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PROJETO PEDAGÓGICO DO CONVÊNIO
PPC
Convênio 217/07 ME PRES
Versão 2011
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CARLOS ALBERTO RICHA Governador do Estado do Paraná
FLÁVIO ARNS Vice-Governador do Estado do Paraná e Secretário de Estado da Educação
EVANDRO ROGÉRIO ROMAN Secretário Especial do Esporte RUDIMAR FEDRIGO Diretor-Presidente da Paraná Esporte WILSON GALVÃO DE OLIVEIRA Chefe de Gabinete JOÃO GUILHERME BUENO DE OLIVEIRA GATTI Assessor Institucional MARCOS AURÉLIO SCHEMBERGER Diretor de Administração e Finanças LUIS ANTONIO COSTENARO Diretor de Esporte, Lazer e Qualidade de Vida ITAMAR ADRIANO TAGLIARI Diretor de Projetos Especiais LUCIANO COSTENARO DE OLIVEIRA Assessor Jurídico DILSON MARTINS Coordenador do Programa Segundo Tempo – Unidade Gestora Paraná Esporte
MAÍRA DE CAMPOS MARCIA SIMONI CLARO MARCELO INOCÊNCIO PEREIRA MARCOS IRINEU KRUKOSKI RAFAEL CRISPIM DA SILVA REGINALDO POLESI Equipe do Programa Segundo Tempo – Unidade Gestora Paraná Esporte
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
DEB – Departamento de Educação Básica EC – Equipe Colaboradora IDH – Índice de Desenvolvimento Humano IPARDES – Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social ME – Ministério do Esporte NEE – Núcleo de Esporte Educacional NRE – Núcleo Regional da Educação PPC – Projeto Pedagógico do Convênio PPN – Projeto Pedagógico do Núcleo PRES – Paraná Esporte PST – Programa Segundo Tempo SEED – Secretaria de Estado da Educação SUDE – Superintendência de Desenvolvimento Educacional
PROJETO PEDAGÓGICO DO CONVÊNIO 217/07 ME PRES
Este documento (PPC) apresenta o detalhamento pedagógico das expectativas do Governo do
Estado do Paraná, por meio da Paraná Esporte em parceria com a Secretaria de Estado da
Educação, na execução do Convênio 217/07 referente ao Programa Segundo Tempo, assinado
entre o Governo Federal / Ministério do Esporte (concedente) e Governo do Estado do Paraná /
Paraná Esporte (proponente), planejado em consonância com os Termos do Convênio, Plano de
Trabalho e as Diretrizes 2011 do PST, e o Projeto Básico, a ser executado entre os meses de agosto
de 2011 e julho de 2012.
Elaboração: Ms Dilson José de Quadros Martins
Ms Maria Zuleica Lopes Koritiak
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IDENTIFICAÇÃO
A PARANÁ ESPORTE, autarquia estadual vinculada à Secretaria de Estado da Educação –
SEED tem como competência elaborar e executar o Plano Estadual de Desenvolvimento do
Esporte e Lazer por meio de programas, projetos e atividades específicas, observadas as diretrizes
da Política Estadual de Desenvolvimento do Esporte e Lazer, a saber: a) geração de programas e
projetos integrados com outras áreas que tenham como objetivo o desenvolvimento social; b)
desenvolvimento de programas e projetos, objetos de permanente avaliação qualitativa e
comprometidos prioritariamente, com os segmentos mais carentes da população; c) valorização
das Ligas Esportivas e Clubes Amadores, Federações Especializadas, bem como do Esporte
Universitário, mediante apoio e incentivos; d) implantação do processo de municipalização do
esporte e do lazer, no qual as ações do município como meio de transformação, devem ser
assessoradas e incentivadas pelo Estado; e) atuação, em conjunto com as instituições de ensino
superior, no sentido de viabilizar os projetos e programas constantes da Política Estadual de
Desenvolvimento do Esporte e Lazer, bem como auxiliar no processo de desenvolvimento de
recursos humanos voltados à área; f) promoção e incentivo ao desenvolvimento de estudos
científicos e tecnológicos voltados exclusivamente para a consecução de programas e projetos que
objetivem a promoção social, por meio do desenvolvimento das comunidades esportivas do
Paraná; g) incentivo à criação de associações de atletas, técnicos, árbitros e dirigentes esportivos;
h) incentivo e apoio ao funcionamento do Conselho Estadual de Esporte e Lazer, do Fundo
Estadual de Desenvolvimento do Esporte e Lazer, bem como da Justiça Esportiva no Paraná,
assegurando a autonomia e independência de suas decisões; i) incentivo à criação de Conselhos
Municipais e Intermunicipais de Esporte e Lazer, como órgãos normativos, deliberativos e
consultivos; j) descentralização do processo decisório na área do esporte e lazer, de forma a
possibilitar a ampliação da participação popular, bem como o acesso à sua prática; k) capacitação
dos recursos humanos destinados à execução de planos, programas e projetos decorrentes da
política estadual de esporte e lazer, com o uso de programas de formação de aperfeiçoamento.
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Com a intenção de promover a descentralização desta política, a Paraná Esporte conta com
a desconcentração de unidades de administração, conhecidas pelo nome de Centros Regionais de
Esporte e Lazer da Paraná Esporte, que favorece a assistência técnica desportiva aos municípios
sob sua jurisdição, nos seguintes aspectos: - o desenvolvimento das políticas e planos municipais; -
a coleta de informações de caráter regional de interesse para a avaliação e o controle das
atividades da Paraná Esporte; - a articulação com os responsáveis por projetos na área de esporte
e lazer, para atendimento das necessidades municipais; - o apoio logístico e técnico aos cursos,
seminários, debates, eventos esportivos e de lazer realizados na região, com prioridade para os
que forem promovidos pela Paraná Esporte.
A missão da Paraná Esporte é fomentar a prática e a cultura do esporte, lazer e atividade
física no Estado do Paraná, promovendo a cidadania, inclusão social e a melhoria da qualidade de
vida.
1. JUSTIFICATIVA
A nova realidade social contemporânea se caracteriza pelo desenvolvimento imerso em
constantes transformações que vem acontecendo nos diferentes campos da atuação humana,
como no tecnológico, na produção econômica, na cultura, na sociabilidade, na política, com
reflexos imediatos no dia-a-dia das pessoas. Sendo assim, essa é uma realidade que se registra no
mundo do trabalho, nas organizações do processo produtivo, no padrão de sociabilidade e nas
relações sociais, e atingem as práticas da vida cotidiana.
Como parte do conjunto das mudanças e transformações, principalmente ao longo dos
últimos cem anos da história, são incontestáveis as transformações vivenciadas também no campo
esportivo.
Imerso nessas transformações, o corpo assumiu um papel de grande destaque, estimulado
pela sua exploração midiática, desencadeando um importante processo de valorização da vivência
e prática das atividades físicas e dos esportes através das suas diversas manifestações - de
rendimento, de reabilitação, de valorização da saúde, de lazer, de espetáculo e escolar.
