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A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Black bloc a nova incógnita dos protestos no Brasil. Apresente proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Entenda o que é o ativismo 'Black Bloc' presente nas manifestações Adeptos da estratégia anarquista Black Bloc (bloco negro) estiveram em diversos atos pelo Brasil na recente onda de protestos. Os grupos se caracterizam por usar roupas e máscaras negras cobrindo o rosto, para dificultar a identificação por parte de autoridades. O vestuário também cria uma sensação de conjunto e união entre si. A ideologia Black Bloc se baseia no questionamento da "ordem vigente". Eles se manifestam contra o capitalismo e à globalização. Suas ações promovem o dano material a fachadas de empresas multinacionais e vidraças de bancos, por exemplo. Por esse motivo são geralmente associados à violência e depredação. Acabam, na maioria das vezes, entrando em confronto com a polícia. O ativismo Black Bloc tem origem na Alemanha, na década de 1970, e seguidores em diversos países. Não é, entretanto, um movimento de organização única. Em uma mesma manifestação, por exemplo, pode haver grupos distintos, com organização e táticas diferentes. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1309858-entenda-o- que-e-o-ativismo-black-bloc-presente-nas-manifestacoes.shtml Por trás das burcas Ruy Castro – Folha de São Paulo RIO DE JANEIRO - Há três meses, quando me falaram dos "black blocs", achei que eram uma nova versão do extinto grupo New Kids on the Block. Hoje, ninguém faria essa confusão. De tanto vê-los na TV ou nos jornais, atacando vidraças, carros e orelhões, ou atirando bombas na polícia, sabemos que são um grupo anarquista. E, como tal, dedicado a combater o Estado, a autoridade, a hierarquia e qualquer ideia de ordem. Apesar disso, reina entre eles uma certa ordem: todos usam máscara e se vestem de preto de alto a baixo. É normal, não querem ser identificados. O que leva à pergunta: por trás do aparato quase militar com que se cobrem, quem são? É um fenômeno ainda a ser estudado. Eles parecem jovens, mas quão jovens? Estarão na faixa dos 20 ou dos 30 anos? Dão-se bem com os pais? Estes sabem de suas atividades? Ou nem desconfiam, já que seus filhos são bons meninos no lar e só assumem suas identidades secretas na rua? Ainda moram com a família ou já saíram de casa? Se for este o caso, têm emprego fixo ou algum rendimento? Sustentam-se sozinhos? Estudam? Fazem os trabalhos, prestam exames, passam de ano? Falam de política com os professores? Em quem votaram nas últimas eleições? E, se votaram, ainda se lembram em quem votaram? Bebem, fumam, usam alguma droga? Têm namorada ou apenas "ficam" com as amigas? Vão ao cinema? Jogam pelada na praia? Gostam de futebol, torcem por algum time, vão aos estádios? E, nestes, são tão incisivos quanto nas ruas? Quais são seus anarquistas favoritos? O jornalista inglês William Godwin (1756-1836)? O filósofo francês Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865)? O ativista italiano Errico Malatesta (1853- 1932)? O anarquismo clássico pode ser de extrema esquerda ou de extrema direita. Qual deles estará por trás das burcas com que os nossos anarquistas se vestem? http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2013/08/1321567-por- tras-das- burcas.shtml?FOLHA_KEY_1=6d13eef7f522f2ade55209a27d19a4e1&FOLH A_KEY_2=9a8879811147308a46500db1399d09bd Eles não vieram com flores nas mãos. Os primeiros black blocs a surgir nas ruas brasileiras já chegaram de máscara e marreta em punho. Quebraram lojas, incendiaram ônibus e invadiram prédios públicos em badernas no Rio, em São Paulo e em outras 22 capitais. Mesmo assim, receberam olhares benevolentes de políticos ("Vários movimentos têm vários métodos distintos. Eu não sou juiz para ficar avaliando os métodos em si", disse o deputado Marcelo Freixo, do PSOL) e francamente deslumbrados de alguns artistas ("Embora é linda. O anarquismo é lindo", escreveu Caetano Veloso a propósito de uma black bloc, pouco antes de posar fantasiado de mascarado). Um PROPOSTA DE REDAÇÃO Profª Rosa Data: ___/___/_____ TEXTO MOTIVADOR TEXTO MOTIVADOR TEXTO MOTIVADOR TEXTO MOTIVADOR

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  • A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com

    base nos conhecimentos construdos ao longo de sua

    formao, redija texto dissertativo-argumentativo em norma

    padro da lngua portuguesa sobre o tema Black bloc a nova

    incgnita dos protestos no Brasil. Apresente proposta de

    interveno, que respeite os direitos humanos. Selecione,

    organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos

    e fatos para defesa de seu ponto de vista.

