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PROJETOS DA CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH 01/2004 REDE 2: O ENQUADRAMENTO E SUA PERSPECTIVA A PARTIR DO USO DA ÁGUA TEMA PRIORITÁRIO: Desenvolvimento de metodologias de enquadramento dos corpos d’água que assegurem ao longo do tempo a qualidade das águas adequada para os diversos usos de uma dada bacia RELATÓRIO FINAL DO PROJETO No. 4 : ENQUADRAMENTO DE CORPOS D'ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL REGIONAL Abril de 2008

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PROJETOS DA CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004

REDE 2: O ENQUADRAMENTO E SUA PERSPECTIVA A PARTIR DO USO DA ÁGUA

TEMA PRIORITÁRIO: Desenvolvimento de metodologias de enquadramento dos corpos d’água que assegurem ao longo do tempo a qualidade das águas

adequada para os diversos usos de uma dada bacia

RELATÓRIO FINAL DO PROJETO No. 4:

ENQUADRAMENTO DE CORPOS D'ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL REGIONAL

Abril de 2008

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Título do Projeto Enquadramento de Corpos D'água como Instrumento de Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável Regional – DES-ÁGUA.

Convenente (nome e sigla)

Fundação Espírito-Santense de Tecnologia – FEST. Executor (nome e sigla)

Grupo de Estudos e Ações em Recursos Hídricos - Departamento de Engenharia Ambiental - Centro Tecnológico - Universidade Federal do Espírito Santo – GEARH/DEA/CT/UFES

Prazo de Execução (meses)

34 (dezembro de 2004 – outubro de 2007) Coordenador do Projeto

Nome Instituição E-mail Edmilson Costa Teixeira UFES [email protected]

Equipe Executora do Projeto

Nome Vínculo E-mail Antônio Sérgio Ferreira Docente (UFES) [email protected] Daniel Rigo Docente (UFES) [email protected] Edmilson Costa Teixeira Docente (UFES) [email protected] Célio Bartole Pereira Consultor [email protected] Orlando Caliman Consultor [email protected] Paulo Renato Paim Consultor [email protected] Angélica Nogueira Souza Tedesco Bolsista DTI [email protected] Carlos Jones Rebello Júnior Bolsista DTI [email protected] Cristina Fiorin Marinato Bolsista DTI [email protected] Diogo Medidi Poloni Bolsista ITI [email protected] Gisele Barbosa de Paiva Bolsista DTI [email protected] Guilherme Araújo Ribeiro Bolsista DTI [email protected] Mônica de Souza Mendes Castro Bolsista DTI [email protected] Roberto Moisés Milagre Lopes Bolsista ITI [email protected] Vanuza Pratti Cristelo Bolsista DTI [email protected]

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APRESENTAÇÃO

Este documento apresenta o Relatório Final do projeto intitulado ENQUADRAMENTO

DE CORPOS D'ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO PARA O

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL REGIONAL – DES-ÁGUA. (edital CTHIDRO/GBH:

FINEP 02/2002), em atendimento às exigências da Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP) para o encerramento do mesmo.

O relatório foi elaborado em volume único. Porém os anexos encontram-se na forma

digital, num CD que acompanha o Relatório.

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1 -Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória............................................................................................................................59

Figura 2 - Modelo Estrutural do GWLF.....................................................................60 Figura 3 - Bacia do rio Santa Maria da Vitória, com destaque, em linha vermelha, a

sub-bacia empregada na utilização do modelo QUAL2E. ..................................63 Figura 4 -Pontos de monitoramento utilizados na calibração do modelo QUAL2E. .64 Figura 5 - Discretização do trecho simulado no Rio Santa Maria da Vitória.............65 Figura 6 - Mapa com a divisão dos setores..............................................................68 Figura 7 - Mapa de uso e ocupação do solo para os setores...................................70 Figura 8 - Mapa de Solos para os setores................................................................72 Figura 9- Mapa com os valores de CN para os setores. ..........................................72 Figura 10 - Mapa de erodibilidade dos solos (K) para os setores. ...........................73 Figura 11 -Mapa de uso e manejo do solo ( C) para os setores...............................74 Figura 12 - Mapa fator topográfico (LS) para os setores..........................................74 Figura 13 - Localização do lançamento do esgoto no Rio Santa Maria da Vitória. ..82 Figura 14 - Localização do lançamento do esgoto no Rio Santa Maria da Vitória. ..85 Figura 15 - Região do estuário do Rio Santa Maria da Vitória. ................................88 Figura 16 - Malha de elementos finitos quadrangulares usada nas simulações

(SALDANHA, 2006)............................................................................................89 Figura 17 - Esquema conceitual básico de funcionamento do SAGA ......................92 Figura 18 - Menu onde se encontra a função o Zoom Anterior ................................93 Figura 19 - Funcionalidades básicas do módulo GEOMAPA do SAGA ...................94 Figura 20 - Mapa de Relevo da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória. ..97 Figura 21 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo da bacia hidrográfica do Rio Santa

Maria da Vitória. .................................................................................................98 Figura 22 - Mapa do Potencial Natural à Erosão da bacia hidrográfica do Rio Santa

Maria da Vitória. .................................................................................................99 Figura 23 - Mapa de Estimativa de Perda de Solos da bacia hidrográfica do Rio

Santa Maria da Vitória......................................................................................100 Figura 24- Representação esquemática das etapas de simulação do

enquadramento do rio Santa Maria da Vitória e região estuarina adjacente....102 Figura 25 - Representação esquemática da etapa de identificação do contexto

decisório...........................................................................................................104 Figura 26 - Representação esquemática da etapa de estruturação do problema. .105 Figura 27 - Representação esquemática da etapa Construção dos resultados -

Enquadramento................................................................................................106 Figura 28 - Processo de votação – Representante da Sociedade Civil Organizada

.........................................................................................................................117 Figura 29 -Material de apoio utilizado para o processo de votação .......................117 Figura 30 - Mapa resultante do processo de votação, pré–enquadramento ..........118 Figura 31 - Espacialização da proposta de pré-enquadramento – cenário 1 .........119 Figura 32 - Cenário técnico 2: Simulação da Demanda Bioquímica de Oxigênio. .122 Figura 33 - Cenário técnico 2: Simulação de Fósforo Total....................................122 Figura 34 - Cenário técnico 2: Simulação de Coliformes Fecais. ...........................123 Figura 35 - Mapa da situação atual da qualidade da água.....................................124 Figura 36 - Localização das estações de controle no rio Santa Maria da Vitória e na

Baía de Vitória..................................................................................................125

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Figura 37 - Comparação entre a concentração de coliformes termotolearantes e nível d’água na Estação E4, localizada no rio Santa Maria da Vitória. ............126

Figura 38 - Simulação de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia (686400s) com T90 = 15 h. A linha vermelha corresponde ao valor de 4,0 x 103 NMP/100ml.............................................................................................127

Figura 39 - Distribuição de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia ao longo do Rio Santa Maria – trecho estuarino. Concentração inicial de 4.000 NMP/100ml.............................................................................................128

Figura 40 - Distribuição de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia, ao longo do Rio Santa Maria – trecho estuarino (E1, E2, E3, E4 e E5). Concentração inicial de 1.000 NMP/100ml. .....................................................129

Figura 41 - Simulação de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia Concentração inicial de 1.000 NMP/100ml. A linha vermelha corresponde ao valor de 43 NMP/100ml. .........................................................129

Figura 42 - Simulação cenário 2 – técnico. ............................................................130 Figura 43 - Preparação para o processo de votação (Enquadramento do Rio Santa

Maria da Vitória)...............................................................................................133 Figura 44 - Mapa final com o resultado da votação do Enquadramento ................134

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INDICE DE TABELAS

Tabela 4.1: Coeficientes de reação utilizados na calibração.__________________65 Tabela 4.2: Coeficientes e expoentes hidráulicos obtidos para simulações. ______66 Tabela 4.3: Dados da campanha de qualidade de março de 1997. _____________67 Tabela 4.4: Dados da campanha de qualidade de julho de 1997. ______________67 Tabela 4.5: Dados da campanha de qualidade de setembro de 1997. __________68 Tabela 4.6: Dados da campanha de qualidade de outubro de 1997.____________68 Tabela 4.7: Dados de vazões (m³/s). ____________________________________68 Tabela 4.8: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 1. ____74 Tabela 4.9: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 2. ____75 Tabela 4.10: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 3. ___75 Tabela 4.11: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 4. ___75 Tabela 4.12: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 5. ___75 Tabela 4.13: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para todos os

setores. _______________________________________________________76 Tabela 4.14: Dados de entrada do arquivo de transporte. ____________________77 Tabela 4.15: Taxa de descarga de sedimentos (SDR) de cada setor.___________77 Tabela 4.16: Dados utilizados para cálculo da capacidade total de água (cm).____78 Tabela 4.17: Média ponderada por setor dos valores de capacidade total de água. 78 Tabela 4.18: Nutrientes no escoamento superficial rural por cultura.____________79 Tabela 4.19: Nutrientes dissolvidos no lençol subterrâneo. ___________________79 Tabela 4.20: Concentrações de nitrogênio e fósforo totais no sedimento para os tipos

de solos. ______________________________________________________79 Tabela 4.21: Médias ponderadas, pelas áreas dos solos, das concentrações de

nitrogênio e fósforo totais no sedimento, por setor.______________________80 Tabela 4.22: Carga per capita considerada para a ETE. _____________________83 Tabela 4.23: Concentração considerada para a ETE nas simulações realizadas.__83 Tabela 4.24: Coefic ientes utilizados na simulação. _________________________85 Tabela 4:25 - Relação de grupo de decisores ____________________________111

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INDICE DE QUADROS

Quadro 1- Proposta de Pré-enquadramento para o rio Santa Maria da Vitória......118 Quadro 2 - Síntese estatísitca de resposta a questionário .....................................120 Quadro 3 - Resumo dos cenários utilizados no processo de simulação de

enquadramento do Rio Santa Maria da Vitória. ...............................................124 Quadro 4 - Usos da água doce e da água salobra de acordo com a Classe

estabelecida no pré-enquadramento, conforme Resolução CONAMA 357/2005..........................................................................................................................125

Quadro 5 - Vantagens e desvantagens relativas à proposta de enquadramento do rio Santa Maria da Vitória – cenário futuro 1 ( pré–enquadramento, proposto pelos Decisores)...............................................................................................131

Quadro 6 - Vantagens e desvantagens relativas à proposta de enquadramento do rio Santa Maria da Vitória – cenário futuro 2 (proposto pela Equipe Técnica)132

Quadro 7- Síntese do resultado da votação do Enquadramento............................134

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO __________________________________________________10

2 - OBJETIVO _____________________________________________________10

3 - METAS FÍSICAS_________________________________________________11

4 - DESCRIÇÃO E RESULTADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS _______11

4.1 - AVALIAÇÃO DO ENQUADRAMENTO DE CORPOS D’ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE AUXÍLIO AO PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL REGIONAL11

4.1.1 - Instrumentos de Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos, com Ênfase no Enquadramento de Corpos de Água Segundo os Usos Preponderantes __11

4.1.1.1 - Legislação brasileira concernente a recursos hídricos________________________ 12 4.1.1.2 - Desenvolvimento sustentável regional x política nacional de recursos hídricos ____ 14 4.1.1.3 - Unidade de planejamento e a gestão de r ecursos hídricos ____________________ 16 4.1.1.4 - Instrumentos de gestão ambiental e de recursos hídricos _____________________ 19

4.1.1.4.1 - Enquadramento de corpos d’água em classes segundo usos preponderantes _ 24 4.1.1.4.2 - Inter-relação do instrumento enquadramento com outros instrumentos de gestão ambiental e de recursos hídricos______________________________________________ 28

4.1.2 - Qualidade de Água e Planos de Desenvolvimento Regional _________30 4.1.2.1 - A importância da água ________________________________________________ 32 4.1.2.2 - Desenvolvimento regional sustentável e planos de desenvolvimento ____________ 33 4.1.2.3 - Planos de desenvolvimento, sustentabi lidade e recursos hídricos ______________ 38 4.1.2.4 - Planos de desenvolvimento regional no Brasil: visão histórica _________________ 39 4.1.2.5 - Qualidade de água e desenvolvimento sócio-econômico______________________ 44 4.1.2.6 - Relevância em se considerar recursos hídricos no desenvolvimento regional _____ 46 4.1.2.7 - Análise do enquadramento de corpos d’água como instrumento de auxílio ao planejamento sustentável regional ______________________________________________ 48

4.1.3 - Procedimentos metodológicos sobre enquadramento de corpos d’água50

4.2 - ADEQUAÇÃO DE F ERRAMENTAS PARA SUPORTE TÉCNICO A DECISÕES SOBRE ENQUADRAMENTO DE CORPOS D’ÁGUA _____________57

4.2.1 - A Área de Estudo __________________________________________58 4.2.2 - Adequação de Ferramentas Computacionais Para Fins de Auxílio Técnico na Simulação do Processo Decisório Sobre Enquadramento na Bacia do Rio Santa Maria da Vitória e Região Estuarina Adjacente ______________59

4.2.2.1 - Os modelos QUAL2E e GWLF __________________________________________ 60 4.2.2.1.1 - Descrição do modelo computacional GWLF ____________________________ 60 4.2.2.1.2 - Descrição do modelo computacional QUAL2E __________________________ 61 4.2.2.1.3 - Adequação, calibração e validação do modelo QUAL2E___________________ 63 4.2.2.1.4 - Adequação, implementação e calibração do modelo GWLF ________________ 68 4.2.2.1.5 - Identificação dos parâmetros comuns aos programas GWLF e QUAL2E______ 80 4.2.2.1.6 - Parâmetros considerados na análise dos cenários de simulação ____________ 81 4.2.2.1.7 - Considerações sobre simulação da qualidade de água com o modelo QUAL2E 82

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4.2.2.1.8 - Considerações sobre simulação da qualidade de água com a planilha Excel: parâmetro Coliformes Termo-tolerantes ________________________________________ 84

4.2.2.2 - O modelo SisBAHIA __________________________________________________ 86 4.2.2.2.1 - Descrição do modelo computacional SisBAHIA__________________________ 86 4.2.2.2.2 - Descrição da área modelada com o modelo SisBAHIA____________________ 87 4.2.2.2.3 - Implementação do SisBAHIA – módulo de hidrodinâmica__________________ 88 4.2.2.2.4 - Implementação do SisBAHIA – Módulo de qualidade de água _____________ 90

4.2.2.3 - O sistema de apoio à gestão de águas - SAGA _____________________________ 91 4.2.2.3.1 - Descrição do sistema SAGA ________________________________________ 91 4.2.2.3.2 - Adequação do sistema SAGA _______________________________________ 93 4.2.2.3.3 - Informações Georeferenciadas produzidas: ____________________________ 95

4.3 - APLICAÇÃO, AVALIAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO PARA O APERFEIÇOAMENTO DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS QUANTO AO ENQUADRAMENT O DE CORPOS D’ÁGUA_____________________________________________________________ 101

4.3.1. Aplicação de Procedimentos Metodológicos na Simulação de Enquadramento do Rio Santa Maria da Vitória e Região Estuarina Adjacente 101

4.3.1.1 - Identificação do Contexto Decisório_____________________________________ 107 4.3.1.1.1 - Elaboração de material utilizado na mobilização e preparação de Decisores e seus representados para a realização da simulação do processo de Enquadramento.___ 107 4.3.1.1.2 - Identificação dos atores estratégicos para participar como Decisores no processo de simulação do Enquadramento. ____________________________________________ 111

4.3.1.2. Estruturação do Problema _____________________________________________ 112 4.3.1.2.1 - Apropriação pelos Decisores, do significado, do processo de definição e das conseqüências estratégicas e práticas do Enquadramento. ________________________ 112 4.3.1.2.2 - Construção participativa do cenário atual do uso preponderante das águas da região de estudo. _________________________________________________________ 113 4.3.1.2.3. Definição de critérios, parâmetros e pesos para avaliação de alternativas de Enquadramento. _________________________________________________________ 114

4.3.1.3 - Construção dos Resultados - Enquadramento _____________________________ 116 4.3.1.3.1 - Elaboração das propostas alternativas de Enquadramento _______________ 116 4.3.1.3.2 - Avaliação das propostas alternativas de Enquadramento _________________ 130 4.3.1.3.3 - Definição da proposta de Enquadramento _____________________________ 132

4.3.2 Avaliação e Contribuição Para o Aperfeiçoamento de Procedimentos Metodológicos Voltados Para o Enquadramento de Corpos D’água _______135

4.3.2.1 - Avaliação do Procedimento Metodológico de Enquadramento Adotado _________ 135 4.3.2.2 - Contribuições Específicas Voltadas para Procedimento Metodológico de Enquadramento ____________________________________________________________ 139

5 – REFERÊNCIAS ________________________________________________147

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LISTAGEM DOS ANEXOS (Apresentados em CD)

ANEXO 1 - Resolução N° 12 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). ANEXO 2 - Procedimento Técnico para Enquadramento de corpos d'água. ANEXO 3 - Relatório Técnico do Diagnóstico de qualidade e dos usos da . ANEXO 4 - Relatório Técnico do Diagnóstico Sócio Econômico da Bacia. ANEXO 5 - Apresentação Água - Oficina 1. ANEXO 6 - Apresentação Projeto DESAGUA - Oficina 1. ANEXO 7 - Relatório Simplificado Sócio Ecônomico e Ambiental da Bacia. ANEXO 8 - Dinamica de Grupo e Estudo Dirigido - OFICINA 1. ANEXO 9 - Questionário - Oficina 1. ANEXO 10 - Ata Oficina 1. ANEXO 11 - Plano de Ação dos decisores. ANEXO 12 - Análise Quantitativa das Respostas ao Questionario. ANEXO 13 - Qualidade da Água do Rio Santa Maria da Vitória. ANEXO 14 - Apresentação - Oficina 2. ANEXO 15 - Ata oficina 2. ANEXO 16 - Simulação dos Cenários Rio Santa Maria da Vitória. ANEXO 17 - Simulação dos Cenários da Região do Estuarina. ANEXO 18 - Apresentação - Oficina 3.

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1 - INTRODUÇÃO

O enquadramento de corpos d’água em classes segundo os usos preponderantes é

um dos instrumentos previstos na Política Nacional de Recursos Hídricos e visa

“assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem

destinadas e diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações

preventivas permanentes” (Lei 9433/1997). E o impacto sobre a qualidade das

águas está em direta relação com a ocupação e manejo do território da bacia

hidrográfica. Mas será que os planos de desenvolvimento regional demonstram têm

levado esse aspecto em consideração?

Segundo essa Lei, o Comitê de Bacia Hidrográfica é o ente do sistema de

gerenciamento de recursos hídricos responsável pela condução dos processos de

enquadramento. Porém, são poucas as bacias que têm implantado o instrumento

Enquadramento, que deve se dar de forma participativa. E o enquadramento das

águas estuarinas? E o que se tem de suporte metodológico para apoiar os comitês

de bacias para desenvolverem essa tarefa de grande relevância para o

desenvolvimento regional?

São essas as principais questões que motivaram o desenvolvimento do presente

trabalho, cujos objetivos e metas são apresentados nas seções 2 e 3 apresentadas

a seguir.

2 - OBJETIVO

Contribuir para o estabelecimento de metodologias de enquadramento de corpos

d’água, através de estudos de simulação do processo de enquadramento do Rio

Santa Maria da Vitória/ES e Região Estuarina Adjacente, contando com a

participação de membros do Comitê, e aspectos sócio-econômicos, ambientais,

legais, políticos e institucionais.

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3 - METAS FÍSICAS

Meta 1 - Avaliar o enquadramento de corpos d’água como instrumento de auxílio ao

planejamento sustentável regional.

Meta 2 - Adequar ferramentas para suporte técnico a decisões sobre enquadramento

de corpos d’água.

Meta 3 – Aplicar, avaliar e contribuir para o aperfeiçoamento de procedimentos

metodológicos para enquadramento de corpos d’água.

4 - DESCRIÇÃO E RESULTADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Nesta seção apresentam-se a descrição e resultado das atividades desenvolvidas

pelo projeto, em relação às metas físicas descritas acima, ao longo de todo o

período de sua vigência (dezembro de 2004 a agosto de 2007).

4.1 - AVALIAÇÃO DO ENQUADRAMENTO DE CORPOS D’ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE AUXÍLIO AO PLANEJAMENTO SUSTENTÁVEL REGIONAL

Este item compõe-se de três tópicos. São eles:

ü Instrumentos de gestão ambiental e de recursos hídricos, com ênfase

no enquadramento de corpos de água segundo os usos

preponderantes.

ü Qualidade de água e planos de desenvolvimento regional.

ü Procedimentos metodológicos sobre enquadramento de corpos d’água.

Esses três tópicos serviram de referência para o desenvolvimento das demais

etapas do projeto. Sua descrição e resultados são apresentados a seguir.

4.1.1 - Instrumentos de Gestão Ambiental e de Recursos Hídricos, com Ênfase no Enquadramento de Corpos de Água Segundo os Usos Preponderantes

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O enquadramento de corpos hídricos é um instrumento de planejamento do uso das

águas, de gestão de recursos hídricos e de gestão ambiental, que objetiva

estabelecer o nível de qualidade a ser alcançado e/ou mantido em um segmento de

corpo d’água ao longo do tempo. O enquadramento não se baseia necessariamente

no seu estado atual, mas nos níveis de qualidade que um corpo d’água deveria

possuir para atender as necessidades definidas pela sociedade (LEEUWESTEIN,

2000).

Além de assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a

que forem destinadas, este instrumento também objetiva diminuir os custos de

combate à poluição mediante ações preventivas permanentes e assegurar a

qualidade dos recursos hídricos, considerando a saúde e o bem-estar humano,

assim como o equilíbrio ecológico aquático.

Como existem conflitos de usos nas bacias hidrográficas, torna-se necessário que o

instrumento enquadramento de corpos hídricos seja resultado de um processo de

planejamento da bacia hidrográfica, que compatibilize a oferta com as demandas

dos recursos hídricos e dos demais recursos ambientais, garantindo a quantidade e

a qualidade das águas.

Além do enquadramento, os planos diretores, a outorga, a cobrança e os sistemas

de informações estão incluídos entre os instrumentos da Política Nacional de

Recursos Hídricos. E, assim como estes instrumentos, outros da Política Nacional de

Meio Ambiente guardam estreita relação com o enquadramento de corpos de água,

como será visto mais abaixo.

4.1.1.1 - Legislação brasileira concernente a recursos hídricos

O Código de Águas, homologado pelo decreto federal nº 24.643 de 10 de junho de

1934, é o primeiro dispositivo legal brasileiro a tratar do direito de uso e

gerenciamento dos recursos hídricos. Ao estabelecer que a água é um bem de

domínio público, o Código das Águas procura garantir a todos o direito de acesso a

água.

Diante disso, o Código das Águas introduziu umas das principais ferramentas da

gestão de recursos hídricos: a outorga de direito de uso da água. Segundo KELMAN

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 13

(2000), a outorga garante ao usuário o direito de uso da água. Cabe ao poder

outorgante (Governo federal e Estado) examinar cada pedido de outorga para

verificar se existe água suficiente, considerando-se os aspectos quantitativos e

qualitativos, para que o pedido seja atendido.

Em 1988 a constituição Federal prevê em seu artigo 225:

ü Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,

bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-

se ao Poder Público e à coletividade o dever de preservá-lo e protegê-lo para

as presentes e futuras gerações.

Neste artigo a Constituição Federal refere-se ao meio ambiente em sua totalidade,

demonstrando a preocupação com o desenvolvimento sustentável.

No entanto, introduziu no Código de Águas algumas modificações e adaptações.

Destacando-se a extinção do domínio privado da água, passando a pertencer ao

setor público todos os corpos d’água. Sendo de competência da União explorar o

aproveitamento energético dos cursos d’água; viabilizar os serviços de transportes

aquaviários e definir critérios de outorga de direitos de uso da água. É de

responsabilidade conjunta da União, Estados e Municípios proteger o meio ambiente

e fiscalizar as concessões de direitos de exploração dos recursos hídricos.

O Código das Águas, em vista do aumento da demanda e de mudanças

institucionais, não foi capaz de incorporar meios para combater o desequilíbrio

hídrico e os conflitos de uso, nem promover meios adequados para uma gestão

descentralizada e participativa que são exigências nos dias atuais.

Para preencher essa lacuna foi sancionada a lei, nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997,

que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de

Gerenciamento de Recursos Hídricos. Trata-se de uma lei atual e importante para a

ordenação territorial, caracterizada por uma gestão descentralizada e participativa,

contra uma concentração de poder, que proclama os princípios básicos praticados

hoje em todos os países que avançaram na gestão de seus recursos hídricos, que

são a adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento, o

reconhecimento dos usos múltiplos da água e dela como um bem finito e vulnerável.

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Não obstante, para que a gestão pública da água como recursos hídricos seja

instrumento para o desenvolvimento sustentável, é necessário atentar para algumas

fragilidades a serem vencidas e que ocorra uma maior representatividade e efetiva

participação dos atores que constituem a sociedade em entidades de gestão

colegiada como os Comitês de Bacias Hidrográficas.

4.1.1.2 - Desenvolvimento sustentável regional x política nacional de recursos

hídricos

O desenvolvimento sustentável de regiões tem como objetivo o equilíbrio entre o

desenvolvimento sócio-econômico com o uso racional dos recursos naturais a fim de

garantir o atendimento das necessidades da população atual sem comprometer a

qualidade de vida das futuras gerações.

Neste sentido, para se atingir o desenvolvimento sustentável de regiões faz-se

necessário o planejamento e gestão de regiões e ambiental.

Os problemas ambientais existentes são resultados de atividades realizadas pelo

homem ou pela própria natureza. Assim, os eventos extremos, naturais ou

intensificados pela ação antrópica, e a desigualdade da disponibilidade hídrica entre

regiões, causam prejuízos sociais, econômicos e ambientais.

Estes fatores refletem no desenvolvimento sustentável de regiões à medida que

impossibilita que a população tenha uma vida com qualidade, visto que a água é um

recurso essencial à vida e por ser fator limitante ou indutor de desenvolvimento

econômico regional.

Assim, com a necessidade de gerenciar os recursos hídricos, foi criada a Política

Nacional de Recursos Hídricos – PNRH e o Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos.

A Política Nacional de Recursos Hídricos, definida pela Lei 9433 de 1997, tem como

objetivos: assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de

água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos; a utilização

racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte aquaviário, com

vistas ao desenvolvimento sustentável; e a prevenção e a defesa contra eventos

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 15

hidrológicos críticos de origem natural ou mesmo decorrentes do uso inadequado

dos recursos naturais.

Esta Lei busca o gerenciamento dos recursos hídricos e está fundamentada nos

princípios de que a água é um bem de domínio público; água é um recurso natural

limitado, dotado de valor econômico; em situações de escassez, o uso prioritário dos

recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; a gestão dos

recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; a bacia

hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos; a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a

participação do Poder Público, dos usuários e da sociedade civil organizada.

A PNRH tem um importante papel na descentralização da tomada de decisões na

bacia hidrográfica passando de um processo centralizado para a participação da

sociedade no processo de decisão. Assim, cada indivíduo passa a ter compromisso

com o processo de gerenciamento da bacia hidrográfica.

Para auxiliar e orientar o planejamento dos recursos hídricos e da bacia como um

todo, instrumentos foram estabelecidos pela lei que regulamenta a Política Nacional

de Recursos Hídricos - Lei nº 9433/97, sendo eles:

ü Planos de recursos hídricos.

ü Enquadramento de corpos d’água em classes.

ü Outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos.

ü Cobrança pelo uso de recursos hídricos.

ü Sistema de informações sobre recursos hídricos.

Segundo Diniz et al. (2006):

“.... a Política Nacional de Recursos Hídricos representa um avanço na gestão

da água no Brasil ao instituir a visão de planejamento descentralizado e

participativo da água, utilizando-se a bacia hidrográfica como unidade de

planejamento, o comitê de bacia como organismo de decisão e o

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enquadramento como instrumento principal da política para a integração de

quantidade e qualidade de água”.

Desta forma, a PNRH busca a preservação ambiental e a garantia do meio ambiente

equilibrado, utilizando-se de critérios e padrões de qualidade ambiental, com vistas

ao desenvolvimento regional sustentável.

4.1.1.3 - Unidade de planejamento e a gestão de recursos hídricos

O planejamento pode ser considerado uma ação contínua que serve de instrumento

dirigido para racionalizar a tomada de decisões individuais ou coletivas em relação à

evolução de um determinado objeto: pode-se afirmar que o planejamento é a

aplicação racional do conhecimento do homem ao processo de tomada de decisões

para conseguir uma ótima utilização dos recursos, a fim de obter o máximo de

benefícios para a coletividade (BELONDI, 2003).

Dessa forma, o planejamento implica em conhecer, compreender, julgar e atuar, e

envolve aspectos sociais, econômicos, administrativos e físicos. Interfere na

realidade, ordenando, relacionando, articulando, integrando esses processos no

sentido de obter maior rendimento funcional das partes e do todo e melhor qualidade

de vida (ALMEIDA, 1999, apud BELONDI, 2003).

No meio ambiental, o planejamento é um processo que abrange reflexões sobre os

problemas e potencialidades de uma região, define metas e objetivos, ações

estratégicas, projetos, atividades e sistemas de monitoramento e avaliações que

possam alimentar o processo. Visa, com isso, organizar a atividade sócio-econômica

do espaço, respeitando suas funções ecológicas, de forma a promover o

desenvolvimento sustentável (LANNA,1995, apud BELONDI, 2003).

Este processo de planejamento ambiental envolve-se com programas de escala

local, regional e nacional, ou com programas de atividades setorizadas como uso do

solo urbano, uso do solo rural, execução de obras de engenharia e planejamento

econômico.

Condição fundamental para realização da gestão dos recursos hídricos é a

motivação política para sua efetiva implantação, havendo essa motivação, será

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possível planejar e controlar a utilização dos recursos e ter meios de implantar as

obras e medidas recomendadas.

Segundo Setti (2001), “a gestão de recursos hídricos é decisão política, motivada

pela escassez relativa de tais recursos e pela necessidade de preservação para as

gerações futuras”.

Assim, o planejamento dos recursos hídricos visa à avaliação prospectiva das

demandas e das disponibilidades desses recursos e sua alocação entre usos

múltiplos, de forma a obter os máximos benefícios econômicos e sociais, com a

mínima degradação ambiental.

Baseado nisso, o planejamento orientado pelo conceito de desenvolvimento

sustentável deve englobar um sistema eficiente de gestão ambiental, que vise à

conservação do meio ambiente.

Segundo Lanna (1995, apud BELONDI 2003), gestão ambiental é uma atividade

voltada para a formulação de princípios e diretrizes, estruturação de sistemas

gerenciais de tomadas de decisões, com o objetivo de promover, de forma

coordenada, o uso, proteção, conservação e monitoramento dos recursos naturais e

sócio-econômicos em um determinado espaço geográfico.

A gestão das águas não passa apenas pela gestão do recurso natural água;

conforme Teixeira (2003), abrange ainda, de forma mais ampla, a gestão do uso e

ocupação do espaço, sob a ótica do desenvolvimento sustentável.

