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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA FLÁVIA REJANE DE SOUSA ARAÚJO A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO: DO ENSINO DEMOCRÁTICO PLURALISTA AO PRECONCEITO LINGUÍSTICO ESPECIALIZAÇÃO: LINGUÍSTICA E ENSINO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUPR-REITORIA DE PS-GRADUAO E PESQUISA

FLVIA REJANE DE SOUSA ARAJOA VARIAO LINGUSTICA NO LIVRO DIDTICO: DO ENSINO DEMOCRTICO PLURALISTA AO PRECONCEITO LINGUSTICOESPECIALIZAO: LINGUSTICA E ENSINO

TERESINA2015FLVIA REJANE DE SOUSA ARAJO

A VARIAO LINGUSTICA NO LIVRO DIDTICO: DO ENSINO DEMOCRTICO PLURALISTA AO PRECONCEITO LINGUSTICOTERESINA2015SUMRIO1 TEMA .............................................................................................................. 041.1 Delimitao do tema.................................................................................... 042 OBJETIVOS...................................................................................................... 042.1 Geral............................................................................................................. 042.2 Especficos................................................................................................. 043 JUSTIFICATIVA.............................................................................................. 054 OBJETO.......................................................................................................... 064.1 Problema..................................................................................................... 065 VARIAO LINGUSTICA E A SOCIEDADE............................................... 065.1 A variao lingustica e o ensino da lngua.............................................. 085.2 A variao lingustica e o livro didtico.................................................... 096 METODOLOGIA............................................................................................... 116.1 Tipo de pesquisa........................................................................................ 116.2 Fonte de dados........................................................................................... 117 REFERNCIAS................................................................................................. 121 TEMA A abordagem da variao lingustica no livro didtico de Lngua Portuguesa.1.1 Delimitao do tema

A variao lingustica no livro didtico de portugus Por um mundo melhor da Coleo Viver, Aprender voltado ao Ensino de jovens e Adultos (EJA).2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Analisar as concepes de variao lingustica presentes no livro didtico e a forma como tais concepes evidenciam os aspectos sociolingusticos.

2.2 Especficos

- Descrever a forma como o livro didtico emprega a terminologia relacionada variao lingustica;

- Relatar como o livro didtico aborda a diversidade de lnguas existentes no Brasil, adota e trata a variao e define norma padro;- Avaliar as atividades propostas concernentes ao trabalho com a lngua e suas variaes;

- Verificar se estas atividades esto em consonncia com as orientaes do Ministrio da Educao (MEC) e dos Parmetros e Orientaes Curriculares Nacionais.3 JUSTIFICATIVA

O que motivou a escolha do tema foi sua relevncia dentro dos estudos lingusticos como tambm na sociedade atual, pois vem se tornando um assunto bastante discutido, especialmente nos meios de comunicao em que muitas vezes se v e ouve crticas autores de livros didticos que enfatizam em suas obras as regras gramaticais e as variedades que se distanciam dos usos impostos pela gramtica normativa.No intuito de explicar o processo da Sociolingustica realizado pelos autores no livro didtico, alguns questionamentos se tornam necessrios para a realizao desta pesquisa, a exemplo:

Como o livro didtico de Lngua Portuguesa aborda as variaes da lngua? De que maneira os textos e as atividades so contemplados no estudo das variaes lingusticas?Para a realizao desta pesquisa ser analisado o seguinte material didtico do Ensino de Jovens e Adultos (EJA): Por uma vida melhor da Coleo Viver, Aprender, organizado por Helosa Ramos, indicado pelo Programa Nacional do livro Didtico (PNLD) para o ensino da lngua portuguesa na Educao de Jovens e Adultos (EJA) e aprovado pelo Ministrio da Educao (MEC).Nesse sentido, este trabalho tentar contribuir com professores de Lngua Portuguesa no que diz respeito lngua e suas variedades, evidenciando as recomendaes dos manuais de ensino por meio da pesquis a ser realizada em alguns dos seus componentes, com nfase na heterogeneidade lingustica com base nos tericos a serem estudados a fim de realizar esta pesquisa, com o intuito de ampliar o conhecimento dos educadores no que concerne a um ensino de lngua o qual passe a ver a lngua portuguesa como algo heterogneo e inerente ao ser humano.4 OBJETO4.1 Problema