    Entenda o que o ativismo 'Black Bloc' presente nas manifestaes Adeptos da estratgia anarquista Black Bloc (bloco negro) estiveram em diversos atos pelo Brasil na recente onda de protestos. Os grupos se caracterizam por usar roupas e mscaras negras cobrindo o rosto, para dificultar a identificao por parte de autoridades. O vesturio tambm cria uma sensao de conjunto e unio entre si. A ideologia Black Bloc se baseia no questionamento da "ordem vigente". Eles se manifestam contra o capitalismo e globalizao. Suas aes promovem o dano material a fachadas de empresas multinacionais e vidraas de bancos, por exemplo. Por esse motivo so geralmente associados violncia e depredao. Acabam, na maioria das vezes, entrando em confronto com a polcia. O ativismo Black Bloc tem origem na Alemanha, na dcada de 1970, e seguidores em diversos pases. No , entretanto, um movimento de organizao nica. Em uma mesma manifestao, por exemplo, pode haver grupos distintos, com organizao e tticas diferentes.

    http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1309858-entenda-o-que-e-o-ativismo-black-bloc-presente-nas-manifestacoes.shtml

    Por trs das burcas Ruy Castro Folha de So Paulo RIO DE JANEIRO - H trs meses, quando me falaram dos "black blocs", achei que eram uma nova verso do

    extinto grupo New Kids on the Block. Hoje, ningum faria essa confuso. De tanto v-los na TV ou nos jornais, atacando vidraas, carros e orelhes, ou atirando bombas na polcia, sabemos que so um grupo anarquista. E, como tal, dedicado a combater o Estado, a autoridade, a hierarquia e qualquer ideia de ordem. Apesar disso, reina entre eles uma certa ordem: todos usam mscara e se vestem de preto de alto a baixo. normal, no querem ser identificados. O que leva pergunta: por trs do aparato quase militar com que se cobrem, quem so? um fenmeno ainda a ser estudado. Eles parecem jovens, mas quo jovens? Estaro na faixa dos 20 ou dos 30 anos? Do-se bem com os pais? Estes sabem de suas atividades? Ou nem desconfiam, j que seus filhos so bons meninos no lar e s assumem suas identidades secretas na rua? Ainda moram com a famlia ou j saram de casa? Se for este o caso, tm emprego fixo ou algum rendimento? Sustentam-se sozinhos? Estudam? Fazem os trabalhos, prestam exames, passam de ano? Falam de poltica com os professores? Em quem votaram nas ltimas eleies? E, se votaram, ainda se lembram em quem votaram? Bebem, fumam, usam alguma droga? Tm namorada ou apenas "ficam" com as amigas? Vo ao cinema? Jogam pelada na praia? Gostam de futebol, torcem por algum time, vo aos estdios? E, nestes, so to incisivos quanto nas ruas? Quais so seus anarquistas favoritos? O jornalista ingls William Godwin (1756-1836)? O filsofo francs Pierre-Joseph Proudhon (1809-1865)? O ativista italiano Errico Malatesta (1853-1932)? O anarquismo clssico pode ser de extrema esquerda ou

    de extrema direita. Qual deles estar por trs das burcas com que os nossos anarquistas se vestem?

