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II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007 V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas ISSN 1981-6251, p. 283-290 L. M. O. Barros; M. M. S. Decanini PROJETO DE UM ATLAS ESCOLAR INTERATIVO LÍGIA MANCCINI DE OLIVEIRA BARROS MÔNICA MODESTA SANTOS DECANINI Universidade Estadual Paulista - Unesp Faculdade de Ciências e Tecnologia - FCT Departamento de Cartografia, Presidente Prudente - SP [email protected] , [email protected] RESUMO – Este trabalho apresentada uma metodologia aplicada para o projeto cartográfico do Atlas Escolar Eletrônico Interativo, cuja finalidade é auxiliar os professores da rede de ensino básico na Educação Cartográfica. O projeto cartográfico consiste em: análise da demanda do usuário, projeto de composição geral (incluindo a modelagem de dados geográficos), projeto gráfico e de interface. A modelagem do banco de dados geográficos foi baseada na abordagem Geo-OMT a fim de sistematizar o entendimento acerca de objetos e fenômenos do mundo real, de forma que estes sejam convenientemente representados em um sistema informatizado. O Atlas foi implementado utilizando o Microsoft Visual Basic v.6.0 e ESRI MapObjects v.2.1. Os recursos de animação utilizados foram criados com Macromedia Flash Mx 2004 Educational version. Os recursos da Cartografia Multimídia tais como animação, interatividade e hiperlinks, podem adaptar o Atlas Escolar aos interesses dos alunos e sua experiência. Além disso, estes recursos podem contribuir para o aumento da eficiência no ensino da Geografia. ABSTRACT – This paper presents a methodology applied to Interactive Eletronic School Atlas cartographic design, in order to guide teachers in Cartography Education. The cartographic design consists in: user demand analyses, general composition design including the geographic data modeling, graphic and interface design. The Geographic data base modeling is based on Geo-OMT approach in order to systemize the comprehension about the real world objects and phenomena, so that those can be suitably represented in an information system. The Atlas was implemented in Microsoft Visual Basic v.6.0 and ESRI MapObjects v.2.1. The animation resource used was created with Macromedia Flash Mx 2004 Educational version. Cartography multimedia resources, like animation, interactivity and hyperlinks, can help to customize School Atlas to the students’ interest and experience. Furthermore, these resources can increase the efficiency of Geography teaching. 1. INTRODUÇÃO O conhecimento espacial e o desenvolvimento do pensamento crítico sobre o espaço e seus atributos físicos (produção rural, população, circulação etc) são de grande importância para o desenvolvimento da sociedade, justificando assim a inclusão da representação espacial no currículo escolar. Entretanto, para a compreensão da organização espacial da sociedade, torna-se necessário o conhecimento de conceitos cartográficos para entendimento das representações espaciais (ALMEIDA, 2001). Neste contexto, desenvolveu-se um Atlas Escolar provido de estratégias cognitivas com o intuito de orientar tanto o professor no ensino dos conceitos cartográficos, quanto o aluno na construção de seu conhecimento geográfico, cartográfico e ambiental. Por ser desenvolvido em ambiente digital, o Atlas oferece recursos de interatividade e animação, a fim de facilitar o aprendizado, já que existe um interesse muito grande e maior familiaridade das crianças com este ambiente de trabalho. 2. PROJETO CARTOGRÁFICO DO ATLAS ELETRÔNICO ESCOLAR INTERATIVO A metodologia para o desenvolvimento do Atlas Escolar Interativo consiste de duas etapas principais (Figura 1). A primeira etapa trata-se do Projeto Cartográfico, que se constitui dos seguintes procedimentos: análise da demanda do usuário, projeto de composição geral (variáveis interdependentes), elaboração do modelo de dados geográficos baseado na abordagem GEO-OMT, e Projeto gráfico e de interface. A segunda etapa consiste na Implementação do Aplicativo (produção) que implica na aquisição e implementação da base de dados geográficos, cujas especificações foram definidas na etapa anterior, e na concepção do protótipo do Atlas Escolar Interativo, incluindo as tarefas educacionais.

