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Outubro de 2009 Tese de Mestrado em Arquitectura Ramo do Conhecimento: Cidade e Território Trabalho efectuado sob a orientação do Arquitecto André Fontes Tiago da Costa Arieira Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo Universidade do Minho Escola de Arquitectura

Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

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O trabalho intitula-se “Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo” e tem como objecto a área confinada às muralhas medievais. O seu objectivo consiste na produção de uma estratégia que vai da escala urbana à tipologia de parcelamento.

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Outubro de 2009

Tese de Mestrado em ArquitecturaRamo do Conhecimento: Cidade e Território

Trabalho efectuado sob a orientação do Arquitecto André Fontes

Tiago da Costa Arieira

Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

Universidade do MinhoEscola de Arquitectura

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Tiago da Costa Arieira

www.arieiras.com

[email protected]

Orientador:

Professor Arquitecto André Fontes

Ano de conclusão: 2009

Designação do Mestrado :

Mestrado em Arquitectura, Ramo do Conhecimento Cidade e Território

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I

“Da relação entre o antigo e o novo nasce uma associação, um charme do lu-

gar que não se conseguiria obter se se recomeçasse tudo de raiz. Não se trata de uma

ideologia de conservação, mas sim de uma ideologia de modernização.”

Arq. Jean Nouvel

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Agradecimentos

Nos meandros deste trabalho esconde-se a colaboração importantíssima de

individualidades e instituições, a quem dirijo a minha profunda gratidão:

Arq./ Eng. André Fontes, Arq. João Cabeleira, Arq. José Loureiro, Arq. Paula Santos,

Arq. Valdemar Coutinho, Arq. Manuel Gaspar, Arq. Tiago Castro, Arq. José Santos, Arq.

André Delgado, Arqª. Sofia Parente, Arq. Pedro Barbosa, Eng. Tiago Delgado, Eng. Filipe

Ferreira, Dra. Teresa Menezes, Dr. Cunha Leal, Dr. António Maranhão Peixoto, Dr. João

Alpoim Botelho, Dr. Avelino Pinto, Fotografo Vitor Roriz, Fátima Bizarro, Barbara Lomba,

população vianense que, de forma acolhedora, me facilitou a recolha de dados, Câmara

Municipal de Viana do Castelo, GTL e Junta de freguesia Santa Maria Maior. A um outro

nível reconheço o apoio da família e dos “amigos da biblioteca” que participaram comi-

go nesta longa viagem.

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Resumo

O trabalho intitula-se “Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval

de Viana do Castelo” e tem como objecto a área confinada às muralhas medievais. O

seu objectivo consiste na produção de uma estratégia que vai da escala urbana à tipolo-

gia de parcelamento.

A tomada de consciência da problemática do burgo medieval, a nível urbano,

habitacional, social e cultural, provoca o despoletar de uma proposta, segundo uma

estratégia global de cidade, obedecendo a uma atitude contemporânea. A sua mate-

rialização efectua-se segundo um novo atravessamento, onde estão inscritos diversos

equipamentos e serviços, como resolução urbana e cultural, e com a implementação

de uma “Incubadora de Jovens”, ao nível do restante edificado, com um intuito sócio-

económico e habitacional.

A proposta desencadeia-se a partir da escala urbana, com o atravessamento,

entre o tríptico do século XVI, na Praça da República, formado pela Misericórdia, Anti-

gos Paços do Concelho e o Chafariz, e o tríptico do século XXI, na Praça da Liberdade,

constituído pela Biblioteca Municipal, Edifícios Administrativos e o Coliseu, à escala da

tipologia habitacional e comercial, com o projecto de “Incubadora de Jovens”.

Em suma, como forma de dinamização do burgo existente propõe-se “partir o

ovo medieval” e implementar uma “Incubadora de Jovens”, numa perspectiva temporal,

na qual se conjugam o passado, o presente e o futuro.

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Abstract

The work is entitled “Proposal for a requalification within the walls of the me-

dieval borough of Viana do Castelo” and is aimed at the area confined by its medieval

walls. The goal is to produce a strategy that goes from the urban scale to the typology of

fragmentation.

The awareness of the problem of the medieval village, at the urban, housing,

social and cultural levels, causes the triggering of a draft, an overall strategy for the city,

according to a global strategy of town, complying with a contemporary attitude. Its achie-

vement is made by following a new crossing, to which various equipments and services

are attached, as urban and cultural resolution, with the implementation of an “Incubator

of Young People” at the level of the remaining buildings, with socio-economic and hou-

sing purposes.

The proposal is unleashed starting from the urban scale, with the crossing be-

tween the three pillars of the sixteenth century, in Praça da República, composed by the

former Hospital da Misericórdia, the old Town Hall and the Fountain, and the triptych of

the XXI century, in Praça da Liberdade, consisting of the Municipal Library, Administra-

tion buildings and the Coliseum, levelling the housing and commercial typology with the

project “Incubator of Young People”.

In short, as a way of boosting the existing borough, the proposal is to “break the

medieval egg”, and implement an “Incubator of Young People” in a temporal perspecti-

ve, which unites the past, the present and the future.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO 7

2. REFLEXÃO TEÓRICA

2.1 Visão diacrónica da revitalização urbana 13

3. ANÁLISE DO BURGO

3.1 Desenvolvimento urbano de Viana do Castelo 27

3.2 Morfologia do espaço

3.2.1 Massa construída e Espaço público 33

3.2.2 Tipologias habitacionais – processos construtivos 35

3.2.3 Estado de conservação do edificado 39

3.2.4 Nível de intervenção 41

3.3 Actual Ocupação

3.3.1 Usos 43

3.3.2 Horário das actividades 45

3.3.2 Espaços habitados ou desabitados 47

3.4 Habitabilidade

3.4.1 Frequência de transeuntes 49

3.4.2 Faixa etária dos habitantes 51

3.5 Problemática do centro histórico

3.5.1 Urbano 53

3.5.2 Tipologias 55

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2

4. PROJECTO - CONCEPÇÃO:

4.1 Referências 59

4.2 Área de estudo 63

4.3 Área do plano 67

4.4 Área do projecto 73

4.4.1 Praça 75

4.4.2 Edifício central/ Museu ao ar livre 79

4.4.3 Incubadora de Jovens 83

4.4.3.1Ensaio do “conceito tipo” das células de incubação 85

5. REFLEXÃO FINAL 93

6. ANEXOS

6.1 Área de estudo 97

6.2 Área do plano 99

6.3 Área do Projecto 101

6.4 Projecto da praça 102

6.5 Projecto do edifício central/ Museu ao ar livre 108

6.6 Células de incubação 123

7. BIBLIOGRAFIA 137

8. LISTA DE IMAGENS 143

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3

“ Aos instrumentos de reconhecimento do real chama-se história, a arte de cons-“Aos instrumentos de reconhecimento do real chama-se história, a arte de cons-

truir a sua transformação chama-se arquitectura. Uma sem a outra chama-se fracasso

da arquitectura moderna.”

Álvaro Siza Vieira

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5

1. INTRODUÇÃO

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6

Fig.1

Aerofotograma da cidade de Viana

do Castelo, 2002.

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7

A presente tese enquadra-se no momento final do curso de arquitectura, assu-

mindo um cariz reflexivo e de maturação dos conhecimentos adquiridos, ao longo da

etapa da formação académica na Escola de Arquitectura da Universidade do Minho.

Antes de sermos estudantes de arquitectura, somos cidadãos do século XXI que

herdamos das gerações anteriores as suas fortunas, mas também as suas dívidas para

com o ambiente.

O actual maciço edificado, na sua maioria, caracteriza-se por médios valores

construtivos associados a um desmedido economicismo das empresas. A necessidade

do ofício, por parte destas, leva a que o património seja, muitas vezes, alvo de interven-

ções e demolições gritantes.1

Por outro lado, o planeta reclama atenções ecológicas, no que diz respeito ao

uso, transformação e desperdício de recursos, no intuito de salvaguardar a vivência das

gerações futuras.

O objecto deste trabalho, neste sentido, consiste numa proposta de requalifica-

ção da área confinada ao burgo medieval de Viana do Castelo, segundo uma lógica de

intervenção baseada na consideração da sua envolvente.

O objectivo deste trabalho é a produção de uma proposta que partirá da escala

urbana até à célula parcelar. Por outro lado, em face da falta de estudo e de intervenção

no objecto de análise, este trabalho pretende dar o seu contributo, com a produção de

peças originais, relativas à análise, obedecendo a uma investigação “in loco”. Um outro

objectivo a atingir será o de provocar o debate público sobre o tema e contribuir para

uma abertura de novos horizontes.

A metodologia adoptada no desenvolvimento do trabalho consistirá num fasea-

mento gradual, a saber: reflexão teórica, análise do núcleo urbano histórico e a concep-

ção das ideologias.

Relativamente à concepção das ideologias, vão ser desenvolvidos projectos que

respondam às necessidades detectadas. Concretizando: área de estudo, área do plano,

área do projecto, praça, edifício central/ museu ao ar livre e um ensaio do “conceito

tipo” das células de incubação.

1 Cf. RODERS, Re-architecture, p9

1. Introdução

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8

Fig. 2

Plano de pormenor da frente ribei-

rinha e Campo da Agonia, 2002.

Este plano apresenta a implanta-

ção final relativa ao tríptico do XXI.

Fig. 3

Fotomontagem relativa ao con-

ceito de “partir o ovo medieval”.

Tríptico do século XVI

Tríptico do século XXI

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9

O projecto elaborado é, por sua natureza, pertinente, quando consideramos a

frequência de visitantes entre o tríptico do século XXI, na praça da Liberdade, e o tríptico

edificado na Praça da República do século XVI. É igualmente relevante, quando se pon-

dera a ausência dos jovens e as condições reais de degradação dos imóveis, no espaço

em análise. Os números falam por si, à data de 16 de Outubro de 2009, conforme os

dados apresentados por Manuel Reis Campos, presidente AICCOPN2: O peso da reabi-

litação em Portugal representa cerca de 7,4% do total do sector da construção, contra

29% em Espanha e 36% na média europeia.

A tomada de consciência da problemática do burgo medieval, a nível urbano,

habitacional, sócio-económico e cultural, provoca o despoletar de uma proposta, pauta-

da segundo uma atitude contemporânea, a qual defende que, por vezes, é necessário

amputar a parte, para salvar o todo, tendo como referência projectos internacionais.

Como forma de dinamização do burgo existente propõem-se “partir o ovo me-

dieval” e implementar a “Incubadora de Jovens”, numa perspectiva temporal, segundo

a fórmula de Kandinsky, em que o amanhã é igual ao ontem mais hoje.

2 AICCOPN – Associação dos industriais da construção civil e das obras públicas

1. Introdução

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11

2. REFLEXÃO TEÓRICA

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12

Fig. 4

A Revolução Industrial consistiu

num conjunto de mudanças tec-

nológicas com profundo impacto

no processo produtivo ao nível

econômico e social.

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2.1 Visão diacrónica da revitalização urbana

A abordagem do tema reclama, antes de mais, uma perspectiva diacrónica,

com o intuito de uma consciencialização do conhecimento da arquitectura subjacente

às revitalizações urbanas levadas a efeito, no património edificado3, permitindo uma

contextualização do ponto de vista defendido neste trabalho e, simultaneamente, um

olhar distante, sobre a história da problemática em causa, contributo essencialmente da

cultura europeia, ocasionando uma liberdade de reflexão e estabelecendo uma relação

temporal entre o passado, o presente e o futuro.

A reflexão filosófica de toda esta problemática é relativamente recente, mas com

uma extensão considerável, o que nos levará a uma opção pelos momentos de especial

relevo, a qual teve o seu início no século XIX, como consequência quer da revolução

francesa, quer da revolução industrial, que altera drasticamente o quadro organizativo

da cidade e o tecnológico relativo à construção, cujas figuras proeminentes foram John

Ruskin e Viollet-Le-Duc.

Segundo Viollet-le-Duc “(…) restaurar um edifício é restabelecê-lo num estado

completo que pode nunca ter existido num dado momento.”4

Ao contrário da perspectiva anterior, Choay apresenta-nos três momentos histó-

ricos, em que num primeiro momento, denominado “memorial”, com a figura de John

Ruskin, segundo o qual “ (…) o verdadeiro sentido do termo restauro significa a destrui-

ção mais total que uma construção pode sofrer. O projecto restaurador é absurdo. Res-

taurar é impossível. Tanto como dar vida a um morto.”5, daí a característica passiva da

sua teoria, reconduzindo à destruição progressiva e natural da ruína dos monumentos.

No segundo momento “historicista”, Camillo Sitte, tendo lamentado “a beleza

urbana” que se perdia, procurou determinar as bases de uma nova e mais qualificada

estética urbana, capaz de satisfazer as necessidades da nova era industrial.

A reflexão do legado histórico das cidades, que reclamam critérios de interven-

ção adequada, vai-se tornando uma prática, perante as grandes transformações urba-

nas que ocorrem nas cidades europeias: como Paris (1853-1869), Barcelona (iniciada

em 1859 até aos nossos dias), Viena (1859-1872), Bruxelas (1876-1881), originando o 3 Património edificado inclui monumentos (criação deliberada à priori) e monumentos históricos (não deliberado inicialmente, mas seleccionados à posteriori). Consequentemente são diametralmente opostos segundo a visão de A. Riegl.4 CHOAY, A alegoria do património, p115 CHOAY, op cit, p130

2. Reflexão teórica

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14

Fig. 5

Foto da maquete do Plano Voisin

desenvolvido por Le Corbusier, em

1925.

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15

pensamento Moderno do Restauro.6 Neste período, surge o contributo de grande relevo

de Gustavo Giovannoni (1873-1947), momento “integrador” com o desenvolvimento das

teorias de conservação e salvaguarda, salientando a importância das relações contextu-

ais, isto é, da chamada “arquitectura menor”. Além disso, foi o arauto da salvaguarda

dos centros históricos contra os “sventramenti” higienistas, contrapondo com a teoria

que o próprio intitulou de “diradamento”, segundo a qual se procura a salvaguarda dos

centros históricos e, simultaneamente, favorecer a sua interligação com a restante ci-

dade, recorrendo só quando necessário a demolições selectivas, ou seja, defendia uma

intervenção localizada e cirúrgica que produzisse melhorias ambientais e, simultanea-

mente, a renovação da cidade.7

Apesar de tudo, as teorias seguidas no congresso dos CIAM8 de 1933 foram no

sentido oposto, uma vez que defendiam o esventramento higienista e a demolição da

arquitectura de acompanhamento. O espírito da Carta de Atenas deveria ser observado

se o seu valor arquitectónico obedecesse a um interesse geral; se a sua conservação

não sacrificasse as populações mantidas em condições insalubres; se fosse possível

solucionar a sua presença prejudicial por medidas radicais, e incentivava a demolição

de acrescentos e construções de menor importância em torno dos monumentos, tendo

em vista a criação de “superfícies verdes”, em seu lugar.

Este espírito incompatibilizava-se com a possibilidade da recuperação da cidade

existente, nesse sentido Le Corbusier levou esta ideologia ao extremo, com o Plano Voi-

sin de Paris em 1925, o qual visava a destruição de grande parte do seu centro, dando

lugar a uma série de edifícios isolados de grande altura, principalmente destinados à

habitação, criando grandes zonas verdes entre eles, o qual não passou do papel, devido

ao arrojo que agredia o património histórico parisiense. Porém, este espírito persistiu

como imperativo, aquando de uma abordagem total da cidade, nesses tempos.9

Apesar do reformismo protagonizado, as práticas de conservação permanece-

ram quase idênticas, com base no conservadorismo histórico de recomposição estilís-

tica e formal e sempre relacionadas com a arquitectura monumental. Com a criação

do conceito de monumento histórico (cerca de 1820) até à Segunda Guerra Mundial,

aquele só visava os monumentos da Antiguidade e algumas igrejas e castelos Medievais.

6 Cf. FERNANDEZ, op cit, pp18-207 Cf. FONSECA, Histori[cidades], p15 8 CIAM - Congrès International d’Architecture Moderne9 Cf. FERNANDEZ, op cit, pp.18-20

2. Reflexão teórica

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Fig. 6

Fotografia da praça central de

Varsóvia, após a II Guerra Mundial.

Fig. 7

Fotografia actual da praça central

de Varsóvia. Daqui podemos con-

statar a reconstrução integral das

fachadas.

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Só com o período do pós-guerra europeu, a teorização feita anteriormente teve

substancial aplicação, partindo da destruição das cidades. Em consequência deste novo

dado, surge a necessidade do restauro de edifícios patrimoniais e históricos, da expe-

rimentação e da aplicação das teorias do movimento moderno, que aspiravam a uma

racionalização funcional da cidade, através da melhoria de sectores segregacionistas,

seguindo uma lógica higienista.

Os princípios base da arquitectura e urbanismo moderno incompatibilizavam-se

com os fundamentos da salvaguarda e recuperação da cidade existente, devido ao facto

da relação entre arquitecturas anónimas (de repetição) e a sua relação com o carác-

ter urbano, no que toca à forma física: conteúdos culturais, antropológicos e sociais,

remetendo-os para uma lógica museológica ou procedendo a uma destruição massiva

tendo como base o desenvolvimento urbano.

Mas a aplicação das ideologias foi diferente conforme as realidades em que se

estava a intervir. Exemplificando o que acaba de ser dito, podemos citar a cidade de

Varsóvia, que em 1944 tinha 75% do parque habitacional arrasado, constituído por 95%

dos seus edifícios históricos10. Neste caso procedeu-se à reconstrução integral do seu

tecido histórico, segundo a tipologia de parcelamento e a morfologia urbana anteriores,

em que as novas construções refazem as fachadas, mas modernizando a sua habitabi-

lidade. Esta intervenção reflectiu uma necessidade política e psicológica, uma vez que

se tratava de reconstruir uma nação com identidade e cultura própria.

Esta atitude de intervenção gerou uma forte polémica, por razões antagónicas.

De um lado, estavam os defensores dos ideais conservadores, apoiando uma reconstru-

ção integral, e, do outro lado, os modernistas, segundo os quais era uma oportunidade

perdida da renovação urbana.

Posteriormente, surgiram atitudes opostas, ora seguindo o caso de Varsóvia, ora

pautando-se pela Carta de Atenas.

Em 1962, Malraux concebeu a lei dos “Secteurs Sauvegardés”, hoje mais co-

nhecida por lei Malraux. Inicialmente visava a preservação museológica, mas acabou

por impedir a destruição sistemática de algumas zonas urbanas de especial relevo,

ameaçadas pela renovação, e estendendo-se ao património urbano.

10 Cf. AGUIAR, Cor e cidade histórica, p85

2. Reflexão teórica

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Fig. 8Vista do centro urbano histórico para algumas das construções efectuadas segundo o plano urba-no de Kenzo Tange. A rejeição des-te plano deve-se à imposição de um respeito quase absoluto pela morfotipologia da cidade histórica, e pela sua arquitectura.

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19

Só com a Carta Internacional sobre Conservação e Restauro dos Monumentos

e Sítios (Veneza, 1964), o conceito de monumento histórico foi abarcando progressiva-

mente novas noções como o vernacular, o menor, o industrial e mesmo os conjuntos

edificados, já proclamado por Giovannoni.11

A demolição do património urbano, durante o período de 50 e 60, provocou

uma reacção e questionamento das anteriores políticas urbanas, a que Choay denomina

ironicamente de “urbanismo negativo”, caracterizado substancialmente na retoma a

processos de requalificação da cidade consolidada, e na contenção da cidade, sendo o

caso de Bolonha exemplar. Trata-se de uma política baseada nos princípios do restauro

filológico12.

Por esta altura, despoletaram-se as iniciativas do Conselho da Europa, das quais

resultou uma série de encontros e simpósios, vindo a resultar numa série de recomen-

dações, ao nível das políticas de salvaguarda e valorização do património arquitectónico

e urbano, de abrangência mundial.

Em 1972, na Conferência Geral da UNESCO mundializaram-se os valores e

referências ocidentais, para as práticas patrimoniais. Tarefa difícil, uma vez que é inata

às referências locais.

Em 1975, a Declaração de Amesterdão surge como um documento de grande

importância para a conservação urbana, estabelecendo a conservação do património ar-

quitectónico como um dos principais objectivos do planeamento urbano e ordenamento

do território e dos factores sociais, como condicionantes de uma consideração relevante

para o êxito da conservação integrada. Desta forma estabelecem-se os princípios mais

em função dos valores sociais e urbanos estreitamente relacionados às preocupações

de uso e reapropriação do espaço da cidade histórica.

Em 1976, a UNESCO escreveu a “Recommendation concerning the Safeguar-

ding and Contemporary Role of Historic Áreas”, que ainda hoje é vista como a exposição

e defesa mais completa para a “não musealização” da cidade histórica.

Apesar destas recomendações, que retomam o enfoque na intervenção no

centro histórico como um bem a salvaguardar, a qual continua a ser o reflexo das di-

ficuldades e das contradições da sua integração na vida contemporânea, origina-se a 11 Cf. FERNANDEZ, op cit, p2712 Cf AGUIAR, op cit, p91

2. Reflexão teórica

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Fig. 9Fotomontagem explicativa da transformação urbana efectuada no núcleo urbano consolidado, em Viana do Castelo. O plano de esventramento da Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, data de 1876, mas apenas vem a ser concretizado em 1917, a par da construção da estação de ca-minhos-de-ferro. Esta intervenção que liga este equipamento com o cais fluvial, foi desenvolvida com um intuito de desenvolvimento económico.

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“gentrification” destes centros.

Em 1986, a Carta de Toledo, redigida pela ICOMOS13, delegação da UNESCO,

vem complementar a Carta Internacional Sobre a Conservação e Restauro dos Monu-

mentos e Sítios (Veneza, 1964) onde se dá especial atenção à conservação da imagem

da cidade e da sua memória colectiva. Dada a sua mundialização, a sua eficácia ope-

racional fica condicionada a nível regional, uma vez que pretende preservar o carácter

histórico da cidade, bem como os elementos materiais e espirituais distintivos da sua

imagem, a saber: “a forma urbana, caracterizada pelo seu cadastro; as relações contex-

tuais; as relações espaciais (cheios e vazios); a forma dos edifícios (interior e exterior),

incluindo estrutura, volume, estilo, escala, materiais e cor e por último as especifici-

dades da cidade, adquiridas no decurso da sua história.”14 A autenticidade da cidade

histórica exige a observância destes valores.

Na década de 90, associado ao conceito de conservação integrada, aparece o

conceito de Desenvolvimento Sustentável, com base numa cultura ecológica. Aos valo-

res sócio-culturais e históricos do património urbano, junta-se o económico, visto ser

um capital fixo já investido, cuja perda ou substituição implica uma parte significativa na

economia de qualquer país. Contudo, a sua manutenção tem também custos elevados

a curto prazo, donde a prevalência da aplicação desta doutrina, mais a norte da Europa.

No caso português, o que prevaleceu foi o restauro estilístico ao nível do edi-

ficado, com uma prática normalmente desligada da obra de autor, a qual prevaleceu

durante o Estado Novo, na limpeza feita aos monumentos, com a procura do estilo puro

português, apagando por completo todas as marcas da história.15 Por outro lado, as mu-

danças urbanas tiveram lugar devido ao “alargamento do conceito inicial de património

artístico ao valor económico-social da edificação antiga (de stock residencial e não só),

susceptível de recuperação física e de revitalização sócio-cultural.”16

13 ICOMOS – International Council on Monuments and Sites14 FONSECA, op cit, p2015 Cf. FONSECA, op cit, p2116 PORTAS, Nuno - Préfacio in AGUIAR, op cit, 17

2. Reflexão teórica

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Dos dados expostos, como conclusão, surge a seguinte questão:

Qual a postura a adoptar no momento de intervenção no património?

A questão formulada inicialmente implica uma resposta. Da perspectiva diacró-

nica de intervenção no legado urbano, em conclusão e como resposta à citada questão,

acentuaria os seguintes aspectos, a saber:

O que se verifica, ao contrário das batalhas dos primeiros protagonistas, a filo-

sofia de intervenção tem evoluído progressivamente conquistando, como Nuno Portas

afirma, o bom senso do consenso.

Interessam a esta reflexão as teorias de Giovannoni, segundo as quais, são

importantes os elementos contextuais, a que apelida de “arquitectura menor”, o que

anteriormente se centrava somente no monumento histórico, que só se veio a vincular

na Carta de Veneza de 1964, e, simultaneamente, a defesa de demolições selectivas,

favorecendo a sua interligação com a restante cidade.

Por outro lado, do espírito da Carta de Atenas de 1933 interessa a salvaguarda

do edificado somente quando não sacrificasse as populações mantidas em condições

insalubres.

Da Declaração de Amesterdão interessa destacar a conservação integrada, se-

gundo factores sociais e urbanos estreitamente relacionados às preocupações de uso e

reapropriação do espaço da cidade histórica.

Destacamos da Recomendação da UNESCO de 1976, a “não musealização” da

cidade histórica, que provocou a “gentrification”, mas a sua adequação às necessidades

contemporâneas, no sentido de voltar a cativar a população.

Da Carta de Toledo, valorizamos o seu contributo relativo à conservação da

imagem da cidade e da sua memória colectiva.

Da década de 90 interessa o relevo dado ao valor económico, para além dos

sócio-culturais e históricos do património urbano.

2. Reflexão teórica

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3. ANÁLISE DO BURGO

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Fig. 10

Planta de Viana, Barra e Castelo,

feita em 1756, e acrescentada na

cerca do Convento dos Crúzios,

em 1978.

Fig. 11

Planta da vila de Viana, 1759.

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3.1 Desenvolvimento urbano de Viana do Castelo

A origem do processo que desencadeou a formação do aglomerado de Viana

deve-se à ocupação romana no século II a.C. Esse acontecimento promoveu a fragmen-

tação do núcleo do povoado castrense, localizado no topo do monte de Santa Luzia,

fazendo-o descer para a encosta, como para a base da colina. A repetição deste proce-

dimento, em vários castros, é um dos factores que levou a pensar que terá dado “(…)

origem ao tipo de povoamento disperso que caracteriza o Minho”17.

Um dos aglomerados originados foi o da Foz. Mais tarde, neste local, foi cons-

truída uma pequena capela, denominada de São Salvador do Adro, anterior a 1258.

D. Afonso III18, quinto rei de Portugal, reinou segundo uma “política de novas po-

voações e de estruturação de uma rede urbana nacional”19, fruto da cultura que bebeu

no período em que residiu em França, na qual se insere a criação da vila, a que deu o

nome de Viana: “ (…) facere populum in loco qui dicitur Atrium, in foce Limie, cui popule

de novo impono nomen Viana”20. A fundação de Viana foi acompanhada pela emissão

de uma carta de foral, da qual se conhecem duas versões, a primeira em 18 de Junho

de 1258, e mais tarde, a definitiva, em 1262. Este foral marcou claramente a intenção

do rei em atrair moradores que se encontravam dispersos, para proceder à consolida-

ção do tecido urbano, através de privilégios e regalias aos moradores, nomeadamente:

isenção de portagens das mercadorias que entrassem ou saíssem da Foz do Lima, de

impostos sobre a pesca, e da décima sobre os produtos importados do estrangeiro,

conseguindo com estas medidas um grande incremento comercial de Viana.

O objectivo do rei era desenvolver um local de importância mercantil e marítima,

favorecida pelas condições de localização perto do mar, e da foz de um rio navegável,

de fácil penetração para o interior. Visto que o povoado do Adro, já existente, não reunia

as condições adequadas às intenções do rei, na perspectiva de um centro marítimo e

comercial e, tendo em conta a sua formação cultural, promoveu a criação de um novo

aglomerado e a sua urbanização, segundo um plano regular, à imagem do que se fazia

pelo resto da Europa, nas imediações do anterior. Além disso, os eixos estruturantes e 17 TEIXEIRA, O Urbanismo Português, p3118 D. Afonso III, segundo filho de D. Sancho II, como não era o sucessor do seu pai, no reino, fazia a sua vida na corte do rei Luís IX, em França, onde viveu perto de vinte anos. Durante a sua formação adquiriu pressupostos basilares a par da fundação de novas cidades, como a de Aigues-Mortes e Carcassone, ambas na década de 1240. Mas a história conta-nos que devido à morte do seu irmão, ele regressou a Portugal para governar, sucedendo ao seu irmão mais velho, devido à morte do mesmo. 19 TEIXEIRA, op cit, p3120 Ibidem, p31

3. Análise do burgo

Page 38: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

28

Fig. 12

Plantas do desenvolvimento urba-

no de Viana do Castelo.

Fig. 12.1 Século XIII - hipótese 1

Fig. 12.2 Século XIII - hipótese 2

Fig. 12.3 Final do século XV

Fig. 12.4 Final do século XVI

Fig. 12.5 Final do século XIX

Page 39: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

29

o traçado ortogonal visavam a adopção pragmática de princípios de regularidade e geo-

metrização no traçado da cidade, com o objectivo de tornar os processos de arruamento

de divisão da terra e do povoamento o mais racional e eficazmente possível.

A localização de Viana, num pequeno morro, tinha em vista uma estratégia de

defesa, de protecção contra as cheias e de salubridade, estando os espaços construídos

de forma a permitir o escoamento das águas.

Na primeira fase, construíram-se cinco quarteirões de forma rectangular e de

dimensões idênticas (17,6 por 104,5m), em que a maior dimensão era paralela ao rio.

A área habitacional estava voltada para o arruamento principal e os quintais orientados

para os secundários. Estes últimos foram utilizados no século XVI para a construção de

novas habitações, por falta de espaço.21 Esta primeira fase poderá ter sido amuralhada,

não gerando unanimidade na comunidade científica. No entanto, no final do século XIV,

durante o reinado de D. Fernando, concluiu-se a muralha, envolvendo uma área mais

alargada e configurando-se à de forma oval.

A muralha de Viana desempenhou um papel muito importante na concentra-

ção urbana, ainda durante o mesmo século. Mais tarde, com a densificação do espa-

ço urbano, tornou-se necessário dividir alguns dos lotes transversalmente em dois, de

forma a possibilitar a implantação de dois edifícios. Numa primeira fase de expansão

intramuros, construíram-se dois conjuntos de três quarteirões de menor dimensão e

com características idênticas ao edificado primitivo. No século XV, em função de uma

especialização funcional, vão surgindo intramuros novos espaços urbanos que se dese-

nham segundo uma geometria e uma estrutura de loteamento diferentes dos iniciais,

obedecendo à morfologia dos terrenos e do perímetro não ortogonal da muralha.

Com o desenvolvimento populacional, torna-se inevitável a sua expansão extra-

muros, que se inicia ainda durante o século XIV, com a criação do primeiro arrabalde,

que segue a configuração do edificado intramuros, vindo este a expandir-se, posterior-

mente, na direcção do rio. As expansões vão continuar no século XVI, sendo confinadas

até ao século XVIII, com a implantação de 3 conventos. Mais tarde, no século XIX, a

densificação ficou delimitada pela linha do caminho-de-ferro.

Recentemente, em Viana do Castelo, a morfologia sofreu uma clara modifica-

21 Ibidem, p32

3. Análise do burgo

Page 40: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

30

Fig. 13

Plano de Pormenor da frente ribei-

rinha e Campo da Agonia - Viana-

pólis, 2002.

Page 41: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

31

ção com um conjunto de intervenções, segundo o Programa Polis22, criado em 2000.

As intervenções tiveram lugar entre a Frente Ribeirinha, o Campo da Agonia e o Centro

Histórico, numa área de 157 hectares. Segundo dados da sociedade gestora, com esta

intervenção, Viana do Castelo conseguiu já um aumento da frente de rio acessível em

mais de três quilómetros, passando a área verde disponível para cerca de 300 mil me-

tros quadrados. É de referir ainda que a zona de circulação automóvel diminuiu em prol

da valorização da qualidade da vida urbana. Os novos edifícios inseridos no plano de

intervenção vieram marcar claramente uma nova fisionomia da cidade.

Na mesma linha de pensamento, o Estação Viana Shopping contribuiu para a

alteração da dita fisionomia, cuja intervenção veio a preencher um vazio urbano.

22 Programa Polis - Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental das Cidades

3. Análise do burgo

Page 42: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

32

Page 43: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

33

3.2 Morfologia do espaço

3.2.1 Massa construída e Espaço público

Como anteriormente foi abordado, o local edificado situa-se num morro, por

razões estratégicas de habitabilidade, para facilitar o escoamento das águas fluviais,

quando havia cheias do Rio Lima. A configuração da muralha segue a geometria do

local, assim como o pensamento construtivo de então, donde a sua forma de ovo.23

Com o aumento da densidade populacional, surgiu a necessidade de construir

fora do perímetro amuralhado, acabando este por ser destruído por alguns habitantes

com propriedades contíguas, apropriando-se da pedra como sua.24

A configuração da cerca urbana de Viana localiza-se, a norte, entre o tríptico edi-

ficado na Praça da República do século XVI, formado pela Misericórdia, Antigos Paços

do Concelho e o Chafariz, e o edificado do século XXI, a sul, para contrapor ao anterior,

constituído pela Biblioteca Municipal, Edifícios Administrativos e o Coliseu. A este, pela

Praça da Liberdade e pela avenida principal, datada de 1876, mas apenas concretizada

em 1917, a par da construção da estação de caminhos-de-ferro. A oeste, encontra-se

o maciço edificado da primeira fase de expansão extramuros, a qual segue a mesma

lógica de traçado, surgindo uma via paralela às já existentes no interior do burgo.

Dentro do burgo, existe uma via que liga o rio à antiga Praça do Forno, actual

Praça da República, e outra que fazia a ligação entre Ponte do Lima e Caminha, as

quais são estruturantes, na rede viária. Actualmente, por ordem hierárquica urbana,

assinalam-se sequencialmente: a Avenida dos Combatentes da Grande Guerra e a Ave-

nida Marginal, Rua Aurora do Lima / Rua Sacadura Cabral, Rua Grande/ Rua de São

Pedro. Todas as restantes remetem-se para um plano secundário.

A lógica da construção do quarteirão do interior do burgo é diferente da do exte-

rior, em virtude da inexistência de espaços vazios interiores ao mesmo, com dimensões

consideráveis, a contrastar com a presença dos mesmos, no edificado exterior, o que

significa que não privilegiavam espaços de uso comunitário privado, à excepção de um,

que, actualmente, está fragmentado por paredes divisórias.

23 Cf. ALMEIDA, Sítios que fazem História, p82 24 Ibidem, p87

3. Análise do burgo

Page 44: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

34

Fig. 15

Casa em reconstrução no núcleo

urbano histórico.

Page 45: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

35

3.2.2 Tipologias habitacionais – processos construtivos

De uma forma geral, no ovo medieval e zona de primeira expansão predomina

a tipologia, em que o lote quase sempre estreito, tem uma largura que é definida pelo

comprimento das vigas de madeira (mais ou menos seis metros), limite do processo

construtivo da época.

Cada quarteirão é preenchido por um conjunto de vários edifícios que, na sua

base, se configuram estreitos, indo de rua a rua, mas, devido ao crescimento popula-

cional, o comprimento da base construtiva anterior foi dividido, devido à necessidade

do aumento do número de construções. Por outro lado, podemos assinalar que outras

coabitam com aquelas, cuja base foi o somatório, no mínimo, de duas anteriores.

O sistema estrutural destes edificados é caracterizado por paredes de meação

(paredes pertencentes a duas tipologias vizinhas, para contenção de custos) em alve-

naria de pedra da região (granito), assente em argamassa (cal, argila, areia, saibro e

pedras) que suporta toda a estrutura interior e a cobertura em madeira. A estrutura in-

terior apresenta a seguinte lógica: vigas colocadas no sentido de menor vão, recebendo

as forças provenientes dos tarugos que se encontram nos seus intervalos e em posição

perpendicular. Sobre esta estrutura assenta o soalho em sentido perpendicular às vigas,

ou seja, paralelo aos tarugos, num combinado de macho e fêmea. Em síntese, as forças

exercidas, numa lógica sequencial de descarga, recaem sobre o soalho e deste sobre

as vigas que estão apoiadas nas paredes de meação, por encastramento ou apoiadas

sobre os cachorros de pedra que, por sua vez, estão encastrados na parede. As ditas

forças, por seu lado apoiam-se nas sapatas.

Ainda sobre as paredes de meação recai a estrutura da cobertura, normalmente

com quatro águas, que, por factores de localização geográfica, possui uma pendente

pouco acentuada. A sua constituição implica os seguintes elementos, por ordem de

descarga de forças: telha de canudo (canal e coberta) rematada por telhão de beirado,

ripa, vara, madre/ fileira e os elementos que constituem a asna: perna/ pendural/

escora, linha.

Este tipo de construção permite um sistema interior de paredes flexível, sendo o

mais frequente, a taipa de fasquio: “Estas paredes compõem-se de uma estrutura feita

com tábuas de madeira, colocadas na vertical (“a prumo”) e sobre as quais se prega um

3. Análise do burgo

Page 46: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

36

Fig. 16

Maquete de estudo dos processos

construtivos de uma habitação no

núcleo urbano histórico.

Page 47: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

37

segundo plano de tábuas na diagonal, travadas por último, com um ripado horizontal

(“fasquio”).”25 Na sua forma mais simples, encontramos apenas um pano de tábuas

verticais revestida em ambas as faces por fasquio.

No que concerne à organização dos interiores, em geral estes dividem-se em

dois ou mais pisos que, comummente são independentes. Uma escada, próxima da por-

ta da entrada, ascende, às várias divisões da casa, sendo iluminada por uma clarabóia,

dado que as únicas fenestrações encontram-se no alçado principal, para as tipologias

com metade da base habitual. Em virtude deste facto, há divisões no interior sem luz

natural, tais como: cozinha, casa de banho e quartos, à excepção da sala. No caso de

existirem dois alçados, altera-se o esquema anterior, passando a ter luz directa a sala e

a cozinha. Pode dar-se a situação de, nalguns casos, existirem saguões que permitem a

iluminação e ventilação dos espaços mais interiores.

Relativamente aos alçados, devemos mencionar que, geralmente, nestes dese-

nham-se sempre as portas de acesso, uma para cada piso, sendo a do térreo mais larga

e muitas vezes rasgada por postigos, com o intuito de captar mais luz e arejamento.

Nos pisos superiores, a varanda é um elemento comum, sendo centrada, ge-

ralmente, quando existem três aberturas, a qual é constituída por uma pedra de granito

em consola e gradeamento em ferro.

Todos os vãos são contornados por granito aparelhado, quando as casas são

rebocadas. A divisão entre a fachada e a cobertura é feita por uma cornija em granito;

entre a fachada e o piso térreo surge um lambrim em material de igual natureza.

25 TEIXEIRA, Diálogos de edificação, p62

3. Análise do burgo

Page 48: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

38

Page 49: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

39

3.2.3 Estado de conservação do edificado

A primeira constatação que salta à vista, segundo o mapeamento levantado

pelo GTL (Gabinete Técnico Local), é que o estado de conservação do edificado exibido

nos cinco quarteirões, que constituem o núcleo original de Viana, apresenta-se em con-

dições mais depauperadas. Tal facto justifica-se, em virtude de o parque habitacional

ser “caracterizado por um considerado número de fogos arrendados, cujos contratos

redundam em arrendamentos antigos aliados a rendas muito baixas, e apresentam gra-

ves lacunas ao nível das condições mínimas de salubridade, habitabilidade e conforto,

provocadas na sua maioria por ausência de intervenções de conservação”26.

Por outro lado, olhando o mapa do burgo, constata-se que o maciço edificado

adjacente às antigas muralhas apresenta-se em melhor estado de conservação. Daqui

infere-se que o seu interior, para além das razões já apresentadas, relativamente á sua

degradação, ficam-se a dever ao facto de haver uma deslocação para a periferia27, em

virtude de melhores condições de habitabilidade, e também por ai se verificar a presen-

ça de comércio.

De salientar ainda que a presença de um edificado único a oeste, de dimensões

excepcionais para a área, assim como de localização, com frente de três ruas, a saber:

Avenida Marginal, Beco do Caxuxo e Rua do Vilarinho.

26 Menezes, Breve caracterização sócio económica do centro histórico de Viana do Castelo, p127 Ibidem, p1

Fig. 18Esquema demonstrativo da deslo-ção da população para as perife-rias do núcleo urbano histórico.

3. Análise do burgo

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40

Page 51: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

41

3.2.4 Nível de intervenção

O mapeamento existente, ao nível da intervenção, proposto pela Câmara Mu-

nicipal, no espaço confinado às antigas muralhas, apresenta três níveis de desenvolvi-

mento de projecto.

Podemos afirmar que estamos perante uma área caracterizada por um maior

número de edifícios (classe 3), tornando viável o seu restauro e admitindo-se a reabili-

tação.

Por outro lado, apenas dois edifícios potenciados à reconstrução, admitindo-se

construção (classe 1), podendo configurar uma intervenção mais arrojada.

Todo o restante edificado, é passível de reabilitação, admitindo-se reconstrução

(classe 2).

3. Análise do burgo

Page 52: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

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Page 53: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

43

3.3 Actual Ocupação

3.3.1 Usos

Da análise da planta, referente ao actual uso da área escalpelizada, verificamos

que, em todo o espaço público, privilegia-se a qualidade pedonal urbana, em detrimento

da circulação automóvel. Por outro lado, à semelhança do resto da cidade, a maior man-

cha de ocupação destina-se à habitação. A esta mancha de ocupação segue-se a que

se destina ao comércio, associado às ruas com maior frequência, que será analisado

posteriormente, a saber: Rua Aurora do Lima/ Rua Sacadura Cabral, Rua Grande/ Rua

de S. Pedro, Rua de Viana/ Rua Prior do Crato e Rua do Poço. Depois desta, encontram-

se, gradualmente, a dos serviços, a da restauração e bebidas e, por último, a dos equi-

pamentos.

Neste contexto, merece uma nota de destaque, pela intervenção do Programa

Polis, na frente ribeirinha, a alteração da fisionomia da cidade, com a implantação do

tríptico contemporâneo, constituído por dois grandes equipamentos – biblioteca e coli-

seu – e serviços, bem como restauração e bebidas, onde sobressai a Praça da Liberda-

de. O mesmo se pode dizer com a construção da Estação Viana Shopping, localizado

sobre a estação de caminho-de-ferro, o qual se destina claramente ao comércio, restau-

ração e bebidas, com a particularidade de ser servido pelo “interface” dos transportes.

Ao nível da estratificação do edificado, em análise, o piso térreo é maioritariamente

destinado ao comércio, restauração e bebidas, e, por vezes, a serviços, tais como: imo-

biliárias e bancos. Os restantes pisos tem a funcionalidade de habitação, sendo esta

adaptada, muitas vezes, para serviços. Relativamente aos equipamentos principais, ve-

rificamos a utilização de edifícios integrais.

3. Análise do burgo

Page 54: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

44

Page 55: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

45

3.3.2 Horário das actividades

Da análise exaustiva do espaço do burgo medieval, relativamente ao tópico em

análise, podemos inferir algumas conclusões: a maior mancha de ocupação está reser-

vada à habitação, a qual se baliza, normalmente, entre as 19 horas e as 8 horas do dia

seguinte.

Na linha deste razoado, evidencia-se que as actividades promotoras de maior dinâ-

mica, no espaço exterior, situam-se entre as 9 horas e as 19 horas, fazendo-se notar,

para além deste horário, uma desertificação do dito espaço, pelo que se torna percep-

tível um défice de actividade comercial, lúdica, cultural, com a excepção do serviço de

restauração e/ou bebidas, em número reduzido, cujo horário de funcionamento se alar-

ga, respectivamente, até às 24 horas e 2 horas, fugindo à regra a discoteca existente.

Nesta análise, ressalta o horário de funcionamento do shopping, das 10horas às

23horas, em contraste com o comércio tradicional. Neste espaço, encontra-se um equi-

pamento cultural que alarga este horário até ás 2horas.

Como excepção, são de referir, após as 19 horas, as instalações da GNR e o espaço

híbrido de comércio e bebidas, estando o primeiro aberto 24 horas e o segundo até às

2 horas.

3. Análise do burgo

Page 56: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

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3.3.3 Espaços habitados ou desabitados

A área de desocupação do edificado é inferior à zona ocupada, cujo âmbito abrange

o parque habitacional, comercial, serviços e restauração e bebidas.

Considerando o mesmo edificado, verificamos, quanto à sua desocupação, que esta

regista uma maior percentagem, na parte habitacional. Este fenómeno fica a dever-se

“ao deslocamento da população mais jovem para as áreas periféricas da cidade forte-

mente motivada pelas melhores condições de vida das últimas décadas”28, arrastando

em simultâneo “a degradação e abandono do parque habitacional da cidade, à sua

ocupação pelo sector terciário, ao aumento da insegurança, à redução brusca da taxa

da natalidade e ao envelhecimento acentuado da população residente, que se vê agora

obrigado a permanecer no Centro Histórico em habitações degradadas, pelo facto de se

encontrarem destituídas de meios para acederem a habitações com melhores padrões

de qualidade e conforto”29.

De uma forma geral, podemos dizer que a mancha do espaço desabitado encontra-

se dispersa pela do “ovo medieval”.

28 Menezes, op cit, p129 Ibidem, p1

3. Análise do burgo

Page 58: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

48

Fig. 23

Esquema conceptual da frequên-

cia das pessoas por rua. Quanto

maior a largura, maior é a fre-

quência.

Page 59: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

49

3.5 Habitabilidade

3.5.2 A frequência de transeuntes

A tabela que se segue em anexo é o resultado do controlo “in loco”, segundo

o critério de contagem dos transeuntes, em cada 15 minutos, em cada rua. Daqui se

conclui que as ruas de perfil mais largo são as mais movimentadas, tais como: Rua

Sacadura Cabral/ Rua Aurora do Lima, Rua de Viana/ Rua Prior do Crato. A Rua do

Hospital Velho, em posição perpendicular à sua maioria, embora sem o perfil das ruas

citadas, insere-se nas artérias mais frequentadas.

Neste aglomerado, existem apenas uma praça e um largo, locais apenas como

espaços de passagem.

Local N.º habitantes Horário da recolha N.º Transeuntes. /15min N.º Transeuntes /Hora

Praça da Erva 6 14:40 – 14:55 50 200

Rua dos Fornos 12

Rua do Poço 19 17:35 – 17:50 37 148

Rua do Tourinho 56 17:17 – 17:32 12 48

Rua do Hospital Velho 9 15:40 – 15:55 46 184

Rua Grande 127 16:00 – 16:15 55 220

Rua Prior do Crato 117 11:25 – 11:40 38 152

Rua de Viana 29 14:25 – 14:40 85 340

Rua Sacadura Cabral 5

Rua Aurora do Lima 2 15:05 – 15:20 184 736

Rua de S. Pedro 12 16:40 – 16:55 63 252

Rua do Vilarinho 12 18:07 – 18:22 10 40

Rua da Amália 32 17:00 – 17:15 7 28

Viela Cega 9 17:52 – 18:07 1 4

Viela Cova da Onça 11 14:30 – 14:45 5 20

Viela da Parenta 19

Viela do Sequeiro 5 15:08 – 15:23 3 12

Travessa da Vitória 24 15:25 – 15:40 38 152

Travessa dos Clérigos 4 15:08 – 15:23 9 32

Beco Caxuxo 18 15:10 – 15:20 1 4

Beco dos Fornos 7 14:10 – 14:20 3 12

Largo Inst. Hist. Minho 8 15:05 – 15:20 184 736

Nota: a recolha de dados, obedeceu ao critério do funcionamento do horário laboral do comércio e dos serviços, ou seja, das 9h-12h

e das 14h-19h. A recolha durou 15 minutos, em cada rua.Fig. 24

Tabela da frequência dos tran-seuntes por rua.

3. Análise do burgo

Page 60: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

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Fig. 25

Gráfico conceptual da faixa etária

da população do burgo medieval.

Page 61: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

51

3.5.1 A faixa etária dos habitantes

Feita a recolha de dados, no registo populacional da Junta de Freguesia de Santa

Maria Maior, com a finalidade de confirmar o dado adquirido de que o envelhecimento

é transversal a todos os Centros Históricos, comprova-se que Viana do Castelo não foge

à regra.30 Assim sendo, podemos afirmar que 48% dos habitantes tem uma idade igual

ou superior a 51 anos e somente 9% tem idade compreendida entre os 18 anos e os

29 anos, podendo-se esperar desta faixa etária uma diferente dinamização do espaço

analisado.

Desta mesma análise, podemos constatar que a maior concentração populacional

situa-se nas ruas Grande e Prior do Crato, respectivamente, com 127 e 117 dos 543

moradores, conforme o gráfico anexado.

Local ≤17 ≥18≤29 ≥30≤50 ≥51≤64 ≥65 Total

Praça da Erva 0 0 2 2 2 6

Rua dos Fornos 0 3 4 3 2 12

Rua do Poço 1 1 6 5 6 19

Rua do Tourinho 3 3 24 11 15 56

Rua do Hospital Velho 0 0 4 3 2 9

Rua Grande 12 12 36 29 38 127

Rua Prior do Crato 18 14 45 17 23 117

Rua de Viana 0 1 13 5 10 29

Rua Sacadura Cabral 0 0 2 1 2 5

Rua Aurora do Lima 0 0 0 0 2 2

Rua de S. Pedro 0 3 1 2 6 12

Rua do Vilarinho 1 0 2 1 8 12

Rua da Amália 5 3 13 2 9 32

Viela Cega 0 1 6 0 2 9

Viela Cova da Onça 0 1 4 3 3 11

Viela da Parenta 0 3 7 2 7 19

Viela do Sequeiro 0 1 3 0 1 5

Travessa da Vitória 3 1 10 3 7 24

Travessa dos Clérigos 0 0 3 0 1 4

Beco Caxuxo 1 1 2 7 7 18

Beco dos Fornos 0 0 1 1 5 7

Largo Inst. Hist. Minho 0 0 4 2 2 8

Total 44 48 192 99 160 543

30 Cf. Menezes, op cit, p1

Fig. 26Tabela do número de habitantes por rua.

3. Análise do burgo

Page 62: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

52

Fig. 27

Fotografia da rua da Amália.

Page 63: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

53

3.6. Problemática do burgo medieval

3.6.1 Urbano

A análise dos problemas existentes, na área em questão, é feita em função da

sua envolvência e segundo uma perspectiva contemporânea, a única possível.

A zona do burgo medieval apresenta uma série de problemas quer a nível físico

e estrutural, quer a nível social. A degradação e abandono do parque edificado, mais

notórios nos cinco quarteirões nucleares do burgo, são reflexos do deslocamento da

população mais jovem para as suas imediações, motivada pelas melhores condições de

vida das últimas décadas31. A situação piora, se considerarmos que não existe o acesso

e parqueamento automóvel condicionante à sua frequência e, por consequência, leva as

pessoas a frequentar as áreas comerciais que lhes oferecem tais condições, em detri-

mento do comércio tradicional que não acompanha a evolução. Ao contrário, as novas

áreas comerciais são mais apelativas, com um horário mais alargado, adaptado às

novas necessidades. De notar ainda o deslocamento do equipamento cultural, cinema,

para este espaço, o qual opera diariamente.

A série de problemas soma-se, ao percorrermos as suas ruas, tornando-se evi-

dente que não há zonas verdes, acrescidas de ausência de espaços estáticos. Sem ig-

norarmos a existência da Praça da República, onde decorrem normalmente os grandes

eventos, tomamos consciência da inexistência um espaço estático, que sirva a área em

questão. No entanto, podemos considerar a existência de uma praça exígua, Praça da

Erva, e o pequeno Largo Instituto Histórico do Minho. Igualmente, é detectada a falta de

espaços que se adeqúem às exigências da sociedade contemporânea: museu, jardim-

de-infância, ginásio. Esta situação deve-se ao facto da inexistência de condições físicas,

uma vez que este espaço tem uma matriz medieval. Se olharmos para as imediações,

verificamos que tal facto é comum.

De salientar ainda que a presença de um edificado único a oeste, de dimensões

excepcionais para a área, assim como de localização, com frente de três ruas, a saber:

Avenida Marginal, Beco do Caxuxo e Rua do Vilarinho encontra-se em estado degradado.

Concluímos que apesar da pequena dimensão da cidade, que rapidamente se

percorre, tais equipamentos impõem-se como forma revitalizadora deste espaço.

31 Cf. Menezes, Cf. Menezes, op cit, p1

3. Análise do burgo

Page 64: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

54

Fig. 28

Inadequação às necessidades

hodiernas, de uma habitação

por recuperar no núcleo urbano

histórico, na avenida Luís de

Camões.

Page 65: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

55

3.6.2 Tipologias habitacionais

Estudados os problemas urbanos, surge a constatação merecedora de uma

análise relativa à tipologia habitacional a qual, como já foi referido anteriormente, não

consegue satisfazer as necessidades dos jovens contemporâneos e, consequentemente,

fixá-los nesta área32.

Uma causa plausível é a falta de condições físicas, tendo como concorrente

a sua área periférica. Outros problemas que se podem elencar são, desde logo, lotes

estreitos que se fragmentam no seu interior em exíguas divisões associadas à falta de

luz natural, configurando-se um espaço sem diversidade, e à conjugação entre os pisos,

arrastando consigo a monotonia. Notamos a falta de espaços exteriores, nesta tipologia

de matriz medieval.

Outro elemento pertinente é o desaproveitamento do vão entre o espaço da

cobertura e da laje do tecto, enquanto, eventualmente, podendo ser visto como parte

do habitat, resultando na perda de um espaço potencialmente útil, característico destas

tipologias.

Acrescentam-se ainda as questões térmicas, acústicas e, em muitos casos, de

salubridade (inexistência de casas de banho condignas, falta de ventilação e o rés-do-

chão, em piso térreo).

Aliada a esta verificação está a ausência de jovens, tal como o equilíbrio dos

vários estratos sociais.

32 Cf. Menezes, Cf. Menezes, op cit, p1

3. Análise do burgo

Page 66: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

56

Page 67: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

57

4. CONCEPÇÃO DAS IDEOLOGIAS

Page 68: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

58

Fig. 29

Fotografia aérea de uma zona do

bairro “El Raval”.

Fig. 30

Fotografia aérea do museu Gugge-

nheim, em Bilbão.

Page 69: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

59

4.1 Referências

Este projecto de requalificação proposto não parte da estaca zero, ou seja, não

se trata de uma mera utopia, dado que podemos partir de alguns projectos de referên-

cia, apesar de se apresentarem com escalas e problemáticas distintas, em relação a

este trabalho.

Na cidade de Barcelona, no decurso do processo de requalificação urbana, nos

anos 80 e 90, concretizou-se uma intervenção urbana, na zona do Bairro “El Raval”,

em sentido paralelo à da “Rambla”, cujo projecto tinha como objectivo resolver um

problema social, dado que nele coexistiam a marginalidade, emigrações clandestinas,

uma densidade populacional excessiva, prostituição, tráfego e consumo de drogas. O

projecto “previa o rompimento deste bairro, de norte a sul, através de um eixo viário,

em via dupla arborizada com um espaço central alargado e ajardinado do tipo “ram-

bla”. Igualmente propunha a localização de novos equipamentos de nível metropolitano

e local, e a substituição de edifícios de habitação degradados por novas construções

de qualidade técnica.”33 Em virtude desta intervenção “O Bairro abre-se ao exterior e

deixa de ser uma “ilha” na cidade, através da melhoria da acessibilidade, de novas

infra-estruturas, de novos espaços públicos e equipamentos, da redução da densidade

populacional e da melhoria da qualidade da habitação, procurando inverter a redução

verificada no investimento de iniciativa privada e a degradação progressiva da zona”34

No mesmo sentido de criar equipamentos públicos, numa escala de atracção

bastante superior, podemos referir o caso do “efeito Guggenheim”, desenhado pelo

arquitecto Frank Gehry. O design arrojado e todo o impacto na sua envolvente poten-

cializaram, por um lado, a imagem moderna que Bilbao queria, deixando para trás a

velha visão de cidade industrial, e por outro, o efeito catalizador de novos investimentos

nas suas imediações. Em suma, partindo de um único projecto procede-se á revitaliza-

ção do todo.

Outro projecto pertinente para este trabalho é o “Höfe Fünf”, em Munique, que

era um espaço constituído por vários escritórios de entidades bancárias. Com a fusão

de vários bancos, deslocados para outros pontos, criou-se um vazio, no centro nevrál-

gico da cidade, vindo este a ser transformado num moderno centro comercial, com

restaurantes, cafés, galerias de arte, escritórios, apartamentos residências e arte públi-33 MARTINS, Jorge; UIA Barcelona, 2&3, p18934 Ibidem, p190

4. Concepção das ideologias

Page 70: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

60

Fig. 31

Fotografia do shopping “Fünf

Höfe”, no centro do núcleo urbano

histórico, com características con-

temporâneas.

Fig. 32

Fotografia da “Hays Galleria”, na

qual se percebe a adaptação de

um vazio entre dois edifícos, para

uma galeria de arte.

Fig. 31

Fotografia do shopping “Fünf

Höfe”, no centro do núcleo urbano

histórico, com características con-

temporâneas.

Fig. 32

Fotografia da “Hays Galleria”, na

qual se percebe a adaptação de

um vazio entre dois edifícos, e

os mesmos, para uma galeria de

arte.

Page 71: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

61

ca. O projecto da autoria do escritório Herzog and de Meuron aproveitou a área do piso

térreo, mais os cinco pátios existentes, para criar uma área comercial, aproveitando-os

para iluminação natural, tal como para utilização da restauração e bebidas, como das

galerias de arte, formando um espaço adaptado às necessidades contemporâneas.

A utilização dos interiores dos quarteirões é reflexo da escassez de área de

construção, devido à reduzida oferta associada a elevados custos. Nesta mesma linha

de pensamento, no século XIX, a par da revolução industrial, assim como da revolução

francesa, altera-se drasticamente o quadro organizativo da cidade e o tecnológico relati-

vo à construção. Nesse sentido, a necessidade de espaço leva a que se aproveitem es-

truturas existentes, assim como os seus pátios, adaptando-os a novas funcionalidades.

A título de exemplo, com a ressalva da escala das cidades em questão, podemos aludir

às intervenções ocorridas nas cidades de Paris e Londres. Concretizando, podemos alu-

dir ao caso de Londres, “Hays Galleria”, em que se aproveita o vazio entre dois edifícios

existentes, para expansão do mesmo, bastando para o efeito uma cobertura.

Conclui-se que, muitas vezes, é preciso ousadia para salvar certos espaços com

necessidade de intervenção urgente, valorizando-os e concedendo-lhes contemporanei-

dade para a época. Tudo isto contribui para que seja insuflado um novo espírito àquilo

que repousava nas cinzas da degradação e do esquecimento.

Fig. 31

Fotografia do shopping “Fünf

Höfe”, no centro do núcleo urbano

histórico, com características con-

temporâneas.

Fig. 32

Fotografia da “Hays Galleria”, na

qual se percebe a adaptação de

um vazio entre dois edifícos, e

os mesmos, para uma galeria de

arte.

4. Concepção das ideologias

Page 72: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

62

Fig. 33

Vista aérea de Viana do Castelo.

Page 73: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

63

4.2 Área de estudo

Partindo da análise já efectuada, define-se como limite da área de estudo a área

intramuros do “ovo” medieval. Ao nível urbano, ao verificar-se que o núcleo originário,

correspondente aos cinco quarteirões, se apresenta como a zona do edificado mais

degradado, torna-se pertinente desenvolver uma intervenção excepcional com inten-

ção catalisadora de vitalidade, a nível sócio-económico e cultural, que medeia os dois

trípticos, os quais constituem grandes pólos de frequência, dai o interesse de um novo

atravessamento. Este beneficia da Travessa da Vitória, dos cinco quarteirões citados, do

quarteirão com espaço exterior privado, incluindo a galeria comercial, desembocando

na Praça da Republica.

Esta atitude de cariz urbano pretende atrair pessoas, influenciando o desenvol-

vimento do comércio que ai venha a ser implementado.

Outra questão merecedora de atenção é um edifício que se situa a oeste, com

dimensões excepcionais para a área, assim como de localização, com frente para três

ruas, a saber: Avenida Marginal, Beco do Caxuxo e Rua do Vilarinho, com sinais de

degradação. O interesse deste edificado prende-se com a possibilidade de uma funcio-

nalidade pública, resolvendo o problema do beco do Caxuxo, sem frequência. O prédio

em si reclama uma intervenção condigna, à medida da sua localização e dimensão

excepcional.

Por outro lado, para que a proposta do projecto não se fique por uma interven-

ção pontual, mas antes se transforme numa estratégia global da cidade, na linha do

pensamento do Nuno Portas, promove-se um outro projecto atractivo, ao nível do restan-

te edificado, o qual ocupa a maior parte de intervenção. Assim, o projecto “Incubação

de Jovens” visa a atracção, promoção e fixação da criação de novas empresas.

A particularidade desta incubação está na associação do espaço empresarial e

habitacional, no mesmo edifício, contribuindo desta forma para a resolução da escassez

de jovens, residindo apenas 48 com idades compreendidas entre os 18 e os 29 anos,

objectivo primordial do projecto gizado, tendo com ele a cidade um ganho substancial.

Ao fixarem-se nesta zona os empreendedores, usufruirão de regalias franca-

mente vantajosas, que lhes são outorgadas, tais como: custos reduzidos das infra-es-

truturas e respectivo projecto arquitectónico; proximidade das instituições como dos

4. Concepção das ideologias

Page 74: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

64

Fig. 34

Vista aérea de Viana do Castelo.

Page 75: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

65

equipamentos; assessorias; serviços e trabalho em rede (network). Em suma, gera-se

uma “cumplicidade” benéfica, em que todos ganham, quer em termos individuais, quer

a própria colectividade.

Relativamente ao aparcamento automóvel, sugere-se a gratuidade nos parques

das imediações, uma vez que a respectiva circulação está condicionada, em prol da

qualidade de vida urbana, aumentando-se a área de circulação pedonal.

Aponta-se como mera sugestão o interesse da demarcação do “ovo” medieval,

despertando a curiosidade das pessoas, pelo dado histórico da cidade.

Campo da Agonia

Estação Viana Shopping

Dom Afonso III

Antigo mercado

Praça da liberdade

Avenida dos Combatentes

Shopping 1º de Maio e Câmara Municipal

Fig. 35

Esquema demonstrativo da pos-

sibilidade de uso dos parques de

estacionamento da envolvente, do

núcleo urbano histórico, para uso

da população residente gratuita-

mente.

Fig. 36

Maquete conceptual do burgo me-

dieval.

4. Concepção das ideologias

Page 76: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

66

Page 77: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

67

4.3 Área do plano

O estudo apresentado define o plano de intervenção, que norteará a sua aplica-

ção por parte do arquitecto projectista.

Neste capítulo desenvolve-se o atravessamento restrito aos cinco quarteirões,

obedecendo ao seguinte critério: primeiro foi escolhida a localização da praça preten-

dida, seguindo a lógica do aproveitamento da Travessa da Vitória, a sul, e do local de

entrada do pátio pré-existente, referente ao quarteirão 50.

Esmiuçando a ideia acima referida, a escolha do local da praça não é aleatório,

pois tem um fundamento histórico, tal como consta na Carta Cadastral da Cidade de

Vianna do Castello, 1868-186935, quando se vêem assinaladas a existência de um espa-

ço público no quarteirão 42. O mesmo se verifica, relativamente aos atravessamentos,

entre os quarteirões 46-47, e igualmente acontece, com o 45 e com o 50, demonstran-

do que não se trata de uma ideia inverosímil.

A concretização deste objectivo fundamental passa por um atravessamento,

num sentido paralelo ao da Rua Aurora do Lima/ Rua Hospital Velho. Este facto não

implica necessariamente uma linha recta, mas antes o aproveitamento dos espaços

edificados, maioritariamente em estado degradado. Desta forma, o traçado em vista

levará a que os transeuntes deambulem através dos cinco quarteirões originários, numa

linha irregular. Contudo, o projecto na sua concretização far-se-á mediante intervenções

cirúrgicas, que respeitam a tipologia parcelar, assim como a imagem do quarteirão, ou

seja, o projecto adequa-se à especificidade do local, seguindo uma lógica já defendida

por Giovannoni, nos finais do século XIX.

A fim de se evitar no burgo um mero rompimento, será implantado um novo

programa, em consonância com as necessidades deste núcleo, já apuradas em capítu-

los anteriores.

O programa constará de uma praça localizada no centro do burgo, contribuindo

desta forma para o alargamento do horário de permanência no espaço público. Natu-

ralmente, animando-se esta zona, tal como se pretende, atrair-se-á a este local todo um

conjunto de serviços de restauração/bebida, o que levará a uma maior valorização do

espaço, conforme o que já está previsto no projecto. O plano prevê que nesta centralida-

35 MARANHÃO PEIXOTO, O Litoral e a Cidade, p79

4. Concepção das ideologias

Page 78: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

68

Page 79: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

69

de se venha a estabelecer uma envolvência de novos serviços.

Segundo uma linha de ascensão desde a Travessa da Vitória, pretende-se es-

tabelecer programa ao longo dos atravessamentos, no qual constam sucessivamente:

EP3, área desportiva ladeada por um ginásio e um spa, serviços que servem as

exigências contemporâneas.

EP2, parque infantil franqueado por uma creche e um jardim-de-infância, servi-

ços imprescindíveis para os casais que laboram na cidade.

EP1, praça que incorpora um restaurante e um café, que poderia ser denomi-

nado por “Viana gourmet”, ou seja, um espaço de venda de produtos certificados da

região;

EP4, museu ao ar livre, que incorpora o edifício central da “Incubadora de Jo-

vens”, e ao mesmo tempo museu para exposição dos artefactos produzidos por eles; do

lado direito do atravessamento um espaço de venda dos seus produtos;

EP5, espaço de lazer contornado por um quiosque e uma pequena biblioteca de

apoio ao lazer, numa zona marcadamente habitada por pessoas idosas.

Em suma, o equipamento associado ao atravessamento visa uma área de in-

fluência que se rasga para as abas que o ladeiam e, simultaneamente, contribuirá para

uma maior visibilidade do comércio local que aqui se venha estabelecer.

Com o esventrar dos edificados existentes, estes podem ser rematados com

jardins verticais, aumentando desta forma as manchas verdes.

Como elemento condutor deste atravessamento, criar-se-á elementos verdes,

que podem assumir determinadas matizes, específicas a cada local.

Fig. 39

Maquete da área do plano.

4. Concepção das ideologias

Page 80: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

70

Fig. 40

Carta cadastral da cidade de

Vianna do Castello, 1868-1869,

escala.

Esc 1:2000

Page 81: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

714. Concepção das ideologias

Page 82: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

72

Fig. 42

Fotomontagem de uma vista aérea

da área do projecto.

restaurante

edifício central museu ao ar livre

cafetaria

Page 83: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

73

4.4 Área do projecto

A área do projecto pretende ser resposta aos elementos definidos na área do

plano. Nesse sentido, desenvolver-se-á um projecto de espaço público, a praça; um pro-

jecto de carácter público, o edifício central, ladeado pelo atravessamento; e um edifício

privado, célula de incubação.

Uma vez que os vários projectos obedecem a uma lógica global, os conceitos

definidos são-lhes transversais, concretizando:

_ os processos construtivos contemporâneos são uma analogia com o edificado

pré-existente, betão e materiais leves (aço ou lajes colaborantes), madeira e pladur, res-

pectivamente, pedra, madeira, madeira, tabique.

_ a utilização do pátio central e das paredes técnicas.

Fig. 43

Maquete da área do projecto.

cafetaria

4. Concepção das ideologias

Page 84: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

74

Fig. 44

Fotomontagem de uma vista da

nova praça.

Page 85: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

75

4.4.1 Projecto da Praça

A localização da praça encontra-se no espaço, que, no passado assumia uma

função pública, segundo a planta já apresentada. Por outro lado, as escavações arque-

ológicas efectuadas neste local comprovam a inexistência de edificado privado.36 Nesse

sentido, o projecto contempla a demolição do prédio ai existente, sem especial interesse

arquitectónico, datado de 2003. Nesta intervenção, serão preservados e valorizados os

muros de vedação, que nos remetem para a lógica do quarteirão e, consequentemente,

para a memória do espaço.

Nesta praça, à partida de dimensões reduzidas, surgiu a necessidade de extra-

vasar para o interior dos próprios edifícios adjacentes. O desenho estabelecido apresen-

ta-se em dois níveis, com o intuito de resolução da diferença de cotas, segundo uma

geometria orgânica, possibilitando uma maior presença de pessoas sentadas. Os limites

são definidos a nascente e a poente por uma parede técnica, que, como o próprio nome

indica, incorpora os acessos ao piso superior, casas de banho, e cozinha. A sul, como

já foi citado, pelos muros ai existentes e, a norte, por uma linha de árvores que no final

permitirá uma leitura que incorpora o quarteirão. Por outro lado, estes dois últimos ele-

mentos funcionam como excepção, e, simultaneamente, como pólo apelativo.

A configuração final remete-nos para um espaço estático plurifacetado, ele-

mento inexistente nesta zona, pois nele, serão possíveis a realização de actividades no

prolongamento do programa envolvente, tais como: esplanada, apresentação de novos

produtos, feiras expositivas, assim como, cinema ao ar livre, concertos de música, tea-

tro de rua, desfiles, entre outros.

36 Cf ALMEIDA, op cit, p282

Fig. 45

Fotografia do edifício existente.

4. Concepção das ideologias

Page 86: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

76

Fig. 46

Ensaios sobre as possíveis utiliza-

ções da praça.

Fig. 46.1 Ensaio organizativo das

áreas possíveis de utilização, per-

mitindo o seu atravessamento.

Fig. 46.2 Ensaio da utilização inte-

rior/ exterior.

Fig. 46.3 Ensaio da utilização

para: conferências, apresentação

de produtos, teatro, cinema.

Fig. 46.4 Ensaio da utilização de

passagem de modelos.

Fig. 46.5 Ensaio da utilização dos

edifícios adjacentes - café e res-

taurante.

Fig. 46.6 Ensaio da utilização para

uma feira expositiva.

Page 87: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

774. Concepção das ideologias

Page 88: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

78

Fig. 48

Fotomontagem de uma vista do

museu ao ar livre para o edifício

central.

Page 89: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

79

4.4.2 Edifício central/ Museu ao ar livre

A definição do programa do projecto segue a matriz já estabelecida na área

do plano, um edifício com uma frente para a nova praça, uma outra para a Rua do

Tourinho, e ainda outra para o interior do atravessamento. Contudo, depois da análise

dos dois edifícios por onde passará o atravessamento, os quais se encontram em mau

estado de conservação, percebe-se que não se poderá perder esta oportunidade para

potenciar o projecto, criando-se aqui um espaço integral a céu aberto, onde se instalará

o museu ao ar livre.

Na mesma linha de pensamento, no local de implantação do edifício central,

encontra-se uma pré-existência, que data de 1987, com um desenho que é cópia do

que existe na sua envolvente. Por outro lado, quando analisamos a Carta Cadastral da

Cidade de Vianna do Castello, 1868-1869, apercebemo-nos, mais uma vez, de que este

espaço possuía um carácter público. Consequentemente, a atitude do projecto passa

pela construção de um novo edifício, segundo uma lógica construtiva pré-existente, que

claramente acompanha as técnicas contemporâneas, sendo estas à imagem do que se

fez na cidade de Barcelona, citado nas referências.

A nível volumétrico, parte-se de um volume monolítico, ao qual são retirados

pedaços, para se ajustar, por um lado, aos alçados envolventes, e, por outro, para criar

um pátio central, definido na lógica global de iluminação. O resultado de tudo isto é uma

“casca” construída em betão aparente e o seu interior, em materiais leves, por analogia

aos processos construtivos do edificado das imediações.

Por outro lado, a lógica de circulação do edifico central, que incorpora um pro-

grama de museu, faz sentido ser concebido, segundo um modelo de rampas, criando

um percurso expositivo, envolvido por duas “paredes museu”, uma no espaço interior

do edifício central, e outra na parede de meação. Com vista ao cumprimento do regu-

lamento REGEU, procedeu-se ao desnivelamento do programa orientado para a Rua do

Tourinho e do orientado para a praça.

O programa contemplará, no piso térreo, uma recepção comum ao museu e à

“Incubadora de Jovens”, tal como uma área com várias valências: exposições tempo-

rárias interiores e área para debates e apresentações. O segundo piso destinar-se-á ao

uso exclusivo da incubadora, localizando-se aqui toda a parte administrativa e técnica. O

4. Concepção das ideologias

Page 90: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

80

Fig. 49

Esquemas do conceito de abor-

dagem ao desenvolvimento do

projecto.

Fig. 49.1

Volume referente à massa de im-

plantação.

Fig. 49.2

Extracção de volumes de forma a

seguir os alinhamentos da envol-

vente.

Fig. 49.3

Pele resultante da volumetria.

Fig. 49.4

Inserção do programa, com uma

lógica construtiva diferente, es-

trutura leve, em analogia aos pro-

cessos construtivos na envolvente

presente, segundo uma lógica

contemporânea.

Fig. 49.5

Introdução do sistema de circula-

ção principal, em rampa, com o

intuito de criar um circuito expo-

sitivo.

Fig. 49.6

Resultado final entre o volume

existente e o proposto.

Page 91: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

81

último piso incluirá uma cafetaria, que disporá de um espaço exterior público inexistente

a esta cota, na sua envolvência, como culminar do percurso expositivo.

O resultado final será o de podermos perceber a tipologia de parcelamento, tal

como o corte do edifício e ainda a possibilidade de vermos os elementos artísticos, em

planos e perspectivas distintos.

Conforme o estabelecido na área do plano, incluir-se-á um jardim vertical “ver-de”, como elemento unificador do atravessamento.

4. Concepção das ideologias

Page 92: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

82

Fig. 51

Fotografia da Incubadora de Em-

presas SpinPark.

Page 93: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

83

4.4.3 Incubadora de jovens

O projecto “Incubadora de Jovens” que aparece como proposta neste trabalho é

fruto, em parte, da influência das Incubadoras de Empresas, e da tipologia “Loft”, oriun-

da do SoHo nova-iorquino. Em suma, a célula de incubação resulta num espaço amplo e

versátil, que conjuga a habitação e o trabalho, suportado por uma retaguarda logística.

Explicitando a ideia de uma Incubadora de Empresas, dir-se-ia que se trata de

uma organização cuja envolvência propicia o desenvolvimento de micro e pequenas

empresas, com vista a novos projectos. Além disso, podem constituir uma tábua de

salvação para as micro empresas, uma vez que a taxa de sucesso é bastante elevada,

devido a um ambiente flexível e encorajador, além de uma logística para o surgimento

e crescimento de novos empreendimentos, a um custo menor do que no mercado. Tais

facilidades podem ser descritas da seguinte forma:

_ Infra-estruturas: laboratórios, auditório, biblioteca, salas de reunião, recepção.

_ Serviços de comunicação: recepcionista, telefones e internet

_ Assessorias de contabilidade, jurídica, de gerência, e comercialização.

_ Qualificação através de formação, cursos, assinaturas de revistas e jornais.

_ Network através de contactos com entidades governamentais e investidores.

Segundo os investigadores, o aparecimento das incubadoras de empresas deu-

se em 1938, nos Estados Unidos, tendo partido da iniciativa de dois estudantes da Uni-

versidade de Stanford, sendo que os seus nomes são hoje consagrados e conhecidos

como Hewlett e Packard (HP).

Muito mais tarde, na Europa, concretamente na Inglaterra, surgiram as primei-

ras incubadoras, que se instalaram numa filial da British Steel Corporation, ocupando

o espaço agora disponível, para a criação de várias pequenas empresas. O seu apare-

cimento ganha robustez, quer nos Estados Unidos, quer na Europa na década de 70, a

par do elevado nível de desemprego industrial, em plena crise do petróleo.

Em Portugal, tal facto vai ter lugar numa fase posterior. Actualmente, contam-se

17 unidades.37

37 Cf. Apresentação da SOGISTFIPP - Sociedade de Incubação Sectorial, à data de 4 de Junho de 2009

4. Concepção das ideologias

Page 94: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

84

Fig. 52

Fotomontagem do interior do se-

gundo piso, da célula de incuba-

ção.

Page 95: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

85

4.4.3.1Ensaio do “conceito tipo” das células de incubação

A par da captação de pessoas feita na proposta urbana, com a “Incubadora de

Jovens”, pretende-se fixar esta faixa etária empreendedora, o que implica uma tipologia

adequada, visando equilibrar os estratos sociais aí vigentes38.

A versatilidade destas células de incubação aplica-se quer a nível de organização inter-

na, quer a nível de expansão, tanto no plano vertical como no horizontal e longitudinal,

adaptando o espaço às necessidades de cada utilizador,

Após análise das tipologias traçadas, verificou-se a necessidade do aumento da

luz interna, nesse sentido introduziu-se um pátio, acrescendo o número de fachadas, e

possibilitando a introdução de elementos verdes, a par da sua ventilação, aumentando

a qualidade de vida habitacional

Ao nível da organização interna, em razão da sua versatilidade, criou-se uma

parede técnica, que, como o nome indica, incorpora os elementos indispensáveis a

esta tipologia: cozinha, casas de banho, acesso ao piso superior, coretes e instalação

eléctrica.

Os processos construtivos, como anteriormente foi citado, respeitam os existen-

tes, ou seja, dependendo do estado de conservação dos materiais do edificado, em que

se actua. A título de exemplo, podemos dizer que, se a estrutura está em bom estado

de conservação e que não comprometa as condições de salubridade, a mesma será

mantida, caso contrário será substituída por uma estrutura equivalente contemporânea,

laje colaborante ou estrutura em aço.

Defende-se, na requalificação do edificado, o uso das novas tecnologias do

mercado: painéis solares e gás natural, em virtude da “não musealização” da cidade

histórica e de acordo com a “Recommendation concerning the Safeguarding and Con-

temporary Role of Historic Áreas” da UNESCO, em 1976.

38 Cf, MENEZES, op cit, p1

4. Concepção das ideologias

Page 96: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

86

Fig. 53

Conceito de intervenção

na célula de incubação.

Fig.53.1

Aparência genérica do existente.

Fig. 53.2

Rasgamento vertical com o intuito

de aumentar: a luz solar; a ventila-

ção e a área verde.

Fig. 53.3

Introdução de elementos verdes

para uma melhor qualidade es-

pacial.

Fig. 53.4

Ensaios sobre as possíveis utiliza-

ções das células de incubação.

Utilização mutável do espaço com

o intuito de permitir a adaptação

do espaço às necessidades de

cada utilizador, tanto a nível verti-

cal como horizontal e longitudinal.

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874. Concepção das ideologias

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88

Fig. 55

Ensaios sobre as possíveis utiliza-

ções das células de incubação.

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89

PROCESSO CONSTRUTIVO EXISTENTE PROCESSO CONSTRUTIVO PROPOSTOFig. 56

Proposta de intervenção

EXISTENTE:paredes de meação em pedra

PROPOSTObetão quando for necessário

regularizar

EXISTENTE:vigas de madeira

PROPOSTOvigas metálicas quando não é

possível aproveitar as existentes

EXISTENTE:tarugos de madeira

PROPOSTOperfis metálicas quando não é

possível aproveitar os existentes

EXISTENTE:soalho em madeira

PROPOSTOlage colaborante quando não é possível aproveitar o existente

revestido em soalho

EXISTENTE:normalmente taipa de fasquio

PROPOSTOmadeira, gesso cartonado ou tijolo

4. Concepção das ideologias

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90

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91

5. REFLEXÃO FINAL

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92

Page 103: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

93

Reflectindo sobre o progresso teórico da revitalização urbana, podemos daí extrair

algumas considerações importantes, sempre que quisermos intervir no edificado, dado

que aquele já sofreu uma evolução, ao ser posto em prática.

Podemos inferir alguns conceitos pertinentes como as demolições selectivas,

que promovem a manutenção dos centros históricos, adequados às novas necessida-

des, conforme a Carta de Veneza de 1964. Outro tema muito actual é as condições

insalubres de que muita da população é vítima, devido à “musealização” dos centros

históricos, que veio a provocar a “gentrification” da população, deixando para trás a

camada social com menos recursos materiais e mais envelhecida, cujos conceitos cons-

tam, respectivamente, na Recomendação da UNESCO de 1976 e na Carta de Atenas

de 1933, sendo estes conceitos contestados nestes documentos. Nesse sentido, mais

tarde a Declaração de Amesterdão veio defender as intervenções integradas, ou seja, a

associação de factores urbanos e sociais. Posteriormente, devido a demolições incon-

troladas, segundo critérios economicistas, a Carta de Toledo veio em defesa da conser-

vação da imagem e da memória colectiva. Mais recentemente, deu-se a integração do

valor económico, aos valores sócio-culturais e históricos do património urbano. Resu-

mindo, segundo Nuno Portas, a recuperação dos centros só é possível numa estratégia

global da cidade.

Na aplicação dos conceitos mencionados, à área de estudo, com problemas

ao nível urbano, habitacional, social e cultural, tornou-se inicialmente inviável, devido

à excessiva regulamentação e legislação, facto contornado com a premissa de que é

preferível prescindir da parte em prol do todo, como Giovanonni já defendia, e retoman-

do a ideia de Nuno Portas, atrás referida. Contudo, constata-se que o PPCH39 de Viana

do Castelo não contempla nenhuma intervenção, referente à área do burgo medieval.

É preocupante o facto do desequilíbrio das intervenções entre a frente ribeirinha, onde

tem havido grandes investimentos, e o núcleo originário, que se encontra com sinais de

acentuado estado de degradação.

Em suma, como tem sido defendido ao longo do trabalho, a viabilidade dos nú-

cleos urbanos históricos passa pela sua adaptação às necessidades contemporâneas,

evitando-se a sua “musealização”, “(…) pois o que torna vivo o velho é o contacto com

o novo ”40.

39 Plano de Pormenor do Centro Histórico40 FONSECA, op cit, p21

4. Reflexão final

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94

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95

6. ANEXOS

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96

esc: 1:2000

6.1 Área de estudo

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97

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98

esc 1:500

6.2 Área de estudo

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99

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100

esc 1:500

6.3 Área de projecto

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101

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102

Planta

Esc: 1:200

6.4 Projecto da praça

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103

Page 114: Proposta de requalificação intramuros do burgo medieval de Viana do Castelo

104

Alçado norte e sul

Esc: 1:200

6.4 Projecto da praça

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105

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106

Alçado nascente e poente

Esc: 1:200

6.4 Projecto da praça

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107

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108

Planta 0

Esc: 1:200

6.5 Projecto do edifício central/ museu ao ar livre

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109

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110

Planta 1

Esc: 1:200

6.5 Projecto do edifício central/ museu ao ar livre

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111

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112

Planta 2

Esc: 1:200

6.5 Projecto do edifício central/ museu ao ar livre

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113

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114

Planta cobertura

Esc: 1:200

6.5 Projecto do edifício central/ museu ao ar livre

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115

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116

Alçado norte e sul

Esc: 1:200

6.5 Projecto do edifício central/ museu ao ar livre

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117

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118

Corte cc e corte aa

Esc: 1:200

6.5 Projecto do edifício central/ museu ao ar livre

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119

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120

Corte bb

Esc: 1:200

6.5 Projecto do edifício central/ museu ao ar livre

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121

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122

Planta do rés-do-chão

Esc: 1:100

6.5 Células de incubação

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123

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124

Planta do 1º piso

Esc: 1:100

6.5 Células de incubação

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125

ALMEIDA, Carlos; ALMEIDA, Pedro – Sítios que Fazem História: Arqueologia do Co

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126

Planta cobertura

Esc: 1:100

6.5 Células de incubação

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128

Alçado norte e alçado sul

Esc: 1:100

6.5 Células de incubação

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130

Corte aa

Esc: 1:100

6.5 Células de incubação

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131

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132

Corte bb

Esc: 1:100

6.5 Células de incubação

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7. BIBLIOGRAFIA

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8. LISTA DE IMAGENS

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142

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143

Fig. 01 In: MARANHÃO, 2007, p.123; Fig. 02 In: MARANHÃO, 2007, p.127; Fig. 03 Fotomon-

tagem do autor; Fig. 04 In: http://faculty.umf.maine.edu~waltersweb%20104industrial%20

steel.jpg; Fig. 05 In: http://www.vitruvius.com.br/resenhas/textos/resenha188.jpg; Fig. 06

In: http://polishpress.wordpress.com/tag/second-world-war; Fig. 07 In: http://polishpress.

wordpress.com/tag/second-world-war; Fig. 08 In: http://bellquel.bo.cnr.it/attivita/ecomove/

images/fiera.jpg; Fig. 09 In; google earth; Fig. 10 In: MARANHÃO, 2007, p.45; Fig. 11 In:

MARANHÃO, 2007, p.47; Fig. 12 Plantas do autor; Fig. 13 In: MARANHÃO, 2007, p.126;

Fig. 14 Levantamento do autor; Fig. 15 Fotografia do autor, 2009; Fig. 16 Maquete pro-

duzida por Pedro Matos, 2008; Fig. 17 Levantamento do GTL; Fig. 18 Esquema do autor;

Fig. 19 Levantamento da Câmara Municipal; Fig. 20 Levantamento do autor, 2009; Fig. 21

Levantamento do autor, 2009; Fig. 22 Levantamento do autor, 2009; Fig. 23 Esquema do

autor, 2009; Fig. 24 Levantamento do autor, 2009; Fig. 25 Gráfico do autor, 2009; Fig. 26

Levantamento da junta de freguesia de Santa Maria Maior; Fig. 27 Fotografia do autor; Fig.

28 Fotografia do autor; Fig. 29 In: http://geographyfieldwork.com/images/ElRaval/Google1.

gif; Fig. 30 In: http://olhares.aeiou.pt/gug_1_foto693107.html; Fig. 31 Fotografia do autor,

2008; Fig. 32 http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/ba/Hay%27s_Galleria_-_

September_2007.jpg; Fig. 33 Fotografia da autoria de Vitor Roriz; Fig. 34 Fotografia da autoria

de Vitor Roriz; Fig. 35 Esquema do autor; Fig. 36 Maquete do autor; Fig. 37 Esquemas do

autor; Fig. 38 Esquemas do autor; Fig. 39 Maquete do autor; Fig. 40 In: MARANHÃO, 2007,

p.79; Fig. 41 Proposta do autor; Fig. 42 Fotomontagem do autor; Fig. 43 Maquete do autor;

Fig. 44 Fotomontagem do autor; Fig. 45 Fotografia do autor; Fig. 46 Esquemas do autor;

Fig. 47 Proposta do autor; Fig. 48 Fotomontagem do autor; Fig. 49 Esquemas do autor; Fig.

50 Plantas do autor; Fig. 51 Fotografia do autor; Fig. 52 Fotomontagem do autor; Fig. 53

Esquemas do autor; Fig. 54 Proposta do autor; Fig. 55 Esquemas do autor; Fig. 56 Regula-

mento do autor.