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ruycastro/2013/08/1321567-por-tras-das-

    burcas.shtml?FOLHA_KEY_1=6d13eef7f522f2ade55209a27d19a4e1&FOLHA_KEY_2=9a8879811147308a46500db1399d09bd

    Eles no vieram com flores nas mos. Os primeiros black blocs a surgir nas ruas brasileiras j chegaram de mscara e marreta em punho. Quebraram lojas, incendiaram nibus e invadiram prdios pblicos em badernas no Rio, em So Paulo e em outras 22 capitais. Mesmo assim, receberam olhares benevolentes de polticos ("Vrios movimentos tm vrios mtodos

    distintos. Eu no sou juiz para ficar avaliando os mtodos em si", disse

    o deputado Marcelo Freixo, do PSOL) e francamente deslumbrados de alguns artistas ("Embora linda. O anarquismo lindo", escreveu Caetano Veloso a propsito de uma

    black bloc, pouco antes de posar fantasiado de mascarado). Um

    PROPOSTA DE REDAO Prof Rosa Data: ___/___/_____

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  • professor da Fundao Getlio Vargas, de So Paulo, chegou a escrever que os black blocs "usavam a estratgia da violncia" porque eram vtimas da violncia cotidiana praticada pelo Estado: A polcia e as leis brasileiras fizeram a sua parte para piorar a situao. Nove meses aps o incio da baderna e dezenas de arruaas depois, h apenas um black block preso no Rio. Em So Paulo, nenhum. Na semana passada, a lenincia e a impunidade cobraram seu preo: o cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos, morreu em consequncia de um rojo que, disparado por um mascarado, o atingiu em cheio quando trabalhava. Com a tragdia, a mascara "libertria" dos black blocs caiu para revelar o rosto soturno de um grupo que, ao aliar inconsequncia a violncia e uso de armas letais, se equipara a terroristas. Trs personagens foram fundamentais para revelar a face mais sinistra dos black blocs: Fbio Raposo, o Fox, que carregou o rojo que atingiu o cinegrafista; Caio Silva de Souza, o Dik, que levou o artefato at perto da vtima; e Elisa Quadros, a Sininho, "Militante ativista" (a definio dela) que surgiu do nada para oferecer "assessoria jurdica" aos dois acusados e no parou mais de aparecer. Raposo e Souza, que se entregaram e esto presos, so pees do movimento, integrantes da tropa de choque do quebra-quebra. J Sininho, 28 anos, estudante de cinema (j h seis anos) e atualmente desempregada, d elite que decide e d ordens. Sininho faz a ponte entre os black blocs e a parcela da classe poltica que nutre simpatia pelo grupo. Dela, constam, por exemplo, os vereadores Renato Cinco e Jefferson Moura, ambos do PSOL. Eles aparecem numa planilha que circulou em grupos fechados na internet revelada pelo site de VEJA, com os nomes de pessoas que, a pedido de Sininho, patrocinaram um "evento cultural" que ela ajudou a organizar em dezembro passado. Eles deram dinheiro, sim, e no foi nenhum segredo. Doaram como civis, e no polticos", postou ela em janeiro, reagindo as criticas de integrantes do grupo cuja alegada inspirao anarquista no permite engajamentos partidrios. Sininho diz que no gosta de polticos e polticos dizem que no apoiam a violncia dos black blocs, mas as duas partes parecem se dar muito bem. A Cmara de Vereadores um ambiente familiar para Sininho. Quando comeou a minguar o movimento Ocupa Cabral, em que manifestantes permaneceram dois meses acampados diante da casa do governador do Rio, ela sugeriu a ocupao das escadarias da Cmara. Ficou l por 52 dias. Gacha, filha de petistas com quem no se d ("Continuam no PT, pois devem acreditar que tem esperana, mas eu no tenho nada a ver com a deciso deles"), at o meio do ano passado fazia trabalhos espordicos em uma produtora de vdeos. (...) Em junho, depois da primeira passeata, no saiu mais da rua e foi subindo na hierarquia dos "militantes ativistas". Com tempo de sobra, esteve na linha de frente de quase todos os protestos. Ficou famosa e mais ainda depois de ter sido detida por trs dias (na investigao que se seguiu, livrou-se do grampo certo com um expediente simples: deu polcia um nmero falso de telefone). Articulada, gosta de mandar em passeatas, vista apontando a direo a ser tomada pelos mascarados e de alardear amizade com quem julga poderoso, como o