PROJETO DE UM ATLAS ESCOLAR INTERATIVOdocs.fct.unesp.br/departamentos/cartografia/eventos/2007_II_SBG/... · (adaptado de PASSINI, 1995, ... (KEATES, 1989 adaptado por DECANNI e IMAI,

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II Simpósio Brasileiro de Geomática Presidente Prudente - SP, 24-27 de julho de 2007V Colóquio Brasileiro de Ciências Geodésicas ISSN 1981-6251, p. 283-290

L. M. O. Barros; M. M. S. Decanini

PROJETO DE UM ATLAS ESCOLAR INTERATIVO

LÍGIA MANCCINI DE OLIVEIRA BARROS MÔNICA MODESTA SANTOS DECANINI

Universidade Estadual Paulista - Unesp

Faculdade de Ciências e Tecnologia - FCT Departamento de Cartografia, Presidente Prudente - SP

[email protected], [email protected]

RESUMO – Este trabalho apresentada uma metodologia aplicada para o projeto cartográfico do Atlas Escolar Eletrônico Interativo, cuja finalidade é auxiliar os professores da rede de ensino básico na Educação Cartográfica. O projeto cartográfico consiste em: análise da demanda do usuário, projeto de composição geral (incluindo a modelagem de dados geográficos), projeto gráfico e de interface. A modelagem do banco de dados geográficos foi baseada na abordagem Geo-OMT a fim de sistematizar o entendimento acerca de objetos e fenômenos do mundo real, de forma que estes sejam convenientemente representados em um sistema informatizado. O Atlas foi implementado utilizando o Microsoft Visual Basic v.6.0 e ESRI MapObjects v.2.1. Os recursos de animação utilizados foram criados com Macromedia Flash Mx 2004 Educational version. Os recursos da Cartografia Multimídia tais como animação, interatividade e hiperlinks, podem adaptar o Atlas Escolar aos interesses dos alunos e sua experiência. Além disso, estes recursos podem contribuir para o aumento da eficiência no ensino da Geografia. ABSTRACT – This paper presents a methodology applied to Interactive Eletronic School Atlas cartographic design, in order to guide teachers in Cartography Education. The cartographic design consists in: user demand analyses, general composition design including the geographic data modeling, graphic and interface design. The Geographic data base modeling is based on Geo-OMT approach in order to systemize the comprehension about the real world objects and phenomena, so that those can be suitably represented in an information system. The Atlas was implemented in Microsoft Visual Basic v.6.0 and ESRI MapObjects v.2.1. The animation resource used was created with Macromedia Flash Mx 2004 Educational version. Cartography multimedia resources, like animation, interactivity and hyperlinks, can help to customize School Atlas to the students’ interest and experience. Furthermore, these resources can increase the efficiency of Geography teaching.

1. INTRODUÇÃO

O conhecimento espacial e o desenvolvimento do pensamento crítico sobre o espaço e seus atributos físicos (produção rural, população, circulação etc) são de grande importância para o desenvolvimento da sociedade, justificando assim a inclusão da representação espacial no currículo escolar. Entretanto, para a compreensão da organização espacial da sociedade, torna-se necessário o conhecimento de conceitos cartográficos para entendimento das representações espaciais (ALMEIDA, 2001).

Neste contexto, desenvolveu-se um Atlas Escolar provido de estratégias cognitivas com o intuito de orientar tanto o professor no ensino dos conceitos cartográficos, quanto o aluno na construção de seu conhecimento geográfico, cartográfico e ambiental. Por ser desenvolvido em ambiente digital, o Atlas oferece recursos de interatividade e animação, a fim de facilitar o aprendizado, já que existe um interesse muito grande e

maior familiaridade das crianças com este ambiente de trabalho.

2. PROJETO CARTOGRÁFICO DO ATLAS ELETRÔNICO ESCOLAR INTERATIVO

A metodologia para o desenvolvimento do Atlas Escolar Interativo consiste de duas etapas principais (Figura 1). A primeira etapa trata-se do Projeto Cartográfico, que se constitui dos seguintes procedimentos: análise da demanda do usuário, projeto de composição geral (variáveis interdependentes), elaboração do modelo de dados geográficos baseado na abordagem GEO-OMT, e Projeto gráfico e de interface. A segunda etapa consiste na Implementação do Aplicativo (produção) que implica na aquisição e implementação da base de dados geográficos, cujas especificações foram definidas na etapa anterior, e na concepção do protótipo do Atlas Escolar Interativo, incluindo as tarefas educacionais.

