Projeto Retrospectiva - Direito Eleitoral

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Atualizações direito eleitoral

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    Lei 13.107/2015 A PRESIDENTA DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Esta Lei altera as Leis nos 9.096, de 19 de setembro de 1995 Lei dos Partidos Polticos, e 9.504, de 30 de setembro de 1997, para dispor sobre fuso de partidos polticos. Art. 2o Os arts. 7o, 29 e 41-A da Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995, passam a vigorar com as seguintes alteraes:

    Art.7o ......................................................................... 1o S admitido o registro do estatuto de partido poltico que tenha carter nacional, considerando-se como tal aquele que comprove o apoiamento de eleitores no filiados a partido poltico, correspondente a, pelo menos, 0,5% (cinco dcimos por cento) dos votos dados na ltima eleio geral para a Cmara dos Deputados, no computados os votos em branco e os nulos, distribudos por 1/3 (um tero), ou mais, dos Estados, com um mnimo de 0,1% (um dcimo por cento) do eleitorado que haja votado em cada um deles. ................................................................................... (NR) Art.29.................................................................................................................................... 4o (VETADO). 5o (VETADO). 6 No caso de incorporao, o instrumento respectivo deve ser levado ao Ofcio Civil competente, que deve, ento, cancelar o registro do partido incorporado a outro. 7 Havendo fuso ou incorporao, devem ser somados exclusivamente os votos dos partidos fundidos ou incorporados obtidos na ltima eleio geral para a Cmara dos Deputados, para efeito da distribuio dos recursos do Fundo Partidrio e do acesso gratuito ao rdio e televiso.

    8 O novo estatuto ou instrumento de incorporao deve ser levado a registro e averbado, respectivamente, no Ofcio Civil e no Tribunal Superior Eleitoral. 9 Somente ser admitida a fuso ou incorporao de partidos polticos que hajam obtido o registro definitivo do Tribunal Superior Eleitoral h, pelo menos, 5 (cinco) anos. (NR) Art.41A......................................................... Pargrafo nico. Para efeito do disposto no inciso II, sero desconsideradas as mudanas de filiao partidria em quaisquer hipteses. (NR) Art. 3o O 7o do art. 47 da Lei no 9.504, de 30 de setembro de 1997, passa a vigorar com a seguinte redao:

    Art.47.................................................................................................................................... 7o Para efeito do disposto no 2o, sero desconsideradas as mudanas de filiao partidria em quaisquer hipteses. ................................................................................... (NR) Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data da sua publicao. Braslia, 24 de maro de 2015; 194o da Independncia e 127o da Repblica.

    DILMA ROUSSEFFJos Eduardo Cardozo STF ADI 5081 / DF - DISTRITO FEDERAL

    / Incio do trecho que passa informaes para o QueryString (Pesquisa Simultnea de Jurisprudncia) Trmino do trecho que passa informaes para o QueryString (Pesquisa Simultnea de Jurisprudncia) AO DIRETA DE

    INCONSTITUCIONALIDADERelator(a): Min. ROBERTO BARROSO

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    Julgamento: 27/05/2015 rgo Julgador: Tribunal Pleno Publicao PROCESSO ELETRNICO DJe-162 DIVULG 18-08-2015 PUBLIC 19-08-2015 Parte(s) REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPBLICA INTDO.(A/S) : TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL Ementa Ementa: DIREITO CONSTITUCIONAL E ELEITORAL. AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. RESOLUO N 22.610/2007 DO TSE. INAPLICABILIDADE DA REGRA DE PERDA DO MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDRIA AO SISTEMA ELEITORAL MAJORITRIO. 1. Cabimento da ao. Nas ADIs 3.999/DF e 4.086/DF, discutiu-se o alcance do poder regulamentar da Justia Eleitoral e sua competncia para dispor acerca da perda de mandatos eletivos. O ponto central discutido na presente ao totalmente diverso: saber se legtima a extenso da regra da fidelidade partidria aos candidatos eleitos pelo sistema majoritrio. 2. As decises nos Mandados de Segurana 26.602, 26.603 e 26.604 tiveram como pano de fundo o sistema proporcional, que adotado para a eleio de deputados federais, estaduais e vereadores. As caractersticas do sistema proporcional, com sua nfase nos votos obtidos pelos partidos, tornam a fidelidade partidria importante para garantir que as opes polticas feitas pelo eleitor no momento da eleio sejam minimamente preservadas. Da a legitimidade de se decretar a perda do mandato do candidato que abandona a legenda pela qual se elegeu. 3. O sistema majoritrio, adotado para a eleio de presidente, governador, prefeito e senador, tem lgica e dinmica diversas da do sistema proporcional. As caractersticas do sistema majoritrio, com sua nfase na figura do candidato, fazem com que a perda do mandato, no caso de mudana de partido, frustre a vontade do eleitor e vulnere a soberania popular (CF,

