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PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADE DE EXTENSÃO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: APRENDIZAGENS CONJUNTAS

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PROPOSIÇÃO DE ATIVIDADE DE EXTENSÃO NO

CAMPO DA EDUCAÇÃO INFANTIL: APRENDIZAGENS

CONJUNTAS

Raiane Loss Cardoso1; Waldirene D’Ávila Bernabé

2; Camila Helena Rodrigues

3; Ana

Paula Andrade4, Valdete Côco

5

Linha temática: 2: Extensão universitária e cidadania

RESUMO

Considerando o tripé ensino, pesquisa e extensão na configuração do Programa

PET, o presente estudo focaliza as aprendizagens vivenciadas pelas estudantes que

compõem o grupo Pet Conexões – Projeto Educação no processo de articulação de

projeto de extensão no campo da Educação Infantil - EI, com vistas a inserir-se no

cotidiano de um Centro Municipal de EI, mobilizando esforços para aproximação aos

universos infantis, através da proposição e aplicação de instrumento de anamnese.

Partindo dos referenciais ligados a Bakhtin e Certeau, destacamos aprendizagens

emergentes do movimento de articulação junto à comunidade educativa, com vistas ao

início do trabalho. Para destacar os saberes e aprendizados derivados desse encontro,

numa perspectiva exploratória, recorremos a registros de diário de campo, para

evidenciar as demandas presentes no processo de articulação junto as instâncias

públicas do campo da EI e as primeiras apropriações desse cenário na comunidade

envolvida. Os dados apontam a receptividade do campo à parceria, abrindo

possibilidades de interlocuções que, dialogando com os propósitos da extensão

universitária, geram aprendizagens compartilhadas.

Palavras–chave: Extensão, Educação Infantil, Formação

Instituição de Fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior - CAPES

1 vínculo institucional, acadêmico, bolsista, orientador, endereço de e-mail.

2 vínculo institucional, acadêmico, bolsista, orientador, endereço de e-mail.

3 vínculo institucional, acadêmico, bolsista, orientador, endereço de e-mail.

4 vínculo institucional, acadêmico, bolsista, orientador, endereço de e-mail.

5 Doutora em Educação pela Universidade Federal Fluminense – PPGE/FE/UFF. Professora do Centro de

educação, da Universidade Federal do Espírito – DLCE/PPGE/CE/UFES. Tutora do Grupo PET

Conexões: Projeto Educação. <[email protected]>.

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INTRODUÇÃO: O CONTEXTO DA ARTICULAÇÃO

A síntese da proposta informa que o projeto focaliza a temática das ações

educativas, mirando a EI articulada com a docência e os processos formativos,

articulado ao desenvolvimento do Programa de Educação Tutorial (PET) Conexões de

Saberes, especificamente do projeto Educação: periferias urbanas – UFES/2011, que

integra doze (11) graduandos dos cursos de Pedagogia, Artes e Educação Física. Na

articulação da extensão com o ensino e pesquisa, desenvolve atividades de formação em

parceira com o Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Primeiro Passo –

SEDU/Serra com vistas à troca de saberes sobre a docência, numa lógica de

contribuição na formação dos graduandos e, simultaneamente, de configurar uma ação

de apoio ao trabalho do CMEI, a saber, o delineamento conjunto e a aplicação do

instrumento de anamnese das crianças. Pautado na lógica da troca de saberes, está

estruturado a partir de três movimentos extensionista: a articulação para a realização do

trabalho junto ao cenário educativo, a construção conjunta de instrumento para a ação e

a execução do trabalho, com a inserção na instituição. Assim, nesse trabalho

focalizamos as aprendizagens do grupo derivadas do processo de articulação junto ao

campo da EI.

MATERIAL E MÉTODOS: REFERENCIAS QUE PAUTAM A ARTICULAÇÃO

Implicados com o conjunto do projeto, ancoramos nossa observação do

processo de articulação na premissa de que dar sentido ao vivido é um processo sempre

aberto e vinculado às interações estabelecidas (BAKHTIN, 1992, 1993 e 1997;

CERTEAU, 1993). Assim nossas aprendizagens do campo da EI dialogam com os

atores do CMEI, com a equipe de EI da Secretaria que orienta o trabalho, com as

políticas públicas pautadas pelo município e por todo o contexto social que atua na

produção de sentidos e significações no trabalho com as crianças pequenas. Nessa

perspectiva, a idéia de parceria se constitui desde o delineamento do projeto,

desenvolvendo um processo de articulação com a dinâmica institucional da EI pública,

até a sua execução, com a imersão no cotidiano do CMEI.

