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Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Engenharia de Energia PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DE EXPERIMENTO COM MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA PARA LABORATÓRIOS DA FGA-UNB Autor: Cesar Antonio Marques Júnior Orientador: Flávio H. J. Ribeiro da Silva Brasília, DF 2017

PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO€¦ · máquinas de corrente contínua no currículo acadêmico contribuirá para a formação de profissionais de engenharia mais

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Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA

Engenharia de Energia

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DE EXPERIMENTO COM MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA PARA LABORATÓRIOS DA FGA-UNB

Autor: Cesar Antonio Marques Júnior Orientador: Flávio H. J. Ribeiro da Silva

Brasília, DF

2017

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CESAR ANTONIO MARQUES JÚNIOR

PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DE EXPERIMENTO COM MÁQUINAS DE

CORRENTE CONTÍNUA PARA LABORATÓRIOS DA FGA-UNB Monografia submetida ao curso de graduação em Engenharia de Energia da Universidade de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia de Energia. Orientador: Prof. Dr. Flávio H. J. Ribeiro da Silva

Brasília, DF 2017

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CIP – Catalogação Internacional da Publicação

Marques Júnior, Cesar Antonio.

Proposta De Desenvolvimento De Experimento Com

Máquinas De Corrente Contínua Para Laboratórios Da

Fga-Unb / Cesar Antonio Marques Júnior. Brasília: UnB,

2017. 59 p.: il.; 29,5 cm.

Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília

Faculdade do Gama, Brasília, 2017. Orientação: Flávio H. J.

Ribeiro da Silva.

1. Máquina de Corrente Contínua. 2. Roteiro Experimental. 3.

Modelo Matemático I. Silva, Flavio. II. Proposta De

Desenvolvimento De Experimento Com Máquinas De Corrente

Contínua Para Laboratórios Da Fga-Unb.

CDU Classificação

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PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO DE EXPERIMENTO COM MÁQUINAS DE CORRENTE CONTÍNUA PARA LABORATÓRIOS DA FGA-UNB

Cesar Antonio Marques Júnior

Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Engenharia de Energia da Faculdade UnB Gama - FGA, da Universidade de Brasília, em 13/12/2017 apresentada e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Prof. Dr.: Flávio H. J. Ribeiro, UnB/ FGA Orientador

Prof. Dr.: Luís Filomeno de J. Fernandes, UnB/ FGA Membro Convidado

Brasília, DF

2017

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família pelo apoio durante toda a graduação, em especial aos meus

pais César e Gasparina, e minha irmã Amanda, que sempre estiveram presentes nos momentos

difíceis e são minha maior inspiração.

Agradeço também aos amigos que de alguma forma contribuíram para execução desse

trabalho. Por fim agradeço ao meu orientador pela disposição e paciência para ajudar e tirar

dúvidas.

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RESUMO

As máquinas de corrente contínua são dispositivos de grande importância na

sociedade contemporânea, principalmente quando operada no modo motor, tendo

em vista suas características de controle de velocidade e conjugado constante. Suas

aplicações vão desde veículos elétricos até a usinas siderúrgicas, sendo assim é

importante que estudantes de engenharia tenham conhecimento teórico e prático

sobre esse tipo de equipamento. Foram apresentados modelos matemáticos que

descrevem o funcionamento da máquina em regime permanente e transitório e

foram feitas simulações no ambiente Simulink do MATLAB a fim de confirmar os

modelos propostos. Por fim, foi elaborado um roteiro de atividade prática para

aplicação na disciplina laboratório de sistemas de conversão de energia da

Universidade de Brasília campus Gama (FGA).

Palavras-chave: Máquina de corrente contínua, roteiro experimental, modelo matemático.

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ABSTRACT

The direct current machines are devices of great importance in contemporary society,

especially when they are operated as a motor, due to their characteristics of speed

control and constant torque. Their applications range from electric vehicles to steel

mills, therefore, it is important for engineering students to have theoretical and

practical knowledge of this device. Mathematical models were presented to describe

the operation of the machine in a permanent and transient regime and simulations

were made in Simulink environment in MATLAB, in order to confirm the proposed

models. Lastly an experimental script was elaborated to apply it in energy conversion

systems subject.

Keywords: Direct current machines, experimental script, mathematical model.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Partes componentes de uma máquina CC ................................................................ 18

Figura 2 - Máquina Corrente contínua de 2 polos. ................................................................... 19

Figura 3 - Comutação máquina de dois polos .......................................................................... 21

Figura 4 - Efeito da reação da amadura .................................................................................... 22

Figura 5 - Curva de magnetização e efeito de soma das FMM ................................................ 23

Figura 6 - Enrolamentos compensador e interpolos ................................................................. 23

Figura 7 - Circuito equivalente máquina CC: (a) gerador e (b) motor ..................................... 25

Figura 8 - Fluxo de potência na máquina CC ........................................................................... 27

Figura 9 - Circuito equivalente motor de excitação separada .................................................. 28

Figura 10 - Característica excitação separada .......................................................................... 29

Figura 11 - Circuito equivalente motor shunt ........................................................................... 29

Figura 12 - Circuito equivalente motor série ............................................................................ 30

Figura 13 - Velocidade x torque no motor série ....................................................................... 31

Figura 14 - Tensão x corrente no gerador de excitação paralela. ............................................. 32

Figura 15 - Tensão x corrente gerador shunt ............................................................................ 33

Figura 16 - Característica gerador série (Gonen, 2011). .......................................................... 34

Figura 17 - Diagrama motor excitação paralela ....................................................................... 35

Figura 18 - Diagrama de blocos da função de transferência do motor shunt ........................... 37

Figura 19 - Resposta em velocidade ......................................................................................... 38

Figura 20 - Circuito de campo transiente ................................................................................. 38

Figura 21 - Circuito de armadura transiente ............................................................................. 39

Figura 22 - Resposta da corrente de armadura. ........................................................................ 40

Figura 23 - Subsistema máquina de corrente contínua. ............................................................ 41

Figura 24 - Diagrama motor de excitação separada no Simulink............................................. 42

Figura 25 – Operação do motor de excitação separada no Simulink. ...................................... 43

Figura 26 - Diagrama motor shunt Simulink. ........................................................................... 43

Figura 27 - Curva característica de torque do motor shunt no Simulink. ................................. 44

Figura 28 – Operação do motor shunt no Simulink.................................................................. 44

Figura 29 - Diagrama motor série no Simulink. ....................................................................... 45

Figura 30 - Curva característica de torque do motor série no Simulink. .................................. 46

Figura 31 - Operação do motor série no Simulink. .................................................................. 46

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Figura 32 - Diagrama gerador de excitação separada no Simulink. ......................................... 47

Figura 33 - Curva característica gerador de excitação separada no Simulink. ......................... 47

Figura 34 - Diagrama gerador shunt no Simulink. ................................................................... 48