Sendo o livro didtico o principal instrumento do professor na tarefa de ensinar, de que de forma o livro didtico de Lngua Portuguesa contempla as variaes lingusticas? 5 A VARIAO LINGUSTICA E A SOCIEDADE A lngua apresenta um dinamismo inerente, isto , ela no nica nem homognea. Alves Filho, Costa e Lima (2010) afirmam que a diversidade de usos da linguagem tem a ver com inmeros fatores, entre eles, esto as formas sociais de vida de um povo e sua cultura, motivo pelo qual so estabelecidas convenes e adequaes de uso de diferentes nveis de fala.Por ser a lngua heterognea nenhuma comunidade constituda por indivduos que falem da mesma forma, as diferenas de status ou posio social social so refletidas na linguagem.Lngua e poder esto intimamente relacionadas. As formas de expresso socialmente prestigiadas das pessoas consideradas superiores na escala socioeconmica, opem-se aos falares das pessoas que no desfrutam de prestgio social e econmico. No entanto, esse prestgio apenas um resultado alcanado por meio de fatores polticos e eonmicos, os quais apresentam uma falsa ideia acerca das diferenas entre dialetos. importante enfatizar que, no ponto de vista da Lingustica, no h uma variedade melhor, mais certa do que outra, pois todas so igualmente organizadas e atendem s necessidades dos grupos que as usam. Muitas vezes o que acontece que essa diferena em relao ao padro se transforma em discriminao e as pessoas que falam de forma diferente se torna alvo de preconceitos sociais.Sendo a a lngua inerente vida humana, pode-se afirmar que seu estudo est ligado Sociologia, abrindo-se para novos campos de estudo, em especial o da Sociolingustica.Conforme Votre e Naro (1989) a Sociolingustica teve seu desenvolvimento nos Estados Unidos em 1960 com os trabalhos de William Labov aps serem apresentados durante um evento denominado As dimenses da Sociolingustica na Universida da Califrnia em Los Angeles. Um dos objetivos do encontro foi caracterizar a rea em questo, relacionando as variaes lingustica observveis em uma comunidade s divergncias existentes em sua estrurtura social, especificando o objetivo da Sociolingustica: a variedade da lngua. o que afirma Alkimim (apud MUSSALIM e BENTES, 2005):Seu ponto de partida a comunidade lingustica, um conjunto de pessoas que interagem verbalmente e que compartilham um conjunto de normas com respeito aos usos lingusticos. [...] uma comunidade se caracteriza no pelo de se constituir epor pessoas que falam do mesmo modo, mas por indivduos que se relacionam por meio de redes comunicativas diversas, e que orientam seu comportamento verbal por um mesmo conjunto de regras. (ALKIMIM in BENTES e MUSSALIM,2005, p. 31).Portanto, a Sociolingustica surgiu com o interesse de preencher o vazio deixado por alguns modelos tericos que tinham com objetivo de estudo apenas o aspecto interior das lnguas e a competncia lingustica. Dessa forma, a nova vertente vem priorizar os fatores sociais e culturais que interagem na linguagem, fatores que so fundamentais para o estudo lingustico, pois o sujeito, ao contrair a linguagem, utiliza-a com o intuito de interagir com os outros indivduos. Eles podem ser fatores internos ou externos ao sistema lingustico. Conforme ressalta Travaglia (2008): um homem falando que encontramos no mundo, um homem falando com outro homem, e a linguagem revela o prprio homem,ou seja, atravs dela possvel identificar a idade, o sexo, a origem geogrfica, o nvel socioeconmico e a escolaridade de nosso interlocutor [...]. (TRAVAGLIA,2008, p. 11).