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Para Martins (2004) da evolução do conceito de jogo ao esporte e da ampliação do
conceito de exercício e atividade física para cultura corporal e esportiva como componente da
saúde das populações, “uma mudança de significado e de função” da prática imposta pela
sociedade burguesa (BOURDIEU, 1983), um novo contexto vai sendo construído no esporte,
desencadeando o processo até então irreversível de segmentação das atividades do campo.
Segundo Bourdieu, “o princípio das transformações das práticas e dos consumos esportivos
deve ser buscado na relação entre as transformações da oferta e as transformações da demanda”
que são “dimensões da transformação de estilo”.
Uma maneira de visualizar, interpretar, intervir e atuar na relação entre a oferta e a
demanda esportiva, segundo Martins (2004) vem categorizada principalmente por práticas
esportivas e recreativas incorporadas como atividades de lazer, apresentando-se sob inúmeras
formas, seja na terra, na água e no ar. É nesse contexto que os esportes do campo, esportes da
praia, esportes urbanos, esportes de verão e esportes de inverno, pela distribuição geográfica,
ambiental e sazonal são praticados em determinadas regiões, estações do ano e condições
climáticas.
Observa-se o deslocamento dos tradicionais espaços, equipamentos e infra-estrutura de
prática das atividades físicas e esportivas, como quadras e ginásios de esportes para novos
espaços. Praças, parques, areia das praias ou dunas, rios, lagos, matas, cachoeiras, montanhas,
cavernas, baías, canais, represas e mar aberto, este calmo ou revolto, escadas, corrimões, ladeiras
e ruas passam a ser palco da nova modelagem do esporte.
Por contradição, esportes tradicionalmente realizados em ambientes abertos são
adaptados para locais fechados.
A explosão da vertente dos jogos radicais e de aventura e a perda de força de alguns esportes
tradicionais pela derivação e surgimento de novas formas de praticá-los, somada ao aumento da
prática dos esportes de luta incorporam-se à valorização da performance e rendimento em nome
do espetáculo esportivo.
Ainda segundo Martins (2004), na esteira destas transformações, surgem os novos
consumidores da prática esportiva. O perfil dos praticantes altera-se e somente a classificação dos
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praticantes por sexo, faixa etária, grau de instrução e classe social não satisfazem a necessidade de
estabelecer uma relação entre o hábito de consumo e a intenção do consumidor. Na prática dos
esportes são colocados em jogo aspectos ocultos da relação entre aquilo que se oferece e o que é
consumido: os valores, atributos e percepções entram em cena. Ao apresentar um programa para
a sociologia do esporte no estudo intitulado Programa para uma Sociologia do Esporte, Bourdieu
(1990) aborda profunda e enfaticamente o processo da produção e oferta de produtos e serviços
esportivos e a sua relação com o consumo e a demanda.
Para o autor, a distribuição diferencial das práticas esportivas resulta do estabelecimento
de uma relação polarizada entre dois espaços homólogos: um espaço das práticas possíveis - o da
oferta, e um espaço das disposições a serem praticadas - o da procura.
Do lado da oferta, temos um espaço dos esportes entendidos como programas de práticas
esportivas, caracterizadas em primeiro lugar pelas suas propriedades intrínsecas, técnicas (isto é,
em particular, as possibilidades e sobretudo as impossibilidades que eles oferecem à expressão
das diferentes disposições corporais).
Temos também os esportes percebidos nas suas propriedades relacionais, estruturais, tal
como definem-se relativamente ao conjunto dos outros programas de práticas esportivas
simultaneamente oferecidas. Mas que só realizam-se plenamente num dado momento,
recebendo as propriedades de apropriação que sua associação dominante lhes confere, tanto na
realidade como na representação, através dos participantes modais, em relação a uma
determinada posição ocupada no espaço social.
No outro pólo – o da procura, temos o espaço das disposições esportivas que, enquanto
dimensão do sistema de disposições (do habitus), estão relacional e estruturalmente
caracterizadas, como as posições às quais elas correspondem, e que num dado momento são
definidas na particularidade de sua especificação pelo estado atual da oferta (que contribui para
produzir a necessidade, apresentando-lhe a possibilidade efetiva de sua realização) e também pela
realização da oferta no estado anterior.
Dessa forma, percebemos que no esporte os interesses pela prática ou procura das mais
diversas atividades - fitness e saúde, esportes individuais (natação, tênis, golfe, atletismo, e
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outros), esportes coletivos (futebol, basquetebol, voleibol, e outros), sejam eles praticados no
estilo convencional-tradicional ou reconstruídos pelas inovações de qualquer ordem (tecnológica,
conceitual, cultural ou midiática, por exemplo), são antes de mais nada a manifestação do habitus
subjetivado e adequadamente ajustado à oferta e aos interesses individuais, legitimando o
consumo relativo ao habitus de classe.
O que cada um destes esportes tem como características gerais? qual é a sensação
provocada por cada um deles? quais os atributos e lucros físicos (coordenação, destreza, força,
resistência, flexibilidade, agilidade, velocidade), psíquicos (coragem, calma, equilíbrio,
descontração, ousadia, concentração, decisão, determinação, segurança, precisão, atenção),
sociais (distinção, promoção social, destaque, conquista, integração, identidade), funções e
benefícios (diversão, entretenimento, boa forma, emagrecimento, profissão, conhecimento,
saúde) estão atrelados às diferentes práticas esportivas? qual é o perfil dos praticantes dos
diferentes esportes?
Entram em jogo símbolos e significados que se estabelecem, no plano da percepção de
valores, tão disponíveis no esporte e intensamente requisitados como valores para a vida social,
como aspectos intrínsecos à prática esportiva e que vão além do ato do consumo esportivo
representado pela prática propriamente dita. Será que nesse plano o que se procura tem
realmente a ver com aquilo que se escuta sobre o esporte?
Nesse sentido Sauerbronn & Ayrosa (2002) citam Wagner, fazendo-nos notar que “o valor
é uma experiência interativa e, portanto, requer um objeto e um sujeito que o perceba”,
considerando que o sujeito percebe o objeto requerido como uma experiência única e
intransferível no tempo e no espaço. Os autores prosseguem afirmando que “a construção do
valor de um produto perpassa a experiência inteira de processar informação sobre um objeto,
incluindo percepção, avaliação e formação de preferências”.
Demonstram que a união entre sujeito e objeto, demanda e oferta e, portanto, esporte
praticado e o seu praticante se efetiva na forma pela qual são processadas as experiências e lhes é
conferido o valor percebido, dando, segundo Baudrillard (1972), significado ao consumo.