Figura 35 - Curva característica gerador shunt no Simulink. ................................................... 48

Figura 36 - Diagrama gerador de excitação em série no Simulink. ......................................... 49

Figura 37 - Curva gerador de excitação em série no Simulink. ............................................... 49

Figura 38 - Diagrama de regime transiente motor shunt. ......................................................... 50

Figura 39 - Resposta subamortecida motor shunt. ................................................................... 51

Figura 40 - Resposta superamortecida motor shunt. ................................................................ 51

Figura 41 - Resposta transiente gerador shunt.......................................................................... 52

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CA Corrente Alternada

CC Corrente Contínua

FEM Força Eletromotriz

FECM Força Contraeletromotriz

FMM Força Magnetomotriz

MCC Máquina de Corrente Contínua

PNM Plano Neutro Magnético

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LISTA DE SÍMBOLOS

a Números de caminhos paralelos dos condutores de um enrolamento

B Densidade de fluxo magnético

c Constante de proporcionalidade

Ea Tensão induzida na armadura

inde Tensão induzida em um condutor

F Força mecânica

i Corrente em um condutor

ia Corrente de armadura instantânea

if Corrente de campo instantânea

Ia Corrente de armadura em regime permanente

If Corrente de campo em regime permanente

J Inércia combinada da carga e rotor

Ka Constante construtiva da máquina

Km Constate adimensional

l Comprimento do condutor

Lf Indutância das bobinas de campo

n Velocidade em rpm

N Número de expiras da bobina

p Número de polos

Pem Potência eletromecânica

Ra Resistência dos enrolamentos da armadura

Rf Resistência dos enrolamentos do campo

Rs Resistência do enrolamento série

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Tem Torque eletromecânico

Tsaída Torque útil no eixo da máquina

Tentrada Torque aplicado sobre o eixo da máquina

v Velocidade linear

Vt Tensão terminal

ωm Velocidade em rad/s

z Número de condutores no enrolamento

m Constante de tempo mecânica

f Constante de tempo do circuito de campo

at Constante de tempo do circuito da armadura

Fluxo magnético

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 14

1.1 MOTIVAÇÃO .......................................................................................................................................................... 15

1.2 OBJETIVOS ............................................................................................................................................................. 15

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO .............................................................................................................................. 15

2 INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS CC ...................................................................................... 17

2.1 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS ............................................................................................................... 17

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO ..................................................................................................................... 18

2.2.1 Reação da Armadura ............................................................................................ 21

3 REGIME PERMANENTE DE MÁQUINAS CC .................................................................... 24

3.1 TENSÃO INDUZIDA NA ARMADURA ................................................................................................................ 24

3.2 TORQUE E POTÊNCIA .......................................................................................................................................... 25

3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS MÁQUINAS .................................................................................................................... 27

3.3.1 Motores ................................................................................................................. 27

3.3.2 Geradores .............................................................................................................. 32

4 DINÂMICA DAS MÁQUINAS CC .......................................................................................... 35

4.1 MOTORES ............................................................................................................................................................... 35

4.2 GERADORES........................................................................................................................................................... 38

5 SIMULAÇÕES E RESULTADOS............................................................................................ 41

5.1 CURVAS CARACTERÍSTICAS EM REGIME PERMANENTE ........................................................................... 42

5.1.1 Motor de Excitação Separada e Paralela .............................................................. 42

5.1.2 Motor de Excitação em Série................................................................................ 45

5.1.3 Gerador Excitação Separada ................................................................................. 46

5.1.4 Gerador Autoexcitação Paralela ........................................................................... 47

5.1.5 Gerador de Excitação em Série ............................................................................ 48

5.2 CURVAS CARACTERÍSTICAS EM REGIME TRANSIENTE ............................................................................. 49

5.2.1 Motor Shunt .......................................................................................................... 50

5.2.2 Gerador Shunt ....................................................................................................... 51

6 CONCLUSÃO............................................................................................................................. 53

6.1 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS .......................................................................................................... 53

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 54

APÊNDICE .......................................................................................................................................... 56

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1 INTRODUÇÃO

Os primeiros sistemas de potência utilizavam máquinas de corrente contínua,

entretanto no fim do século XIX os sistemas de corrente alternada ultrapassaram os de

corrente contínua. As aplicações de geradores CC caíram bastante durante o século XX,

contudo os motores CC continuaram sendo amplamente utilizados, e só perderam espaço nos

últimos 40 anos, com o avanço da tecnologia dos inversores para controle de máquinas de

corrente alternada (Chapman, 2013).

Máquinas elétricas são dispositivos capazes de converter energia elétrica em energia

mecânica, no caso do motor, ou energia mecânica em energia elétrica, como faz o gerador. As

máquinas de corrente contínua (MCC) usam um dispositivo mecânico para a conversão das

tensões e correntes alternadas geradas em seu interior, esse dispositivo é chamado de

comutador, por essa razão as máquinas de corrente contínua também são chamadas de

máquinas de comutação (Del Toro, 1999).

As MCC são usadas em aplicações onde um controle refinado de torque e velocidade é

exigido, já que nesse tipo de máquina a velocidade é sensível à variação da tensão de

alimentação. Outra importante característica da MCC é a sua curva de conjugado constante

para uma ampla faixa de velocidades, o que garante flexibilidade e robustez para uma ampla

gama de utilizações, como em esteiras, em pontes rolantes de usinas siderúrgicas, veículos

elétricos e elevadores (Weg, 2006).

Em uma sociedade industrializada cerca de 60% da energia gerada é consumida por

motores elétricos, este fato aponta para a necessidade de se formar profissionais capazes de

atender às demandas da sociedade (Brasão, 2012).

O curso de Engenharia de Energia da Universidade de Brasília oferece um amplo leque

de possibilidades de atuação para o profissional, uma delas é no ramo das máquinas elétricas.

Entretanto existem algumas deficiências na formação dos estudantes, como o pouco contato

com disciplinas laboratoriais que exploram este assunto.

Levando em considerações os fatos expostos, este trabalho tem o propósito de estudar

os fundamentos das máquinas de corrente contínua com o objetivo de elaborar um roteiro de

atividades práticas a serem executadas pelos alunos do curso de Engenharia de Energia na

disciplina laboratório de sistemas de conversão eletromecânica de energia.

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1.1 MOTIVAÇÃO

Com o desenvolvimento da tecnologia para controle de máquinas CA, as máquinas de

corrente contínua tiveram sua utilização reduzida, entretanto esse tipo de máquina continua

sendo de grande importância para as aplicações em engenharia. A sua principal utilidade se dá

no funcionamento como motor.

Nesse contexto os alunos do curso de Engenharia de Energia da Universidade de

Brasília se mostram despreparados em relação às imposições do mercado de trabalho, já que o

aprendizado desse tipo de máquina não é contemplado no laboratório da disciplina de

sistemas de conversão eletromecânica de energia. Portanto a inserção da prática com

máquinas de corrente contínua no currículo acadêmico contribuirá para a formação de

profissionais de engenharia mais capacitados.

