecular quando na reciclagem mecânica.
Diante de tais informações, viu-se no reaproveitamento do polipropileno uma oportunidade de
negócio. Para a reutilização do mesmo, buscou-se uma alternativa de grande uso. Para tanto
recorreu-se ao método Brainstorming. O processo proíbe críticas durante sua execução. O
tema “inovação de grande aplicação para uso do polipropileno” foi definido pelo líder e os
membros começaram a gerar ideias sobre o mesmo, a secretária, tomou notas das ideias. Em
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uma segunda etapa estas ideias foram refinadas e houve a escolha de uma ideia final. A ideia
escolhida foi referente a um filtro de água, constituído basicamente de 02 baldes de manteiga
de 15 kg descartados pelas indústrias de alimentos.
O objetivo do referido filtro é reter possíveis partículas (como areia, barro, ferrugem, poeira e
outros sedimentos), retirar o excesso de cloro presentes na água e manter o controle
microbiológico, fornecendo assim uma água leve, pura, cristalina, a um baixo custo para todas
as pessoas, independente de suas classes sociais.
O filtro será sustentável. Para tanto ele terá que atender aos 03 pilares da sustentabilidade:
ambiental, econômico e social. O aspecto ambiental será atendido já que a cada filtro
produzido, 7,2 kg de plástico (quantidade necessária para se fabricar 02 baldes de 15 kg) não
serão descartados no meio ambiente, o que irá reduzir a poluição e emissão de gases
prejudiciais à saúde. Em atendimento ao aspecto social, os trabalhadores envolvidos na
produção dos filtros sustentáveis terão salários justos adequados à legislação trabalhista, além
de desfrutarem de um ambiente de trabalho agradável, adequado a sua saúde e bem-estar.
Pensando-se no bem-estar da comunidade, o objetivo do filtro se adequa bem a este quesito, já
que visa proporcionar água potável a todas as classes sociais a um baixo custo. Sob a ótica do
aspecto econômico, a produção e distribuição do filtro sustentável visará o equilíbrio entre a
geração de lucro e a preservação do meio ambiente.
Para a verificação da aceitabilidade do produto no mercado foi realizada uma pesquisa de
mercado através da aplicação de um questionário a uma determinada amostra representativa
aleatória constituída de mulheres. De acordo com o último Censo Demográfico, realizado em
2010, a população de mulheres de Mossoró era de 134.192. Para o cálculo da amostra
utilizou-se as seguintes equações:
Nas equações acima, n0 trata-se da primeira aproximação do tamanho da amostra;
E0 representa o erro amostral tolerável; N indica o número de elementos da população; e n
representa o tamanho da amostra.
Dessa forma para a população de 134.192 mulheres e erro amostral tolerável de 10%, temos
que o tamanho da amostra deve ser aproximadamente de 100 mulheres.
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O público-alvo escolhido foi devido a estas serem as principais interessadas e consumidoras
de utensílios domésticos. A coleta dos dados ocorreu no centro da cidade de Mossoró (RN),
tendo em vista que o referido local concentra moradoras de diversos bairros da cidade. De
início a produção dos filtros sustentáveis dar-se-á de forma caseira, sendo os próprios sócios
responsáveis diretamente pela produção, distribuição e comercialização do produto. A
produção dos filtros ocorrerá de forma empurrada e também por encomenda. Os pontos de
coleta dos baldes de polipropileno serão nas indústrias de alimentos, como panificadoras,
restaurantes e pizzarias. O transporte de tais insumos será realizado pelos próprios sócios. A
compra de outros insumos necessários para a confecção dos filtros, como torneiras, velas e
tintas ocorrerá na própria cidade já mencionada. Quanto à comercialização, esta tanto poderá
ocorrer a varejo, como a atacado. Os sócios também realizarão contratos junto aos
supermercados, para uma maior divulgação dos seus produtos. Os produtos também serão
divulgados através de site próprio na internet.
Projeto conceitual
Nesta fase do projeto realizou-se o esboço de várias configurações, bem como a comparação
entre elas. As configurações incluíram filtros produzidos com vários tamanhos de baldes e
uma torneira. Foi justamente nesta fase do projeto que a configuração básica do produto foi
escolhida, a saber, dois baldes de 15 kg cada, uma torneira e duas velas. Isso se deu devido ao
atendimento a certos requisitos, como:
Maior capacidade de armazenamento de água;
Simplicidade do manuseio;
Maior eficiência no processo de filtração da água;
Facilidade na limpeza.
Nesta fase do projeto também ocorreu a geração de novos conceitos relacionados a
informações técnicas, como cores e demais características inerentes ao produto. As cores
sugeridas são as padronizadas pela indústria de eletrodomésticos, a saber: branco, preto,
laranja e verde. As embalagens do produto sugeridas serão de material reciclável. Os
conceitos foram selecionados e analisados. Além disso, elaborou-se um novo planejamento
para as próximas etapas, elaborando-se um cronograma das atividades.
Quadro 1 – Cronograma de Execução do projeto
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Atividade/Datas 03/mar 06/mar 10/mar 13/mar 17/mar 20/mar 24/mar 27/mar
Análise do Problema
Geração de idéias
Definição de Mercado
Planejamento Projeto
Geração de Alternativas
Atributos do produto
Seleção e adequação
Subsistemas e Componentes
Processos Produtivos
Execução e Entrega do projeto
Março
Como pode-se verificar no Quadro 1, a data escolhida para início do desenvolvimento da
atividade foi o dia 03 de Março. O prazo final para execução e entrega do projeto é o dia 27
de Março.