    art. 1, pargrafo nico; e art. 14, caput). 4. Procedncia do pedido formulado em ao direta de inconstitucionalidade. TSE Compra de apoio politico e configuracao de abuso do poder economico. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, assentou que a compra de apoio politico, fundamentada na promessa de cargos publicos e oferta de dinheiro a candidato, a fim de comprar-lhe a candidatura, configura abuso do poder economico. Na especie, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE/RS) reformou sentenca de primeiro grau e julgou procedente a Acao de Investigacao Judicial Eleitoral (AIJE), reconhecendo a pratica de abuso do poder economico e cassando os diplomas de prefeito e vice-prefeito de Crissiumal/RS, condenando o primeiro a sancao de inelegibilidade e determinando a realizacao de novas eleicoes municipais. A Ministra Luciana Lssio, relatora, rememorou que a conduta de compra de apoio politico foi discutida pela Corte Eleitoral no Respe no 50706/AL, rel. Min. Marco Aurelio, tendo sido afastada, sob o prisma de violacao ao art. 41-A da Lei das Eleicoes. Asseverou que a oferta de valores com vistas a desistencia de candidatura, quando ja deflagradas as campanhas, denota, ao inves da legitima negociacao de apoio politico, o efetivo abuso dessa prerrogativa. Enfatizou que o artigo 22, inciso XVI, da Lei Complementar no 64/1990, introduzido pela Lei Complementar no 135/2010, instituiu a gravidade dos fatos como novo paradigma para afericao do abuso do poder, e que a investigacao da gravidade leva em conta as circunstancias do fato em si e nao o seu efetivo potencial de influencia no pleito. O art. 22, XVI, da Lei Complementar no 64/1990 estabelece: [...] XVI para a configuracao do ato abusivo, nao sera considerada a potencialidade de

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    o fato alterar o resultado da eleicao, mas apenas a gravidade das circunstancias que o caracterizam. O Tribunal, por unanimidade, desproveu o recurso, nos termos do voto da relatora. Recurso Especial Eleitoral no 198-47, Crissiumal/RS, rel. Min. Luciana Lossio, em 3.2.2015. Tempestividade de recurso interposto antes da publicacao do acrdao e mudanca de entendimento da Corte Eleitoral. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, alterando sua jurisprudencia, assentou ser tempestiva a interposicao de recurso antes da publicacao de acrdao, sendo desnecessaria sua ratificacao posterior. No caso vertente, trata-se de recurso especial eleitoral protocolado antes da publicacao de acrdao que julgou recurso eleitoral. Em contrarrazoes, o Ministerio Publico Eleitoral suscitou, preliminarmente, a intempestividade do recurso, ante a ausencia de posterior ratificacao pelo recorrente. Em voto-vista, a Ministra Maria Thereza de Assis Moura, acompanhando a recente mudanca de entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema (AI no 703.269/MG) no sentido de que os recursos apresentados antes da publicacao do acrdao nao sao intempestivos, entendeu pela nao exigencia de ratificacao do recurso, destacando a boa-fe e a celeridade processual. Ressaltou que o entendimento desta Corte Eleitoral era no sentido de que a parte demonstrasse o conhecimento dos fundamentos do acrdao recorrido ou ratificasse o recurso, no prazo recursal, sob pena de nao conhecimento. Salientou, ainda, que o Superior Tribunal de Justica entende que e intempestivo o recurso prematuro interposto antes da publicacao de acrdao que julgou recurso de apelacao e que nao foi ratificado posteriormente pelo recorrente, mesmo que