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Figura 1: Metodologia para a construção do Atlas Escolar Interativo 2.1 Análise da demanda do usuário

A análise de demanda do usuário consiste no levantamento de informações que auxiliarão o cartógrafo a direcionar sua aplicação, de tal forma que possa atender às expectativas do usuário (KOLACNY, 1977).

Considerou-se inicialmente que o Atlas proposto, de acordo com seu objetivo, deve em primeiro plano auxiliar na formação dos alunos quanto às habilidades cognitivas necessária à leitura eficiente de mapas. O Atlas deve, portanto, prover estratégias necessárias para que o aluno possa compreender a informação. Sendo assim, foi realizado um estudo teórico sobre o desenvolvimento cognitivo das crianças a fim de determinar a faixa-etária mais propícia à aprendizagem dos conceitos básicos da cartografia definidos nos Parâmetros Curriculares de Geografia (simbolização, projeção, perspectiva e escala).

A Tabela 1 apresenta as relações cartográficas construídas no fim do período Operatório Concreto e início do período Operatório Formal, que segundo Piaget (1967) abrange a faixa-etária entre 10 e 12 anos.

Tabela 1 – Operações mentais preparatórias para leitura eficiente de mapas na transição do período Operatório Concreto para o Formal. (adaptado de PASSINI, 1995, p.39).

Operações mentais Relações espaciais Orientação do corpo Descentração espacial Coordenação de pontos de vista Conservação da forma

Relações topológicas já construídas; construção das relações projetivas (orientação, projeção e coordenadas)

Verticalidade Horizontalidade Proporcionalidade

Início da construção das relações euclidianas (Escala)

Além disso, foram analisados livros didáticos de

geografia de 5ª e 6ª séries, determinando assim os conceitos cartográficos a serem abordados no Atlas: direções cardeais e coordenadas geográficas para identificar a posição de feições, interpretação de símbolos, conceitos de escala e sua utilização, projeções

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cartográficas e as formas de representação da Terra, análise da distribuição de dados, comparação de diferentes mapas e espacialização das relações sociais.

Vale ressaltar que o Atlas Escolar Interativo foi inserido no projeto “Pelos Caminho das Águas”, que vem sendo desenvolvido pelo CBH-AP (Comitê de Bacias Hidrográficas dos rios Aguapeí e Peixe) em parceria com a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (FCT/unesp). Portanto o Atlas deve também introduzir alguns conceitos e valores de educação ambiental e conscientização ecológica, tendo por base o manual de práticas pedagógicas em educação ambiental, desenvolvido pelo próprio CBH-AP. Dessa forma pretende-se enfatizar a questão das águas e da conservação ambiental, utilizando mapas em diversas escalas desde a escala mundial até a escala regional no nível das Bacias Hidrográficas do rio Aguapeí e do Rio peixe.

Por fim, o produto deverá permitir ao usuário interagir intuitivamente com o mapa, e a interface deve se adequar às denominações e procedimentos habituais do usuário. A linguagem utilizada nos textos que compõem o Atlas Escolar Interativo deverá ser simples, evitando termos técnicos. Além disso, uma base de dados deverá ser utilizada, pois é nela que serão armazenados toda a informação de natureza espacial e seus atributos (imagens, vídeos e textos). 2.2 Projeto da Composição Geral

As variáveis interdependentes (área geográfica, informação, projeção e escala, formato da apresentação dos dados) devem ser definidas com base em um propósito e a decisão tomada sobre uma afeta a outra (KEATES, 1989), como ilustra a Figura 2.

Figura 2 – Variáveis interdependentes do projeto cartográfico. (KEATES, 1989 adaptado por DECANNI e IMAI, 2001).

Sempre levando em conta o propósito do mapa, a

decisão da área geográfica é definida em primeira instância, pois não se pode considerar qualquer mapa até que esta seja conhecida. Com relação à informação, se já existe, o mapa será em função da representação cartográfica, senão a informação relevante ao tema deve ser coletada. A escolha da escala controlará a quantidade de detalhes que poderão ser mostrados e o formato será

em função do tamanho necessário do mapa para cobrir a área naquela escala (KEATES, 1989). Área Geográfica

Neste projeto, as regiões geográficas definidas

para os diversos níveis de representação foram: mundo, continente, país, estado, Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI’s) e cidade de Presidente Prudente. As UGRHII’s utilizadas são as referentes às Bacias Hidrográficas do Rio Aguapeí (UGRHI 20) e Peixe (UGRHI 21) que estão localizadas na região oeste do Estado de São Paulo (Figura 3).

