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Juan Filipi Garcês 11‟09‟‟11 September 11: A representação do atentado de 11 de setembro nos curtas metragens de Samira Makhmalbaf, Youssef Chahine e Amos Guitaï (2002) Projeto de pesquisa apresentado à linha de pesquisa Sociedade, Política e Cultura no Mundo Contemporâneo (Mestrado), do programa de Pós-Graduação em História pela Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, Setembro de 2014

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Juan Filipi Garcês

11‟09‟‟11 September 11: A representação do atentado de 11 de setembro nos curtas

metragens de Samira Makhmalbaf, Youssef Chahine e Amos Guitaï (2002)

Projeto de pesquisa apresentado à linha de

pesquisa Sociedade, Política e Cultura no

Mundo Contemporâneo (Mestrado), do

programa de Pós-Graduação em História pela

Universidade Federal de Santa Catarina

Florianópolis, Setembro de 2014

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11’09’’11 September 11: A representação do atentado de “11 de setembro” nos curtas

metragens de Samira Makhmalbaf, Youssef Chahine e Amos Guitaï (2002)

Linha de pesquisa: Sociedade, Política e Cultura no Mundo Contemporâneo

Optamos pela linha Sociedade, Cultura e Política no Mundo Contemporâneo por

esta possuir características condizentes com a proposta da nossa pesquisa, como os aspectos

teórico-metodológicos escolhidos, e também pelo trabalho conter elementos que estão em

conformidade com a linha.

Introdução

O atentado de 11 de setembro de 2001 foi considerado uma verdadeira atrocidade na

visão de muitos pesquisadores por ser uma devastação que proporcionou muitas vítimas

instantâneas. Ele ocorreu quando quatro aviões de passageiros foram sequestrados dentro dos

Estados Unidos. Dois deles atingiram as Torres Gêmeas, provocando a explosão e o

desabamento das mesmas. O terceiro caiu em Washington DC, atacando o pentágono. O

último caiu em Pitsburgh sem atingir o seu objetivo, que muitos acreditavam ser o Camp

David. (PECEQUILO, 2005, p. 372)

A grande mídia realizou uma divulgação em massa anunciando a vulnerabilidade do

governo estadunidense1, sendo a primeira vez que o território tinha recebido um ataque

estrangeiro desde a Guerra de 18122. Muitos apontavam para esse déficit dos Estados Unidos

em períodos anteriores, mas não houve muita ressonância e preocupação. Após o atentando, a

fragilidade do país deixou de ser apenas uma hipótese.

1No nosso trabalho, por questão política, usaremos o termo „estadunidense‟ ao invés de „americano‟ ou “norte-

americano”, sendo estes últimos reservados somente em caso de citações diretas. Entendemos que as palavras

possuem relações de poder, e jamais podem ser consideradas neutras, ainda que o falante possua pouco

conhecimento sobre a origem social e ideológica da língua. Designar a expressão „americano‟ somente para os

Estados Unidos seria equivalente a retirar o direito dos outros países da América de serem chamados de

americanos, obrigando os demais a assumirem outras denominações para definirem o seu pertencimento ao

continente – sul americano, centro-americano, latino americano. Concordamos que a denominação „norte-

americano‟ também é incorreta, devido aos canadenses e mexicanos também serem habitantes da América do

Norte, não dando exclusividade para os Estados Unidos se nomearem desta maneira. Concluímos que a

denominação estadunidense constitui uma restauração lingüística, desprovida de julgamento de valor. Cf.

CARBONI, Florence; MAESTRI, Mario. Apenas estadunidense. Disponível em

<http://www.espacoacademico.com.br/046/46ccarboni_maestri.htm> Acesso em: 15 de setembro de 2014. 2Alguns consideram o episódio de Pearl Habor em 1941, na Segunda Guerra Mundial, como um ataque aos

Estados Unidos, bem como o ataque ao Word Trade Center, em 1993. Entendemos que essas analogias são um

equivoco. No caso do Hawai – onde estava localizada a base –, a ilha ainda era uma colônia, tornando-se um

Estado da Federação dos Estados Unidos somente em 1959. (CHOMSKY, 2011, p. 12)

Reforçamos a ideia com Cristina Pecequilo, dizendo que, no caso de Pearl Harbor, estávamos em uma época de

guerra e o inimigo era claramente definido, além de ser uma base distinta do continente. Sobre o atentado

anterior ao Word Trade Canter, em 1993, tivemos uma ação isolada e localizada, causando poucos estragos

humanos e materiais. (PECEQUILO, 2005, p. 372).