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Diante deste cenário e dos papéis estimulados e assumidos pelo corpo e pelo esporte em
suas diversas manifestações, devidamente contextualizados às transformações na sociedade
contemporânea, surge a necessidade de considerar, também na proposta do Programa Segundo
Tempo (PST), administrado pela Paraná Esporte sob o convênio 217/2007, a relação entre a oferta
e a demanda, representada pela diversidade cultural das crianças, o desenvolvimento de
escolinhas de esporte com encaminhamento ao rendimento esportivo, as diferentes
manifestações esportivas, a prática do esporte como atividade de lazer e de promoção da saúde,
as demandas e vocações locais e regionais e o conjunto da escola pública estadual, espaço onde
acontecerão as atividades o PST, considerando ainda que estas escolas prezam pelo diálogo, pela
interação e pela integração das ações no espaço escolar, seja através de atividades curriculares ou
extracurriculares.
Para dar conta e respeitar essas necessidades locais, primeiramente adotamos como
princípio de fundamentos, as Diretrizes do Ministério para o PST, ao estabelecer que
O Segundo Tempo é um programa estratégico do governo federal que tem por objetivo democratizar
o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de
crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de
vida, prioritariamente daqueles que se encontra em áreas de vulnerabilidade social. Os NEE visam a
ocupar o tempo ocioso de crianças, adolescentes e jovens e oferecem, no contraturno escolar (no
mínimo três vezes por semana, duas horas por dia em seu modelo padrão), atividades esportivas sob
orientação de coordenadores e monitores de Educação Física e/ou Esporte, reforço alimentar e
atividades complementares. (OLIVEIRA; PERIN, 2009).
2. METODOLOGIA DE IMPLANTAÇÃO
As atividades serão ofertadas utilizando os espaços e equipamentos disponíveis nas escolas
e no seu entorno nos períodos de contraturno escolar. O convênio 217/0 - ME PRES prevê, por
meio do seu Plano de Trabalho, que sejam efetivadas as seguintes ações: 1) Recursos Humanos 2)
Material; 3) Reforço alimentar; 4) Capacitação dos Recursos Humanos
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a) Aspectos gerais
� Oferta de atividades no contraturno escolar para os beneficiados, em espaços
físicos específicos às atividades esportivas a serem desenvolvidas, devendo ser no
ambiente da escola ou espaços comunitários (entorno: áreas públicas ou privadas, com a
devida autorização do proprietário);
� Oferta a cada beneficiado de, no mínimo, 03 modalidades esportivas (sendo 2
coletivas e 1 individual) até os 15 anos completos. A partir desta idade até os 17 anos há a
possibilidade de se ofertar apenas uma modalidade, de acordo com o interesse do
beneficiado;
� Oferta de atividades complementares (educacionais, culturais, ambientais, outras);
� Oferta de reforço alimentar, caracterizado por lanche;
� Oferta de materiais esportivos e uniforme, para o desenvolvimento das atividades;
� Oferta de capacitação dos profissionais.
d) Diagnóstico do público alvo
No desempenho das suas funções, preliminarmente os Professores Coordenadores
deverão:
� Realizar diagnóstico da realidade sócio-econômica e das demandas sociais;
� Levantar o perfil, os interesses e as potencialidades das crianças e adolescentes
participantes do projeto que justifiquem as atividades a serem ofertadas;
A seleção dos beneficiados será feita pelo Colégio/Escola Pública Estadual detentora do
núcleo, seguindo os critérios:
� risco social;
� dificuldades pedagógicas;
� necessidade de integração;
� dificuldades motoras;
� faixa etária: de 06 a 17 anos.
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e) Modalidades Ofertadas
As modalidades esportivas serão selecionadas de acordo com a demanda local, valorizando
as características e vocação de cada Colégio/Escola e do seu público alvo (sendo duas modalidades
esportivas coletivas e uma individual), e serão definidas por ocasião da apresentação do Plano
Pedagógico do Núcleo.
f) Grade Horária
Será definida de acordo com a realidade de cada Núcleos (Colégio/Escola). Será elaborada
pelo Professor Coordenador a partir de uma leitura refinada das Diretrizes 2011 do Programa
Segundo Tempo, do Plano Pedagógico do Convênio, das Diretrizes Curriculares da Educação Física
do Estado do Paraná e fará parte da estruturação do Plano Pedagógico do Núcleo (PPN).
g) Espaços e Equipamentos
Poderão ser utilizados espaços e equipamentos pertencentes à instituições públicas e
privadas, governamentais e não governamentais, inclusive dos equipamentos em meio aberto,
como praças, parques, quadras esportivas, espaços escolares, estabelecendo, quando necessário
as parcerias que formalizarão a utilização desses espaços, sempre mantendo informada a Unidade
Gestora, e essa ao Ministério do Esporte. É necessário, porém, levar em consideração de que o
colégio/escola é a base definida como centro de operação de todas as atividades.
h) Período de execução
Considerando que o programa Segundo Tempo no Estado do Paraná, é realizado nas
escolas públicas estadual, sempre será respeitado o calendário escolar, determinado pela
Secretaria do Estado da Educação, seguindo a seguinte proposta, com 12 meses de execução,
sendo que destes 01 (agosto de 2011) se destina à estruturação do Programa nos 208 núcleos e 11
(setembro de 2011 a julho de 2012) se destinam ao atendimento dos beneficiados com a oferta de
atividades.
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i) Composição dos Núcleos
Os 208 núcleos serão formados por 100 crianças, lembrando, porém que um Núcleo do
Programa Segundo Tempo deve ser entendido como a somatória do espaço físico adequado
(esportivo e complementar – cantina, sala de aula, refeitório, banheiros); 100 alunos; 01 Professor
Coordenador; 01 Monitor; Kit de material esportivo; Reforço alimentar; Uniforme e Capacitação
dos Recursos Humanos. Portanto não se refere exclusivamente ao espaço físico onde são
desenvolvidas as atividades, mas à sua composição, podendo funcionar em um ou mais espaços
físicos, desde que estejam sob a mesma coordenação. Neste caso, o Núcleo deverá ter uma base
definida, ou seja, um local onde os recursos humanos possam se reunir para organizar suas
atividades e que seja referência para os participantes, famílias e Ministério do Esporte.
j) Conteúdos, estratégias metodológicas e processos avaliativos
O conteúdo programático e as suas dimensões, as estratégias metodológicas e os
processos avaliativos serão detalhadamente retratados por ocasião da apresentação do Plano
Pedagógico do Convênio (PPC) e devidamente replicados nos Planos Pedagógicos dos Núcleos
(PPNs), assegurando que as Diretrizes 2011 do Programa Segundo Tempo, seus conteúdos, o
Projeto Básico e Plano de Trabalho sejam respeitados.
k) Acompanhamento
� Contatos virtuais (email, boletins informativos, telefone);
� Fórum virtual PST Convênio 217/07 ME PRES;
� Encontro presencial realizado trimestralmente com os Coordenadores Setoriais;
� Envio de relatórios trimestrais;
� Visitas oficiais programadas pelas Equipes Colaboradoras.