    deputado Marcelo Freixo, do PSOL. Freixo minimiza os laos. Afirma ter se encontrado com Elisa apenas duas vezes, na condio de presidente da Comisso de Direitos Humanos, por iniciativa dela. Mas comentrios nas redes sociais no deixam dvida: black blocs e PSOL so mais do que bons amigos. uma ONG presidida por um alto funcionrio do gabinete de Freixo, Thiago de Souza Melo, que Elisa e outros apelam quando algum vai preso ou sofre ameaa. A organizao composta de advogados que ficam a postos, nas ruas e em delegacias, para ajudar manifestantes detidos em confrontos de rua. Em So Paulo, quem faz esse papel so os advogados da CSP-Conlutas, entidade sindical ligada ao PSTU. Integrantes dos dois partidos costumam estar presentes em assembleias do bando, geralmente sob ataque de black blocs de inclinao purista, contrrios aliana com polticos. Freixo foi justamente o nome que Elisa brandiu quando contatou o advogado Jonas Tadeu Nunes para oferecer assessoria jurdica a Raposo, que se apresentou polcia dois dias depois de Andrade ser atingido por um rojo. O advogado foi o primeiro a falar sobre o pagamento para promover quebra-quebras que os baderneiros receberiam de grupos, que ele no identificou. Coisa de "150, 200 reais". Caio Souza confirmou, tanto a Nunes quanto a polcia, ter recebido propostas nesse sentido. Mais: diz ter visto a distribuio de quentinhas aos acampados na Cmara e de pedras e outros "apetrechos" aos mascarados na rua. O advogado Nunes que diz no receber nenhum tosto dos dois clientes, aos quais teria sido levado por um estagirio amigo de Raposo tergiversa quando arguido sobre detalhes. Afirmou que, na manifestao, a turma da baderna recebe munio de "Kombis cheias de rojes, cheias de mscaras". E quem financia tudo isso? Polticos? Algum partido? "No sei. A polcia tem de investigar", escorregou Souza. O principal responsvel pela morte de Andrade mora com o pai em uma casa simples em Nilpolis, na regio metropolitana do Rio. No dia seguinte manifestao, 6 de janeiro, ele vendeu um celular, pagou o aluguel, pegou a correspondncia e sumiu. Nunes conseguiu contat-lo cm um nibus a caminho da casa dos avs em Ipu, no Cear, e o convenceu a se entregar. Antes do crime, Souza era porteiro num hospital onde o pai enfermeiro. Evanglico, f de skate, descrito coma calmo e calado, s mostra os dentes nos protestos de rua, aonde vai movido por convices pouco claras. J Raposo, o fornecedor do rojo, bem mais conhecido no meio. Carioca, 22 anos, abandonou o curso de contabilidade para ser tatuador e mora sozinho em um apartamento no Mier, Zona Norte carioca (no play-ground, pichou: "dio a polcia! Viva a manifestao!"). Em vdeo, visto portando o rojo enquanto caminha ao lado de Souza que, em certo momento, pega o artefato aceso e o coloca no cho, a poucos metros do cinegrafista. Ele diz que mirou na polcia e s queria "fazer barulho". Na semana passada, o secretario de Segurana Pblica do Rio de Janeiro, Jos Mariano Beltrame, encaminhou ao Senado uma proposta de mudana na legislao que, se aprovada, atender as reclamaes da polcia, que afirma no ter meios legais para manter presos os black blocs flagrados em ao. As principais medidas so: proibir o uso de mscaras em manifestaes, como j lei no Rio e em

  • Pernambuco, e vetar o porte de objetos que possam ser usados para ferir, como rojes ou canivetes. Quem for pego desrespeitando essas regras ser levado delegacia. Os reincidentes teriam de pagar multa e ficariam banidos de eventos pblicos por no mnimo 120 dias. A medida bem-vista por especialistas. Afirma o coronel reformado da Polcia Militar Jos Vicente da Silva: "A proposta facilita a punio. E melhor ter uma pena branda, mas de efeito imediato do que uma durssima que nunca ser posta em pratica". Para o cinegrafista morto e sua famlia, no entanto, as medidas chegam tarde demais. Que a tragdia sirva para lembrar que os black blocs no so uma causa a ser defendida, mas um bando a ser combatido. E que a violncia que praticam no tem nada de "simblica". Mata.