1.2 OBJETIVOS

O principal objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de um roteiro experimental

com máquinas de corrente contínua a ser realizado pelos alunos da disciplina Laboratório de

Sistemas de Conversão Eletromecânica de Energia, da Faculdade UnB Gama (FGA). A partir

da prática executada o aluno terá a oportunidade de se familiarizar com a máquina, bem como

aplicar, de forma interativa, os conhecimentos obtidos nas aulas teóricas.

Os objetivos específicos são:

Fazer revisão bibliográfica acerca do tema, buscando informações em livros,

dissertações de mestrado entre outros;

Elaborar simulações computacionais na plataforma do Simulink da versão

estudante do software de simulação MATLAB para que o estudante alcance

maior entendimento da teoria;

Desenvolver um roteiro experimental didático que possa ser utilizado pelos

estudantes na simulação das máquinas de corrente contínua.

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em 6 capítulos. Neste Capítulo 1- Introdução fez-se a

descrição deste trabalho, quais foram as motivações, os objetivos gerais e específicos para a

sua realização.

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No Capítulo 2 - Introdução às Máquinas CC apresenta-se os princípios de

funcionamento das MCC, são descritos os principais fenômenos envolvidos nos processos

eletromecânicos e as características construtivas da máquina.

No Capítulo 3 - Regime Permanente de Máquinas CC são apresentadas as classificações

das máquinas em função do seu tipo de excitação e os cálculos teóricos envolvidos.

No Capítulo 4 - Dinâmica das Máquinas CC é feita a caracterização dos fenômenos

transientes das MCC, a solução das equações diferenciais é feita utilizando a transformada de

Laplace.

No Capítulo 5 - Simulações e Resultados são apresentados os modelos utilizados para

simular as diversas configurações da MCC. Os resultados obtidos são apresentados na forma

de curvas que mostram o comportamento de algumas variáveis das máquinas simuladas.

Por fim, o Capítulo 6 - Conclusão traz uma descrição sucinta do trabalho e faz-se

sugestões para trabalhos futuros.

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2 INTRODUÇÃO ÀS MÁQUINAS CC

2.1 CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS

As máquinas de corrente contínua são divididas em duas partes básicas, estator e rotor.

O estator possui enrolamento de campo em cada polo, responsáveis por produzir o campo

magnético fixo. No rotor são montados os enrolamentos de amadura, que produzem o campo

girante, e o comutador. Abaixo são descritos os componentes da MCC (Carvalho, 2011):

Estator:

Polos de Excitação – também conhecidos como sapata polar, são compostos por

bobinas, chamadas enrolamentos de campo, posicionadas sobre um núcleo de chapas

laminadas para diminuir as perdas no núcleo. Cada enrolamento pode conter

enrolamentos de campo paralelo (Shunt), constituídos por condutores de menor seção

e várias expiras, e no interior dos enrolamentos shunt é possível encontrar o

enrolamento em série, constituídos por condutores de maior seção e menos expiras. Os

polos de excitação tem por finalidade gerar um campo magnético estático.

Escovas – são feitas de ligas de carbono e estão constantemente em contato com as

lâminas do comutador, sendo responsável pela ligação elétrica entre o estator e rotor.

Sofrem bastante desgaste e necessitam de manutenção periódica.

Interpolos e Polos de Compensação – são enrolamentos posicionados entre os polos e

na sapata polar, que são ligados em série com a armadura. Tem a função de corrigir os

efeitos de reação de armadura.

Rotor:

Armadura – é um rotor bobinado, cujas bobinas recebem corrente elétrica e produzem

campo magnético. É o elemento que transmite a potência mecânica e está conectado

eletricamente às laminas do comutador.

Comutador – é o conversor mecânico que transmite energia aos enrolamentos da

armadura. É constituído por lâminas de cobre isoladas entre si por lâminas de mica.

A Figura 1 mostra as partes que compõem uma máquina CC.

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Figura 1 - Partes componentes de uma máquina CC (Chapman, 2013).

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Uma máquina CC pode ser operada tanto como gerador como um motor. No modo

motor, potência elétrica é inserida nos terminais da máquina e potência mecânica é obtida no

eixo, já no modo gerador uma potência mecânica é fornecida, seja por um motor diesel ou

uma turbina a gás, e então se obtêm potência elétrica nos terminais. (Sen, 1996).

O princípio de funcionamento das máquinas CC é de fácil compreensão, entretanto as

complexas características construtivas das máquinas comerciais dificultam seu entendimento,

dessa forma utiliza-se um modelo simplificado da máquina para analisar seu funcionamento.

O modelo de MCC simplificado com dois polos é mostrado na Figura 2. Essa máquina possui

dois polos com enrolamentos de campo, um rotor bobinado, escovas de liga de carbono e um

comutador composto por dois segmentos de cobre isolados do rotor e entre si.

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Figura 2 - Máquina Corrente contínua de 2 polos (Krause, 2002).

Três fenômenos fundamentais estão envolvidos no funcionamento da máquina

supracitada. No primeiro uma tensão, ou força eletromotriz (FEM), é induzida em um

condutor, que realiza um movimento relativo às linhas de fluxo de um campo magnético. No

segundo, uma tensão também é induzida em um condutor, que é atravessado por um campo

magnético variante no tempo. Os dois primeiros fenômenos são demonstrados pela lei de

Faraday-Lenz, como mostram as Equações (1) e (2). Por último, a lei de Ampère, válida para

a ação motora, que diz que uma força mecânica é induzida em um fio que conduz corrente,

quando este se localiza dentro de um campo magnético, como mostrado na Equação (3)

(Chapman, 2013).

dt

dNeind

(1)

Onde inde representa a tensão induzida na bobina, N o número de expiras da bobina e

o fluxo magnético através da bobina.

lBveind )( (2)

Onde v é a velocidade do condutor, B o vetor densidade de fluxo e l o comprimento

do condutor.

)( BliF (3)

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Onde i é a corrente no condutor, B o vetor densidade de campo e l o comprimento do

condutor.

No motor de corrente contínua os enrolamentos de campo são alimentados por uma

FEM e produzem um campo magnético fixo cujas linhas de campo cortam os enrolamentos da

armadura. Quando uma FEM também é aplicada na armadura, ela gira, seguindo a lei de

Ampére, dessa forma quando o rotor atingir a posição em que o ângulo, mostrado na Figura 2,

θc = 0, π, 2π, ..., as bobinas do rotor não passam pelas linhas de campo do estator, e não há

reação entre os campos fixo e da armadura, essa posição é conhecida como Plano Neutro

Magnético (PNM). O rotor continua girando devido à ação da força inicial, e quando atinge o

ponto em que θc = π/2, 3π/2, 5π/2, ..., a armadura volta para a posição inicial, entretanto ocorre

uma inversão da posição dos polos da bobina, então é necessário que se inverta esses polos

para que a corrente circule no mesmo sentido e as forças resultantes tenham uma única

direção (Carvalho, 2011).