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3. FUNDAMENTAÇÃO E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E PEDAGÓGICOS
É importante considerar que, para efeito de desenvolvimento dos conteúdos e a necessária
interação dos mesmos com o ambiente escolar, locus no qual as atividades serão desenvolvidas,
propomos o refinamento e a adequação entre as propostas das diretrizes do PST (ME), das
Diretrizes Curriculares do Estado (DCE) e dos Projetos Político Pedagógico das Escolas (PPP),
considerando que no convênio em questão as propostas do PST não podem acontecer de forma
desconectada das ações políticas pedagógicas que normatizam todas as ações desenvolvidas
dentro da escola, sejam elas ações curriculares ou ações extracurriculares, gerando, a partir deste
ajustamento, os PPNs.
Desta forma cumpre alertar, para efeito de compreensão e entendimento sobre a
adequação sugerida, que passa a ser entendida como metodologia pedagógica do convênio, que a
proposta apresentada não se opõe às recomendações e deliberações das diretrizes do Ministério
do Esporte em relação ao PST, mas que se somam e se completam, e que tampouco se propõem a
substituir ou concorrer com as atividades curriculares da Educação Física nos estabelecimentos de
ensino onde o PST acontecerá em decorrência do convênio 217/07 ME PRES, mas asseguram
condições ao desenvolvimento dos conteúdos valorizando e respeitando os princípios básicos em
relação às demandas locais e a complexidade dos 208 diferentes núcleos. As duas propostas -
Diretrizes PST e DCE/PPP, quando se referem ao objeto do PST – Esporte - partem de reflexões
sobre o papel da educação física e do esporte na formação da criança, adolescentes e jovens e
consideram a cultura corporal nas diversas dimensões – inclusão, educação, prática cultural,
lúdico, lazer, saúde. Neste aspecto, por estarem inseridos no espaço escolar, os núcleos do PST do
convênio 217/2007 tornam-se clara expansão das atividades pedagógicas expressivas corporais no
ambiente escolar, mas tratadas pelo viés da ludicidade, da saúde, da cidadania, da inclusão, da
diversidade, tendo como foco e direcionamento o objetivo de “democratizar o acesso à prática e à
cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e
jovens, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, priorizando as que
se encontram em situação de risco social”, no tempo do contra-turno escolar.
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Essas reflexões apontam que os conteúdos desenvolvidos nos Núcleos do PST do convênio
217/2007, têm o propósito inicial de romper com a maneira tradicional e formal de como os
conteúdos são tratados nas aulas de educação física, buscando as inovações, reinventando e
recriando estes conteúdos na perspectiva sócio educativa, integrando e interligando esses
conteúdos com os Elementos Articuladores das DCE – Pr (ver adiante), que são responsáveis pela
compreensão das práticas corporais e das múltiplas possibilidades de intervenção pedagógica em
situações que surgem no cotidiano de cada núcleo do PST, principalmente com o elemento da
Cultura Corporal e Ludicidade, de forma reflexiva e contextualizada.
Para melhor compreender e estruturar os conteúdos nos núcleos do PST do convênio
217/2007 a elaboração se dá a partir das DCE e são eles:
Conteúdo Estruturante –
“Entende-se por conhecimentos de grande amplitude, conceitos, teorias ou práticas, que
identificam e organizam os campos de estudos de uma disciplina escolar, considerados
fundamentais para a compreensão de seu objeto de estudo/ensino” (DCE, 2008). Os Conteúdos
Estruturantes propostos para a Educação Física na Educação Básica do Paraná são os seguintes:
Esporte, Jogos e brincadeiras, Ginástica, Lutas e Dança.
No PST será dada a devida ênfase ao “esporte” como conteúdo estruturante das ações,
articulando, porém os demais conteúdos para que os mesmos não se percam enquanto
“possibilidades e oportunidades” de vivência aos beneficiários do Programa.
Conteúdo Básico –
“Entende-se por conhecimentos fundamentais, considerados imprescindíveis para a
formação conceitual dos estudantes.” (DCE, 2008). Em relação ao “esporte”, os conteúdos básicos
apontados nas DCE como ponto de partida são: coletivos e individuais.
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Conteúdo Específico –
As DCE apresentam o conteúdo específico como um desdobramento dos conteúdos
estruturante e básico. Desta forma, considerando o “esporte” como conteúdo estruturante e a
distribuição dos conteúdos básicos em “coletivos e individuais”, os conteúdos específicos seriam
as modalidades esportivas e todas as suas derivações (basquete, handebol, vôlei, futebol, futebol
de salão, lutas, ginástica e outras).
Apresentados os Conteúdos é importante visualizarmos a interface destes com elementos
que são definidos como - ao mesmo tempo - fins e meios do processo de ensino/aprendizagem e
intitulados Elementos Articuladores, que devem transitar pelos Conteúdos Estruturantes e
Específicos de modo a articulá-los o tempo todo, seja no PLANEJAMENTO MACRO DOS NÚCLEOS,
nas suas etapas ou PERÍODOS ou nos PLANOS DE AULA, permitindo ampliar o conhecimento da
realidade por meio de temas referentes aos fenômenos sociais e culturais. A organização dos
conteúdos de forma temática, pode contribuir para uma melhor compreensão da realidade, desde
que embasados no plano social, permitindo aos participantes, uma percepção crítica e uma
intervenção na comunidade (DCE, 2008, p.53).
Os elementos não podem ser entendidos como conteúdos paralelos, nem tampouco
trabalhados apenas teoricamente e/ou de maneira isolada. Como articuladores dos conteúdos,
devem responder aos desafios de democratizar o acesso à prática, promover o desenvolvimento
integral, a cidadania e a melhoria da qualidade de vida de crianças, adolescentes e jovens, seja no
turno ou no contra-turno escolar (e, em nosso caso, considerando em especial as atividades do
Programa Segundo Tempo), porém percebidos com clareza, sem substituir, concorrer ou
sobrepor-se às aulas curriculares de Educação Física. Nas DCE e neste PPC, propõem-se os
seguintes elementos articuladores:
a) Cultura Corporal e Corpo: O pressuposto deste elemento é a reflexão crítica sobre
as diferentes visões constituídas ao longo da história da humanidade em relação ao corpo
que favoreceram a dicotomia corpo-mente e sua repercussão, nas práticas corporais.