    nao opostos embargos de declaracao contra o referido aresto. O Tribunal, por unanimidade, rejeitou a preliminar de intempestividade do recurso, nos termos do voto do Ministro Marco Aurelio (relator). Votaram com o relator, no ponto, os ministros Gilmar Mendes, Joao Otavio de Noronha, Maria Thereza de Assis Moura, Henrique Neves da Silva, Tarcisio Vieira de Carvalho Neto e Dias Toffoli (presidente), que retificou o voto anteriormente proferido. Aps, o julgamento foi suspenso para posterior julgamento da questao de merito, a ser trazida pelo Ministro Dias Toffoli, oportunamente. Recurso Especial Eleitoral no 104683, Santa Barbara de Goias/GO, rel. Min. Marco Aurelio, em 10.3.2015. Juizo de retratacao e art. 267, 7o, do Cdigo Eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, assentou que o juizo de retratacao previsto no art. 267, 7o, do Cdigo Eleitoral prescinde de pedido expresso da parte recorrente, por constituir medida prevista em lei, e pode ser exercido aps as contrarrazoes do recurso. No caso vertente, trata-se de recurso ordinario interposto em face de acrdao do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia que denegou mandado de seguranca impetrado contra ato de juiz eleitoral que, exercendo juizo de retratacao, julgou procedente representacao eleitoral. A materia esta prevista no art. 267, 7o, do Cdigo Eleitoral, in verbis: Art. 267. Recebida a peticao, mandara o juiz intimar o recorrido para ciencia do recurso, abrindo-se- lhe vista dos autos a fim de, em prazo igual ao estabelecido para a sua interposicao, oferecer razoes, acompanhadas ou nao de novos documentos. (...)

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    7o Se o juiz reformar a decisao recorrida, podera o recorrido, dentro de 3 (tres) dias, requerer suba o recurso como se por ele interposto. O Ministro Admar Gonzaga (relator) asseverou que o juizo de retratacao de uma decisao de merito admite-se em face do interesse publico que prevalece nos feitos eleitorais e destacou tratar-se de um caso especifico de excecao ao principio da inalterabilidade da sentenca no ambito desta Justica especializada. Ressaltou que a retratacao do juizo eleitoral aps as contrarrazoes assegura observancia dos principios do contraditrio e da ampla defesa, consagrados no art. 5o, inciso LV, da Constituicao Federal. O Tribunal, por unanimidade, desproveu o recurso, nos termos do voto do relator. Recurso em Mandado de Seguranca no 56-98, Itapicuru/BA, rel. Min. Admar Gonzaga, em 10.3.2015. Veiculacao de propaganda eleitoral no interior de escola publica e violacao ao art. 37 da Lei das Eleicoes. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, assentou que a distribuicao de propaganda eleitoral, por meio de distribuicao de folhetos de campanha no interior de escola publica viola o art. 37 da Lei no 9.504/1997. No caso vertente, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul manteve a sentenca de primeira instancia, que julgou parcialmente procedente a representacao por veiculacao de propaganda eleitoral nas dependencias de predio publico, por entender que a distribuicao de propaganda no interior de escola publica nao ensejaria a aplicacao de sancao pecuniaria, pois a propaganda em bem publico [...] deve ser no prprio bem, por meio de afixacao de cartazes e faixas ou de pintura ou inscricao a tinta. A materia esta prevista no art. 37, caput e 1o, da Lei no 9.504/1997, in verbis:

    Art. 37. Nos bens cujo uso dependa de cessao ou permissao do poder publico, ou que a ele pertencam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminacao publica e sinalizacao de trafego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de onibus e outros equipamentos urbanos, e vedada a veiculacao de propaganda de qualquer natureza, inclusive pichacao, inscricao a tinta, fixacao de placas, estandartes, faixas, cavaletes e assemelhados. 1o A veiculacao de propaganda em desacordo com o disposto no caput deste artigo sujeita o responsavel, aps a notificacao e comprovacao, a restauracao do bem e, caso nao cumprida no prazo, a multa no valor de R$2.000,00 (dois mil reais) a R$8.000,00 (oito mil reais). O Ministro Luiz Fux, acompanhando a divergencia iniciada pelo Ministro Dias Toffoli, rememorou decisao desta Corte Eleitoral (REspe no 25.682) e asseverou que a interpretacao literal do art. 37 da Lei das Eleicoes esta muito longe da razao de ser do dispositivo. Pontuou que a expressao veiculacao de propaganda de qualquer natureza, inclusive nao exclui as demais propagandas. Vencido o Ministro Joao Otavio de Noronha (relator), que entendia que, apesar de a nova redacao do art. 37 da Lei das Eleicoes ter incluido a expressao e vedada a veiculacao de propaganda de qualquer natureza, nao abrangeria todo e qualquer tipo de propaganda. Ressaltava ele que o dispositivo em comento, seguindo a linha do que estabelecia a redacao anterior, ainda se refere apenas aquelas propagandas de cunho visual colocadas no bem publico, pois, desse modo, se cogitaria em dano ao patrimonio publico. O Tribunal, por maioria, proveu o recurso, nos termos do voto do Ministro Dias Toffoli (presidente). Recurso Especial Eleitoral no 35021, Novo Hamburgo/RS, rel. Min. Joao Otavio de Noronha, em 3.3.2015.

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    Impossibilidade da mescla de regimes juridicos para fins de contagem do prazo de inelegibilidade. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, assentou nao ser possivel mesclar regimes juridicos de inelegibilidades, mediante interpretacao que combina o regime anterior da Lei Complementar no 64/1990 e o atual, da LC no 135/2010, devendo-se aplicar de forma integral o mais novo. No caso vertente, o Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais manteve sentenca de primeira instancia que indeferiu o registro de candidatura do recorrente ao cargo de prefeito, com fundamento no art. 1, inciso I, alinea g, da LC n 64/1990, em razao da desaprovacao, pela Camara Municipal, de suas contas relativas ao exercicio de 1988. A materia esta prevista no art. 1o, I, g, da Lei Complementar no 64/1990, in verbis: Art. 1o Sao inelegiveis: I para qualquer cargo: [...] g) os que tiverem suas contas relativas ao exercicio de cargos ou funcoes publicas rejeitadas por irregularidade insanavel que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisao irrecorrivel do rgao competente, salvo se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciario, para as eleicoes que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes, contados a partir da data da decisao, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituicao Federal, a todos os ordenadores de despesa, sem exclusao de mandatarios que houverem agido nessa condicao; O TRE/MG, combinando o regime anterior da LC no 64/1990, a jurisprudencia do TSE a epoca, a mudanca jurisprudencial ocorrida no ano de 2006 e o novo prazo de inelegibilidade introduzido pela LC no 135/2010, concluiu pela incidencia da causa de inelegibilidade do art. 1o, inciso I, alinea g, da LC no 64/1990. O Ministro Gilmar Mendes (relator) asseverou que com base na compreensao da reserva legal proporcional, as causas de