    (Revista Veja, 19 de fevereiro de 2014)

    A violncia destri o que pretende construir, alertou o papa Joo Paulo II na fala dedicada aos jovens durante sua primeira visita ao Brasil, em 1980. Os brasileiros viviam a fase final do regime militar e os ares das liberdades democrticas comeavam a ser sentidos mais fortemente, em especial pelas constantes convocaes de greves, que, no raro, resultavam em confronto com a polcia, pancadaria e quebra-quebra nas ruas. Do ponto de vista religioso, e a despeito de todas as guerras e injustias cometidas em nome de Deus, a violncia s destri. Mas a perspectiva religiosa, embora da major importncia na formao da conscincia humanstica no Ocidente, no pode nem deve ser dominante em todas as instancias da vida em sociedade. No campo da tica e da poltica, a violncia aceita e ate incentivada em situaes-limite. A mais clssica dessas situaes aquela em que os povos lutam por sua liberdade. Desde a bblica retirada do povo hebreu do Egito, a histrica Joana d'Arc ou a guerra contra o nazismo no sculo passado, concede-se aos libertadores o direito de recorrer a mtodos violentos contra a tirania opressora. o que se v agora em graus diferentes na Ucrnia e na vizinha Venezuela. Os militantes que esto nas ruas apanhando e sendo mortos pelas foras de represso naqueles dois pases tem a seu favor o fato de erguerem barricadas para livrar-se de regimes falidos, injustos ou ditatoriais. So rebeldes secundados por amplo apoio popular. Eles representam foras polticas legitimas, libertarias e transformadoras. A violncia dos jovens venezuelanos e dos ucranianos visa a construir sociedades mais modernas e viveis. Eles so heris de um novo tempo. Que contraste gigantesco com os rebeldes sem causa que infernizam as ruas brasileiras, os black blocs. Esses vndalos se insurgem contra uma democracia, em um perodo de relativa abundncia, em que acha emprego quase todo aquele que quer trabalhar. Os black blocs brasileiros representam apenas a si mesmos e no empunham nenhuma bandeira reivindicatria discernvel. Para eles, aplica-se com o devido ajuste o alerta feito pelo papa Joo Paulo II; a violncia dos black blocs destri o que pretende destruir.

    (Revista Veja, 26 de fevereiro de 2014)

    Quem financia os carros cheios de fogos, mscaras e coquetis molotov so aqueles que querem afastar das ruas as multides que mostram a forma indigna como o povo tratado na sade, na educao e na sua segurana. So os mesmos que vem hipnotizando o povo com medidas populistas, engrandecendo o proletariado ignorante e se perpetuando no poder. A estratgia simples: Ns, cidados, somos contra as badernas, quebra-quebras e no vamos participar de movimentos que culminem com essas aes de vandalismo. Ento, para nos afastar das ruas, eles soltam suas tropas de choque de baderneiros. Com essas quadrilhas de mercenrios atuando, eles conseguem surripiar as justas aclamaes das multides, silenciando-as. Cipriano A. de Oliveira. Vila Velha, ES. Carta do leitor, Veja

    Jos Eduardo Cardozo: "Chega. hora de dar um basta" O ministro da Justia recebeu da presidente Dilma Rousseff a incumbncia de acabar com a violncia nas manifestaes. E diz: Temos de ser rpidos e precisos O ministro da Justia, Jos Eduardo Cardozo, o bombeiro-geral da Repblica. frente da Pasta h trs anos, desde o comeo do governo, Cardozo o homem convocado pela presidente Dilma Rousseff quando uma encrenca aparece em Braslia. Da caa a fugitivos da Justia, como o petista Henrique Pizzolato, a investigaes sobre cartel de trens. Recentemente, Cardozo recebeu de Dilma o que talvez seja sua mais difcil encrenca at agora: liderar Braslia e os governos estaduais num esforo para pr fim violncia que define os protestos em curso no pas e com urgncia. Nesta entrevista exclusiva a POCA, ele adianta as medidas que so preparadas para os prximos dias. POCA Qual a reao do senhor ao saber da morte do cinegrafista Santiago Andrade? Jos Eduardo Cardozo Fiquei bastante chocado, como acho que todos os brasileiros ficaram. Conquistamos a democracia e a liberdade de expresso no Brasil a duras penas. Muitas pessoas lutaram por isso. Foram presas, perderam suas vidas. Esse um valor muito caro para quem viveu o perodo da ditadura militar. De repente,

