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[AGEÍLHAVO – ESCOLA SECUNDÁRIA DR. JOÃO CARLOS CELESTINO GOMES CURSO CIENTIFICO-HUMANISTICO DE LÍNGUAS E HUMANIDADES] 10 de Março de 2013 Filosofia – 11ºD; Mara Godinho, nº 15 1 Projecto-Reflexão Professora: Judith Pressler

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Filosofia – 11ºD; Mara Godinho, nº 15

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Projecto-Reflexão

Professora: Judith Pressler

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Introdução

No âmbito da disciplina de Filosofia, a Professora da disciplina, Professora Judith

Pressler, propôs à turma que apresentasse uma reflexão pessoal acerca dos textos que

constavam na matriz do projecto. A Professora informou, ainda, que para cada um dos textos,

a reflexão não deveria exceder as duas páginas; e que sob nenhum pretexto os alunos

poderiam recorrer à cópia ou plágio de qualquer livro, autor, site, revista, etc. O desrespeito

desta norma levaria à completa desvalorização do trabalho efectuado.

A Professora cedeu, como referido anteriormente, uma matriz bastante clara e

objectiva daquilo que pretendia para este trabalho; disponibilizou documentos de apoio à

reflexão no moodle; e disponibilizou-se, durante as aulas e fora delas para tirar dúvidas que

eventualmente pudessem surgir ao longo do trabalho.

A Professora Judith acordou com a turma que o projecto constará para a avaliação do

Domínio C – Domínio dos desempenhos formais, e em conformidade com o calendário de

testes da turma, conciliou com os discentes que a data-limite para entrega do projecto seria 10

de Março de 2013.

Os objectivos gerais do projecto são: distinguir a racionalidade filosófica de outros

tipos de racionalidade; reconhecer o trabalho filosófico como actividade interpretativa e

argumentativa; reconhecer o carácter linguístico-retórico e lógico-argumentativo do discurso

filosófico; reconhecer a Filosofia como um espaço de reflexão interdisciplinar; reconhecer a

necessidade de situar os problemas filosóficos no seu contexto histórico-cultural; e identificar

as principais áreas da filosofia.

Contudo, a Professora indicou ainda objectivos específicos para cada um dos textos

que irão ser alvo de reflexão. Assim, o primeiro texto – Excerto de “A Utopia”, de Thomas

More (grande humanista da época do Renascimento) - permitirá ao aluno analisar a

problemática sobre a qual o texto toma posição, identificando o tema/problema; analisar a

conceptualidade sobre a qual assenta o texto, identificando os termos ou conceitos nucleares

do texto, explicitando o seu significado e as suas articulações com as perspectivas éticas de

Kant e Stuart Mill; confrontar as teses e a argumentação do texto com teses e argumentos

alternativos; e assumir posição pessoal relativamente às teses e aos argumentos em confronto.

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Enquanto o segundo texto – “Kant – O conhecimento”- permitir-nos-á analisar a

problemática sobre a qual o texto toma posição, identificando o tema/problema; analisar a

conceptualidade sobre a qual assenta o texto, identificando os termos ou conceitos nucleares

do texto, explicitando o seu significado e as suas articulações com as perspectivas

epistemológicas de Descartes e David Hume; confrontar as teses e argumentação do texto

com teses e argumentos alternativos; e assumir posição pessoal relativamente às teses e aos

argumentos em confronto.

Através da realização deste projecto-reflexão, irei relembrar alguns conceitos e

autores estudados no 10º ano e aprofundar o estudo de conceitos e autores estudados ao longo

deste 2º período. Deste modo, iniciarei a minha preparação para o teste intermédio da

disciplina, que se irá realizar dia 17 de Abril de 2013.

Pretendo, ainda, e mais do que tudo, aprender a pensar e a reflectir, porque, afinal

“Não se ensina filosofia; ensina-se a filosofar.” (Kant).

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Texto 1: A Utopia – Thomas More

Os escrúpulos da guerra e o sentimento humanitário

Aborda o conflito ético-moral existente em situações de guerra. More, ao relatar o

modo como os utopienses agem na arte da guerra, acaba por idolatrá-los, veberando a Europa

do século XVI, onde o despotismo das monarquias, o servilismo dos cortesãos, o luxo e a

injustiça reinavam. Assim, a Utopia (do grego, ou-topos: lugar nenhum) exprime a ideia de

civilização fantástica, ideal (se é ideal, é inalcançável). Os utopienses têm perfeito

conhecimento da arte militar e uma excelente educação. São uma sociedade extraordinária,

que se vangloria quando vence os seus inimigos pela esperteza e artifício. As suas tácticas

levam à traição e à discórdia no campo adversário e, muitas vezes, ainda que secretamente, a

que vitórias sangrentas se sucedam (“mandam afixar, secretamente (…) cartazes em que

oferecem enormes recompensas a quem matar o príncipe inimigo”). Ainda assim, a

“recompensa é dobrada para quem entregar vivo um daqueles cujas cabeças foram postas a

prémio”. O inimigo é incentivado, através da corrupção, a trair os seus compatriotas. Assim,

o povo inimigo deixa de ser um todo, para passar a ser partes de um todo que desconfiam

umas das outras. É preciso que se note que todas estas tácticas devem ser vistas como uma

“prova de humanidade e misericórdia”, na perspectiva utopiense, porque “reduzem o número

geral de mortes”. O povo utopiense é, antes de tudo, um povo de bem, que tem até piedade

das tropas inimigas; que mesmo depois da vitória, não deixa de respeitar os conquistados; e

que, às cidades que se rendem, protegem-nas. Fiéis a si mesmos valorizam as tréguas.

Segundo a perspectiva ética de Kant, uma perspectiva racionalista (que se rege pela

razão e afirma que esta é o único critério usado para avaliar acções), que entende que é a

capacidade racional do ser humano, a capacidade de olhar para o mundo que o rodeia, de o

analisar e se distanciar de si mesmo que o afasta das outras criaturas. Assim, o ser humano é

o único ser que pode agir moralmente, o que lhe atribui um valor intrínseco, pois se não

existisse, não poderia haver bondade moral. Os utopienses, embora sábios, disciplinados,

humildes e astutos, utilizam esses valores, que são bons em si mesmos, para incitar à traição e

à discórdia: é feito um mau uso de valores instrumentalmente bons. A boa vontade é, então, a

única coisa universal e incondicionalmente boa, mas mesmo esta, só o é se não for

condicionada pelas possíveis consequências que dela advierem – “não é apenas por respeito

aos conquistados que não devastam suas terras (…) mas igualmente por compreenderem que

lhes poderão servir” - esta acção não é moralmente correcta, porque o modo de agir não se

prende com a intensão de cumprir o dever, mas sim com as consequências que lhe poderão

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suceder. Muitas das tácticas utilizadas pelos utopienses não respeitam o princípio da boa

vontade, pois remetem para a instrumentalização do ser humano para atingir um determinado

fim (“Como o dinheiro suborna facilmente, o próprio príncipe pode ser entregue por aqueles

em quem depositava maior confiança”). Os utopienses “corrompem o inimigo” - segundo o

imperativo categórico que Kant formulou, ainda que a consequência que advenha deste acto

seja boa, não é eticamente correcta, porque não podemos ter a certeza das eventuais

consequências que a acção venha a ter; e não se poderia universalizar esta forma de agir,

porque não respeita o dever moral.

Segundo a Ética Utilitarista de S. Mill, que avalia a moralidade das acções segundo as

vantagens e desvantagens que os seus efeitos comportam. Seguindo esta ética

consequencialista, na sociedade utopiense muitas das “práticas inescrupulosas” justificam-se

pelas consequências que delas advém – o objectivo é reduzir o número de vítimas. O povo

utopiense tenta promover ao máximo a felicidade, sendo que a sua maior preocupação é não

promover uma vitória sangrenta, e mesmo quando “os utopienses vencem (…) impedem o

massacre dos vencidos”, isentando-os da dor. Mill, estabeleceu, ainda, a distinção entre os

prazeres inferiores, e os prazeres superiores – More mostra-nos como prazeres inferiores,

como a ambição de poder, tornam o seu inimigo vulnerável e fácil de corromper; já os

utopienses, dignos dos prazeres superiores, tornam-se fortes, superiores, incorruptíveis. Kant

revela que são estes últimos que proporcionam a verdadeira realização do Homem. Como

detentores dos mais altos prazeres espirituais, os utopienses não poderiam deixar de desejar o

bem comum. Assim, agem sempre de modo a que se respeite o princípio utilitário,

fomentando o bem supremo (a felicidade) - “o maior bem para o maior número” - “reduzem o

número geral de mortes nos campos de batalha”, “levam à morte seres (…) cujo

desaparecimento a humanidade ficaria grata”, “são benevolentes (…) também por razões

utilitárias de longo prazo”).

Deste modo, para Kant, as acções dos utopienses seriam imorais; já para Mill, os

utopienses estariam a tomar atitudes moralmente correctas, pelos motivos já supracitados.

Embora compreenda os motivos por que se rege a teoria de Mill, identifico-me com a teoria

de Kant, pois penso que devemos olhar para o ser humano como um fim em si mesmo,

mesmo que o contrário se revele bom para a maioria. A certa altura, deixaríamos de entender

quais as situações em que a morte, ou a humilhação, trariam vantagens para a humanidade, e

tornar-se-ia uma prática desumana. Ou seja, tornar-nos-íamos vítimas da nossa própria arma.

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Texto 2: Kant – O Conhecimento

Aborda a problemática do Conhecimento, segundo Kant. O conhecimento epistémico

consistirá em responder à questão “O que posso conhecer?”. Deste modo, Kant responde às

perguntas: Como começa o conhecimento? De onde deriva? Até onde pode ir? Quais os seus

limites?

Kant defende que todo o conhecimento se inicia com a experiência; que é realmente

necessário que, em primeiro lugar, hajam coisas (é necessário que exista objecto cognoscível

para que exista um sujeito cognoscente – correlação) e, em segundo lugar, que entremos em

contacto com elas (pois captamos o conhecimento através dos sentidos). Para Kant, a origem

do conhecimento reside na sensibilidade e no entendimento. Os objectos da nossa intuição

empírica são as sensações, são o conteúdo das experiências, são as ideias simples que os

sentidos captam. No entanto, para que entrem no campo cognoscível, elas precisam de ser

colocadas em formas de receber a informação à priori, que são o espaço e o tempo.

Mas de onde deriva, afinal, o conhecimento? Kant afirma que o conhecimento deriva

de formas à priori do sujeito, porque conhecer cientificamente é explicar “por que razão algo

acontece aqui e agora”, não é só dizer que acontece “aqui e agora”. Assim, como “conhecer é

explicar um fenómeno através de outro ou de outros”, temos de estabelecer uma relação

causal e só somos capazes de o fazer se estivermos “equipados” com o conceito de causa

(forma que relaciona dois fenómenos simples: fenómeno um e fenómeno dois e forma uma

ideia complexa de causa-efeito). Assim, o autor conclui que “só conhecemos dados que a

sensibilidade recebe, mas não é a sensibilidade que os conhece”. Então, o conhecimento

deriva do entendimento. Em Hume, a causalidade era um hábito, uma ilusão (Hume não

encontra legitimidade para a afirmação “sempre que se verifica o fenómeno um (causa),

sucede-lhe o fenómeno dois (efeito)”, porque remete para o futuro, e nada sabemos sobre o

futuro. Já para Kant, Hume estava errado em procurar a causalidade na natureza. Só podemos

pensar nas coisas numa relação de causa-efeito porque a causalidade está no sujeito.

Kant define os limites do conhecimento: apesar do conhecimento derivar de formas à

priori, só conhecemos algo se estivermos em contacto com essas realidades sensíveis. O

entendimento não tem o poder de intuir, depende da sensibilidade para ter objectos para

conhecer. Mas após captar os fenómenos, o entendimento tem a tarefa de o conhecer. É a

razão que regula e orienta a actividade do entendimento procurar explicações mais amplas,

querendo ultrapassar os limites do plano dos acontecimentos do mundo natural. Assim, se só

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por meio da nossa sensibilidade chegamos ao entendimento, é impossível conhecer algo que

se encontre fora do plano espácio-temporal. E, segundo, Kant, o ser humano deve “aceitar

humildemente essa limitação”. A realidade que não se manifesta não pode ser objecto

cognoscível. A essa realidade que não se manifesta dá-se o nome de númeno e corresponde a

matéria como Deus, alma, ou liberdade.

Kant, tal como Descartes, não duvida da possibilidade do conhecimento, a sua questão

é saber como ele se torna possível. A dúvida cartesiana, utilizada como método para chegar

ao conhecimento, é oposta à dúvida céptica, que é definitiva. A dúvida cartesiana, embora

hiperbólica (levando Descartes ao solipsismo), é provisória e metódica. Descartes, acaba,

então por se assumir como cogito (mes cogitans), seguindo a regra da evidência. O “eu penso,

logo existo”, é a primeira evidência. Ou seja, é a primeira coisa a apresentar-se como clara e

distinta. Constitui, assim, um ponto de partida seguro para o conhecimento. Descartes vai

mais longe, e prova a existência de Deus: ao aperceber-se da existência da ideia inata de ser

omnisciente, omnipresente, e sumamente perfeito, deduz: se a ideia de perfeição existe, e eu

sou imperfeito (tenho a necessidade de duvidar), ela só nos pode ter sido incutida pelo nosso

criador (pois o conteúdo é transcendente ao continente). Mas tal como já referi, Kant não

concorda que possamos afirmar que uma certa realidade que não se manifesta, exista.

Em síntese, Kant critica Descartes, na medida em que não admite que a possibilidade

do conhecimento seja puramente racional. Não existe conhecimento à priori. A razão pura

nada conhece porque nada tem para conhecer, precisamos do contributo da sensibilidade. Por

outro lado, a teoria kantiana, para além de ultrapassar o racionalismo de Descartes, vai

também além do empirismo de Hume: o autor explica que o empirismo leva ao cepticismo, o

que significaria perder a crença na possibilidade do conhecimento, e Kant acreditava

veemente que embora o conhecimento começasse na experiência, derivava de formas á priori,

com um papel fundamental na descoberta do conhecimento.

Ao pensar afincadamente neste problema do conhecimento, penso que me coloco mais

do lado de Kant. Reconheço-me na perspectiva de que existem objectos que não podem ser

cognoscíveis, e que o ser humano deve “aceitar humildemente essa limitação”. No entanto,

compreendo a importância da criação de métodos, como fez Descartes, para atingir o

conhecimento; e a necessidade de dúvida de Hume, mas não numa dúvida céptica, porque

isso significa perder a orientação num mundo que anda já tantas vezes à deriva.

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Conclusão:

Através deste trabalho, podemos concluir que todos temos perspectivas diferentes em

relação a um mesmo assunto e que para que as nossas perspectivas não careçam de

verosimilhança, basta que as fundamentemos devidamente. Não podemos ser criadores de

uma verdade absoluta, porque todos temos diversas e diversificadas formas de pensar. Afinal,

para More, a Utopia exprimia a ideia de sociedade ideal. Stuart Mill concordaria com os

utopienses em muitos aspectos, contudo, Kant jamais olharia para esta sociedade com bons

olhos.

Descartes, David Hume e Kant reflectiram sobre a problemática do conhecimento, e

todos eles encontraram a sua maneira de pensar sobre o assunto: Descartes defendia que o

conhecimento estava na razão; David Hume, que ele se encontrava na experiência; e Kant foi

mais longe, questionando cada uma das teorias anteriores, e chegando à conclusão que só

utilizando simultaneamente a racionalidade e os sentidos seremos capazes de atingir o

verdadeiro conhecimento.

Tirando partido deste projecto-reflexão, tentei fazer uma introspecção relativa aos

temas que foram abordados e colocar em evidência as competências tácitas que adquiri ao

longo do ano passado, e ao longo deste período.

Gostei particularmente de reflectir sobre a temática do primeiro texto porque penso

que vivemos constantemente num conflito ético-moral.