Figura 3 – Distribuição das UGRHI’s no Estado de São Paulo com destaque para a localização das UGHRI’s 20 e 21 em amarelo Escala Cartográfica

A escala cartográfica para cada área geográfica

(Tabela 2) foi definida considerando a configuração mínima da mídia (monitor de 15’, resolução de 800 X 600 pixels), e área útil destinada ao mapa nas telas do Atlas nessa configuração (670 X 470 pixels).

Tabela 2 – Escalas cartográficas associadas a cada escala geográfica

Escala Geográfica Escala Cartográfica Brasil 1:40.000.000

São Paulo 1:7.500.000 UGRHI’s 20 e 21 1:1.900.000

UGRHI 20 1:1.600.000 UGRHI 21 1:1.600.000

Presidente Prudente De 1:1.000 a 1:200.000

Formato

Os dados serão apresentados em formato digital, distribuído em CD’s, sendo necessária uma instalação do programa em cada computador que for utilizá-lo. No CD de distribuição do Atlas não consta o código fonte e para sua instalação é requerida a seguinte configuração de mídia: processador de 1GHz ou superior, memória RAM de 256MB ou superior, monitor de no mínimo 15’, placa de vídeo de 8 MB, sistema operacional Windows XP.

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Informação

As características da informação geográfica que serão representadas no mapa foram organizadas na Tabela 3 e implicam no domínio em que as classes e temas são

definidos, nas dimensões espaciais (pontual, linear e de área) para a representação das feições e seus níveis de medida que podem ser: qualitativo (≠), ordenativo (O) e quantitativo (Q).

Tabela 3 – Organização e classificação da informação

Nível de representação

Classe geográfica Domínio Dimensão

espacial Nível

medida

Continente <Sub-Classe> América; Europa; Ásia; África; Oceania <Nome> Área ≠ Mundo

Oceano <Nome> Área - País <Nome> Área - Continente

(América do Sul) Oceano <Nome> (Oceano Atlântico e Pacífico) Área - Estado <Nome> Área - Oceano <Nome> (Oceano Atlântico) Área - Região geo-política

<Sub-Classe> Região Norte; Nordeste; Sudeste; Centro-Oeste; Sul <Nome> Área ≠

Cobertura vegetal

<Sub-Classe> Floresta Tropical; Cerrado; Caatinga; Pampas; Floresta de Araucária Área ≠

País (Brasil)

Clima <Sub-Classe> Equatorial; Tropical; Litorâneo Úmido; Subtropical; Tropical Semi-árido Área ≠

Oceano <Nome> (Oceano Atlântico) Área Curso d'agua <nome> Linha Hidrografia Lago / represa <nome> Área -

Cidade <Sub-Classe> Sede administrativa; Capital estadual <Nome> Ponto Q

<Sub-classe> mesma atribuída para o nível do País <Sub-Classe> única: Vegetação nativa (presença ou ausência) Área ≠ Cobertura

vegetal <Sub-Classe> % de vegetação nativa / área (UGRHI ou Região Administrativa): 0% a 30%; 31% a 50%; 51% a 70%; 71% a 90%; 91% a 100%

Área Q

Clima <Sub-Classe> mesma atribuída para o nível do País Área ≠ Relevo <Sub-Classe> Mapa hipsométrico Área Q Solo <Sub-Classe> Ocupação: urbana; rural; sem ocupação Área ≠

Estado (São Paulo)

Unidade de conservação

<Sub-Classe> Parque; Área de proteção ambiental (APA); Floresta nacional; Área indígena; Outros

<Nome> Ponto / Área ≠

Região administrativa <Nome> Área -

Município <Nome> Área - Curso d'agua <Nome> Linha ≠ Lago / represa <Nome> Área Hidrografia Nascente Ponto

-

Cidade <Sub-Classe> mesma atribuída para o nível do Estado <Nome> Área /

Ponto Q

Cobertura vegetal <Sub-Classe> mesma atribuída para o nível do Estado Área ≠/Q

<Sub-Classe> lançamento de esgoto nos rios: Esgoto urbano; Esgoto industrial Linha ≠ Saneamento

básico <Sub-Classe> índice de qualidade da água (IQA): Ruim; Aceitável; Bom Linha O