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b) Cultura Corporal e Ludicidade: Esse elemento é relevante porque, ao vivenciar os
aspectos lúdicos que emergem das e nas brincadeiras, os alunos tornam-se capazes de
estabelecer conexões entre o imaginário e o real, e de refletir sobre os papéis assumidos
nas relações em grupo. Reconhece e valoriza, também, as formas particulares que os
brinquedos e as brincadeiras tomam em distintos contextos e diferentes momentos
históricos, nas variadas comunidades e grupos sociais.
c) Cultura Corporal e Saúde: Esse elemento articulador permite entender a saúde
como construção que supõe uma dimensão histórico-social. Portanto, é contrária à
tendência dominante de conceber a saúde como simples volição (querer) individual. Na
esteira dessa discussão, propõem-se alguns elementos a serem considerados como
constitutivos da saúde: nutrição, aspectos anatomofisiológicos, lesões e primeiros
socorros, doping e sexualidade.
d) Cultura Corporal e Mundo do Trabalho: O mundo do trabalho torna-se elemento
articulador, na medida em que concentram as relações sociais de
produção/assalariamento vigentes na sociedade, em geral, e na Educação Física, em
específico, conseqüências da profissionalização e salários de atletas. Outra dimensão
relacionada, diretamente, à reordenação do mundo do trabalho é o caráter de (in)utilidade
que a Educação Física tem assumido no processo de formação de todo cidadão.
e) Cultura Corporal e Desportivização: Este elemento prioriza os debates sobre
contradições presentes no processo de esportivização das práticas corporais, visto que no
ensino de Educação Física é preciso compreender o processo pelo qual uma prática
corporal é institucionalizada internacionalmente com regras próprias e uma estrutura
competitiva e comercial.
f) Cultura Corporal – Técnica e Tática: Constituem e identificam o legado cultural das
diferentes práticas corporais, por isso, não se trata de negar a importância do aprendizado
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das diferentes técnicas e elementos táticos. Trata-se, sim, de conceber que o
conhecimento sobre estas práticas vai muito além dos elementos técnicos e táticos. Do
contrário, corre-se o risco de reduzir ainda mais as possibilidades de superar as velhas
concepções sobre o corpo, baseadas em objetivos focados no desenvolvimento de
habilidades motoras e no treinamento físico, por meio das conhecidas progressões
pedagógicas.
g) Cultura Corporal e Lazer: Promover experiências significativas no tempo e no
espaço, de modo que o lazer se torne um dos elementos articuladores do trabalho
pedagógico. Por meio dele, os alunos irão refletir e discutir as diferentes formas de lazer
em distintos grupos sociais, em suas vidas, na vida das famílias, das comunidades culturais,
e a maneira como cada um deseja e consegue ocupar seu tempo disponível;
h) Cultura Corporal e Diversidade: Aqui, propõe-se uma abordagem que privilegie o
reconhecimento e a ampliação da diversidade nas relações sociais. As atividades corporais
podem revelar-se excelentes oportunidades de relacionamento, convívio e respeito entre
as diferenças, de desenvolvimento de idéias e de valorização humana, para que o outro
seja considerado.
i) Cultura Corporal e Mídia: Esse elemento articulador deve propiciar a discussão das
práticas corporais transformadas em espetáculo e, como objeto de consumo, diariamente
exibido nos meios de comunicação para promover e divulgar produtos. Para uma análise
crítica dessa concepção das práticas corporais, diversos veículos de comunicação podem
servir de referência, quais sejam: programas esportivos de rádio e televisão, artigos de
jornais, revistas, filmes, documentários, entre outros.
Assim a proposta a ser desenvolvida nos núcleos do PST do convênio 217/2007 apresenta
uma linha metodológica específica do esporte, entendendo-o numa perspectiva educacional e
direcionada, fundamentalmente ao incremento da qualidade de vida, à manutenção e à melhoria
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da saúde, bem como ao favorecimento do bem estar físico, social e psicológico das crianças,
adolescentes e jovens, com o objetivo de democratizar o acesso à prática e à cultura esportiva
como instrumento educacional, na perspectiva de ampliar o número de beneficiados na
praticado esporte.
Indiretamente cumpre também o objetivo de proporcionar a criação e o uso de espaços
inovadores de formação que valorizem o associativismo promovendo o conhecimento do esporte
com ênfase nos seus aspectos educacionais e culturais, privilegiando a inclusão, a solidariedade, o
coletivo, a autonomia, a cooperação, a confiança, a descontração, a perseverança e a vontade de
continuar participando nas atividades. Trata-se de um investimento na adesão e aderência às
atividades do Programa por parte dos beneficiários entendendo a importância da dimensão
corporal como “resultado de experiências objetivas, fruto de nossa interação social nos diferentes
contextos em que se efetiva, sejam eles a família, a escola, o trabalho e o lazer” (DCE, 2008, p.75).
4. ETAPAS DO PLANEJAMENTO
4.1. DIAGNÓSTICO
O Paraná é um dos 27 estados do Brasil e está situado na Região Sul do País. Faz divisa com
os estados de São Paulo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, fronteira com a Argentina e o
Paraguai e limite com o Oceano Atlântico. Ocupa uma área de 199.880 km², corresponde a 2,3%
da superfície total do Brasil, o Paraná tem 399 municípios, população estimada total de
10.387.378 de habitantes.
Sua capital é Curitiba, e outras importantes cidades são Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu,
Ponta Grossa, Cascavel, Guarapuava e Paranaguá. Na Região Metropolitana de Curitiba, destacam-
se, por sua importância econômica, os municípios de São José dos Pinhais e Araucária.
A população é formada por descendentes de várias etnias: poloneses, italianos, alemães,
ucranianos, holandeses, espanhóis, japoneses e portugueses, e por imigrantes procedentes, em
sua maioria, dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Minas Gerais.
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O Paraná possui uma excelente infra-estrutura de estradas, aeroportos, ferrovias, portos e
usinas geradoras de energia elétrica. O Governo do Estado oferece incentivo e benefícios fiscais
que são um grande atrativo para a instalação de empresas e indústrias nacionais e estrangeiras.
Em relação à educação tem investido numa forte política educacional com o
desencadeamento de várias ações fundamentais para a estruturação da educação no Paraná: o
regime de colaboração com os municípios; a política de valorização dos profissionais da educação;
a melhoria na infraestrutura das escolas; o investimento no transporte e na merenda.
No Paraná, 30% do orçamento são destinados à educação - acima do exigido pela
Constituição Federal, que é de 25%. Além destes recursos, há também transferências voluntárias
que são aportadas a partir de projetos implantados junto com o Governo Federal por meio das
políticas públicas do Paraná.
A população censitária da faixa etária de 06 a 17 anos, faixa atendida pelo projeto Segundo
Tempo e integrantes da educação básica no estado, é de 2.711.486 alunos. Destes 1.170.245 estão
matriculados na escola pública estadual, sendo 752.679 no ensino fundamental e 417.566 no
ensino médio. Esta população está distribuída em 3.025 estabelecimentos de ensino.
Considerando estes dados, o projeto Segundo Tempo no Estado atende 41.600 (3,2%) crianças e
adolescente da educação básica em 208 estabelecimentos públicos estadual.
Esta população vive e convive em 124 diferentes municípios distribuídos em todas as
regiões administrativas e geográficas do Estado, com contingente populacional e perfil sócio-
econômico e cultural diversificado, e que possuem, de acordo com Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e social – IPARDES o seguinte índice de desenvolvimento humano –
IDH M (total) – 02 municípios possuem índice maiores ou igual a 0,850; 20 municípios maior ou
igual a 0,800 ou menor que 0,850; 81 municípios maior ou igual 0,764 ou menor 0,800; 240
municípios maior ou igual 0,700 e menor a 7,64 e 56 municípios menor 0,700. Portanto o estado
encontra-se em nível médio de satisfação nos itens educação, longevidade e renda.