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Esse episódio contribuiu para que o país realizasse propagandas com o intuito de

combater os responsáveis pelos atentados, ocultando o seu interesse geopolítico na região.

Não demorou muito para o governo de Washington ligar os ataques ao Osama Bin Laden, o

Talibã e a Al Qaeda, declarando assim o que ficou conhecida como “a guerra contra o

terrorismo3”.

Essa repercussão afetou o imaginário de muitas pessoas. Algumas análises sobre o

assunto beiraram o absurdo. Ian O. Lesser, doutor em relações internacionais pela

Universidade de Oxford, membro de uma equipe de planejamento internacional no

departamento de Estado durante o governo de Bill Clinton, reforçou a propaganda

antiterrorista em uma entrevista concedida à Revista Veja, no dia 19 de setembro de 2001.

Segundo ele, essa ameaça era global – afirmando inclusive que o Brasil não estaria livre dos

ataques4.

No entanto, quando nos deparamos com a declaração de Osama Bin Laden em uma

entrevista feita para Robert Fisk, percebemos que o medo de um atentado no Brasil não era

justificável, assim como uma ameaça global de ataques terroristas. Bin Laden considerava os

Estados Unidos como o principal inimigo do Islã, e um dos motivos era o apoio do país ao

Estado de Israel. O ato ao Word Trade Center foi contra um país que, de acordo com a sua

visão, realizou intervenções militares e prejudicou a região do Oriente Médio5.

Por esses motivos, julgamos mais importante entender os fatores históricos que

levaram a tal acontecimento, do que simplesmente levantar culpados. O atentado não pode ser

tratado como um caso isolado, reduzindo-o apenas em uma ação cometida por

fundamentalistas – diversos meios midiáticos conservadores contribuíram para a propagação

desse equívoco, como foi o caso da Revista Veja. (SILVA, 2005) O entendimento dos

episódios e dos processos que antecederam o ataque às Torres Gêmeas ajudam a compreender

os ideais que circundaram esses grupos fundamentalistas.

3A definição de terrorismo utilizada pelos Estados Unidos foi a mesma apresentada na US Code: É considerado

terrorismo qualquer ação que envolva um ato violento ou uma séria ameaça à vida humana que seja considerado

delito pelos Estados Unidos ou qualquer Estado, ou que seja delito assim reconhecido, se praticado dentro do

território jurisdicional americano ou de qualquer outro estado; e b) (i)aparente ser uma intimidação ou coerção à

população civil; (ii) influencie a política governamental por meio de intimidação ou coerção; ou (iii) ameace a

conduta de um governo por um assassinato ou seqüestro. Cf. United States Code: Código oficial de leis federais,

gerais e permanentes dos Estados Unidos. Contém 51 títulos. Disponível em: <

http://www.law.cornell.edu/uscode/text >. Acesso em 08 de Abril de 2014. 4LESSER, Ian O. Entrevista concedida à Revista Veja. In: SALGADO, Eduardo. O Novo Terrorismo. Revista

Veja, ed 1718, n. 37, p. 09, 2001. p. 09 5LADEN, Osama. Entrevista concedida à Robert Fisk. In: FISK, Robert. “El hombre culpable solo es feliz si

recibe su castigo”. Disponível em: <

http://elpais.com/diario/2001/09/16/internacional/1000591211_850215.html >. Acesso em 28 de maio de 2014.

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Procuramos responder essas questões utilizando o filme 11’09’01 September 11,

analisando como os ataques às torres gêmeas foram representados nele. Esta película de 2002

contém 11 curta-metragens com 11 diretores de diferentes países, abordando diversos

aspectos do ataque ao World Trade Center. A análise de todos os curtas não seria proveitosa

para a nossa proposta, devido à amplitude dos conteúdos apresentados nos mesmos. Cada país

tem suas particularidades quando se trata de cinema, por isso, optamos por focar apenas nos

curtas de Samira Makhmalbaf (Irã), Youssef Chahine (Egito) e Amos Guitaï (Israel).

A justificativa para esse recorte aconteceu devido a estes diretores fazerem parte do

Oriente Médio e da cultura árabe (no caso de Youssef Chahine), sendo importante analisar

como os próprios países da região responderam aos atentados, bem como as consequências

que o acontecimento gerou a eles. Entendemos que o cinema, além de ser uma prática social,

é também um gerador de práticas sociais, sendo um agente que suscita certas transformações,

veicula representações e apresenta modelos. (VALIM, 2006, p. 27).