A gestão de recursos hídricos apresenta interface não apenas com a gestão de

outros recursos naturais, mas também com a gestão de atividades relacionadas à

saúde pública, educação, irrigação, indústrias, geração de energia, drenagem

urbana e navegação, entre outras, considerando-se aspectos políticos, legais,

institucionais, sócio-econômicos e ambientais.

As experiências de intervenções visando o desenvolvimento regional, planejadas

setorialmente e implementadas sem suficiente articulação entre os setores e atores

envolvidos, podem ter efeitos negativos no cenário dos recursos hídricos, com

influência direta na qualidade de vida da população (MUNOZ, 2000). Dessa forma, a

implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de seus instrumentos

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 18

deve contribuir para reverter as práticas usuais de gestão, garantindo maior

eficiência do Sistema de Gerenciamento Recursos Hídricos.

Segundo Branco (1999, apud BELONDI, 2003), a gestão ambiental e a gestão dos

recursos hídricos devem ser tratada de forma integrada, pois a água constitui

elemento indissociável do meio ambiente. Dessa forma, com o intuito de promover o

uso, controle e proteção dos recursos hídricos, Lanna (1993, apud BELONDI, 2003)

coloca as atividades descritas a seguir, como fundamentais à gestão de recursos

hídricos:

ü Política de recursos hídricos: conjunto consistente de princípios doutrinários

que compreendem as aspirações sociais e/ou governamentais no que

concerne à regulamentação ou modificação nos usos, controle e proteção dos

recursos hídricos.

ü Plano de recursos hídricos: qualquer estudo prospectivo que busca, na sua

essência, adequar o uso, controle e o grau de proteção dos recursos hídricos

às aspirações sociais e/ou governamentais, expressas, formal ou

informalmente, em uma política de recursos hídricos através da coordenação,

compatibilização e/ou projetos de intervenção. Desta forma, a atividade de

fazer tais planos é denominada de Planejamento de Recursos Hídricos.

ü Gerenciamento de recursos hídricos: conjunto de ações governamentais

destinadas a regular o uso e controle dos recursos hídricos e avaliar a

conformidade da situação corrente com os princípios doutrinários

estabelecidos pela política de recursos hídricos.

ü Sistema de gerenciamento dos recursos hídricos: conjunto de organismos,

agências e instalações governamentais e privadas, com o objetivo de

executar a política dos recursos hídricos através do modelo de gerenciamento

dos recursos hídricos e tendo por instrumento o planejamento de recursos

hídricos.

As políticas e planos de recursos hídricos definem um quadro de demandas quali-

quantitativas a serem supridas pela água disponível, que estabelecerão metas de

uso, controle e proteção das águas, de natureza quantitativa e qualitativa. No

aspecto qualitativo estas metas podem ser materializadas pelas classes de uso

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 19

preponderante das águas e, no aspecto quantitativo são estabelecidas condições

quantitativas de disponibilização dos recursos hídricos aos seus usuários. Ambos

aspectos demonstram índices de eficiência a serem estabelecidos através das

intervenções, no meio hídrico e nas formas de sua apropriação pelos usuários de

água (LANNA, 1999).

A partir da necessidade de delimitar o espaço territorial para planejamento e gestão

de recursos hídricos a Política Nacional de Recursos estabeleceu a bacia

hidrográfica como unidade territorial de planejamento.

Sendo a bacia hidrográfica o espaço territorial determinado pelo escoamento

superficial, ela representa um sistema ecológico demonstrando como os recursos

naturais estão interligados e são dependentes. Assim, as características da bacia a

determinaram como limite geográfico para promoção da recuperação ambiental e

manutenção dos recursos hídricos.

A gestão de bacias busca, através da gestão participativa e descentralizada do

sistema de gerenciamento de recursos hídricos, minimizar conflitos entre usuários e

proporcionar condições para os múltiplos usos da água, contribuindo assim, para o

desenvolvimento regional.

4.1.1.4 - Instrumentos de gestão ambiental e de recursos hídricos

• Recursos hídricos

Conforme visto anteriormente, a gestão dos recursos hídricos busca promover o uso,

controle e proteção dos recursos hídricos, entretanto, existe a necessidade de

instrumentos que disciplinem o uso e garantam sua proteção.

Conforme Belondi (2003), as aplicações de instrumentos econômicos e de regulação

assumem papel importante no gerenciamento dos recursos hídricos, pois permitem

que os diversos setores usuários disciplinem o uso da água, por meio dos padrões

exigidos ou pelos valores a serem pagos.

O uso da água afeta os padrões qualitativo e quantitativo de sua ocorrência e, por

isso, o plano de Recursos Hídricos deve ser base para o gerenciamento da oferta da

água. Este plano articula, compatibiliza, orienta e estabelece limites aos diversos

planos setoriais de usos dos recursos hídricos, tendo em vista a racionalização da

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apropriação do recurso hídrico e equacionamento dos potenciais conflitos de uso,

intersetoriais, e dos setores usuários com o ambiente (LANNA, 1999).

O Plano Diretor de Recursos Hídricos é um instrumento estratégico que estabelece

diretrizes gerais sobre os recursos hídricos, refletindo os anseios, necessidades e

metas das populações das regiões e bacias hidrográficas.

Além de orientar as decisões do governo e das instituições que compõem o sistema

nacional de gerenciamento dos recursos hídricos, o plano de recursos hídricos

propõe a implementação de programas promovendo a harmonização e adequação

de políticas públicas.

Estas ações tem como objetivo promover o equilíbrio entre a oferta e a demanda de

água, de forma a assegurar as disponibilidades hídricas em quantidade e qualidade

para o uso racional e sustentável.

Baseado nisso, este plano busca articular, compatibilizar, orientar e estabelecer

limites aos usos dos recursos hídricos, tendo em vista a racionalização da

apropriação do recurso hídrico e equacionamento dos potenciais conflitos de uso,

intersetoriais, e dos setores usuários com o ambiente (LANNA, 1999).

Segundo Maciel Jr. (2000), o plano de recursos hídricos depende de:

ü Entendimento de que o plano é da bacia hidrográfica;

ü Disponibilidade financeira para as ações programadas através dos planos de

aplicação dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso das águas, dos

recursos orçamentários e recursos oriundos de outros planos setoriais;

ü Correta escolha de programas, obras e projetos a serem desenvolvidos após

aprovação do comitê da bacia;

ü Efetiva interação entre as áreas ambiental, florestal, saneamento, agrária,

urbana e de recursos hídricos e outras afins, de forma que os objetivos e

metas definidos pelo plano através do comitê da bacia sejam realmente

perseguidas pelas instituições participantes nos diversos níveis da federação.

O plano de recursos hídricos define ainda as prioridades de uso da água na bacia e

as formas de gerenciamento desta água, buscando atingir as necessidades e metas

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da população da região. Por isso, ele deve ser elaborado de forma participativa,

contando com a participação do poder público, dos usuários e da sociedade.

O instrumento enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes da água, tem como objetivo, assegurar às águas qualidade

compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas e diminuir os custos

de combate à poluição, mediante ações preventivas permanentes.

A outorga de direito de uso de recursos hídricos, é um instrumento que tem como

finalidade, assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o

efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

Este instrumento deve estar condicionado às prioridades de uso estabelecidas nos

planos de recursos hídricos e respeitar a classe em que o corpo de água estiver

enquadrado e a manutenção de condições adequadas ao transporte aquaviário.

Estão sujeitas à outorga os seguintes usos de recursos hídricos:

ü Derivação ou capitação de parcela da água existente em um corpo de água

para consumo final, inclusive abastecimento público ou insumo de processo

produtivo;

ü Extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de

processo produtivo;

ü Lançamento em corpos de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou

gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição

final;

ü Aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

ü E outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água

existente em um corpo hídrico.

A cobrança pelo uso de recursos hídricos busca reconhecer a água como bem

econômico e dar ao usuário uma indicação de seu real valor, além disso, objetiva

incentivar a racionalização do uso da água e obter recursos financeiros para o

financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos

hídricos.

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 22

O valor a ser cobrado pelo uso dos recursos hídricos nas derivações, captações e

extrações de água, deve estar relacionado, ao volume retirado e ao regime de

variações; e, nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos e gasosos,

devem ser observadas, além do volume e regime de variação, as características

físico-químicas, biológicas e a toxidade do efluente.

A cobrança terá papel fundamental para formalizar o uso racional da água, combater

o desperdício e incentivar o reuso da água, pois ao invés de buscar novas fontes de

água potável, o reuso representa uma alternativa econômica e garantia do

desenvolvimento sustentável.

Quanto ao sistema de informações sobre recursos hídricos, pode-se dizer que é um

instrumento que se refere à coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de

informações sobre recursos hídricos e fatores relacionados à sua gestão. Dentre

suas finalidades encontram-se: reunir, dar consistência e divulgar os dados e

informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no

Brasil; atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e demanda

de recursos hídricos em todo o território nacional; e, fornecer subsídios para a

elaboração dos planos de recursos hídricos.

• Meio Ambiente

O instrumento de zoneamento ambiental, presente na Política Nacional de Meio

Ambiente é considerado uma forma de planejamento físico territorial e representa

um quadro de restrições diferenciadas para as diversas atividades de ocupação do

espaço, objetivando minimizar riscos e prejuízos. Os níveis destas restrições

dependem do objetivo específico procurado para o disciplinamento desse uso do

espaço e do modo pelo qual a intervenção será efetivada (LANNA, 1995, apud

BELONDI, 2003).

Para Gallion (apud FERRARI, 1979), o zoneamento é instrumento legal que regula o

uso do solo protegendo o investimento de cada indivíduo, objetivando o

desenvolvimento da comunidade urbana e do bem-estar coletivo.

Para o zoneamento ambiental, o conceito dado por Griffith (1995, apud MACIEL JR.,

2000) é:

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‘’divisão de uma área geográfica em setores nos quais, após devida deliberação,

certas atividades de uso e ocupação destes setores são permitidas ou não, de

maneira que as necessidades antropológicas de alterações físicas e biológicas

dos recursos naturais se harmonizam com as de conservação do meio

ambiente’’.

Baseado nesses conceitos, o zoneamento deve ser realizado de acordo com as

especificidades de cada setor, avaliando-se as análises do meio físico, biótico,

cultural, paisagístico e sócio-econômico, e muitas são as metodologias, técnicas e

profissionais que podem contribuir para a sua efetivação.

Segundo Maciel Jr (2000), para a aplicabilidade do zoneamento aos cursos d’água,

estes devem ser divididos em trechos. Cada trecho é caracterizado por um

segmento de curso d’água que reflete os acontecimentos ocorridos na sua área de

drenagem.

Ainda segundo este autor, os objetivos de qualidade de água determinados pelo

Zoneamento das Águas podem e devem ser utilizados como parâmetros dos

zoneamentos ambientais e de planos diretores regionais, uma vez que a ocupação

territorial das bacias e sub-bacias tem seu reflexo direto nas águas. Estes planos

devem utilizar-se do Zoneamento das Águas como referências técnicas e legais para

o ordenamento territorial municipal e/ou regional que, sendo eficazes, tornar-se-ão

uma garantia do desenvolvimento regional sustentável.

Além deste, os demais instrumentos de política ambiental também estão

relacionados com o enquadramento. Dentre elas podem ser citados o licenciamento,

o monitoramento e a fiscalização ambiental.

O instrumento licenciamento ambiental visa, de forma preventiva, assegurar que o

desenvolvimento se faça de forma sustentável, com a manutenção da qualidade

ambiental. Para isso, é necessário o diagnóstico e revisão dos sistemas de

licenciamento ambiental dos estados e municípios, o fortalecimento da capacidade

técnica e operacional dos órgãos licenciadores e o desenvolvimento e aplicação de

instrumentos inovadores de gestão no processo de licenciamento ambiental.

O monitoramento e a fiscalização ambiental têm como objetivo atuarem como

instrumento orientador na tomada de decisão e na formulação de política, tendo em

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vista resultados efetivos de melhoria de qualidade ambiental. Estes instrumentos dão

apoio aos órgãos ambientais no processo de gestão ambiental de forma integrada, já

que propiciam o conhecimento e a identificação das relações de causa e efeito entre

as atividades humanas e a degradação da qualidade ambiental, a dos recursos

hídricos em particular.

4.1.1.4.1 - Enquadramento de corpos d’água em classes segundo usos preponderantes O instrumento enquadramento faz uma ligação entre gestão de quantidade e gestão

de qualidade de água, promovendo, com isso, a proteção e recuperação dos

recursos hídricos.

Maciel Jr. (2000), afirma que o “Enquadramento de corpos d’água em classes de uso

é importante para se estabelecer os objetivos de qualidade e garantir aos usuários a

qualidade necessária ao atendimento de seus usos”. Ainda conforme esse autor, o

enquadramento baseia-se em três fases. A primeira delas diz respeito ao

enquadramento propriamente dito, momento no qual são definidos os objetivos de

qualidade dos corpos d’água. Na segunda fase é feita a avaliação da condição, fase

essa considerada qualitativa, que consiste na avaliação da qualidade dos corpos

d’água enquadrados. É, portanto, uma fase de monitoramento dos objetivos de

qualidade, o que possibilitará a correção e os ajustes em todo o processo. E por

último, a fase de efetivação do enquadramento, fase operativa, que consiste no

ajuste fino da ação anterior.

Segundo Ribeiro e Lanna (2001), o enquadramento poderá ser realizado em

conformidade com os respectivos Planos de Recursos Hídricos (da bacia, estadual e

nacional) sendo, portanto, mecanismo indutor de planejamento. Não obstante, o

enquadramento deverá ser realizado com a participação da sociedade, conforme

defende Maciel Jr. (2000). Para ele, o enquadramento realizado de forma

participativa é fundamental, pois:

“é a garantia de que este instrumento obterá os resultados esperados, pois, sem

o envolvimento das instituições e usuários jamais se conseguirá legitimar os

Objetivos de Qualidade, assim como definir e implementar ações que possam

atingir as metas definidas”.

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Segundo Porto (2002), o enquadramento de corpos de água segundo classes de

uso preponderantes é um instrumento de planejamento e, como tal, tem as

seguintes características:

ü Representa a visão global da bacia; para se tomar à decisão de quais serão

os usos prioritários em cada trecho de rio ou lago da bacia hidrográfica é

necessário olhar o todo, numa visão de macro-escala.

ü Representa a visão futura da bacia e, portanto, são objetivos de qualidade a

serem alcançados no médio e longo prazo e servirá para definir a estratégia a

ser utilizada e as metas de qualidade da água a serem perseguidas.

ü Faz parte do plano de bacia, como garantia de integração entre os aspectos

quantitativos do uso da água e os qualitativos que serão atingidos pelas

metas resultantes da definição dos objetivos de qualidade da água.

Em 19 de julho de 2000, foi aprovada a Resolução do Conselho Nacional de

Recursos Hídricos No. 12 que estabelece procedimentos técnicos para o

instrumento enquadramento. Define as competências para elaborar e aprovar a

proposta de enquadramento e as etapas a serem observadas. Sua aplicação

acarreta conseqüências econômicas, sociais e ambientais, propiciando aos

diferentes gestores de água uma ferramenta para assegurar a disponibilidade

quantitativa e qualitativa da água em uma bacia hidrográfica. Esta Resolução é

resultado de estudo orientativo para elaboração de processos de enquadramento de

corpos de água desenvolvido por Leeuwestein (2000). O procedimento metodológico

de enquadramento desenvolve-se nas seguintes etapas:

ü Elaboração de relatório técnico, que compreende:

- diagnóstico do uso e da ocupação do solo e do aproveitamento dos recursos

hídricos;

- prognóstico do uso e da ocupação do solo e do aproveitamento dos recursos

hídricos;

- proposta de enquadramento.

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ü Aprovação da proposta de enquadramento e respectivos atos jurídicos.

ü Efetivação e avaliação do enquadramento de corpos d’água.

As informações adquiridas e os estudos desenvolvidos para os Planos de Recursos

Hídricos da bacia devem servir de base para a elaboração do relatório técnico. O

objetivo do relatório técnico é incorporar estudos e avaliações para subsidiar e

justificar a proposta de enquadramento, o diagnóstico e prognóstico de uso e

ocupação do solo, o aproveitamento dos recursos hídricos da bacia hidrográfica, e

as alternativas a serem utilizadas para a definição do enquadramento dos corpos

hídricos da bacia.

Na etapa de aprovação da proposta de enquadramento e respectivos atos jurídicos

são apresentadas e discutidas todas as propostas de enquadramento, avaliando

seus benefícios socioeconômicos e ambientais, os planos de medidas e

intervenções a serem implementados e os custos e prazos previstos.

A efetivação e avaliação do enquadramento dos corpos de água correspondem à

fase de implantação do plano de medidas e intervenções de acordo com os custos e

prazos previstos, realização de convênios, contratação de financiamentos e serviços,

análise e emissão de pareceres sobre projetos e obras previstas no plano e

acompanhamento da implantação dos projetos. Além disso, o monitoramento,

controle e fiscalização dos corpos d’água devem ser realizados para avaliar se as

metas do enquadramento estão sendo cumpridas.

Cada uma das etapas para o enquadramento possui diretrizes que norteiam a sua

elaboração, de forma a garantir a qualidade das informações produzidas.

O objetivo do diagnóstico do uso e ocupação do solo é definir o quadro atual dos

corpos hídricos da bacia e a condição de qualidade da água, que subsidiarão o

posterior prognóstico, analisando: uso e ocupação do solo; uso, disponibilidade e

demanda hídrica de água; fontes poluidoras; aspectos jurídicos, institucionais e

sócio-econômico da bacia.

Estas informações resultarão na descrição, mapeamento e análise da distribuição

espacial dos tipos de uso e ocupação do solo, das áreas de preservação e da

cobertura vegetal na bacia. A partir do estudo do instrumento enquadramento de

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corpos hídricos tornou-se possível observar sua aproximação com os aspectos

relacionados ao uso e ocupação do solo.

A etapa de aprovação do enquadramento não deve ser considerada uma ação final,

devendo ser considerada um passo da efetivação desse instrumento ao longo de um

horizonte de planejamento. Os corpos d’água passam a ter parâmetros de

monitoramento que se apresentam como referência para o alcance ou manutenção

da qualidade de água requerida (BRASIL, 2005).

Para a efetivação do enquadramento são necessários investimentos e ações de

natureza regulatória, a fim de atingir a meta final da qualidade da água desejada.

Assim, a definição das ações necessárias e prazos para o alcance dessas metas

devem compor um programa a ser aprovado pelo respectivo Comitê. Neste

programas devem ser consideradas as seguintes etapas:

ü Reconhecimento dos usos existentes no corpo d’água.

ü Levantamento da condição do corpo d’água.

ü Identificação dos parâmetros prioritários de qualidade da água.

ü Identificação das medidas ou ações necessárias à melhoria da qualidade das

águas.

ü Estabelecimento de metas intermediárias progressivas de melhoria de

qualidade da água.

ü Elaboração do programa de efetivação do enquadramento.

Estas diretrizes para efetivação do enquadramento poderão dar suporte aos orgãos

gestores de recursos hídricos e orgãos ambientais para monitorar, controlar e

fiscalizar as condições dos corpos de água, avaliando assim, se as metas estão

sendo cumpridas.

Observa-se que o enquadramento fortalece a relação entre a gestão dos recursos

hídricos e a gestão ambiental, promovendo a proteção e a recuperação dos recursos

hídricos.

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O processo de enquadramento deverá ser elaborado no âmbito da bacia hidrográfica

e deverá ser desenvolvido de maneira participativa e descentralizada. É um pacto

entre todos os usuários, sociedade civil e governo, e suas metas somente podem ser

alcançadas quando há compreensão da necessidade de enquadrar e de suas

conseqüências socioeconômicas e ambientais.

4.1.1.4.2 - Inter-relação do instrumento enquadramento com outros instrumentos de gestão ambiental e de recursos hídricos Tendo a gestão de recursos hídricos o objetivo de assegurar a disponibilidade de

água em quantidade e qualidade suficientes e satisfatórios para a atual e futuras

gerações, é necessária a busca pelo planejamento do uso racional da água e de

medidas que venham minimizar problemas a ela relacionados.

Assim, o diagnóstico e prognóstico de uso e ocupação do solo, o aproveitamento de

recursos hídricos da bacia hidrográfica, as alternativas a serem utilizadas para a

definição do enquadramento dos corpos hídricos e as viabilidades econômicas e

políticas para a implementação do enquadramento deverão ser definidas no plano

da bacia hidrográfica.

Os instrumentos Plano de Recursos Hídricos e outorga também se relacionam com

o enquadramento dos corpos de água. Assim, as captações de água, o lançamento

de esgotos e, entre outros, os aproveitamentos energéticos somente serão

autorizados sob avaliação prévia do impacto dessas atividades sobre o regime, a

vazão e a qualidade das águas, observando-se o enquadramento específico de cada

corpo hídrico.

Se há a retirada de um volume de água incompatível com a real possibilidade do

corpo hídrico, ou se é realizado lançamento também incompatível, isso irá

comprometer o enquadramento do curso d’água, alterando e interferindo na

qualidade e na classe definida.

A Lei nº 9.433/97, em seu Art. 13, estabelece que “toda outorga estará condicionada

às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá

respeitar a classe em que o corpo de água estiver enquadrado...”.

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A Resolução 16/01 do CNRH estabelece no artigo 15º que “a outorga de direito de

uso da água para o lançamento de efluentes será dada em quantidade de água

necessária para a diluição da carga poluente, que pode variar ao longo do prazo de

validade da outorga, com base nos padrões de qualidade da água correspondentes

à classe de enquadramento do respectivo corpo receptor e/ou em critérios

específicos definidos no correspondente plano de recursos hídricos ou pelos órgãos

competentes”.

Entendendo-se que se faz necessário o estabelecimento de metas progressivas

para se atingir o nível desejado de qualidade do corpo hídrico, os recursos

financeiros arrecadados com o instrumento cobrança podem ser investidos na área

da bacia com o propósito de contribuir para a gradativa recuperação e manutenção

do corpo hídrico, conforme as metas e objetivos de qualidade definidos pelo

enquadramento.

Ressalta-se que o que norteará usuários para a prática sustentável, especialmente

os grandes, não é necessariamente a cobrança pelo uso dos recursos hídricos

isoladamente, mas sim uma seqüência de responsabilizações frente aos planos de

recursos hídricos, às classes de enquadramento e às condições impostas na

outorga.

Os sistemas de informações, por serem instrumentos de coleta, tratamento,

armazenamento e recuperação de informações sobre os recursos hídricos, fornecem

subsídios para o desenvolvimento das várias fases do processo de enquadramento

(avaliações diagnósticas e prognósticas, mobilização social para o enquadramento,

etc.).

Estudos prévios de impactos ambientais de empreendimentos devem considerar os

padrões legais relativos a parâmetros de qualidade de água previstos nas diversas

classes de enquadramento. Por outro lado, o enquadramento, ao fixar limites mais

ou menos rigorosos relativos a parâmetros de qualidade de água, influencia

diretamente o rigor a ser utilizado no licenciamento e na fiscalização ambiental de

empreendimentos e de seus instrumentos de controle de poluição.

O licenciamento de atividades que possam alterar o regime qualitativo da água deve

considerar os indicadores de qualidade da água e obedecer as concentrações

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estipuladas pela legislação em função da classe em que o corpo d’água acha-se

enquadrado.

Do mesmo modo, a fiscalização e o monitoramento são instrumentos de suporte à

gestão que devem contribuir para garantia da qualidade da água estabelecida pelo

enquadramento e desejada pela população.

Esses instrumentos se relacionam ao instrumento enquadramento e aos demais

instrumentos de gestão através da operacionalização de suas atividades, dando

suporte às decisões em função da capacidade do sistema de avaliar os resultados

do monitoramento e do controle exercido pela fiscalização.

Esse interligado conjunto de instrumentos e atividades deve ser planejado,

concebido e implantado de forma integrada, no intuito de garantir a eficiência do

conjunto.

Segundo a Agência Nacional das Águas, o maior desafio da gestão da águas das

bacias hidrográficas brasileiras, é o estabelecimento de um ambiente de harmonia

de leis (políticas), normas e procedimentos que venha a permitir a implantação dos

instrumentos de gestão dos recursos hídricos.

É importante a integração dos instrumentos de gestão ambiental e de recursos

hídricos, possibilitando o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e

garantindo a disponibilidade da água hoje e para as futuras gerações.

4.1.2 - Qualidade de Água e Planos de Desenvolvimento Regional “A água é um recurso natural finito, estratégico, essencial à vida, ao meio ambiente e

ao desenvolvimento econômico e social, sendo necessário controlá-la e preservá-la.”

(Declaração de Dublin, Irlanda, jan./92, referenciada pela ECO-92, Agenda 21,

cap.18).

Em virtude do crescente desenvolvimento sócio-econômico, a cada ano aumenta a

utilização da água para fins diversos, tais como: energia elétrica, irrigação,

abastecimento, entre outros. Daí avaliar o enquadramento de corpos d’água como

instrumento de auxilio ao planejamento sustentável regional é imprescindível e

fundamental para assegurar a integração entre o desenvolvimento econômico e

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social com a gestão ambiental, visto que a dinâmica do desenvolvimento apresentou

significantes mudanças nos últimos anos, tanto em relação à magnitude de

apropriação dos recursos, quanto à velocidade das alterações ambientais

decorrentes do dinamismo das exigências econômicas. Desta forma, as estratégias

de conservação dependem de uma revisão, que seja capaz de acompanhar as

novas demandas ambientais da sociedade. Isto requer uma resposta rápida do

poder público, no que se refere à adequação da estratégia de controle ambiental

frente à nova realidade econômica.

O uso racional da água é fundamental na maximização do desenvolvimento sócio-

econômico. Existem alternativas de como lidar com o problema da escassez dos

recursos hídricos, como modelos de cobrança pelo uso, através da identificação de

usos preponderantes do enquadramento de corpos de água como meio de

proporcionar a justiça social, dentre outros.

O desenvolvimento de regiões está diretamente ligado a um desenvolvimento

sustentável e endógeno na medida em que o desenvolvimento sustentável tem seu

principal foco voltado para a relação dos homens com a natureza, preconizando a

utilização racionalizada dos estoques de recursos naturais. Sua grande preocupação

esta voltada às gerações futuras e a necessidade de políticas que preconizem um

desenvolvimento harmonioso e sustentável em períodos posteriores.

Cabe a endogeneidade do desenvolvimento focalizar a questão regional,

apresentando as maiores contribuições para a problemática das desigualdades

regionais e os melhores instrumentos de políticas para sua correção.

Outro ponto levantado refere-se à qualidade da água como um dos determinantes

do desenvolvimento de regiões, verificando-se que tanto a qualidade quanto a

quantidade desse recurso tem relação com o desenvolvimento socioeconômico

regional.

Ao longo do texto serão apresentados históricos de planos de desenvolvimento

implementados pelo governo no Brasil e no Estado do Espírito Santo além de alguns

planos implementados nos municípios que utilizam as águas da Bacia do Rio Santa

Maria da Vitória (região tomada como piloto para o desenvolvimento de estudos de

simulação do processo de enquadramento de corpos d’água).

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4.1.2.1 - A importância da água

O crescimento populacional e o desenvolvimento econômico verificado nas últimas

décadas têm feito com que a água se torne um recurso cada vez mais precioso,

escasso e disputado por muitos. Sua importância é explicada pelo fato de ela ser

essencial ao ser humano, ao desenvolvimento econômico e a preservação do meio

ambiente.

Quando há abundância de água, esta pode ser tratada como um bem livre, sem

valor econômico. Com o aumento da demanda, surgiram conflitos entre usos e

usuários desse recurso, precisando ser gerida como um bem econômico, atribuindo-

lhe um valor. Essa escassez da água pode também decorrer devido a aspectos

qualitativos, quando a poluição afeta de tal forma a qualidade da água que os

valores excedem os padrões admissíveis para determinados usos.

No que se refere a aspectos econômicos, a água serve de insumo a produção de

várias atividades, destacando-se a produção hidrelétrica, agricultura irrigada,

abastecimento público e produção industrial.

Quanto ao meio ambiente, este é extremamente dependente e vulnerável a

alterações nas condições hidrológicas, por possuir um importante papel na

manutenção dos ecossistemas, devido às quantidades necessárias para manter o

fluxo dos rios e a preservação da fauna e flora. Certos ecossistemas, como os

costeiros e os pântanos, são particularmente vulneráveis, pois alterações

hidrológicas podem levar a catástrofes ambientais irrecuperáveis.

Tendo em vista essas razões, fica clara a importância da água para a sociedade,

seja para o bem estar social, para o desenvolvimento econômico e para manter o um

meio ambiente que suporte o crescimento sustentado.

O problema de disponibilidade hídrica que vem se agravando nas últimas décadas

devido ao crescimento da demanda por água de boa qualidade tem basicamente

duas causas: o desenvolvimento econômico e o crescimento da população.

Esse quadro é agravado ao se considerar o problema da poluição dos recursos

hídricos, que reduz efetivamente a quantidade de água disponível. Em vista disso, a

escassez de água tende a ser uma das questões mais preocupantes em relação a

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recursos naturais. A sociedade seria atingida na medida em que a qualidade de vida

cairia, o potencial de desenvolvimento ficaria reduzido e os ecossistemas vitais a

vida estariam ameaçados.

Com base no exposto, torna-se necessária a adoção de medidas estratégias

capazes de enfrentar esse problema, visto que a água também é um meio físico

devendo ser considerada no processo de planejamento como mais uma forma de

infra-estrutura dada pela natureza e necessária para o desenvolvimento regional.

Pelo fato da água ter se tornado um elemento natural ameaçado em termos de

quantidade e qualidade, os estados membros da federação e a União passaram

então a discutir e fundamentar aparatos legais e institucionais sobre recursos

hídricos, redefinindo políticas para o setor ambiental, tendo como princípios,

expressos na lei nº9. 433/97, o gerenciamento por bacia hidrográfica, a água como

bem econômico, a descentralização, a integração e a participação dos usuários no

processo de gestão de recursos hídricos.

4.1.2.2 - Desenvolvimento regional sustentável e planos de desenvolvimento

O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu a partir dos estudos da

Organização das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, no início da década

de 1970, como uma resposta à preocupação da humanidade, diante da crise

ambiental e social que se abateu sobre o mundo desde a segunda metade do século

passado. Esse conceito, que procura conciliar a necessidade de desenvolvimento

econômico da sociedade com a promoção do desenvolvimento social e com o

respeito ao meio-ambiente, hoje é um tema indispensável na pauta de discussão

das mais diversas organizações, desde o setor público, empresas privadas até a

sociedade civil.

Ao final da década de 60 a percepção dos problemas ambientais decorrentes do

processo de desenvolvimento começa a se tornar mais efetivo. Até então, os

problemas ambientais eram percebidos como problemas locais e regionais que

seriam solucionados à medida que o processo de industrialização e modernização

da economia avançasse.

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A idéia era que à medida que o mercado visualizasse a possibilidade de

esgotamento de certo recurso natural, o seu preço de mercado aumentaria e isso

estimularia as atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico

encontrando alternativas para a substituição desse recurso escasso. Essa é a visão

de que os problemas de desenvolvimento da sociedade seriam resolvidos apenas

com o crescimento da produção e que as desigualdades sociais e regionais seriam

eliminadas pelo efeito desse crescimento.

Surge então uma questão. O que seria o desenvolvimento? Qual a diferença entre

desenvolvimento e crescimento?

O crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem a justiça social, pois

não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o

acumulo de riquezas. O desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração

de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida

da população, levando em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta.

Segundo Vasconcelos (2002), o crescimento econômico está relacionado ao

crescimento da renda nacional per capita, e um país só estará realmente

melhorando seu nível de desenvolvimento econômico e social se, juntamente com o

aumento da renda per capita, estiver também melhorando os indicadores sociais.

O entendimento do processo de desenvolvimento e sua relação com o meio

ambiente foram discutidos na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente, realizada em Estocolmo em 1972. De lá para cá, não é mais possível falar

seriamente em desenvolvimento sem considerar o meio ambiente. Surgindo a idéia

de um novo modelo de desenvolvimento para o século XXI, que compatibilizasse as

dimensões econômicas, sociais e ambientais, deixando para traz o dilema da

separação entre o crescimento econômico, redução da miséria e a preservação

ambiental.

Em 1987 na Noruega, foi elaborada uma das definições mais difundidas do conceito

de Desenvolvimento Sustentável, realizado pela Comissão Mundial para o Meio

Ambiente e o Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas. Essa comissão

elaborou um documento denominado “Nosso Futuro Comum,” também denominado

“Relatório Brundtland” onde se definiu que “o desenvolvimento sustentável é aquele

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que atende as necessidades do presente sem comprometer as possibilidades de as

gerações futuras atenderem suas próprias necessidades”. Esse conceito surge da

necessidade da vinculação entre desenvolvimento e meio ambiente, deixando de

lado a postura reducionista que considerava o meio ambiente apenas como fonte de

insumos para o processo produtivo.

Ainda segundo a Comissão Brundtland, os principais objetivos de políticas derivados

desse conceito de desenvolvimento seriam: retomar o crescimento como condição

necessária para erradicar a pobreza; mudar a qualidade do crescimento para torná-

lo mais justo, eqüitativo e menos intensivo em matérias primas e energia; atender as

necessidades humanas essenciais de emprego, alimentação, energia, água e

saneamento; manter um nível populacional sustentável; conservar e melhorar a base

de recursos; reorientar a tecnologia e administrar os riscos; e incluir o meio ambiente

e a economia no processo decisório (CMMA, 1987).

Este documento chamou a atenção do mundo sobre a necessidade urgente de

encontrar formas de desenvolvimento econômico que se sustentassem, sem a

redução dramática dos recursos naturais nem com danos ao meio ambiente. Definiu,

também, três princípios essenciais a serem cumpridos: desenvolvimento econômico,

proteção ambiental e eqüidade social, sendo que para cumprir estas condições,

seriam indispensáveis mudanças tecnológicas e sociais.

A consolidação da estratégia de crescimento sustentável passa por uma nova

política de desenvolvimento regional e o fortalecimento do planejamento territorial do

setor público, visto que no Brasil existem grandes desigualdades regionais, onde

algumas regiões apresentam altas concentrações de pobreza, enquanto outras são

mais dinâmicas, entretanto estas estão enfrentando problemas de aglomeração

excessiva, como as pressões sobre o meio ambiente e a incapacidade de absorver a

migração de regiões menos desenvolvidas.

Essa nova política de desenvolvimento regional vem se contrapor à antiga forma de

desenvolvimento caracterizado pelo paradigma “de cima para baixo” onde se

acreditava que a implantação de grandes indústrias localizadas próximas de centros

urbanos e permitindo a formação de economias de escala transmitiria os resultados

positivos de crescimento da renda, geração de empregos e melhoria na qualidade de

vida às populações das áreas periféricas.

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Entretanto pode-se verificar que essa forma de desenvolvimento “de cima para

baixo” não surtiu resultados esperados, dentre eles:

• A instalação de grandes projetos em sua maioria esteve ligada aos interesses

de grandes grupos empresariais, tendo pouca repercussão quanto à

capacidade de apoiar as iniciativas locais e regionais;

• A prioridade em investimentos estatais em transportes e infra-estrutura, fez

com que se diminuísse a importância em investir em projetos sociais e

ambientais;

• Os impactos dos grandes projetos sobre as atividades tradicionais da região

levaram a diferenciação da renda nas áreas urbanas e rurais, aumento das

desigualdades sociais e uso predatório da natureza.

Esse desenvolvimento “de cima para baixo” e suas políticas com o tempo, foram se

tornando inconsistentes, a partir de alguns acontecimentos como: a

desindustrialização de regiões tradicionais em países industrializados; a mudança na

divisão internacional do trabalho e a localização de atividades modernas em novas

regiões produtivas, após ter-se verificado que o desenvolvimento de “cima para

baixo” ou exógeno não era capaz de levar a um desenvolvimento que fosse

sustentável, em nível econômico, social, ambiental, cultural e político.

Surge então uma outra forma de desenvolvimento como alternativa à anterior, trata-

se do desenvolvimento “de baixo para cima” ou endógeno. O fundamental desse

princípio é a busca por um processo de desenvolvimento germinado no interior da

região, que contemple as necessidades da coletividade regional (não apenas a

lógica do lucro e acumulação) e resulte de uma sólida consciência de territorialidade,

o que exige a participação ativa da população local na construção de um projeto

socioeconômico, político e cultural próprio, contrapondo-se a lógica imposta pela

implantação de grandes projetos de investimento, os quais diminuem as

oportunidades de autonomia dos atores locais e, politicamente, reduzem o poder

local, impondo sua lógica setorial.

Segundo Haddad (2003), existe sete características comuns entre as diferentes

experiências que utilizam esse paradigma de “baixo para cima”.

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• Priorizam projetos que atendam a satisfação das necessidades básicas da

população, utilizando racionalmente o máximo possível de recursos regionais;

• Buscam em mercados extra-regionais, competitividade baseada em

diferenciação qualitativa do produto e não em preços e escalas de produção;

• Possuem menor dependência do processo de crescimento via atração de

grandes projetos de investimento, com ênfase na promoção de pequenos e

médios empreendimentos;

• Realizam aplicações em projetos de investimentos de tecnologias que

preservem a utilização intensiva e racional de recursos existentes na região;

• Buscam a mobilização local para criação de agências e instituições de

fomento ao desenvolvimento;

• Promovem a reestruturação dos sistemas urbanos e de comunicações para

melhorar a acessibilidade regional às funções urbanas;

• Adotam métodos de planejamento participativo, como mecanismos políticos e

institucionais para mobilização do esforço desenvolvimentista das

comunidades locais.

Esse desenvolvimento endógeno é entendido como um desenvolvimento sustentável

de longo prazo e deve variar conforme as especificidades regionais, dependendo da

estrutura sócio-econômico-cultural, institucional e política prevalecente em cada

região.

Nota-se que o Brasil vem adotando essa forma de desenvolvimento endógeno.

Segundo o Plano Plurianual (PPA) 2004/2007, a geografia desejada para os

próximos anos deve privilegiar o desenvolvimento solidário entre as diversas regiões

do País, potencializando as vantagens da diversidade cultural, natural e social,

passando pelo investimento seletivo em infra-estrutura, atacando de imediato os

gargalos em transportes, energia, telecomunicações e recursos hídricos que são

obstáculos à valorização das complementaridades inter-regionais.

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4.1.2.3 - Planos de desenvolvimento, sustentabilidade e recursos hídricos

Planejamento, no conceito da ciência econômica, é a forma de conciliar recursos

escassos e necessidades abundantes. Em recursos hídricos o planejamento pode

ser definido com um conjunto de procedimentos organizados visando o atendimento

das demandas quali-quantitativas de água de hoje e para as futuras gerações,

considerando-se, especialmente, as situações de disponibilidade restrita desse

recurso.

Historicamente, as bacias hidrográficas de um país sempre foram consideradas um

ponto de apoio à promoção do desenvolvimento regional. Essa prioridade dada às

bacias hidrográficas nos sistemas de planejamento nacional de desenvolvimento

regional deve-se a uma base de recursos naturais que serve de apoio para a

promoção de projetos produtivos. A existência desse potencial de desenvolvimento

leva o poder público a investir em infra-estrutura nas áreas de influência da bacia

que são capazes de integrar o território e os mercados internos do país devido a sua

localização e extensão geográfica.

Algumas experiências de planejamento regional com ênfase em bacias hidrográficas

podem ser citadas: PROVAM (Programa de Desenvolvimento dos Vales

Amazônicos), PLANVASF (Programa de Desenvolvimento Integrado do Vale do São

Francisco), PRODIAT (Programa de Desenvolvimento Integrado da Bacia Araguaia-

Tocantins), entre outros, que tiveram algumas características em comum: Foram

tecnicamente bem elaborados, mas nunca foram implementados, a não ser como

ações pontuais; foram preparados dentro das burocracias dos três níveis do

governo, com baixo nível de participação da comunidade e não chegaram a ser

absorvidos como agenda prioritária pelo governo.

De forma geral, todas as argumentações em torno da terminologia “desenvolvimento

sustentável, contemplam a utilização adequada da água, sua relação com as

comunidades e a busca por um modelo capaz de combinar quantidade e qualidade”.

A água em quantidade e qualidade se apresenta como um recurso base para a

continuidade do processo econômico, além de ser o combustível vital para a

perpetuação de espécies, sobretudo a humana.

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Segundo a COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMERICA LATINA E CARIBE-

CEPAL (1994), o desenvolvimento sustentável implica na gestão integrada da bacia

hidrográfica. Esse processo de gestão busca conciliar o aproveitamento dos

recursos naturais assim como manejar os recursos visando evitar conflitos e

problemas ambientais. Nesse contexto, a gestão ambiental e dos recursos hídricos

deve ser tratada de forma integrada com os planos de desenvolvimento e fomento a

fim de se conceber um desenvolvimento ordenado e sustentável. Os homens,

órgãos públicos, empresas privadas entidades e afins estão se conscientizando que

as questões ambientais e as políticas de desenvolvimento são indissociáveis, sendo,

desta forma, imperativos estratégicos de sustentabilidade o planejamento do

presente até o futuro e não o planejamento visando apenas o futuro.

4.1.2.4 - Planos de desenvolvimento regional no Brasil: visão histórica

A preocupação com a questão regional no Brasil acentuou-se após a identificação

de marcantes desequilíbrios regionais no país, apresentados com a publicação em

1951 e 1952 das Contas Nacionais e Regionais. Verificou-se que enquanto o

Sudeste na década de 70 apresentava 65,56% do total do produto industrial

brasileiro, sendo que o estado de São Paulo contribuiu com 39,43%, as regiões

Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste apresentaram nessa mesma década 34,44%.

A tomada de consciência sobre o problema das desigualdades regionais efetivou-se

mais no período 1950-1960, com o debate internacional sobre o desenvolvimento

regional, registrado nos estudos da CEPAL, onde se formulou a hipótese de que os

desequilíbrios poderiam ser atenuados via industrialização e crescimento

econômico, sendo possível assim reduzir os níveis de pobreza e desemprego nas

regiões periféricas, e conseqüentemente, os desequilíbrios regionais.

Diante do problema da concentração industrial em São Paulo e das marcantes

desigualdades no país, o governo verificou a necessidade de promover políticas de

desconcentração, baseada no discurso “cepalino” de industrialização para se

alcançarem níveis mais equânimes de desenvolvimento.

Essa desconcentração ocorreu na década de 70 onde outros estados além de São

Paulo tiveram algum crescimento industrial, caracterizado pela expansão de

indústrias básicas, e aumento da utilização dos recursos naturais. Em países

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industrializados diferentemente do Brasil, as mudanças tecnológicas induziram a

expansão de setores sustentados pela ciência e pela tecnologia, com reduzida

demanda de recursos naturais.

Nessa mesma década as estratégias ambientais encontram-se integradas nos

Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND). No I PND (1972-1974), reconhece-se

a necessidade de um desenvolvimento industrial acelerado, que capacitasse o país

a enfrentar a competição econômica moderna. Por sua vez, a questão ambiental é

tratada com atenção especial para os problemas gerados pela poluição ambiental

nos grandes centros urbanos. O II PND (1975-1979) definia como prioridade o

controle da poluição ambiental nas regiões densamente urbanizadas (ALMEIDA et

al., 1999).

O II PND (1975-1979) estabeleceu como objetivo atenuar os desequilíbrios regionais

assim como nos demais planos. Sua peculiaridade foi à realização de um elenco de

programas de abrangências setoriais e regionais baseado no paradigma de

desenvolvimento de “cima para baixo” fundamentado na crença de que após a

realização de grandes projetos industriais dar-se-ia o impulso dinamizador à

indústria local.

Nesse contexto os gastos do governo referem-se a investimentos em infra-estrutura,

transporte e comunicação, enquanto os serviços básicos de natureza social não

foram priorizados, as atividades tradicionais da região foram afetadas pela influência

da instalação de uma grande indústria, que também gerou um aumento das

desigualdades sociais, além do aumento da diferença de renda entre as áreas

urbanas e rurais. Quanto ao impacto ao meio ambiente, existiu um uso predatório

desses, devido a ausência de um planejamento dinâmico e a falta de preocupação

em preservá-lo. As empresas instaladas na região não computavam em seus custos

totais as despesas com custos sociais e ecológicos.

A conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em 1972, já

mencionada, foi de grande importância para mudança de pensamento quanto à

questão dos aspectos ambientais relacionados aos planos de desenvolvimento.

Entretanto, os programas e planos de desenvolvimento ainda não davam a ênfase

necessária a questões como as naturezas físicas, biológicas e sociais associadas ao

Meio Ambiente e ao desenvolvimento.

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Na década de 80, as sucessivas crises associadas a um processo inflacionário

crônico e de endividamento externo, fez com que os planos de desenvolvimento se

voltassem prioritariamente para a estabilização monetária (Plano Cruzado, Plano

Bresser, Plano Verão, Plano Collor I e II, e Plano Real) como delineadora de política

macroeconômica. Contudo, nessa mesma década o país institui a Política Nacional

do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), abordando vários princípios que norteiam a

preocupação com questões ambientais no sentido de racionalização, planejamento,

fiscalização e controle, recuperação e proteção.

Vale ressaltar a instituição do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA e

seus principais órgãos: Conselho do Governo; Conselho Nacional do Meio Ambiente

- CONAMA e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais

Renováveis - IBAMA.

No governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, gestão 1994-1998, a

prioridade foi estabelecer uma política de estabilidade macroeconômica através da

implementação do Plano Real e seus desdobramentos. Devido à abertura da

economia, os formuladores de política do governo passaram a priorizar o fomento as

exportações.

Em 1996 foi lançado o programa “Brasil em Ação”, com o objetivo de promover o

desenvolvimento sustentável do país nas próximas décadas, que já se preocupava

com a questão de preservação do meio ambiente também influenciada pela

Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente, a Rio

92. Entretanto, os objetivos e estratégias definidos nesse programa são

contraditórios no sentido de não estarem fundamentados no paradigma de

desenvolvimento regional “de baixo para cima”.

Na Rio 92, foi aprovado um documento contendo compromissos para a mudança do

padrão de desenvolvimento para o século XXI, denominando-o “Agenda 21”. O

processo de elaboração da agenda 21 Brasileira foi conduzido pela Comissão de

Políticas de Desenvolvimento Sustentável - CPDS, tendo como principal objetivo

redefinir o modelo de desenvolvimento do País, introduzindo o conceito de

sustentabilidade e procurando identificar as potencialidades e as vulnerabilidades do

Brasil.

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A Agenda 21 Brasileira é um processo e instrumento de planejamento participativo

para o desenvolvimento sustentável e que tem como eixo central a sustentabilidade,

compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento

econômico, que resulta na análise da situação atual de um país, estado, município,

região, setor e planeja o futuro de forma sustentável. A análise do cenário atual e o

encaminhamento das propostas para o futuro devem ser realizados dentro de uma

abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, cultural,

ambiental e político-institucional da localidade. Em outras palavras, o esforço de

planejar o futuro, com base nos princípios da Agenda 21, gera inserção social e

oportunidades para que as sociedades e os governos possam definir prioridades nas

políticas públicas.

É importante destacar que a Rio 92 foi orientada para o desenvolvimento, e que a

Agenda 21 é uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável, onde, evidentemente, o

meio ambiente é uma consideração de primeira ordem. O enfoque desse processo

de planejamento apresentado com o nome de Agenda 21 não é restrito às questões

ligadas à preservação e conservação da natureza, mas sim a uma proposta que

rompe com o desenvolvimento dominante, onde predomina o econômico, dando

lugar a sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda social,

ao enunciar a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a

necessidade de que a degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente

com o problema mundial da pobreza.

O programa de governo elaborado para o período de 1995/98 chamou a atenção

para o fato de as disparidades regionais continuarem gritantes, apesar do

crescimento da economia brasileira nas últimas décadas. O programa propôs a

retomada de uma trajetória de desenvolvimento capaz de criar condições estruturais

para romper esse quadro. Definindo novos padrões de intervenção e promoção de

mudanças estruturais.

O programa teve como diretrizes principais: facilitar a expansão de atividades, nas

quais o país e regiões possuam vantagens comparativas, especialmente no

aproveitamento dos recursos naturais; retomar os investimentos em projetos já

iniciados; redefinir a política de transportes e promover a utilização racional dos

recursos hídricos. Entre os projetos apoiados na área de proteção ambiental e

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recursos hídricos, destaca-se o Programa de Desenvolvimento Sustentável de

Recursos Hídricos do Semi-Árido brasileiro - Proágua, que se destinou a garantir a

ampliação da oferta de água de boa qualidade para o semi-árido, com a promoção

de seu uso racional, de tal modo que a escassez relativa da água não se perpetue

em impedimento ao desenvolvimento sustentável da região.

A partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira foi elevada à condição de Programa do

Plano Plurianual, PPA 2004-2007, pelo atual governo o que lhe conferiu maior

alcance e importância como política pública. Como programa, ela adquire mais força

política e institucional, passando a ser instrumento fundamental para a construção

do Brasil Sustentável, estando coadunada com as diretrizes da política ambiental do

Governo e desenvolvimento sustentável.

Ainda dentro do PPA 2004/2007, que visa um desenvolvimento sustentável e de

longo prazo, tem-se como estratégia que a dimensão ambiental oriente as escolhas

no campo social e econômico. Em fase da pressão que o desenvolvimento

econômico impõe sobre os recursos naturais e os serviços ambientais, os

compromissos com justiça social com as gerações atuais são indissociáveis do

legado que se quer deixar as gerações futuras.

Não menos importante é assegurar a preservação, recuperação e conservação dos

recursos naturais. É necessário que o crescimento econômico tenha uma

abordagem qualitativa, reestruturando-se ao longo dos próximos anos, a partir de um

novo padrão de produção e consumo, estimulando o manejo sustentável dos

recursos naturais, bem como coibindo as ações produtoras de desequilíbrios

ecológicos.

O PPA 2004/2007 prevê a adoção de critérios socioambientais para as políticas

públicas com metas de melhoria dos indicadores socioambientais, incentivos a

participação da sociedade e a educação ambiental.

Cabe ressaltar também que o Ministério da Integração Nacional, a partir da

priorização definida na Política Nacional de Desenvolvimento Regional do Governo

do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem estimulando os sistemas e arranjos

produtivos locais como instrumentos de dinamização econômica em espaços

territoriais determinados. Objetiva-se, portanto, a criação de emprego e a

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desconcentração da renda por meio da inclusão social e do crescimento,

ambientalmente sustentável e redutor das desigualdades regionais, bem como a

dinamização do mercado de consumo de massa e viabilização da expansão

competitiva das atividades superadoras da vulnerabilidade externa.

4.1.2.5 - Qualidade de água e desenvolvimento sócio-econômico

É importante salientar que a qualidade da água não se traduz apenas por suas

características físicas e químicas, mas pela qualidade de todo o recurso hídrico que

envolve a saúde e o funcionamento adequado do ecossistema. Coy et al. (1994)

chamam a atenção para o processo de urbanização que traz implicações, não

apenas ambientais, mas também, resulta em profundas disparidades entre os

segmentos da sociedade. Afirma que a deterioração da qualidade das águas não

representa apenas um dano ambiental, mas a perda de identidade de muitas

gerações que tem em um rio ou bacia hidrográfica sua referência de vida, costumes

e sobrevivência.

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), houve progressiva piora das

condições de qualidade de água dos rios que atravessam cidades e regiões

brasileiras com intensas atividades industriais, agropecuárias e de mineração.

Assim, onde não havia restrições de natureza quantitativa, a piora na qualidade de

água tem inviabilizado seu uso para determinados fins. Por ser depositária de boa

parte dos resíduos gerados pela atividade humana, a água doce de boa qualidade,

se torna um bem cada vez mais raro.

A satisfação das necessidades humanas de água mediante a integridade de

ecossistemas hídricos deve ser considerada em todos os níveis e regiões. Para isso,

é necessária uma visão abrangente de questões que conectem a gestão dos

recursos hídricos com a saúde, educação, segurança alimentar, habitação,

saneamento e desenvolvimento econômico e social.

Em qualquer nível (local, regional, nacional, etc.) é necessário atingir um balanço

entre a proteção dos recursos hídricos e a satisfação das necessidades humanas e

ao desenvolvimento econômico e social.

Segundo Born (2000), o ponto fundamental de atenção, debates e até conflitos, será

o atendimento à população em quantidades razoáveis e com qualidade adequada.

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Enfatiza que hoje a situação já é grave em todo o mundo, visto que

aproximadamente 55% da população rural e 40% das cidades não têm acesso a

quantidades adequadas de águas seguras (de boa qualidade).

Essa qualidade de água disponível afeta e define o seu uso. Os diversos usos

exigem o suprimento de água com certas características de qualidade bem

definidas. Cada vez mais a água vem se tornando um recurso escasso do ponto de

vista quantitativo e qualitativo. A escassez física soma-se a escassez econômica

(falta de capacidade de pagar os custos de acesso à água) e escassez política. São

crescentes e cumulativas a poluição hídrica e a degradação ambiental de

ecossistemas associados a mananciais, rios, mares e lençol freático.

O enfoque predominante para a gestão dos recursos hídricos tem sido o de definir

usos preponderantes das águas, enquadrando corpos hídricos em classes

compatíveis para os quais são estabelecidos padrões de qualidade e indicadores

para aferir as condições e usos possíveis dos mesmos. Tais usos podem ser

prejudicados pela introdução não controlada de certas formas de matéria ou energia,

caracterizando assim a poluição, que seria prejudicial ao uso preponderante

desejado para as águas em determinado trecho do corpo d’ água.

Enfim, a gestão dos recursos hídricos também está vinculada à implementação de

várias políticas públicas interdependentes - urbanização e uso do solo, agricultura,

saúde, meio ambiente, transporte e integração regional.

Por tais e tantas outras razões, os desafios para a conservação e utilização

sustentável de águas é função também do grau de avanço ou implementação de

princípios e atividades pertinentes à noção de sustentabilidade ambiental, social,

econômica e cultural do desenvolvimento, decorrentes do uso racional da água e

pelas implicações ambientais e de mercado.

Nesse sentido, Maia Neto (1997) afirma “que as questões ambientais e o

desenvolvimento sustentável serão objeto de prioridade mundial no século XXI por

imposição da sociedade, que dia a dia pressiona o governo em busca de melhor

qualidade de vida”.

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4.1.2.6 - Relevância em se considerar recursos hídricos no desenvolvimento

regional

A concepção de desenvolvimento vinculado à questão hídrica vem passando por um

longo tempo, desde a década de 50, por significativas transformações que decorrem

de experiências adquiridas; do avanço tecnológico, que implica num crescente uso e

domínio da natureza; maior consciência dos obstáculos e restrições a serem

incorporados a decisões dentro de bases estratégicas, onde o Estado não é

onipotente e a incorporação de uma base mais ampla dentro da escala técnica,

social e econômica, histórica, cultural e ambiental que juntas levam a

sustentabilidade do desenvolvimento.

Nesse sentido a avaliação da questão hídrica numa determinada região não deve,

portanto, estar restrita a um balanço entre oferta e demanda. Deve contemplar as

inter-relações entre os recursos hídricos com as especificidades geo-ambientais,

sócio-culturais, econômicas e suas diversidades, objetivando ações que resultem em

alcançar e garantir a qualidade de vida de seus habitantes, a qualidade do

desenvolvimento sócio-econômico e a conservação do meio ambiente.

A sustentabilidade hídrica corresponde “ao número máximo de usuários e demandas

associadas que determinado ambiente pode prover de forma permanente” (CAREY,

1993). Desta forma, ao desenvolver e usar os recursos hídricos de uma dada área

deve-se priorizar a satisfação de necessidades básicas e de proteção dos

ecossistemas. Uma vez satisfeitas tais necessidades, os recursos hídricos tem a

característica de um insumo básico indispensável ao desenvolvimento econômico. É

preciso, portanto, ter em conta que quando certos limites da capacidade de suporte

são ultrapassados, os retornos do desenvolvimento econômico podem se tornar

minguantes.

Num contexto geral, a oferta de água é um fator fundamental tanto para a

manutenção de ecossistemas naturais como para os ecossistemas produtivos.

Sendo assim, variações na oferta e na qualidade da água podem trazer sérias

conseqüências sociais e econômicas, caso afetem produções agrícolas,

abastecimento de cidades, hidrelétricas, e todas as demais atividades dependentes

desse recurso (REBOUÇAS, 1999).

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É importante salientar que a água pode ser um fator restritivo ao desenvolvimento,

porém isto não significa que basta haver disponibilidade hídrica para a garantia de

desenvolvimento. Uma análise do Índice de Desenvolvimento Humano -IDH, que é

um índice aceito internacionalmente como síntese do grau de desenvolvimento

social de uma população, considera apenas três variáveis: a renda, a longevidade e

a educação. Entretanto, não existe uma correlação direta e imediata entre a oferta

de água e desenvolvimento humano, embora não se negue que exista uma

complexa interação entre essas variáveis.

Esse IDH surgiu na década de 90 como ferramenta de mensuração de

desenvolvimento econômico e humano em detrimento do Produto Interno Bruto

(PIB), antes utilizado como indicador de progresso econômico em paralelo a alguns

indicadores sociais. Embora imperfeito, por tentar captar em um único número uma

realidade complexa, o IDH atua com fonte de aspectos do desenvolvimento não

estritamente econômicos. Entretanto, esse índice não contempla questões

ambientais, sendo inadequado como medida de desenvolvimento sustentável.

Por outro lado é conhecido o fato de que países com grande potencial hídrico, como

o Brasil, não detém, simplesmente por essa condição, maiores oportunidades para o

desenvolvimento econômico e para a prosperidade social. Algumas das grandes

economias mundiais como países da Europa e Japão, usualmente apropriam-se de

um volume de recursos superior as suas dotações naturais. Nesse sentido, a opção

por importar determinados produtos ao invés de produzi-los localmente não é

somente uma decisão de política econômica, configurando-se também como uma

alternativa para a gestão dos recursos hídricos. A solução do déficit hídrico via

comércio internacional pode ser mais vantajosa e adequada que soluções de

engenharia.

Desta forma, a simples razão recurso/ população não pode ser considerada o único

fator limitante ou representativo do desenvolvimento humano, devendo ser

consideradas outras variáveis explicativas.

Não há dúvidas de que a disponibilidade de água em quantidade suficiente para o

atendimento das demandas estabelecidas ou potenciais constitui-se em um fator

crítico para o desenvolvimento de algumas regiões do país - Norte de Minas Gerais

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e Espírito Santo e região Nordeste do país - nas quais nota-se alguma correlação

entre essas variáveis.

A escassez pode ser um fator restritivo ao desenvolvimento das atividades do

homem, sendo encarado dentro de quadro abrangente, envolvendo o ambiente

urbano, as comunidades, a atividade industrial, serviços, agricultura e, sobretudo as

inter-relações que delas decorrem, podendo restringir encadeamentos inter-

industriais responsáveis pela multiplicação da renda e emprego em determinada

região.

Por outro lado, essa escassez não configura uma situação que, uma vez superada,

seja responsável pelo desencadeamento de forças de desenvolvimento que

impulsionam a suspensão de atraso econômico e social.

Segundo Rangel (2003), em 1998 foi realizada uma pesquisa pelo IBGE onde se

verificou que o IDH e a disponibilidade de água em determinada região ou município

não tem uma correlação direta, embora não possa se negar que exista uma evidente

e complexa integração entre essas variáveis. Exemplo dessa assimetria pode ser

verificado no Espírito Santo, por exemplo, há municípios, na Bacia do Rio

Itabapoana, onde a disponibilidade de água é tida como boa e o IDH encontra-se

abaixo da média do Estado e do País.

Portanto, verifica-se que a qualidade das águas é um dos grandes determinantes do

desenvolvimento de regiões, visto que esta influencia diretamente a saúde das

pessoas. Além da saúde a manutenção da qualidade das águas deve ser vista como

uma forma de preservação do recurso garantindo assim a permanência do uso pelos

seus usuários.

4.1.2.7 - Análise do enquadramento de corpos d’água como instrumento de

auxílio ao planejamento sustentável regional

A implementação de programas de gerenciamento de bacias hidrográficas é uma

das ações mais importantes para a manutenção e recuperação de ambientes, sendo

a bacia hidrográfica cada vez mais utilizada como unidade de planejamento e gestão

territorial.

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Uma vez que o planejamento busca compatibilizar a demanda com a disponibilidade

hídrica de modo a otimizar os benefícios gerados per esse recurso, a gestão de

recursos hídricos terá o papel de garantir água em quantidade e qualidade

suficientes para atender os desejos da população e suprir as necessidades das

atividades econômicas da região. Para isso, busca minimizar conflitos entre os usos

e os usuários e proporcionar condições para garantir os usos múltiplos da água e,

conseqüentemente, contribuir para o desenvolvimento da região.

Nesse contexto, o enquadramento dos corpos d’água é um importante instrumento

de planejamento e gestão ambiental em bacias hidrográficas, cujo objetivo é

assegurar as águas qualidade compatível com os usos a que forem destinados,

diminuir os custos do combate à poluição hídrica e orientar as ações de controle

ambiental.

Este enquadramento deve estar baseado não necessariamente no seu estado atual,

mas nos níveis de qualidade que deveriam possuir ou ser mantidos para atender as

necessidades estabelecidas pela comunidade.

Os padrões de qualidade das águas a serem fornecidos a usuários de diferentes

naturezas dependem dos usos prioritários (saúde humana ou animal, produtividade

agrícola, de equilíbrio ambiental, etc.). A qualidade a ser exigida nos corpos de água

que suprem essas demandas será, no mínimo, aquela exigida pelo uso.

A classe do enquadramento de um corpo d’água deverá ser definida num pacto

acordado com a sociedade, levando em conta suas prioridades de uso. A discussão

e o estabelecimento desse pacto ocorrerão dentro do fórum estabelecido pela Lei

das Águas: O Comitê da Bacia Hidrográfica.

Portanto, o enquadramento irá não somente orientar os usos com também priorizar

ações corretivas, a fim de garantir abastecimento de água para o desenvolvimento

regional e a preservação da natureza. É um instrumento de planejamento de gestão

de recursos hídricos uma vez que leva em conta sua qualidade para atender a usos

estabelecidos. Logo se trata também de um instrumento de desenvolvimento,

considerando que o desenvolvimento sustentável dentro de suas dimensões aborda

com ênfase a questão ambiental.

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Segundo LANNA (1997), devido às conseqüências econômicas, sociais e ambientais

do enquadramento, há a necessidade de que ele seja resultado de um processo de

planejamento da bacia hidrográfica que compatibilize a oferta e demanda de água e

dos demais elementos ambientais cujos usos afetem a qualidade de água. Os custos

e benefícios, definidos de forma ampla, não unicamente sob o ponto de vista

econômico, devem ser estimados e comparados para justificar o enquadramento em

uma ou outra classe.

Deve existir uma integração do instrumento enquadramento com os demais

instrumentos de gestão ambiental e de recursos hídricos, de modo que

compatibilizados, possam contribuir efetivamente para que se atinjam os objetivos e

metas do planejamento juntos, buscando garantir uma gestão mais eficiente. Assim,

a integração entre os instrumentos de gestão de recursos hídricos, além de

possibilitar o controle qualitativo e quantitativo dos usos da água, irá buscar o

desenvolvimento sustentável de regiões, garantindo um desenvolvimento econômico

compatível com as condições desejadas pela sociedade e a disponibilidade de água

para as futuras gerações.

O processo de desenvolvimento da bacia hidrográfica, em termos econômicos e

sociais, reflete diretamente em seus usos, principalmente quando se evidencia

diversos conflitos nessa utilização, como o aumento da demanda por um bem em

fase de escassez, a insuficiência de infra-estrutura (barramentos, sistemas de

esgotamento sanitário etc.) para atender a essa demanda, o mau uso dos recursos

hídricos, gerando desperdício e problemas de contaminação, dentre outros conflitos

que, geralmente, afetam as bacias hidrográficas.

4.1.3 - Procedimentos metodológicos sobre enquadramento de corpos d’água Apesar do instrumento enquadramento de corpos de água existir no Brasil desde

1976, ainda é muito pequena a implementação deste instrumento. Entre os motivos

disso têm-se as dificuldades metodológicas para sua aplicação.

Leeuwestein (2000) afirma que a grande maioria das experiências nacionais sobre

enquadramento caracteriza-se pela maneira tecnocrática de execução, utilizando-se

de abordagem “clássica”, ou seja, contando com pouca participação da sociedade

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civil e dos usuários e não considerando aspectos econômicos na escolha das

classes. O autor ainda aponta a existência de várias experiências nacionais sobre

enquadramento que podem ser tomadas como referência. Entre elas, as

experiências das bacias hidrográficas do rio dos Sinos – RS, do rio Piracicaba – MG,

do rio Salitre – Bahia, e do rio São Francisco.

Tendo em vista o avançado nível de desenvolvimento metodológico dos processos

de enquadramento de corpos de água no Rio Grande do Sul, aspectos tomados

como relevantes da experiência do rio dos Sinos serão apresentados a seguir

(HAASE, SILVA e COBALCHINI, 2001):

A metodologia adotada no processo de enquadramento contempla as seguintes

etapas: levantamento dos usos de solo e água; avaliação da qualidade atual da

água; consulta à comunidade: esclarecimentos e aplicação de questionários ou

outros instrumentos, pelos Comitês de Bacia Hidrográficas; aprovação da proposta

pelo comitê e pelo órgão ambiental; transformação em instrumento legal.

• O processo de enquadramento das águas desenvolvido na Bacia Hidrográfica

do Rio dos Sinos (RS) foi desenvolvido através da atuação conjunta entre o

comitê da bacia, o órgão ambiental estadual e a universidade regional,

envolvendo a ampla participação da sociedade.

• O enquadramento, dentre os instrumentos previstos na Lei das águas, foi o

primeiro processo de mobilização social. Assim, a reunião dos industriais para

deliberar sobre enquadramento foi organizada pelo representante desta

categoria no Comitê, e assim por diante.

• O processo de enquadramento, que iniciou em 2000, foi considerado como

um importante exercício de representatividade das categorias, divulgação do

comitê e socialização das decisões. A metodologia geral previa as seguintes

etapas:

ü Consolidação conceitual e metodológica.

ü Avaliação e consolidação das informações ambientais, sociais,

econômicas e culturais disponíveis sobre a bacia, tornando-as acessíveis,

através da edição de uma revista sobre a bacia e seu enquadramento.

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ü Primeira consulta à sociedade, incluindo 3 instrumentos: a realização de

reuniões das diferentes categorias, a aplicação de questionários e a

realização de entrevistas semi-diretivas com os segmentos menos

participantes.

ü Sistematização dos resultados e elaboração de uma primeira versão da

proposta de enquadramento, pela FEPAM.

ü Segunda consulta à sociedade, para discussão da primeira versão da

proposta de enquadramento por categoria, culminando em uma

assembléia geral.

ü Aprovação da proposta pela plenária do Comitesinos.

• Foram realizadas 15 assembléias de “votação”, em setembro de 2000,

envolvendo um total de 800 pessoas. Como preparação para essas

assembléias, uma série de reuniões foram realizadas por categoria, e

organizadas pelo seu representante no comitê, apresentando sempre o

mesmo esquema metodológico: uma apresentação inicial das principais

características da bacia hidrográfica e a contextualização do processo de

enquadramento; em um segundo momento era explicado detalhadamente a

ficha de votação; o terceiro momento era a votação propriamente dita; e um

quarto momento, onde era feita uma avaliação do resultado da votação. A

votação teve uma característica mais visual, do que propriamente quantitativa.

Foi construído um grande painel com o mapa da bacia hidrográfica dividida

em três regiões (superior, média e inferior), onde cada votante anexava um

voto por região.

• O questionário foi composto de perguntas objetivas e subjetivas, sendo que

sua distribuição por categoria ocorreu proporcionalmente ao interesse

demonstrado por cada uma delas. Incluindo desde questões de identificação,

passando por questões de qualidade e uso das águas, até questões mais

gerais sobre gerenciamento de recursos hídricos.

• As entrevistas visaram complementar as informações quantitativas obtidas

nos questionários, através da aplicação de uma técnica qualitativa. Foram

aplicadas em categorias que tiveram fraca participação, tanto nas reuniões

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como nos questionários com o objetivo de chamar sua atenção para a

problemática da água, divulgar o comitê e estimular sua participação.

• A elaboração da primeira versão da proposta de enquadramento, pela

FEPAM, teve como base o resultado das assembléias de consulta à

sociedade e a proposta de segmentação dos rios da Bacia Hidrográfica do

Sinos em trechos com características homogêneas.

• A partir da divisão da bacia em três trechos, e utilizando como base

segmentação do rio adotada por Lanna, Pereira e De Luca (1996) na

implantação de modelo matemático, a Bacia do rio dos Sinos foi divida em 14

trechos. Os trechos foram agrupados considerando as características

geomorfológicas, a qualidade e os usos atuais das águas Esta proposta de

segmentação foi apresentada ao Comitê, pela FEPAM, tendo sido aprovada

com alguns ajustes que adequaram os limites dos trechos à realidade

conhecida pelos membros do comitê.

• O resultado das assembléias de votação nas diferentes categorias e dos

questionários sobre a percepção da sociedade quanto à qualidade da água

coincidem com as avaliações técnicas, demonstrando um bom conhecimento

da realidade.

• A FEPAM elaborou a 1ª versão da proposta de enquadramento, considerando

como critérios a melhoria ou manutenção da qualidade atual da água, as

manifestações da sociedade nas assembléias e nos questionários, o uso e

ocupação do solo da bacia e a manutenção de ecossistemas importantes. A

delimitação dos trechos de classe especial ficou para ser definido em etapas

futuras.

• A segunda etapa do processo consistiu na avaliação por categoria da 1ª

versão da proposta de enquadramento. Em agosto de 2002 foram realizadas

reuniões das categorias para avaliação da 1ª versão da proposta de

enquadramento (as categorias foram: 1- abastecimento público / drenagem /

esgotamento sanitário; 2 – indústria; 3 – entidades ambientalistas; e 4 –

agricultura).

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• A reunião do Comitesinos de março de 2003 teve como objetivo a apreciação

final da proposta de enquadramento. Nesta reunião a FEPAM apresentou a 1ª

versão e colocou as sugestões oriundas da segunda fase de reuniões por

categorias. Ocorreram muitas discussões, especialmente entre

representantes da categoria indústria, defendendo a 1ª versão, e as

categorias entidades ambientalistas e abastecimento

público/drenagem/esgotamento, que defendiam uma proposta mais exigente

no trecho final do rio do Sinos. Após intensos debates, a 1ª versão foi

aprovada por unanimidade pelos membros do comitê. A definição dos limites

dos trechos do rio em classe especial e outros ajustes finos ficaram de ser

detalhados junto à elaboração do Plano de Bacia.

• A metodologia de consulta à sociedade, através dos representantes por

categoria, fortaleceu a representatividade e ampliou o leque de segmentos

envolvidos. Apesar deste avanço, o exercício de representatividade mostrou-

se um problema a ser equacionado.

• A participação da sociedade, ainda que incipiente, mostrou ser fundamental

na formulação de políticas públicas. Houve dificuldade de incorporar à

discussão alguns segmentos não claramente representados no comitê, como

por exemplo, associação de bairros.

• A categoria mais participante no grupo “representantes da população” foi à

técnico-científica; as categorias abastecimento/drenagem/esgotamento e

indústria foram as mais participantes no grupo “usuários”; enquanto as

categorias menos participativas foram, no grupo “representantes da

população”, a do legislativo e a representação comunitária; e mineração,

navegação pesca e lazer, no grupo “usuários”. Ressaltou-se a fraca

participação do poder público estadual e municipal.

• Como ponto de partida foi analisado o que se chamou de “solução técnica

preconizada”. Por se tratar do conjunto de intervenções relacionadas ao

tratamento de efluentes, tinham melhor desempenho em termos de redução

da degradação sem custos excessivos.

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• O modelo de qualidade de água QUAL2-E UNCAS foi usado para testar os

resultados da adoção da solução técnica preconizada, em termos de melhoria

da qualidade das águas da bacia. As simulações mostraram que a solução

falhava no atendimento das duas metas de despoluição estabelecidas pelas

classes e que a solução técnica preconizada era insuficiente para atender aos

objetivos estabelecidos

• Os dados permitiram concluir que o processo de enquadramento devia ser

realizado em paralelo a uma avaliação dos custos e consequências

econômicas e financeiras de sua promoção e que devia ser entendido como

um instrumento de planejamento estratégico, ou seja, de longo prazo, cujo

atendimento seria realizado de forma gradual, no ritmo possível, e aprovado

pelo Comitê de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica.

Um outro aspecto de grande relevância a ser considerado no processo de

enquadramento diz respeito à metodologia utilizada quanto ao processo decisório.

Como referência de metodologia aplicada à gestão de recursos hídricos, em

concordância com a Lei 9433/97, cita-se o trabalho de Matzenauer (2003), aplicado

na bacia hidrográfica do rio dos Sinos no processo de elaboração do seu Plano de

Recursos Hídricos. Resumidamente, as etapas do procedimento metodológico são:

• Identificação do Contexto Decisório:

ü problemática da bacia – no caso desta pesquisa, o enquadramento de

corpos de água, considerando a definição de classes de uso, definição e

priorização de ações para a sua efetivação;

ü identificação dos atores envolvidos no processo decisório (atores agidos;

decisores; e facilitadores).

• Estruturação do Problema (visa organizar, desenvolver e expandir o

conhecimento dos decisores a respeito do contexto decisório, procurando

definir quais aspectos que serão considerados para avaliar as alternativas):

ü obtenção dos elementos primários de avaliação (aplicação de

questionários);

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ü agrupamento dos elementos primários em áreas de interesse.

• Oficinas de Construção Coletiva e Encontros Públicos:

ü construção de descritores para os pontos de vista, ou seja, indicadores de

caracterização de cada ponto de vista.

• Aplicação de Modelo Multicritério:

Identificação do Contexto Decisório

ü identificação do cenário atual da bacia hidrográfica sob o ponto de vista

técnico (diagnósticos);

ü identificação dos atores estratégicos (decisores);

ü identificação de alguns elementos complementares do diagnóstico a partir

do olhar dos decisores e de seus representados;

ü validação e apropriação do diagnóstico e construção definitiva do cenário

atual da bacia.

Estruturação do Problema

ü apropriação pelos decisores: do significado, do processo de definição e

das conseqüências estratégicas e práticas do Enquadramento;

ü identificação de parâmetros (físicos, sociais, econômicos e culturais) com

os quais serão avaliadas a(s) alternativa(s) de Enquadramento.

ü estabelecimento da hierarquia e do valor relativo entre eles. Por exemplo:

gerar emprego é mais importante que tomar banho? Proteger a saúde é

mais importante que gerar empregos?

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Construção dos Resultados – Enquadramento

ü definição do Pré-enquadramento a partir das consultas realizadas na

sociedade pelos decisores e de sua própria atuação;

ü avaliação técnica das conseqüências do Pré-enquadramento, segundo os

parâmetros definidos e hierarquizados anteriormente;

ü construção da versão final do Enquadramento.

4.2 - ADEQUAÇÃO DE FERRAMENTAS PARA SUPORTE TÉCNICO A DECISÕES SOBRE ENQUADRAMENTO DE CORPOS D’ÁGUA

As ferramentas a que se referem esta seção foram aquelas aplicadas no estudo de

simulação do processo de enquadramento na bacia hidrográfica do rio Santa Maria

da Vitória, região tomada como piloto no presente trabalho, incluindo região

estuarina de influência da bacia. Mais especificamente, são ferramentas de

modelagem de qualidade de água em rios e estuários devido a lançamentos

pontuais, de simulação de cargas de poluição difusa, de espacialização de

informações, bem como voltadas para a elaboração de mapas temáticos.

Com a finalidade de embasar a descrição sobre a adequação das ferramentas

consideradas, será feita uma breve caracterização da área de estudo.

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4.2.1 - A Área de Estudo Com base nos dados contidos no relatório de Inter-relações entre ambientes e

qualidade de água para as bacias do Rio Jucu e Santa Maria da Vitória

(GEARH/UFES, 1999) e o Diagnóstico e Plano Diretor das Bacias dos Rios Santa

Maria e Jucu (HABTEC, 1997), obtiveram-se informações dos aspectos gerais da

região e das características físicas da bacia do rio Santa Maria da Vitória.

O rio Santa Maria da Vitória drena uma área aproximada de 1557,2 km², entre as

coordenadas E287.046,30/359.900,08 e S7.753.592,86/7.793.544,93 (Datum

SAD69) (Figura 1). Suas cabeceiras estão situadas à cerca de 1.200 metros de

altitude desaguando no oceano Atlântico na região da grande Vitória através de um

estuário, onde se localiza o manguezal do Lameirão.

É um dos dois principais mananciais de abastecimento de grande parte da região da

“Grande Vitória”, e drena os municípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina

e parte dos municípios de Cariacica e Serra.

Esta região pode ser caracterizada, do ponto de vista socioeconômico e ambiental, a

partir de duas grandes unidades: a região serrana e a litorânea.

A região serrana corresponde às áreas de relevo acidentado e altitudes elevadas,

ocupadas predominantemente por descendentes de imigrantes europeus que têm na

agricultura sua principal atividade econômica. Engloba os municípios de Santa Maria

do Jetibá e Santa Leopoldina, e ali estão duas das três maiores usinas hidrelétricas

do Espírito Santo.

A região litorânea, formada por tabuleiros, planícies costeiras, morros e colinas,

corresponde às áreas de maior concentração da população e das atividades urbano

industriais do Estado, englobando os municípios de Vitória, Serra e Cariacica. Nesta

região encontra-se a foz do rio, que compõe o complexo estuarino da baía de

Vitória, região de extenso manguezal com importante papel ecológico e social,

destacando as atividades de pesca e cata de mariscos, praticadas principalmente

por comunidades de baixa renda.

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Figura 1 -Mapa de localização da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória.

Drenando uma região fortemente antropizada pelo uso agrícola e urbanização, as

águas do rio Santa Maria são utilizadas para irrigação, produção de energia e

abastecimento público. Enquanto seus afluentes cortam vários povoados com

atividades econômicas voltadas para a agricultura, principalmente produção de

hortigranjeiros, seu curso principal recebe os efluentes domésticos da cidade de

Santa Maria de Jetibá através do córrego São Luiz e sofre dois barramentos,

responsáveis pela formação dos reservatórios de rio Bonito e Suíça. Após os

reservatórios o rio Santa Maria atravessa a cidade de Santa Leopoldina e, já no final

de seu curso, tem parte de suas águas captadas para o abastecimento da

população da grande Vitória.

4.2.2 - Adequação de Ferramentas Computacionais Para Fins de Auxílio Técnico na Simulação do Processo Decisório Sobre Enquadramento na Bacia do Rio Santa Maria da Vitória e Região Estuarina Adjacente Para a simulação de qualidade de água devido a lançamentos pontuais em rios

utilizou-se o modelo QUAL2E, desenvolvido pela Agência de Proteção Ambiental

dos Estados Unidos (USEPA) e amplamente utilizado no meio científico (BROWN;

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BARNWELL, 1987). Para a simulação de poluição difusa das águas interiores

superficiais adotou-se o modelo GWLF - Generalized Watershed Loading Functions

2.0 (HAITH, 1992).

No caso da simulação da hidrodinâmica e da qualidade da água no trecho estuarino

empregou-se o modelo SisBAHIA – Sistema BAse de HIdrodinâmica Ambiental, que

é um sistema profissional de modelos computacionais registrado pela Fundação

Coppetec, órgão gestor de convênios e contratos de pesquisa do COPPE/UFRJ

(Rosman e Rosman, 2000).

O Sistema de Apoio à Gestão de Água, SAGA (GEARH, 2004), foi utilizado na

espacialização de diversas informações temáticas sobre a bacia do rio Santa Maria

da Vitória, as quais serviram de base para o desenvolvimento de estudos

diagnósticos sócio-econômicos e ambientais, bem como de simulação de qualidade

de água na bacia.

4.2.2.1 - Os modelos QUAL2E e GWLF

4.2.2.1.1 - Descrição do modelo computacional GWLF O modelo GWLF estima as cargas mensais e anuais de nitrogênio e fósforo totais e

dissolvidos no escoamento de uma bacia hidrográfica, incluindo coeficientes de

exportação, funções de carregamento e modelos de simulação química, um sistema

complexo que envolve o escoamento superficial, escoamento subterrâneo e cargas

pontuais e de sistemas sépticos existentes. O modelo GWLF inclui a fase dissolvida

e particulada do nitrogênio e do fósforo no escoamento de várias fontes Figura 2.

Figura 2 - Modelo Estrutural do GWLF

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Para a simulação do modelo são necessários três arquivos de dados: Weather.dat,

Transport.dat e Nutrient.dat.

O módulo de transporte inclui dados como: número de usos de terra rural e urbana,

áreas das classes de uso por seção de contribuição, curvas numéricas para cálculo

de escoamento superficial, o produto K*LS*C*P da equação universal da perda de

solo para cada classe de uso, coeficiente evapotranspirativo de Cobertura (ET CV),

comprimento do brilho solar, referência para estação de crescimento (0 ou 1), o

coeficiente de chuva (at), armazenamento inicial nas zonas saturadas e insaturadas,

coeficiente de recessão e de escoamento, taxa de descarga de sedimentos e a

capacidade de armazenamento de água disponível no solo.

Os dados relativos a nutrientes incluem nitrogênio e fósforo dissolvido por classe de

uso. No caso de utilização de fertilizante orgânico o modelo requer o número de

tipos de usos nos quais é utilizado o período e a concentração desse fertilizante.

Para uso urbano requer a quantidade de nitrogênio e fósforo acumulados no solo

urbano, as cargas pontuais de nitrogênio e fósforo para cada mês, as cargas de

nitrogênio e fósforo no lençol subterrâneo e no sedimento. No caso de opção por

modelagem de sistemas sépticos é necessário informar a população atendida por

mês para cada tipo de sistema e carga per capta de nitrogênio e fósforo.

Os dados de saída do modelo GWLF são dispostos em tabelas e gráficos e mostram

a relação da qualidade da água drenada no que concerne às concentrações de

nutrientes e sedimentos produzidos na bacia.

O arquivo Weather.dat requer um banco de dados climatológico, com precipitação

diária e temperatura média.

O modelo não requer dados de qualidade de água para simulação.

4.2.2.1.2 - Descrição do modelo computacional QUAL2E Com o modelo QUAL2E pode-se simular, em qualquer combinação, quinze

constituintes de qualidade de água considerando que estão completamente

misturados ao escoamento. Os constituintes são: oxigênio dissolvido (OD), demanda

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bioquímica de oxigênio (DBO), temperatura, algas (como clorofila a), nitrogênio

orgânico, amônia, nitrito, nitrato, fósforo orgânico, fósforo dissolvido, coliformes, um

constituinte não conservativo (arbitrário) e três constituintes conservativos. Os

principais mecanismos de transporte (advecção e dispersão) são considerados

significativos apenas ao longo da direção principal do escoamento. Desta forma, o

modelo considera o sistema como sendo unidimensional.

Podem ser simuladas várias seções de lançamento (esgoto doméstico ou industrial),

captações, entradas de tributários e de vazões incrementais positivas ou negativas.

O sistema pode ser operado como permanente ou dinâmico. No modo permanente

as vazões do curso d’água e dos efluentes são consideradas constantes ao longo do

tempo e do espaço, assim como as concentrações dos parâmetros de qualidade. O

modo dinâmico permite o acompanhamento do comportamento do curso d’água com

relação às concentrações dos poluentes simulados ao longo do tempo, em intervalos

de tempo definidos pelo usuário.

O rio ou trecho de rio, a ser simulado, é dividido em trechos com características

hidráulicas homogêneas. Cada trecho é subdividido em elementos computacionais

com comprimentos iguais. Os elementos computacionais do sistema em um mesmo

trecho têm características uniformes, tais como comprimento do elemento,

características hidráulicas, coeficientes de reação dos constituintes, condições

iniciais e vazões incrementais. Portanto, a definição dos trechos deve ser feita

observando-se a uniformidade nas características da bacia, a localização dos

afluentes, cargas e captações a serem simulados. Podem ser utilizados sete tipos de

elementos computacionais:

• Cabeceira: primeiro elemento do sistema principal e, eventualmente, de cada

tributário;

• Padrão: é aquele que não se enquadra como nenhum dos seis elementos

restantes;

• Junção: elemento que representa a entrada de um tributário a ser simulado;

• Elemento à montante de uma junção;

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• Último elemento do sistema;

• Cargas pontuais: cargas domésticas e industriais, vazões e respectivas

cargas de tributários que não estão sendo simulados;

• Retiradas: captações para abastecimento de municípios ou indústrias.

Os elementos computacionais funcionam como reatores de misturas completas,

ligados aos demais por mecanismos de transporte e dispersão, sendo realizados

balanços hidrológicos, em função dos fluxos afluentes aos elementos, dos fluxos

referentes às captações e/ou fontes externas, e dos fluxos efluentes ao elemento

computacional.

4.2.2.1.3 - Adequação, calibração e validação do modelo QUAL2E O emprego do modelo QUAL2E se deu na parte superior da bacia do rio Santa Maria

da Vitória, delimitada a jusante pela UHE Rio Bonito, com área de drenagem de

619,87Km2 - ver Figura 3. Os principais afluentes do rio Santa Maria na região são

os rios Possmouser e São Luis, este cruzando a sede do Município Santa Maria de

Jetibá.

Figura 3 - Bacia do rio Santa Maria da Vitória, com destaque, em linha vermelha, a sub-bacia empregada na utilização do modelo QUAL2E.

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Para adequação do modelo QUAL2E à região de estudo, utilizaram-se os dados

obtidos no relatório “Inter-Relações entre Ambientes e Qualidade das Águas das

Bacias dos Rios Jucu e Santa Maria da Vitória” (GEARH/UFES, 1999) e na

dissertação de mestrado intitulada “Subsídio para a definição de locais apropriados

para a implantação de reservatórios de regularização de vazões: refinamento e

aplicação de procedimento metodológico” (ZAMPROGNO, 1999).

Para a calibração e validação do modelo QUAL2E, utilizaram-se as campanhas

realizadas em março, julho, setembro e outubro de 1997 do estudo do

GEARH/UFES (1999). Os dois pontos de monitoramento utilizado na calibração do

modelo são dados na Figura 4 (“Alto Santa Maria” e “Montante do Reservatório”).

Figura 4 -Pontos de monitoramento utilizados na calibração do modelo QUAL2E.

Com base nas cartas do IBGE, incluindo as de Santa Leopoldina, Garrafão, Afonso

Cláudio (escala 1:50.000) e Colatina (escala 1:100.000), foi realizada a divisão dos

trechos do curso principal da parte alta do Rio Santa Maria da Vitória em sub-trechos

(elementos computacionais), com auxílio do software AUTOCAD 2005.

Na Figura 5 é apresentado o rio Santa Maria da Vitória, parte alta, dividido em 5

trechos, com 6 quilômetros cada, totalizando 30 quilômetros, sendo cada elemento

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computacional com 300 metros de comprimento. A divisão considerou a limitação do

modelo de 20 elementos computacionais por trecho. Na FIGURA 5, são mostradas

as seções de monitoramento e a localização dos rios Possmouser e São Luiz, os

principais afluentes do rio Santa Maria da Vitória, considerados na estimativa da

poluição difusa pelo modelo GWLF.

Figura 5 - Discretização do trecho simulado no Rio Santa Maria da Vitória.

Os parâmetros modelados na calibração e validação do modelo foram OD, DBO,

temperatura, fósforo orgânico, fósforo dissolvido e fósforo total.

Os coeficientes e taxas de decaimento utilizados para os parâmetros de qualidade

de água, apresentados na Tabela 4.1, foram obtidos a partir do manual do QUAL2E

(BROWN; BARNWELL, 1987) e de outras fontes bibliográficas (VON SPERLING,

1996; BOWIE et al., 1985), sendo posteriormente ajustados na calibração e na

validação do modelo.

Tabela 4.1: Coeficientes de reação utilizados na calibração.

Parâmetro Valor Fonte bibliográfica Coeficiente de desoxigenação (K1) 0,21 1/dia Von Sperling (1996) Coeficiente de reaeração (K2) 0,46 1/dia Von Sperling (1996) Constante de decaimento de fósforo orgânico para fósforo dissolvido (β4)

0,20 1/dia Thomann; Fitzpatrick (1982) apud Bowie et al. (1985)

Taxa de sedimentação de fósforo σ5) 0,001 1/dia Brown, Barnwell (1987)

Para o levantamento das características hidrogeométricas não foram utilizados os

dados relativos às campanhas de 1997 do estudo do GEARH/UFES (1999), devido a

não disponibilidade dos dados de cota e velocidade.

Os coeficientes a e α e expoentes b e β, correlacionam a vazão (Q) com a

velocidade (U) e com a profundidade (H), respectivamente, segundo as funções

apresentadas nas Equações 4.1 e 4.2, consideradas no modelo QUAL2E. Esses

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coeficientes e expoentes foram obtidos a partir de equações ajustadas aos dados

monitorados, com o auxílio do software GRAPHER.

baQU = (4.1)

βαQH = (4.2)

Os valores obtidos para os coeficientes e expoentes citados são apresentados na

Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Coeficientes e expoentes hidráulicos obtidos para simulações.

Coeficiente Valor a 0,0603 b 0,7765 α 0,5487 β 0,4775

O modelo QUAL2E utiliza como dado de entrada a constante de dispersão ( K ) para

o cálculo da dispersão longitudinal ( LD ) na Equação 4.3.

6/582,3 dunKDL ⋅⋅⋅⋅= (4.3)

DL é o coeficiente de dispersão longitudinal (m2/s); K é a constante de dispersão; n é

o coeficiente de Manning; u é a velocidade média (m/s) e d é a profundidade média

do curso de água (m).

Adotou-se para a constante de dispersão longitudinal (K) o valor de 6 para todos os

trechos, devido à pouca sensibilidade dos resultados de modelagens de injeção

contínua, características do QUAL2E, à variação do valor da constante de dispersão,

conforme observado por Pereira (1999). Para o coeficiente de rugosidade de

Manning, adotou-se o valor de 0,025, valor característico de canal natural de rio

limpo e liso (HENDERSON, 1966 apud BROWN; BARNWELL, 1987).

Os coeficientes de evaporação são coeficientes empíricos e foram estimados com

base na literatura e ajustados na calibração da temperatura. O coeficiente de

atenuação de radiação solar foi calculado pela Equação 4.4.

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87,0RADCS = (4.4)

CS: coeficiente de sombreamento e RAD: porcentagem de radiação solar que

penetra na superfície terrestre.

Alguns dados geográficos e climatológicos, como latitude, longitude, temperatura de

bulbo seco, velocidade do ar e umidade relativa do ar, foram obtidos a partir de

dados médios de literatura. A elevação média da bacia foi obtida através do modelo

digital do terreno.

A temperatura do bulbo úmido foi obtida pelo método tabular a partir da umidade

relativa do ar e da depressão psicrométrica, que é a diferença entre a temperatura

de bulbo seco e a temperatura de bulbo úmido. A cobertura de nuvens e a pressão

barométrica foram obtidas no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Foram utilizados os dados das campanhas de março, julho, setembro e outubro de

1997 realizadas para o trabalho GEARH/UFES (1999).

Os dados da seção de monitoramento do Alto Santa Maria para qualidade de água,

TABELA 4.3 a 4.6, e para vazões, TABELA 4.7, foram utilizados como dados de

cabeceira do rio Santa Maria da Vitória para calibração (setembro) e validação

(março, julho e outubro). Os dados referentes ao ponto “Montante Reservatório”

foram utilizados para comparação dos valores medidos em campo com os obtidos

com a simulação. Os dados de OD, não disponíveis, foram estimados considerando

as características locais e as concentrações de saturação.

Tabela 4.3: Dados da campanha de qualidade de março de 1997. Seção de monitoramento OD (mg/l) DBO (mg/l) Temperatura (°C) Fósforo

(mg/l) Alto Santa Maria 8,50 3,6 21 0,06

Montante Reservatório 7,50 2,4 22,3 0,02

Tabela 4.4: Dados da campanha de qualidade de julho de 1997.

Seção de monitoramento OD (mg/l) DBO (mg/l) Temperatura (°C) Fósforo

(mg/l) Alto Santa Maria 8,50 2 21 0,06

Montante Reservatório 7,50 <2,00 22,3 0,08

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Tabela 4.5: Dados da campanha de qualidade de setembro de 1997.

Seção de monitoramento OD (mg/l) DBO (mg/l) Temperatura (°C) Fósforo

(mg/l) Alto Santa Maria 8,50 <2,0 20,19 0,05

Montante Reservatório 7,50 2 23,8 0,11

Tabela 4.6: Dados da campanha de qualidade de outubro de 1997. Seção de monitoramento OD (mg/l) DBO (mg/l) Temperatura (°C) Fósforo

(mg/l) Alto Santa Maria 8,50 <2,00 18,5 0,09

Montante Reservatório 7,50 <2,00 18,7 0,16

Tabela 4.7: Dados de vazões (m³/s).

Seção de monitoramento Campanhas Alto Santa Maria Montante Reservatório

Março 10,619 1,488 Julho 1,308 0,353

Setembro 1,151 0,202 Outubro 1,551 0,312

4.2.2.1.4 - Adequação, implementação e calibração do modelo GWLF Para cada trecho considerado na modelagem com o modelo QUAL2E, foi definido

um setor ou sub-bacia correspondente para a estimativa da poluição difusa com o

modelo GWLF, totalizando 5 setores, Figura 6. As contribuições dos rios

Possmouser e São Luiz foram consideradas como fontes difusas nos setores 3 e 5,

respectivamente, conforme a localização desses afluentes.

Figura 6 - Mapa com a divisão dos setores.

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Os mapas temáticos para os setores foram elaborados a partir dos mapas

disponibilizados por Zamprogno (1999; 2004) para a sub bacia do Alto do Santa

Maria.

O arquivo Weather.dat foi definido pela série histórica dos dados de temperatura e

precipitação diários adquirida do Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural

(INCAPER) – Estação Agroclimatológica de Santa Teresa (Código 83647), para o

período de janeiro de 1992 a julho de 2004.

O mapa de uso e ocupação do solo por setor Figura 7 foi elaborado a partir do

mapa construído por Zamprogno (1999) com base nos resultados obtidos pelo

consórcio Santa Maria – Jucu (HABTEC, 1997). Os tipos de cultivo considerados

foram descritos por Zamprogno (1999) e são apresentados a seguir, totalizando

cinco usos no meio rural:

• Comunidades florestais em estágio avançado de regeneração: apresentam

fisionomia arbórea dominante sobre as demais.

• Comunidades florestais em estágio médio de regeneração: apresentam

fisionomia arbórea e/ou arbustiva predominando sobre a herbácea.

• Comunidades florestais em estágio inicial de regeneração: apresenta fisionomia

herbáceo/arbustiva de porte baixo.

• Comunidade vegetais de campo e pastagem: os campos e as pastagens estão

presentes em profusão nas bacias, tanto na baixada quanto nas áreas serranas.

São essencialmente de origem antrópica e formadas por ervas invasoras.

• Silvicultura: termo adotado ao invés de reflorestamento pelo fato de que,

tecnicamente, uma plantação de eucalipto não pode ser conceituada como uma

floresta.

• Áreas Agrícolas: a agricultura na bacia tem como principais culturas o café, a

banana e a olericultura.

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Figura 7 - Mapa de uso e ocupação do solo para os setores.

Predominam, em geral, no trecho Alto da Bacia do Rio Santa Maria da Vitória as

classes de solos: Latossolo Vermelho amarelo(Lva), Cambissolo(Ca) e

Neossolos(Ne), conforme levantamento elaborado por CSMJV (1997) na escala

1/143000. A Figura 8 apresenta o mapa de solos para os setores considerados.

As principais características destes solos são descritas a seguir:

• Latossolo Vermelho Amarelo (Lva):

ü É o solo dominante na bacia, ocorrendo desde as partes baixas até a

nascente, em relevo variando de ondulado a escarpado; em geral,

apresentam problemas de fertilidade. São solos porosos a muito porosos,

textura argilosa, bem drenados e de alta permeabilidade. Ocorrem

associados a cambissolos e latossolo vermelho–amarelo húmico.

Apresentam baixa propensão à erosão, em vista da textura e da

porosidade, porém as condições de relevo favorecem a erosão superficial,

os escorregamentos e sulcos nas linhas de drenagem e ravinas côncavas,

quando desprotegido de cobertura vegetal. Unidades de mapeamentos

encontradas na região, Lva4, Lva5, Lva6, Lvha.

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• Cambissolos (Ca):

ü Ocorrem na região serrana em relevo montanhoso e escarpado. Esse

relevo é fator extremamente restrito à sua utilização com cultivos, além da

baixa fertilidade natural e alta acidez por alumínio. Possuem textura

argilosa e são bem drenados. Ocorrem associados a latossolo vermelho–

amarelo. Na região serrana ocupa extensas áreas nas cristas das falhas

cortando as duas bacias desde o sul até o norte após Santa Leopoldina e

acima de Santa Maria do Jetibá. São extremamente frágeis à erosão em

ravinas ou a deslocamentos de massas. Seu horizonte B pouco espesso

indica propensão à erosão e o uso acelerará esta tendência natural.

Unidades de mapeamentos encontradas na região, Ca2, Ca3.

• Neossolos:

ü São solos pouco desenvolvidos, resultantes de deposições fluviais

recentes nas várzeas de rios e córregos. A drenagem é diversificada. A

textura varia de média a argilosa. Apresentam pequena a média

suscetibilidade a erosão nas várzeas das serras, por efeito das

inundações que podem “lavar” o solo quando há declividade no terreno.

Foram mapeados na região das serras, principalmente as áreas de várzea

dos rios e pequenos trechos de seus principais afluentes.

• Afloramentos de Rocha:

ü São considerados tipos de terreno e estão representados por exposições

de diferentes tipos de rochas nuas ou com reduzidas porções de materiais

detríticos não classificáveis como solo.

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Figura 8 - Mapa de Solos para os setores.

O número da curva CN para cada setor foi obtido a partir do cruzamento do mapa de

uso e ocupação do solo e o mapa do tipo de solo, Figura 9, utilizando a

classificação proposta por Setzer & Porto (1979) para o Estado de São Paulo.

Figura 9- Mapa com os valores de CN para os setores.

Os valores utilizados para cálculo do produto de erosão KLSCP foram obtidos para

cada setor pela multiplicação entre os coeficientes K, LS, C e P extraídos dos mapas

dos fatores por setor, FIGURAS 4.10 a 4.12, elaborados a partir dos mapas

desenvolvidos por Zamprogno (2004). Para o valor do fator práticas

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conservacionistas (P), adotou-se o valor 1 (adimensional), considerando declive

maior que 25%.

A erodibilidade representa o grau de suscetibilidade à erosão, em razão das

propriedades intrínsecas e inerentes a cada tipo de solo, tais como: porosidade,

permeabilidade, capacidade de absorção da água, textura e estrutura, coesão das

partículas e teor de matéria orgânica. Estas propriedades do solo influenciam a

erodibilidade do mesmo, pois elas estão diretamente ligadas à velocidade de

infiltração da água, à dispersão, ao salpicamento, à abrasão e às forças que

resistem ao transporte da chuva e enxurrada (DUTRA, 1997).

Figura 10 - Mapa de erodibilidade dos solos (K) para os setores.

O fator C corresponde à razão entre a perda de solo que ocorre em uma área

cultivada e a que ocorre em uma área de referência continuamente mantida com

solo preparado, sem qualquer tipo de cobertura vegetal (WISCHMEIER; SMITH,

1978). Este fator envolve também o manejo agrícola, que inclui combinações de

cobertura vegetal, seqüência de cultivos, estágio fenológico etc. (BERTONI;

LOMBARDI NETO, 1990).

A influência da dinâmica de uso e ocupação, ligada à falta de procedimentos para

validar ou avaliar precisamente os valores do Fator C para determinadas classes de

uso e ocupação, pode provocar variações significativas dos valores finais de perda

de solo.

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Figura 11 -Mapa de uso e manejo do solo ( C) para os setores.

As TABELAS 4.8, 4.9, 4.10, 4.11 e 4.12 apresentam para os setores de 1 a 5,

respectivamente, os números das curvas de escoamento superficial (CN) e o fator

de erosão KLSCP.

Figura 12 - Mapa fator topográfico (LS) para os setores.

Tabela 4.8: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 1. Classes de uso do solo Área (ha) CN KLSCP

Comunidades Florestais em estado médio e avançado de regeneração 2431 35 0,0002

Pastagens 1399 63 0,0113 Comunidades Florestais em estado inicial de regeneração 11 26 0,0003 Silvicultura 26 30 0,0133 Agricultura e pastagem 2976 56 0,0371

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Tabela 4.9: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 2.

Classes de uso do solo Área (ha) CN KLSCP Comunidades Florestais em estado médio e avançado de regeneração 2037 28 0,0017

Pastagens 542 67 0,0113 Comunidades Florestais em estado inicial de regeneração 56 33 0,0024 Silvicultura 0 0 0 Agricultura e pastagem 2511 58 0,3168

Tabela 4.10: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 3.

Classes de uso do solo Área (ha) CN KLSCP Comunidades Florestais em estado médio e avançado de regeneração 5073 35 0,0003

Pastagens 960 64 0,0185 Comunidades Florestais em estado inicial de regeneração 88 23 0,0005 Silvicultura 29 32 0,0218 Agricultura e pastagem 6202 56 0,0607

Tabela 4.11: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 4. Classes de uso do solo Área (ha) CN KLSCP

Comunidades Florestais em estado médio e avançado de regeneração 3717 39 0,0019

Pastagens 1210 66 0,1105 Comunidades Florestais em estado inicial de regeneração 5963 23 0,0028 Silvicultura 177 36 0,1298 Agricultura e pastagem 79 58 0,3618

Tabela 4.12: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para o setor 5.

Classes de uso do solo Área (ha) CN KLSCP Comunidades Florestais em estado médio e avançado de regeneração 1052 41 0,0020

Pastagens 479 67 0,1150 Comunidades Florestais em estado inicial de regeneração 75 29 0,0029 Silvicultura 0 0 0 Agricultura e pastagem 2971 59 0,3767

Pela dificuldade em se identificarem na literatura valores-padrão para condições

tropicais, utilizaram-se os obtidos para uma região próxima à região de estudo, por

GEARH (2004), Média de horas de luz do dia para cada mês do ano.

A partir dos dados de insolação diária adquiridos do Instituto Capixaba de Pesquisa

e Extensão Rural (INCAPER) para a Estação Agroclimatológica de Santa Teresa

(Código 83647), para o período de janeiro de 1980 a dezembro de 1984, calcularam-

se as médias de horas do dia para cada mês.

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No caso de regiões de clima tropical, não há distinção entre as estações sendo todo

o período do ano com temperatura média acima de 18°C, portanto propício ao

crescimento contínuo da vegetação. Desta forma foi atribuído o valor 1 para

referência da estação de crescimento para todos os meses do ano.

A equação utilizada pelo modelo GWLF para obtenção da erosividade de chuva

(REt), trata-se de uma equação empírica, obtida para regiões de clima temperado.

Dessa forma, o coeficiente de erosividade de chuva (at), utilizado nessa equação, é

específico para esse tipo de região, não sendo objeto de estudos em países de

clima tropical. Dado o exposto, utilizou-se para esse coeficiente o valor obtido para

uma região próxima à região de estudo (GEARH, 2004); ver TABELA 4.13.

Tabela 4.13: Dados obtidos para entrada no módulo transporte para todos os setores. Mês ET CV* Insolação (h/dia) Estação de crescimento** at***

Janeiro 1,00 4,58 1 0,199 Fevereiro 1,00 5,46 1 0,199

Março 1,00 4,85 1 0,199 Abril 1,00 3,89 1 0,199 Maio 0,45 5,05 1 0,199 Junho 0,45 4,80 1 0,199 Julho 0,45 4,68 1 0,199

Agosto 0,45 4,98 1 0,199 Setembro 0,45 3,45 1 0,199 Outubro 1,00 3,87 1 0,199

Novembro 1,00 4,42 1 0,199 Dezembro 1,00 4,05 1 0,199

Observação: * (ET CV = xxxxx); ** (Estação de crescimento = ); *** (at = coeficiente de erosividade da chuva). Mais detalhes podem ser obtidos em GEARH (2004)

Os dados de entrada relativos às estimativas disponíveis de armazenamento

saturado e insaturado inicial, coeficientes de recessão e de escoamento, foram

obtidos em manual do GWLF (HAITH, 1992), TABELA 4.14, devido à inexistência e

dificuldade de obtenção dos dados na região em estudo. Para o coeficiente de

recessão foi feita uma análise de sensibilidade variando os valores dentro do

intervalo de valores típicos recomendados pelo manual (0,01- 0,2).

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Tabela 4.14: Dados de entrada do arquivo de transporte. Dados de entrado do GWLF Valores padrão

Armazenamento Saturado Inicial (cm) 0 Armazenamento insaturado Inicial (cm) 10

Coeficiente de Recessão (l/dia) 0,01 Coeficiente de Infiltração (l/dia) 0*

Neve (cm) 0 * Considera-se toda precipitação sai da bacia hidrográfica por evapotanspiração ou descarga fluvial. Fonte: Manual do GWLF (HAITH, 1992)

Segundo o manual do GWLF (HAITH, 1992), a taxa de descarga de sedimento

(SDR) é geralmente obtida por uma relação baseada na área da bacia hidrográfica.

A equação (Equação 4.5) utilizada no presente estudo foi utilizada por GEARH

(2004). Os valores obtidos para cada setor são apresentados na TABELA 4.15.

125,042,0 −⋅= ASDR (4.5)

A é a área do setor (milhas²).

Tabela 4.15: Taxa de descarga de sedimentos (SDR) de cada setor. Setor Área (ha) SDR

1 6842 0,279 2 5150 0,289 3 12353 0,259 4 11153 0,262 5 4578 0,293

A capacidade total de água (CTA) foi obtida a partir da disponibilidade total de água

no solo (DTA), calculada conforme indicado por Bernardo (1995), a partir dos teores

de umidade correspondentes à capacidade de campo (Cc) e o ponto de

murchamento (Pm) e da densidade aparente do solo.

DaPmCcDTA *10

= (4.6)

DTA é a disponibilidade total de água (mm/cm de solo); Cc é a capacidade de

campo (% em peso); Pm é o ponto de murchamento (% em peso) e Da é a

densidade aparente do solo (g/cm³).

A capacidade total de água no solo (mm) é considerada disponível para a cultura no

perfil do solo que esteja ocupado pelo seu sistema radicular, conforme apresentado

na Equação 4.7.

ZDTACTA ⋅= (4.7)

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CTA é a capacidade total de água do solo (mm); DTA é a disponibilidade total de

água (mm/cm de solo) e Z é a profundidade efetiva do sistema radicular (cm).

Para os valores da capacidade de campo e ponto de murchamento, utilizaram-se os

valores indicados por Costa (1994). Devido à indisponibilidade de dados de

densidade aparente dos solos para a região de aplicação do modelo, foram

utilizados os valores identificados no levantamento pedológico para a área de estudo

do trabalho desenvolvido por GEARH (2004), adjacente à bacia-piloto do presente

trabalho. O valor da profundidade para cálculo da capacidade total de água (CAD)

utilizado (Z = 120 cm) foi indicado por Rossato (2002) para os tipos de solos

encontrados na região. Os dados utilizados para cálculo da capacidade total de água

e os valores de capacidade total de água para cada tipo de solo, TABELA 4.16.

Tabela 4.16: Dados utilizados para cálculo da capacidade total de água (cm). Dados de solo Tipo de solo

DA (g/cm³) PMP (%) CC (%) Z (cm) CTA (cm) Neossolos 1,65 4 9 120 9,9

Cambissolo (Ca2) 1,25 17 5 120 27,0 Latossolo (Lva4) 1,30 13 27 120 21,84 Latossolo (Lva5) 1,30 13 27 120 21,84 Latossolo (Lva6) 1,30 13 27 120 21,84

Latossolo (LvaHa) 1,30 13 27 120 21,84

Para definição do valor de capacidade disponível de água por setor, calculou-se a

média ponderada, em função da área de cada tipo de solo presente em cada setor.

Tabela 4.17: Média ponderada por setor dos valores de capacidade total de água. Setor CTA (cm)

1 22 2 23 3 21 4 23 5 23

Para implementação do modelo, foram utilizados, em alguns casos, valores de

literatura para o arquivo Nutrient.dat, visto que não foi possível a determinação de

valores locais. Como esses valores não são normalmente encontrados na literatura

para países tropicais foram usados alguns valores do manual do GWLF.

As concentrações dos nutrientes no escoamento superficial rural para cada uso de

solo, mostradas na TABELA 4.18, foram estimadas com base em valores da

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literatura indicados pelo manual do GWLF (DORNBUSH ET AL., 1974 apud USEPA,

1999; EDWARDS ET AL., 1972 apud USEPA, 1999) e dados utilizados por GEARH

(2004).

Tabela 4.18: Nutrientes no escoamento superficial rural por cultura.

Cultura Nitrogênio (mg/l) Fósforo (mg/l)

Comunidades Florestais em estado médio e avançado de regeneração (valor correspondente à mata) 1,07 0,03

Pastagens 3,00 0,25

Comunidades Florestais em estado inicial de regeneração (valor correspondente à mata) 1,07 0,03

Silvicultura (valor correspondente à eucalipto) 1,78 0,03

Agricultura e pastagem (valor médio dos valores de pastagem, café e culturas temporárias)

2,24 0,24

Fonte: USEPA (1999c); GEARH/UFES (2004)

Para os dados de nutrientes no lençol subterrâneo, considerou-se a média dos

valores resultantes das análises laboratoriais de água para os parâmetros nitrogênio

e fósforo totais, obtidos nas campanhas de qualidade de água ocorridas em período

de estiagem (julho e setembro), do ponto de monitoramento mais de montante do rio

Santa Maria a Vitória, conforme sugerido por HAITH (1992). A maior contribuição

para a descarga do rio nesse período é proveniente do lençol subterrâneo uma vez

que esse se encontra distante de pontos possíveis de despejos pontuais.

Tabela 4.19: Nutrientes dissolvidos no lençol subterrâneo. Nitrogênio (mg/l) Fósforo (mg/l)

0,77 0,06

As cargas totais de nutrientes contidas nos sedimentos utilizadas foram

determinadas pela análise química de amostras de solo da região adjacente à região

da bacia-piloto, no estudo desenvolvido por GEARH (2004).

Tabela 4.20: Concentrações de nitrogênio e fósforo totais no sedimento para os tipos de solos.

Concentração (mg/kg) Tipo de solo Nitrogênio total Fósforo total

Neossolos 91 61,3 Cambissolo (Ca2) 294 18,96 Latossolo (Lva4) 174 26,04 Latossolo (Lva5) 174 26,04 Latossolo (Lva6) 174 26,04

Latossolo (LvaHa) 174 26,04

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Como sugerido pelo manual do modelo (HAITH, 1992), os valores médios de

nitrogênio e fósforo total para cada tipo de solo foram ponderados pela área dos

solos por setor e multiplicados pelo fator de enriquecimento (t = 2). Esses valores

são apresentados na TABELA 4.21.

Tabela 4.21: Médias ponderadas, pelas áreas dos solos, das concentrações de nitrogênio e fósforo totais no sedimento, por setor.

Concentração (mg/kg) Setor Nitrogênio total Fósforo total

1 345 54 2 427 49 3 347 55 4 428 50 5 428 50

4.2.2.1.5 - Identificação dos parâmetros comuns aos programas GWLF e QUAL2E Foram analisadas as correlações existentes entre os dados de saída do GWLF e os

dados de entrada do modelo QUAL2E.

Foram identificadas as seguintes relações entre os parâmetros comuns

considerados pelos dois modelos:

O modelo GWLF considera como saída o nitrogênio total e nitrogênio dissolvido,

enquanto que entrada para o modelo QUAL2E ocorre como nitrogênio orgânico,

nitrato, nitrito e amônia total. Para solução do problema das diferenças entre as

formas de saídas e entradas dos modelos que não são equivalentes foram feitas

algumas considerações.

Na integração dos modelos GWLF e QUAL2E, o nitrogênio orgânico foi considerado,

na entrada do QUAL2E, equivalente à diferença entre o nitrogênio total e nitrogênio

dissolvido. Para a forma dissolvida (saída do GWLF) foi considerado o somatório das

formas de amônia, nitrito e nitrato. A concentração de nitrito em esgotos pode ser

considerada praticamente nula (VON SPERLING, 1996), bem como em ambientes

oxigenados (ESTEVES, 1988). Portanto, a parcela de nitrogênio dissolvido pode ser

considerada como sendo o somatório das formas nitrato e amônia total.

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Como a oxidação do nitrogênio amoniacal em nitrato é muito rápida, ocorrendo no

solo antes de ser carreado para o rio, prevalecendo na água o parâmetro nitrato

(CASTRO, 2001), foi considerada desprezível a parcela amônia proveniente da

poluição difusa. Logo, para a calibração preliminar do modelo QUAL2E, o nitrogênio

dissolvido, estimado pelo GWLF, foi considerado como nitrato.

Para o fósforo a saída do GWLF é fósforo particulado e fósforo dissolvido enquanto

que entrada do modelo QUAL2E ocorre como fósforo particulado e fósforo total

dissolvido. Como as saídas dos modelos são equivalentes não foram necessárias

transformações.

A saída da vazão no modelo GWLF é a soma do escoamento superficial com o

escoamento subterrâneo, sendo necessário, apenas a conversão de unidades.

A entrada dos dados de poluição difusa para o modelo QUAL2E foi feita por meio do

“Incremental Flow”, sendo que cada trecho do QUAL2E foi considerado como uma

“bacia” (setor) no modelo GWLF, visto que a interface entre os modelos tornou

necessária a divisão da bacia do Alto do rio Santa Maria da Vitória em 5 setores que

serão simulados independentemente e considerados como contribuições para cada

trecho.

4.2.2.1.6 - Parâmetros considerados na análise dos cenários de simulação

Foram considerados na avaliação nos cenários para simulação do enquadramento

os parâmetros DBO, fósforo total simulados pelo modelo QUAL2E e coliformes por

planilha em Excel segundo metodologia proposta por Von Sperling (1996).

A DBO é indicativa de poluição de origem predominantemente orgânica, como

despejos domésticos e diversos tipos de efluentes industriais existentes em

abundância nas bacias hidrográficas (VON SPERLING, 1996). O fósforo total é

encontrado nos fertilizantes agrícolas, sendo carreado de forma difusa aos corpos de

água, podendo acarretar eutrofização, principalmente em lagos e reservatórios. O

nitrogênio também é responsável pela aceleração do processo de eutrofização. No

entanto, o fósforo é, normalmente, o nutriente limitante (VON SPERLING, 1996).

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4.2.2.1.7 - Considerações sobre simulação da qualidade de água com o modelo QUAL2E Nas simulações de qualidade de água foram considerados os dados de qualidade

para a cabeceira correspondente à campanha de setembro de 1997, apresentados

na TABELA 4.5, do item 4.2.2.1.3, para o ponto “Alto do Santa Maria”. Essa

campanha apresentou a menor vazão quando comparada com as demais, sendo a

mais próxima da vazão crítica Q7,10, utilizada nas simulações.

Na simulação, foi considerada apenas uma carga pontual representando a carga de

esgoto gerado pela população do município de Santa Maria de Jetibá, como pode

ser observado na Figura 13.

Figura 13 - Localização do lançamento do esgoto no Rio Santa Maria da Vitória.

O valor estimado para a vazão de esgoto doméstico proveniente do município de

Santa Maria de Jetibá foi calculado em função da população e de um valor atribuído

para o consumo médio diário de água de um indivíduo, denominado quota per capita

(QPC). Segundo Habtec (1997), o município de Santa Maria de Jetibá apresenta

uma população de cerca de 25.576 habitantes. Dessa forma, pode ser classificado

como um povoado pequeno (entre 10.000 e 50.000 habitantes) e o consumo per

capita de água adotado foi de 145 l/hab/dia (VON SPERLING, 1996).

De maneira geral, a produção de esgotos corresponde aproximadamente ao

consumo de água multiplicado por um coeficiente de retorno (c). Os valores típicos

deste coeficiente variam de 60% a 100%, sendo que o valor usualmente adotado

tem sido de 80% (VON SPERLING, 1996). O cálculo da vazão média de esgoto

doméstico para cada propriedade é dado pela equação:

864001000 ⋅⋅⋅

=cQPCPopQmed (4.8)

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medQ é a vazão doméstica de esgoto (m³/s); Pop é a população de projeto (hab);

QPC é a quota per capita de água (l/hab.dia) e c é o coeficiente de retorno

esgoto/água.

A vazão média de esgotos efluente da população de Santa Maria de Jetibá foi de

0,037 m³/s, o valor estimado.

As características qualitativas químicas desse efluente foram estimadas por valores

típicos de esgotos predominantemente domésticos, encontrados na literatura (VON

SPERLING, 1996).

A TABELA 4.22 apresenta a carga per capita dos parâmetros considerados nas

simulações.

Tabela 4.22: Carga per capita considerada para a ETE. Parâmetro Carga per capita (g/hab.dia)

DBO 54 Fósforo Orgânico 0,8

Fósforo Inorgânico 1,7

Com a vazão estimada de 0,037 m³/s e a carga per capita adotada como mostra a

TABELA 4.22, calculou-se a concentração de cada parâmetro considerado com base

na equação:

86400⋅⋅

=medQ

PopcapitaKperC (4.9)

C é a concentração do parâmetro (mg/l); Kper capita é a capita do parâmetro por

habitante (g/hab.dia); Pop é a população de projeto (hab) e medQ é a vazão média de

esgoto (m³/s).

Tabela 4.23: Concentração considerada para a ETE nas simulações realizadas.

Parâmetro Concentração (mg/ l) DBO 465,62

Fósforo Orgânico 6,9 Fósforo Inorgânico 14,66

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A vazão mínima Q7,10 adotada como vazão de referência para o rio Santa Maria da

Vitória nas simulações foi estimada baseada nos resultados da dissertação de Coser

(2003).

Nesse estudo, foi feita a regionalização da Q7,10 considerando dois métodos:

Tradicional e da Eletrobrás. Para a região onde se encontra a bacia do rio Santa

Maria da Vitória, observou-se que tanto o método Tradicional quanto o da Eletrobrás

foram considerados satisfatórios, sendo que, em ambos os métodos, a variável que

melhor representou a variação da Q7,10 foi a área de drenagem. As Equações 4.10 e

4.11 apresentam os modelos de regressão recomendados para representação da

vazão mínima Q7,10 para os métodos Tradicional e da Eletrobrás, respectivamente.

No presente trabalho, adotou-se o valor médio obtido por esses métodos.

88959,0310,7 104181,12 AQ ⋅⋅= − (4.10)

91741,0310,7 106074,10 AQ ⋅⋅= − (4.11)

10,7Q é a vazão mínima de sete dias consecutivos com período de retorno de 10

anos (m³/s) e A é a área de drenagem (km²).

A área de drenagem do ponto considerado como cabeceira do trecho simulado é

aproximadamente 136 km². Os valores obtidos para a vazão mínima (Q7,10) pelos

métodos Tradicional e da Eletrobrás foram, respectivamente, 0,98 e 0,96 m³/s,

sendo a média 0,97 m³/s.

4.2.2.1.8 - Considerações sobre simulação da qualidade de água com a planilha Excel: parâmetro Coliformes Termo-tolerantes Na simulação de qualidade de água para o parâmetro Coliforme Termo-tolerante, foi

considerada apenas uma carga pontual representando a carga de esgoto gerado

pela população do município de Santa Maria de Jetibá, como pode ser observado na

Figura 14, e apenas no quinto trecho, foi feita a modelagem utilizando a planilha em

Excel.

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Figura 14 - Localização do lançamento do esgoto no Rio Santa Maria da Vitória. A concentração de coliformes fecais na mistura esgoto rio, após o lançamento é

obtida por meio da Equação 4.12, Von Sperling (1996). Dessa forma, a equação

utilizada foi:

er

brutoerr

QQNeQNQN

+⋅+⋅

=0 (4.12)

0N é a concentração de coliformes fecais após a mistura; rQ é a vazão do rio, em

m3/s; eQ é a vazão do esgoto, em m3/s; rN é a concentração de coliformes fecais no

rio, em org/100 ml e brutoNe , é a concentração de coliformes no esgoto bruto.

Os valores de concentração de coliformes fecais no esgoto bruto e coeficiente

bacteriano foram obtidos de Von Sperling (1996). A concentração de coliformes

fecais no rio foi considerada a média, entre outubro/2002 e junho/2006, dos dados

monitorados pela ESCELSA (2006). Ver TABELA 4.24 .

Tabela 4.24: Coeficientes utilizados na simulação. Parâmetros Valores

Concentração de coliformes fecais Nebruto 1x107 org/100 ml Concentração de coliformes fecais no rio (org/100 ml) 1x104 org/100 ml* Coeficiente de decaimento bacteriano (kb) 1,0 d-1

Observação:* média (out 2002 e junho 2006)

Fonte: VON SPERLING (1996); ESCELSA (2006).

Para a vazão do rio foi adotado o mesmo valor referente à vazão mínima (Q7,10)

obtida pelos métodos Tradicional e da Eletrobrás, sendo a média 0,97 m³/s.

A vazão média de esgotos efluente da população de Santa Maria de Jetibá foi de

0,037 m³/s, calculado pela Equação 4.8.

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Para o cálculo do perfil da concentração de coliformes fecais ao longo da distância

foi utilizada a equação para fluxo em pistão (rios), apresentada por Von Sperling

(1996).

bkeNN −⋅= 0 (4.13)

0N é a concentração de coliformes após a mistura, em org/100 ml; Kb é o coeficiente

de decaimento bacteriano, em d-1 e t é o tempo, em dias.

A correspondência entre a distância e o tempo é obtida pelo pela equação:

tvd ⋅= (4.14)

d é a distância de percursos em km; v é a velocidade do curso de água em m/s e

t é o tempo, em dias.

Para a velocidade do Rio Santa Maria da Vitória foi utilizado o valor de 0,06 m/s,

valor obtido na calibração do modelo QUAL2E.

4.2.2.2 - O modelo SisBAHIA

4.2.2.2.1 - Descrição do modelo computacional SisBAHIA O SisBAHIA foi cedido, em 2000, à Universidade Federal do Espírito Santo pela

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte de acordo de cooperação

técnica entre as duas instituições. Este modelo pode ser usado para simulação tri-

dimensional (3D) e bi-dimensional (2DH). No módulo 2DH o modelo utiliza as

equações governantes do modelo 3D integradas analiticamente na dimensão

vertical.

O sistema foi desenvolvido de forma a torná-lo amigável, ou seja, de fácil manuseio

pelo usuário. A partir deste programa podem ser acessados outros programas que

auxiliam a implementação do modelo, como Argus One que gera malhas; Surfer

para geração de mapas com campo de velocidades e plumas de constituintes;

Grapher para geração de gráficos de elevação e velocidade (módulo e direção); um

programa para animação dos resultados de campo de velocidade e do

desenvolvimento da pluma de um constituinte qualquer; e o access, que gera base

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de dados, armazenando resultados do programa, dando-lhes segurança

(CONCEIÇÃO FILHO, 2003).

O SisBAHIA utiliza discretização via elementos finitos quadráticos, permitindo melhor

mapeamento de geometrias e batimetrias complexas (ROSMAN, 2000).

A qualidade da água pode ser simulada em três módulos diferentes: Modelo de

Transporte Euleriano, Modelo de transporte Lagrangeano e Modelo de Qualidade de

Água, sendo que neste último podem ser simulados até 11 parâmetros acoplados, a

saber: Amônia, Nitrato, Nitrogênio Orgânico, Biomassa de Fitoplâncton, Demanda

Bioquímica de Oxigênio – DBO, Oxigênio Dissolvido – OD, Fósforo Inorgânico,

Fósforo Orgânico, Clorofila_a, Temperatura e Salinidade.

4.2.2.2.2 - Descrição da área modelada com o modelo SisBAHIA A região estuarina considerada no presente trabalho para fins de simulação de

qualidade de água com o SisBAHIA está inserida no complexo estuarino da baía de

Vitória, região de grande importância econômica para o Estado do Espírito Santo.

Dentre os diversos usos da água nesta região podem ser destacados: a navegação,

comercial e recreativa, a diluição de despejos domésticos e industriais, a pesca de

subsistência e esportiva, a prática de esportes náuticos e a harmonia paisagística,

que em sua maioria interferem em maior ou menor grau na qualidade da água da

região. Nesta região também há área de manguezal, com importante papel ecológico

e social, destacando-se a Reserva Biológica Municipal Ilha do Lameirão e as

atividades de pesca e cata de mariscos, praticadas principalmente por comunidades

de baixa renda.

A imagem da Figura 15 apresenta a região da Baía de Vitória, onde deságua o Rio

Santa Maria da Vitória. Em vermelho está destacada a região de manguezal.

A hidrodinâmica na região é bastante complexa, pois há aporte de água do mar por

duas entradas: o canal de acesso ao Porto de Vitória, na Baía de Vitória, e o Canal

da Passagem, interligado à Baía do Espírito Santo. A bacia de drenagem do estuário

tem aproximadamente 1557,2 km², com vazões média, mínima e máxima de

13,96m³/s, 6,26 m³/s e 21,66 m³/s (SANTOS, 1994 apud SALDANHA, 20 07).

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O padrão de escoamento na região de estudo é regido por marés semidiurnas

compostas pela principal constituinte lunar de maré, M2 (RIGO, 2004), com alturas

máximas de 1,7 m na maré de sizígia e 0,9 m na maré de quadratura, segundo

informações obtidas na Tábua de Marés para o Porto de Tubarão do ano de 2000

(DHN, 2000).

Rio Sta. Maria

Baia doEspirito Santo

Baia

de Vi

toria Canal da

Passagem

Figura 15 - Região do estuário do Rio Santa Maria da Vitória.

4.2.2.2.3 - Implementação do SisBAHIA – módulo de hidrodinâmica a) Definição da malha computacional

A malha utilizada foi obtida de Saldanha (2006). Ela foi feita em elementos finitos

quadrangulares no Software Argus One. A malha é composta por 456 elementos

com 2446 nós, abrangendo desde a captação da CESAN, ao norte, a entrada da

Baía de Vitória e o extremo norte do Canal da Passagem (Figura 16).

O trecho do rio escolhido para apresentação dos resultados da simulação

corresponde ao corpo d’água entre a captação da CESAN e a foz do rio Santa Maria

da Vitória.

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356000 357500 359000 360500 362000 363500 365000

7750

000

7751

500

7753

000

7754

500

7756

000

7757

500

7759

000

7760

500

7762

000

7763

500

7765

000

Serra

Vitória

Cariacica

Vila Velha

Barragem a jusante do ponto de captaçao de água

Canal da Passagem

Rio Santa Maria da Vitória

Figura 16 - Malha de elementos finitos quadrangulares usada nas simulações (SALDANHA, 2006).

b) Batimetria

A batimetria é uma informação básica para o funcionamento do modelo de

simulação. Neste estudo foram utilizados dados batimétricos obtidos por GEARH

(2002a, 2002b, 2002c) e Rigo (2001). As profundidades são bastante diversas,

variando de 18m na região do Canal de Vitória a pontos onde ocorre secamento, no

entorno do mangue.

c) Condições iniciais

O horário do início da simulação, em relação à maré, é importante para reduzir a

instabilidade numérica do modelo, inerente ao processo de partida a frio. Devido a

isso, optou-se por começar todas as simulações na preamar, isto é, quando o nível

d’água da região modelada era máximo. Esta condição inicial para maré implica em

velocidade nula em todo o domínio computacional.

Para a simulação de qualidade de água foi considerado lançamento de poluentes

somente no rio Santa Maria da Vitória, com concentrações nulas em todo o domínio

modelado.

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d) Condições de contorno

O modelo utiliza dois tipos de condições de contorno: aberto e terrestre. As

condições de contorno utilizadas no modelo hidrodinâmico foram: maré no Canal de

Vitória e da Passagem e vazão no rio Santa Maria da Vitória.

Os dados de maré foram obtidos das estações marégraficas instaladas no Porto de

Tubarão e Caieiras (RIGO, 2004). Os valores foram inseridos no modelo para a

condição de contorno do Canal da Vitória e da Passagem, com defasagem

apropriada para representar a inversão de fluxo que ocorre na região.

Para definição da vazão do rio Santa Maria foram utilizados valores médio, mínimo e

máximo para o ponto da captação da CESAN (SANTOS, 1994 apud SALDANHA,

2007). Os dados de vazão foram inseridos como vazão nodal, ou seja, vazão por

metro linear. Dessa forma, a vazão na condição de contorno do rio é igual a integral

da vazão nodal ao longo do comprimento da seção. O valor da vazão ficou

constante para cada cenário simulado.

Nos contornos fechados, limite de terra ou estruturas foi imposta a condição de não

deslizamento e velocidade perpendicular nula.

e) Calibração e validação do modelo

A calibração e a validação do modelo hidrodinâmico foi feita por Saldanha (2006)

com dados obtidos por Rigo (2004). Para os resultados obtidos nos pontos de

controle foram calculados os erros médios percentuais e comparados com dados de

literatura.

4.2.2.2.4 - Implementação do SisBAHIA – Módulo de qualidade de água Uma vez calibrado e validado o modelo de simulação do padrão de escoamento do

corpo d’água, pode-se prosseguir a simulação de qualidade de água. Para esta

simulação foi utilizado o módulo “Modelo de Transporte Euleriano do SisBAHIA”.

Como o objetivo da simulação é promover o enquadramento do trecho estuarino do

rio Santa Maria da Vitória, optou-se por simular o parâmetro coliforme termo-

tolerante, pois este parâmetro é representativo da poluição por esgoto doméstico e

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também bastante restritivo quanto aos usos das águas para aqüicultura, conforme

descrito na Resolução CONAMA 357/2005 (BRASIL, 2005).

Um parâmetro importante na modelagem de coliformes é a taxa de decaimento das

bactérias, T90. Este parâmetro varia devido a diversos fatores, sendo o principal a

radiação solar. Feitosa (2003) desenvolveu uma planilha na qual é calculado o valor

de T90 a cada hora do dia, utilizando a formulação de Mancini (1978, apud

FEITOSA, 2003) que considera: latitude e longitude do local, temperatura,

salinidade, profundidade local e profundidade de Secchi.

Com esta planilha, foi calculado T90 para a região da foz do rio Santa Maria. Os

valores variaram de 6,77 h, durante o dia a 62,49 h, no período noturno. Neste

estudo foi utilizado um valor constante de 15 h. Também foi feito teste com T90 de

50 horas.

a) Condições iniciais e de contorno

Para a simulação de qualidade de água foi considerado lançamento de coliformes

somente no rio Santa Maria da Vitória, com concentrações nulas em todo o domínio

modelado, uma vez que o objetivo do trabalho é avaliar a influência do Rio Santa

Maria no estuário. O início do lançamento coincidiu com o início da simulação do

modelo hidrodinâmico, ou seja, a preamar.

4.2.2.3 - O sistema de apoio à gestão de águas - SAGA

4.2.2.3.1 - Descrição do sistema SAGA O Sistema de Apoio à Gestão das Águas - SAGA é um sistema gerenciador de

informações espacializadas que começou a ser desenvolvido no projeto CT-

HIDRO/FINEP/Edital-01/2001 intitulado “Desenvolvimento de Instrumentos para a

Gestão dos Recursos Hídricos do Norte do Estado do Espírito Santo”, tendo como

executor o GEARH/UFES. Durante a execução do projeto CT-

HIDRO/GBH/FINEP/Edital-02/2002 intitulado “Desenvolvimento e Aplicação de

Tecnologia da Informação em Gestão de Recursos Hídricos na Bacia do Rio Doce -

DATEC- DOCE, sofreu uma reestruturação de modo a permitir a sua utilização a

partir de módulos que funcionam de forma independente, mas com interatividade

(Quando?). Ainda neste projeto foi reallizado aperfeiçoamento e avaliação da

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interface do módulo GEOMAPA do SAGA, responsável pela apresentação de mapas

temáticos em ambiente digital.

A estrutura definida para o SAGA, Figura 17; contempla um aplicativo modularizado,

responsável pela comunicação entre os seus bancos de dados e suas várias

aplicações como: visualização de informações georreferenciadas, cadastro de

usuários de água, gestão de dados de estações hidrológicas e cadastro e consulta

de outorgas.

Figura 17 - Esquema conceitual básico de funcionamento do SAGA

O SAGA é composto pelos seguintes módulos:

• Sistema de Visualização de Dados Georreferenciados – GEOMAPA

• Sistema de Cadastro de Usuários da Água – SISCAD

• Sistema de Gestão de Dados de Estações Hidrológicas – SISGEST

• Sistema de Cadastro e Consulta de Outorgas – SISOUTORGA

Neste projeto, utilizou-se apenas o módulo GEOMAPA, o qual foi desenvolvido

utilizando-se o componente MapObjects da ESRI em conjunto com o Delphi da

Borland. É o módulo responsável pela geração de informações gráficas a partir de

dados enviados pelos outros módulos, bem como pela exibição e manipulação de

mapas temáticos georreferenciados. O formato utilizado para exibição dos mapas é

um formato vetorial, denominado shapefile desenvolvido pela ESRI e para os

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arquivos raster o formato BIL (Band Interleaved by Line Multiband Images)

georreferenciado. Para a base de dados alfa-numéricos do sistema foi utilizado o

software Microsoft ACCESS 2000.

O GEOMAPA possui funcionalidades básicas de um SIG, como ferramentas de

zoom, de movimentação de tela, legenda, organização e classificação dos temas

exibidos, entre outras. Figura 19 apresenta um fluxograma com as funcionalidades

básicas do GEOMAPA.

4.2.2.3.2 - Adequação do sistema SAGA Um problema comum no desenvolvimento de software é a instabilidade e

flexibilidade, que ocorre principalmente quando clientes e usuários trazem novos

requisitos, ou alterações de requisitos existentes, desde a liberação da primeira

versão do software. A necessidade de corrigir e otimizar está presente em qualquer

software desde o momento em que se começa o seu projeto, isso se torna inevitável

a medida que as tecnologias avançam e a demanda do usuário aumenta

constantemente. Portanto, esse projeto não poderia seguir um rumo diferente,

fazendo-se então necessárias as devidas alterações para que as adequações em

relação ao projeto DES-ÁGUA sejam positivas e/ou construtivas.

Neste contexto, algumas funcionalidades do GEOMAPA sofreram correções e

otimizações, são elas:

• Zoom anterior: Essa ferramenta que se encontra na janela principal, foi corrigida

para mostrar no mapa principal o último zoom armazenado. A Figura 18 mostra o

menu onde encontra-se essa funcionalidade.

Figura 18 - Menu onde se encontra a função o Zoom Anterior

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Figura 19 - Funcionalidades básicas do módulo GEOMAPA do SAGA

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• Deslizar (pan): Essa funcionalidade é uma das mais utilizada pelo usuário do

sistema, onde ao utilizar-se da ferramenta zoom, passará a ter liberdade de

“segurar” o mapa e arrastá-lo para que mude a área visualizada pelo zoom. O

processo de correção melhorou a função de arrastar para que o

acompanhamento do mini-mapa, se fizesse em “tempo real”. Assim o usuário

visualiza exatamente ao mesmo tempo o mini-mapa, e a janela do mapa

principal.

• Habilitar as Ferramentas de Zoom e a Opção de carregar o Mini-mapa: a

otimização consistiu em habilitar as funções de zoom apenas quando há algum

projeto ativo, evitando assim que a ferramenta fique sem utilidade caso o

visualizador tenha sido inicializado e nenhum projeto esteja aberto.

• Função Identificar: Muitas vezes o usuário necessita identificar alguma

característica no mapa, como o nome de um determinado usuário localizado no

mapa. Por exemplo, quando se tem um arquivo com grande número de pontos,

visualizado numa determinada região do mapa, fica difícil reencontrar na vista do

mapa, o ponto que se deseja obter informação, se ele não permanecer

destacado após ser selecionado com um simples clique. Daí, surgiu a

necessidade de destacar algumas características do mapa (polígono, linha ou

ponto), para que as informações não sejam “perdidas de vista”. Então, a função

identificar foi modificada, de forma que, quando uma determinada característica

do mapa é selecionada, está fica destacada em cor-de-rosa, até que outro local

seja selecionado ou o mouse seja clicado, desativando aquela seleção.

4.2.2.3.3 - Informações Georeferenciadas produzidas: Esta pesquisa utiliza múltiplas variáveis, cada uma delas, ligadas a fenômenos

físicos e antrópicos que ocorrem no recorte espacial de área de estudo. Portanto,

optou-se por adotar um SIG, especificamente o ArcGIS 9.0, para auxiliar a

espacialização de dados e informações utilizadas para alcançar os objetivos

propostos nos procedimentos metodológicos.

Estudos como este estão se tornando cada vez mais usuais com a chegada dos

Sistemas de Informações Geográficas (SIG). Esses sistemas permitem a

visualização espacial de várias variáveis geográficas conjuntamente. Os SIG`s são

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na verdade, ferramentas utilizadas para se realizar processamento de informações

espaciais, ou seja, Geoprocessamento. Existem várias definições para

geoprocessamento, mas basicamente consiste em capturar, armazenar, integrar,

manipular, analisar e apresentar dados que são referenciados na Terra (MENDES e

CIRILO, 2001).

As informações georreferenciadas foram produzidas com o objetivo de atender

preferencialmente as seguintes demandas na região de estudo:

• Apoiar a construção do conhecimento sobre a região.

• Subsidiar a elaboração de diagnósticos sócio-econômicos e ambientais.

• Apoiar a aplicação da Equação Universal de Perda de Solos – EUPS, em

subsídio ao emprego do modelo GWLF, descrito na seção 4.2.2.1, acima.

• Auxiliar a simulação de cenários visando o enquadramento de corpos de

água.

• Espacializar os trechos do pré-enquadramento e as alternativas de

enquadramento a serem votadas.

Com relação a esses objetivos, parte das informações georreferenciadas produzidas

no trabalho já foi apresentada na seção 4.2.2.1.4, acima, as quais subsidiaram a

aplicação do modelo GWLF no alto Santa Maria. Apresentam-se nas Figura 20,21

22 e 23 abaixo, algumas outras informações na extensão de toda a bacia do rio

Santa Maria, também utilizadas pela Equipe Técnica no cumprimento dos referidos

objetivos.

A Figura 20 dá informações sobre o relevo da bacia, segundo classificação proposta

pela EMBRAPA (1999). Pode-se notar que mais da metade da área da bacia possui

o relevo de Fortemente Ondulado à Escarpado. Essas áreas não são indicadas para

as atividades agrícolas com mecanização, tornando-se assim, áreas recomendadas

para, preferencialmente, à preservação de vegetação natural e em regeneração,

minimizando os impactos da erosão (observação: o fator topográfico é um dos mais

influentes no processo erosivo, por interferir na aceleração do escoamento

superficial da água).

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A Figura 21 apresenta o mapa de uso e ocupação do solo obtido, com a

predominância da pequena propriedade e trabalho familiar, desenvolvendo

agricultura nas vertentes e fundos de vale, limitando-se ao não cultivo em topos de

morros (com exceções em determinadas localidades), contribuindo para a

constituição da paisagem florestal atual, com considerável cobertura vegetal de Mata

Atlântica No caso de Santa Maria de Jetibá, onde 43% do seu território é coberto por

Florestas Primárias e Secundárias em estado avançado de regeneração, mesmo

sendo este um município de grande e diversificada produção agrícola. Pode-se

afirmar que a vegetação encontra-se nesta condição devido à história da forma de

produção e organização das propriedades, o que conduziu a não necessidade de

expandir largamente a área de produção agrícola.

Figura 20 - Mapa de Relevo da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória.

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Figura 21 - Mapa de Uso e Ocupação do Solo da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória.

A Figura 22 apresenta o potencial natural de erosão da área – PNE, produto dos

fatores R, K e LS da Equação Universal de Perdas de Solo (EUPS) – Equação DD.

A = R . K . L . S . C . P (DD)

onde: A é a perda de solo calculada por unidade de área e tempo, t/ha/ano; R é o

fator erosividade da chuva, que expressa o poder erosivo da precipitação; K é o

fator erodibilidade do solo, que representa a capacidade do solo de sofrer erosão; L

é o fator comprimento do declive; S é o fator grau de declive; C é o fator uso e

manejo do solo; e P é o fator prática conservacionista.

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Figura 22 - Mapa do Potencial Natural à Erosão da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória.

Ao analisar esse mapa, tem-se que a área com potencial de perda de solo acima de

700 t/ha/ano somam cerca de 40%, correspondendo às áreas de relevo mais

acidentado (ver mapa de relevo; Figura 22) e que por sua vez influenciou na

formação do solo, originando na área o CAMBISSOLO, pouco resistente à erosão. A

erosividade da chuva mostrou ter pouca influência na variação dos resultados da

EUPS, em conformidade com o estudo realizado por Luppi (2002), onde observou a

sensibilidade dos resultados da EUPS com a variação das formas de obtenção dos

fatores K, L e LS. O mapa de PNE possibilita a identificação de área, que devido às

suas características físicas são mais susceptíveis à erosão, podendo orientar o

planejamento e a adoção de práticas conservacionista, buscando-se, entre outras,

amenizar as perdas de recursos naturais.

A Figura 23 apresenta o mapa de estimativa de perdas de solo (A), dada pela

equação DD, segundo sugerida por Riquier (1982) (apud CARVALHO, 1994).

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Figura 23 - Mapa de Estimativa de Perda de Solos da bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória.

Como resultado da análise do mapa tem-se que 70% da bacia está dentro da classe

Nula a pequena. Leinz e Leonardos (1977) (apud CARVALHO, 1994) propõem

limites de tolerância de perdas de solos por erosão para o Estado de São Paulo,

onde pode-se observar que os limites propostos para os LATOSSOLOS variam de

9,6 à 15,0 t/ha/ano. Adotando-se a tolerância proposta nesta referência para os

LATOSSOLOS, estima-se que 70% da bacia possui uma perda de solo tolerável,

resultado também obtido por Senhorelo (2000) em microbacias dentro da área deste

estudo.

Comparando-se o resultado de potencial natural de erosão (PNE) do solo (Figura 22)

e de perdas de solo (Figura 23) verifica-se que há grande superposição de áreas

críticas de PNE com áreas na classe “nula à pequena” com relação a perdas de solo

(A). Esse resultado supõe que na bacia hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória é

realizado um uso do solo e prática conservacionista que amenizam os efeitos da

erosão em grande parte da área. Em suporte a essa observação, tem-se que a

porcentagem cobertura florestal da bacia (ver Figura 21) é da ordem de 60%,

possuindo grande poder de preservação dos solos contra a erosão.

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4.3 - APLICAÇÃO, AVALIAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO PARA O APERFEIÇOAMENTO DE PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS QUANTO AO ENQUADRAMENT O DE CORPOS D’ÁGUA Visando avaliar e contribuir para o aperfeiçoamento de procedimentos

metodológicos voltados para o enquadramento de corpos de água (seção 4.3.2),

buscou-se o exercício da prática, através da simulação de etapas de processo de

enquadramento do rio Santa Maria da Vitória e de região estuarina adjacente à sua

foz, o qual é apresentado, a seguir, na seção 4.3.1.

4.3.1. Aplicação de Procedimentos Metodológicos na Simulação de Enquadramento do Rio Santa Maria da Vitória e Região Estuarina Adjacente Com base no levantamento bibliográfico desenvolvido e apresentado na seção

4.1.1.4.1, tomaram-se como referência metodológica para a aplicação da simulação

do processo de enquadramento:

- A Resolução No. 12 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), a

qual define as competências para elaborar e aprovar a proposta de enquadramento

e as etapas a serem observadas, ANEXO 1;

- O documento intitulado “Procedimento técnico para enquadramento de

corpos de água – documento orientativo”, elaborado por Leeuwestein (2000), o qual

deu origem à referida resolução do CNRH (ANEXO 2); e

- A bem sucedida experiência gaúcha quanto ao desenvolvimento de

processo participativo de enquadramento de corpos de água, cuja transferência para

o presente projeto se deu por meio de acesso a material bibliográfico (ver seção

4.1.3), destacando-se o trabalho de Matzenauer (2003), bem como pela participação

direta do Engenheiro Paulo Renato Paim como consultor do mesmo.

Apresenta-se na Figura 24, abaixo, uma representação esquemática global dos

principais grupos de atividades que compuseram o procedimento metodológico

empregado no processo de simulação do enquadramento do rio Santa Maria da

Vitória e região estuarina adjacente.

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Figura 24- Representação esquemática das etapas de simulação do enquadramento do rio Santa Maria da Vitória e região estuarina adjacente.

Fundamentação Teórica:

Refere-se à fase de busca de fundamentação teórica para o embasamento quanto

ao desenvolvimento da pesquisa. Contemplou três tópicos principais:

• Inter-relação do instrumento enquadramento de corpos de água com outros

instrumentos de gestão de recursos hídricos e de gestão ambiental;

• Padrões de qualidade de água no contexto de planos / programas de

desenvolvimento regional; e

• Procedimentos metodológicos sobre enquadramento de corpos d’água.

O resultado desta parte do trabalho encontra-se apresentado na seção na seção 4.1.

A apresentação das informações que subsidiaram as etapas de identificação do

contexto decisório, estruturação do problema e construção dos resultados, no

processo de simulação do enquadramento do rio Santa Maria da Vitória e região

estuarina adjacente, está contemplada no diagnóstico da qualidade e dos usos da

água e no diagnóstico sócio-econômico e ambiental da bacia, descrito de forma

sucinta a seguir:

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• Diagnóstico da qualidade e dos usos da água

Foram realizados levantamento e análise das informações sobre os aspectos

fisiográficos da bacia do Rio Santa Maria da Vitória: localização e caracterização

da bacia, aspectos geológico, geomorfológicos, pedológicos, clima, uso e

ocupação do solo, espaços territoriais especialmente protegidos, quantidade de

água, qualidade de água e os usos preponderantes das águas do rio Santa Maria

da Vitória.

As informações foram sistematizadas e implementadas em um banco de dados,

e gerou documento síntese, ANEXO 3, apresentado em forma de relatório

técnico do diagnóstico da qualidade e dos usos da água.

• Diagnóstico sócio-econômico e ambiental da bacia

Foram realizados levantamento e análise de informações dos aspectos cultural e

sócio-econômico da bacia hidrografia do rio Santa Maria da Vitória e sua área de

influência. Foram abordados aspectos da dinâmica populacional, econômica

(PIB, IDH), social (educação, taxa de analfabetismo, saúde) e ambiental

(abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta e destinação de lixo).

Todas as informações foram implementadas em um banco de dados e, assim

como o diagnóstico de qualidade e usos da água na bacia, gerou documento

síntese, ANEXO 4, diagnóstico sócio-econômico e ambiental da bacia.

Identificação do Contexto Decisório:

A seguir, apresenta-se na Figura 25 uma representação esquemática dos principais

grupos de atividades que compuseram a etapa de identificação do contexto

decisório.

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Figura 25 - Representação esquemática da etapa de identificação do contexto decisório.

• Elaboração de material utilizado na mobilização e preparação de “Decisores” e

seus “Representados”, para a realização da simulação do processo de

Enquadramento:

o Informações gerais sobre o projeto Des-Água, contextualizando-o em

relação à Política Nacional de Recursos Hídricos, e sobre o instrumento

Enquadramento de corpos de água segundo usos preponderantes.

o Informações gerais sobre a área de estudo, na forma de diagnóstico da

situação atual, considerando aspectos sociais, econômicos e ambientais

compilados a partir dos diagnósticos descritos anteriormente, tendo em

vista a apresentação mais adequada para o grupo de decisores

(Diagnóstico do Uso e Ocupação do Solo).

o Proposta de questionário para aplicação pelos participantes/Decisores do

processo de simulação junto a seu segmento, visando subsidiar o

exercício da “representação/representatividade” por parte dos Decisores, a

elaboração de Diagnóstico da situação atual dos usos das águas na

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região de estudo, bem como, para a mesma região, a definição de usos

futuros pretendidos.

Observação: “Decisores” aqui referidos são aqueles que atuarão no processo

de simulação como os tomadores de decisão sobre as propostas de

enquadramento do rio Santa Maria da Vitória e região estuarina adjacente. E

“Representados” são aqueles pertencentes ao segmento / categoria da

sociedade que um dado participante/Decisor busca representar no processo

de enquadramento (exemplos: segmento “sociedade civil organizada” e

categorias “ONGs”, “Academia”; segmento “poder público“ e categorias

“municípios”, “governo estadual”; segmento “usuários de água” e categorias

“saneamento básico”, “energia”, “agricultura” ).

• Identificação dos atores estratégicos para participar como Decisores no processo

de simulação do Enquadramento.

Estruturação do Problema:

Apresenta-se na Figura 26, uma representação esquemática dos principais grupos

de atividades que compuseram a etapa de estruturação do problema.

Figura 26 - Representação esquemática da etapa de estruturação do problema.

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 106

• Apropriação pelos Decisores, do significado, do processo de definição e das

conseqüências estratégicas e práticas do Enquadramento.

• Construção participativa do cenário atual do uso preponderante das águas da

região de estudo.

• Definição de critérios, parâmetros e pesos para avaliação de alternativas de

Enquadramento.

Construção dos Resultados – Enquadramento:

Apresenta-se na Figura 27, uma representação esquemática dos principais grupos

de atividades que compuseram a etapa de Construção dos Resultados –

Enquadramento.

Figura 27 - Representação esquemática da etapa Construção dos resultados - Enquadramento.

• Elaboração das propostas alternativas do enquadramento, segundo os

parâmetros definidos e hierarquizados anteriormente, e as simulações.

• Avaliação das propostas alternativas do enquadramento, a partir das consultas

realizadas na sociedade pelos Decisores e de sua própria atuação.

• Definição da versão final do Enquadramento proposto.

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 107

Apresentam-se nas seções 4.3.1.1, 4.3.1.2 e 4.3.1.3, detalhes sobre o

desenvolvimento de cada um dos três grupos de atividades relacionados acima.

4.3.1.1 - Identificação do Contexto Decisório

4.3.1.1.1 - Elaboração de material utilizado na mobilização e preparação de Decisores e seus representados para a realização da simulação do processo de Enquadramento. A elaboração desse material foi feita pela Equipe Técnica do projeto, constituída de:

três professores da UFES, vinculados ao Departamento de Engenharia Ambiental da

UFES, responsáveis oficiais pela elaboração e execução do Projeto; um grupo de

nove bolsistas do Projeto, graduados e graduandos; e três consultores especialistas.

A mobilização para a busca de participação de profissionais no processo de

simulação do Enquadramento também ficou a cargo da Equipe Técnica, e se deu

principalmente, não exclusivamente, no âmbito do Comitê da Bacia Hidrográfica do

Rio Santa Maria da Vitória (CBHSMV ou CBH – Santa Maria) e junto ao gestor

espírito-santense de recursos hídricos (Instituto Estadual de Meio Ambiente e

Recursos Hídricos – IEMA).

• Informações gerais sobre o projeto Des-Água e sobre o instrumento

Enquadramento de corpos de água segundo usos preponderantes

Foram desenvolvidas diversas atividades voltadas para a elaboração de

informações, com a finalidade de auxiliar na preparação de Decisores e seus

Representados em relação à Política Nacional e Espírito-Santense de Recursos

Hídricos e quanto ao significado, processo de definição e conseqüências

estratégicas e práticas do Enquadramento. Entre o material confeccionado, têm-se:

o Uma apresentação introdutória (ANEXO 5), em “power point”, utilizada na

apresentação da Política Nacional de Recursos Hídricos, enfatizando-se:

ü A água como um bem público e regionalmente limitado.

ü O ciclo hidrológico ambiental; problemas de escassez hídrica,

considerando aspectos de disponibilidade e demanda quali-quantitativa

de água.

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 108

ü A importância da gestão dos recursos hídricos no contexto do

desenvolvimento sustentável regional.

ü As razões da criação da Política e sua contribuição para o

desenvolvimento sustentável regional.

ü Os instrumentos de gestão de recursos hídricos, destacando-se o

Enquadramento de corpos de água e sua relação com os demais

citados instrumentos (outorga, cobrança, etc.).

ü O sistema de gerenciamento de recursos hídricos, ressaltando os

Comitês de Bacias Hidrográficas.

o Um outro documento em “power point”, ANEXO 6, voltado mais

especificamente para a apresentação:

ü Do projeto Des-Água, em especial seus objetivos, metas, e

metodologia de desenvolvimento, mencionando, ainda, ser o projeto

parte constituinte de uma rede cooperativa nacional de pesquisa sobre

o tema “Enquadramento de Corpos de Água”, envolvendo outros

quatro projetos e mais seis instituições (“Enquadramento em situação

de escassez de informação” – UFSM; “Enquadramento em regiões

semi-áridas” – UFBA; “Indicadores de qualidade de água no

Enquadramento de corpos de água” – IEGA & EMBRAPA; “Metas

progressivas e integração do instrumento Enquadramento com os

demais instrumentos de gestão de recursos hídricos” – USP & UFPR).

ü Da área de abrangência para o desenvolvimento do projeto (os

municípios de Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Cariacica,

Serra e Vitória, destacando-se o recorte da bacia hidrográfica do rio

Santa Maria da Vitória e região estuarina adjacente).

ü De uma visão global sobre os principais uso e manejo do solo na

extensão da bacia, bem como de suas águas (Diagnóstico do Uso e

Ocupação do Solo).

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ü De vários indicadores, sócio-econômicos e ambientais, do nível de

desenvolvimento atual na região.

ü Da inter-relação entre uso e manejo do solo e qualidade de água em

um dado espaço, e a importância da implementação do instrumento

Enquadramento de corpos d’água como forma auxiliar de

compatibilização do uso desejado do solo à qualidade de água

disponível para tais usos.

ü De detalhes sobre o instrumento Enquadramento (seu significado,

bases legais relacionadas ao instrumento, como é feito, o que é

importante considerar no processo de enquadramento, indicadores de

qualidade de água para o enquadramento, relações de causa e efeito

entre as condições sociais, econômicas e físicas da bacia versus as

condições de qualidade e quantidade da água de seus corpos hídricos,

etc.), fazendo-se, quando apropriado, uso de informações diagnósticas

sobre a própria região de estudo para ilustrar as fundamentações

teórico-conceituais sobre o instrumento.

o Relatórios: técnico detalhado (Ver ANEXO 3 e 4), que serviu de suporte

para o desenvolvimento do trabalho da Equipe Técnica; e 01 (um)

simplificado, ANEXO 7, originado do relatório detalhado, voltado para

subsidiar os Decisores quanto à apropriação de conhecimentos relevantes

ao desenvolvimento de suas atividades no âmbito do projeto.

o Material utilizado em reunião preparatória (Oficina 1) para participantes

Decisores, ANEXO 8, voltado para, entre outros, o exercício da construção

coletiva e da representação/representatividade (de categoria, setor, etc.)

em processos decisórios, planejamento e definição de estratégias de

mobilização social/setorial, que são aspectos de importância fundamental

no processo de enquadramento de corpos de água.

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• Proposta de questionário a ser aplicado pelos Decisores do processo de

simulação junto a seu segmento

Com base no conhecimento disponível na literatura e próprio da Equipe Técnica,

preparou-se uma versão inicial de questionário a ser aplicado pelos Decisores junto

a seus Representados, ANEXO 9, em apoio ao levantamento de informações que:

possibilitassem a revisão do Relatório Técnico Preliminar, buscando-se, desta forma,

ter um diagnóstico do uso e manejo do solo, e do uso das águas, da bacia do rio

Santa Maria e região estuariana adjacente, construído de forma participativa,

envolvendo os saberes técnico e popular de vários atores envolvidos com a

problemática em questão; auxiliassem na definição dos usos pretendidos das águas

em trechos dos corpos hídricos considerados no estudo; e no exercício da

representatividade dos Decisores em relação a seus Representados, segmentos e

categorias.

O questionário contemplou questões visando o entendimento da relação do

entrevistado e do grupo ao qual faz parte com as águas da bacia, bem como o nível

de conhecimento que possui sobre a gestão das águas. Mais especificamente, as

questões objetivavam se ter respostas sobre:

Em relação ao entrevistado

ü Os usos pessoais e profissionais que faz das águas da bacia e de quais

fontes.

ü O nível de satisfação quanto as condições atuais da água para uso pessoal e

profissional.

ü O conhecimento que tem das regiões alta e baixa da bacia do Santa Maria e

as condições de qualidade de água de seus corpos hídricos.

ü O conhecimento que tem sobre a existência de incompatibilidades de usos e

de qualidade de água na bacia na bacia.

ü Se tem conhecimento sobre quem decide pelos usos da água.

ü Se entende o significado de “gerenciamento de recursos hídricos”.

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Em relação ao grupo social que integra

ü Quais usos fazem hoje das águas da bacia.

ü Quais os usos pretendidos das águas da bacia.

4.3.1.1.2 - Identificação dos atores estratégicos para participar como Decisores no processo de simulação do Enquadramento. Em contatos estabelecido com a Diretória Provisória do Comitê da Bacia

Hidrográfica do Rio Santa Maria da Vitória - CBHSMV, buscou-se a identificação

dos atores estratégicos para participar como decisores no processo de simulação do

Enquadramento, de forma que esses atores fossem representativos de toda a bacia

hidrográfica, considerando a abrangência das regiões “Alto Santa Maria ” e “Baixo

Santa Maria” (denominação utilizada pelo próprio Comitê).

Por se tratar de um processo de simulação, a indicação dos membros do CBHSMV

foi amostral, contemplando pelo menos dois representantes de cada segmento das

respectivas regiões supracitadas, destacando-se a necessidade imprescindível da

participação de pelo menos 1 dos membros atuar como Decisor, isto é, membro

com direito a voto no processo de simulação de enquadramento.

A relação de Decisores resultante da indicação do CBHSMV está apresentada na

tabela a seguir:

Tabela 4:25 - Relação de grupo de decisores

• Município de Santa Maria de Jetibá: - Poder Público: 1 representante - Usuário: 1 representante - Sociedade Civil Organizada: 1 representante

ALTO SANTA MARIA

• Município de Santa Leopoldina - Poder Público: 1 representante - Usuário: 1 representante - Sociedade Civil Organizada: 1 representante

• Poder Público: - Município de Serra: 1 representante - Município de Cariacica: 1 representante - Município de Vitória: 1 representante

• Sociedade Civil Organizada: - 2 representantes

BAIXO

SANTA MARIA

• Usuários - 2 Representantes (CESAN, ENERGEST)

B

AC

IA H

IDR

OG

FIC

A D

O

RIO

SA

NTA

MA

RIA

DA

VIT

ÓR

IA

PODER PÚBLICO

ESTADUAL

- 1 Representante (IEMA)

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4.3.1.2. Estruturação do Problema

4.3.1.2.1 - Apropriação pelos Decisores, do significado, do processo de definição e das conseqüências estratégicas e práticas do Enquadramento. A referida apropriação, pelos Decisores, se deu de forma gradual, ao longo de todo

o trabalho desenvolvido. Assim, o que se apresenta nesta seção, refere-se à fase

inicial do trabalho, que antecedeu à construção dos resultados do enquadramento.

A metodologia utilizada nesta fase se fundamentou, basicamente, na realização de

Oficina de Construção Coletiva, e na disponibilização de Material Expositivo, sobre o

tema abordado, para uso dos Decisores junto a seu segmento, como forma de

difusão de conhecimentos a seus representados. Sendo que, a prática da difusão de

conhecimento requer o domínio, em nível mínimo satisfatório, daquilo que se deseja

difundir.

Buscou-se com a Oficina de Construção Coletiva: a ampliação / aprofundamento de

conhecimento sobre diversos aspectos da Política Nacional de Recursos Hídricos,

principalmente no que se refere ao instrumento enquadramento de corpos de água

segundo os usos preponderantes e sua relação com o desenvolvimento de regiões;

a apresentação dos objetivos do Projeto Des-Água e da situação diagnóstica sócio-

econômica e ambiental da região de estudo – bacia do rio Santa Maria da Vitória e

região estuarina adjacente; o exercício da construção coletiva e da

representação/representatividade (de categoria, setor, etc.) em processos

decisórios; e a orientação quanto ao planejamento e definição de estratégias de

mobilização social/setorial voltadas para o desenvolvimento do processo

participativo de enquadramento de corpos de água. A Ata da Oficina, apresentada

no ANEXO 10, descreve, sucintamente, a condução dos trabalhos.

Apresentou-se na “seção 4.3.1.1.1.” a relação e conteúdo do material utilizado na

Oficina (apresentações em “power point”, relatórios, questionários, entre outros, os

quais se encontram disponíveis nos anexos de 5 a 11).

São apresentadas, a seguir, algumas observações e considerações feitas em

relação ao desenvolvimento da Oficina:

ü Evidenciou-se que para a gestão participativa tornar-se efetiva, a apropriação

de conhecimentos sobre vários aspectos dos vários assuntos a serem

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tratados faz-se essencial, havendo, para isso, a necessidade de emprego de

técnicas e linguagens de comunicação compatíveis com os diversos públicos

alvos. Como exemplos podem ser citados o relatório técnico detalhado,

ANEXO 7, e relatório simplificado, ANEXO 8, ambos tratando, em linhas

gerais, dos mesmos assuntos, porém voltados para públicos distintos: o

primeiro dirigido à Equipe Técnica e o segundo para o grupo de Decisores.

ü O binômio “representação/representatividade” foi outro aspecto enfatizado na

Oficina, dada sua grande relevância para o processo decisório sobre

enquadramento, com foco na gestão participativa. Como parte das atividades

desenvolvidas nesse contexto, menciona-se a elaboração, através de trabalho

em grupo, de Plano de Ação voltado para a mobilização dos Decisores junto a

seus segmentos/representados, visando seu envolvimento no processo de

simulação do enquadramento (ANEXO 11).

ü A aplicação de questionário foi adotada como parte da estratégia de obtenção

de contribuição pelo Decisores juntos à sua categoria (poder público, usuários

de recursos hídricos ou sociedade civil organizada). O conhecimento em

detalhes da bacia por parte de vários dos participantes da Oficina possibilitou

a revisão da versão inicial apresentada de questionário, elaborada pela

Equipe Técnica. Este é um dos exemplos de produtos da integração dos

saberes técnico e popular, entre alguns outros observados ao longo do

desenvolvimento do projeto.

4.3.1.2.2 - Construção participativa do cenário atual do uso preponderante das águas da região de estudo. Como mencionado acima, uma versão do Diagnóstico do Uso e Ocupação do Solo

da Bacia do Rio Santa Maria da Vitória e Região Estuarina Adjacente foi elaborada

pela Equipe Técnica, a qual foi utilizada na Oficina 1, descrita acima. Partindo-se

dele, foi possível elaborar um diagnóstico da situação atual dos usos preponderante

das águas das regiões consideradas pelo estudo, incluindo-se a sua espacialização.

Para se chegar a esses produtos, contou-se com as seguintes principais

contribuições:

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 114

ü Durante a apresentação do Diagnóstico do Uso e Ocupação do Solo, Oficina-

1, algumas observações dadas pelos participantes visando correções ou

complementação de informações.

ü Análise do resultado da aplicação do questionário pelos Decisores junto a

seus segmentos/setores. No referido questionário (ver ANEXO 9), a pergunta

N° 18 (“Segundo o ponto de vista do grupo social que você integra, assinale

abaixo, quais os usos que vocês fazem, hoje, das águas da bacia do Rio

Santa Maria da Vitória?”), com opções de respostas para os trechos alto e

baixo da bacia, subsidiou a identificação, pela Equipe Técnica, dos usos

preponderantes atuais das águas da região de estudo (detalhes da análise

dos questionários são apresentados no ANEXO 12).

ü Produtos desenvolvidos pela Equipe Técnica, incluindo-se: mapa da variação

espacial da qualidade atual de água ao longo do rio Santa Maria da Vitória, da

nascente até a foz, bem como no trecho estuarino considerado no trabalho

(ANEXO 13), com base em dados secundários de monitoramento; e resultado

das análises dos questionários citados acima, apresentados ao Grupo de

Decisores na Oficina 2 (disponíveis no ANEXO 14).

A Ata da Oficina 2, apresentada no ANEXO 15, descreve, sucintamente, a condução

dos trabalhos.

4.3.1.2.3. Definição de critérios, parâmetros e pesos para avaliação de alternativas de Enquadramento. Como apresentado na seção 4.1.3., “Procedimentos metodológicos sobre

enquadramento de corpos”, comentou-se sobre a possibilidade de utilização de

modelo computacional de análise multicriterial voltado para auxílio a processos

decisórios na área de recursos hídricos. Como exemplo disso, tomou-se o trabalho

de Matzenauer (2003), que para o seu desenvolvimento necessitou definir critérios,

parâmetros e pesos de avaliação de propostas de enquadramento consideradas.

Grande parte da metodologia apresentada aqui (seção 4.3) foi inspirada no trabalho

de Matzenauer, porém sem o emprego de modelo computacional de análise

multicriterial. Como será mostrado na seção 4.3.1.3.2, a fase de definição do

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 115

Enquadramento, entre as alternativas propostas, foi subsidiada por metodologia

baseada em análise de “causa e efeito”, considerando aspectos sócio-econômicos e

ambientais, positivos e negativos, do enquadramento em relação à situação atual da

qualidade das águas.

Foram duas alternativas de enquadramento consideradas, uma sugerida pelo Grupo

de Decisores (Pré-Enquadramento) e outra pela Equipe Técnica. O Pré-

Enquadramento se baseou em informações sobre a situação atual da qualidade e

dos usos preponderantes das águas ao longo da região de estudo, preparadas com

apoio da Equipe Técnica, e na visão e interesse de cada Decisor. A alternativa

proposta pela Equipe Técnica teve forte fundamentação técnico-científica, que,

dentre outros, contou com a utilização de modelagem computacional para a

simulação de alguns parâmetros indicadores de água, tanto para trechos do rio

Santa Maria da Vitória, quanto para porção da região estuarina considerada no

trabalho. Nestes casos, para avaliação do impacto do enquadramento sobre a

qualidade das águas adotaram-se: os parâmetros coliformes termo-tolerantes,

fósforo total e DBO para os trechos de águas interiores, e coliformes termo-

tolerantes para a região estuarina. Na definição de limites de aceitabilidade desses

parâmetros de qualidade de água em relação aos usos dos recursos hídricos,

tomou-se ainda a Resolução CONAMA 357 /2005 como referência.

Nos itens 4.2.2.1.5, 4.2.2.1.6 e 4.2.2.3 encontram-se descrições detalhadas da

seleção de parâmetros para as diferentes regiões envolvendo águas interiores e

estuário.

O aspecto “pesos atribuídos a critérios e/ou parâmetros de avaliação das

alternativas de enquadramento” não serviu de base de análise / estudo no presente

trabalho, o que levou ao não monitoramento nem o registro do posicionamento dos

participantes do processo decisório (Decisor representados, membro da Equipe

Técnica, etc.) quanto a esse assunto.

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4.3.1.3 - Construção dos Resultados - Enquadramento

4.3.1.3.1 - Elaboração das propostas alternativas de Enquadramento

O início desta etapa se dá com a preparação dos resultados da simulação por

modelagem e apresentação das informações aos Decisores e seus Representados,

por meio de oficina de construção participativa, com objetivo de exercitar o processo

de simulação do enquadramento.

Foram desenvolvidas diversas atividades na elaboração de informações, com a

finalidade de auxiliar os Decisores em relação à votação pública da proposta

alternativa inicial de enquadramento, denominada, para efeito desta pesquisa, “pré-

enquadramento”.

Assim, os resultados estatísticos dos questionários, suas análises, o diagnóstico

revisado, e o mapa do de uso atual da água foram apresentados aos Decisores,

associando o uso atual com a resolução 357 de forma a auxiliar o processo de

votação para três trechos da bacia (alto, baixo água doce e baixo água salobra /

estuário).

Esta atividade do projeto contou com a experiência prática de especialista em

participação social na gestão de recursos hídricos, que trouxe para a pesquisa

relevantes subsídios ao tema, parcialmente testados em comitês de recursos

hídricos, porém ainda não disponíveis na literatura científica.

Logo após a apresentação da equipe técnica, e dos preparativos foi realizada a

votação pública do Pré-Enquadramento, através de cores relacionadas às condições

de qualidade da água, em dois trechos (alto e baixo) da bacia. Com a definição do

grupo de Decisores pré-estabelecida, 9 pessoas exerceram o poder de voto, sendo

8 representantes do Comitê da Bacia do Sta. Maria da Vitória e 1 voto da equipe

técnica. Cada Decisor votante recebeu para sua orientação, cópia do quadro que

representa a resolução 357, relacionando, classes, usos, cores e condições de

qualidade.

A Figura 28 ilustra o processo de votação, em que cada Decisor votou em público

numa classe de enquadramento para cada um desses trechos. As classes foram

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 117

representadas por cores, compatível com as cores utilizadas no Figura 29,

facilitando o processo de votação.

Figura 28 - Processo de votação – Representante da Sociedade Civil Organizada

Figura 29 -Material de apoio utilizado para o processo de votação

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 118

A seguir, na Figura 30 está apresentada a fotografia do mapa com o resultado da

votação (pré-enquadramento).

Figura 30 - Mapa resultante do processo de votação, pré–enquadramento

O Quadro 1 apresenta o resultado quantitativo da proposta de Pré-Enquadramento

feita pelos Decisores, para os trechos (Alto e Baixo Santa Maria). Como pode ser

observado no quadro, o número de votantes foi de nove representantes do Comitê

(CBH - RSMV).

Quadro 1- Proposta de Pré-enquadramento para o rio Santa Maria da Vitória

USOS X CLASSES (CONAMA 357/2005) TRECHO ALTO TRECHO BAIXO

ÁGUA DOCE TRECHO BAIXO

ÁGUA SALOBRA

CLASSE ESPECIAL 0 0 0

CLASSE 1 6 1 4

CLASSE 2 3 3 5

CLASSE 3 0 5 0

CLASSE 4 0 0 Não se aplica

PRÉ – ENQUADRAMENTO CLASSE 1 CLASSE 3 CLASSE 2

Foi esclarecido que o resultado da votação indica o desejo da bacia por mudanças

de padrão de qualidade de suas águas, em relação à situação atual, de tal forma

que se possa compatibilizar usos pretendidos e disponibilidade qualitativa das

águas.

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 119

Considerando que o resultado da votação do pré-enquadramento, por meio desta

comparação, indica quais as mudanças de usos que a sociedade necessita fazer

para o futuro, o pré-enquadramento foi estabelecido como um dos cenários, para a

elaboração das alternativas de proposta do enquadramento.

Foi realizada reunião com toda a equipe técnica para definição dos cenários que

seriam considerados no processo de simulação, à luz dos conhecimentos técnicos,

utilizando-se de ferramentas computacionais, modelos matemáticos e sistema de

suporte a decisão, bem como para se discutir formas de apresentação dos

resultados que fossem compreensíveis pelos Decisores.

Nesta perspectiva, foi definida a simulação de cenários futuros: pré-enquadramento

e técnico, para os três trechos da bacia (alto, baixo água doce e baixo água salobra /

estuário).

Neste contexto, a Figura 31 apresenta a espacialização do desejo, isto, é, a

representação gráfica através de mapa do pré-enquadramento, definido como

cenário 1.

Figura 31 - Espacialização da proposta de pré-enquadramento – cenário 1

Os estudos desenvolvidos até está fase, as informações adquiridas do diagnóstico

revisado, além das análises qualitativa e quantitativa resultantes das consultas

realizadas, por meio dos questionários, foram utilizadas para subsidiar a elaboração

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do prognóstico do uso e da ocupação do solo e do aproveitamento dos recursos

hídricos da bacia hidrográfica e justificar as alternativas de proposta de

enquadramento.

Na análise dos questionários aplicados pelos Decisores aos diversos segmentos da

sociedade da bacia hidrográfica, uma pergunta do questionário, apesar das várias

que o constitui, foi a de maior importância como subsídio ao prognóstico. Visava

obter do Decisor “seu desejo” em termos de objetivo de melhoria de qualidade de

água, com visão de futuro (quais usos seu segmento pretende ter).

A seguir apresenta-se no Quadro 2 a síntese da estatística das respostas mais

significativas, obtidas da seguinte pergunta do questionário “De acordo com os

diferentes trechos, assinale quais os usos você pensa, em nome de sua

representação, no futuro, para as águas do Rio Santa Maria da Vitória?”, que é

indicativa dos usos preponderantes futuros, isto é, “o rio que queremos”.

Quadro 2 - Síntese estatísitca de resposta a questionário

Para elaboração de alternativas de enquadramento, foram produzidas pela equipe

técnica, simulações de qualidade de água em rios e região de estuário, utilizando-se

sistema de suporte a decisão e modelagem conforme detalhado nos itens 4.2.2.1 e

4.2.2.2.

Cabe então apresentar uma síntese e alguns exemplos dos resultados obtidos da

simulação que foram efetivamente apresentados aos Decisores (cenários pré-

enquadramento e cenário técnico 2, destacando que o detalhamento do

procedimento metodológico de todos os cenários para trechos do Rio Santa Maria

da vitória está disponível no ANEXO 16):

Usos, no futuro, para as águas do Rio Santa Maria da Vitória?

Trecho Alto

Trecho Baixo

Contemplação da paisagem 29 23 Manutenção da vida aquática 38 30 Abastecimento público 35 34 Lazer 33 29 Turismo 33 32 Agricultura 34 22 Esporte 24 26

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o Simulaçao da qualidade da água em rios – modelagem utilizando-se o

QUAL2E integrado ao modelo de dispersão difusa GWLF:

Foram os seguintes os cenários simulados:

Cenário Atual: Considerou-se o lançamento de esgoto gerado pelo município

de Santa Maria de Jetibá, sem tratamento prévio.

Cenário Técnico 1: Calculou-se qual a remoção necessária, eficiência de

tratamento, para a proposta de classificação do rio Santa Maria da Vitória na

Classe 3.

Cenário Pré-Enquadramento: Calculou-se qual a remoção necessária,

eficiência de tratamento, para a proposta de classificação do rio Santa Maria

da Vitória na Classe 1.

Cenário Técnico 2: Calculou-se qual a remoção necessária, eficiência de

tratamento, para a proposta de classificação do rio Santa Maria da Vitória na

Classe 2.

A seguir ilustra-se, com exemplos os resultados obtidos das simulações de

DBO, Fósforo Total e Coliformes Fecais, para o cenário técnico 2, do trecho 5

do rio Santa Maria da Vitória:

No cenário técnico 2 verificou-se qual eficiência de remoção seria necessária

para o que o lançamento atual do esgoto gerado pelo município de Santa

Maria de Jetibá fosse lançado no Rio Santa Maria da Vitória e após esse

lançamento o rio pudesse ser enquadrado na classe 2, segundo os limites

estabelecidos na CONAMA 357/05.

A Figura 32 apresenta o gráfico ao longo do trecho 5 do rio com a

concentração de DBO simulada e a concentração limite estabelecida pela

CONAMA 357/05 para corpos d’água classe 2. Para o Rio Santa Maria da

Vitória ser enquadrado na classe 2 seria necessário um tratamento com

eficiência de remoção de 75% da DBO no esgoto gerado pelo município de

Santa Maria de Jetibá.

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Figura 32 - Cenário técnico 2: Simulação da Demanda Bioquímica de Oxigênio.

A Figura 33 apresenta o gráfico ao longo do rio com a concentração de

Fósforo Total simulada e a concentração limite estabelecida pela CONAMA

357/05 para corpos d’água Classe 2. Verificou-se nas simulações que um

tratamento com eficiência de remoção de 99% do Fósforo Total no esgoto

gerado pelo município de Santa Maria de Jetibá não seria suficiente para

enquadrar o Rio Santa Maria da Vitória na classe 2.

Figura 33 - Cenário técnico 2: Simulação de Fósforo Total.

A Figura 34 apresenta o gráfico ao longo do rio com a concentração de

Coliformes Fecais simulada e a concentração limite estabelecida pela

CONAMA 357/05 para corpos d’água classe 2. Verificou-se nas simulações

que um tratamento com eficiência de remoção de 99,99% do Coliforme Fecal

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no esgoto gerado pelo município de Santa Maria de Jetibá não seria suficiente

para enquadrar o Rio Santa Maria da Vitória na classe 2.

Figura 34 - Cenário técnico 2: Simulação de Coliformes Fecais.

o Simulação da qualidade da água em trechos de estuário – modelagem

Sisbahia

A partir das planilhas da qualidade de água nos pontos monitorados e do

mapa da situação atual, Figura 35 preparado para apresentar aos decisores,

o trecho nove, água doce, apresentou a condição de Classe 4, usada na

condição de contorno do rio, e o trecho dez, água salobra (trecho de estuário),

apresentou a condição de Classe 3.

Na simulação de diagnóstico, cenário atual, considerou-se uma concentração

de coliformes de 1,6 x 105 NMP/100ml, medido imediatamente a montante da

condição de contorno do rio, trecho nove.

Para a definição do cenário de pré-enquadramento foram feitas simulações de

coliforme termo-tolerante com concentrações iniciais de que correspondem

aos limites estabelecido na Resolução CONAMA 357/2005 para corpos

d’água Classe 3. Essas concentrações correspondem a dessedentação de

animais criados confinados, recreação de contato secundário e demais usos,

respectivamente. A concentração limite no trecho estuarino foi de 2.500

NMP/100ml, correspondente a Classe 2 (BRASIL, 2005).

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Figura 35 - Mapa da situação atual da qualidade da água.

A equipe técnica estabeleceu o cenário 2, considerando o rio divido em três

trechos. Ficou definido como Classe 2 o trecho a montante do estuário e

Classe 1 o trecho do estuário. Para este cenário foi feita simulação de

coliforme termo-tolerante com concentração inicial de 1.000 NMP/100ml, que

corresponde ao limite estabelecido na Resolução CONAMA 357/2005 para

corpos d’água Classe 2, com concentrações limites de 43 NMP/100ml, 200

NMP/100ml e 1.000 NMP/100ml. Essas concentrações limites correspondem,

respectivamente, a cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação

humana, irrigação de hortaliças consumidas cruas e demais usos em águas

salobras (BRASIL, 2005).

O Quadro 3 apresenta um resumo com os cenários simulados.

Quadro 3 - Resumo dos cenários utilizados no processo de simulação de enquadramento do Rio Santa Maria da Vitória.

Cenário Trecho do rio Concentração de coliformes fecais

Classe do rio CONAMA 357/2005

9 (água doce)

1,6 x 105 NMP/100 ml Classe 4

Atual 10

(água salobra) Sem informação Sem informação 9

(água doce) 4,0 x 103

NMP/100 ml Classe 3 Cenário 1 Pré-Enquadramento (grupo de decisores) 10

(água salobra) 2,5 x 103

NMP/100 ml Classe 2 9

(água doce) 1,0 x 103

NMP/100 ml Classe 2 Cenário 2

(grupo técnico) 10 (água salobra)

1,0 x 103 e 2,0 x 102 e 4,3 x 101

NMP/100 ml

Classe 1

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A Quadro 4 apresenta os usos de cada Classe considerada no processo de

pré-enquadramento do Rio Santa Maria da Vitória, conforme Resolução

CONAMA 357/2005.

Quadro 4 - Usos da água doce e da água salobra de acordo com a Classe estabelecida no pré-enquadramento, conforme Resolução CONAMA 357/2005.

Tipo de água Classe Concentração limite de

coliformes termo-tolerantes Uso

2 1.000 NMP/100ml Todos exceto recreação de contato primário

2.500 NMP/100ml Recreação de contato secundário

1.000 NMP/100ml Dessedentação de animais criados confinados Á

gua

Doc

e

3

4.000 NMP/100ml Demais usos

43 NMP/100ml Cultivo de moluscos bivalves destinados à alimentação humana

200 NMP/100ml Irrigação de hortaliças consumidas cruas. 1

1.000 NMP/100ml Demais usos

Águ

a S

alob

ra

2 2.500 NMP/100ml Todos os usos

Para comparação da concentração de bactérias foram escolhidas oito

estações de controle, cinco no rio e três em pontos próximos à foz Figura 36.

Figura 36 - Localização das estações de controle no rio Santa Maria da Vitória e na Baía de Vitória.

Os resultados de coliformes obtidos foram analisados de forma qualitativa, em

virtude da variabilidade deste parâmetro no ambiente.

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Antes de proceder ao uso do modelo para o enquadramento, foram feitas

simulações com diferentes cenários hidrodinâmicos a fim de avaliar qual

apresentaria a condição mais desfavorável à qualidade da água e,

consequentemente, ao enquadramento. Foram simulados cenários com

marés de quadratura e sizígia, associados à vazão de cheia e de seca.

Os resultados das simulações mostraram pouca influência da maré na

distribuição de coliformes na região de estudo, apenas ocorreram picos de

concentração durante a maré de sizígia Figura 37. Por este motivo foram

apresentados somente resultados para esta maré. Para os cenários

apresentados foi escolhido o instante de maior alcance das plumas, que

correspondeu ao instante de baixa-mar.

Com relação às vazões do rio, observou-se que as condições mais

desfavoráveis ocorreram na maré de cheia, cujo valor é da ordem de 21 m3/s

(SANTOS, 1994 apud SALDANHA, 2007). Apesar de poder ocorrer maior

diluição das concentrações nas maiores vazões, na simulação foi considerado

a mesma concentração inicial, desta forma a carga injetada é maior nas

vazões de cheia. Esta consideração foi feita porque os dados secundários

obtidos durante o diagnóstico não mostraram a influência do período seco ou

chuvoso nos resultados de monitoramento do parâmetro coliforme. Devido ao

exposto, optou-se por apresentar somente a vazão de cheia.

Figura 37 - Comparação entre a concentração de coliformes termotolearantes e nível d’água na Estação E4, localizada no rio Santa Maria da Vitória.

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No cenário atual a concentração de lançamento de coliformes termo-

tolerantes foi de 1,6 x 105 NMP/100ml. Os resultados do modelo mostram que

nas proximidades da foz do rio os valores são da ordem de 4,0 x 103

NMP/100ml (linha vermelha da Figura 38), que corresponde a Classe 3 para

águas salobras.

356000 358000 360000 362000 364000 366000

7750

000

7752

000

7754

000

7756

000

7758

000

7760

000

7762

000

7764

000

7766

000

1.0E+000

1.0E+004

2.2E+004

3.4E+004

4.6E+004

5.8E+004

7.0E+004

8.2E+004

9.4E+004

1.1E+005

1.2E+005

1.3E+005

1.4E+005

1.5E+005

MANGUE

NMP/100ml

Rio Santa Maria da Vitória

Co = 160000 NMP/100ml

Figura 38 - Simulação de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia (686400s) com

T90 = 15 h. A linha vermelha corresponde ao valor de 4,0 x 103 NMP/100ml.

A seguir apresenta-se de forma ilustrativa a metodologia para a simulação da

região estuarina adotada, objetivando a obtenção de resultados do cenário de

pré-enquadramento (grupo de Decisores), maior detalhamento está disponível

no ANEXO 17.

Para o trecho 9 do rio, a montante da condição de contorno, foi definido

Classe 3 (água doce), e o trecho 10, estuarino enquadrado como Classe 2

(água salobra). Foram feitas simulações com concentrações de coliformes

termo-tolerantes correspondentes aos limites da classe estabelecida para o

trecho de água doce, para os diferentes usos estabelecidos na Resolução

CONAMA 357/2005.

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Para a simulação considerando a concentração inicial de coliformes termo-

tolerantes de 4.000 NMP/100ml e T90 de 15 horas, os resultados mostram

que a condição estabelecida para o estuário, Classe 2, é atendida antes de

alcançar a estação E2 (Figura 39), ou seja, a pluma de coliforme fica limitada

à parte interna do trecho estuarino do rio Santa Maria da Vitória.

0 2000 4000 6000 8000Distância (m)

100

1000

10000

Colifo

rmes

term

otole

rant

es (N

MP/

100m

l)

3.7E+003

1.7E+0031.6E+003

1.4E+003

9.1E+002

Variação da concentração de coliformes termotolerantes no trecho estuarino do rio Santa Maria da Vitória

Limite Classe 2 água salobra (CONAMA 357/2005)

Figura 39 - Distribuição de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia ao longo do Rio Santa Maria – trecho estuarino. Concentração inicial de 4.000 NMP/100ml.

Os resultados do cenário técnico 2, estabeleceu para o trecho 9 do rio, a

montante da condição de contorno, Classe 2 (água doce), e para o trecho 10,

estuarino, a Classe 1 (água salobra). Foram feitas simulações com

concentrações de coliformes termo-tolerantes correspondentes aos limites da

classe estabelecida para o trecho de água doce, para os diferentes usos

estabelecidos na Resolução CONAMA 357/2005.

Para uma concentração de 1.000 NMP/100ml na condição de contorno do rio

Santa Maria da Vitória, os limites de 43 e 200 NMP/100ml não são atendidos

em nenhum ponto no interior do rio (Figura 40), limitando os usos da água

neste trecho. Este limite de 43 NMP/100ml, para cultivo de bivalves, só é

alcançado na extremidade da foz do rio, conforme pode ser visto no mapa da

Figura 38, linha vermelha.

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0 2000 4000 6000 8000Distância (m)

10

100

1000

Colifo

rmes

term

otole

rant

es (N

MP/

100m

l)

9.3E+002

4.4E+0023.9E+002

3.4E+002

2.3E+002

Variação da concentração de coliformes termotolerantes no trecho estuarino do rio Santa Maria da Vitória

Limite: 43 NMP/100 ml (CONAMA 357/2005)

Limite: 200 NMP/100 ml (CONAMA 357/2005)

Limite: 1000 NMP/100 ml (CONAMA 357/2005)

Figura 40 - Distribuição de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia, ao longo do Rio Santa Maria – trecho estuarino (E1, E2, E3, E4 e E5). Concentração inicial de 1.000 NMP/100ml.

356000 357000 358000 359000 360000 361000 362000

7759

000

7760

500

7762

000

7763

500

MANGUE

Figura 41 - Simulação de coliformes termo-tolerantes no instante de baixa-mar de sizígia Concentração inicial de 1.000 NMP/100ml. A linha vermelha corresponde ao valor de 43 NMP/100ml.

Nas estações E6, E7 e E8 os valores das concentrações de coliformes termo-

tolerantes estiveram abaixo dos limites estabelecidos para as Classes

definidas para águas salobras, nos dois cenários.

A seguir apresenta-se na Figura 42 o mapa com a espacialização do cenário

técnico 2, para os 3 trechos (alto-água doce, baixo-água doce e

baixo/estuário-água salobra) apresentado em oficina como alternativa

proposta de enquadramento.

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Figura 42 - Simulação cenário 2 – técnico.

4.3.1.3.2 - Avaliação das propostas alternativas de Enquadramento A etapa de avaliação das propostas alternativas se deu após a definição dos

cenários futuros (pré-enquadramento 1 e técnico 2), considerando a divisão do curso

d’água principal em três trechos de enquadramento (alto, baixo água doce e baixo

água salobra / estuário).

Na avaliação do cenário 1, cabe destacar que de acordo com o resultado do pré-

enquadramento: para o Alto-Santa Maria, a maioria dos representantes decidiu pela

busca de manutenção / recuperação da qualidade da água na região tomando-se

como referência a boa qualidade de água (classe 1) em trecho do rio próximo à

nascente; e melhoria gradual da qualidade de água na parte baixa, da classe 4 para

a classe 3. Aqui já se observa um ponto de questionamento: em termos de

enquadramento, a classe mínima não seria a classe 2? Isto era do conhecimento de

todos os participantes da votação (Decisores).

Contudo, tendo em vista que a divisão feita pelos Decisores, para efeito de

simulação, de segmentar a bacia em apenas três trechos tornaria o processo de

enquadramento muito grosseiro, optando-se, com isso, por flexibilizar a simulação

ao nível de metas progressivas para todo um trecho. Deste modo seria

compreensível não ser tão rigoroso em trecho que possuía sub-trechos com classes

superiores à enquadrada, bem como possibilitar classe de enquadramento inferior à

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classe 2. Assim, no processo de simulação, prevaleceu explorar o processo de

negociação considerando metas progressivas.

A partir da simulação de cenários futuros, para os três trechos da bacia, foi possível

estabelecer a relação de causas e efeitos para cada trecho dos cenários definidos,

dos quais a comparação entre eles gerou um quadro descritivo de vantagens e

dificuldades das definições das classes em função dos usos permitidos para cada

uma delas.

Assim, a equipe técnica estabeleceu para cada um dos cenários e para cada trecho

relações de causas e efeito, possibilitando a comparação entre vantagens e

desvantagens associadas a cada alternativa (quadros 3 e 4), e, conseqüentemente,

facilitando a tomada de decisão de cada Decisor sobre sua proposta de

enquadramento.

Quadro 5 - Vantagens e desvantagens relativas à proposta de enquadramento do rio Santa Maria da Vitória – cenário futuro 1 ( pré–enquadramento, proposto pelos Decisores).

VANTAGENS DIFICULDADES

ALTO CLASSE 1

- Ampliar as possibilidades de uso da água, tais como:

- Uso da água para cultivo de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam consumidas cruas sem remoção de película. - Aqüicultura e a atividade de pesca. - Proteção das comunidades aquáticas. - Recreação de contato primário, tais como natação e mergulho.

- Custo reduzido de investimento para o tratamento de água destinado ao consumo humano (tratamento simplificado).

- Alto custo de investimentos (público e privado) para alcançar e garantir a qualidade da água. - Limitação dos usos do solo na bacia, podendo restringir o desenvolvimento sócio-econômico da região.

BAIXO (DOCE)

CLASSE 3

- Ampliar as possibilidades de uso da água, tais como:

- Captação de água para consumo humano após tratamento avançado. - Atividade de pesca amadora. - Recreação de contato secundário. - Uso da água para dessedentação de animais (Concentração máxima de Coliformes Termo-tolerantes é de 1.000 NMP/100ml).

- Custo de investimentos (público e privado) para alcançar e garantir a qualidade da água. - Restrição do uso do solo.

BAIXO (SALOBRA) CLASSE 2

- Ampliar as possibilidades de uso da água, tais como:

- Atividade de pesca amadora. - Recreação de contato secundário.

- Custo de investimentos (público e privado) para alcançar e garantir a qualidade da água. - Restrição do uso do solo.

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Quadro 6 - Vantagens e desvantagens relativas à proposta de enquadramento do rio Santa Maria da Vitória – cenário futuro 2 (proposto pela Equipe Técnica)

VANTAGENS DIFICULDADES

ALTO CLASSE 2

- Redução de custo de investimentos (público e privado) para alcançar e garantir a qualidade da água. - Ampliação dos usos do solo na bacia, devido à menor restri ção da qualidade da água.

- Inviabilizar os seguintes usos da água: - Irrigação de hortaliças consumidas cruas e de frutas que se desenvolvem rentes ao solo e que sejam consumidas cruas.

- Aumento do custo de investimento para o tratamento de água destinado ao consumo humano (tratamento secundário).

BAIXO (DOCE)

CLASSE 2

- Ampliar as possibilidades de uso da água, tais como:

- Uso da água para i rrigação desde que não sejam consumidas cruas. - Aqüicultura e a atividade de pesca. - Proteção das comunidades aquáticas. - Recreação de contato primário, tais como natação e mergulho.

- Custo reduzido de investimento para o tratamento de água destinado ao consumo humano (tratamento secundário).

- Alto custo de investimentos (público e privado) para alcançar e garantir a qualidade da água. - Limitação dos usos do solo na bacia, podendo restringir o desenvolvimento sócio-econômico da região.

BAIXO (SALOBRA) CLASSE 1

- Ampliar as possibilidades de uso da água, tais como:

- Atividade de pesca e aqüicultura (Concentração máxima de Coliformes Termo-tolerantes é de 43 NMP/100ml). - Recreação de contato primário. - Proteção das comunidades aquáticas. - Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam consumidas cruas sem remoção de película (Concentração máxima de Coliformes Termo-tolerantes é de 200 NMP/100ml).

- Custo de investimentos (público e privado) para alcançar e garantir a qualidade da água. - Limitação dos usos do solo na bacia a montante, podendo inviabilizar o desenvolvimento sócio-econômico da região.

4.3.1.3.3 - Definição da proposta de Enquadramento O processo de simulação do enquadramento, propriamente dito, se deu com a

realização da terceira oficina (Oficina 3), quando foram apresentados para os

Decisores os resultados da votação do pré-enquadramento (Oficina 2) e discutido de

forma ampla as conseqüências e importância das propostas alternativas

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apresentadas pelos Decisores (cenário 1 – pré-enquadramento) e pela Equipe

Técnica (cenário 2), com base em avaliações técnicas de vantagens e desvantagens

para os cenários considerados, considerando aspectos socioeconômicos,

ambientais, culturais, entre outros.

A apresentação do material preparado para discussão dos Decisores, está

disponível no ANEXO 18. Foram realizadas impressões em formato A-0, dos mapas

dos cenários 1 e 2, para apoio ao processo, bem como impressão do mapa dos

trechos do rio, no qual se procedeu a colagem dos votos nas classes de uso

(representada por cores).

A Figura 43 mostra a fase de discussão para a definição da proposta do

enquadramento.

Figura 43 - Preparação para o processo de votação (Enquadramento do Rio Santa Maria da Vitória).

A finalização desta fase, que representa o processo decisório de confirmação da

proposta de Enquadramento para corpos hídricos, é realizada por meio de votação

pública, por parte dos Decisores que deverão se posicionar, em nome da categoria e

ou grupo ao qual representa com assento no Comitê de Bacia, sobre sua proposta

de Pré-Enquadramento para o corpo hídrico.

Das discussões ocorridas, com relação ao Alto Santa Maria, entendeu-se não ser

realístico o enquadramento de toda a sua extensão na classe 1, concordando-se

pelo enquadramento na classe 2. Para o Baixo Santa Maria, a decisão pelo

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enquadramento na classe 2 se deveu principalmente a restrições de qualidade de

água na região estuarina.

A Figura 44 apresenta o resultado da votação (alto-água doce, baixo-água doce e

baixo/estuário-água salobra). Os 06 votos em verde referem-se a resultados da

simulação do enquadramento realizado para a região estuarina, apresentado no item

anterior.

Figura 44 - Mapa final com o resultado da votação do Enquadramento

O Quadro 7 apresenta o resultado quantitativo da proposta de Enquadramento feita

pelos Decisores, para os trechos (Alto e Baixo Santa Maria).

Quadro 7- Síntese do resultado da votação do Enquadramento

USOS x CLASSES, no futuro, para as águas do Rio Santa Maria da Vitória TRECHO ALTO TRECHO BAIXO

ÁGUA DOCE TRECHO BAIXO ÁGUA SALOBRA

CLASSE ESPECIAL 0 0 0

CLASSE 1 0 0 6

CLASSE 2 6 6 0

CLASSE 3 0 0 0

CLASSE 4 0 0 Não se aplica

ENQUADRAMENTO CLASSE 2 CLASSE 2 CLASSE 1

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4.3.2 Avaliação e Contribuição Para o Aperfeiçoamento de Procedimentos Metodológicos Voltados Para o Enquadramento de Corpos D’água Como finalização do trabalho, essa seção volta-se para a apresentação de avaliação

mais ampla sobre o procedimento metodológico utilizado no desenvolvimento do

trabalho, focando nas possibilidades de seu emprego em processos de

enquadramento de corpos de água – seção 4.3.2.1. Oferece ainda algumas

contribuições mais específicas sobre aspectos metodológicos de enquadramento –

seção 4.3.2.2.

4.3.2.1 - Avaliação do Procedimento Metodológico de Enquadramento Adotado

Como visto acima, o procedimento metodológico utilizado na simulação do processo

de enquadramento do Rio Santa Maria da Vitória e Região Estuarina Adjacente, foi

simplificado, e tomou como referência:

- A Resolução No. 12 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH);

- O “Procedimento técnico para enquadramento de corpos de água –

documento orientativo”, elaborado por Leeuwestein (2000); e

- A experiência gaúcha quanto ao desenvolvimento de processo participativo

de enquadramento de corpos de água, tendo-se como principal referência

bibliográfica o trabalho de Matzenauer (2003).

Como grandes etapas do procedimento metodológico têm-se:

- Fundamentação Teórica & Diagnósticos da Qualidade, dos Usos da Água,

Sócio-econômico e Ambiental da Bacia Hidrográfica;

- Identificação do Contexto Decisório;

- Estruturação do Problema; e

- Construção dos Resultados do Enquadramento.

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Em relação ao trabalho de Leeuwestein (2000), a metodologia aqui trabalhada diz

respeito à fase denominada “Elaboração de Relatório Técnico”. Ou seja, não se

considerou no presente trabalhos as duas outras fases: “Aprovação da proposta de

enquadramento e respectivos atos jurídicos” e “Efetivação e avaliação do

enquadramento de corpos d’água”.

O tópico Fundamentação Teórica considerou os seguintes itens:

• Inter-relação do instrumento enquadramento de corpos de água com outros

instrumentos de gestão de recursos hídricos e de gestão ambiental;

• Padrões de qualidade de água no contexto de planos / programas de

desenvolvimento regional; e

• Procedimentos metodológicos sobre enquadramento de corpos d’água.

Recomendamos que processos de enquadramento de bacias hidrográficas procurem

incluir esses itens entre os considerados no trabalho, os quais propiciaram tanto à

equipe técnica como para os representantes do Comitê de Bacia forte embasamento

teórico-conceitual para o desenvolvimento das etapas subseqüente do processo de

enquadramento.

O tópico Identificação do Contexto Decisório consistiu dos seguintes itens:

• Elaboração de material utilizado na mobilização e preparação de “Decisores” e

seus “Representados”, para a realização da simulação do processo de

Enquadramento; e

• Identificação dos atores estratégicos para participar como Decisores no processo

de simulação do Enquadramento.

No que se refere à elaboração de material didático, utilizou-se aqui apresentação

contendo informações gerais sobre o projeto DES-ÁGUA, a qual foi utilizada em

momentos de mobilização para o envolvimento de atores importante no

desenvolvimento do projeto. Essa apresentação produziu efeitos muito positivos,

pois para o público-alvo representou um ato de satisfação e transparência em

relação aos objetivos do convite a ele feito. Analogamente, recomenda-se que o

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mesmo seja feito em processos de enquadramento, tomando-se como documento

correspondente o Termo de Referência utilizado para a sua elaboração.

Ressalta-se aqui, ainda na fase inicial do processo de enquadramento, a importância

do estabelecimento de interação entre os Decisores e equipe técnica, através da

realização de Oficinas de Construção Coletiva. Muito do material a ser utilizado no

processo de enquadramento deve ser elaborado com a participação direta dos

Decisores, garantindo seu envolvimento ao longo de todo o processo, bem como

possibilitando o fornecimento de informações úteis para a integração dos saberes

técnico e popular.

Como o presente projeto tratou-se de exercício de simulação, não havia a

necessidade de que todos os participantes Decisor fosse membro do Comitê da

Bacia do Rio Santa Maria. Porém, no caso de enquadramento de fato, os decisores

serão os próprios membros do comitê da bacia hidrográfica em consideração.

Porém, ressalta-se que a identificação de atores relevantes para participar do

processo de enquadramento deve ser muito mais ampla, tendo em vista que muito

desses atores não são membros de comitê. Fica aqui, mais uma vez, evidenciado, a

importância o aspecto “representação / representatividade” no processo de gestão

das águas.

O tópico Estruturação do Problema foi composto pelos seguintes itens:

• Apropriação pelos Decisores, do significado, do processo de definição e das

conseqüências estratégicas e práticas do Enquadramento.

• Construção participativa do cenário atual do uso preponderante das águas da

região de estudo.

• Definição de critérios, parâmetros e pesos para avaliação de alternativas de

Enquadramento.

No presente trabalho foi possível exercitar bem os dois primeiros itens.

A qualidade do processo de enquadramento, em particular, seu resultado,

dependerá significativamente do nível de apropriação pelos Decisores do

significado, do processo de definição e das conseqüências estratégicas e práticas do

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enquadramento, bem como da sua atitude durante o processo de votação. Aqui é

possível compreender o ponto central da política das águas: sua contribuição para o

desenvolvimento sustentável regional; mas que está nas mãos de cada um decisor

por em prática os princípios do desenvolvimento sustentável.

Durante a construção participativa do cenário atual do uso preponderante das águas

da região de estudo, fica ressaltada a importância da integração dos saberes

popular e técnico para o sucesso dessa ação, principalmente para com relação ao

corpo técnico. Muitas das dificultadas técnica a serem encontradas (obtenção de

informações para fins de modelagem, etc.) poderão ser obtidas através dessa

integração.

Trabalhou-se, mesmo que de forma simplificada, a definição de critérios e

parâmetros para avaliação de alternativas de enquadramento, porém o aspecto

definição de pesos não foi explicitamente abordado. A depender do interesse e

condições de se aprofundar no procedimento metodológico, recomenda-se tomar

como referência o trabalho prático bem embasado desenvolvido por Matzenauer

(2003) para a bacia do rio dos Sinos/RS.

O tópico Construção dos Resultados do Enquadramento consistiu dos seguintes

itens:

• Elaboração das propostas alternativas do enquadramento;

• Avaliação das propostas alternativas do enquadramento; e

• Definição da versão final do Enquadramento proposto.

O procedimento metodológico adotado no presente trabalho, para esse tópico,

mostrou-se satisfatório. Apesar do número de alternativas estudadas, de fato, terem

sido duas (pré-enquadramento, proposto pelo Decisores, com base em informações

apresentadas por eles mesmos e pela equipe técnica; e proposta apresentada pela

equipe técnica), outras poderiam ter sido feitas, sem alteração da base

metodológica. O que se observa é que cada uma das alternativas possui

contribuição de ambos os saberes envolvidos, popular e técnico, não se podendo

dizer que a alternativa “técnica” é puramente técnica, tendo em vista a forte

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interação criada entre o grupo de decisores e a equipe técnica, que foi muito positiva

e é aqui recomendada.

Quanto à avaliação das propostas de enquadramento, no presente trabalho utilizou-

se metodologia qualitativa de “causa e efeito”. Tendo em vista que essa parte do

procedimento metodológico pode ser muito determinante do enquadramento a ser

definido, recomenda-se, sempre que possível, a adoção de técnicas quali-

quantitativas de avaliação que considerem aspectos diversos (econômicos,

ambientais, sociais, políticos, institucionais, culturais, etc.). É possível que nesta fase

do procedimento metodológico, haja a necessidade de se avaliar aspectos relativos

a outros instrumentos de gestão de recursos hídricos, como é o caso da cobrança e

outorga.

Sendo o enquadramento uma ação que poderá ser determinante quanto ao padrão

de desenvolvimento de uma dada região, a exemplo de procedimento adotado no

Rio Grande do Sul, os momentos de votação do enquadramento dos corpos d’água

deveriam ser altamente difundidos para que permitissem ter a população alvo

presente ao evento, para acompanhar, se desejável, as posições que serão tomadas

por seus representantes. Ainda, é recomendada a publicação em meios de

comunicação de grande circulação e audiência os resultados da votação.

4.3.2.2 - Contribuições Específicas Voltadas para Procedimento Metodológico

de Enquadramento

Visando ampliar o apoio quanto ao estabelecimento de procedimentos

metodológicos sobre Enquadramento, apresentam-se a seguir algumas

contribuições mais específicas:

Sobre participação da sociedade

O desenvolvimento do trabalho mostra a importância de que se tenha clareza do que

entende por processo participativo de Enquadramento, envolvendo os diversos

atores e segmentos relevantes ao problema em questão, seja ele pertencente ao

poder público, aos usuários dos recursos hídricos ou à sociedade civil organizada. O

engajamento desses atores e setores ao processo é, nesse contexto, essencial,

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 140

havendo para isso a necessidade de estabelecimento de estratégias voltada para

isso.

O trabalho mostrou como é relevante, para a legitimação do processo de

enquadramento, o exercício pleno da relação “representação x representatividade”

de Membros de Segmentos / Setores da Sociedade com representação em espaços

decisórios (no presente caso, membros de comitê de bacia hidrográfica). Entretanto,

ficou evidente haver necessidade, nesse sentido, de capacitação/preparação dos

membros de comitês (Decisores). Além disso, verifica-se ainda que há a

necessidade de apoiar fortemente os tomadores de decisão em relação a

fundamentação técnica; e instrumentação para a mobilização junto a seus

representados, facilitando sua atuação frente ao processo decisório e atribuindo

qualidade ao mesmo.

Sobre a produção da informação técnica

Deve-se estar alerta para a importância de se considerar o saber popular na

produção de informações, além do levantamento de dados em fontes convencionais,

bem como para as formas de divulgação da informação, considerando o perfil do

público-alvo.

Parte da informação produzida visa subsidiar o trabalho da própria equipe técnica,

cujo conteúdo pode ser mais aprofundado e em linguagem técnica compatível.

Entretanto, outra parte da informação visa dar apoio direto aos tomadores de

decisão, havendo, com isso, a necessidade de tradução de muitos dos

conhecimentos e informações técnicas em linguagem acessível / compreensível aos

mesmos, e a seus representados, considerando, assim, a participação social como

meta metodológica do Enquadramento.

Para isso, é desejável que se tenha na equipe técnica profissionais da área de

comunicação e sócio-antropológica. Deve-se ainda utilizar-se de adequados

recursos de comunicação audiovisual.

Diretrizes para divisão do rio em trechos de enquadramento

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Com a experiência adquirida no Projeto Deságua, sugere-se que o rio principal seja

dividido em trechos de enquadramento técnico considerando aspectos políticos,

culturais e técnicos, conforme descrito a seguir.

• Considerar a divisão feita a partir dos diferentes grupos culturais da bacia (Como

o grupo de decisores vê a divisão dos trechos do rio?).

A partir desta divisão inicial, aplicar critérios técnicos para divisão dos trechos,

buscando sempre preservar trechos com especificidades culturais.

• Na medida do possível, fazer com que cada trecho termine na foz de uma bacia

de tributário (critério hidrológico) e considerar as obras hidráulicas.

• Preservar a harmonia e a inter-relação entre; relevo, uso do solo e tipo de

efluente (usos atuais versus usos pretendidos da água).

• Dividir os trechos de forma que seja uma subdivisão exata dos trechos definidos

pela comunidade.

• Aplicar Classes mais restritivas nas cabeceiras dos rios, visando proteção de

nascentes.

Agregando-se o conhecimento popular (político/cultural) ao conhecimento técnico, os

trechos de enquadramento definidos serão mais representativos da realidade da

bacia hidrográfica em processo de enquadramento.

Parâmetro de qualidade de água x Uso e ocupação do solo

Considerando o exposto no CONAMA 357/05 no Artigo 2°, item X, que define

classificação como qualificação das águas em função dos usos preponderantes

atuais e futuros; o Capítulo II, que classifica os corpos d’água em função da

qualidade requerida para os seus usos preponderantes; e o Capítulo III, que dispõe

sobre as condições e padrões de qualidade das águas, observa-se a grande gama

de parâmetros definidos para atendimento de cada Classe de Uso.

Na prática, não é comum a existência de séries longas de dados de qualidade de

água, sobretudo para todos os parâmetros definidos na legislação. Além desse fato,

questiona-se: quais parâmetros devem ser utilizados? Todos os disponíveis? Isto é

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 142

razoável? Os dados de monitoramento existentes são representativos para os usos

do solo na região de estudo?

Essas foram algumas indagações surgidas durante o desenvolvimento do Projeto

DESÁGUA. Para o andamento do projeto, buscou-se definir para cada trecho de

enquadramento, qual parâmetro de qualidade apresentava uma série de dados mais

representativa do uso da água e ocupação do solo na bacia. Isto possibilitou utilizar

os dados disponíveis para definição das Classes atuais dos trechos de

enquadramento.

No caso da Bacia do Rio Santa Maria da Vitória, o rio foi dividido em nove trechos de

água doce e um trecho de água salobra. Foram definidos dois parâmetros de

qualidade de água para serem usados na determinação da qualidade atual do curso

d’água: coliformes termo-tolerantes, como indicador de contribuição de esgoto

doméstico, e fósforo total, como indicador de poluição difusa, devido ao uso intenso

de fertilizantes na agricultura. Estes dois usos: diluição de esgotos e uso agrícola

são os principais problemas de poluição dos corpos d’água na bacia.

Desta forma, com o objetivo de aperfeiçoar a coleta de dados e contribuir para o

processo de implementação do instrumento Enquadramento, propõe-se a definição

dos Parâmetros de Qualidade de Água a serem usados na verificação da classe de

qualidade em função dos seguintes aspectos:

• O uso da água e ocupação do solo, atual e pretendido, na bacia a ser

enquadrada.

• Facilidade para medição dos parâmetros para possibilitar a continuidade do

monitoramento.

• Estabelecimento de causa/efeito (uso da água e do solo x parâmetro) de forma

mais compreensível possível para o Grupo de Decisores.

Utilização dos modelos GWLF e QUAL2E de simulação computacional: dispersão

difusa e pontual

Em relação ao modelo GWLF, pode-se observar que existe grande limitação quanto

à obtenção de dados de entrada para a sua calibração, devido ao fato do

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 143

desenvolvimento do modelo ter sido voltado inicialmente para aplicação a regiões de

clima temperado. Verifica-se, com isso, a escassez e/ou inexistência de dados na

literatura referentes às regiões tropicais, principalmente em relação aos nutrientes –

nitrogênio e fósforo. Entre os motivos para essa limitação tem-se o elevado custo

para implantação dos métodos de obtenção de dados em campo.

Algumas dificuldades foram encontradas na implementação do modelo QUAL2E

devido às restrições do mesmo quanto às características do hemisfério sul, a

existência de reservatório de água ao longo do curso d’água, bem como, e

principalmente, a carência de dados climatológicos atualizados para a região de

estudo. Ressalta-se também que para calibração do modelo são necessárias

campanhas de qualidade e quantidade de água representativas da área de estudo,

considerando ainda o aspecto sazonal e os custos envolvidos para a obtenção de

dados de campo, visando a calibração e verificação do modelo.

Um outro ponto importante para o processo de modelagem a ser buscado é o

acoplamento dos modelos de dispersão difusa e pontual. O impacto da dispersão

difusa na qualidade de corpos hídricos tem sido, relativamente, pouco estudado,

podendo ser dominante em relação à dispersão pontual.

Relação do uso e ocupação atual x modelagem dos recursos hídricos interiores

Mesmo com as simplificações adotadas no processo de modelagem, a avaliação

qualitativa proporcionada pela simulação com os modelos QUAL2E e GWLF

mostrou-se muito útil em suporte à tomadas de decisão com respeito ao

enquadramento, pois tornou possível visualizar tecnicamente as relações entre os

usos e ocupações levantados por diagnóstico e a resultante qualidade de água para

os trechos definidos. Para as águas interiores, não se fizeram simulações

computacionais prognosticas do uso e ocupação do solo sobre os recursos hídricos,

quando o emprego desta ferramenta, da mesma forma, mostrar-se-ia muito

apropriado.

Integração da gestão de águas interiores e estuarinas

A seguir, apresentam-se algumas contribuições visando ajustar o documento

orientativo (Leeuwestein, 2000), para que seja cobrir a região estuarina. As

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 144

contribuições são destacadas em negrito, sobre o texto original da referida

resolução.

Relatório técnico

Diagnóstico do uso e da ocupação do solo e do aproveitamento dos recursos

hídricos no estuário:

- Incluir a região estuarina na caracterização geral da bacia: descrever o comportamento hidrodinâmico da região e aspectos geomorfológicos. Considerar a unidade de planejamento que englobe toda a bacia, inclusive a região costeira adjacente, independente da unidade física.

- Aspectos jurídicos e institucionais: incluir o GERCO e demais instituições e legislações relacionadas a águas costeiras (Planos Estaduais e Nacional de Gerenciamento Costeiro).

- Aspectos socioeconômicos: idem ao da bacia hidrográfica aplicado à região

estuarina.

- Uso e ocupação atual do solo: sobrepor cartas temáticas a fim de conhecer o ambiente e representar o diagnóstico sócio-ambiental da região. A partir dos temas que melhor representam os aspectos mais vulneráveis ao uso do

território, como UC’s, propor carta síntese de Zoneamento Ecológico Econômico, caso não exista (FEPAM, 2000).

- Identificação de áreas reguladas por legislação específica e das áreas em processo

de degradação: mapear as UC’s existentes e os decretos de criação das mesmas e

áreas ameaçadas ou degradadas por atividades antrópicas.

- Usos, disponibilidade e demanda atual de águas:

- identificar os usos atuais, consuntivos e não consuntivos (maricultura),

considerando-se a localização dos usos de água, a existência de estações de

qualidade de água, os cursos d’água afluentes, lançamentos considerados

significativos;

- identificar disponibilidade atual das águas:

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 145

- demanda atual de águas: descrever e mapear os diversos usos

existentes, indicando pontos de captação e vazão captada.

- Identificação das fontes de poluição pontual e difusa atuais:

- Fontes urbanas de poluição: descrever a situação atual do sistema de

esgotamento doméstico da região estuarina e da região costeira adjacente;

descrever e mapear as estações que lancem efluente no estuário e na região costeira adjacente e os pontos de lançamento; indicar a carga total e após

tratamento, eficiência de tratamento, vazões de lançamento e impactos sobre os

recursos hídricos.

- Fontes industriais de poluição: descrever e mapear as estações que lancem efluente no estuário e na região costeira adjacente e os pontos de lançamento;

indicar a carga total e após tratamento, eficiência de tratamento, vazões de

lançamento e impactos sobre os recursos hídricos.

- Fontes agropecuárias de poluição: idem ao da bacia hidrográfica

- Outras fontes de poluição e degradação: idem ao da bacia hidrográfica.

- Estado atual dos corpos hídricos:

- Levantamento da qualidade da água: obter informações sobre a rede de

monitoramento da qualidade da água; descrever e mapear os laboratórios e postos

de monitoramento; avaliar a qualidade da amostragem e preservação das amostras;

avaliar a representatividade dos parâmetros monitorados e os métodos de análise;

utilizar modelos de simulação para avaliar a qualidade atual da água e os impactos das cargas pontuais e difusas utilizando parâmetros representativos

dos principais problemas de poluição.

Identificação da condição atual dos corpos de água e identificação de

desconformidades: como a região costeira é muito dinâmica, torna-se necessária a utilização de modelos de simulação a fim de avaliar a variação

espaço-temporal da qualidade da água e em quais condições hidrodinâmicas esta estará em desconformidade com a qualidade desejada, em função dos usos pretendidos.

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RELATÓRIO FINAL – CHAMADA PÚBLICA MCT/FINEP/CT-HIDRO-GRH – 01/2004 PROJETO DES-ÁGUA – FEST/GEARH/UFES 146

Prognóstico do uso e da ocupação do solo e do aproveitamento dos recursos

hídricos no estuário:

- Evolução da distribuição das populações e das atividades econômicas: na bacia

hidrográfica e zona estuarina, considerando a região costeira adjacente e os

usuários da água situados fora da bacia.

- Evolução de uso e ocupação do solo: idem ao da bacia hidrográfica.

- Políticas e projetos de desenvolvimento existentes e previstos: idem ao da bacia

hidrográfica.

- Evolução da disponibilidade e da demanda de água: estimar as vazões

necessárias para atender os usos previstos.

- Evolução das cargas poluidoras pontuais e difusas: utilizar os cálculos efetuados para as regiões contribuintes da zona estuarina, considerando também contribuições feitas especificamente no estuário.

- Evolução das condições de quantidade e qualidade dos corpos hídricos: por meio de modelos de simulação, avaliar os impactos da redução/aumento da quantidade de água afluente ao estuário devido à sazonalidade; utilizar cenários para representar os diversos eventos que ocorrem no estuário, a

saber: maré de quadratura e sizígia (enchente e vazante) em conjunto com a variação de carga afluente; simular diferentes condições de qualidade da água em função das restrições feitas a montante (Ledoux et al., 2005).

- Usos desejados de recursos hídricos, em relação às características específicas da

zona costeira: idem ao da bacia hidrográfica.

Elaboração da proposta de enquadramento: a fim de obter a integração entre a bacia hidrográfica e sua zona costeira, é imprescindível que não só a Agência de Bacia, mas também os órgãos de gestão costeira participem da elaboração da proposta e dos atos para aprovação da mesma (PAE, 2003).

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