De acordo com o autor,toda e qualquer variao existente na lngua produto de uma interao de diferentes fatores como status social, sexo, grau de escolaridade, profisso, regio geogrfica, contexto (formal / informal), dentre outros.fatores esses que geram grandes influncias no tipo de variao apresentada pelos falantes.5.1 A variao lingustica e o ensino da lnguaDurante muito tempo, o ensino de Lngua Portuguesa no Brasil era submetido viso tradicionalista, ligado s questes estruturais da lngua. No entanto, trabalhar a variao lingustica no ensino da lngua, no significa o abandono da norma padro, pois essa continua sendo a variante que pode possibilitar ao falante mover-se na escala social. Segundo Dionsio e Bezerra (2001):Tradicionalmente, o ensino de Lngua Portuguesa no Brasil se volta para a explorao da gramtica normativa, em sua perspectiva prescritiva (quando se impe um conjunto de regras a ser seguido, do tipo concordncia verbal e nominal) e tambm analtica (quando se identifica as partes que compem um todo, com suas respectivas funes, do tipo funes sintticas dos termos da orao, elements mrficos das palavras) (DIONSIO e BEZERRA, 2001, p. 37).Segundo Oliveira (2004), o educando, ao aprender novas formas lingusticas, poder compreender que todas as variedades da lngua so legtimas, prprias da histria e da cultura humana. de suma importncia, que haja em sala de aula, uma prtica de relexo sobre os usos das diversas variedades lingusticas existentes.Frente aos preconceitos impregnados na sociedade, temos a Sociolingustica para explicar que as variaes so inerentes s lnguas e dessa forma, devem ser valorizadas e reconhecidas pelo seu valor.

Desse modo, o trabalho da escola constitui-se em multiplicar os recursos expressivos de que o aluno no dispunha, levando-o a entrar em contato com as formas que coloquialmente no usa e saber us-las em situaes diversas, especialmente nas formais. o que Bortoni (2005) chama de competncia comunicativa, que permite ao falante saber o que falar com quaisquer interlocutores em quaisquer circunstncias.Parte do ensino de Lngua Portuguesa tem-se voltado apenas aos contedos propostos pela gramtica tradicional (normativa), objetivando a melhoria na escrita, na leitura e na fala dos alunos por meio da norma padro. Bagno (2001) destaca que o ensino da norma padro no deve estar subordinado s aulas de gramtica ou seja, para que o aluno seja um bom falante de sua lngua, necessrio tambm que ele esteja em contato com situaes reais de uso da lngua e da escrita, para compreender o sentido de uso dos recursos aplicados pelos compndios gramaticais.Nessa perspectiva, nota-se que uma das funes da escola , sobretudo, ajudar o aluno a compreender a realidade com suas contradies e variedades; compreender a estrutura, o funcionamento e as funes da lngua instrumento de comunicao, de constituio da identidade individual e coletiva, de manutenao da coeso social do grupo com todas as suas variedades sociais, regionais e situacionais.5.2 A variao lingustica e o livro didtico

No h como negar a importncia do livro didtico na vida do educando e do educador, pois este se constitui base para a prtica pedaggica em sala de aula, ajudando o professor na sistematizao dos contedos a serem trabalhados e influenciando diretamente na tarefa de promover a insero de seus alunos na cultura letrada. O ministrio da Educao sugere que o contedo de Lngua Portuguesa seja articulado em torno de dois eixos bsicos: o dos usos da lngua oral e escrita e o da reflexo sobre a lngua e a linguagem, cujos fundamentos tericos so de base lingustica e no gramatical. imprescindvel que as instituies de ensino, juntamente com os livros didticos, abordem a diversidade lingustica com a devida importncia, de modo a eliminar o preconceito lingustico que ainda predomina na sociedade brasileira. Segundo Bagno (1999):Este preconceito vem sendo alimentado diariamente em programas de televiso e rdio, em colunas de jornal e revistas, em livros e manuais que pretendem ensinar o que certo e o que errado, sem falar, claro, nos instrumentos tradicionais de ensino da lngua: a gramtica normativa e os livros didticos. (BAGNO, 1999, p. 13).Segundo o autor, existe a necessidade de que tantoos educadores quanto os autores de obras didticas de portugus reflitam sobre o ensino de Lngua Portuguesa que promove, de certa forma, o preconceito em relao s diferenas da lngua.De responsabilidade do Ministrio da Educao (MEC) e gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa (FNDE), o Programa Nacional do Livro Didtico (PNLD) voltado aquisio e distribuio gratuita de livros didticos aos alunos da rede pblica de ensino, para apoiar o processo de ensino-aprendizagem dsenvolvido em sala de aula. Alm diso, o programa tem como princpio:

Um tratamento da variao lingustica que no se limita a fenmenos de prosdia ou de lxico, mas que evidencie o fato de que a lngua apresenta variabilidade em todos os seus nveis [...] com o devido cuidado para no transmitir ao leitor- usurio a falsa ideia de que s existe variao na lngua falada por pessoas sem escolarizao formal, o que pode cristalizar a indesejada sinonmia variao=erro (BRASIL,2002, p. 124). Graas a uma movimentao no campo de anlise sobre o ensino de lngua materna, considerando-as como uma mudana de paradigma, o Programa Nacionl do Livro Didtico pode estabelecer perspectivas tericas e metodolgicas bem definidas para os livros didticos de Lngua Portuguesa. imprescindvel que o professor de portugus tenha um projeto de ensino voltado interao e para uma correta concepo a respeito da Lngua Portuguesa, eliminando os preconceitos existentes.Nesse sentido, pode-se afirmar que o estudo das variaes lingusticas de suma importncia nessa nova proposta de ensino da lngua, bem como o combate ao preconceito lingustico. O tratamento das variedades da lngua pelo livro didtico importante na medida em que traz para a realidade do educando a compreenso da lngua de forma funciona, para que este entenda os fenmenos da linguagem e com isso respeite suas diferenas.6 METODOLOGIA6.1 Tipo de pesquisaEste trabalho ser de natureza bibliogrfica, pois a coleta dos dados ocorrer em livro didtico. A pesquisa ser de natureza descritiva e qualitativa, uma vez que descrever e analisar a forma como o livro didtico aborda a variao lingustica, a partir da observao dos textos motivadores e das atividades propostas.6.2 Fonte de dados

A fonte a ser analisada ser o seguinte livro didtico:

- Livro Por uma vida melhor da coleo Viver, Aprender organizado por Helosa Ramos, Editora Global, 2011, 2012, 2013. Volume dois multidisciplinar segmento para o Ensino Fundamental, que integra o conjunto de obras propostas pelo Programa Nacional do Livro didtico (PNLD). REFERNCIASALKIMIN, Tnia Maria. Sociolingustica parte 1. In MUSSALIM & BENTES. Introduo a Lingustica: domnios e fronteiras, v.1. So Paulo: Cortez, 2001.

ALVES FILHO,Francisco. COSTA, Catarina de Sena Sirqueira Mendes da. LIMA, Maria auxiliadora Ferreira. (orgs.) Reflexes lingusticas e literrias aplicadas ao ensino. Teresina: EDUFPI, 2010.BAGNO, Marcos. Preconceito lingustico: o que , como se faz? So Paulo: Loyola, 1999. __________(org.). Norma lingustica. So Paulo: Loyola, 2001.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. Ns cheguemu na escola, e agora? Sociolingustica e educao: Parbola Editorial, 2005.BRASIL. Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais Ensino Fundamental / Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Braslia: MEC, 2002.DIONSIO, ngela Paiva & BEZERRA, Maria Auxiliadora (orgs). O livro didtico de Portugus: mltiplos olhares. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.OLIVEIRA, Gilvan Muller de. Brasileiro fala portugus: monolinguismo e preconceito lingustico. Florianpolis: Insular, 2004.

RAMOS, Helosa.(org.). Viver, aprender: Por uma vida melhor. So Paulo: Global, 2011.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Gramtica e interao: uma proposta para o ensino de gramtica. So Paulo: Cortez, 2008.VOTRE, S.J & NARO A.J. Mecanismos funcionaisdo uso da lngua. DELTA, 1989.