Unidade de conservação

<Sub-Classe> mesma atribuída para o nível do Estado <Nome> Ponto /

Área ≠

Bacia Hidrográfica (UGRH 20 e 21)

Via <Sub-Classe> Rodovia principal; Rodovia secundária; Ferrovia <Nome> Linha O

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Curso d'agua <Nome> Linha Hidrografia

Lago / represa <Nome> Área -

Avenida <Nome> Área ≠ Rua <Nome> Linha ≠ Rede Viária Quadra Área -

Cobertura vegetal <Sub-Classe> mesma atribuída para o nível do Estado Área Q

Cidade (Presidente Prudente)

Pontos de referência

<Sub-Classe> Delegacia, Hospital, Escola, Igreja Matriz, Banco, Praça, Parque, Shopping, Faucldade

<Nome> Ponto / Área ≠

2.3 Modelo de dados geográfico

Um modelo de dados busca representar, em um sistema informatizado, as várias relações que envolvem objetos e fenômenos no mundo real. Devido à complexidade que envolve esta representação e às limitações dos Sistemas de Gerenciamento de Banco de Dados (SGDB), deve-se recorrer à uma representação simplificada, porém adequada às finalidades da aplicação. Este processo de modelagem dos dados é de grande importância para o desenvolvimento de um aplicativo. Modelos conceituais de dados geográficos têm por finalidade sistematizar o entendimento acerca de objetos e fenômenos do mundo real, de forma que estes sejam representados de forma conveniente em um sistema informatizado.

A modelagem de dados geográficos foi feita baseando-se na abordagem Geo-OMT, de acordo com a tabela de classificação das informações (Tabela 2). Para tanto foi formulado um diagrama de temas que é apresentado na Figura 4.

O modelo Geo-OMT se destaca por atender quase a totalidade dos requisitos de aplicações geográficas, além de ser o único que diferencia explicitamente as relações espaciais das simples, além de possibilitar o

estabelecimento de regras de integridade espacial associadas às primitiva de representação, o que também não é considerado nos outros modelos (BORGES e DAVIS, 2003). O modelo Geo-OMT é baseado em três conceitos principais: Classe (convencional ou geográfica), Relacionamentos (simples, espacial ou em rede) e Restrição de Integridade (dependência espacial, continência, generalização espacial, disjunção, conectividade, associação espacial ou regras de geo-campo).

Além destes conceitos, o modelo Geo-OMT possui outras representações de grande utilidade para o banco de dados geográficos. Como, por exemplo, a generalização (variação da representação espacial da entidade geográfica conforme a escala) e a agregação (caso especial no qual são explicitados relacionamentos topológicos “todo-parte”). Diferentemente de outros modelos, o modelo Geo-OMT adota o conceito de temas (assuntos) e não o de camada ou layers. Em aplicações geográficas, geralmente, há uma grande quantidade de temas, por isso constrói-se o diagrama de temas a fim de facilitar a visualização dos diversos níveis de informação envolvidos na aplicação, favorecendo o incremento do nível de abstração.

Figura 4 – Diagrama de temas da modelagem Geo-OMT para o Atlas Escolar Interativo

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2.4 Projeto Gráfico e de Interface

A interface descreve a interação entre o computador e o usuário, incluindo todos os fatores que influenciam a aceitação e a utilização de determinado software. Consiste em um conjunto de menus, janelas, diálogos, ícones e demais elementos gráficos que formam a base da interatividade computacional (PETERSON, 1995) tais como recursos de ícones gráficos, dispositivos de apontamentos, apresentação instantânea de mapas, zoom-in e zoom-out para mudanças de escala, open-up para diferentes escalas devem compor a interface (LINDHOLM e SARJAKOSKI, 1994 apud ROBBI, 2000).

Uma vez que o usuário deverá utilizar o sistema por um período longo, a interface deve permitir que este interaja intuitivamente com o mapa, possibilitando um manuseio confortável e fácil (FEKETE et al., 1995 apud ROBBI, 2000). Além disso, a interface deve se adequar às denominações e procedimentos habituais do usuário. O projeto de interface deve ser desenvolvido de forma que sua estética (aparência) agradável ao usuário e, para tanto, faz-se necessário o desenvolvimento de um bom layout, o qual está relacionado a um balanceamento e bom uso do espaço disponível. Trata-se, na verdade, da relação equilibrada entre os elementos gráficos que compõem o mapa (DECANINI e IMAI, 2001) de tal forma que não haja peso ótico em uma só direção (DENT, 1993). Diretrizes

A interação usuário-software é facilitada quando se

pode formular um modelo mental a partir da manipulação intuitiva dos comandos no estado corrente da interface.