    inelegibilidade devem ser interpretadas restritivamente, evitando-se a criacao de restricao de direitos politicos sobre fundamentos frageis, inseguros e indeterminados. Ressaltou que os arts. 14, 9o, e 16, ambos da Constituicao Federal, estabelecem verdadeira garantia fundamental para o pleno exercicio de direitos politicos, por criarem barreiras ao legislador contra abusos e desvios da maioria, alem de formarem um nucleo interpretativo aos operadores do Direito. Destacou ainda que a decisao regional, ao mesclar regimes de inelegibilidades e a jurisprudencia do TSE firmada em cada periodo, descumpriu o que decidido pelo STF na ADC no 29/DF. Vencido o Ministro Dias Toffoli, presidente, que rememorava o precedente firmado no REspe no 14313, o qual entendia que a contagem do prazo de inelegibilidade ficaria suspensa pela simples propositura de acao judicial, reiniciando-se a partir da alteracao jurisprudencial no ano de 2006, quando passou a ser necessaria a obtencao de provimento judicial que suspendesse ou anulasse os efeitos da rejeicao de contas. O Tribunal, por maioria, deu provimento aos recursos para reformar o acrdao recorrido e deferir o registro de candidatura de Jose Leandro Filho, nos termos do voto do relator. Recurso Especial Eleitoral no 5318-07, Ouro Preto/MG, rel. Min. Gilmar Mendes, em 19.3.2015. Cassacao de diploma e principio da proporcionalidade. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, por maioria, reafirmou o entendimento da existencia de proporcionalidade entre a aplicacao da pena de cassacao de diploma e a pratica da conduta vedada. Na especie, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro reformou parcialmente sentenca de primeiro grau, para acrescentar as penalidades a cassacao do diploma dos recorrentes, por ofensa ao art. 73, inciso VI, alinea b, da Lei no 9.504/1997, que veda a

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    veiculacao de propaganda institucional nos tres meses que antecedem o pleito eleitoral. A materia esta prevista no art. 73, VI, b, da Lei n 9.504/1997, in verbis: Art. 73. Sao proibidas aos agentes publicos, servidores ou nao, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: [...] VI nos tres meses que antecedem o pleito: [...] b) com excecao da propaganda de produtos e servicos que tenham concorrencia no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, servicos e campanhas dos rgaos publicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administracao indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade publica, assim reconhecida pela Justica Eleitoral; O recorrente, em sede de recurso especial eleitoral, alegou a desproporcionalidade da pena aplicada, bem como o julgamento extra petita, vez que a peticao inicial se limitou a pedir a cassacao do registro e nao houve pedido expresso de cassacao do diploma. A Ministra Maria Thereza de Assis Moura (relatora) asseverou queuma vez presente qualquer ilicito eleitoral, cabera ao magistrado aplicar as sancoes previstas em lei, ainda que nao expressamente pedidas pela parte. Destacou que a aplicacao da penalidade de cassacao de diploma, quando na inicial e requerida apenas a cassacao do registro de candidatura, nao configura julgamento extra petita, em razao de que em uma acao de investigacao judicial eleitoral (AIJE) esta a tratar de direitos absolutamente indisponiveis. Ressaltou que esta eg. Corte ja decidiu (Ag n 3.066) que os limites do pedido sao os balizados pelos fatos imputados a parte, e nao pela erronea capitulacao legal. Vencidos os Ministros Joao Otavio de Noronha, Admar Gonzaga e Gilmar Mendes,

    que entendiam pela desproporcionalidade na aplicacao da pena de cassacao de diploma no presente caso. O Tribunal, por maioria, desproveu o recurso, nos termos do voto da relatora. Recurso Especial Eleitoral no 521-83, Volta Redonda/RJ, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, em 7.4.2015. Decisao cautelar suspendendo efeitos de rejeicao de contas e possibilidade de ser conhecida em sede de recurso ordinario. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, em continuidade de julgamento, por maioria, decidiu pela possibilidade de, em sede de recurso ordinario, ser conhecida decisao judicial cautelar que afasta rejeicao de contas de pretenso candidato, afastando-se a inelegibilidade decorrente exclusivamente da rejeicao das contas. O Ministro Joao Otavio de Noronha, redator para o acrdao, evocando a teoria da causa madura, asseverou que, sendo o unico ponto pendente de analise a inelegibilidade lastreada na alinea g do inciso I do art. 1o da Lei Complementar no 64/1990, deve-se conhecer decisao judicial cautelar apresentada diretamente nessa instancia especial, que afasta a inelegibilidade. Salientou que, no caso em analise, o provimento cautelar retirando a eficacia da decisao do rgao de contas foi obtido aps o julgamento do pedido de registro pelo Tribunal de origem, motivo pelo qual inexistiu manifestacao daquele Tribunal com relacao a esse fato. Esclareceu que a causa veio a este Tribunal em sede de recurso ordinario, cujo efeito devolutivo e amplo tanto no plano vertical, quanto no plano horizontal, a permitir o julgamento de questoes unicamente de direito, ou de fato e de direito que nao necessitem de producao de prova. Prosseguiu afirmando ser consectario indubitavel do provimento cautelar o afastamento da inelegibilidade outrora imputada ao candidato.