Também falaremos brevemente sobre os diretores para complementar o conteúdo da

nossa pesquisa, assim como suas trajetórias no âmbito cinematográfico. Como historiadores,

seria inconcebível não analisar esses pontos, pois são cruciais para entender fatores

importantes, como por exemplo: quem financia os seus filmes, qual público que buscam

atingir, suas influências, etc.

Vale ressaltar também que a filmagem é contemporânea à cena filmada e produtora

do vestígio de uma relação real entre duas presenças, a dos acontecimentos ou testemunhos

filmados assim como daqueles que as filmam. (LAGNY, 2011, p. 26). Por isso, é importante

tratarmos o cinema também como uma indústria atrelada a interesses de terceiros.

De acordo com Marc Ferro:

todo filme tem uma história que é História, com sua rede de relações

pessoais, seu estatuto dos objetos e dos homens, onde privilégios e trabalhos

pesados, hierarquias e honras encontram-se regulamentados, os lucros da

glória e os do dinheiro são aqui regulamentados com a precisão que seguem

os ritos de uma carta feudal: guerra ou guerrilha entre atores, diretores,

técnicos, produtores, que é mais cruel à medida que, sob o estandarte da

Arte, da Liberdade, e na promiscuidade de uma aventura comum, não existe

empreendimento industrial, militar, político ou religioso que conheça

diferença tão intolerável entre o brilho e a fortuna de uns e a obscura miséria

dos outros artesãos da obra. (FERRO, 1992, p. 17)

Em decorrência do nosso viés teórico, as ideias de Marc Ferro e Michèle Lagny serão

importantes para a construção da nossa problemática. Utilizaremos ainda pesquisadores como

Negar Mottahedeh (2008), Hamid Dabashi (2001), Viola Shafik (2006), e Ella Shohat (2010),

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pois não podemos negligenciar a opinião de pesquisadores árabes e do Oriente Médio, devido

às fontes pertencerem à realidade dessas sociedades.

No curta metragem de Samira Makhmalbaf, por exemplo, observamos que o foco

tomado por ela foi a classe pobre dos afegãos. Aqueles que, segundo ela, seriam os principais

afetados pela intervenção militar dos Estados Unidos.

O Afeganistão também foi o cenário de outro filme dirigido por ela: Às cinco da tarde

(2003). Em uma entrevista para a revista A Página, Samira justifica que prefere falar sobre o

Afeganistão porque nesse momento não tem ninguém que o faça. Ouvimos a voz dos políticos,

mas não a do povo6. Essa mesma interpretação pode igualmente ser deslocada para o curta

analisado, pois é perceptível que o povo foi a principal problemática tomada pela diretora,

como observaremos mais adiante no projeto, ao descrevermos as fontes7.

No caso de Youssef Chahine, a discussão acerca dos resultados que o ataque às torres

gêmeas gerou para os povos árabes também está presente. Em seu curta, podemos observar

diversos aspectos que questionaram as ações estadunidenses no Oriente Médio ao longo dos

anos. Também presenciamos muitos estereótipos problematizados pelo diretor, entre eles, que

todos os árabes eram terroristas em potencial.

Chahine foi acusado muitas vezes de antiamericanismo devido às críticas feitas em

seus filmes. Inicialmente, aconteceu no filme Alexandria... Por que? (1979), por mostrar

diversas cenas que faziam alusões contrárias às políticas estadunidenses. Após o atentado de

11 de setembro, a acusação veio novamente à tona com o Alexandria... New York (2004), por

fazer novas críticas às políticas do governo de Washington8. Com essas informações,

observamos que o diretor mostrou posições críticas em muitas ações dos Estados Unidos,

característica que também está presente no curta metragem analisado.

Já Amos Gïtai decidiu criticar o jornalismo sensacionalista para falar sobre o assunto.

Em seu curta metragem, que narra a história de uma operação antibomba após um ataque

terrorista, lembrando muito um cinema documentário devido às técnicas de filmagens

utilizadas, é perceptível a visão do diretor sobre o sensacionalismo criado pelo jornalismo

6

S.A. Samira Makhmalbaf. O outro lado da mulher iraniana. Disponível em:

http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=134&doc=10137&mid=2. Acesso em 19 de setembro de 2014. 7É importante mencionar que, na introdução, comentaremos somente alguns detalhes sobre os filmes e os

diretores. Optamos por realizar uma descrição completa do filme somente na análise das fontes, pois julgamos

que o projeto teria muitas informações repetidas sem necessidade. 8Site oficial de Yossef Chahine. Disponível em < http://www.youssefchahine.us/index2.html >. Acesso em 30 de

setembro de 2014.