A análise do funcionamento do gerador de corrente contínua é análoga à descrita para

o motor, diferindo apenas no fato de que se aplica uma força mecânica no rotor, e segundo a

lei de Faraday uma tensão é induzida nos terminais da máquina. Dessa forma a inversão dos

polos é necessária para manter a corrente fluindo em um único sentido e consequentemente

tem-se tensão de saída contínua.

O responsável pela inversão dos polos é o comutador, que funciona pelo princípio de

se curto-circuitar os terminais da expira quando o rotor está em uma posição em que não há

interação entre os campos do estator e da armadura, ou seja, quando θc = 0, π, 2π, ..., dessa

forma é garantido que quando a tensão na expira mudar o sentido, as escovas também mudam

de segmento e então a saída de tensão dos contatos é sempre do mesmo tipo (Chapman,

2013). O processo de comutação para máquina de dois polos é mostrado na Figura 3, a seguir.

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Figura 3 - Comutação máquina de dois polos (Krause, 2002).

2.2.1 Reação da Armadura

Reação da armadura é definido como o efeito da força magnetomotriz (FMM) da

armadura na distribuição do fluxo no entreferro da máquina. Quando não existe corrente

passando pelos enrolamentos da armadura, a corrente que flui nos enrolamentos de campo

produz uma FMM que estabelece um fluxo magnético ϕf como mostrada na Figura 4 (a), já a

Figura 4 (b) mostra o fluxo ϕa gerado pela FMM da armadura quando não há corrente

passando pelos enrolamentos do estator. Por fim a Figura 4 (c) mostra o que acontece quando

os fluxos do campo e da armadura existem simultaneamente. É possível observar então que a

interação das FMM no interior da máquina gera um fluxo magnético resultante ϕa.

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Figura 4 - Efeito da reação da amadura (Gonen, 2011).

O fluxo gerado pela armadura se soma ao fluxo do estator em metade do polo, causando

um aumento na densidade de fluxo, na outra metade eles se subtraem, causando um

decréscimo na densidade de fluxo. Quando não existe saturação, o aumento da densidade de

fluxo na metade de um polo é compensada pelo decréscimo no outro polo, porém quando a

máquina opera na região de saturação esse compensação não existe (Gonen, 2011).

Existem duas consequências da reação da armadura. A primeira é o deslocamento do

plano neutro magnético, como mostrado na Figura 4, na máquina funcionando como gerador

o PNM é deslocado no sentido da rotação, já no modo motor o deslocamento do PNM é

contrário ao sentido da rotação.

O deslocamento do plano neutro magnético atrapalha a comutação da máquina, já que as

escovas devem colocar em curto as lâminas do comutador no momento em que a tensão for

igual a zero. Quando o PNM está deslocado as escovas colocam o comutador em curto em um

momento em que a tensão sobre eles é diferente de zero, gerando faíscas que causam uma

severa diminuição da vida útil das escovas e do próprio comutador (Chapman, 2013).

A segunda consequência da reação da armadura é o enfraquecimento do fluxo total na

face dos polos, essa diminuição ocorre pois a maioria das máquinas opera com densidade de

fluxo próxima ao ponto de saturação, então a soma das FMM da armadura e do estator gera

um pequeno aumento no fluxo resultante, porém a diferença das FMM gera uma grande

diminuição do fluxo, consequentemente o fluxo total é diminuído (Chapman, 2013). Esse

fenômeno é ilustrado na Figura 5.

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23

Figura 5 - Curva de magnetização e efeito de soma das FMM (Chapman, 2013).

O enfraquecimento de fluxo faz com que a tensão fornecida nos terminais de um gerador

seja menor. Já no motor o efeito do enfraquecimento de fluxo é o aumento da velocidade, o

que pode ser bastante problemático, pois o aumento na velocidade causa diminuição do fluxo

e então a máquina entra em um estado em que a velocidade continua aumentando, podendo

causar danos ao próprio motor e colocar em riscos pessoas que trabalham com este

equipamento (Chapman, 2013).

Para corrigir os efeitos da reação da armadura são utilizados interpolos e enrolamentos de

compensação, eles são colocados entre os polos do estator e na periferia da sapata polar,

respectivamente. Os dois tipos de enrolamentos são ligados em série com a armadura, como

mostrado na Figura 6.

Figura 6 - Enrolamentos compensador e interpolos (Bim, 2012).

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24

3 REGIME PERMANENTE DE MÁQUINAS CC

3.1 TENSÃO INDUZIDA NA ARMADURA

Segundo Nasar (1984), a tensão induzida em um condutor que gira com velocidade de n

rpm, em um campo de p polos e com um fluxo ϕ por polo é dada por:

60

npeind

(4)

Considerando que existam z condutores na armadura, conectados em a caminhos

paralelos, então o número de condutores em série é z/a que somados produzem a tensão E no

enrolamento de armadura, e considerando que ωm = 2πn/60. Portanto a tensão induzida no

enrolamento inteiro é dada por:

maa

pz

a

znpE

260 (5)

A equação (5) pode ser reescrita da seguinte forma:

maa KE (6)

Onde Ka = pZa/2πa é uma constante determinada pelo projeto do enrolamento da

armadura.

Os termos Za, p e a representam características físicas. Sabe-se que o fluxo magnético

proveniente das bobinas de campo é estacionário, logo conclui-se que a tensão da armadura

depende apenas da velocidade do deslocamento das bobinas da armadura em torno do estator

(Bim, 2012).

É importante ressaltar que a tensão da armadura não é a tensão terminal, e sim a tensão

interna. A tensão induzida na armadura também é conhecida como força contraeletromotriz

(FCEM), e pode ser representada em circuito equivalente da máquina, como mostra a Figura 7

(Gonen, 2011).

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25

Figura 7 - Circuito equivalente máquina CC: (a) gerador e (b) motor (Gonen, 2011).

Aplicando as leis de kirchhoff no circuito equivalente, é possível estabelecer a FCEM

em função da tensão terminal e da resistência de armadura. A equação (7) é usada para o

circuito do gerador e a Equação (8) para o motor.

aata RIVE (7)

aata RIVE (8)

Portanto, quando uma MCC funciona como gerador a tensão de armadura é sempre

maior que a tensão terminal, e quando funciona como motor a tensão de armadura é sempre

menor que a tensão terminal, isso se deve ao fato de existirem perdas no enrolamento da

armadura (Gonen, 2011).

3.2 TORQUE E POTÊNCIA

Substituindo a equação (7) e (8) na equação (6), tem-se:

a

aat

mK

IRV (9)

a

aat

mK

IRV (10)

As equações (9) e (10) são usadas para projetar as máquinas de corrente contínua,

através dessas equações é possível analisar o comportamento da máquina, e assim traçar as

curvas de conjugado e potência (Ogawa, 2001).

A potência eletromecânica da máquina de corrente contínua, desconsiderando perdas,

é dada por:

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26

aaem IEP (11)

O torque desenvolvido por essa máquina pode ser definido pela divisão da potência

eletromecânica pela sua velocidade angular, então dividindo a equação (11) pela equação (9)

tem-se:

aaem IKT (12)

As máquinas rotativas tem uma componente do torque que apresenta resistência ao

movimento, essa resistência está relacionada às perdas mecânicas, como perdas por atrito nos

mancais e escovas e perdas por ventilação. Quando se associa as perdas mecânicas com as

perdas no núcleo, causadas por correntes parasitas ou por histerese, tem-se a potência de

perdas rotacionais, que é relacionada ao torque de perdas rotacionais (Bim, 2012).

Segundo Bim (2012), é possível estabelecer equações para o regime permanente das

máquinas de corrente contínua, associando os torques de entrada e saída com o torque de

perdas. Essas equações são mostradas a seguir.

perdassaídaem TTT (13)

perdasementrada TTT (14)

As equações (13) e (14) representam a máquina operando no modo motor e gerador,

respectivamente. A visualização das potências envolvidas na conversão eletromecânica das

máquinas de corrente contínua é mais fácil com o auxílio de uma ilustração. A Figura 8

mostra o fluxo de potência para essas máquinas.

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27

Figura 8 - Fluxo de potência na máquina CC (Bim, 2012).

Na Figura 8 (a) está ilustrado o modo motor, a potência de entrada é a potência elétrica

nos terminais da máquina, então uma parte dessa potência é perdida nos enrolamentos do

estator e da armadura e a parte restante é convertida em potência eletromecânica. A potência

eletromecânica é composta pelas perdas rotacionais e pela potência de saída no eixo da

máquina.

No modo gerador, ilustrado na Figura 8 (b), a potência de entrada é a potência no eixo

da máquina, uma parte dessa potência é transformada em perdas rotacionais e o restante é

convertido em potência eletromecânica, essa potência eletromecânica é dividida entre as

perdas nos enrolamentos e a potência elétrica entregue nos terminais da máquina.

3.3 CLASSIFICAÇÃO DAS MÁQUINAS

As máquinas de corrente contínua podem ser classificadas quanto ao seu tipo de

conexão entre os enrolamentos do estator e da armadura, podendo ser de excitação separada,

em paralelo, em série ou de excitação composta. Nessa seção são apresentados os tipos de

máquinas e suas principais características.

3.3.1 Motores

3.3.1.1 Excitação Separada e Excitação Paralela

Quando os enrolamentos de campo são alimentados com uma fonte diferente da usada

na alimentação da armadura, como mostrado no circuito equivalente da Figura 9, ele é

chamado de motor de excitação separada.

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28

Figura 9 - Circuito equivalente motor de excitação separada (Bim, 2012).

Substituindo (12) em (10), tem-se a equação fundamental da velocidade:

em

a

a

a

tm T

K

R

K

V

2)( (15)

A partir da Equação (15) fornece valores característicos importantes, como a

velocidade a vazio, dada quando Tem = 0.

a

tm

K

V0 (16)

Outro valor importante é a queda de velocidade Δωm.

em

a

ammm T

K

RT

20)(

)(

(17)

É possível observar que a queda de velocidade é diretamente proporcional à resistência

da armadura e inversamente proporcional ao fluxo do campo. São usadas resistências Rx

conectadas em série com a armadura, mantendo o fluxo do campo constante, para controlar a

velocidade da máquina (Bim, 2012). O efeito dessa resistência externa é mostrado na Figura

10.

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29

Figura 10 - Característica excitação separada (BIM, 2012).

Nos motores de alta potência a resistência de armadura tem valores baixos, portanto o

a queda de velocidade devido ao aumento da carga é pequeno, o que torna o motor com

excitação separada uma máquina com velocidade praticamente constante (Bim, 2012).

Os motores de excitação paralela também conhecidos como motores shunt, tem sua

corrente de campo dependente da tensão da armadura, pois os enrolamentos de campo e da

armadura estão conectados em paralelo, como mostra a Figura 11.

Figura 11 - Circuito equivalente motor shunt (Bim, 2012).

Quando um motor de excitação paralelo é alimentado por uma fonte constante, não

existem diferenças entre ele e o motor de excitação independente, dessa forma as equações do

motor de excitação separada também são válidas para essa máquina (Chapman, 2013).

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30

3.3.1.2 Excitação em Série

Um motor que tem seus enrolamentos de campo conectados em série, como mostra a

Figura 12, é chamado de campo série e apresenta características físicas distintas, já que para

produzir uma FMM semelhante ao do motor shunt seus enrolamentos devem ser feitos de

condutor com uma seção maior e com menos expiras (Bim, 2012).

Figura 12 - Circuito equivalente motor série (Bim, 2012).

Nesse tipo de motor a corrente de armadura e de campo são as mesmas. Sua principal

característica é que o fluxo é diretamente proporcional à corrente, dessa forma um aumento de

carga provoca aumento no fluxo e então a velocidade do motor diminui. Essa característica dá

ao motor série uma curva de torque por velocidade com queda acentuada (Chapman, 2013).

O torque dessa máquina é dado pela equação (12), entretanto o fluxo é igual ao

produto da corrente de armadura por uma constante de proporcionalidade, então a equação do

torque se torna:

2

aaem IcKT (18)

Como o conjugado é proporcional ao quadrado da corrente, é possível concluir que o

motor série fornece um grande torque. Por isso é utilizado em aplicações que tem como

requisito um torque muito elevado, como em veículos elétricos e elevadores (Chapman,

2013).

A equação da tensão no circuito da Figura 12 é:

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31

)( saaat RRIEV (19)

Isolando a corrente na equação (18), tem-se:

)( sa

a

emmat RR

cK

TKV

(20)

Para se obter uma relação entre a velocidade e o torque é preciso reescrever a equação

(18), substituindo a corrente pela divisão do fluxo por uma constante de proporcionalidade.

2

c

KT a

em (21)

Então isolando ϕ na equação (21), substituindo na equação (20) e isolando a

velocidade, tem-se:

cK

RR

TcK

V

a

sa

ema

tm

1 (22)

A velocidade do motor série varia com o inverso da raiz quadrada do torque, essa

relação é exemplificada na Figura 13. Observando a equação (22) é possível perceber um

problema dessa máquina. Quando o torque tende a zero, a velocidade tende ao infinito, ou

seja, quando nenhuma carga está acoplada a esse motor sua velocidade aumenta até a máquina

ser danificada (Bim, 2012).