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  • pessoas usam a liberdade de manifestao de maneira injustificada, para depredar, atingir outras pessoas e, para completar, at para matar. difcil no ficar revoltado. por isso que, nesta hora, devemos refletir com muito cuidado e com muita racionalidade para que a emoo no nos leve a tomar medidas indesejveis, que no resolvam o problema, ou at que o piorem. Como governante e ministro da Justia, tenho de buscar a melhor alternativa, seja do ponto de vista de aes polticas, legislativas ou administrativas, para impedir que episdios assim se repitam. E que protestos com episdios de violncia, seja da polcia ou dos manifestantes, continuem ocorrendo. Chega. hora de dar um basta. POCA Como o governo contribuir para esse basta? Com a proximidade da Copa, ele se torna ainda mais urgente e necessrio. Cardozo Quanto Copa, os brasileiros e os estrangeiros que nos visitaro podem ficar tranquilos. Nosso plano de segurana muito bem feito. Partiu de uma premissa usada em todos os pases do mundo. Temos integrao com o Ministrio da Defesa, com diretrizes claras e respeito hierarquia. Centros de inteligncia concentraro as decises. As equipes, civis ou militares, esto em sintonia e em estado mximo de alerta. Isso me deixa seguro de que o plano de segurana absolutamente correto, avanado e tranquilizador. absolutamente natural que haja manifestaes na Copa. Mas tambm absolutamente natural que o Estado esteja presente nelas, para garantir tanto o livre direito manifestao quanto a ordem pblica. No permitiremos atos de vandalismo e violncia. POCA Como assegurar, na prtica, que as manifestaes ocorram sem violncia, por parte de black blocs ou abusos de fora policial? Cardozo Atuamos em vrias frentes. Uma delas diz respeito atuao policial. Em discusses com os secretrios de Segurana de So Paulo (Fernando Grella) e do Rio (Jos Mariano Beltrame), definimos um protocolo, uma espcie de regramento comum para a atuao das polcias nessas situaes. No s para a Copa: vai valer agora. Um regramento que diga quando se podem ou no usar certas armas. Que parta do princpio da proporcionalidade. A ao policial tem de ser proporcional quilo que exigido dela no pode ir alm nem ficar aqum. No se pode usar um meio mais rigoroso que o necessrio para resolver o problema. No h por que atirar bombas de gs ou balas de borracha em situaes que no exigem isso. S sero usadas em situaes extremas e para evitar o uso de armas letais. Esse regramento dar parmetro de atuao s tropas policiais brasileiras, que ainda esto perdidas em como lidar com as manifestaes. Permitir tambm que a sociedade saiba como a polcia pode ou no agir em cada situao. E cobrar punio por eventuais abusos ou falhas. POCA O que mais pode ser feito? Cardozo Melhorar nossas leis. Nosso Cdigo Penal de 1940. Os problemas atuais exigem uma atualizao de nossa legislao. H alguns anos, era impensvel que marginais se aproveitassem de manifestaes legtimas para praticar atos violentos. Seja com que finalidade fosse. O anonimato numa manifestao tambm no era uma questo. Tornou-se agora. A Constituio muito clara.