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acerca do atentado de 11 de setembro, na figura de uma personagem que interpreta uma

repórter9.

Por ser de Israel, julgamos necessário analisar a visão do diretor sobre o episódio. O

país é o principal aliado dos Estados Unidos na região, e sua política contribui para a

propagação equivocada da necessidade de combater o fundamentalismo islâmico por meio de

uma intervenção armada no Oriente Médio. Pelo que observamos no curta, o diretor caminha

por uma direção contrária à política de Israel sobre o Oriente Médio.

Por meio dessas análises, observamos que é inegável a grande influência do atentado

de 11 de setembro na produção cinematográfica, devido ao impacto social, cultural e político.

Diversos filmes de Hollywood, por exemplo, exploraram sobre o episódio, construindo e

gerando diversas práticas sociais.

O número de pesquisas feitas sobre o assunto utilizando o cinema como fonte são

vastas, e muitas delas foram feitas com grande maestria. Mas poucas preocuparam-se com a

representação do episódio em filmes dos países árabes e do Oriente Médio. E essas que

analisaram cometeram o equívoco de não dialogar com teóricos e pesquisadores da própria

região, gerando uma análise incompleta, como foi o caso da pesquisa de Teixeira e Botaro

(2011) sobre o curta da Samira Makhmalbaf. Esse fator acabou justificando nossa pesquisa.

Juntamente com a análise do curta, pretendemos dialogar também com pesquisadores

da região – em conjunto com autores ocidentais –, tanto na questão política, social e cultural,

quanto no cinema10

. Edward Said, em seu livro Orientalismo, comenta que o Oriente foi por

alvo por muito tempo de estereótipos realizado pelo Ocidente, e este último construiu

discursos equivocados dos países orientais de acordo com suas próprias regras e vivências.

(2007) Não pretendemos cometer o mesmo erro em nossa pesquisa.

Objetivos

Objetivo Geral: Analisar como o atentado de 11 de setembro foi reproduzido nos curtas

metragens de Samira Makhmalbaf, Youssef Chahine, Amos Guitaï e, por meio deles, entender

como os países árabes e do Oriente Médio responderam ao atentado.

9Essa questão será trabalhada na análise das fontes.

10Essa questão será trabalhada na metodologia.

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Objetivos Específicos:

Discutir a utilização do cinema como fonte história e como enquadrá-la na História

Social.

Explicar a importância e os mecanismos utilizados pela História do Tempo Presente.

Realizar uma breve discussão teórica sobre os autores cujo foco de pesquisa está atrelado

a assuntos que envolvem o Oriente Médio e o mundo muçulmano.

Analisar criticamente episódios importantes que antecederam o atentado às Torres

Gêmeas.

Compreender como os grandes meios midiáticos divulgaram o atentado de 11 de

setembro e como o acontecimento foi utilizado como propaganda para legitimar as ações

estadunidenses que se sucederam.

Evocar as principais características do cinema nos países originários dos curtas

analisados.

Metodologia

Pretendemos distribuir a pesquisa em quatro capítulos. No primeiro, procuraremos

discutir os aspectos teóricos metodológicos que permeiam o trabalho. Sendo assim,

enquadramos a nossa pesquisa na História Social. Acreditamos que é possível responder

nossa problemática somente se compreendermos todos os elementos das fontes e do assunto.

Por esse motivo, o historiador social não pode negligenciar a história econômica, a história

das ideias, ou qualquer outro tipo de história (HOBSBAWN, 1997, p. 87).

Também dedicaremos nossos esforços para discutir sobre a História do Tempo

Presente. Essa forma de análise foi criticada por muitos historiadores, pois para alguns o

objeto de estudo da ciência histórica está atrelada ao passado. Para estes, o historiador que

utilizasse a História do Presente como metodologia poderia correr o risco de cometer

equívocos em sua pesquisa. Tentaremos quebrar com esse estereótipo, discutindo os motivos

e os mecanismos utilizados pelos historiadores do tempo presente para legitimar esta forma de

análise. Agnes Haveau, Philippe Tértart (1999) e Henry Rousso (2009) serão fundamentais

para isso.

Não poderíamos deixar de explicar como trabalhar com a história social do cinema.

Entendemos que o cinema é um meio de produção que incorpora discursos sociais e políticos,

por isso, torna-se importante analisar a fonte cinematográfica como um todo. Mais do que

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pesquisar somente a obra em si, é necessário observar os fatores externos à sua produção,

como por exemplo: qual o público do filme e a quem visam atingir? Como foi a recepção do

filme? O que comentaram sobre ele? Para essas questões que envolvem teoria do cinema,

utilizaremos autores como Marc Ferro (1992), Michèle Lagny (2012) e Ismail Xavier (2008).