De forma ideal, todas as interações devem seguir um padrão consistente, a fim de diminuir a necessidade de memorização e a possibilidade de erros. (PAULA FILHO, 2003). Para definir este padrão foram estabelecidos aspectos gráficos da interface referentes ao tipo de fonte utilizado, à cor predominante da interface, aos aspectos dos comandos globais e a simbologia cartográfica e gráfica.

A fonte padrão escolhida tanto para descrição dos botões de ação como para textos explicativos o Atlas foi a fonte Comic Sans, por ser uma fonte de fácil leitura porém com um diferencial que a torna mais infatil e mais propícia para o Atlas Escolar. É apresentada em caixa alta e negrito para textos em destaques, ou no formato padrão (maiúsculo e minúsculo) para textos muito extensos ou de menor destaque.

A cor da interface é composta de cinco cores base, quais sejam duas tonalidade de azul (RGB: 218, 224, 231 e RGB: 15, 15, 62), uma tonalidade de cinza (RGB: 241, 241, 241), preto e branco. Em alguns casos utilizou-se o vermelho para destacar palavras de importância considerável e amarelo no fundo de palavras em preto para destacar um texto de grande importância ou que merece uma atenção especial.

Os comandos globais estão visíveis e habilitados em qualquer estado da janela. São eles: página de

educação ambiental, página de educação cartográfica, página inicial e página anterior (quando não se permite trocar de tela por outra ação), exercícios, sair do aplicativo (o qual somente não está presente na tela de mapas).

Os símbolos utilizados foram definidos de acordo com duas funções: função ilustrativa (gráfica) e função representativa (cartográfica). Os símbolos denominados ilustrativos foram utilizados na interface do programa, como em botões e avisos. São ícones caracterizados pela natureza cômica e que possuem apelo ao imaginário da criança, podendo atrair sua atenção e sua aceitação. Para este conjunto de símbolos foi utilizado as fontes Tombats, gratuitas para download pela internet.

Já os símbolos representativos ou cartográficos são aqueles utilizados nos mapas, os quais vêm sempre acompanhados de legendas que especificam o tipo de feição que representam. Podem ser símbolos pictóricos (ou imitativos), os quais são auto-explicativos por produzirem uma imagem verossimilhante do objeto real, símbolos geométricos e símbolos alfa-numéricos. Para estes símbolos foram utilizadas as fontes Wingdings, Webdings do Windows e as fontes da família ESRI. 3. INTERFACE

A interface do Atlas foi construída a partir das

informações obtidas no Projeto Cartográfico. Para a implementação da interface foi utilizado o programa Macromedia Flash e Visual Basic como plataformas.

São duas opções de navegação do Atlas (Figura 5): Educação Cartográfica (para estudo dos conceitos básicos de cartografia) e Educação Ambiental (para análise ambiental de mapas e aplicação dos conceitos cartográficos). O Atlas foi feito de forma a ser obedecida essa seqüência, sendo que se recomenda que o estudo de Educação Ambiental seja realizado depois de concluído o estudo na área de Educação Cartográfica, uma vez que o conhecimento básico dos conceitos de cartografia torna-se necessário para realizar a leitura de mapas.

Figura 5 – Tela Inicial

O conteúdo dos temas Educação Cartográfica

(Figura 6) e Educação Ambiental (Figura 7) seguem uma

Educação Cartográfica

Educação Ambiental

Sair

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metodologia desenvolvida baseando-se no estudo teórico e no levantamento bibliográfico na etapa da Análise de Demanda do Usuário. Este conteúdo engloba tarefas, levando em consideração a capacidade cognitiva das crianças na faixa-etária estipulada.

Figura 6 – Tela de Educação Cartográfica

Fig. 7 – Tela de Educação Ambiental

Para cada assunto são disponibilizados textos

explicativos, imagens e exercícios utilizando mapas como ferramenta. A Figura 8 mostra um exemplo de tela de texto a qual disponibiliza, além do texto principal, também fotos e o conteúdo do glossário, tais recursos são ativados ao passar o mouse sobre um ícone de Câmera (Fotos) ou uma palavra em vermelho (Glossário).