No movimento de articulação para a realização do trabalho o grupo

mobilizou esforços em direção ao “auditório” desejado, com vistas a mobilizar um

diálogo com o outro no sentido de convite à ação conjunta. Para tanto realizou contatos

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com a Secretaria Municipal de Educação buscando autorização para aproximação à

equipe de EI. Com a autorização, realizou reunião conjunta com a equipe apresentando

o projeto PET com o propósito da extensão, com vistas a buscar a indicação de um

CMEI. Com a indicação do CMEI, realizou contatos e visitas com vistas à configurar

solidariamente ação conjunta. Todo esse processo se sustenta na observação dos

propósitos formativos do PET Conexões e no estudo da proposta curricular do

município e do Projeto Político Pedagógico - PPP do CMEI. Para explorar os saberes e

aprendizados derivados desse encontro, numa perspectiva exploratória, recorremos a

registros de diário de campo, para evidenciar as demandas presentes no processo de

articulação junto as instâncias públicas do campo da EI e as primeiras apropriações

desse cenário na comunidade envolvida.

RESULTADOS E DISCUSSÕES: APRENDIZAGENS DO ENCONTRO COM O

CAMPO DA EI

Para chegarmos até aqui já passamos por um processo de realização de diversas

atividades, entre elas estudos e pesquisas na área da EI, configurando uma proposição inicial

para articulação entre a comunidade. Sabíamos que precisávamos ter o que dizer/oferecer, uma

proposição articuladora do grupo, mas que também precisaríamos estar abertos à proposições do

contexto. Esse processo se deu de forma processual no interior do grupo

À medida que ela [a tutora] falava sobre esse trabalho [a extensão], fui

imaginando e criando muitas expectativas [...]. Percebi também que todos os

presentes na reunião gostaram muito das propostas.

(L.C.S 14 de Marcio de 2011.)

A medida da sedimentação da proposta no grupo, a etapa de busca dos interlocutores

externos gera ansiedade e receio. A idéia de parceria implica o encontro com o outro, um espaço

em aberto que revela tanto potência como responsabilidade, uma vez que a forma de

encaminhar o processo tem implicações no resultado de adesão ou recusa. O primeiro contato

com a Equipe de EI do município foi agendado como uma reunião, integrando a tutora, as

integrantes do PET Conexões Educação e a equipe, obviamente. Tudo foi planejado com

antecedência, com bastante entusiasmo e dedicação do grupo.

Hoje, posso dizer que estou um tanto apreensiva, pois temos que organizar a

reunião com a equipe da Serra, o que requer bastante responsabilidade e

calmaria. Estou torcendo para que tudo caminhe bem.

(R. N. 30 de Março de 2011)

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Com a reunião, o temor se desfez e primeiro aprendizado se destacou, emergiu

uma observação de como o campo estava aberto à parceria, de como a troca parecia se

anunciar:

Para minha surpresa elas [as representantes da equipe de Educação Infantil

do município da Serra] disseram que ficaram muito felizes em abrir esse

espaço [o Centro municipal de educação infantil] para a elaboração das

nossas pesquisas. Achei também muito correto o fato da nossa tutora ter dito

que nenhuma escola deve se sentir obrigada a nos receber e que não estamos

desenvolvendo essa extensão para “consertar a escola”, mas sim para

contribuir.

(L. C. S 04 de Abril de 2011.)

Estabelecidos os primeiros elos, partimos para o estudo do material orientador do

trabalho do CMEI, que foi nos indicado. Tínhamos duas tarefas a fazer: conhecer o

material do CMEI e buscá-lo para o convite à parceria. Aqui a indicação era apenas a

porta de entrada obedecendo as hierarquias institucionais. Assim, realizamos a análise

do estudo documental do material que sustenta o trabalho da instituição (Diretrizes

curriculares do Município e Projeto Político Pedagógico da Instituição de

Educação Infantil). Esse trabalho mobilizou no grupo a compreensão do seu caráter

multidisciplinar, áreas afins que podem dialogar tendo como eixo o trabalho no campo

da EI:

Hoje houve discussão das diretrizes, levantamos algumas situações e opiniões

sobre cada área de estudo, visando uma maior aproximação do grupo. Foi

bem interessante, podemos evidenciar a base curricular dos cursos envolvidos

com a educação infantil e retratar um pouco mais sobre a origem e o foco dos

nossos cursos de graduação.

(R. N 15 de Abril de 2011)

O estudo também foi gerando novas vinculações com o campo da EI permitindo

aperceber-se de detalhes, novos conhecimentos, dúvidas...

Ao retomar os documentos da escola, em especial o Regimento, destacamos

idéias muito legais, que nos provocou diversos temas de discussão. Um ponto

foi o Art. 13 desse regimento (que fala do uso remédios na escola caso a

criança esteja em tratamento); e o outro Art. 31 desse mesmo documento que

trata da matricula de gêmeos, trigêmeos... nas instituições de educação

infantil, nesse ultimo tema não encontrei uma respostas que esclarecesse

minha dúvida, no entanto provocamos uma discussão bem interessante nesse

sentido, usando de exemplos e casos de ilustração e reflexão.

(K. K. A 04 de Agosto de 2011)

Simultaneamente, ao estudo empreendemos esforços nos contatos com o CMEI.

Reiteramos a idéia de receptividade, uma vez que os retornos se efetivaram e se

mobilizaram para espraiar a proposta no conjunto da instituição. Aqui observamos a

complexidade do trabalho institucional, que gera várias demandas emergenciais aos

profissionais, requerendo uma abertura e flexibilidade para o estabelecimento de

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agendas. Assim, efetivamos nosso primeiro de articulação na instituição, e nos

arredores:

Enquanto aguardávamos a tutora, ficamos do lado de fora, andando pelas

ruas, conhecendo um pouco da região, a configuração dos arredores, o espaço

físico do CMEI, além de fotografar nossa presença. [...] Quando nos

encaminhamos ao interior da instituição, vimos o pátio, passamos em meio às

crianças que ainda faziam sua alimentação. [...] Saímos de lá, com uma

positividade quanto à aceitação, já que nosso projeto inicial assemelhávasse

com o intuito da instituição. (R.N 04 de julho de 2011)

Com as premissas estabelecidas nesse contato articulador, sistematizamos a primeira

versão do projeto de extensão (CÔCO et al.), numa perspectiva de parceria e trabalho

compartilhado. Assim, a autoria está se efetivando de forma conjunta. Também

encaminhamos nossa ambientação no CMEI

No primeiro momento ficamos observando o lanche das crianças, logo depois

fomos para a sala dos professores, nesse momento compartilhamos idéias

sobre os documentos do CMEI e chamamos atenção para as práticas

observadas fazendo conexão com os momentos já vividos por nós, tanto

como estudantes, tanto como educadoras.

(K. K. A 04 de Agosto de 2011)

Temos o desafio de construir nossa aceitação junto a comunidade educativa,

especialmente, junto às crianças que agora passam a nos conhecer. Da possibilidade

dessa parceria poder derivar o desenvolvimento de atividades de formação com vistas à

troca de saberes sobre a docência, numa lógica de contribuição na formação dos

petianos conexistas vinculados ao projeto educação e, simultaneamente, de configurar

uma ação de contribuição com o trabalho do CMEI, produzindo conjuntamente e

realizando a aplicação da anamnese das crianças. Assim, construímos nossas análises a

partir de um trabalho em processo, que se encaminha com múltiplas vozes de vários

personagens que dialogam. Com isso outras análises podem ser efetuadas e destacamos,

somos apenas alguns dos autores que se integram nessa rede dialógica desse fazer

vinculado à extensão (BAKHTIN, 2005, p. 207). Portanto, o trabalho continua com os

movimentos de construção conjunta do instrumento para a ação e a execução do

trabalho. Desejamos que com esse projeto, outras vozes ganhem potência, penetrando

nos espaços acadêmicos de reconhecimento e prestígio, dando visibilidade ao trabalho

no campo da EI.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Secretaria Municipal de Educação do Município de Serra,

Espírito Santo, à equipe de Educação Infantil e especialmente, a todos os profissionais e

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as crianças do CMEI Primeiro Passo, que tem acolhido nossa proposta de extensão e,

com isso, oportunizado nosso aprendizado no campo da Educação Infantil.

REFERENCIAS

CÔCO, V. [et al]. Educação Infantil. O trabalho docente no encontro com as crianças.

Projeto de extensão. Vitória, Espírito Santo: UFES, 2011 (circulação restrita).

BAKHTIN, M. M. Problemas da Poética de Dostoiévski. Rio de Janeiro: Forense

Universitária, 2005.

BAKHTIN, M. M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

BAKHTIN, M. M. Toward a Philosophy of the Act. Austin: University of Texas Press,

1993 (tradução para uso didático e acadêmico de Carlos Alberto Faraco e Cristóvão

Tezza, circulação restrita).