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    Mencionou, a titulo de reforco, os principios processuais constitucionais da efetividade, da celeridade e da duracao razoavel do processo como fundamentos para se conhecer de plano a questao. Endossando esse entendimento, o Ministro Henrique Neves afirmou que a analise da decisao cautelar nao configurava supressao de instancia, em razao de nao se estar analisando as contas do candidato, mas apenas a aplicacao da ressalva constante da parte final da alinea g, de que a suspensao pelo Poder Judiciario da rejeicao de contas afasta a inelegibilidade dela decorrente. Vencidos o Ministro Luiz Fux, relator, a Ministra Maria Thereza e o Ministro Dias Toffoli, presidente, que votavam no sentido de determinar o retorno dos autos ao Tribunal de origem. O Ministro Luiz Fux afirmava que a Corte Eleitoral a quo e quem deteria competencia para analisar os requisitos de elegibilidade, por se tratar de processo de registro de candidatura para cargo de deputado estadual. Ademais, entendia haver afronta ao principio do duplo grau de jurisdicao, encartado no Pacto de Sao Jose da Costa Rica, em razao de que esta instancia especial estaria, ao seu sentir, analisando as contas do candidato. Agravo Regimental no Recurso Ordinario no 85533, Goiania/GO, rel. Min. Luiz Fux, em 28.4.2015. Cassacao de diploma e realizacao de novas eleicoes. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, assentou que a vacancia dos cargos de chefe do Executivo e vice decorrente de cassacao de diploma se efetiva juridicamente com a sentenca condenatria, mesmo que esta os mantenha cautelarmente no exercicio do munus publico, aguardando decisao de instancia superior.

    Afirmou ainda que, sendo a sentenca prolatada no primeiro bienio do mandato, cabe realizacao de eleicoes diretas, caso a Constituicao ou lei organica do ente federativo adote a mesma norma prevista no art. 81 da Constituicao da Republica, in verbis: Art. 81. Vagando os cargos de presidente e vice-presidente da Republica, far-se-a eleicao noventa dias depois de aberta a ultima vaga. 1o Ocorrendo a vacancia nos ultimos dois anos do periodo presidencial, a eleicao para ambos os cargos sera feita trinta dias depois da ultima vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei. Na especie, a Camara Municipal de Tancredo Neves/BA impetrou mandado de seguranca contra resolucao do Tribunal Regional Eleitoral, que regulamentou a realizacao de eleicao suplementar na modalidade direta, ante a cassacao do diploma do prefeito e do vice. Alegou que, apesar de a sentenca de cassacao de diploma ter sido proferida no primeiro bienio, os investigados permaneceram nos respectivos cargos ate o segundo bienio, quando sobreveio confirmacao da decisao de piso. A Ministra Maria Thereza de Assis Moura (relatora) rememorou precedentes deste Tribunal no sentido de a cassacao do diploma por captacao ilicita de sufragio ter execucao imediata; e de a vacancia, nos casos de permanencia provisria no cargo por forca de cautelar, retroagir a data da sentenca. Esclareceu que vacancia consiste em situacao juridica, e nao em situacao de fato, sendo consequencia automatica da cassacao do diploma, e que o chamamento ao exercicio de cargo vago ou a realizacao de nova eleicao sao efeitos desse instituto juridico. No caso, assinalou que a manutencao dos politicos cassados no cargo representou mera suspensao da execucao do julgado, para evitar a alternancia de poder, situacao