Para cada assunto abordado existem tarefas a serem executadas pelo aluno. As tarefas são realizadas em duas etapas, sendo a primeira uma explicação ilustrativa e a segunda tarefa, propriamente dita. A figura 9 mostra a explicação da tarefa de perspectiva, importante para compreensão do mapa e ensino de projeções.

A tela de mapas disponibiliza um espaço para o mapa, a tarefa a ser realizada, o campo de legenda, e recursos de interatividade de acordo com a tarefa a ser cumprida. A figura 10 mostra os mapas utilizados para a tarefa de análise do mapa (Educação Ambiental), na qual estão sendo comparados dois mapas do Estado de São

Paulo: expansão do café e o desmatamento da Mata Atlântica. Estes mapas são animados e coordenados temporalmente para fins de comparação entre eles.

Figura 8 – Tela de Texto

Figura 9 – Trabalhando com o conceito de perspectiva

Figura 10 – Tela de Mapas

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As etapas do projeto Cartográfico são importantes, pois direcionam o trabalho de forma que este possa atender às necessidades do usuário. Uma vez feita a

Glossário rápido

Exercícios

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seleção da informação necessária (Análise de Demanda) e sua organização (Classificação e Modelagem Geo-OMT), pôde-se implementar com maior facilidade um bom projeto cartográfico e de interface.

Os elementos gráficos da interface do Atlas (cor, layout, ordenação de janelas, estilo de botões) foram desenvolvidos baseando-se em programas conhecidos e muito utilizados pelas crianças que têm acesso à internet, tais como o site de relacionamentos www.orkut.com e o programa de conversação msn messenger.

Deve-se enfatizar que o conhecimento teórico-metodológico do desenvolvimento cognitivo e de suas relações com a educação cartográfica é de fundamental importância para a produção de um Atlas que possa realmente ser eficaz para a Educação. Nesta perspectiva se podem direcionar melhor os recursos da cartografia multimídia (animação, interatividade, hyperlinks) para a produção de um Atlas Escolar mais eficiente para educação Cartográfica.

A Educação Ambiental foi incorporada ao Atlas de forma a atender à solicitação dos representantes da Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos do Aguapeí e Peixe (UGRHI-AP), o qual consiste no usuário indireto do Atlas. Dessa forma, as informações relacionadas à Educação Ambiental foram utilizadas como temas para a análise e uso de mapas, que implica na última etapa do estudo sobre cartografia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, R. D. Do desenho ao mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001. BORGES, K.; DAVIS, C. Modelagem de dados geográficos. In: CÂMARA, G.; MONTEIRO, A. M.; DAVIS, C. Geoprocessamento: teorias e aplicações. 3v. v.3. Livro virtual, 2003. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/livro/>. Acessado em: 02 mar. 2004. DECANINI, M. M. S.; IMAI, N. N. Mapeamento na Bacia do Alto Paraguai: Projeto e Produção Cartográfica. Revista Brasileira de Cartografia, 2001. p. 65-75. DENT, B. D. Introduction to Thematic Mapping. In: Cartografy: Thematic MapDesign. Editora WCB McGraw-Hill, 1999, cap 1, p. 2-23. KEATES, J. S. Cartographic design and production. New York: Longman Group, 1973. KOLACNY, A. Cartographic Information – A Fundamental Concept and Term in Modern Cartography. Cartographica. Suplemento n.1, Vol. 14, p.39-45, 1977. PASSINI, E. Y. Alfabetização Cartográfica. São Paulo: Lê, 1995. 136p.

PAULA FILHO, W. P. Engenharia de Software: fundamentos, métodos e padrões. 2 ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. 2005. PETERSON, M. P. Interactive and animated cartograpphy. 1.ed. New Jersey: Prentice Hall, 1995, 255f PIAGET, J. Elaboração do pensamento, intuição e operações. In:______ Psicologia da inteligência. Tradução: Egléa de Alencar. Apresentação da edição brasileira: Nilton Campos. São Paulo: Fundo de Cultura SA, [1967]. p. 157 - 159. ROBBI, C. Sistema para Visualização de Informações Cartográficas para Planejamento Urbano. Tese de Doutorado em Computação Aplicada. INPE, São José dos Campos, 2000.