Mesmo diante deste quadro otimista, o Paraná possui taxas significativas em relação à
pobreza: 2.322.383 pessoas e 589.428 famílias estão em situação de pobreza totalizando 20,87%
da população do Paraná; 22 municípios encontram-se em condições críticas atingindo mais de 40%
20
das famílias em cada município; 59 municípios apresentam elevada proporção de pobres (em
relação às demais classes econômicas); 89 municípios tem elevado contingente de pobres (em
relação ao número de habitantes), totalizando 42,6% dos municípios paranaense que se
encontram em situação de pobreza, fato que gera baixa arrecadação (nestes municípios) e,
conseqüentemente pouco investimento na área social, apresentando-se como a situação mais
crítica no desenvolvimento econômico e social do Estado (pobreza e renda).
Alem desta situação o Paraná possui altos índices de violência, em especial no entorno das
regiões metropolitanas de Curitiba (37 núcleos PST), Londrina (09 núcleos PST), Cascavel (13
núcleos PST) e Foz do Iguaçu (09 núcleos PST), mesmo estando classificado em nono lugar no
ranking nacional de violência.
O "mapa da violência" situa Curitiba e Foz do Iguaçu entre as 10 cidades (com mais de 100
mil habitantes) mais violentas do Brasil. A capital do estado está em 6.o lugar na lista, com 2,69 de
índice de violência. Foz aparece na 10.a colocação, registrando índice de 2,17. Curitiba e Foz
exibem os maiores índices de violência do Paraná desde 2000.
Outras cidades do Paraná figuram na lista são: Londrina (40º), Pinhais (98º), São José dos
Pinhais (73º), Colombo (53º), Cascavel (42º). Almirante Tamandaré (78º).
São 68 núcleos PST ou 31,92% do total de núcleos PST instalados nestas regiões (com
elevados índices de violência) e que tem, nestes locais, papel de relevada importância em
contribuição à minimização dos índices atuais, com atividades que deverão ser planejadas de
forma coordenada e orientada neste sentido.
As 100 cidades do ranking, de acordo com o Ministério, são responsáveis por praticamente
um terço dos óbitos por violência ocorridos no país.
Neste contexto, os demais núcleos do PST foram divididos nas diversas regiões do Estado
pensando em tratar principalmente as questões em relação à democratização e o acesso à prática
das atividades esportivas, e outras questões que demandam a vulnerabilidade social - inclusão,
diversidade e cidadania - em todos os núcleos, e o trato com as questões da violência – mais
especificamente nos núcleos inseridos no mapa da violência.
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4.2. OBJETIVO
Objetivo Geral
Democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o
desenvolvimento integral de crianças, adolescentes e jovens, como fator de formação da
cidadania e melhoria da qualidade de vida, priorizando as que se encontram em situação de risco
social.
Objetivos Específicos
� Oferecer práticas esportivas educacionais, estimulando crianças e adolescentes a manter
uma interação efetiva que contribua para o seu desenvolvimento integral;
� Oferecer condições adequadas para a prática esportiva educacional de qualidade;
� Estabelecer relações e vínculos com fenômenos sociais e culturais;
� Contribuir para a melhoria das capacidades físicas e habilidades motoras;
� Contribuir para a melhoria da qualidade de vida (auto-estima, convívio, integração social e
saúde);
� Contribuir para a diminuição da exposição aos riscos sociais (drogas, prostituição, gravidez
precoce, criminalidade e trabalho infantil).
4.3. CONTEÚDO
Os conteúdos serão selecionados de acordo com a recomendação do Ministério do
Esporte, que orienta a prática do esporte com o uso de duas modalidades esportivas coletivas e
uma individual por núcleo, considerando os itens já abordados (na fundamentação teórica e nos
objetivos) e o PPN da escola onde o núcleo se encontra.
Para a definição das dimensões do conteúdo, segundo ZABALA (1998), existe na atualidade
uma tentativa de ampliar o conceito de conteúdo, passando a utilizá-lo para tudo quanto se tem
que aprender, não apenas as capacidades cognitivas, como também as demais capacidades.
A partir de então, foi proposto pensar o conteúdo em três dimensões como descrito por
Coll et. al. (2000): “o que se deve saber?” (dimensão conceitual); “o que se deve saber fazer?”
22
(dimensão procedimental); e, “como se deve ser?” (dimensão atitudinal). Enfim, as dimensões do
conteúdo, serão compreendidas a partir do seguinte:
� Dimensão Atitudinal > vinculada ao aspecto afetivo-social
� Dimensão Conceitual > vinculada ao aspecto cognitivo
� Dimensão Procedimental > vinculada ao aspecto motor
Os conteúdos terão como referência as Diretrizes do PST e as DCE do Governo do Estado do
Paraná que proporcionará uma melhor aproximação conceitual entre os conteúdos a serem
desenvolvidos pelo núcleo do Segundo Tempo, adotando:
� Conteúdo Estruturante: Esporte
� Conteúdo Básico: Coletiva e Individual
� Conteúdo Específico: Modalidades (Basquete, Futebol, Futebol de Salão, Handebol,
Vôlei, Ginástica, Dança, Lutas, Xadrez, Natação, entre outras). Estas serão selecionadas
pelos núcleos do PST, considerando a demanda local, a cultura e a estrutura.
� Detalhamento do Conteúdo: importante para possibilitar a dimensão do conteúdo
Como exemplo, na modalidade Futebol poderemos ter:
- Fundamentos (chute, condução de bola, passe, drible e etc.)
- Preparação física;
- Treinamento técnico - tático;
- Histórico do Esporte - origem e desenvolvimento;
- O jogo como instrumento de convivência social;
- O jogo na atualidade e a mídia;
- Profissionalização - chances e riscos;
- Jogos pré-desportivos que favoreçam a vivência de situações básicas de jogo.
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Para cada item desse desdobramento é indicado à vinculação com os Elementos
Articuladores da Cultura Corporal e com as dimensões do conteúdo – conceitual (saber),
procedimental (saber fazer) e atitudinal (saber ser), como podem observar no exemplo:
Dimensões no desdobramento do Conteúdo Específico - Futebol
- Fundamentos (chute, condução de bola, passe, drible e etc.)