No segundo capitulo, procuraremos dialogar com pesquisadores que tem o foco de

seus trabalhos voltados para o Oriente Médio e o mundo muçulmano. Torna-se importante

discutir suas teorias, pois muitas delas consideram o mundo muçulmano como uma região

atrasada, conturbada e – parafraseando Bernard Lewis – que deu errado (2002).

É necessário desconstruir esse estereótipo, já que as intervenções europeias também

foram responsáveis pela atual situação do Oriente Médio. Aqui dialogaremos com autores da

região para entender a opinião deles sobre o assunto, em conjunto com pesquisadores

ocidentais: Bernard Lewis (2002), Peter Demant (2011), Edward Said (2003; 2007) e Abbas

Amanat (2009).

Da mesma forma, buscaremos explicar, ainda que resumidamente, alguns episódios

importantes que antecederam o atentado de 11 de setembro, como a revolução iraniana e a

intervenção soviética no Afeganistão. Essas questões são importantes por serem fatores que

influenciaram diretamente a política do Afeganistão, bem como os grupos fundamentalistas

envolvidos no ataque ao World Trade Center. Alguns autores citados anteriormente serão

aproveitados nessas questões, contudo, também utilizaremos Paulo Vizentini (2002), Robert

Fisk (2007), Danny Zahreddine; Jorge Mascarenhas Lasmar e Rodrigo Corrêa Teixeira

(2011).

Em seguida, explicaremos brevemente o atentado de 11 de setembro, bem como as

discussões teóricas que permeiam o episódio. Logo após o acontecimento, os Estados Unidos

começaram uma veiculação em massa com o intuito de combater grupos terroristas no mundo

inteiro – em especial no Oriente Médio –, e o “fundamentalismo” islâmico. A globalização da

“Guerra contra o terror” acabou funcionando e comovendo boa parte do mundo, em muitos

casos facilitando a aceitação de uma intervenção no Afeganistão. Por isso, é importante

entender a repercussão desse ataque e como ele foi utilizado como propaganda para atender os

interesses dos Estados Unidos. Noam Chomsky (2011) e Eric Hobsbawn (2007), em conjunto

com os outros autores citados, serão essenciais nessa parte.

No terceiro capítulo, comentaremos sobre as características gerais do cinema do

Oriente Médio, focando no país onde os curtas metragens foram realizados – Irã, Egito e

Israel. O processo será descrito de forma reduzida, mas é importante que seja realizado pelo

fato de cada região possuir características específicas quando se trata de cinema. O Irã, por

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exemplo, foi palco da revolução iraniana, que influenciou diversas práticas políticas e sociais

na região, assim como os seus filmes.

Por possuírem características específicas, é necessário dialogar com pesquisadores que

analisaram o cinema nesses três países. Pesquisadores como Negar Mottahedeh (2008),

Hamid Reza Sadr (2006), Viola Shafik (2006), Ella Shohat (2010), Saeed Zeydabadi (2010),

Yaron Peleg e Miri Talmon (2011), serão utilizados nessa parte.

Por fim, o último capítulo consiste em analisar os curtas metragens. Os autores

utilizados nos outros capítulos serão reintroduzidos neste, construindo um diálogo junto com

as fontes. Empregaremos algumas entrevistas com os diretores, assim como alguns sites que

disponibilizam informações sobre os mesmos, para complementar os conteúdos pertinentes

aos curtas.

Buscaremos nos guiar pelas discussões teóricas realizadas no primeiro capítulo sobre a

história social do cinema. Procuraremos responder como o atentado de 11 de setembro foi

representado nessas três obras, e para isso, precisaremos analisar os curtas discutindo com os

fatores sociais e políticos externos a eles. Como o cinema é um gerador de práticas sociais,

entendemos que é preciso analisar os fatores internos e externos de sua produção. Com os

autores que citamos até aqui, junto com alguns sites e entrevistas que constam na bibliografia,

tentaremos trabalhar com essa proposta.

A análise do atentado de 11 de setembro em conjunto, principalmente, com os curtas

de Samira Makhmalbaf, Youssef Chahine e Amos Gitaï, ajudarão a criar um panorama

diferenciado de abordagem. O que prevaleceu em pesquisas que envolveram o episódio foram

problemáticas que, muitas vezes, não dialogaram diretamente com autores, fontes e (ou)

pesquisadores orientais. Nossa pesquisa surgiu dessa preocupação, e buscaremos contribuir

para futuros estudos sobre o Oriente Médio, com o intuito de desconstruir estereótipos e

também para mostrar que é possível fazer uma análise abordando essa região.

Fontes

Filmografia – Acervo pessoal

11'9"01 September 11 (11 de Setembro, título no Brasil). Direção: Youssef Chahine (Egito);

Amos Gitaï (Israel); Alejandro González Iñárritu (México); Shohei Imamura (Japão); Claude

Lelouch (França); Ken Loach (Reino Unido); Samira Makhmalbaf (Irã); Mira Nair (Índia);

Idrissa Ouedraogo (Burkina Faso); Sean Penn (Estados Unidos); Danis Tanovic (Bosnia-

Herzegovina). 2002. DVD. 134 min. son. preto e branco e colorido.

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Curta metragem de Samira Makhmalbaf

O curta dirigido por Samira narra a história de um grupo de afegãos refugiados no Irã.

Na primeira cena é apresentado um grupo de homens e crianças ao redor de um poço. Na

sequência, um deles começa a puxar uma corda ligada a um mecanismo não revelado.

Somente mais tarde percebemos, por meio de um plano-sequencia11

, que se trata de um

trabalho para a retirada de água de um poço (02m32s). De acordo com Teixeira e Botaro, esse

elemento caracteriza uma influência da narrativa neorrealista italiana12

(2011).

Após o corte da câmera, o restante do cenário se revela. Homens e crianças estão

construindo um abrigo enquanto um senhor de idade grita para todos os presentes:

“Depressa! Os Estados Unidos querem bombardear o Afeganistão. Vamos construir um

abrigo” (03m27s).

Observa-se nessa parte uma população pobre com o medo iminente de um ataque ao

país. A cena questiona uma intervenção dos Estados Unidos, defendendo que a população do

Afeganistão será afetada pela ação estadunidense, e não os verdadeiros responsáveis pelo

atentado.

Enquanto os tijolos são organizados, as crianças anunciam a chegada da professora,

mas a câmera foca nela somente depois de um corte seco, seguido de um primeiro plano13

(04m56s). Ao longo do filme, mostra-se que a personagem veio de outro lugar, que a cultura

adquirida por ela não era de conhecimento de todo povo afegão.

Esse ponto fica claro quando os alunos vão para a aula – tijolos são utilizados para

simular as carteiras e as cadeiras, enfatizando novamente a pobreza da região – e a professora

pergunta se eles sabem sobre algo grave que aconteceu no mundo. As personagens

demonstram pouco conhecimento sobre o atentado de 11 de setembro. Quando a professora

pergunta sobre um caso grande, importante e global, as crianças dão mais importância para

casos cotidianos, como a morte de um homem que caiu em um poço e o apedrejamento de

11

Também chamado de profundidade do campo, plano-sequência é uma técnica de filmagem caracterizada pela

ausência de corte e de montagem, uma ação contínua que se passa por dois ou mais ambientes com apenas uma

longa tomada. De acordo com Bazin, o plano-sequência pode ser entendido por sua capacidade de

verossimilhança, pois esta seria o componente que permitiria uma penetração da realidade espacial. (RIOS,

2012). 12

Movimento cultural que surgiu após a Segunda Guerra Mundial, tendo Roberto Rosselini, Vittorio de Sicca,

Alessandro Blasetti e alberto Lattuada como principais expoentes. O estilo de filmagem era semelhante ao

documentário, devido a suas características estéticas e por tentar representar os acontecimentos sociais e

econômicos da época. (FABRIS, 2006) Essa maneira de filmagem influenciou o cinema iraniano após a

Revolução Islâmica, por ser considerado um estilo revolucionário de filmagem e que atendia às demandas

cinematográficas do país. (MOTTAHEDEH, 2008) 13

Também chamado de Close-up, é uma técnica de filmagem onde a câmera fica próxima da figura humana,

mostrando apenas o rosto ou outro detalhe qualquer que ocupa a tela toda (XAVIER, 2008, p. 27).

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uma mulher. Na tentativa de lembrar os alunos, a professora afirma estar falando de um fato

que teve uma repercussão mundial e que poderia gerar a 3ª Guerra Mundial.

Esses pontos demonstram uma coisa: o imaginário que o episódio gerou ao mundo, de

uma guerra iminente e que envolveria todos os países. Em contrapartida, as crianças mostram

uma preocupação maior com os problemas recorrentes na própria comunidade do que no

restante do mundo, colocando em dúvida até que ponto o atentado teve uma escala global. A

representação que o filme faz do Afeganistão é de um país com extrema pobreza. Muitos não

tinham conhecimento sobre objetos comumente utilizados em países ocidentais – celular, por

exemplo (11m45s).

O curta de Samira mostrou-se interessante para a nossa proposta por apresentar a visão

de uma diretora nascida no Irã, ou seja, de alguém que viveu em um dos países do Oriente

Médio afetado pelas intervenções estadunidenses realizadas ao longo da história. A intenção

da diretora foi narrar o cotidiano dos afegãos que não estavam envolvidos diretamente nos

atentados.

Curta metragem de Youssef Chahine

Assim como no primeiro curta, Youssef Chahine se mostrou crítico às ações do

governo de Washington. A personagem principal interpreta o próprio diretor. Na primeira

cena do filme, o diretor (personagem) interroga o seu companheiro dizendo: o que vão dizer,

se eu voltar de New York sem filmar o World Trade Center (24m45s)? Esse ponto mostra

como o Word Trade Center era um símbolo que dava uma forte identidade aos Estados

Unidos.

Logo após este episódio, o diretor [personagem] foi chamado para dar uma coletiva

sofre uma de suas produções. No entanto, no meio dela, ele esclarece que, após o episódio de

ontem – nesse momento, o ataque às torres gêmeas já havia ocorrido –, não poderia falar de

roupas de atriz ou do filme de maneira geral, preferindo adiá-la até amanhã (25m41s). Mesmo

com a insistência de uma repórter, ele não se sentia apto a falar, pois estava muito abalado.

A cena corta para focar nele sentado na beira de um mar. De repente, surge na frente

dele o espírito de Danny, um soldado estadunidense morto em Beirute no ano de 1983. Este

fala para o diretor que ele era árabe, assim como os outros que tinham matado, por isso veio

falar com ele. Youssef [personagem] lembra o jovem que Bin Laden foi treinado pelos

Estados Unidos (27m30s).

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Aqui acontece uma generalização de “árabe” por parte do soldado. Esse ponto mostra

que o imaginário dos árabes como os únicos culpados pela atual situação do Oriente Médio

foi recorrente na cabeça de muitos nos Estados Unidos, pelo menos na representação do

diretor.

Depois do encontro, eles caminham juntos por diversos caminhos, conversando sobre

vários assuntos. Um desses lugares era a casa dos pais cujo filho havia se tornado homem

bomba e explodido uma rua movimentada. Ao perguntar para eles o motivo do filho tomar

essa decisão, o pai responde que todo palestino se sentiria realizado dessa forma. A mãe

complementa, dizendo que os inimigos possuem tanques e armamentos pesados, enquanto

eles só têm pedras (31m12s).

A crítica continua, e dessa vez o alvo é Israel. Quando o pai comenta que os

israelenses atacam todos e se fazem de vítimas, enquanto isso, o tonto do Bush escolhe quem

são os terroristas, e complementa: Imagine-os destruindo sua casa, ou imagine oliveiras

plantadas pelos seus ancestrais sendo arrancadas por seus tratores (31m33s).

Ao voltarem para o hotel, o diretor [personagem], em uma conversa com o soldado,

mostra dados da violência cometida pelo governo estadunidense ao longo dos anos. Youssef

complementa com a frase: Os Estados Unidos precisam defender os seus valores, seus

princípios de liberdade, democracia e tolerância. Mas destroem outras civilizações

(32m43s). Quando o soldado responde que fizeram isso apenas para defender seus interesses,

ele responde: Defendendo-os a custa de quem? Sempre dos outros. Só sua alma é sagrada, e

o mundo lhes deve tudo? Ninguém merece nem uma lágrima? É um círculo vicioso de

estupidez destrutiva. (32m56s)

Dessa maneira, o diretor questionou as ações dos Estados Unidos e toda comoção

tomada pelo 11 de setembro. Embora a ação fosse questionável, não podemos desconsiderar

os motivos que levaram ao atentado, principalmente os dos Estados Unidos. Afinal, outras

atrocidades aconteceram ao mundo.

No final do curta, após Yossef conhecer o cemitério onde o soldado está enterrado, a

crítica da propaganda de comoção exagerada ao atentado é reforçada quando o espírito do

homem bomba surge para conversar com ele. Ele pergunta o motivo de visitar o túmulo de

um soldado que queria matá-lo. (34m33s). Yossef comenta que ambos são vítimas da tolice

humana, e se Danny e os seus pais tivessem entendido, ele ainda estaria vivo. Então, o espírito

termina com a seguinte fala: Se Hitler tivesse entendido, se os americanos no Vietnã, os

sérvios, israelenses também... Lembra dos olhos da minha mãe? Se a humanidade significa

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algo para você, nunca se esqueça deles (34m42s). E o filme termina mostrando o cemitério

ao fundo.

Na visão do diretor do filme, o atentado de 11 de setembro foi uma verdadeira

atrocidade, mas o efeito da propaganda antiterrorista foi catastrófico para as sociedades

árabes, piorando ainda mais a situação da região. Ficou claro que o diretor achou exagerada a

comoção do atentado, embora considerasse um acontecimento terrível.

Curta metragem de Amos Gitaï

A última história fala sobre uma operação após o ataque de um homem-bomba em

Israel. Assim como o primeiro curta, este também apresenta o plano sequência como técnica

de filmagem. O curta é inteiramente filmado sem cortes, semelhante ao documentário,

provavelmente com o intuito de tentar deixar a filmagem mais próxima do real. Assim como

no primeiro curta, podemos perceber certa influência do movimento realista.

No início da cena, a câmera foca no responsável por desarmar a bomba, verificando se

o local estava seguro. Depois aparece um paramédico, seguido pela ambulância para retirar os

feridos. Os policiais aparecem logo depois para manter o controle da situação e retirar a

população do local.

Logo em seguida, aparece uma repórter dizendo que estava com a equipe jornalística

filmando no mercado de trocas quando escutou a explosão muito forte (01h23m05s). Os

policiais insistem para que ela saia de perto do local, mas ela se mostra persistente para obter

uma notícia.

A repórter pergunta o tempo inteiro para uma policial se a explosão foi resultado de

um ataque terrorista. Uma das pessoas avança até a jornalista e diz ter visto o que aconteceu.

Ele afirma que um homem saiu do carro e se explodiu. Interrogado pela repórter se este viu o

terrorista, ele comenta que sim, descrevendo-o como “louro, de olhos azuis, um cara bonito”.

(01h23m49s).

A repórter comenta novamente que estava no mercado de troca com sua equipe de

filmagem, mas desta vez revela o que estava fazendo: “Estávamos no mercado de troca

fazendo uma reportagem fazendo uma matéria sobre uma das maiores padarias de Jaffa

quando ouvimos...” (01h24m00s). A frase não foi concluída, pois a repórter foi interrompida

por uma policial. Quando tenta retornar a falar, a jornalista descobre que está fora do ar.

Ela reclama com seu chefe, exigindo que sua matéria seja colocada no ar de novo. O

dono da emissora fala algo pelo telefone e, logo em seguida, a repórter diz: “Quem está se

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lixando com New York?” (01h25m02s). A repórter continua insistindo e gravando o

programa, listando todos os acontecimentos históricos que ocorreram no mesmo dia daquele

ataque, 11 de setembro.

No final do filme, finaliza com as palavras do chefe dizendo:

Algo muito grave aconteceu em New York. Um avião bateu nas Tôrres

Gêmeas, lembre-se dessa data. 9 da manhã, 11 de setembro, ninguém nunca

mais esquecerá essa data. Que diabos está dizendo, acha que está em um

game show? Algo aconteceu em New York. Ficou louca? Está passando dos

limites. Está falando sozinha? Estou falando do 11 de setembro desse ano,

não em 1997, este ano! Um avião acaba de bater nas Tôrres gêmeas.

(01h28m55s)

Percebemos que o filme questiona a repercussão levantada pelo 11 de setembro,

fortalecendo a visão do jornalismo como sendo sensacionalista. Para a rede de televisão, o

atentado às torres gêmeas é mais importante do que o ataque terrorista da pequena localidade

de Israel, devido à sua amplitude global. Como o próprio chefe comentou, o acontecimento

em New York era mais importante, e aquele dia nunca mais seria esquecido, pois um país que

até então tinha o seu território inviolável havia sido atacado.

O filme de Amos Gitaï se mostrou interessante para a nossa pesquisa por trazer essa

discussão, e também por ser feito por um diretor israelense. Percebemos que o foco nesse

curta era o jornalismo sensacionalista e a comoção tomada pelo atentado de 11 de setembro.

O episódio foi colocado em tal patamar que era permitido dar pouca importância para outros

acontecimentos – como um ataque terrorista em Israel –, enquanto este adquiria uma escala

exagerada.

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Cronograma

Ano 2015 2016

Período Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Leitura da

Bibliografia X X X X X X X X X X X X X X X X

Levantamento das

fontes X X X X X X X

Análise das fontes X X X X X X X X X X X X

Primeira redação X X X X X X X X X

Redação final X X X X

Qualificação X

Defesa da

dissertação X

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