Figura 13 - Velocidade x torque no motor série (Chapman, 2013).

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32

3.3.2 Geradores

Como as máquinas de corrente contínua podem funcionar tanto no modo motor quanto

no modo gerador, os circuitos equivalentes apresentados na seção 3.3.1 também valem para as

máquinas dessa seção. Entretanto, diferente dos motores, nos geradores de corrente contínua o

parâmetro que se deseja controlar é a tensão entregue nos terminais da máquina. Entretanto a

tensão nos terminais da armadura depende da corrente de carga, ou seja, quando se aumenta a

corrente da armadura a tensão nos terminais cai, independente de se haver ou não reação da

armadura.

3.3.2.1 Excitação Separada

Os geradores com excitação separada tem seu funcionamento análogo aos motores,

pois a corrente do campo indutor não depende da tensão nos terminais da armadura. Nesse

tipo de máquina quando a carga aumenta, a corrente de armadura também aumenta, fazendo

então que haja uma queda na tensão terminal. A curva característica desse gerador é

apresentada na Figura 14.

Figura 14 - Tensão x corrente no gerador de excitação paralela (Chapman, 2013).

3.3.2.2 Autoexcitação Paralela

Nessa configuração a corrente de excitação depende da tensão gerada, porém a tensão

gerada também depende dessa corrente. Dessa forma, para que o gerador funcione é preciso

que exista um campo remanescente capaz de gerar uma tensão, esta tensão é aplicada no

enrolamento de campo e estabelece uma corrente, que então gera um campo maior que o

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33

remanescente, aumentando a tensão gerada (Bim, 2012). A relação entre a tensão gerada e a

corrente de campo é mostrada na Figura 15.

Figura 15 - Tensão x corrente gerador shunt (Bim, 2012).

Da mesma forma que nos motores shunt uma resistência é conectada em série aos

enrolamentos de campo, afim de se controlar a corrente de campo. As alterações da

resistência externa mudam a inclinação da reta de campo, então existe um valor máximo no

qual as duas curvas deixam de se cruzar, fazendo com que a corrente de campo necessária

para a autoexcitação não surja, esse valor é chamado de resistência crítica (Gonen, 2011).

3.3.2.3 Excitação Série

O gerador com campo série não tem excitação a vazio, já que nessa condição a

corrente é zero e a tensão gerada é igual à tensão remanescente. Para que haja excitação é

necessário que uma carga seja conectada ao gerador, então uma corrente começa a fluir e se o

fluxo magnético gerado se somar ao fluxo remanescente a tensão gerada aumenta (Bim,

2012).

A principal característica do gerador série é de automaticamente aumentar a excitação

conforme a carga aumenta até que a máquina atinja a saturação, como ilustrado na Figura 16.

Dessa forma a máquina o campo série pode compensar possíveis quedas de tensão.

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34

Figura 16 - Característica gerador série (Gonen, 2011).

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35

4 DINÂMICA DAS MÁQUINAS CC

As variações de grandezas elétricas ou da carga causam efeitos transitórios nas máquinas

de corrente contínua que são descritos por equações diferenciais. Essas equações são

encontradas adicionando termos de variação temporal de corrente e de velocidade (Bim,

2012).

Para tornar a descrição do comportamento transiente menos complexo, são assumidas

algumas simplificações. A saturação magnética é negligenciada e é assumido não existir

indutância mútua, e consequentemente não há enfraquecimento do fluxo devido à reação da

armadura (Sen, 1996).

O método para análise dinâmica da MCC será o de definir equações envolvidas no

processo e então estabelecer funções de transferência que relacionam entrada e saída. São

utilizadas letras minúsculas para valores instantâneos.

4.1 MOTORES

No motor de corrente contínua, o objetivo da análise dinâmica é determinar a resposta

da velocidade do motor para mudanças na tensão terminal. Um motor de excitação paralela

com circuito de campo chaveado, como mostra a Figura 17, será usado para exemplificar a

análise.

Figura 17 - Diagrama motor excitação paralela (Sen, 1996).

Considerando linearidade magnética, as equações (6) e (12) podem ser reescritas como:

amaffafa iKiiKiicKT (23)

mmmffmfaa KiKicKe (24)

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36

Onde Km é uma constante.

As transformadas de Laplace das equações (23) e (24) são:

)()( sIKsT am (25)

)()( sKsE mma (26)

A equação da armadura quando a chave SW, mostrada na Figura 17, é:

dt

diLiReV a

aaaat (27)

Substituindo a equação (24) na equação (27), tem-se:

dt

diLiRKV a

aaammt (28)

A transformada de Laplace da equação (28) é:

)1()()()( aaammt sRsIsKsV (29)

Onde aaa RL / é a constante elétrica da armadura.

A equação dinâmica do torque é:

Lmm TB

dt

dJT

(30)

Onde J é o momento de inércia combinado da carga e do rotor, B é a constante de

atrito viscosa equivalente da carga e do motor e TL é o torque da carga, por último o termo

mB representa as perdas rotacionais (SEN, 1996).

A transformada de Laplace da Equação (30) é:

)()()()( sTsBssJsT Lmm (31)

A partir das equações (23) e (31), tem-se:

)1(

)()(

)/1(

)()(

m

LamLm

sB

sTsIK

BJsB

sTsT

(32)

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37

Onde BJm / é a constante de tempo mecânica.

A partir das equações (24) e (29), tem-se:

)1(

)()(

)1(

)()()(

a

mma

aa

ata

sB

sKsV

sR

sEsVsI

(33)

O diagrama de bloco das equações (32) e (33) é mostrado na Figura 18.

Figura 18 - Diagrama de blocos da função de transferência do motor shunt (Sen, 1996).

Considerando que o torque da carga é proporcional à velocidade, temos:

mL

mL

B

T

(34)

A equação (31) pode ser reescrita como:

)()()()( sBBssJsIK mLmmam (35)

)()()( sBssJsIK mmam (36)

Das equações (29) e (36), tem-se:

)1)(1)(/(

1

)(

)(

ammamt

m

ssKRBKsV

s

(37)

A resposta da velocidade devido à variação da tensão é de segunda ordem, isso se deve

ao fato de existirem duas constantes de tempo. Como mostra a Figura 19, reposta pode ser

subamortecida ou superamortecida, dependendo dos valores das constantes e dos outros

parâmetros da equação (37).

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38

Figura 19 - Resposta em velocidade (Sen, 1996).

4.2 GERADORES

No gerador de corrente contínua, o objetivo é obter a resposta da corrente de armadura

em função da tensão dos enrolamentos de campo. A análise dinâmica é dividida em duas

partes, primeiro se analisa o transiente do circuito de campo e depois o da armadura (Aung,

2007).

Da mesma forma que na análise do motor, assumindo linearidade magnética, tem-se:

fgmffa iKiKe (38)

aff iiKT (39)

Figura 20 - Circuito de campo transiente (Sen, 1996).