    Permite a liberdade de expresso, mas veda o anonimato. preciso regulamentar isso. No se pode recorrer ao anonimato para cometer crimes. Vrios pases do mundo, como Frana e Canad, tm leis sobre isso. Estamos buscando elementos nas experincias bem-sucedidas de outros pases e nas sugestes dos secretrios de Segurana Pblica. POCA Essas lacunas sero preenchidas por meio de um projeto de lei do Executivo? Cardozo Sim, pretendemos mandar um projeto ao Congresso em pouqussimos dias. Ele poder conter outras propostas. Avaliamos, por exemplo, fazer como em outros pases, em que a polcia tem a prerrogativa de deter um manifestante que esteja portando armas brancas, como paus ou pedras, ao menos at que o protesto se encerre. Haver tambm uma parte que tratar do agravamento de penas. Talvez seja correto aumentar a punio ao indivduo que, numa manifestao, deprede o patrimnio dos outros e, pior, fira ou mate pessoas. O que no podemos fazer neste momento, porm, cair no extremo oposto, no exagero. POCA Como trazer o terrorismo ao debate Cardozo Isso. Parece incorreto qualificar de terrorismo os crimes nas manifestaes. A Lei de Terrorismo necessria e est em discusso, mas no se aplica ao problema que enfrentamos. No podemos reagir passionalmente agora. POCA O senhor tem convico de que ter o apoio do Congresso para aprovar essas medidas? Cardozo Estamos buscando o dilogo para que isso acontea. Temos de ser rpidos e precisos. Com racionalidade na discusso, mas com pressa, porque o Brasil tem pressa. POCA Nas medidas em discusso para os prximos dias, haver propostas para garantir que os jornalistas possam fazer seu trabalho nessas manifestaes? Cardozo Os nmeros mostram que os jornalistas brasileiros trabalham sob um clima de perigo fsico inaceitvel. Jornalistas so assassinados no Brasil apenas por fazer seu trabalho. Esse lamentvel episdio com o cinegrafista da TV Bandeirantes mostra a gravidade da situao. Todos sabemos ou deveramos saber que a liberdade de imprensa fundamental para nossa democracia. inaceitvel que um jornalista seja tolhido ou ameaado no exerccio de sua funo, como tem sido o caso nas manifestaes. O Estado tem de garantir ao jornalista condies para que ele faa seu trabalho em segurana. Temos de ter uma poltica de Estado para isso. POCA Como o governo federal pode garantir a segurana dos jornalistas se, ao mesmo tempo, patrocina blogs e sites que, a pretexto de reforar a pluralidade de opinies, se dedicam a achincalhar jornalistas, procuradores, ministros do Supremo, polticos da oposio? No contraditrio financiar esse discurso do dio? Cardozo No entrarei em detalhes sobre esses patrocnios, mas posso registrar que a cultura da intolerncia algo muito forte na sociedade brasileira. Percebe-se que a circulao de informao na internet, ao mesmo tempo que permite o acesso a um sem-nmero de fatos e opinies, permite tambm a propagao do que voc chama de discurso do dio, da intolerncia e do desprezo em relao ao outro. Como lidar com isso? A

  • questo-chave a definio do limite. Num Estado constitucional, h limites para o poder e para os direitos das pessoas. Como disse Montesquieu, todo homem que tem poder tende a dele abusar. muito difcil, porm, precisar na internet o limite desse direito livre expresso. Dificilmente se consegue resolver isso por atos governamentais. POCA Proibir o anonimato de opinies na internet, como nos protestos, no seria uma opo em acordo com a Constituio? Afinal, os mascarados nas ruas tiram suas ideias de algum lugar, e no parece ser da leitura dos clssicos Cardozo O governo e a sociedade precisam enfrentar isso. Mas no podemos cair no erro de reagir de modo intolerante prpria intolerncia. Isso s leva polarizao, radicalizao e violncia. Precisamente o que muitos desses atores na internet desejam.

    (Revista poca)

    A violncia sempre terrvel, mesmo quando a causa justa.

    (Friedrich Schiller, escritor alemo (1759-1805)

    INSTRUES:

    O rascunho da redao deve ser feito no espao apropriado.

    O texto definitivo deve ser escrito tinta, na folha prpria, em at 30 linhas.

    A redao com at 7 (sete) linhas escritas ser considerada insuficiente e receber nota zero.

    A redao que fugir ao tema ou que no atender ao tipo dissertativo-argumentativo receber nota zero.

    A redao que apresentar proposta de interveno que desrespeite os direitos humanos receber nota zero.

    A redao que apresentar cpia dos textos da Proposta de Redao ou do Simulado ter o nmero de linhas copiadas desconsideradas para efeito de correo.

    IDEIAS E ARGUMENTOS IMPORTANTES PARA O TEXTO:

    TEXTO MOTIVADOR

    TEXTO MOTIVADOR

  • FOLHA DE REDAO

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

    NOTA (0 A 200) COMPETNCIAS EXIGIDAS

    I - Demonstrar domnio da norma padro da lngua escrita.

    II - Compreender a proposta de redao e aplicar conceitos das vrias reas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo.

    III - Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informaes, fatos, opinies e argumentos em defesa de um ponto de vista.

    IV - Demonstrar conhecimento dos mecanismos lingusticos necessrios para a construo da argumentao.

    V - Elaborar proposta de soluo para o problema abordado, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

    TOTAL: Obs.: