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PROPOSTA DE MODELO FINANCEIRO PARA EMPRESA AÉREA REGIONAL HÍBRIDA Lucas Di Luccio Geraldes Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Respicio Antonio do Espírito Santo Jr. José Henrique L. C. Dieguez Barreiro Rio de Janeiro Março de 2018

PROPOSTA DE MODELO FINANCEIRO PARA EMPRESA …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10024672.pdf · Espera-se obter como resultado ... consumers around the world like Amazon

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PROPOSTA DE MODELO FINANCEIRO PARA EMPRESA

AÉREA REGIONAL HÍBRIDA

Lucas Di Luccio Geraldes

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

parte dos requisitos necessários à obtenção do

título de Engenheiro.

Orientador:

Respicio Antonio do Espírito Santo Jr.

José Henrique L. C. Dieguez Barreiro

Rio de Janeiro

Março de 2018

PROPOSTA DE MODELO FINANCEIRO PARA EMPRESA AÉREA REGIONAL

HÍBRIDA

Lucas Di Luccio Geraldes

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO

RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A

OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

_______________________________________

Respicio Antonio do Espírito Santo Jr., D.Sc.

DET/Poli/UFRJ

_______________________________________

Giovani Manso Ávila, D.Sc.

DET/Poli/UFRJ

_______________________________________

Erivelton Pires Guedes, D.Sc.

IPEA/RJ

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

MARÇO DE 2018

Geraldes, Lucas Di Luccio

Proposta de Modelo Financeiro para Empresa Aérea Regional

Híbrida / Lucas Di Luccio Geraldes – Rio de Janeiro:

UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

xiii, 70 p.: 29,7 cm.

Orientadores: Respicio Antonio do Espirito Santo Jr. e

José Henrique L. C. Dieguez Barreiro

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Civil, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 75

1. Evolução e Desenvolvimento do Setor Aéreo

Brasileiro. 2. Metodologia de Avalição e suas Particularidades

no Transporte Aéreo. 3. Modelagem Financeira da Empresa

Aérea Regional Híbrida.

I. Espirito Santo Jr., Respicio A. II. Universidade Federal

do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia

Civil. III. Título.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à minha família, que com todo o suporte emocional e financeiro

me conduziram até este momento. Com eles aprendi que a base de tudo está no amor e carinho.

Em especial à minha mãe, Rosanna Menichelli Di Luccio por ser exemplo de caráter e

generosidade além de seu grande afeto que faz do meu caminho um lugar mais confortável, e

ao meu pai, Guilherme de Rezende Geraldes à quem tenho orgulho e admiração por tudo que é

e me faz ter coragem no enfrentamento de cada desafio.

Agradeço aos amigos que fiz durante o curso e que tornaram o dia a dia mais divertido.

E aos amigos do coração por estarem sempre presentes independente do momento.

Agradeço à minha namorada que é minha companheira há 7 anos e me faz ser uma

pessoa melhor a cada dia.

Agradeço, por último, ao meu orientador, Professor Respicio Antonio do Espírito Santo

Jr., que além dos ensinamentos durante a elaboração desse trabalho e do curso, sempre se

mostrou disponível e empenhado em ajudar em qualquer motivo que fosse. Um exemplo para

o corpo docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

PROPOSTA DE MODELO FINANCEIRO PARA EMPRESA AÉREA REGIONAL

HÍBRIDA

Lucas Di Luccio Geraldes

Março/2018

Orientadores: Respicio Antonio do Espírito Santo Jr. e José Henrique L. C. Dieguez Barreiro

Curso: Engenharia Civil

As regiões Sul e Sudeste brasileiras apresentam alta demanda de movimentação de pessoas e

cargas entre as capitais dos estados e algumas localidades no interior. Em paralelo, modelos de

negócio baseados em recorrência e assinatura têm surgido e sendo valorizados por

clientes/consumidores em todo o mundo (Amazon Prime, Netflix, Hulu, etc). O presente

trabalho propõe unir o atual modelo de comercialização/venda de passagens aéreas de uma

empresa regional com o modelo de assinatura. Para isto, um modelo financeiro que abarque

ambas as formas de venda e obtenção de receitas será proposto. Espera-se obter como resultado

uma contribuição – ainda que exploratória – para o setor aéreo brasileiro e para o interior do

país, em especial para os provedores de serviços aéreos domésticos em âmbito regional e

localidades.

Palavras–chave: Transporte Aéreo Regional, Modelo Financeiro, Modelos de Negócios.

Planejamento de Transportes.

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

PROPOSAL OF A FINANCIAL MODEL FOR A HYBRID REGIONAL AIR COMPANY

Lucas Di Luccio Geraldes

March/2018

Advisors: Respicio Antonio do Espírito Santo Jr. e José Henrique L. C. Dieguez Barreiro

Course: Civil Engineering

The South and Southeastern Brazilian regions present a high demand for people and cargo

movement between state capitals and some localities in the interior. At the same time, business

models based on recurrence revenue and signature club have emerged and are valued by

consumers around the world like Amazon Prime, Netflix, Hulu, etc. The present work proposes

to join the current model of air tickets sale of a regional company with the model of signature.

For this, a financial model covering both forms of sales and revenue generation will be

proposed. As a result, it is expected that a contribution - even if exploratory - will be made to

the Brazilian air sector and the interior of the country, especially for domestic air service

providers at regional and local levels.

Keywords: Regional Air Transport, Financial Model, Business Models, Transportation

Planning.

Sumário

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1

2. EVOLUÇÃO E DESENVOLVILMENTO DO SETOR AÉREO BRASILEIRO ......................... 3

2.1. BREVE HISTÓRICO DO SETOR ............................................................................................. 3

2.2. EVOLUÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES ECONÔMICOS E OPERACIONAIS DO

SETOR AÉREO BRASILEIRO ........................................................................................................... 11

2.2.1. INDICADORES OPERACIONAIS ..................................................................................... 11

2.2.2. INDICADORES ECONÔMICOS ........................................................................................ 16

2.3. PERSPECTIVAS PARA O SETOR ......................................................................................... 27

3. METODOLODIA DE AVALIAÇÃO E SUAS PARTICULARIDADES NO TRANSPORTE

AÉREO ................................................................................................................................................. 32

3.1. MODELO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO ............................................................. 32

3.1.1. ABORDAGEM DA RENDA: FLUXO DE CAIXA ............................................................ 32

3.1.2. TAXA DE DESCONTO ....................................................................................................... 34

3.1.3. VALOR DA EMPRESA ....................................................................................................... 36

3.2. PRINCIPAIS VARIÁVEIS APLICADAS NO MODELO FINANCEIRO DE UMA

EMPRESA AÉREA .............................................................................................................................. 37

3.2.1. PIB......................................................................................................................................... 37

3.2.2. COMBUSTÍVEL – QUEROSENE DE AVIAÇÃO ............................................................. 39

3.2.3. TAXA DE CÂMBIO ............................................................................................................ 41

3.2.3.1. DEMANDA ...................................................................................................................... 43

3.2.3.2. OFERTA ........................................................................................................................... 44

3.2.3.3. CONTAS FINANCEIRAS ............................................................................................... 44

3.2.3.4. IMPACTOS NO BALANÇO ............................................................................................ 46

4. MODELAGEM FINANCEIRA DA EMPRESA AÉREA REGIONAL HÍBRIDA .................... 47

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA .................................................................................... 47

4.2. PREMISSAS ............................................................................................................................. 48

4.2.1. MACROECONÔMICAS ...................................................................................................... 48

4.2.2. RECEITA .............................................................................................................................. 49

4.2.3. CUSTOS E DESPESAS........................................................................................................ 54

4.2.4. INVESTIMENTOS E DEPRECIAÇÃO............................................................................... 54

4.2.5. CAPITAL DE GIRO ............................................................................................................. 55

4.2.6. ESTRUTURA DE CAPITAL ............................................................................................... 55

4.2.7. TAXA DE DESCONTO ....................................................................................................... 56

4.2.8. TAXA DE CRESIMENTO NA PERPETUIDADE ............................................................. 57

4.3. FLUXO DE CAIXA DESCONTADO...................................................................................... 57

4.4. INDICADORES ........................................................................................................................ 61

4.4.1. ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE ......................................................................................... 61

4.4.2. TAXA INTERNA DE RETORNO ....................................................................................... 61

4.4.3. MARGEM OPERACIONAL ................................................................................................ 62

4.4.4. MARGEM LÍQUIDA ........................................................................................................... 62

4.4.5. RETORNO SOBRE PATRIMÔNIO LÍQUIDO .................................................................. 63

4.5. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ............................................................................................ 63

5. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 66

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 68

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Evolução do número de passageiros pagos 2000 a 2016. ................................................... 12

Gráfico 2 – Evolução Passageiros-quilômetros pagos transportados 2000 a 2016 ............................... 13

Gráfico 3 – Evolução carga e correio transportados 2000 a 2016. ........................................................ 14

Gráfico 4 - Evolução da quantidade de voos – mercados doméstico e internacional, 2007 a 2016 ...... 14

Gráfico 5 - Variação da quantidade de voos com relação ao ano anterior – mercados doméstico e

internacional, 2007 a 2016 .................................................................................................................... 15

Gráfico 6 - Evolução Assentos-quilômetros ofertados 2000 a 2016 ..................................................... 15

Gráfico 7 – Evolução da Taxa de aproveitamento das aeronaves 2000 a 2016. ................................... 16

Gráfico 8 - Evolução da Tarifa Aérea Média Doméstica Real, 2007 a 2016 ........................................ 17

Gráfico 9 - Variação da Tarifa Aérea Média Doméstica Real com relação ao ano anterior, 2007 a 2016

............................................................................................................................................................... 17

Gráfico 10 - Evolução do Yield Tarifa Aérea Médio Doméstico Real, 2007 a 2016 ........................... 18

Gráfico 11 - Variação do Yield Tarifa Aérea Médio Doméstico Real com relação ao ano anterior, 2007

a 2016 .................................................................................................................................................... 18

Gráfico 12 - Distribuição percentual de assentos comercializados por intervalo de Tarifa Aérea

Doméstica Real, 2007 e 2016 ................................................................................................................ 19

Gráfico 13 - Receita de Serviços Aéreos Públicos da indústria, 2009 a 2016 ...................................... 20

Gráfico 14 - Evolução da composição da Receita de Voo por tipo de receita, 2009 a 2016 ................ 20

Gráfico 15 - Evolução dos custos e despesas de voo da indústria, 2009 a 2016 ................................... 21

Gráfico 16 - Evolução da composição das despesas e dos custos de voo – por tipo, 2015 a 2016 ....... 22

Gráfico 17 - Resultado Líquido da indústria, 2009 a 2016 ................................................................... 23

Gráfico 18 - Margem Bruta da indústria, 2009 a 2016 ......................................................................... 23

Gráfico 19 - EBIT da indústria, 2009 a 2016 ........................................................................................ 24

Gráfico 20 - Margem EBIT da indústria, 2009 a 2016 ......................................................................... 24

Gráfico 21 - Margem Líquida da indústria, 2009 a 2016 ...................................................................... 25

Gráfico 22 - RASK (R$/ASK) da indústria, 2009 a 2016 ..................................................................... 25

Gráfico 23 - CASK (R$/ASK) da indústria, 2009 a 2016 ..................................................................... 26

Gráfico 24 - RASK Passagem Aérea (R$/ASK) da indústria, 2009 a 2016 .......................................... 26

Gráfico 25 - RATK (R$/ATK) da indústria, 2009 a 2016 .................................................................... 27

Gráfico 26 - CATK (R$/ATK) da indústria, 2009 a 2016 .................................................................... 27

Gráfico 27 - Demanda de passageiros nos aeroportos brasileiros oriundos de voos regulares e não

regulares estimada ................................................................................................................................. 28

Gráfico 28 - Demanda de carga aérea no Brasil: observado (2004-2016) e projetado (2017-2037) ..... 30

Gráfico 29 - Participação relativa do tipo de movimentação de cargas aéreas: observado (2015) e

projetado (2037). ................................................................................................................................... 31

Gráfico 30 – Variação da Receita do Setor Aéreo x Variação do PIB .................................................. 38

Índice de Figuras

Figura 1 – Fluxo de Caixa Descontado ................................................................................................. 33

Figura 2 – Fluxo de Caixa Líquido ....................................................................................................... 34

Figura 3 - Custos da Estrutura de Capital da Empresa .......................................................................... 35

Figura 4 – Custo de Capital Próprio ...................................................................................................... 36

Figura 5 – Taxa de Desconto................................................................................................................. 36

Figura 6 – Resumo esquemático da metodologia do Fluxo de Caixa Descontado................................ 37

Figura 7 - Preço do combustível de aviação (em US$ por galão, em fevereiro de 2014) ..................... 40

Figura 8 - Alíquotas praticadas de ICMS incidente sobre o QAV, Brasil - 2014 ................................. 41

Figura 9 - Variação percentual das taxas de câmbio vs. Dólar desde o início de 2014......................... 42

Figura 10 - Impactos das flutuações cambiais nas companhias aéreas ................................................. 43

Figura 11 – Desempenho financeiro operacional x Variação na Taxa de Câmbio ............................... 45

Figura 12 – Projeções Macroeconômicas .............................................................................................. 49

Figura 13 – Variáveis da Receita .......................................................................................................... 53

Figura 14 – Cálculo do WACC ............................................................................................................. 58

Figura 15 – DRE Projetado da Empresa ............................................................................................... 59

Figura 16 – Fluxo de Caixa dos Ativos, VPL e TIR ............................................................................. 60

Figura 17 – Cenário Otimista ................................................................................................................ 64

Figura 18 – VPL, Índice de Lucratividade e TIR .................................................................................. 64

Figura 19 – Cenário Pessimista ............................................................................................................. 65

Figura 20 - VPL, Índice de Lucratividade e TIR .................................................................................. 65

1

1. INTRODUÇÃO

Desde sua criação, o transporte aéreo evoluiu em ritmo acelerado, reduzindo o tempo

de deslocamento e estimulando o desenvolvimento econômico das regiões integradas à sua rede

de atuação. Suas características intrínsecas de velocidade, segurança e autonomia para percorrer

espaços contribuíram para a disseminação do seu uso para a movimentação de cargas e pessoas.

O serviço prestado pode ser o transporte de passageiros, cargas ou mala postal, regular

ou não, doméstico ou internacional. Nesse mercado, dois agentes merecem destaque: as

empresas aéreas e os aeroportos. Enquanto as empresas viabilizam a prestação do serviço de

transporte propriamente dita, os aeroportos fornecem a infraestrutura que dá sustentação às

operações das companhias aéreas.

Neste trabalho, daremos ênfase no mercado de empresa aérea para transporte regular de

passageiros e cargas, focada em ligações regionais no Brasil. Segundo estudos do Ministério

dos Transportes, Portos e Aviação Civil (2017), a demanda de passageiros por transporte aéreo

doméstico em 2037 em um cenário conservador será de aproximadamente 360 milhões, um

crescimento de quase 100% em relação aos 180 milhões em 2017.

Dessa forma, observa-se que o serviço de transporte aéreo tem grande potencial de

desenvolvimento e estimulá-lo pode trazer ganhos importantes para a economia do país, seja na

geração de riquezas ou de empregos, seja nos benefícios para todo o sistema de transporte

nacional.

Além disso, hoje, a receita do setor é composta principalmente por vendas de passagens

aéreas, o que vem se mostrando pouco escalável e muitas vezes dando prejuízos para as

empresas aéreas (ANAC, 2016). Ao mesmo tempo, vemos um modelo de receita por clube de

assinatura fazendo sucesso em empresas como Amazon Prime, Netflix, Spotify e Empiricus,

pouco explorado por esse setor.

Portanto, o objetivo deste trabalho é elaborar um modelo financeiro de uma empresa

aérea focada em voos regionais e sub-regionais, com um modelo híbrido de receita (passagens

avulsa e clubes de assinatura) e assim obter a viabilidade financeira do negócio no Brasil. Com

2

o potencial de crescimento do transporte aéreo, o gap existente na oferta de ligações regionais,

principalmente, nas regiões sul e sudeste e também esse inovador modelo de receita por plano

de assinatura, espera-se ter como resultado uma boa oportunidade de negócio.

Para se alcançar este objetivo, será utilizado o método do fluxo de caixa descontado,

detalhado mais à frente deste trabalho, utilizando uma abordagem quantitativa para desenvolver

o modelo financeiro e revisões bibliográficas para determinar as premissas a serem utilizadas,

principalmente, de relatórios da ANAC e trabalhos de conclusão de curso.

Para isso o trabalho foi estruturado em cinco capítulos, resumidamente descritos abaixo:

Capítulo 1 – Introdução. Breve apresentação da temática do trabalho, objetivo e

descrição de seu conteúdo.

Capítulo 2 – Evolução e Desenvolvimento do Setor Aéreo Brasileiro. Breve histórico

do setor no Brasil para entender o passado, análise dos indicadores operacionais e econômicos

para estudar o presente e perspectivas para o setor para projetar o futuro.

Capítulo 3 – Metodologia de Avaliação e suas Particularidades no Transporte Aéreo.

Importância de um modelo financeiro, descrição do modelo de fluxo de caixa descontado e as

principais variáveis para um modelo financeiro de uma companhia aérea analisando seus

impactos.

Capítulo 4 – Modelagem Financeira da Empresa Aérea Regional Híbrida. Descrição

detalhada da empresa, determinação das premissas e descrição da influência de cada variável

do modelo e, finalmente, valor presente do projeto com base nas premissas adotadas.

Capítulo 5 – Conclusão. Considerações finais, principais conclusões do trabalho e

sugestões para futuros trabalhos de graduação.

3

2. EVOLUÇÃO E DESENVOLVILMENTO DO SETOR AÉREO BRASILEIRO

2.1. BREVE HISTÓRICO DO SETOR

O transporte aéreo no Brasil apresenta seus primeiros contornos no início do Século XX.

A dimensão continental do país, associada ao desprovimento de meios de comunicação e de

transporte eficientes, justificaram a elaboração de políticas de incentivo à aviação como solução

à integração do território nacional.

Segundo a Confederação Nacional do Transporte em seu relatório Transporte Aéreo de

Passageiros (2015), o primeiro pedido de exploração do transporte aeronáutico no país foi em

1912 referente à movimentação de cargas e correspondências. A permissão foi concedida

apenas em 1918 e determinava que o serviço de aviação fosse realizado sem qualquer forma de

monopólio ou privilégio. Contudo, apenas depois de nove anos, em 1927, o transporte de

passageiros começou a ser realizado no país.

Naquele ano o Governo Brasileiro liberou à iniciativa privada a exploração dos serviços

de transporte aéreo. As primeiras concessões para a exploração de linhas foram autorizadas às

empresas estrangeiras Condor Syndikat e Aéropostale. A primeira, que mais tarde veio a se

chamar Sindicato Condor Ltda., recebeu autorização para operar em âmbito nacional em

dezembro do mesmo ano. Já a segunda, filial da empresa francesa Compagnie Générale

Aéropostale, foi autorizada a operar no Brasil em março de 1927 (Freitas, 1996). Entretanto, a

companhia entrou em liquidação financeira em 1929, deixando uma rede de campos de pouso

equipados para voos diurnos e noturnos em sua área de atuação.

A VARIG (Viação Aérea Rio Grandense) foi fundada em maio de 1927 (Freitas, 1996)

e autorizada a operar em junho do mesmo ano. Estabelecida por um alemão naturalizado

brasileiro, teve o auxílio inicial do Condor Syndikat. No entanto, em 1930, a empresa alemã

retirou-se da parceria.

Com a expansão do transporte aéreo no Brasil, fez-se necessário intensificar a

fiscalização sobre o segmento. Atendendo, então, à demanda de movimentos sociais e políticos

4

que defendiam um poder aéreo unificado e uma Força Aérea independente e desvinculada da

aviação civil nacional, criou-se o Departamento de Aviação Civil (DAC) em 1931.

A extensão do país e a precariedade de outros meios de transporte fizeram com que a

aviação comercial tivesse uma expansão excepcional no Brasil nas décadas de 1940 e 1950,

estágio marcado pela proliferação de novas empresas no imediato pós-guerra, e seguido por um

período de consolidação das empresas nacionais e reconcentração do mercado (Rosas, 1986).

As condições favoráveis à expansão do número de empresas propiciaram o aumento de

cidades servidas por este tipo de transporte, ampliando a malha aérea pelo território nacional,

operavam cerca de 16 empresas brasileiras, algumas com apenas dois ou três aviões e fazendo

principalmente ligações regionais. Entretanto, o excesso de oferta que se estabeleceu, em

relação à demanda então existente, culminou por tornar antieconômicos os voos oferecidos

pelas empresas. A situação foi agravada pelo incentivo dado ao modal rodoviário, que passou

a ser concorrente direto da aviação civil (Rosas, 1986).

O mercado da época, de dimensões reduzidas, não foi suficiente para viabilizar o

funcionamento de um número tão grande de empresas. Como resultado, todas se

enfraqueceram, sendo que muitas faliram ou foram absorvidas por outras. Várias, ainda,

acabaram se fundindo.

Para reverter a situação, as empresas investiram em jatos comerciais a fim de aumentar

a autonomia e reduzir o número de escalas. A redução no número de pousos e decolagens

refletiu em economia de combustível e de gastos com manutenção. Porém, representou uma

diminuição no número de cidades atendidas pelo transporte aéreo.

No início da década de 1960, a economia brasileira apresentou baixo crescimento com

o aumento da inflação e pouca disponibilidade de crédito, situação que inibiu o crescimento da

demanda por transporte aéreo. O faturamento bruto das empresas ficou comprometido,

enquanto os custos foram alavancados com a gradual perda dos privilégios cambiais para

importar combustíveis conferidos às companhias aéreas (SNEA, 1992).

5

A situação insustentável de baixa rentabilidade levou as empresas a cobrarem do Estado

medidas que amenizassem a crise do setor aéreo. Assim, um intenso controle do governo sobre

o transporte aéreo civil foi instituído e prevaleceu entre as décadas de 1960 e 1980, período que

ficou conhecido como de “Regulação Estrita” e foi caracterizado pela inibição da competição,

pela regulamentação da alocação das linhas aéreas entre as empresas e pelo monitoramento das

tarifas e preços. Nesse cenário, foram organizadas as Conferências Nacionais da Aviação

Comercial (CONAC) que reuniram o setor privado e o governo federal com o objetivo de

determinar diretrizes que amenizassem as dificuldades das companhias aéreas (Freitas, 1996).

As três primeiras CONACs, realizadas nos anos de 1961, 1963 e 1968, determinaram

ações de fomento à concentração do segmento por meio de fusões e aquisições, além de decretar

barreiras legais à entrada, a medidas de regulação de preços e ao estabelecimento de reservas

de mercado (Freitas, 1996). A intenção era reduzir e controlar a concorrência que comprometia

financeiramente as operações das empresas de aviação, garantindo-lhes certo poder de

monopólio.

Durante esse período regulatório, os preços e as frequências de voo passaram a ser

ditados pelo Estado, que também limitou a entrada de novas companhias aéreas. O mercado

doméstico foi dividido em dois segmentos, o nacional e o regional. As empresas que operavam

no mercado nacional deveriam atuar apenas em ligações tronco, em contraposição com as

ligações alimentadoras (feeders) realizadas pelas empresas regionais.

As reuniões realizadas resultaram, então, na criação da Rede de Integração Nacional

(RIN) primeira tentativa de criar condições para a manutenção de uma aviação regional no

Brasil. O programa consistia em uma política de concessão de subsídios às empresas que

operassem rotas de baixa densidade de tráfego aéreo para garantir uma suplementação

financeira. Contudo, o RIN foi abandonado em 1968, após uma série de cortes orçamentários

que prejudicaram seu funcionamento, e foi extinto em 1977(Freitas, 1996).

Mesmo com o elevado grau de intervenção do governo no segmento, o transporte aéreo

continuou a enfrentar dificuldades financeiras. Entre 1973 e 1974, o preço do petróleo

apresentou um crescimento exponencial, impactando diretamente a estrutura de custos das

6

empresas aéreas e as colocando em uma situação de fragilidade econômico-financeira (Freitas,

1996).

Com a lacuna deixada pelo RIN, a aviação brasileira continuou a perder sua cobertura

territorial dada a renúncia às linhas de pouca viabilidade econômica. Para solucionar o

problema, foi criado o programa Sistemas Integrados de Transporte Aéreo Regional (SITAR),

cujo objetivo era reativar as ligações aéreas regionais e integrar as áreas remotas do país

(Freitas, 1996).

Com a implantação do SITAR, o sistema de transporte aéreo passou a operar com dois

níveis de serviços bem definidos. As ligações regionais de baixa densidade e com "pernas de

voo" curtas deveriam ser operadas por aeronaves de propulsão turbo hélice, de capacidade

média a baixa, para passageiros e carga. Nas ligações domésticas e internacionais de alta

densidade e "pernas de voo" longas, operavam as aeronaves a jato de grande e média

capacidade, para passageiros e carga.

Ainda que o SITAR tenha conseguido incrementar o número de cidades atendidas pelo

transporte aéreo, seu controle sobre a concorrência entre as companhias regionais e nacionais

foi transitório. A pequena escala com a qual as companhias regionais deveriam operar fez com

que elas buscassem rotas mais atrativas e competissem com as nacionais, ainda que os pontos

de origem e destino fossem distintos.

A década de 1980 marcou o fim do ciclo de expansão econômica vivenciado pelo Brasil

e deu início a um período marcado por alta instabilidade econômica com baixo crescimento,

elevadas taxas de desemprego e inflação. Os primeiros anos foram afetados pela segunda crise

do petróleo e nos anos posteriores seguiu-se um período recessivo. Cinco Planos Econômicos

lançados pelo Governo Federal influíram marcadamente no desempenho econômico-financeiro

das empresas aéreas. Diante desse cenário, o governo viu-se obrigado a adotar políticas

recessivas em todos os setores da economia. (SNEA, 1992).

Uma das políticas adotadas para o combate à inflação foi a imposição mais acentuada

de controle de preços, inclusive das passagens aéreas, a partir de 1986, o que acabou

comprometendo as receitas das companhias aéreas. Entretanto, o problema mais sério então

7

enfrentado pela indústria de aviação civil foi a defasagem e a insuficiência tarifária, que

corroeram o capital circulante líquido das operadoras, obrigando-as a suprir este processo de

descapitalização através de empréstimos no mercado a elevadas taxas de juros. Este fato, por

sua vez, realimentou a fragilidade da situação econômico-financeira das companhias aéreas

(SNEA, 1992). Além disso, a parcela de custos operacionais atrelados ao dólar manteve sua

trajetória ascendente devido às medidas de desvalorização cambial, piorando ainda mais o

endividamento das empresas.

Na década de 80, o processo evolutivo da aviação comercial intensificou o uso das

aeronaves de fuselagem larga para operação das linhas de alta densidade e "pernas de voo"

longas. Ao mesmo tempo, notou-se uma acentuada tendência de aumento de capacidade das

aeronaves de empresas regionais. Houve uma evolução do Bandeirante (16 assentos) para o

Brasília (30 assentos). No final da década, entraram em operação os Fokker-27 com capacidade

para cinquenta lugares.

O início da década de 90 não foi um período muito favorável às grandes empresas da

aviação mundial. Com raras exceções, essas companhias começaram a apresentar resultados

negativos em seus balanços, crescimentos das dívidas e redução dos investimentos. Ao final do

ano de 1989 foi registrada rentabilidade negativa de 21,8% na aviação comercial brasileira. Este

quadro incluía VARIG, VASP, TRANSBRASIL e Cruzeiro do Sul, que contabilizaram um

prejuízo conjunto de US$ 505 milhões. De fato, com a elevação do preço dos combustíveis no

início da década de 80 (provocado pela crise do petróleo) e as tensões internacionais geradas

pela Guerra do Golfo Pérsico em 1991, a conjuntura econômica do período não foi muito

favorável à aviação civil (Freitas, 1996).

Somando aos fatos descritos acima, fatores estruturais mudaram o perfil e passaram a

determinar o mau desempenho da aviação comercial em todo o mundo. A desregulamentação

oficial do setor, iniciada nos Estados Unidos e seguida por vários outros países, estimulou a

concorrência e desencadeou uma verdadeira guerra tarifária entre as companhias, tanto no

tráfego doméstico quanto no internacional. Consequentemente, acordos bilaterais passaram a

ser negociados mais diretamente pelas companhias interessadas. A oferta de assentos aumentou,

sobretudo nos horários e rotas mais disputadas, contra uma demanda retraída e que não dava

sinais de poder se revitalizar a curto ou médio prazo.

8

No início do ano de 1990, predominava o clima de incerteza econômica e turbulência

administrativa nas maiores empresas de transporte aéreo nacional: VARIG, TRANSBRASIL e

VASP. Neste mesmo ano, teve início o ressurgimento das empresas aéreas regionais. Em 1991,

a VASP e a TRANSBRASIL continuavam a pressionar o governo para a concessão de rotas

regulares internacionais que pudessem aumentar as suas receitas e restringir privilégios

supostamente concedidos à VARIG. Por outro lado, Rubel Thomas, então presidente da

VARIG, alertava o governo para o fato de que a pressa na "abertura dos céus", através da

concessão destas rotas, traria graves consequências para a aviação nacional. Tal alerta se

justificava pela reciprocidade que seria dada às empresas estrangeiras, especialmente às

americanas, já acostumadas a operarem em mercados competitivos (Freitas, 1996).

Entretanto, foi enviado ao Congresso Nacional, para votação, o acordo aéreo entre o

Brasil e os Estados Unidos. Sob a fórmula "TRANSBRASIL na Costa Leste e VASP na Costa

Oeste dos Estados Unidos", este acordo permitia também a entrada, nessas rotas operadas pela

VARIG, de uma terceira empresa aérea norte-americana. Autorizada a concessão das rotas, os

voos semanais para os Estados Unidos foram assim divididos inicialmente: 32 da VARIG

(68%), 11 da TRANSBRASIL (23%), 4 da VASP (9%) (Freitas, 1996).

No mercado brasileiro, as tendências do tráfego doméstico e internacional continuavam

desfavoráveis. Nas linhas domésticas, a ocupação dos assentos, que no começo da década

oscilava em torno de 70%, baixou a 60%, e já havia caído, em setembro de 1992, para índices

ainda menores: 48% para VARIG-Cruzeiro, 47% para VASP e 42% para a TRANSBRASIL.

A crise econômica e o excesso de oferta foram os responsáveis por essa conjuntura, que exigiu

das empresas vários ajustes, como a redução de frequências, o cancelamento de algumas escalas

e a procura de alternativas como joint-ventures (Freitas, 1996).

Por outro lado, o crescimento das empresas regionais apresentou índices elevados,

apesar das dificuldades apresentadas. A melhora na performance das empresas regionais

decorreu das novas regras introduzidas pelo Departamento de Aviação Civil - DAC para

concessão de linhas (a partir de 1991). Essas novas regras acabaram com as restrições, que

durante 15 anos limitaram a apenas cinco empresas o tráfego do transporte aéreo regional

(Brasil Central, Nordeste, Rio-Sul, TABA e TAM) (Freitas, 1996).

9

Entre o final de 1992 e o início de 1993 a crise se intensificou. Mesmo apresentando um

aumento de 4,9% no PIB, a inflação no país atingia altos níveis de até 30% ao mês. Essa

instabilidade econômica provocava uma política de juros elevados que comprometia ainda mais

os encargos financeiros das empresas aéreas brasileiras. Paralelamente, as empresas aéreas

estabeleciam uma política de elevação das tarifas domésticas como alternativa para enfrentar a

crise (Silveira, 2003).

No período, surgiam ainda empresas operadoras de voos "charter", que ofereciam voos

semanais e cobravam tarifas de 33% a 40% mais baratas do que as tarifas mínimas praticadas

naquela época. Pode-se citar como exemplo a Air Vias Brasil, atuando no segmento doméstico,

e a American Trans Air, no segmento internacional. Estas empresas voavam para os estados do

Nordeste e do Rio de Janeiro e na rota São Paulo-Miami, respectivamente (Silveira, 2003).

O ano de 1998, considerado como um ano atípico e de forte demanda, foi caracterizado

por uma forte "guerra tarifária" no mercado doméstico, que diminuiu a rentabilidade de todas

as empresas aéreas brasileiras. Até mesmo o serviço de ponte aérea entre as cidades do Rio de

Janeiro e de São Paulo, mercado caracterizado como inelástico, observou queda nos seus

preços. Vários programas foram criados, visando não apenas absorver o mercado das empresas

concorrentes, como também expandir a demanda da indústria, oferecendo preços competitivos

com o segmento de transporte rodoviário - o "Tarifácil" da VASP, o "Voa Brasil" da VARIG e

as "Tarifas Light" da TAM. Estes programas acirraram a competição entre as empresas

dominantes e deram início a uma guerra de preços que prejudicou o mercado dos passageiros

dispostos a pagar mais caro pelas viagens. Tal disputa teve como origem o alargamento da

banda tarifária concedida pelo DAC em 1997 e, em parte, pela necessidade de otimizar o índice

de ocupação das aeronaves (Silveira, 2003).

A mudança da política cambial e a consequente desvalorização da moeda brasileira

(Real) no início de 1999 afetaram profundamente o desempenho da atividade do transporte

aéreo. Houve uma significativa elevação nos custos das companhias no qual, o componente

câmbio é de grande representatividade devido a sua dependência dos insumos cotados em

dólares. Houve também uma considerável retração nas receitas, devido à diminuição da

demanda por passageiros no mercado internacional. No tráfego doméstico, a retração da

10

demanda foi de aproximadamente 6% em relação a 1998 e, como não houve uma retração

equivalente na oferta, o índice de aproveitamento (load factor) foi reduzido de 59% para 54%.

No mercado internacional, a desvalorização cambial afetou consideravelmente o fluxo turístico

para o exterior, ocasionando uma retração na demanda de 18% e na oferta de 14%. Mais uma

vez, a retração da oferta não proporcional à demanda fez com que o índice de aproveitamento

dos voos fosse reduzido em 3%, representando 61% em 1999 (Rodrigues, 2004).

Nessa conjuntura de maior flexibilidade, introduziu-se um novo conceito de companhia

aérea no mercado aéreo brasileiro. Em 2001, iniciou-se um processo de expansão das empresas

conhecidas como low cost low fare, cuja estrutura de custos operacionais permite ofertar

passagens aéreas a preços menores do que os das empresas tradicionais (Rodrigues, 2004).

As pressões competitivas e a entrada de novas empresas no mercado geraram excesso

de capacidade no segmento. Dessa forma, para conter a competição nociva, em 2003, o DAC

voltou a impor restrições que limitaram a oferta de assentos e a queda dos preços. O período

ficou conhecido como de “Reregulação” e durou até 2005, quando o DAC foi substituído pela

Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e os princípios liberalizantes foram retomados

(Vasconcellos, 2005).

As mudanças no setor garantiram melhorias no desempenho das companhias aéreas e

aumentos da utilização do modal no deslocamento de passageiros e de cargas. A retomada do

crescimento econômico do país também contribuiu para tornar o transporte aéreo mais acessível

a um maior número de pessoas, incentivando o desenvolvimento do segmento.

No entanto, o aumento da demanda a um ritmo superior aos investimentos realizados

em infraestrutura aeroportuária e aeronáutica pôs em evidência os gargalos do transporte aéreo

brasileiro. A situação pôde ser observada nos terminais lotados dos aeroportos e nos

equipamentos de comunicação e segurança obsoletos, dificuldades que foram se agravando e

desencadearam no episódio conhecido como “Apagão Aéreo” (Oliveira, 2009).

Os episódios do “Apagão Aéreo” reavivaram os debates em torno da falta de priorização

do Estado quanto à política de investimento na aviação civil. Como reação, em 2007, foi criada

a Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Defesa (SAC/MD) com a finalidade de melhor

11

planejar, coordenar e supervisionar as políticas públicas relacionadas a matérias de aviação civil

e das infraestruturas aeroportuárias e aeronáuticas (Oliveira, 2009).

Atualmente, a aviação brasileira passa por um processo de concessão de seus principais

aeroportos, uma iniciativa do governo federal para viabilizar os investimentos necessários para

uma operação mais eficiente. Contudo, aeroportos importantes para a integração nacional

continuam sob gestão pública e também necessitam de investimentos que ampliem sua

capacidade e os modernize.

2.2. EVOLUÇÃO DOS PRINCIPAIS INDICADORES ECONÔMICOS E

OPERACIONAIS DO SETOR AÉREO BRASILEIRO

2.2.1. INDICADORES OPERACIONAIS

Conforme os dados do anuário de 2016 da ANAC, o crescimento econômico que o

Brasil experimentou ao longo das últimas décadas, associado a políticas de distribuição de

renda, permitiu que uma maior parcela da população tivesse acesso ao transporte aéreo, o que

se traduziu em aumento expressivo da sua demanda. Em 2016, as empresas brasileiras foram

responsáveis pela movimentação de 96,16 milhões de passageiros, número que representa um

crescimento de 192,1% em relação a 2000, quando 32,92 milhões de pessoas utilizaram o

modal.

Esse aumento foi mais significativo no segmento das viagens domésticas, que registrou

aumento de 205,3% para o mesmo período, enquanto o número de passageiros pagantes em

voos internacionais realizados por empresas brasileiras elevou-se 93,2%. A diferença evidencia

um processo de popularização do uso do transporte aéreo para os deslocamentos dentro do país

(ANAC, 2016).

12

Gráfico 1 - Evolução do número de passageiros pagos 2000 a 2016.

Fonte: Relatório ANAC Demanda e Oferta do Transporte Aéreo Out/2017

Cabe observar que, com a recuperação gradual da economia, o mercado de aviação civil

nacional registrou crescimento nos primeiros 10 meses de 2017, quando comparado ao mesmo

período do ano anterior. Até outubro de 2017, foram transportados 81,62 milhões de

passageiros, 2,4% a mais do que em 2016 no mesmo período, quando foram transportados 79,67

milhões de passageiros, deixando uma retração de 7,1% entre 2016 e 2015 (ANAC, 2016).

Sob o ponto de vista de passageiros-quilômetros pagos transportados (RPK), o

comportamento da demanda foi semelhante, com redução de 4,3% em 2016 em comparação

com 2015. Já no período de janeiro a outubro de 2017 vemos uma alta de 5,4% em relação ao

mesmo período do ano anterior (ANAC, 2017).

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

0,00

20.000.000,00

40.000.000,00

60.000.000,00

80.000.000,00

100.000.000,00

120.000.000,00

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

20

16

PASSAGEIROS PAGOS

MERCADO DOMÉSTICO MERCADO INTERNACIONAL VARIAÇÃO PAX

13

Gráfico 2 – Evolução Passageiros-quilômetros pagos transportados 2000 a 2016

Fonte: Relatório ANAC Demanda e Oferta do Transporte Aéreo Out/2017

A quantidade de carga paga e correio transportados totalizou 602,2 mil toneladas em

2016 e cresceu 8% nos últimos dez anos. Quando comparada com o ano anterior, houve redução

de 6,0%, menos acentuada que a redução de 7,9% apresentada em 2015. Trata-se do terceiro

ano consecutivo de retração (ANAC, 2016).

Em relação ao volume de carga e correio embarcado no mercado doméstico, notou-se

certa estabilidade entre o começo de 2011 e o fim de 2014, com as empresas aéreas carregando

cerca de 45.000 toneladas por mês. Em outubro de 2017 foram transportadas 37.817 toneladas,

o que representou crescimento de 5,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior (terceira alta

consecutiva). Nos dez primeiros meses do ano houve um crescimento acumulado de 0,5%

(ANAC, 2017).

Já no mercado internacional, desde 2013, o volume de carga e correio embarcado por

empresas brasileiras se manteve praticamente estável, com oscilações mais significativas em

meados de 2013, variando em torno de 15.000 toneladas ao mês. Em outubro de 2017, foram

transportadas 21.960 toneladas, o que representou aumento de 22,8% ante o mesmo mês do ano

anterior (sexta alta consecutiva). O indicador acumulou aumento de 25,7% nos dez primeiros

meses do ano (ANAC, 2017).

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

0

20

40

60

80

100

120

140

Milh

ões

RPK - Revenue Passenger Kilometers

MERCADO DOMÉSTICO MERCADO INTERNACIONAL Variação RPK

14

Gráfico 3 – Evolução carga e correio transportados 2000 a 2016.

Fonte: Relatório ANAC Demanda e Oferta do Transporte Aéreo Out/2017

Pelo lado da oferta em 2016, foram realizados 964 mil voos regulares e não regulares

por empresas brasileiras e estrangeiras, considerando o total das operações domésticas e

internacionais, o que representou uma queda de 10,9% em relação a 2015 e um aumento

acumulado de 31,6% nos últimos 10 anos (ANAC, 2016).

Gráfico 4 - Evolução da quantidade de voos – mercados doméstico e internacional, 2007 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

0

100

200

300

400

500

600

700

800

Milh

ares

CARGA E CORREIO TRANSPORTADOS (ton)

MERCADO DOMÉSTICO MERCADO INTERNACIONAL VARIAÇÃO

733 765 835

962

1.094 1.133 1.092 1.091 1.083

964

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Mil

ha

res

de

vo

os

Doméstica Internacional

+31,6%

15

Gráfico 5 - Variação da quantidade de voos com relação ao ano anterior – mercados doméstico e internacional, 2007 a

2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

Do ponto de vista de assentos-quilômetros oferecidos (ASK), em 2016 observou-se a

primeira redução nos últimos 10 anos, da ordem de 5,2%. Entretanto, no período de janeiro a

outubro de 2017 conseguimos ver uma recuperação na oferta de 3,5% puxada pelo mercado

internacional, o qual teve aumento de 10,6% (ANAC, 2016).

Gráfico 6 - Evolução Assentos-quilômetros ofertados 2000 a 2016

Fonte: Relatório ANAC Demanda e Oferta do Transporte Aéreo Out/2017

8,2%

4,3%

9,2%

15,3%13,6%

3,6%

-3,7%

0,0% -0,8%

-10,9%

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

Milh

ões

ASK - Available Seat Kilometers

MERCADO DOMÉSTICO MERCADO INTERNACIONAL Variação ASK

16

A taxa de aproveitamento das aeronaves em termos de RPK/ASK, também conhecido

como taxa de ocupação ou Load Factor, no mercado doméstico teve um momento de aumento,

quase que constante, entre 2009 e 2014. Desde 2015, observou-se certa estabilidade, tendo

oscilado em torno de 80%. Já no mercado internacional as aeronaves das empresas brasileiras

apresentou aumento no indicador entre o início de 2007 e o final de 2015 (ANAC, 2016).

Em 2016 o Load Factor do setor aéreo brasileiro ficou em 81,0%, melhora de 2,1% em

2016 com relação a 2015, representando o maior valor dos últimos 10 anos.

Nos dez primeiros meses do ano de 2017, o indicador acumulou alta de 1,9% na comparação

com igual período de 2016, tendo sido apurado em 82,3% (ANAC, 2017).

Gráfico 7 – Evolução da Taxa de aproveitamento das aeronaves 2000 a 2016.

Fonte: Relatório ANAC Demanda e Oferta do Transporte Aéreo Out/2017

2.2.2. INDICADORES ECONÔMICOS

Um dos principais fatores de estímulo ao crescimento da demanda foi a redução dos

preços cobrados pelas passagens aéreas médias no Brasil, possibilitada com o advento da

liberdade tarifária. O valor das passagens de transporte aéreo apresentou queda real de 44,9%

entre 2007 e 2016. Do mesmo modo, o yield, valor médio pago por quilômetro voado,

apresentou um decréscimo real de 47% no período, reflexo do aumento dos quilômetros voados

pelos passageiros (ANAC, 2016).

-8%

-6%

-4%

-2%

0%

2%

4%

6%

8%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

Load Factor - RPK/ASK

MERCADO DOMÉSTICO MERCADO INTERNACIONAL Variação LF

17

No primeiro semestre de 2017 a tarifa aérea média doméstica real caiu ainda mais,

alcançando o valor de R$ 323,62, o qual representa uma redução de 2,56% em relação ao

mesmo período do ano anterior. Já o yield foi de R$ 0,2825, valor 4,89% menor do que no

mesmo período do ano anterior, em termos reais (ANAC, 2017).

Gráfico 8 - Evolução da Tarifa Aérea Média Doméstica Real, 2007 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

Gráfico 9 - Variação da Tarifa Aérea Média Doméstica Real com relação ao ano anterior, 2007 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

R$ 491,05

R$ 270,78

R$ 349,14

R$ -

R$ 100

R$ 200

R$ 300

R$ 400

R$ 500

R$ 600

R$ 700

R$ 800

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

R$

Rotas Monitoradas desde o início da série histórica Todas as Rotas

-28,1%

37,2%

-28,6%-22,1%

-10,0%

-0,5%

6,4%

-6,5%-12,1%

-7,5%

0,8%4,6%

-4,5%-9,0%

-1,8%

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Rotas monitoradas desde o início da série histórica Todas as Rotas

18

Gráfico 10 - Evolução do Yield Tarifa Aérea Médio Doméstico Real, 2007 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

Gráfico 11 - Variação do Yield Tarifa Aérea Médio Doméstico Real com relação ao ano anterior, 2007 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

No entanto, a queda real percebida pelos passageiros pode ser ainda maior se for

considerada a distribuição dos preços das passagens por faixas de preços, possibilitadas pela

discriminação de preços e pela liberdade tarifária. A maioria dos assentos das aeronaves

comercializados em 2016 (53,5%) correspondeu a tarifas aéreas domésticas inferiores a R$

300,00. Em 2015, essa proporção foi de 54,5%. Se consideradas apenas as 52 linhas aéreas

monitoradas desde o início da série, esse percentual foi de 70,5% em 2016, ante 28,0% em 2007

(ANAC, 2016).

R$ 0,649

R$ 0,344

R$ 0,376 R$ 0,308

R$ 0,00

R$ 0,10

R$ 0,20

R$ 0,30

R$ 0,40

R$ 0,50

R$ 0,60

R$ 0,70

R$ 0,80

R$ 0,90

R$ 1,00

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

R$

Rotas Monitoradas desde o início da série histórica Todas as Rotas

-28,5%

33,0%

-28,1%-24,8%

-9,1%

0,4%6,3%

-7,1%

-13,9%

-5,1%

0,3% 1,8%

-5,1%

-11,7%

-4,1%

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Rotas monitoradas desde o início da série histórica Todas as Rotas

19

O fato reforça a hipótese de que a possibilidade de definição de tarifas pelas empresas

aéreas e da utilização da diferenciação de preços viabilizou a ampliação do mercado de aviação

civil com a incorporação da população de menor renda. Apenas 2,8% dos bilhetes vendidos

tiveram custo superior a R$ 1.000,00, contra 3,6% em 2015. Se consideradas apenas as 52 linhas

aéreas monitoradas desde o início da série, esse percentual foi de 1,9% em 2016, ante 8,4% em

2007 (ANAC, 2016).

Gráfico 12 - Distribuição percentual de assentos comercializados por intervalo de Tarifa Aérea Doméstica Real, 2007

e 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

.

Em 2016, o faturamento do setor com venda de passagens, fretamentos (voos não

regulares), transporte de carga e malote postal, etc., cresceu 1,0% quando comparado com o

ano anterior, tendo alcançado o valor recorde de R$ 35,59 bilhões. No período de 2009 a 2016,

o crescimento médio anual da receita de serviços aéreos públicos foi de 11,6% (ANAC, 2016).

7,7%

26,4%

19,4%

15,1%10,6%

6,9%4,7%

3,1%2,1% 1,3% 0,8% 0,5% 0,4% 0,3% 0,2%0,5%

2,1%

11,2%

14,7%

20,2%

16,0%

12,5%

7,3%

3,4% 2,2% 2,0% 1,1%3,5%

0,9% 0,8% 0,4%1,8%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

2016 (Todas as Rotas)

2016 (Rotas monitoradas desde o início da série histórica)

2007 (Rotas monitoradas desde o início da série histórica)

20

Gráfico 13 - Receita de Serviços Aéreos Públicos da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

A principal receita de serviços aéreos públicos foi auferida com transporte de

passageiros, que representou 83,6%, seguida da receita com carga (6,8%) (ANAC, 2016).

Gráfico 14 - Evolução da composição da Receita de Voo por tipo de receita, 2009 a 2016

* Incluem serviços de frete, correio e suporte ao tráfego aéreo Fonte: Anuário da ANAC 2016.

16,5

21,0

24,426,6

31,032,9

35,2 35,6

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Bilh

ões

Receita de Serviços Aéreos Públicos

88,6%86,8% 86,6% 87,2% 86,2%

88,0%

82,4% 83,6%

7,4%8,7% 8,2% 7,0% 8,5%

7,8%

6,1%6,8%

4,0% 4,5% 5,2% 5,8% 5,3% 4,2%

11,5%9,6%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Outras*

Carga

Passageiros

CAGR: 11,6%

21

Os custos e as despesas operacionais dos serviços aéreos públicos foram de 34,2 bilhões

de reais em 2016, o que representou queda de 2,3% em relação ao ano anterior. No período de

2009 a 2016, o crescimento médio dos custos e despesas de voo foi de 9,6% ao ano (ANAC,

2016).

Gráfico 15 - Evolução dos custos e despesas de voo da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

O principal item de custos e despesas operacionais dos serviços aéreos públicos em 2016

foi Combustíveis e Lubrificantes, com participação de 24,5% ante 29,5% no ano anterior. Os

custos com seguro, arrendamento e manutenção de aeronaves foram o segundo principal item

em 2016, com 22,6% ante 21% em 2015 (ANAC, 2016).

18,021,4

26,1

30,031,8

33,9 35,0 34,2

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

-

5

10

15

20

25

30

35

40

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Bilh

ões

Custos e Despesas de Voo

Custos e Despesas de Voo Variação

22

Gráfico 16 - Evolução da composição das despesas e dos custos de voo – por tipo, 2015 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

As empresas brasileiras de serviços de transporte aéreo público encerraram o exercício

social de 2016 com prejuízo de 1,6 bilhões de reais. No ano anterior, 2015, o setor registrou

prejuízo da ordem de 5,9 bilhões de reais (ANAC, 2016).

O setor vem apurando sucessivos resultados negativos desde 2011, quando as perdas

foram de 1,6 bilhões de reais (ANAC, 2016).

29,5%24,5%

21,0%

22,6%

15,9%15,3%

13,3%15,0%

20,2% 22,6%

2015 2016

Outros Custos e Despesas dos

Serviços Aéreos Públicos

Despesas Operacionais dos

Serviços Aéreos Públicos

Custo com Pessoal

Seguros, Arrendamentos e

Manutenção de Aeronaves

Combustíveis e Lubrificantes

23

Gráfico 17 - Resultado Líquido da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

A margem bruta do setor em 2016 melhorou 36% em relação àquela verificada no ano

anterior, tendo alcançado o índice positivo de 13,2%. Todas as principais empresas obtiveram

índice positivo no ano (ANAC, 2016).

Gráfico 18 - Margem Bruta da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

1,7

0,8

-1,6

-3,5

-2,5

-1,7

-5,9

-1,6

-7,00

-6,00

-5,00

-4,00

-3,00

-2,00

-1,00

0,00

1,00

2,00

3,00

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Bil

es

21,4%

23,4%

17,6%

10,7%

17,1% 17,7%

9,7%

13,2%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

24

O EBIT do setor em 2016 foi negativo da ordem de 951 milhões de reais, o que

significou melhoria em relação àquele apurado no ano anterior, que foi negativo de 1,1 bilhões

de reais. O segmento vem gerando prejuízo desde 2006, com resultados positivos aleatórios em

2009, 2010 e 2014. O maior vale ocorreu em 2012 (ANAC, 2016).

Gráfico 19 - EBIT da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

A Margem EBIT do setor desabou a partir de 2011 e continuou sem mostrar sinais de

recuperação até 2016, mesmo com receita crescente. Em 2016 foi negativa em 2,8%, ante

resultado negativo de 3,3% no ano anterior (ANAC, 2016).

Gráfico 20 - Margem EBIT da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

335

1.483

-94

-2.348

-566

288

-1.114-951

-3.000

-2.500

-2.000

-1.500

-1.000

-500

0

500

1.000

1.500

2.000

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Mil

es

1,2%

6,3%

-0,9%

-8,4%

-1,5%

0,8%

-3,3%-2,8%

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

25

Já a margem líquida do setor em 2016 foi negativa em 4,6%, contra 17,6% negativos no

ano anterior, o que representou melhora de 74% no período (ANAC, 2016).

Gráfico 21 - Margem Líquida da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

O RASK da indústria registrou alta de 6,4% em 2016 quando comparado com o ano

anterior, tendo alcançado o patamar de R$ 0,238 (ANAC, 2016).

Gráfico 22 - RASK (R$/ASK) da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

9,0%

3,2%

-7,0%

-12,8%

-7,5%

-4,9%

-17,6%

-4,6%

-20,0%

-15,0%

-10,0%

-5,0%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

0,148 0,158

0,164 0,175

0,205 0,216

0,223

0,238

-

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

26

O CASK cresceu menos no mesmo período, 2,9%, e foi inferior ao RASK em 4% no

ano de 2016, tendo sido apurado em R$ 0,228 (ANAC, 2016).

Gráfico 23 - CASK (R$/ASK) da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

O RASK Passagem Aérea da indústria foi apurado em R$ 0,199 em 2016, com alta de

8% na comparação com 2015 (ANAC, 2016).

Gráfico 24 - RASK Passagem Aérea (R$/ASK) da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

0,155 0,157

0,171

0,195

0,209 0,220 0,222

0,228

-

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

0,129 0,135

0,141 0,151

0,164

0,188 0,184

0,199

-

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

27

O RATK da indústria em 2016 foi de R$ 1,83, aumento de 6,6% em relação ao ano

anterior. O valor foi 4,2% superior ao CATK, de 1,76 que aumentou 3,0% no mesmo período

(ANAC, 2016).

Gráfico 25 - RATK (R$/ATK) da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

Gráfico 26 - CATK (R$/ATK) da indústria, 2009 a 2016

Fonte: Anuário da ANAC 2016.

2.3. PERSPECTIVAS PARA O SETOR

1,28 1,32 1,36 1,42

1,62 1,72 1,72

1,83

-

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

1,34 1,31

1,42

1,58 1,65

1,76 1,71

1,76

-

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

2,00

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

28

Segundo as projeções de demanda para os aeroportos brasileiros do Ministério dos

Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPA), a estimativa de movimentação de passageiros

tende a apresentar um período de quase estabilidade à curto prazo (2017 a 2019), aumentando

sua taxa de crescimento anual gradualmente e se intensificando a partir do ano de 2022.

Gráfico 27 - Demanda de passageiros nos aeroportos brasileiros oriundos de voos regulares e não regulares estimada

Fonte: Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (2017)

O fato é explicável em decorrência da atual situação econômica brasileira e seus reflexos

no transporte aéreo. Do ano de 2015 para 2016, a movimentação de passageiros nos aeroportos

apresentou uma queda de -7,29%. Já em 2017, há indícios de um pequeno crescimento

econômico, e isso pode ser verificado também na movimentação de passageiros, onde até julho

de 2017 alguns aeroportos que possuem considerável peso na movimentação total de

passageiros apresentaram crescimento em relação ao mesmo período do ano passado, como o

Aeroporto de Congonhas e o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro – Galeão. Outros

significativos aeroportos, como Guarulhos-SP e Confins-MG, não demonstraram tendência de

queda, permanecendo-se praticamente estáveis em relação ao período do ano passado (MTPA,

2017).

Para um cenário conservador de projeção da demanda total, considerando o valor de

mediana das estimativas de PIB apontadas no Boletim Focus (BCB, 2017), a combinação das

variáveis econômicas e sociais utilizadas no modelo projeta, então, uma taxa de crescimento

29

média de 3,35% para toda a série de 20 anos ao futuro, sendo que a taxa se aproxima desse

valor médio no ano de 2022 (3,30%) e possui a tendência de continuar crescendo até atingir o

valor de 4,14% em 2037 (MTPA, 2017).

Contudo, se considerarmos um cenário mais otimista das projeções de PIB, adotando os

valores máximos de projeções divulgados no mês de setembro pelo BCB (2017), o

comportamento da demanda por transporte aéreo tende a crescer em proporções bem diferentes.

A demanda projetada para 20 anos chega a 700 Milhões de passageiros, com uma taxa média

de crescimento de 6,14% ao ano, chegando a 7,5% em 2037. Este cenário otimista foi projetado

para ilustrar um “teto” de potencial para o desenvolvimento da aviação comercial brasileira

(MTPA, 2017).

A demanda por transporte aéreo no Brasil deve praticamente dobrar em 20 anos

(crescimento acumulado de 99,3%). Com isso, a taxa de voos por habitante evolui de 0,54

(2016), para 0,97 (2037). O índice é próximo do observado atualmente em países como Japão

(0,93), Portugal (1,27) e França (0,98), mas ainda distante de países com desenvolvimento

econômico elevado e área territorial similar ao Brasil, como Estados Unidos (2,55) e Austrália

(3,01) (The World Bank Group, 2017).

Entre os anos de 2017 e 2037, estima-se uma taxa média de crescimento de 2,71% ao

ano na movimentação de cargas pelo modal aéreo no Brasil. Chegando-se, assim, em 2037,

com uma movimentação aproximada de 1,7 milhão de toneladas (MTPA, 2017).

30

Gráfico 28 - Demanda de carga aérea no Brasil: observado (2004-2016) e projetado (2017-2037)

Fonte: Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (2017)

No ano de 2016, o Brasil transacionou cerca de 583 mil toneladas de cargas aéreas com

outros países. Desse total, 321 mil toneladas foram importadas e 262 mil foram enviadas a

outras nações pelo modal aéreo. Além disso, um total de 406 mil toneladas circularam no

transporte de carga aérea doméstico. Para o ano de 2037, projeta-se movimentação de 964 mil

toneladas para o comércio exterior e 767 mil toneladas para a movimentação doméstica. A

estimativa é que a carga internacional cresça 52% nos próximos 20 anos, enquanto a carga

doméstica se desenvolva mais, acumulando 88% de crescimento ao final da série projetada.

Com isso, a carga doméstica tende a aumentar, em pouca escala, sua representação do transporte

aéreo, variando de 39% (2017) para 44% (2037) (MTPA, 2017).

31

Gráfico 29 - Participação relativa do tipo de movimentação de cargas aéreas: observado (2015) e projetado (2037).

Fonte: Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil (2017)

A Exportação tende a continuar representando a menor parte da carga aérea

movimentada. A explicação para o volume reduzido de carga enviada a outros países encontra-

se na característica dos produtos enviados, pois a pauta exportadora brasileira relativa à via

aérea tem em mais da metade de sua composição produtos perecíveis e outros produtos

industrializados (itens como tecidos, calçados, peças e equipamentos de baixa intensidade

tecnológica). Entende-se que a demanda por esse tipo de produto possui um menor dinamismo

frente aos produtos de maior conteúdo tecnológico (predominantes nas importações), o que

acarreta o maior volume demandado para esta categoria (MTPA, 2017).

32

3. METODOLODIA DE AVALIAÇÃO E SUAS PARTICULARIDADES NO

TRANSPORTE AÉREO

A modelagem financeira é a tarefa de desenvolver uma representação abstrata (um

modelo) de uma situação real do mundo financeiro. Isto significa um modelo matemático

projetado para representar uma versão simplificada o desempenho de um ativo financeiro ou

portfólio de um negócio, projeto, ou outro qualquer investimento. Em outras palavras,

modelagem financeira diz respeito à tradução de um conjunto de hipóteses sobre o

comportamento de mercados ou de agentes em previsões numéricas.

O modelo possui inputs e outputs. Os inputs são os pressupostos que impulsionam o

modelo, tais como aquisição de clientes, custos e comportamento do mercado, enquanto os

outputs são projeções de crescimento ou retornos de investimento com base nesses eventos e

suas alterações.

O objetivo de um modelo financeiro não é ser “correto”, mas entender melhor a

mecânica de negócios, sua indústria e os riscos potenciais para que se possa tomar decisões

mais inteligentes. Portanto, ele permite saber se a ideia é viável e o quanto se precisa vender

para atingir o break even, além de fornecer uma visão holística do modelo de negócios, das

operações financeiras e do mercado e identificar todas as variáveis potenciais que podem

impactar positivamente ou negativamente o negócio.

Para a elaboração do modelo financeiro de uma empresa aérea focada em voos

regionais/sub-regionais iremos utilizar a metodologia do fluxo de caixa descontado.

3.1. MODELO DE FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

3.1.1. ABORDAGEM DA RENDA: FLUXO DE CAIXA

Esta metodologia define a rentabilidade da empresa como sendo o seu valor operacional,

equivalente ao valor descontado do fluxo de caixa líquido futuro. Este fluxo é composto pelo

lucro líquido após impostos, acrescidos dos itens não caixa (amortizações e depreciações) e

33

deduzidos investimentos em ativos operacionais (capital de giro, plantas, capacidade instalada

etc.).

O período projetivo do fluxo de caixa líquido é determinado levando-se em

consideração o tempo que a empresa levará para apresentar uma atividade operacional estável,

o que quer dizer, sem variações operacionais julgadas relevantes. O fluxo é então trazido a valor

presente, utilizando-se uma taxa de desconto, que irá refletir o risco associado ao mercado,

empresa e estrutura de capital.

Figura 1 – Fluxo de Caixa Descontado

Fonte: KPMG - Equity Market Risk Premium Research (2017)

Para o cálculo do fluxo de caixa líquido utilizamos como medida de renda o Capital

Investido, conforme o quadro a seguir, baseado nas teorias e práticas econômicas mais

comumente aceitas no mercado, especialmente das obras:

DAMODARAN, Aswath. Avaliação: Princípios e Prática. In: ______

(Autor) Finanças Corporativas: teoria e prática. 2ª Edição. Porto Alegre:

Bookman, 2004. p. 611-642.

PRATT, Shannon P. Income Approach: Discounted Economic Income

Methods. In: ______ (Autor) Valuing a Business: The Analysis and

Appraisal of Closely Held Companies. 3ª Edição. EUA: Irwin Professional

Publishing, 1996. p. 149-202.

34

Figura 2 – Fluxo de Caixa Líquido

Fonte: Laudo de Avaliação Apsis (2014)

Após o término do período projetivo é considerada a perpetuidade, que contempla todos

os fluxos a serem gerados após o último ano da projeção e seus respectivos crescimentos. O

valor residual da empresa (perpetuidade) geralmente é estimado pelo modelo de crescimento

de Gordon, com crescimento constante (g). Este modelo assume que, após o fim do período

projetivo, o fluxo de caixa líquido terá um crescimento perpétuo constante. O mesmo calcula o

valor da perpetuidade no último ano do período projetivo, através do modelo de progressão

geométrica, transportando-o, em seguida, para o primeiro ano de projeção.

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑃𝑒𝑟𝑝𝑒𝑡𝑢𝑖𝑎𝑑𝑒 =𝐹𝐶𝐹𝐹𝑃𝐸𝑅𝑃 ∗ (1 + 𝑔)

(𝑊𝐴𝐶𝐶 − 𝑔)

3.1.2. TAXA DE DESCONTO

A taxa de desconto a ser utilizada para calcular o valor presente dos rendimentos

determinados no fluxo de caixa projetado representa a rentabilidade mínima exigida pelos

investidores, considerando que a empresa será financiada parte por capital próprio, o que exigirá

uma rentabilidade maior que a obtida numa aplicação de risco padrão, e parte por capital de

terceiros.

35

Esta taxa é calculada pela metodologia WACC - Weighted Average Cost of Capital,

modelo no qual o custo de capital é determinado pela média ponderada do valor econômico dos

componentes da estrutura de capital (próprio e de terceiros), descrito a seguir.

Figura 3 - Custos da Estrutura de Capital da Empresa

Fonte: Laudo de Avaliação Credit Suisse (2015)

As taxas livres de risco normalmente são baseadas nas taxas de bônus do Tesouro

Americano. Para o custo do capital próprio, utiliza-se os títulos com prazo de 30 anos, por ser

um prazo que reflete mais proximamente o conceito de continuidade de uma empresa. O custo

do capital de terceiros é uma função do risco de inadimplência que os credores consideram para

a organização, portanto, uma função da capacidade que a empresa possui de gerar fluxos de

caixa para cumprir com as suas obrigações financeiras e a volatilidade de tais fluxos de caixa.

O indicador mais utilizado para obter o risco de inadimplência de uma empresa é o seu rating

de dívidas, definido por agências independentes de ratings, tais como Moody’s, Fitch e Standard

& Poors. (APSIS, 2014)

Uma boa aproximação para o custo do capital de terceiros de uma organização é

considerar a estrutura de capital média do setor e presumir que a empresa direcionará seus

esforços para aquela meta, captando a mesma taxa.

36

Figura 4 – Custo de Capital Próprio

Fonte: Laudo de Avaliação Apsis (2014)

Figura 5 – Taxa de Desconto

Fonte: Laudo de Avaliação Apsis (2014)

3.1.3. VALOR DA EMPRESA

O fluxo de caixa líquido do Capital Investido é gerado pela operação global da empresa,

disponível para todos os financiadores de capital, acionistas e demais investidores. Sendo assim,

para a determinação do valor dos acionistas, é necessária a dedução do endividamento geral

com terceiros.

Outro ajuste necessário é a inclusão dos ativos não operacionais, aqueles que não estão

consolidados nas atividades de operação da empresa, sendo acrescidos ao valor operacional

encontrado.

Custo do Capital

Próprio

Rf

Rm

Rp

beta Ajusta o risco de mercado para o risco de um setor específico.

beta alavancado Ajusta o beta do setor para o risco da empresa.

Taxa livre de risco – baseado na taxa de juros anual do Tesouro

Americano para títulos de 30 anos, considerando a inflação

americana de longo prazo.

Ke= Rf + beta*(Rm - Rf) + Rp

Risco de mercado – mede a valorização de uma carteira totalmente

diversificada de ações para um período de 20 anos.

Risco País – representa o risco de se investir num ativo no país em

questão em comparação a um investimento similar em um país

considerado seguro.

Taxa de Desconto WACC = (Ke x We) + Kd*(1-t) x Wd

Ke Custo do Capital Próprio.

Kd Custo do Capital de Terceiros.

We Percentual do Capital Prórpio na Estrutura de Capital.

Wd Percentual do Capital de Terceiros na Estrutura de Capital.

t Taxa efetiva de Imposto de Renda e Contribuição Social da cia.

37

Figura 6 – Resumo esquemático da metodologia do Fluxo de Caixa Descontado

Fonte: Laudo de Avaliação Credit Suisse (2015)

3.2. PRINCIPAIS VARIÁVEIS APLICADAS NO MODELO FINANCEIRO DE UMA

EMPRESA AÉREA

3.2.1. PIB

O desempenho do transporte aéreo, (CET-Unb, 2009, O Setor Aéreo na Economia

Brasileira: importância econômica e perspectivas ante a abertura do setor às empresas

estrangeiras), está diretamente relacionado ao da economia de um país. A maior renda e as

perspectivas de crescimento econômico criam novas oportunidades para a expansão do

transporte aéreo, pois incrementam a demanda e elevam a disponibilidade de crédito. Desse

modo, ao aumentar sua própria produção, o setor amplia os empregos gerados impactando

positivamente o nível de atividade econômica e, consequentemente, o Produto Interno Bruto

(PIB) de um país.

Devido à complexidade do sistema de transporte aéreo, os efeitos gerados pelo

desempenho do segmento sobre a economia podem ser diretos, ao estimular a atividade

econômica que não haveria sem o transporte aéreo; indiretos, mediante a demanda por insumos

de outros setores produtivos; e induzidos, quando a renda gerada se traduz em incremento de

demanda para outros setores.

O transporte aéreo, ao ser identificado como um insumo necessário para outras cadeias

produtivas, possui uma demanda derivada, isto é, a demanda para um produto ou serviço

38

depende da demanda por outro produto ou serviço. Essa classificação se deve ao fato de que os

usuários recorrem a esse tipo de transporte para atingir algum objetivo de forma que o

deslocamento não deve ser considerado um bem ou serviço final. Isso significa que as

companhias aéreas não são, geralmente, capazes de afetar diretamente a demanda por seus

produtos. E, ainda mais, isso cria uma situação na qual as companhias aéreas reagem

amplamente à demanda. (Antônio Araújo – Análise da produtividade do transporte aéreo

brasileiro, 2004, p.12)

Como apresentado anteriormente, a renda é um dos principais fatores na determinação

da demanda pelo serviço de transporte aéreo. O que se observa nesse mercado é que, mesmo

mantido o preço do quilômetro voado, o crescimento da renda da população tende a aumentar

a demanda por esse tipo de serviço em proporção maior do que 1. Esse comportamento pode

ser verificado em estudos que demonstram que o crescimento do PIB nacional está associado a

aumentos relativos superiores no número de passageiros de transporte aéreo, tendo,

historicamente, guardado a proporção de 2:1, onde, a cada incremento de 1% no PIB, registra-

se aumento de 2,0% no transporte aéreo. Dessa forma, as viagens aéreas podem ser

consideradas bens superiores, visto que, quanto maior a renda, maior a quantidade demandada

e maior a disposição a pagar pelo serviço.

Gráfico 30 – Variação da Receita do Setor Aéreo x Variação do PIB

Fonte: Anuário ANAC 2016 e dados do Sistema de Contas Nacionais do IBGE (2017)

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Variação da Receita PIB

39

3.2.2. COMBUSTÍVEL – QUEROSENE DE AVIAÇÃO

Principal custo de um voo, o valor do querosene de aviação (QAV) é um dos obstáculos

à operação eficiente do transporte aéreo regular no país. A elevada carga tributária e a deficiente

logística utilizada para o abastecimento dos aeroportos aumenta o custo do QAV

comercializado no país e, dessa forma, o valor cobrado pelas passagens aéreas nacionais

(ABEAR, 2014).

A maior parte da oferta de combustível é suprida pela produção nacional. Para

complementar a necessidade da demanda, são importados, em média, 23,5% do total

comercializado no país. Contudo, há de se destacar que, em anos em que o setor aéreo apresenta

crescimento acima do previsto, a importação torna-se mais relevante, pois as refinarias

brasileiras não têm capacidade para ajustar a produção no curto prazo. Foi o que aconteceu em

2010, quando o setor registrou crescimento de 22,9% no volume de passageiros transportados

e foi necessária a importação de 30,8% do QAV consumido naquele ano (ABEAR, 2014).

O preço do combustível FOB registrou queda de 39,9% entre dezembro de 2012 e julho

de 2015, segundo dados do AliceWeb (http://aliceweb.mdic.gov.br/, acessado em dezembro de

2017). Apesar disso, nem toda variação pode ser percebida no país, pois a desvalorização do

real frente ao dólar reduziu os possíveis benefícios da redução do preço do QAV no mercado

internacional.

Além disso, a grande volatilidade do preço do petróleo, principalmente por ser altamente

influenciado por razões político-econômicas, faz com que a previsão do preço QAV seja muito

difícil de ser feita, prejudicando o planejamento das empresas aéreas (NETTO, 2016).

Ainda que sua precificação seja vinculada ao mercado internacional, o preço do QAV

comercializado no Brasil é significativamente superior ao observado em aeroportos de outros

países, o que eleva o custo da prestação do serviço de transporte aéreo de passageiros.

40

Figura 7 - Preço do combustível de aviação (em US$ por galão, em fevereiro de 2014)

Fonte: ABEAR (2014)

Soma-se ao aumento de custos devidos às ineficiências de infraestrutura a elevada carga

tributária incidente sobre o combustível utilizado na aviação civil, com destaque para o ICMS.

Atualmente, existem diversas alíquotas sendo praticadas no país que variam de 11,0% até

25,0% do valor de venda do combustível (CNT, 2015).

A cobrança da alíquota de 25,0%, como ocorre em São Paulo, Acre, Ceará e outros

estados, distorce o preço do QAV e reduz a eficiência do transporte aéreo. Isso se deve ao fato

de que, havendo um menor preço do combustível sendo praticado em um dos aeroportos de

uma ligação, a empresa aérea pode, considerando aspectos técnicos, optar por adquirir todo o

combustível necessário para as etapas do voo naquele local onde a incidência tributária permite

o menor custo do insumo, prática conhecida como tankering (CNT, 2015).

41

Figura 8 - Alíquotas praticadas de ICMS incidente sobre o QAV, Brasil - 2014

Fonte: ABEAR (2014)

Apesar de aparentemente vantajosa, a estratégia pode prejudicar a operação do

transporte aéreo. Ao abastecer toda a capacidade do tanque da aeronave em um único aeroporto

para garantir o trajeto de ida e volta, eleva-se o consumo do combustível devido ao aumento do

peso do equipamento. Essa situação tem dois efeitos negativos: aumenta a emissão de gases de

efeito estufa e reduz a capacidade de carga ou de passageiros das aeronaves.

Para reduzir os impactos ambientais, dinamizar a atividade e possibilitar reduções nas

tarifas aéreas, a definição de alíquota máxima para o ICMS incidente sobre o QAV apresenta-

se como a alternativa mais vantajosa para o setor transportador e para a sociedade. Dessa forma,

o setor teria ganhos de eficiência nas operações e redução de custos na prestação de serviços

aéreos (MORREL, 2007).

3.2.3. TAXA DE CÂMBIO

A natureza internacional da indústria da aviação significa que as companhias aéreas

estão expostas ao risco de flutuação cambial. A maioria das companhias aéreas incorre em

42

custos e receitas em várias moedas, e o fato de que alguns desses fluxos de caixa exigem

conversão em uma moeda diferente é a base do risco de cambial. Em tempos "normais", as

mudanças anuais nas taxas de câmbio são relativamente pequenas e podem ser mitigadas ou

amplamente absorvidas pelos operadores.

No entanto, a forte valorização do dólar ao longo do ano passado foi sentida mais

amplamente. No Brasil, os custos das companhias aéreas denominados em dólar aumentaram

em torno de 40% quando convertido para reais (IATA, 2015).

Figura 9 - Variação percentual das taxas de câmbio vs. Dólar desde o início de 2014

Fonte: IATA (2015)

O tamanho do risco cambial varia, dependendo da natureza e do alcance das operações

de uma companhia aérea, bem como da sua estratégia corporativa. Para as companhias aéreas,

a principal exposição em moeda estrangeira é muitas vezes ao dólar porque dos seus principais

custos, como combustível, manutenção, pagamentos de compra e arrendamento (leasing) de

aeronaves (aproximadamente 50% dos custos totais), apenas a tripulação não tem ligação com

o dólar (IATA, 2015).

43

A figura 10 retrata os três canais principais através dos quais as mudanças nas taxas de

câmbio geralmente afetam as companhias aéreas.

Figura 10 - Impactos das flutuações cambiais nas companhias aéreas

Fonte: IATA (2015)

3.2.3.1. DEMANDA

As mudanças nas taxas de câmbio podem afetar a composição da demanda de

passageiros. O grau em que isso ocorre irá diferir de uma rota para outra e dependerá de uma

gama de características da demanda (IATA, 2015), incluindo:

O equilíbrio de viagens em rotas específicas: Considere, por exemplo, a rota

EUA-Espanha, onde aproximadamente 66% do tráfego de passageiros se origina

nos EUA. Como resultado, a recente queda do do euro em relação ao dólar

provavelmente será um aumento líquido para o tráfego (bidirecional), já que o

impacto positivo de fazer viagens para a Espanha está relativamente mais barato

para os americanos superando o impacto negativo de fazer viagens para os EUA

relativamente mais caro para os espanhóis.

Além disso, na medida em que o euro mais fraco se torna relativamente mais

caro para os residentes da zona do euro viajarem para fora, isso também apoia a

demanda por viagens dentro da europa. O inverso é válido para os EUA, onde

as viagens no exterior se tornaram relativamente mais baratas em comparação

com as viagens domésticas.

44

Grau de sensibilidade: A sensibilidade da demanda para mudanças no preço

difere de mercado para mercado. Os mercados altamente orientados para o lazer

tendem a ser mais sensíveis às mudanças de preços do que as rotas mais

orientadas para o negócio.

3.2.3.2. OFERTA

As mudanças nas taxas de câmbio também podem influenciar as decisões de oferta das

companhias aéreas.

Na indústria aérea, a capacidade no curto prazo é essencialmente fixada. A rigidez da

oferta deve-se à dificuldade de expansão da capacidade produtiva das empresas no curto e no

médio prazos, tornando complexo o ajuste necessário para o atendimento da demanda. É mais

provável que uma companhia aérea ajuste seus cronogramas de preços, do que a capacidade,

para reequilibrar a oferta e a demanda (ANAC, 2016).

A longo prazo, uma mudança permanente (e significativa) nas taxas de câmbio pode ser

uma consideração relevante para o planejamento da rede ou as decisões de investimento em

aeronave. No entanto, é provável que este efeito seja facilmente superado por considerações

mais fundamentais, incluindo o nível esperado de demanda futura e decisões estratégicas da

empresa. As taxas de câmbio normalmente seriam consideradas no contexto de uma análise de

sensibilidade em vez de ser um driver primário.

3.2.3.3. CONTAS FINANCEIRAS

As flutuações das taxas de câmbio também podem afetar as finanças das companhias

aéreas, tanto as atividades operacionais (rentabilidade) quanto o balanço contábil da empresa.

O impacto nas atividades operacionais podem acontecer quando as companhias aéreas

incorrer em custos e receitas em várias moedas, isso dá origem a possibilidade de

desalinhamentos nas finanças operacionais. Existem três cenários possíveis (IATA, 2015):

Hedge natural onde o nível das receitas em moeda estrangeira corresponde

exatamente aos custos;

45

Um déficit em moeda estrangeira em que as receitas em moeda estrangeira são

menores do que os custos;

Um superávit de moeda estrangeira em que as receitas de moeda estrangeira

excedem os custos cambiais.

Figura 11 – Desempenho financeiro operacional x Variação na Taxa de Câmbio

Fonte: IATA (2015)

Por exemplo, uma companhia aérea com um déficit em dólares (o que é o caso da

maioria das companhias aéreas) deve converter mais reais para cobrir suas obrigações em

dólares. Portanto, uma desvalorização (valorização) do real em relação ao dólar teria um

impacto negativo (positivo) no desempenho financeiro operacional. Isso ocorre porque mais

(menos) unidades de reais precisariam ser convertidas em dólares para cobrir o desajuste. Em

outras palavras, o custo da moeda local para atender as obrigações em dólares é maior (menor).

O inverso é válido para uma companhia aérea com superávit em moeda estrangeira (MORREL,

2007).

Uma vez que uma moeda pode se mover de formas muito diferentes contra várias

moedas individuais, alguns riscos cambiais podem funcionar para compensar ou se comporem.

O desafio associado ao gerenciamento desta complexidade significa que as companhias aéreas

tendem a concentrar suas principais exposições em dólar e não em cada par de moedas

individuais.

46

3.2.3.4. IMPACTOS NO BALANÇO

As flutuações da taxa de câmbio também podem afetar o balanço de uma companhia

aérea. Os padrões de relatórios financeiros normalmente exigem que os ativos e passivos em

moeda estrangeira sejam convertidos para reais - muitas vezes pela taxa de câmbio à mercado

- e isso dá origem ao risco cambial.

Esses efeitos de avaliação podem afetar o desempenho financeiro, e as companhias

aéreas podem monitorar e escolher fazer hedge para esse risco. No entanto, esses impactos

geralmente só dão origem a ganhos e perdas no "papel", que não são realizados na prática, a

menos que uma companhia aérea escolha (ou seja forçada) a liquidar sua posição.

Consequentemente, é improvável que tais efeitos tenham impactos diretos no desemprenho

operacional (MORREL, 2007).

47

4. MODELAGEM FINANCEIRA DA EMPRESA AÉREA REGIONAL HÍBRIDA

4.1. CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

Existe uma demanda reprimida por transporte aéreo existente em cidades do interior.

Hoje existem mais de 250 cidades de pequeno e médio portes sem ligações aéreas regulares

de/para outras cidades do interior e para as capitais (Balster, 2016; Lovatti, 2018). Neste

sentido, estes estudos de Balster (2016) e Lovatti (2018) apontam para oportunidades em

potencial para criação de empresas aéreas tanto em âmbito/operação regional como em sub-

regional.

Neste trabalho, uma empresa aérea hipotética terá atuação sub-regional (ligações

regulares entre localidades de pequeno e médio portes do interior do Brasil e destas para capitais

dos seus estados). Um plano de crescimento, igualmente hipotético, será sugerido contendo

cinco fases. A primeira e segunda fase serão feitas por ligações nas regiões sul e sudeste com a

meta de alcançar mais de 50 cidades. Já na terceira fase o objetivo é atingir a região centro-

oeste. Seguindo para a quarta etapa na região nordeste e finalmente atingir a região norte na

última fase.

Esta concepção é motivada pela existência de aeroportos em praticamente todas as

localidades do interior com potencial sócio-econômico e demográfico para operar serviços

aéreos regulares, guardadas a adequação entre a oferta e a demanda, assim como a adequação

das aeronaves a serem utilizadas nestas potenciais ligações (Lovatti, 2018).

Esta empresa aérea hipotética terá um modelo de receita híbrido: parte das vendas de

passagem será pelo método convencional de compra/preço e a outra parte das vendas ocorrerá

por intermédio de uma espécie de “clube de assinatura”, a exemplo da norte-americana SurfAir.

A partir deste modelo híbrido pode-se ter uma receita recorrente e com isso buscar melhorar a

previsão de faturamento e o próprio fluxo de caixa. Em teoria, para o cliente que possui a

assinatura, torna-se vantajoso, uma vez que, ao necessitar de ‘n’ viagens por mês (regularidade

da necessidade), participar deste clube de assinatura garatirá passagens mais baratas do que se

adquiridas pelo meio convencional (tal como todas as demais empresas aéreas o fazem

atualmente, em todo o mundo).

48

Nesta concepção hipotética serão oferecidos cinco planos de assinaturas. O Faixa 1 dará

o direito a duas viagens de ida e volta por mês da cidade de residência para destinos contíguos

(da malha de ligações hipotética da empresa; neste trabalho não haverá apontamento desta rede

hipotética). O plano Faixa 2 dará direito a seis partidas por mês entre até quatro localidades pré-

escolhidas da malha da empresa. Já o Faixa 3 oferece doze partidas por mês entre até quatro

localidades pré-escolhidas da malha da empresa. O Faixa 4 dezoito partidas por mês entre até

oito localidades pré-escolhidas da malha da empresa. O Faixa 5 oferece viagens ilimitadas por

toda a rede da empresa.

Para a operação da empresa serão analisadas a utilização da aeronave Twin-Otter com

capacidade para 19 passageiros e do Embraer EMB120 Brasília, esta com capacidade para 30

passageiros. Estas aeronaves não possuem restrições operacionais com a maioria dos aeroportos

das cidades do interior, além de oferecer maior agilidade no embarque e desembarque,

exatmente por serem de pequeno porte. Além disso, a competitividade da empresa também se

dá pelo reduzido custo das operações. As aeronaves e motores são de baixo custo de

manutenção, as tarifas aeroportuárias e de navegação aérea são mais baratas e, para o Twin-

Otter de 19 assentos, não há obrigatoriedade de comissários a bordo.

Por fim, o valor da empresa está em oferecer um transporte mais seguro, com mais

conforto e com menor tempo de viagem que compense o valor da hora de trabalho do

profissional e seu custo de oportunidade. Junto a isso, ter maior transparência e previsibilidade

de preços e uma prestação de serviço humanizada são focos da companhia.

4.2. PREMISSAS

4.2.1. MACROECONÔMICAS

As premissas macroeconômicas foram definidas conforme as médias das projeções

disponíveis em 16 de fevereiro de 2018 no Relatório Focus do Banco Central até 2022 (inflação

no Brasil, taxa de câmbio R$ / US$ e Selic) e mantidas constantes nos anos seguintes. As taxas

de câmbio foram corrigidas anualmente pelo diferencial de projeção de inflação (CPI vs. IPCA).

49

Já o CPI foi projetado conforme o Departamento de Pesquisa Econômica do Itaú BBA

até 2022 e mantidas constantes nos anos seguintes.

Figura 12 – Projeções Macroeconômicas

Fonte: Banco Central do Brasil - Relatório Focus (2018) e Departamento de Pesquisa Econômica Itaú BBA (2018)

4.2.2. RECEITA

As projeções para a receita foram baseadas nos aspectos operacionais e resultados de

um projeto confidencial em andamento, tendo como referência o Professor Respicio Antônio

do Espirito Santo Jr. do Departamento de Engenharia de Transportes (DET) da Escola

Politécnica da UFRJ. Sendo assim, foram utilizadas as seguintes premissas:

Aeronave – Será utilizado um Twin-Otter ou um Embraer Brasilia, o que impactará

no número de passageiros por aeronave;

Número de passageiros – Depende da aeronave utilizada. Impactará a oferta de

assentos e consequentemente a receita;

Número de Aeronaves – Incialmente a frota será composta por três aeronaves o que

impactará a oferta de assentos e consequentemente a receita e os custos;

Oferta de assentos avulsos e por assinatura – Para esta projeção foi determinado 50%

dos assentos da aeronave disponíveis para cada modelo. Isto impactará a receita

vinda de cada modelo e, portanto, a receita total;

Demanda pelo plano de assinatura Faixa 1 – Utilizaremos 50% da demanda pelo

modelo por assinatura por este plano. Isto irá impactar a receita pelos modelos de

assinatura e, portanto, a receita total;

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028

Índice de Inflação

Brasil (IPCA) 3,82% 4,19% 4,06% 4,01% 4,00% 4,00% 4,00% 4,00% 4,00% 4,00% 4,00%

EUA (CPI) 2,49% 2,43% 2,43% 2,43% 2,43% 2,43% 2,43% 2,43% 2,43% 2,43% 2,43%

Taxa de Câmbio

R$/US$ (média do período) 3,27 3,34 3,40 3,45 3,53 3,58 3,64 3,70 3,75 3,81 3,87

Taxa de Juros

SELIC (média) 6,72% 7,85% 8,15% 8,11% 8,02% 8,02% 8,02% 8,02% 8,02% 8,02% 8,02%

50

Demanda pelo plano de assinatura Faixa 2 – Utilizaremos 25% da demanda pelo

modelo por assinatura por este plano. Isto irá impactar a receita pelos modelos de

assinatura e, portanto, a receita total;

Demanda pelo plano de assinatura Faixa 3 – Utilizaremos 15% da demanda pelo

modelo por assinatura por este plano. Isto irá impactar a receita pelos modelos de

assinatura e, portanto, a receita total;

Demanda pelo plano de assinatura Faixa 4 – Utilizaremos 7,5% da demanda pelo

modelo por assinatura por este plano. Isto irá impactar a receita pelos modelos de

assinatura e, portanto, a receita total;

Demanda pelo plano de assinatura Faixa 5 – Utilizaremos 2,5% da demanda pelo

modelo por assinatura por este plano. Isto irá impactar a receita pelos modelos de

assinatura e, portanto, a receita total;

Preço plano de assinatura Faixa 1 – Para este plano o valor cobrado é de R$ 695,00

por mês com aumento igual a inflação no período projetado. Esta variável irá

impactar a receita por pacote e, portanto, a receita total;

Preço plano de assinatura Faixa 2 – Para este plano o valor cobrado é de R$ 1.295,00

por mês com aumento igual a inflação no período projetado. Esta variável irá

impactar a receita por pacote e, portanto, a receita total;

Preço plano de assinatura Faixa 3 – Para este plano o valor cobrado é de R$ 2.490,00

por mês com aumento igual a inflação no período projetado. Esta variável irá

impactar a receita por pacote e, portanto, a receita total;

Preço plano de assinatura Faixa 4 – Para este plano o valor cobrado é de R$ 3.585,00

por mês com aumento igual a inflação no período projetado. Esta variável irá

impactar a receita por pacote e, portanto, a receita total;

Preço plano de assinatura Faixa 5 – Para este plano o valor cobrado é de R$ 7.390,00

por mês com aumento igual a inflação no período projetado. Esta variável irá

impactar a receita por pacote e, portanto, a receita total;

Preço passagem avulsa – Iremos utilizar para passagem avulsa um preço médio de

R$ 385,00 por hora de voo com aumento igual a inflação no período projetado. Esta

variável impacta a receita de passagens avulsas e, portanto, a receita total;

Voos Faixa 1 – Estima-se que os assinantes desse plano farão 4 viagens por mês.

Esta variável irá impactar o valor médio de viagens por assinante e

consequentemente o potencial de assinantes;

51

Voos Faixa 2 – Estima-se que os assinantes desse plano farão 6 viagens por mês.

Esta variável irá impactar o valor médio de viagens por assinante e

consequentemente o potencial de assinantes;

Voos Faixa 3 – Estima-se que os assinantes desse plano farão 12 viagens por mês.

Esta variável irá impactar o valor médio de viagens por assinante e

consequentemente o potencial de assinantes;

Voos Faixa 4 – Estima-se que os assinantes desse plano farão 18 viagens por mês.

Esta variável irá impactar o valor médio de viagens por assinante e

consequentemente o potencial de assinantes;

Voos Faixa 5 – Estima-se que os assinantes desse plano farão 30 viagens por mês.

Esta variável irá impactar o valor médio de viagens por assinante e

consequentemente o potencial de assinantes;

Horas de voo – Cada aeronave irá ter 8 horas de voo por dia útil e 4 horas de voo

nos finais de semana e feriados. Isto irá impactar a oferta de assentos por dia e

consequentemente o potencial de assinantes, além de impactar o investimento inicial

necessário e os custos;

Tempo médio de voo – Foi estimado um tempo médio de 50 minutos por voo. Esta

variável impacta a oferta diária de assentos e consequentemente o potencial de

assinantes;

Overbooking de assinantes – Esta variável representa o quanto irei vender de plano

de assinatura acima do total disponível. Foi utilizado 300%, o que irá impactar o

potencial de assinantes;

Potencial de assinantes – Valor obtido dividindo os assentos disponíveis mensal para

assinantes pelo número de viagens médias por assinante por mês e multiplicando

pelo overbooking. Com as premissas anteriores alcançamos um valor de 6.071

assinantes potencial;

Tipo Evolução Load Factor – Nesta variável escolhemos qual modelo iremos

utilizar para evoluir o load factor ao longo dos anos até atingir o target. As opções

são utilizar progressão aritmética e progressão geométrica. Foi utilizado

inicialmente a progressão aritmética. Isto irá impactar a receita total;

Load Factor inicial – Esta variável representa a taxa de ocupação da aeronave no

primeiro ano de operação. Foi utilizando 25%, o que irá impactar a receita total;

52

Load Factor target – Esta variável representa meta da taxa de ocupação a ser obtida.

Foi utilizado 75%, o que irá impactar a receita total;

Anos target – Representa o período de tempo para se alcançar a meta do load fator.

Foi utilizado 5 anos, o que irá impactar a receita total.

53

Figura 13 – Variáveis da Receita

Fonte: Elaboração própria

VARIÁVEIS UNIDADE

AERONAVE - BRASÍLIA

Nº PAX - 30

Nº DE AERONAVES - 3

OFERTA AVULSO - 50%

OFERTA ASSINATURA - 50%

FAIXA 1 - 50%

FAIXA 2 - 25%

FAIXA 3 - 15%

FAIXA 4 - 7,5%

FAIXA 5 - 2,5%

PREÇO FAIXA 1 R$/mês 695,00

PREÇO FAIXA 2 R$/mês 1.295,00

PREÇO FAIXA 3 R$/mês 2.490,00

PREÇO FAIXA 4 R$/mês 3.585,00

PREÇO FAIXA 5 R$/mês 7.390,00

PREÇO BASE PASSAGEM R$/h 385,00

VOOS FAIXA 1 Voo/(mês*assinante) 4,00

VOOS FAIXA 2 Voo/(mês*assinante) 6,00

VOOS FAIXA 3 Voo/(mês*assinante) 12,00

VOOS FAIXA 4 Voo/(mês*assinante) 18,00

VOOS FAIXA 5 Voo/(mês*assinante) 30,00

HORAS DE VOO DIA ÚTIL h/(aeronave*dia) 8,00

HORAS DE VOO FINAL DE SEMANA h/(aeronave*dia) 4,00

HORAS DE VOO MÉDIA h/(aeronave*dia) 6,93

TEMPO MÉDIO DE VOO Min/voo 50,00

OFERTA POR DIA Assentos/dia 749

OFERTA MENSAL Assentos/mês 22.464

ASSENTOS DISPONÍVEIS PARA ASSINANTES Assentos/mês 11.232

NÚMERO MÉDIO DE VIAGEM POR ASSINANTE Voo/(mês*assinante) 7,40

OVERBOOKING ASSINANTES - 300%

POTENCIAL DE ASSINANTES Assinantes/mês 6.071

TIPO EVOLUÇÃO LOAD FACTOR - P.A.

LOAD FACTOR INICIAL - 25%

LOAD FACTOR TARGET - 75%

ANOS TARGET Anos 5

54

4.2.3. CUSTOS E DESPESAS

Assim como as premissas para a receita, as projeções para o custo foram baseadas nos

aspectos operacionais e resultados de um projeto confidencial em andamento, tendo como

referência o Professor Respicio Antônio do Espirito Santo Jr. do Departamento de Engenharia

de Transportes (DET) da Escola Politécnica da UFRJ. Sendo assim, foi utilizado a seguinte

premissa:

Custos totais (operacionais + administrativos) – Estima-se um custo de R$

13.000,00 por hora de voo. Esta variável irá impactar o EBITDA da companhia.

Dentro desse valor podemos citar alguns custos incluídos:

o Gastos com pessoal (diretoria executiva, gerentes, pilotos, co-pilotos, etc.);

o Plataforma de TI (websites, aplicativos, mídias sociais, call center);

o Marketing, comercial, vendas;

o Escritório e espaço nos aeroportos;

o Combustível;

o Tarifas aeronáuticas e aeroportuárias.

4.2.4. INVESTIMENTOS E DEPRECIAÇÃO

As premissas utilizadas para o investimento e depreciação são as seguintes:

CAPEX – O valor para capital inicial foi estimado em U$20.000.000,00, segundo

projeto supra citado. Este valor foi convertido para reais pela taxa de R$ 3,27,

conforme projeções macroeconômicas do item 4.2.1. Esta variável impacta

diretamente o valor presente do projeto e a taxa interna de retorno (TIR). Dentro

deste valor podemos citar os seguintes investimentos:

o Compra de três aeronaves no valor de aproximadamente US$ 3 milhões

cada, incluindo os gastos com importação, adequação e certificação;

o Infraestrutura para atendimento em cada aeroporto de operação;

o Equipamentos para operação de embarque e desembarque

o Montagem do escritório sede;

o Construção/manutenção de domínios, site e aplicativos;

55

Depreciação – Com base na Norma Brasileira de Contabilidade TG27 (2017), foi

considerado uma taxa de 10% sobre aeronaves e demais ativos imobilizados. Esta

variável impacta no EBIT.

4.2.5. CAPITAL DE GIRO

As premissas para o cálculo do capital de giro são (NETTO, 2016):

Prazo médio de contas a receber – A partir da média de mercado estima-se um prazo

de 40 dias. Isto irá impactar o contas a receber no balanço;

Prazo médio de contas a pagar – A partir da média de mercado estima-se um prazo

de 30 dias. Isto irá impactar o contas a pagar do balanço.

4.2.6. ESTRUTURA DE CAPITAL

As seguintes premissas foram definidas:

Percentual financiável – Representa o quanto do CAPEX será de capital de terceiros.

O grau de endividamento (Dívida/Capital Próprio) do setor variou muito nos últimos

anos, principalmente das companhias aéreas brasileiras, que apresentaram um

número muito elevado por conta de um patrimônio líquido pequeno ou até negativo.

Já as empresas aéreas americanas apresentaram um D/E ratio compatível com o que

se vê no mercado, ficando na média em 4,0 (NETTO, 2016). Portanto, de acordo

com o setor utilizamos 80% para o investimento inicial a ser financiado. Isto irá

impactar a taxa de desconto;

Amortização da dívida – Representa em quantos anos a dívida será amortizada.

Partindo da premissa que o financiamento será feito pelo BNDES Finame foi

utilizado 8 anos, pois é o prazo máximo que este programa de financiamento oferece

(BNDES, 2018). Isto irá impactar os juros a serem pagos;

Carência – Representa em quantos anos a dívida começará a ser amortizada.

Partindo da premissa que o financiamento será feito pelo BNDES Finame foi

utilizado 2 anos, pois é o prazo máximo que este programa de financiamento oferece

(BNDES, 2018). Isto irá impactar os juros a serem pagos;

56

Percentual de capital próprio – Representa o quanto do CAPEX será de capital de

próprio. Pelas mesmas razões do percentual financiável, foi utilizado 20% de capital

próprio no investimento inicial. Isto irá impactar a taxa de desconto.

4.2.7. TAXA DE DESCONTO

As seguintes premissas foram adotadas:

Taxa de Financiamento (Kd) – De acordo com o Finame, para pequenas e médias

empresas, a taxa de financiamento cobrada é igual a SELIC + 1,5% a.a. + Taxa do

Agente Financeiro, a qual pode variar entre 3% e 6% (BNDES, 2018). Utilizando a

projeção da SELIC do item 4.2.1 e o valor médio das taxas praticadas pelos agentes

financeiros (4,5%) chagamos uma taxa de 13,40% a.a. Esta variável impacta a taxa

de desconto;

Imposto de Renda e CSLL – Segundo pesquisa da KPMG (2014), a média do

imposto de renda mais contribuição social do lucro líquido no Brasil é de 34%,

portanto, este foi o valor adotado. Este valor irá impactar o cálculo do beta, da taxa

de desconto (WACC) e do lucro líquido;

Taxa livre de risco (Rf) – Representa o retorno requerido pelo investidor para

investimentos em títulos conceitualmente sem risco (Risk Free). Adotamos como

parâmetro de taxa livre de risco a média aritmética histórica dos últimos 6 meses

das taxas oferecidas pelo governo norte-americano (T-Bond norte-americano de 30

anos). Com base nisso, 2,88% a.a. é a média do T-bond 30 anos (Bloomberg, 2018).

Irá impactar o custo de capital próprio;

Beta - O índice Beta é um indicador que mede a sensibilidade de um ativo em relação

ao comportamento de uma carteira que represente o mercado. Portanto, é uma

medida do risco que um investidor está exposto ao investir em um ativo em

particular em comparação com o mercado como um todo. Como cada empresa tem

uma determinada estrutura de capital (Dívida/Capital Próprio), temos que ajustar o

valor do beta para a estrutura de capital dessa empresa. Em Damodaran (2018) temos

que o beta desalavancado (ßU) do setor aéreo, isto é, sem considerar a estrutura de

capital da empresa, é 0,66. Então, devemos realavancar ponderando pela estrutura

de capital da empresa sob análise, utilizando a seguinte fórmula ßL=ßU*(1+(1-

57

T)*D/E, onde T é a taxa de imposto de renda e D/E é o grau de endividamento

(Fernández, 2003). Com base nisso e nas premissas anteriores, calculamos o beta de

2,40. Isto irá impactar o custo de capital próprio;

Prêmio de risco de mercado – Representa o retorno acima da taxa livre de risco que

o investidor exige para investir (estar exposto ao risco) no mercado de capitais

(Equity Risk Premium), devido ao seu risco inerente. Foi adotado 5,5% a.a. (KPMG,

2017);

Risco país – Representa o montante adicional de retorno (prêmio) exigido pelo

investidor institucional para investir no Brasil (Country Risk Premium). Foi adotado

o valor 2,43% com base na média dos últimos 6 meses do indicador EMBI + Brasil

em 01 março de 2018 (Mornigstar, 2018);

WACC – O custo médio ponderado de capital (CMPC ou WACC em inglês) foi

calculado conforme detalhado no item 3.1.2. Utilizando as premissas acima a taxa

de desconto é de 11,0% a.a. Esta variável impacta o valor presente da empresa.

4.2.8. TAXA DE CRESIMENTO NA PERPETUIDADE

Como vimos no item 2.3 deste trabalho, segundo o estudo do Ministério dos

Transportes, Portos e Aviação Civil - Projeções de demanda para os aeroportos brasileiros 2017

– 2037 (2017) nos próximos 20 anos a perspectiva é de que o setor tenha um crescimento real

de 3,35%. Portanto, com base nisso e na projeção para a inflação em 2028 de 4,0%, visto no

item 4.2.1, utilizamos como taxa de crescimento nominal na perpetuidade (g) o valor de 7,5%.

4.3. FLUXO DE CAIXA DESCONTADO

Para calcular o Fluxo de Caixa Descontado as projeções foram elaboradas em moeda

corrente (Reais) e expressas em termos nominais, portanto, incluindo os efeitos inflacionários

da economia brasileira.

O horizonte de projeção será de 10 anos, de 2018 até 2028, pois este é um período

suficiente para que a empresa atinja a maturidade e possamos avaliar seu fluxo de caixa.

58

Os fluxos foram descontados pelo custo médio ponderado de capital (WACC) para o

cálculo do seu valor presente, conforme visto no item 4.2.7. Já a perpetuidade foi calculada com

base no modelo de crescimento de Gordon, com crescimento constante (g) (método explicado

no item 3.1.1), sendo a taxa g utilizada conforme item 4.2.8.

Figura 14 – Cálculo do WACC

Fonte: Elaboração própria

As figuras 15 e 16 mostram detalhadamente os resultados do modelo.

TAXA DE FINANCIAMENTO (Kd) R$ nominal 13,40%

PERCENTUAL FINANCIÁVEL - 80%

AMORTIZAÇÃO DA DÍVIDA Anos 8

CARÊNCIA Anos 2

IMPOSTO DE RENDA + CSLL - 34,00%

TAXA LIVRE DE RISCO (Rf) - 2,88%

BETA DESALAVANCADO - 0,66

BETA REALAVANCADO - 2,40

PRÊMIO DE RISCO DE MERCADO - 5,50%

RISCO PAÍS - 2,43%

CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO (Ke) US$ nominal 18,52%

DIFERENCIAL DE INFLAÇÃO BRASIL / EUA - 1,33%

CUSTO DE CAPITAL PRÓPRIO (Ke) R$ nominal 19,85%

PERCENTUAL DE CAPITAL PRÓPRIO - 20%

WACC - 11,0%

PERPETUIDADE (g) - 7,5%

59

Figura 15 – DRE Projetado da Empresa

Fonte: Elaboração própria

UNIDADE 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028

LOAD FACTOR 0% 25,0% 37,5% 50,0% 62,5% 75,0% 75,0% 75,0% 75,0% 75,0% 75,0%

ASSINATURA R$ 0,00 27.291.483,24 42.599.276,19 59.076.676,23 76.799.679,09 95.845.999,51 99.679.839,49 103.667.033,07 107.813.714,39 112.126.262,97 116.611.313,49

FAIXA 1 R$ 0,00 6.329.383,78 9.879.535,15 13.700.939,34 17.811.221,15 22.228.403,99 23.117.540,15 24.042.241,76 25.003.931,43 26.004.088,68 27.044.252,23

PREÇO R$/mês 0,00 695,00 723,22 752,22 782,31 813,60 846,14 879,99 915,19 951,80 989,87

DEMANDA Assinantes/mês 0,00 758,92 1.138,38 1.517,84 1.897,30 2.276,76 2.276,76 2.276,76 2.276,76 2.276,76 2.276,76

FAIXA 2 R$ 0,00 5.896.800,00 9.204.315,12 12.764.544,21 16.593.907,47 20.709.196,52 21.537.564,38 22.399.066,96 23.295.029,64 24.226.830,82 25.195.904,06

PREÇO R$/mês 0,00 1.295,00 1.347,58 1.401,61 1.457,68 1.515,99 1.576,63 1.639,69 1.705,28 1.773,49 1.844,43

DEMANDA Assinantes/mês 0,00 379,46 569,19 758,92 948,65 1.138,38 1.138,38 1.138,38 1.138,38 1.138,38 1.138,38

FAIXA 3 R$ 0,00 6.802.949,19 10.618.723,39 14.726.045,60 19.143.859,28 23.891.536,38 24.847.197,83 25.841.085,74 26.874.729,17 27.949.718,34 29.067.707,07

PREÇO R$/mês 0,00 2.490,00 2.591,09 2.695,00 2.802,80 2.914,91 3.031,50 3.152,77 3.278,88 3.410,03 3.546,43

DEMANDA Assinantes/mês 0,00 227,68 341,51 455,35 569,19 683,03 683,03 683,03 683,03 683,03 683,03

FAIXA 4 R$ 0,00 4.897.303,78 7.644.201,48 10.600.978,61 13.781.272,19 17.199.027,69 17.886.988,80 18.602.468,35 19.346.567,09 20.120.429,77 20.925.246,96

PREÇO R$/mês 0,00 3.585,00 3.730,55 3.880,15 4.035,35 4.196,77 4.364,64 4.539,22 4.720,79 4.909,62 5.106,01

DEMANDA Assinantes/mês 0,00 113,84 170,76 227,68 284,59 341,51 341,51 341,51 341,51 341,51 341,51

FAIXA 5 R$ 0,00 3.365.046,49 5.252.501,06 7.284.168,47 9.469.419,01 11.817.834,93 12.290.548,32 12.782.170,26 13.293.457,07 13.825.195,35 14.378.203,16

PREÇO R$/mês 0,00 7.390,00 7.690,03 7.998,40 8.318,34 8.651,07 8.997,12 9.357,00 9.731,28 10.120,53 10.525,35

DEMANDA Assinantes/mês 0,00 37,95 56,92 75,89 94,86 113,84 113,84 113,84 113,84 113,84 113,84

AVULSO R$ 0,00 10.810.800,00 16.874.577,72 23.401.664,38 30.422.163,70 37.966.860,29 39.485.534,71 41.064.956,09 42.707.554,34 44.415.856,51 46.192.490,77

PREÇO R$/h 0,00 385,00 400,63 416,70 433,36 450,70 468,73 487,48 506,97 527,25 548,34

DEMANDA Assentos/mês 0,00 2.808,00 4.212,00 5.616,00 7.020,00 8.424,00 8.424,00 8.424,00 8.424,00 8.424,00 8.424,00

RECEITA BRUTA R$ 0,00 38.102.283,24 59.473.853,91 82.478.340,61 107.221.842,79 133.812.859,80 139.165.374,20 144.731.989,16 150.521.268,73 156.542.119,48 162.803.804,26

IMPOSTOS SOBRE VENDAS R$ 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

RECEITA LÍQUIDA R$ 0,00 38.102.283,24 59.473.853,91 82.478.340,61 107.221.842,79 133.812.859,80 139.165.374,20 144.731.989,16 150.521.268,73 156.542.119,48 162.803.804,26

CUSTOS OPERACIONAIS + SG&A R$ 0,00 97.344.000,00 101.296.166,40 105.358.142,67 109.572.468,38 113.955.367,11 118.513.581,80 123.254.125,07 128.184.290,07 133.311.661,68 138.644.128,14

EBITDA R$ 0,00 -59.241.716,76 -41.822.312,49 -22.879.802,06 -2.350.625,59 19.857.492,69 20.651.792,40 21.477.864,09 22.336.978,66 23.230.457,80 24.159.676,11

Margem EBITDA % 0% -155% -70% -28% -2% 15% 15% 15% 15% 15% 15%

DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO R$ 0,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00 6.540.000,00

EBIT R$ 0,00 -65.781.716,76 -48.362.312,49 -29.419.802,06 -8.890.625,59 13.317.492,69 14.111.792,40 14.937.864,09 15.796.978,66 16.690.457,80 17.619.676,11

Margem EBIT % 0% -173% -81% -36% -8% 10% 10% 10% 10% 11% 11%

DESPESAS FINANCEIRAS R$ 0,00 0,00 0,00 -9.015.683,20 -7.888.722,80 -6.761.762,40 -5.634.802,00 -4.507.841,60 -3.380.881,20 -2.253.920,80 -1.126.960,40

LAIR R$ 0,00 -65.781.716,76 -48.362.312,49 -38.435.485,27 -16.779.348,39 6.555.730,29 8.476.990,40 10.430.022,49 12.416.097,46 14.436.537,00 16.492.715,71

IR + CSLL R$ 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2.228.948,30 2.882.176,73 3.546.207,65 4.221.473,13 4.908.422,58 5.607.523,34

LUCRO LÍQUIDO R$ 0,00 -65.781.716,76 -48.362.312,49 -38.435.485,27 -16.779.348,39 4.326.781,99 5.594.813,66 6.883.814,84 8.194.624,32 9.528.114,42 10.885.192,37

Margem Líquida % 0% -173% -81% -47% -16% 3% 4% 5% 5% 6% 7%

ROE % 0% -503% -370% -294% -128% 33% 43% 53% 63% 73% 83%

60

Figura 16 – Fluxo de Caixa dos Ativos, VPL e TIR

Fonte: Elaboração própria

2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028

FLUXO DE CAIXA OPERACIONAL R$ 0,00 -59.241.716,76 -41.822.312,49 -22.879.802,06 -2.350.625,59 17.628.544,39 17.769.615,66 17.931.656,44 18.115.505,52 18.322.035,22 18.552.152,77

CAPEX R$ 65.400.000,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

VARIAÇÃO DE CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO R$ 0,00 -3.878.412,97 2.045.271,76 2.217.556,05 2.398.084,21 2.589.315,88 214.872,60 223.467,50 232.406,20 241.702,45 251.370,55

CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO R$ 0,00 -3.878.412,97 -1.833.141,21 384.414,84 2.782.499,06 5.371.814,94 5.586.687,54 5.810.155,04 6.042.561,24 6.284.263,69 6.535.634,24

ATIVO CIRCULANTE R$ 0,00 4.233.587,03 6.608.205,99 9.164.260,07 11.913.538,09 14.868.095,53 15.462.819,36 16.081.332,13 16.724.585,41 17.393.568,83 18.089.311,58

CONTAS A RECEBER R$ 0,00 4.233.587,03 6.608.205,99 9.164.260,07 11.913.538,09 14.868.095,53 15.462.819,36 16.081.332,13 16.724.585,41 17.393.568,83 18.089.311,58

RECEITA R$ 0,00 38.102.283,24 59.473.853,91 82.478.340,61 107.221.842,79 133.812.859,80 139.165.374,20 144.731.989,16 150.521.268,73 156.542.119,48 162.803.804,26

PMCR Dias 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00 40,00

PASSIVO CIRCULANTE R$ 0,00 8.112.000,00 8.441.347,20 8.779.845,22 9.131.039,03 9.496.280,59 9.876.131,82 10.271.177,09 10.682.024,17 11.109.305,14 11.553.677,35

CONTAS A PAGAR R$ 0,00 8.112.000,00 8.441.347,20 8.779.845,22 9.131.039,03 9.496.280,59 9.876.131,82 10.271.177,09 10.682.024,17 11.109.305,14 11.553.677,35

CUSTOS R$ 0,00 97.344.000,00 101.296.166,40 105.358.142,67 109.572.468,38 113.955.367,11 118.513.581,80 123.254.125,07 128.184.290,07 133.311.661,68 138.644.128,14

PMCP Dias 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00 30,00

FLUXO DE CAIXA DOS ATIVOS R$ -65.400.000,00 -55.363.303,78 -43.867.584,25 -25.097.358,12 -4.748.709,80 15.039.228,51 17.554.743,06 17.708.188,94 17.883.099,32 18.080.332,77 18.300.782,22

FLUXO DE CAIXA DA PERPETUIDADE R$ 554.830.799,47

FLUXO DE CAIXA DOS ATIVOS + PERPET. R$ -65.400.000,00 -55.363.303,78 -43.867.584,25 -25.097.358,12 -4.748.709,80 15.039.228,51 17.554.743,06 17.708.188,94 17.883.099,32 18.080.332,77 573.131.581,69

VP FLUXO DE CAIXA DOS ATIVOS R$ -65.400.000,00 -49.856.266,76 -35.574.535,03 -18.328.261,73 -3.122.961,69 8.906.649,09 9.362.266,90 8.504.689,15 7.734.368,19 7.041.841,25 6.418.702,11

VP FLUXO DE CAIXA DA PERPETUIDADE R$ 194.597.890,97

VPL R$ 70.284.382,47

VPL/CAPEX - 107%

TIR - 16%

61

Com todas essas premissas e definições, chegamos no valor presente líquido (VPL) da

empresa de R$ 70.284 mil.

4.4. INDICADORES

4.4.1. ÍNDICE DE LUCRATIVIDADE

Este índice significa o quanto de valor gerado por um investimento. É representado pela

fórmula:

𝑉𝑃𝐿

𝐶𝐴𝑃𝐸𝑋

Podemos fizer que um projeto é rentável sempre que este índice for maior do que 0.

Portanto, como podemos observar na figura 16, o índice de lucratividade do projeto é de 107%.

4.4.2. TAXA INTERNA DE RETORNO

A TIR, abreviação de Taxa Interna de Retorno, é um método muito utilizado na análise

de viabilidade econômica de projetos de investimentos devido a facilidade de interpretar o seu

resultado: um percentual de rentabilidade do projeto que está sendo analisado. Esta é a taxa que

quando descontamos o fluxo de caixa zera o VPL. É representada pela fórmula:

𝑉𝑃𝐿 = ∑𝐹𝐶𝑛

(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑛= 0

𝑁

𝑛=0

Para interpretar o resultado da taxa interna de retorno é preciso fazer uma comparação

com o WACC. Se a TIR for maior que o custo médio de capital ponderado quer dizer que o

projeto pode ser aceito, pois o VPL será positivo. Neste modelo, temos que a TIR é igual a 16%

(Figura 16), e como vimos no itemo 4.2.7 o WACC é igual a 11%, portanto, pela análise da

taxa interna de retorno, este é um projeto rentável.

62

4.4.3. MARGEM OPERACIONAL

Também denominada de Margem EBITDA, esta variável aponta o percentual do lucro

operacional (soma dos ganhos antes dos juros, impostos e depreciação) sobre a receita líquida

e serve como importante indicador de eficiência da empresa. Ela é definida como:

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 =𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

Como podemos ver na figura 15, a margem operacional sai de -155% no primeiro ano

e alcança 15% no ano de 2028. Isto ocorre, pois é normal que a demanda pelos serviços da

empresa aumente até atingir a maturidade.

Comparando com outras empresas do setor aéreo, a margem operacional no ano de 2028

está bem acima dos pares brasileiros (5%) e em linha com o setor americano (16%). Esta

discrepância é causa pelos altos custos fixos do setor no Brasil (NETTO, 2016).

4.4.4. MARGEM LÍQUIDA

A Margem Líquida compara o lucro líquido com a receita da empresa. Assim é possível

saber quanto é lucrado pela companhia com cada real de receita. A margem líquida é muito

importante porque para o seu cálculo já foram incluídos os custos diretos e indiretos, as despesas

financeiras e até o imposto de renda. Ou seja, de todas as margens é a que é mais analisada por

refletir o quanto a companhia está realmente lucrando. É representada pela seguinte fórmula:

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎 =𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑎

Na figura 15 vemos que a margem líquida deste projeto sai de -173% em 2019 e alcança

7% em 2028, quando já atingiu a maturidade. Em comparação com as outras empresas do setor

aéreo brasileiro, a margem está bem acima do que o apresentado pelo seus pares (-0,5%) muito

por causa das recentes altas na taxa de câmbio e dos prejuízos com operações de fuel hedge.

Entretanto, comparando com os pares americanos, a margem está mais em linha com o que o

setor apresentou (11%) (NETTO, 2016).

63

4.4.5. RETORNO SOBRE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O Retorno Sobre Patrimônio Líquido, muito conhecido no mercado como Return On

Equity (ROE) mede o retorno para os acionistas do capital próprio na empresa. Neste indicador,

o lucro líquido é comparado ao Patrimônio Líquido da empresa, por isso ele acaba sendo muito

utilizado pelos investidores para avaliar a decisão de aportar ou não capital em uma companhia.

Representamos pela seguinte fórmula:

𝑅𝑂𝐸 =𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑑𝑜 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑚ô𝑛𝑖𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜

De acordo com a figura 15, observamos que o ROE deste projeto começa com valores

negativos até alcançar 83% no ano de 2028. Não foi possível comparar com as demais empresas

do setor aéreo brasileiro, pois como vêm apresentando sucessivos prejuízos, o patrimônio

líquido ficou negativo, não sendo possível calcular o índice. Já em comparação com o setor

aéreo norte americano, o ROE deste projeto está em linha com o apresentado pelos seus pares

(80%) (NETTO, 2016).

4.5. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

A partir da análise de sensibilidade pode-se ver como o modelo financeiro se comporta

e concluir algumas características do projeto e imperfeições do próprio modelo. Para isso, além

do cenário base, o qual foi adotado nas premissas, dois outros cenários serão colocados, o

otimista e o pessimista.

Estes dois cenários são criados para corrigir possíveis erros que ocorreram nas premissas

das variáveis. Portanto, o choque dado foi de 10% nas seguintes variáveis críticas (DESTERRO,

2017):

Preço dos planos assinatura;

Preço da passagem avulsa;

Tempo médio de voo;

64

Overbooking de assinantes;

Custos totais;

Capex.

Para o preço dos planos de assinaturas, das passagens avulsas e do overbooking de

assinantes o cenário otimista é uma alta de 10% nos valores adotados no cenário. Já, para o

tempo médio de voo, custos totais e Capex, o cenário otimista é uma queda de 10% nos valores

adotados no cenário base. Para o cenário pessimista foi adotado o inverso (DESTERRO, 2017).

Figura 17 – Cenário Otimista

Fonte: Elaboração Própria

Figura 18 – VPL, Índice de Lucratividade e TIR

Fonte: Elaboração Própria

A partir dos resultados obtidos na figura 18, vemos que no cenário otimista um choque

de 10% nas variáveis críticas, corresponde a um aumento de quase 800% no valor presente

líquido em relação ao cenário base. Da mesma forma, o índice de lucratividade e a TIR

aumentam 892% e 146%, respectivamente.

VARIÁVEIS UNIDADE VALOR

PREÇO FAIXA 1 R$/mês 764,50

PREÇO FAIXA 2 R$/mês 1.424,50

PREÇO FAIXA 3 R$/mês 2.739,00

PREÇO FAIXA 4 R$/mês 3.943,50

PREÇO FAIXA 5 R$/mês 8.129,00

PREÇO BASE PASSAGEM R$/h 423,50

TEMPO MÉDIO DE VOO Min/voo 45,00

OVERBOOKING ASSINANTES - 330%

CUSTOS TOTAIS R$/hora de voo 11.700,00

CAPEX US$ 18.000.000,00

CENÁRIO OTIMISTA

EV (R$ mil)

EV/CAPEX

TIR

624.681

1061%

39,4%

65

Figura 19 – Cenário Pessimista

Fonte: Elaboração Própria

Figura 20 - VPL, Índice de Lucratividade e TIR

Fonte: Elaboração Própria

O choque utilizado no cenário pessimista teve como resultado a figura 20. Podemos

observar que semelhante ao cenário otimista a variação do VPL, índice de lucratividade e TIR

em relação ao cenário base, são muito grandes em comparação com a variação das premissas.

Portanto, a partir desta análise de sensibilidade detectamos que o modelo elaborado

possui uma alta alavancagem operacional, isto é, pequena variação nas premissas, alto impacto

no resultado. Isto ocorre pois, todos os custos do modelo estão atrelados ao número de horas de

voo e não possui nenhuma parcela variável com o número de passageiros ou de assinantes. Uma

solução para este problema seria abrir os custos em administrativos e operacionais.

Contudo, podemos perceber que o modelo está bem estruturado para poder alterar

diversas premissas, o que é muito importante em um projeto que envolve diversas variáveis e

com isso incertezas.

VARIÁVEIS UNIDADE VALOR

PREÇO FAIXA 1 R$/mês 625,50

PREÇO FAIXA 2 R$/mês 1.165,50

PREÇO FAIXA 3 R$/mês 2.241,00

PREÇO FAIXA 4 R$/mês 3.226,50

PREÇO FAIXA 5 R$/mês 6.651,00

PREÇO BASE PASSAGEM R$/h 346,50

TEMPO MÉDIO DE VOO Min/voo 55,00

OVERBOOKING ASSINANTES - 270%

CUSTOS TOTAIS R$/hora de voo 14.300,00

CAPEX US$ 22.000.000,00

CENÁRIO PESSIMISTA

EV (R$ mil)

EV/CAPEX

TIR

-550.952

-766%

N/A

66

5. CONCLUSÃO

Essencial para a integração nacional e regional, o transporte aéreo é um vetor de

desenvolvimento econômico. Além disso, por ser capaz de oferecer aos seus usuários segurança

e agilidade, esse modal demonstra-se eficiente no deslocamento de passageiros em médias e

longas distâncias. Essas características tornam esse serviço fundamental para um país de

grandes dimensões e desenvolvimento heterogêneo como o Brasil.

Como apresentado no segundo capítulo, a necessidade por deslocamento de grandes e

médias distâncias é evidente quando olhamos a evolução no número de passageiros pagos. Em

2016 tivemos um aumento de mais de 200% em relação a 2000, alcançando a marca de

aproximadamente 90 milhões de passageiros em voos domésticos (ANAC, 2016).

Colaborou para esse movimento a redução dos preços cobrados pelas passagens aéreas,

possibilitada com o advento da liberdade tarifária. Segundo a ANAC, o valor médio das

passagens de transporte aéreo apresentou queda real de 44,9% entre 2007 e 2016, saindo de R$

491,05 para R$ 270,78.

Entretanto, o transporte aéreo no Brasil tem muito a desenvolver, principalmente,

quando olhamos apenas para as ligações regionais, onde existe um gap muito grande de oferta.

As regiões norte e nordeste são as que possui mais voos regulares regionais, enquanto as outras

regiões do país contam basicamente com o serviço de táxi aéreo.

Portanto, olhando para esta demanda reprimida existente no Brasil e para as projeções

do setor aéreo, buscou-se neste trabalho propor um modelo financeiro para uma empresa aérea

focada em voos regionais. Este modelo, tem como base de receita não apenas a venda de

passagens avulsa, mas também, um clube de assinatura, o que gera uma receita recorrente, além

de permitir potencializar as vendas de passagens, visto que nem sempre um assinante irá utilizar

todo o seu pacote.

Então, com objetivo de elaborar um modelo financeiro concluído, e a partir das

premissas adotadas no cenário base do capítulo quatro, obteve-se como resultado a viabilidade

financeira do negócio. Utilizando uma taxa de desconto de 11% (item 4.2.7) e uma taxa de

67

crescimento na perpetuidade de 7,5% (item 4.2.8), o valor presente líquido foi de R$ 70.284

mil e a TIR de 16%.

Entretanto, como o custo estimado não foi aberto por custos variáveis, fixos,

administrativos e operacionais, apresentou-se como problema que um pequeno erro na projeção

desta variável poderia inviabilizar o projeto. Para isso, deve-se fazer um estudo mais

aprofundado de todos os custos de uma empresa aérea e assim, determinar os custos fixos e

variáveis, reduzindo a alavancagem operacional apresentada no modelo.

Somado a isso, encontrou-se dificuldade em determinar a demanda pelos planos de

assinatura. A falta de um benchmark neste setor impede que a estimativa tenha um nível de

confiança maior. Dessa forma, foi consultado as bibliografias de Lovatti (2018) e Baslter (2016)

e então elaborado a abordagem quantitativa, considerando esta variável proporcional ao load

fator.

Portanto, conclui-se que no Brasil, um país onde há uma oferta reduzida de ligações

regulares regionais e uma demanda crescente por este tipo de movimento, uma empresa focada

nessas regiões e com um modelo de receita inovador, o qual garante recorrência e potencializa

a oferta de assentos, tem espaço para atuar e ser viável financeiramente.

Devido à complexidade do modelo, alguns outros trabalhos poderiam surgir a partir dos

tópicos discutidos neste trabalho. Por isso, sugere-se a seguir alguns outros temas que podem

ser mais desenvolvidos:

Análise aprofundada dos custos de uma empresa aérea, diferenciando os custos

administrativos e operacionais, fixos e variáveis;

Análise aprofundada do investimento inicial de uma companhia aérea, detalhando

todos os itens que deve-se considerar para iniciar este projeto;

Modelo financeiro de empresa aérea regional que englobe as receitas por transporte

de carga, hidroavião e consultoria, detalhando a demanda por cada um dos serviços;

Estudo do mercado concorrente e a propulsão das pessoas a alterarem de modal de

transporte de acordo com o tempo x custo x distância;

Modelo financeiro para aeroportos regionais, como torná-los lucrativos e incentivar

a demanda pelo transporte aéreo.

68

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Transporte Aéreo – Outubro de 2017. Disponível em: https://www.anac.gov.br/assuntos/dados-

e-estatisticas/demanda-e-oferta-do-transporte-aereo. Acesso em: Novembro 2017.

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Domésticas – 37º edição. Disponível em: https://www.anac.gov.br/assuntos/setor-

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2017.

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em: https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20180216.pdf. Acesso em: Fevereiro

2018.

69

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econômico-operacional do setor de transporte aéreo. Disponível em:

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