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39

A Figura 20 é usada para representar o transitório do circuito de campo. Quando a chave

SW é fechada, tem-se:

dt

diLiRV

f

faaf (40)

))(()()()( ffffffff LsRsIsIsLsIRsV (41)

A função de transferência relacionando a corrente de campo com a tensão de campo é:

)1(

11

)(

)(

fffff

f

sRLsRsV

sI

(42)

Onde fff RL / é a constante de tempo do circuito de campo.

Fazendo a transformada de Laplace da equação (38) e substituindo na equação (42),

tem-se a função de transferência entre a tensão de armadura e de campo:

)1()(

)(

)(

)(

)(

)(

ff

g

f

f

f

a

f

a

sR

K

sV

sI

sI

sE

sV

sE

(43)

Figura 21 - Circuito de armadura transiente (Sen, 1996).

A Figura 21 apresenta o circuito para análise do transiente da armadura. Quando a

chave SW se fecha, a carga é conectada à armadura, então tem-se:

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40

dt

diLLiRRE a

LaaLaa )()( (44)

dt

diLiRE a

ataata (45)

A transformada de Laplace da equação (45) é:

)()()( sIsLsIRsE aataata (46)

A função de transferência que relaciona a tensão e a corrente na armadura é:

)1(

1

)(

)(

ataa

a

sRsE

sI

(47)

Onde atatat RL / é a constante de tempo do circuito da armadura.

Por fim, relacionando as equações (43) e (47), tem-se a função de transferência entre a

corrente de armadura e a tensão de campo:

)1)(1()(

)(

)(

)(

)(

)(

atfatf

g

f

a

a

a

f

a

ssRR

K

sV

sE

sE

sI

sV

sI

(48)

A Figura 22 mostra a resposta da corrente de armadura para variação da tensão de

campo.

Figura 22 - Resposta da corrente de armadura (Sen, 1996).

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41

5 SIMULAÇÕES E RESULTADOS

Este capítulo contém simulações das MCC feitas no Simulink e os resultados obtidos,

com o objetivo de exemplificar o estudo dessas máquinas. Todas as Simulações realizadas

foram feitas na versão R2015a do MATLAB.

Simulink é um ambiente do MATLAB com interface gráfica, onde são construídas

simulações de sistemas dinâmicos por meio de diagramas de blocos. O software dispões de

bibliotecas de modelos de componentes específicos para sistemas de potência, como

transformadores e máquinas, cada um desses elementos é composto por subsistemas

desenvolvidos para que possam ser conectados de forma a simplificar os sistemas mais

complexos. O subsistema de uma MCC é apresentado na Figura 23 (MathWorks, 2017).

Figura 23 - Subsistema máquina de corrente contínua (MATLAB, 2015).

Nesse modelo os terminais do circuito de armadura são representados pelos símbolos

A+ e A- e os terminais do circuito de campo são representados pelos símbolos F+ e F-. Podem

ser feitas conexões entre os terminais para modelar a máquina conectada em shunt ou série.

TL representa o torque aplicado no eixo, e por convenção, representa a máquina operando em

modo motor quando for positivo e em modo gerador quando negativo (MATLAB, 2015).

O bloco da máquina de corrente contínua no Simulink oferece a opção de se selecionar

parâmetros que representam máquinas reais, todas a simulações descritas neste capítulo foram

feitas utilizando uma máquina com os parâmetros apresentados na Tabela 1.

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42

Tabela 1 - Parâmetros máquina de corrente contínua no Simulink.

Parâmetros Valores

Resistência de Armadura Ra (Ω) 0.6

Indutância de Armadura La (H) 0.012

Resistência de Campo Rf (Ω) 240

Indutância de Campo La (H) 120

Indutância Mútua Laf (H) 1.8

Inércia Total J (kg.m2) 1

Coeficiente de Atrito viscoso Bm (N.m.s) 0

5.1 CURVAS CARACTERÍSTICAS EM REGIME PERMANENTE

5.1.1 Motor de Excitação Separada e Paralela

Para a análise dessa máquina com excitação separada foi montado um diagrama como

o da Figura 24, e então variou-se o torque aplicado no eixo, e com o auxílio do bloco To

Workspace os dados de velocidade e torque foram enviados para área de trabalho do

MATLAB em forma de vetores para então serem utilizados para construção de gráficos.

Figura 24 - Diagrama motor de excitação separada no Simulink.

Em seguida, foi plotado um gráfico com todos as variáveis de saída da máquina, sendo

eles velocidade, corrente de armadura, corrente de campo e torque eletromecânico,

demonstrando como é o comportamento da máquina até atingir regime permanente, como se

mostra na Figura 25.

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43

Figura 25 – Operação do motor de excitação separada no Simulink.

O digrama do motor de excitação paralela é apresentado na Figura 26, como a

alimentação é feita por uma fonte constante, sua configuração é análoga ao do motor de

excitação separada. Então conectou-se um resistor em série com o circuito de armadura para

observar seu efeito na velocidade da máquina, simulando um controle de velocidade com

reostato. A curva característica de torque do motor shunt é apresentada na Figura 27.

Figura 26 - Diagrama motor shunt Simulink.

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44

Figura 27 - Curva característica de torque do motor shunt no Simulink.

A Figura 28 apresenta o comportamento do motor em derivação até o regime

permanente.

Figura 28 – Operação do motor shunt no Simulink.

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45

5.1.2 Motor de Excitação em Série

O diagrama apresentado na Figura 29 foi montado e utilizou-se do mesmo método

descrito para o motor de excitação paralela para levantar a curva característica de torque do

motor série.

Figura 29 - Diagrama motor série no Simulink.

A Figura 30 apresenta a curva de velocidade em função do torque para o motor de

excitação série, já na Figura 31 é apresentada a operação dessa máquina até o regime

permanente.

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46

Figura 30 - Curva característica de torque do motor série no Simulink.

Figura 31 - Operação do motor série no Simulink.

5.1.3 Gerador Excitação Separada

Para a simulação da máquina operando no modo gerador com excitação separada, o

circuito da Figura 32 foi montado, sua curva característica de tensão terminal foi plotada

como mostra a Figura 33.

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47

Figura 32 - Diagrama gerador de excitação separada no Simulink.

Figura 33 - Curva característica gerador de excitação separada no Simulink.

5.1.4 Gerador Autoexcitação Paralela

Para a simulação da máquina operando no modo gerador com excitação paralela

montou-se um diagrama como da Figura 34. Uma resistência é adicionada da mesma forma

que no motor shunt, porém nesse caso para controlar a tensão nos terminais da máquina, a

curva de tensão do gerador shunt é apresentada na Figura 35.

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Figura 34 - Diagrama gerador shunt no Simulink.

Figura 35 - Curva característica gerador shunt no Simulink.

5.1.5 Gerador de Excitação em Série

A simulação do gerador de excitação em série foi feita utilizando o digrama da Figura

36. Um gráfico de tensão terminal em função da corrente foi plotado, como mostra a Figura

37.

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49

Figura 36 - Diagrama gerador de excitação em série no Simulink.

Figura 37 - Curva gerador de excitação em série no Simulink.

5.2 CURVAS CARACTERÍSTICAS EM REGIME TRANSIENTE

Para o levantamento do comportamento dinâmico da máquina foram utilizados os

modelos de excitação paralela, tanto para o modo motor como para o modo gerador. A seguir,

são apresentados os modelos e suas respostas para um degrau.

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50

5.2.1 Motor Shunt

A Figura 38 apresenta o circuito utilizado para obter a resposta do motor de excitação

paralela quando este é submetido à uma variação da tensão terminal.

Figura 38 - Diagrama de regime transiente motor shunt.

Quando os parâmetros da máquina são alterados, as constantes de tempo da Equação

(37) são alteradas, fazendo com que a resposta seja subamortecida ou superamortecida. As

Figuras Figura 39 e Figura 40 ilustram esse efeito.

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Figura 39 - Resposta subamortecida motor shunt.

Figura 40 - Resposta superamortecida motor shunt.

5.2.2 Gerador Shunt

O diagrama utilizado para levantar a resposta transiente do gerador shunt é semelhate

ao da Figura 38, entretanto um resistor foi conectado em paralelo com os terminais da

armadura para funcionar como carga. A Figura 41 apresenta o comportamento da corrente de

armadura quando os enrolamentos de campo são submetidos a um degrau de tensão.

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Figura 41 - Resposta transiente gerador shunt.

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6 CONCLUSÃO

Atualmente as máquinas de corrente contínua são utilizadas em diversas aplicações

que estão presentes no cotidiano da sociedade, como em esteiras industriais, escadas rolantes

e carros elétricos. Portanto, é necessário que na formação do engenheiro de energia exista o

contato com este tipo de máquina, bem como o conhecimento das ferramentas disponíveis

para estudar seu comportamento. O MATLAB é uma dessas ferramentas, pois o software

conta com diversas funções matemáticas, rotinas de solução numérica e uma poderosa

interface gráfica, como é o Simulink.

Foi realizado o estudo da MCC através da elaboração de diagramas equivalentes no

ambiente do Simulink, os resultados gerados foram apresentados a partir de curvas que

demonstram o comportamento tanto em regime permanente quanto transiente destas. Os

resultados obtidos se mostraram satisfatórios visto que, de forma qualitativa, são condizentes

com os apresentados na literatura.

Foi possível observar as características próprias de cada configuração da máquina,

como curva de velocidade aproximadamente constante para diversos valores de torque do

motor de excitação paralela, ou ainda a característica de conjugado elevado para baixas

velocidades do motor de excitação em série.

A utilização da biblioteca SimPowerSystems na construção das simulações se mostrou

uma alternativa interessante em comparação com simulações a partir de linhas de código, já

que os modelos empregados possibilitam ao usuário uma interface gráfica mais amigável.

Essa configuração é ideal para utilização no ensino da teoria das máquinas de corrente

contínua, pois facilita a construção dos modelos estudados.

O roteiro para atividade prática que foi desenvolvido se encontra disposto no Apêndice

I deste trabalho e será de grande importância para os alunos da disciplina Laboratório de

Sistemas de Conversão Eletromecânica de Energia, pois facilitam o aprendizado da máquina.

6.1 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Como sugestão de trabalho futuro propõe-se o desenvolvimento de um modelo para

simulação da máquina de excitação composta, já que essa configuração não está presente no

modelo da biblioteca SimPowerSystems e esse tipo de máquina é de grande aplicabilidade,

pois combina as características das máquinas de excitação série e paralela.

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REFERÊNCIAS

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Technology International Journal of Electrical, Computer, Energetic, Electronic and

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Escovas Utilizando Estratégia a Quatro Chaves. Dissertação de Mestrado, Universidade

Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2012

CHAPMAN, Stephen J. Fundamentos de Máquinas Elétricas. AMGH Editora, 2013.

CARVALHO, Geraldo. Máquinas Elétricas Teoria e Ensaios. Editora Érica Ltda. São

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DEL TORO, Vincent. Fundamentos de Máquinas Elétricas. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

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<https://www.mathworks.com/help/pdf_doc/physmod/sps/sps_ug.pdf>. Acessado em

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Acessado em 28/11/2017.

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MELO, Bruno Mattos Souza de Souza. Modelagem e simulação de uma máquina elétrica

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Dissertação (Mestrado em Engenharia de Sistemas) - Escola Politécnica, Universidade de São

Paulo, São Paulo, 2006.

OGAWA, Carlos. Otimização do Projeto de Máquinas de Corrente Contínua Utilizando

Algoritmos Genéticos. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Santa Catarina.

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Sons, 1996.

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WEG, Características e Especificações de Motores de Corrente Contínua e Conversores

CA/CC. Artigo Técnico. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-curso-

dt-3-caracteristicas-e-especificacoes-de-motores-de-corrente-continua-conversores-ca-cc-

artigo-tecnico-portugues-br.pdf>. Acesso em: 09/05/2016.

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APÊNDICE

Pág.

Apêndice I Roteiro para Atividade Prática 57

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APÊNDICE I: Roteiro para atividade prática

Simulação Máquinas de Corrente Contínua

Objetivo:

Utilizar a interface do Simulink para criar um modelo de máquina de corrente

contínua;

Operar máquina no modo motor e gerador;

Gerar gráficos que descrevam o comportamento da máquina.

Procedimentos:

1 – Gerador de Excitação Paralela

Utilizando o terminal do MATLAB digite “Simulink”, então a biblioteca de blocos do

Simulink será iniciada;

Selecione a opção de novo modelo no menu superior, e então um modelo em branco

será criado.

Na biblioteca de blocos selecione a opção SimPowerSystems e arraste os blocos

apresentados na Figura 1 para o novo modelo.

Figura 1 – Blocos utilizados motor shunt.

Em seguida monte um circuito com o da Figura 2 e plote um gráfico dos outputs em

função do tempo;

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Figura 2 – Circuito motor shunt.

Clicando duas vezes no bloco do motor (DC Machine), visualize os parâmetros da

máquina, então calcule a velocidade e torque a plena carga do motor. Feito isto,

compare com os resultados da simulação.

2 – Gerador de Excitação Paralela

Monte um circuito como o da Figura 3, observe que o torque aplicado no eixo agora

tem valor negativo, destacado na figura, fazendo com que a máquina opere no modo

gerador.

Figura 3 – Circuito gerador shunt.

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Plote as curvas de tensão terminal, corrente de campo e de armadura;

Utilizando os parâmetros do bloco, calcule a tensão induzida e compare com os

valores obtidos através da simulação.