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    que seria equivalente a substituicao da chefia do Poder Executivo pelo chefe do Poder Legislativo, conforme previsto no art. 80 da Constituicao Federal: Art. 80. Em caso de impedimento do presidente e do vice-presidente, ou vacancia dos respectivos cargos, serao sucessivamente chamados ao exercicio da Presidencia o presidente da Camara dos Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribunal Federal. Asseverou ser decorrencia lgica dessas premissas a conclusao de que a permanencia no cargo deu-se em carater precario, provisrio e transitrio. Enfatizou, por fim, que a realizacao de novas eleicoes na modalidade direta trazia, na hiptese, beneficios ao sistema democratico, garantindo a maxima efetividade ao texto constitucional e ao primado do Estado democratico de direito. O Tribunal, por unanimidade, indeferiu o pedido de assistencia formulado pelo PSDB Municipal, nos termos do voto da relatora. Mandado de Seguranca no 219-82, Presidente Tancredo Neves/BA, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, em 2.6.2015. Doacao de alimentos pereciveis apreendidos por rgao de fiscalizacao e nao enquadramento em conduta vedada. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, respondendo a consulta formulada pelo Ministerio Publico Eleitoral, asseverou ser possivel a doacao, em ano de eleicao, de pescados ou de outro produto com a mesma natureza de perecibilidade apreendidos pela administracao publica. A Lei no 9.504/1997, no art. 73, 10, disciplina: Sao proibidas aos agentes publicos, servidores ou nao, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais: [...]

    10. No ano em que se realizar eleicao, fica proibida a distribuicao gratuita de bens, valores ou beneficios por parte da administracao publica, exceto nos casos de calamidade publica, de estado de emergencia ou de programas sociais autorizados em lei e ja em execucao orcamentaria no exercicio anterior, casos em que o Ministerio Publico podera promover o acompanhamento de sua execucao financeira e administrativa. Em razao disso, o Ministerio Publico Eleitoral formulou as seguintes indagacoes: Pergunta 1 Em se tratando de apreensao de pescados pela administracao publica, ou de outro produto com a mesma natureza de perecibilidade, e possivel a sua doacao em ano de eleicao, a vista do que dispoe o art. 73, 10 da Lei no 9.504/1997? Pergunta 2 Caso positivo, de que modo deve ser realizada a doacao, a fim de se evitar que o agente publico responsavel pelo ato incorra nas sancoes para a pratica de conduta vedada em campanha eleitoral? O Ministro Gilmar Mendes, relator, destacou, de inicio, que a problematica nao se tratava da possibilidade de doacao decorrente de ato de mera liberalidade do administrador, mas da resultante de determinacao legal, nos termos do art. 25 da Lei no 9.605/1998: Art. 25. Verificada a infracao, serao apreendidos seus produtos e instrumentos, lavrando-se os respectivos autos. [...] 3o Tratando-se de produtos pereciveis ou madeiras, serao estes avaliados e doados a instituicoes cientificas, hospitalares, penais e outras com fins beneficentes. Enfatizou que a vedacao constante da legislacao eleitoral nao poderia ser aplicada a essas doacoes, em razao de redundar, inevitavelmente, na deterioracao dos produtos apreendidos, haja vista o longo periodo dessa proibicao e a perecibilidade do produto apreendido. Ressaltou a realidade socioeconomica do pais, em que grande parte da populacao passa fome e nao possui vida digna, razao

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    que evidenciaria o relevante papel social dessas doacoes, que seriam em volume anual consideravel. Salientou que entre os objetivos fundamentais da Republica esta a construcao de uma sociedade solidaria, a erradicacao da pobreza e a reducao das desigualdades sociais, conforme o art. 3o, inciso I e II, da Constituicao Federal. Ademais, pontuou ser o Brasil signatario do Pacto Internacional sobre Direitos Economicos Sociais e Culturais, adotado pela Organizacao das Nacoes Unidas, que estatui, entre outros, o direito a alimentacao. Enfatizou que a fome consiste em grave violacao dos direitos humanos, e que seria um contrassenso autorizar, por via obliqua, o desperdicio/destruicao de alimento perecivel apreendido, cuja doacao, por forca de lei, poderia minimizar os efeitos deleterios desse problema social. Afirmou haver no ordenamento aplicavel uma aparente antinomia, pois de um lado, uma norma determina sejam tais produtos doados; de outro, uma regra estabelece proibicao para tanto em se tratando de ano eleitoral. Ou seja, essa doacao somente poderia ser realizada em anos impares nao eleitorais; nos anos pares, os rgaos e instituicoes rotineiramente destinatarios dessas doacoes ficariam desassistidos desse auxilio para o desempenho de seus objetivos. Destacou que permitir essas doacoes em ano eleitoral nao implicaria relativizar a regra prevista na Lei das Eleicoes, muito menos criaria nova excecao, mas se tratava apenas de mera subsuncao da situacao a ressalva constante no 10 do art. 73 da Lei no 9.504/1997, de acordo com as normas constitucionais, atendendo a questoes axiolgicas, pautadas em principios constitucionais, para interpretar a norma. Dessa forma, concluiu em responder positivamente a primeira indagacao, e nos seguintes termos a segunda:

    Conforme previsto no art. 73, 10, da Lei no 9.504/1997, para que nao se configure a pratica da conduta vedada, a doacao, em ano eleitoral, deve justificar-se nas situacoes de calamidade publica ou estado de emergencia ou, ainda, ser destinada a programas sociais com autorizacao especifica em lei e com execucao orcamentaria ja no ano anterior ao pleito. No caso dos programas sociais, deve haver correlacao entre o seu objeto e a coleta de alimentos pereciveis apreendidos em razao de infracao legal. O Tribunal, por unanimidade, respondeu a consulta, nos termos do voto do relator. Consulta no 56-39, Brasilia/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, em 2.6.2015. Possibilidade de utilizacao da AIJE para averiguar possivel abuso do poder economico em realizacao de transferencias de titulos eleitorais. O Plenario do Tribunal Superior Eleitoral, por unanimidade, assentou que transferencias de eleitores em numero elevado antes do pleito, ainda que regularmente admitidas por ocasiao de suas requisicoes, podem ser objeto de acao de investigacao judicial eleitoral (AIJE), para verificacao de eventual abuso do poder economico e/ou politico em beneficio de determinadas candidaturas. No caso vertente, trata-se de recurso especial contra acrdao do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte que manteve a sentenca do juizo da zona eleitoral, julgando procedente AIJE ajuizada em face dos recorrentes, por abuso do poder economico e politico, caracterizado pela conduta de transporte, em veiculos custeados pelos cofres publicos, de eleitores com a finalidade de realizarem a transferencia de seus titulos eleitorais para o municipio em que os recorrentes se candidataram ao cargo majoritario. Os recorrentes alegam que a acao de investigacao judicial eleitoral e limitada a apuracao das irregularidades previstas nos arts. 19 e 22 da LC no 64/1990 e que a transferencia irregular de eleitores nao se

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    PROJETO RETROSPECTIVA 2015 Direito Eleitoral

    Joo Paulo

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    amolda ao conceito de fraude apto a ensejar o manejo de acoes eleitorais. O Ministro Henrique Neves (relator) esclareceu inicialmente que o objeto do caso nao esta atrelado ao preenchimento dos requisitos formais para transferencias eleitorais, questionaveis sob a forma prevista na Res.-TSE no 21.538/2003. Ele afirmou que a acao de investigacao judicial eleitoral examinava os atos antecedentes a essas transferencias, reveladores de grave envolvimento da prefeitura e dos prprios candidatos, com reflexos na normalidade do processo eleitoral daquela localidade e na isonomia da disputa. O ministro ressaltou nao se estar discutindo a validade das transferencias em sede de acao de investigacao judicial eleitoral, mas se estar verificando o incentivo economico e a indevida utilizacao de agentes e bens publicos para que essas mudancas de domicilio eleitoral ocorressem, com o fim de beneficiar os recorrentes, o que caracterizava o abuso do poder politico e economico. Dessa forma, o Plenario manteve a decisao do Tribunal Regional Eleitoral. O Tribunal, por unanimidade, desproveu o recurso, nos termos do voto do relator. Recurso Especial Eleitoral no 1153-48, Passagem/RN, rel. Min. Henrique Neves da Silva, em 23.6.2015.