Dimensão: Procedimental
Elemento Articulador: Cultura Corporal Técnico e Tática
- Preparação física
Dimensão: Procedimental
Elemento Articulador: Cultura Corporal Corpo
- Treinamento técnico-tático
Dimensão: Procedimental
Elemento Articulador: Cultura Corporal Técnico e Tática
- O jogo como instrumento de convivência social
Dimensão: Atitudinal
Elemento Articulador: Cultura Corporal e Diversidade
- O jogo na atualidade e a mídia
Dimensão: Atitudinal e Conceitual
Elemento Articulador: Cultura Corporal e Mídia
- Profissionalização - chances e riscos
Dimensão: Atitudinal e Conceitual
Elemento Articulador: Cultura Corporal e Mundo do Trabalho
- Jogos pré- desportivos que favoreçam a vivência de situações básicas de jogo
Dimensão: Procedimental
Elemento Articulador: Cultura Corporal e Ludicidade
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Assim, na medida em que articularmos entre si os Conteúdos Estruturantes, os Conteúdos
Básicos, os Conteúdos Específicos e os Elementos Articuladores com as Dimensões Atitudinal,
Conceitual e Procedimental, devidamente fundamentados nas orientações teórico-metodológicas
das Diretrizes do PST, DCE e PPP, nos deparamos com o espectro de possibilidades que abarca o
universo de conteúdos que se traduzirá no Planejamento Pedagógico dos Núcleos e nos Planos de
Aula, devidamente distribuídos nas respectivas grades horárias, passando a integrar o plano de
atividades a ser elaborado e executado por cada um dos Professores Coordenadores e Monitores
dos Núcleos PST do convênio 217/07 ME PRES.
Enfim, cada PPN (Projeto Pedagógico de Núcleo) deverá contemplar os conteúdos
respeitando e valorizando as demandas locais e considerando a fonte teórica e orientações
metodológicas estabelecida no PPC (Projeto Pedagógico do Convênio).
4.4. ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS
As estratégias serão selecionadas a partir da seleção dos conteúdos podendo ser,
exposição do professor, demonstração prática, trabalho em grupo, trabalho individual. No
entanto, mesmo diante dessas estratégias, é necessário assumir o compromisso pela busca
constante de novas ferramentas e estratégias metodológicas que sirvam para garantir maior
coerência com o par dialético objetivos-avaliação.
Isto é, pensar formas que sejam coerentes com os objetivos inicialmente definidos de
forma a atender a nova significação do PST. Segundo Darido e Oliveira (2009, p. 209) os conteúdos
devem “ultrapassar a idéia de estar voltado apenas para o ensino das técnicas, táticas e regras dos
esportes, embora inclua estes aspectos muito mais que isso”.
Por exemplo: Objetivo específico 1 - Oferecer práticas esportivas educacionais,
estimulando crianças e adolescentes a manter uma interação efetiva que contribua para o seu
desenvolvimento integral.
Para atender este objetivo busca-se a interface do conteúdo específico e seu detalhamento
com os Elementos Articuladores (DCE), neste caso os alunos devem ser capazes de refletir e
reconhecer as diferentes visões constituídas ao longo da história da humanidade em relação ao
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corpo que favoreceram a dicotomia corpo-mente e sua repercussão, nas práticas corporais, como:
“reconhecer as práticas negativas que envolvem as práticas do esporte e atividade física uso de
anabolizante, corpo idealizado pela mídia. Aqui a interface é com elemento Cultura Corporal e
Corpo.
Quanto à estratégia de aplicação dos conteúdos serão utilizados os procedimentos
metodológicos de ensino conforme aponta as Diretrizes do PST:
� Exposição do professor (verbal demonstração e exemplificação);
� Método de trabalho independente (preparatória, assimilação de conteúdo e elaboração
pessoal);
� Trabalho em grupo;
� Elaboração conjunta;
� Atividades especiais.
Há que ressaltar também que os Professores Coordenadores e os Monitores (sob a
supervisão do primeiro) serão estimulados a catalogar as suas atividades construindo
coletivamente um “banco de atividades” realizadas nos núcleos, com instrumento específicos que
atendam as fundamentações deste PPC (ver anexo I), demonstrando peculiaridades e inovação,
que deverão ser postadas no Fórum (online – virtual) dos núcleos do PST do convênio 217/2007
ME PRES - com o propósito de estabelecer um canal de troca de experiência.
O Fórum será uma ferramenta metodológica de caráter instrumental e pedagógico,
destinado à comunicação entre a Unidade Gestora, os Professores Coordenadores e os Monitores
dos 208 Núcleos do PST, estimulando leituras, debates e também a construção do histórico
pedagógico e do “banco de atividades” do Convênio 217/07 ME PRES.
Esta ferramenta metodológica também será utilizada para complementar os critérios de
avaliação e contribuir, a posteriori na verificação das mudanças geradas pelo PST nas escolas
estaduais do Paraná.
A visualização das atividades do fórum será restrita aos integrantes do Convênio 217/07
ME PRES, mediante a liberação de login e senha junto à Unidade Gestora.
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Para tratar das questões de administração e gestão do Convênio, complementando o
trabalho de acompanhamento pedagógico a ser desenvolvido a partir do Fórum, a Paraná Esporte
está utilizando a sua home page, com link do Programa Segundo Tempo com informações
gerenciais locais. Para acompanhamento recomendamos o acesso no seguinte endereço:
www.esporte.pr.gov.br - clicando a seguir no link SEGUNDO TEMPO.
4.5. PROCESSOS AVALIATIVOS
Serão considerados os princípios das DCE, que conduz o processo avaliativo à reflexão e ao
aprofundamento, buscando novas formas de compreensão dos seus significados no contexto
escolar, excluindo as concepções excludentes e seletivas “freqüentemente ligadas à educação e à
avaliação tradicional por meio da reprodução dos modelos de ensino vinculados ao
desenvolvimento da aptidão física e das habilidades desportivas, que se restringiram a comparar,
classificar e selecionar o aluno com base no desempenho motor ou nas medidas biométricas dos
alunos”. (PALLAFOX E TERRA, 1998, p. 25).
O objetivo é favorecer maior coerência entre a concepção defendida e as práticas
avaliativas que integram o processo do PST. Um dos primeiros aspectos que precisa ser garantido
é a não exclusão, isto é, a avaliação deve estar a serviço da aprendizagem de todos os alunos, de
modo que permeie o conjunto das ações pedagógicas e não seja um elemento externo a esse
processo (DCE, 2008, p.77).
Neste contexto, a avaliação será voltada aos objetivos propostos e possibilitando esta visão
pelos beneficiados. Da mesma forma contemplar as dimensões do conteúdo (atitudinal, conceitual
e procedimental), possibilitando avaliar o desenvolvimento dos participantes em todas as suas
capacidades (afetiva-social, cognitiva e motora).
Os métodos de avaliação serão qualitativos e quantitativos no sentido de identificar o
impacto do programa na vida dos beneficiários, a percepção dos pais e/ou responsáveis, a
percepção dos Professores Coordenadores e monitores, e os instrumentos para atender estas
questões são:
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a) Impacto do programa
- Controles de freqüência – instrumento livro de chamada da escola;
- Planilha de avaliação do aluno pelo professor – instrumento sugerido pelo PST no Formulário
EXEMPLO DE PLANILHA PARA AVALIAÇÃO DO ALUNO PELO PROFESSOR (Oliveira e Perim, p.294).
- Planilha de autoavaliação do aluno (quando a idade permitir entendimento) – instrumento
sugerido pelo PST no Formulário EXEMPLO DE PLANILHA PARA AUTOAVALIAÇÃO DO ALUNO
(Oliveira e Perim, p.294).
b) Percepção sobre o programa
- Questionário/ entrevista para coordenadores e monitores – instrumento em anexo (anexo II e III)
- Questionário/ entrevista para pais e ou responsáveis – instrumento sugerido pelo PST no
Formulário ROTEIRO DE ENTREVISTA/QUESTIONÁRIO PARA PAIS E/OU RESPONSÁVEIS (Oliveira e
Perim, p.294).
- Questionário/ entrevista para alunos – instrumento sugerido pelo PST no Formulário EXEMPLO
DE PLANILHA PARA AUTOAVALIAÇÃO DO ALUNO (Oliveira e Perim, 288).
c) Impacto do Conteúdo
- Planilha para autoavaliação do aluno para um determinado conteúdo específico – instrumento
sugerido pelo PST no Formulário EXEMPLO DE PLANILHA PARA AUTOAVALIAÇÃO DO ALUNO PARA
UM DETERMINADO CONTEÚDO (Oliveira e Perim, p. 287).
- Plano de aulas – Formulário QUADRO 8 (Oliveira e Perim, p.285).
- Acompanhamento da quantidade de aulas x aprendizagem tática – instrumento sugerido pelo
PST no Formulário EXEMPLO DE PLANILHA PARA ACOMPANHAMENTO DA QUANTIDADE DE AULAS
QUE EXPLORAM O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM TÁTICA (Oliveira e Perim, p.289).
- Acompanhamento da quantidade de aulas x aprendizagem motora – instrumento sugerido pelo
PST no Formulário EXEMPLO DE PLANILHA PARA ACOMPANHAMENTO DA QUANTIDADE DE AULAS
QUE EXPLORAM O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM MOTORA (Oliveira e Perim, p.290).
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4.6. RECURSOS FÍSICOS E MATERIAIS
a) Material Esportivo
ITEM CAIXA 1 QTD
1 BOLA DE BASQUETE ADULTO 06
2 BOLA DE BASQUETE INFANTIL 06
3 BOLA DE FUTEBOL DE CAMPO ADULTO 10
4 BOLA DE FUTEBOL DE CAMPO INFANTIL 10
5 BOLA DE FUTSAL ADULTO 06
6 BOLA DE FUTSAL INFANTIL 06
7 CONE TAMANHO MÉDIO 10
8 CAIXA PRETA TIPO “ CASE” 01
ITEM CAIXA 2 QTD
9 BOLA DE HANDEBOL JUVENIL/FEMININO 06
10 BOLA DE HANDEBOL INFANTIL 06
11 BOLA DE VOLEIBOL ADULTO 06
12 BOLA DE VOLEIBOL MIRIM 06
13 BOLA DE BORRACHA 10
14 REDE DE BASQUETE 01
15 CONE GRANDE 10
16 BOMBA PARA BOLA 02
17 BICO PARA BOMBA 08
18 APITO DE PLÁSTICO COM CORDÃO 04
18 PETECA 10
20 COLETE ESPORTIVO 04 JOGOS
21 BAMBOLÊ 15
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22 CADEADO 02
23 CAIXA PRETA TIPO “CASE” 01
ITEM CAIXA 3 QTD
24 REDE DE FUTEBOL DE CAMPO 01
25 REDE DE FUTSAL / HANDEBOL 01
26 REDE DE VOLEIBOL COMPLETA 01
27 SACO DE NYLON PARA TRANSPORTE DE MATERIAL 02
28 CORDA DE SISAL COM 5 M 02
29 CORDA DE SISAL COM 2M 15
30 TACO DE BETE OMBRO COM BOLINHA DE BORRACHA 01 JOGO
31 RAQUETE DE FRESCOLBOL 01 PAR
32 MINI TRAVE DE FUTEBOL 01 JOGO
(*) Os materiais esportivos que compõem o Kit Básico dos Núcleos PST em relação ao convênio
217/07 - ME-PRES são de uso exclusivo nas atividades do Programa Segundo Tempo. O início do
seu uso se dará somente após autorização expressa da Unidade Gestora – Paraná Esporte.
b) Uniformes
Camiseta - 3 por beneficiado Bermuda - 1 por beneficiado Camiseta - 3 por coordenador Camiseta - 3 por monitor
c) Espaço Físico
Serão utilizados os espaços existentes Escolas Públicas do Estado onde estão inseridos os núcleos
PST, considerando também a possibilidade de utilização de espaços e equipamentos no seu
entorno, e que serão demonstrados nos PPNs, detalhando quantidade e condições de uso.
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A saber:
� Cozinha/cantina
� Salas de aula
� Sala de Jogos
� Quadras esportivas
� Ginásios
� Campos de futebol
� Parques e praças
� Outros espaços e equipamentos de prática
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5. REFERÊNCIAS
BAUDRILLARD, J. Pour une Critique de L’Économie Politique du Signe. Paris, Éditions Gallimard, 1972.
BOURDIEU, P. Como é possível ser esportivo? in: Questões de sociologia. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1983, p.139.
BOURDIEU, P. Programa para uma sociologia do esporte, in : Coisas Ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990, p.214.
COLL, C.; POZO, J. I.; SARABIA, B.;VALLS, E. Os conteúdos na reforma. Porto Alegre: Artmed, 2000.
OLIVEIRA, Amauri B.; PERIM, Gianna L. Fundamentos pedagógicos do Programa Segundo Tempo: da reflexão á prática. Maringá:Eduem, 2009.
INEP- INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS EDUCACIONAIS ANISIO TEIXEIRA, Censo Educativo. 2008. Disponível em:<http://www.inep.gov.br/básica .
IPARDES – INSTITUTO PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL, Indicadores Sociais. 2009. Disponível em:<http://www.ipardes.gov.br .
MARTINS, Dilson J.Q., A formulação e a implementação das políticas públicas no campo do esporte no Estado do Paraná entre 1987 e 2004. 267 f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)
- Departamento de Educação Física, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004.
PALLAFOX, G. H. M.; TERRA, D. V. Introdução à avaliação na educação física escolar. In: Pensar a Prática. Goiânia, v. 1. n. 01, jan/dez 1998, p. 23-37.
PARANÁ ESPORTE. Guia de Elaboração e Preenchimento do Projeto Pedagógico do Núcleo PST. Paraná: Paraná Esporte, 2010.
PILETTI, Claudino. Didática geral. 21ª Ed. São Paulo: Ática, 1997.
SAUERBRONN, J.F. & AYROSA, E.A.T. Sonhos olímpicos de uma noite de verão: uma investigação sobre valores de consumo no esporte, in: XXVI - Encontro da ANPAD - ENANPAD, Salvador–Brasil, 2002.
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008.