Projeto de configuração
Nesta etapa do projeto discutiu-se as formas de fabricação do produto. Aqui foi determinado o
passo-a-passo de fabricação do filtro, incluindo procedimentos que abrangem desde a
montagem e limpeza até a embalagem do produto. O procedimento de fabricação do filtro,
como já mencionado é bem simples.
Segue abaixo na Figura 02 o fluxograma utilizado pela empresa:
Fonte: Autoria própria, 2014
Figura 2 – Fluxograma do processo produtivo
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INÍCIO
Efetuar a limpeza das partes internas e externas dos
baldes de manteiga (deixar secar naturalmente)
FIM
Com o auxílio de uma furadeira, efetuar furos nas
partes de contato entre os dois baldes
Proceder com o encaixe das velas
Com o auxílio da furadeira, realizar um furo no balde
inferior para o encaixe da torneira
Com o auxílio de uma lixa manual lixar levemente toda
a superfície externa do filtro, incluindo a tampa
Utilizar uma flanela e álcool para retirar todo o pó da
superfície externa
Efetuar a pintura em toda a área externa do filtro
utilizando tinta sintética tradicional e rolo de lã manual
(deixar secar livremente)
Higienizar toda a estrutura interna do filtro com uma
solução de 5L de água e uma colher de água sanitária
Embalar o produto
Nesta
etapa do
projeto
também
foram
Tabela 1 – Problemas e suas causas no filtro de água
Fonte: Autoria própria, 2014
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elencados os possíveis problemas que podem ocorrer quando na utilização do filtro, bem
como as suas causas. Segue os referidos problemas e suas possíveis causas na Tabela 1.
Problemas Causas
Fissuras no filtro Fotodegradação e rachadura por
fadiga/ Ação de agentes mecânicos
Vazamento de água Fotodegradação e rachadura por
fadiga/ Ação de agentes mecânicos
Gosto ruim da água Filtros sujos
Vazamento de água pelas
torneiras ou impossibilidade
de saída de água
Mal encaixe da torneira/Falha na
vedação;
Projeto detalhado
Para a configuração aprovada, nesta etapa, efetuou-se o detalhamento do produto. Os sistemas
bem como o detalhamento dos seus componentes se encontram na Figura 3.
De acordo com a Figura 2, os materiais necessários para a fabricação dos filtros sustentáveis
são:
02 baldes;
02 velas (ou a quantidade da sua preferência/necessidade);
01 torneira.
Fonte: Autoria própria, 2014
Figura 3 – Estrutura detalhada do filtro sustentável
Fonte: Autoria própria, 2014
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Conforme a Figura 4 pode-se verificar que o filtro é constituído de 02 baldes de manteiga de
15 kg cada. A torneira é acoplada ao balde inferior. No interior do balde superior são afixadas
02 velas, para uma melhor filtração.
As cores definidas para o filtro sustentável são padrões, a saber, branco, preto, laranja e verde.
Contudo, nada impede de que dependendo da encomenda, o produto possa ter outra
cor/textura diferente das já mencionadas. As caixas para embalagem do produto serão
constituídas de material reciclável e adquiridas de terceiros.
Com vistas a verificar a adequação do modelo aos requisitos especificados desenvolveu-se um
protótipo, através do qual realizou-se testes de funcionamento. O produto mostrou-se
adequado as especificações e apto para a sua comercialização no mercado consumidor.
5. Conclusão
O princípio da sustentabilidade é satisfazer as necessidades individuais, porém mantendo e
conservando a preservação do meio ambiente e a promoção do desenvolvimento humano
Fonte: Autoria própria, 2014
Figura 4 – Esboço da configuração do filtro sustentável
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(KOHLRAUSCH, 2003). Sabe-se que o tema sustentabilidade tem apresentado grande
repercussão em um cenário de busca pela inovação como alternativa de competitividade. Não
obstante, o presente artigo se propõe a desenvolver um filtro de água, que atenda aos pilares
da sustentabilidade, a saber, econômico, ambiental e social.
Para tanto optou-se pela utilização da metodologia de Baxter (2000) que visa o conhecimento
e aplicação das etapas necessárias para o projeto e desenvolvimento de produtos.
Na etapa de oportunidade de negócio e especificações do projeto viu-se no reaproveitamento
do polipropileno uma oportunidade de negócio. Ainda nesta etapa, realizou-se um
Brainstorming com o intuito de se obter a concepção do produto. Posteriormente, aplicou-se
um questionário a uma determinada amostra representativa de mulheres, a fim de se verificar
a aceitabilidade do filtro no mercado. A configuração básica do filtro foi definida na etapa do
projeto conceitual. As formas de fabricação do mesmo, bem como, os possíveis problemas
que poderiam ocorrer quando na sua utilização, foram discutidos e definidos na etapa do
projeto de configuração do produto. Por último, desenvolveu-se um protótipo com o
detalhamento do filtro na etapa do projeto detalhado. Nesta etapa, o filtro mostrou-se
adequado as especificações do projeto e apto para a sua comercialização no mercado.
A aplicação da metodologia supracitada permitiu o planejamento do filtro sustentável. O
planejamento se constitui como uma das etapas mais exigidas do desenvolvimento de novos
produtos, pois é nela que pode estar o sucesso ou fracasso do investimento (BAXTER, 2000).
Com o estabelecimento dos requisitos, validação das concepções e identificação dos
problemas e causas, pôde-se então aprimorar o referido produto, de modo a torná-lo apto para
o mercado consumidor, gerando renda e sendo viável do ponto de vista ambiental e social.
REFERÊNCIAS
BAXTER, Mike R. “Projeto de produto: guia prático para o design de novos produtos”. 2 ed. São Paulo:
Blucher, 2000.
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