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DIREITO AMBIENTAL Prof. Rodrigo Mesquita Proteção à Fauna Lei n° 5.197/67 Parte 3

Proteção à Fauna Lei n 5.197/67 Parte 3 · Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, §1º, inciso VII, ter proibido, na forma da Lei, as práticas que coloquem em risco

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DIREITO

AMBIENTAL

Prof. Rodrigo Mesquita

Proteção à Fauna – Lei n° 5.197/67 – Parte 3

Proteção à Fauna – Lei n° 5.197/1967

CAÇA DE SUBSISTÊNCIA Não existe previsão dessa modalidade de caça na LPF. Porém, podemos dizer que está implícita no art. 37, inciso I, da Lei nº 9.605/1998, que explica não ser crime o abate de animal, quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família. Outra justificativa é o direito fundamental do Ser Humano se manter com vida, que reflete diretamente na argumentação do estado de necessidade. Restar lembrar que o produto da caça de subsistência não é passível de ser comercializado.

Proteção à Fauna – Lei n° 5.197/1967

CAÇA CIENTÍFICA E EXPERIMENTAÇÕES COM ANIMAIS A LPF (art. 14) fornece a base legal para a prática da caça científica ao estabelecer que “pode ser concedida a cientistas, pertencentes a instituições científicas, oficiais ou oficializadas, ou por estas indicadas, licença especial para a coleta de material destinado a fins científicos, em qualquer época”.

Proteção à Fauna – Lei n° 5.197/1967

Essa modalidade de caça afasta a aplicação do caput do art. 29, da Lei dos Crimes Ambientais. Os §§1º ao 4º, do art. 14, da LPF, estabelecem, respectivamente, que “quando se tratar de cientistas estrangeiros, que estejam devidamente credenciados pelo país de origem, deverá o pedido de licença ser aprovado e encaminhado ao órgão público federal competente, por intermédio de instituição científica oficial do país”;

Proteção à Fauna – Lei n° 5.197/1967

“que as instituições a que se refere este artigo, para efeito da renovação anual da licença, darão ciência ao órgão público federal competente das atividades dos cientistas licenciados no ano anterior”; “que as licenças referidas neste artigo não poderão ser utilizadas para fins comerciais ou esportivos”; e, por fim, que “aos cientistas das instituições nacionais que tenham por Lei, a atribuição de coletar material zoológico, para fins científicos, serão concedidas licenças permanentes”.

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PROIBIÇÃO DO COMÉRCIO DE ESPÉCIMES DA FAUNA SILVESTRE E DE SEUS PRODUTOS E OBJETOS QUE SUJEITEM OS ANIMAIS À CAÇA, PERSEGUIÇÃO, DES­ TRUIÇÃO OU APANHA Comercializar espécimes da fauna silvestre e seus produtos e objetos que sujeitem os animais à caça, perseguição, destruição ou apanha são condutas proibidas pela LPF (art. 3º, caput).

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Todavia, em exceção à regra proibitiva, se espécimes da fauna silvestre e seus produtos e objetos forem provenientes de criadouros devidamente legalizados, o comércio será autorizado (art. 3º, §1º). Outra exceção se dá mediante licença da autoridade competente, que permita a apanha de ovos, lavras e filhotes que se destinem aos criadouros legalmente habilitados (art. 3º, §2º).

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Resta lembrar, que o simples desacompanhamento de comprovação de procedência de peles ou de outros produtos de animais silvestres, nos carregamentos de via terrestre, fluvial, marítima ou aérea, que se iniciem ou transitem pelo País, caracterizará, de imediato, a equiparação com a conduta de comercialização de espécimes da fauna silvestre e de seus produtos e objetos que sujeitem os animais à caça, perseguição, destruição ou apanha (art. 3º, §3º, da Lei nº 5.197/1967).

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INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES ALIENÍGENAS DA FAUNA NO PAÍS O art. 4º, da LPF, dispõe que “nenhuma espécie poderá ser introduzida no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da Lei”. Esse parecer serve de subsídio para saber se a espécie alienígena, a ser introduzida no país, é potencialmente causadora de danos aos ecossistemas e à saúde humana. Caso não seja nociva, e com parecer técnico oficial favorável e licença expedida na forma da Lei, a introdução de espécie da fauna de outros países é permitida em território nacional.

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INTRODUÇÃO DE ESPÉCIES ALIENÍGENAS DA FAUNA NO PAÍS Portanto, se alguém desafiar a referida norma, e introduzir uma espécie que possa causar danos à saúde humana e animal, além de submeter o meio ambiente a riscos efetivos ou potenciais no que se refere ao seu equilíbrio, estará incorrendo no crime previsto no art. 31 da Lei dos Crimes Ambientais, colacionado, in verbis, a seguir:

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Art. 31. Introduzir espécime animal no País, sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente:

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

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PROIBIÇÃO DE EXPORTAÇÃO PARA O EXTERIOR, DE PELES E COUROS DE ANFÍBIOS E RÉPTEIS, EM BRUTO O art. 18, da LPF, estabelece que “é proibida a exportação para o exterior, de peles e couros de anfíbios e répteis, em bruto”. Por isso, se não houver autorização, e se alguém desafiar a Lei quanto a essa conduta proibida (exportar para o exterior), estará incorrendo no crime previsto no art. 30 da Lei dos Crimes Ambientais, colacionado, in verbis, a seguir:

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Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a autorização da autoridade ambiental competente:

Pena – reclusão, de um a três anos, e multa.

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Não obstante, se houver a exportação para o exterior (saindo do Brasil para outros países) sem autorização de peles e couros de anfíbios e répteis no estado processado (bolsas, jaquetas) e/ou a destinação de peles e couros ocorrer entre os entes federativos (Estados – Municípios, Estados – Estados, Municípios – Municípios), nesse último caso, seja em estado bruto ou processado, a conduta não se aperfeiçoa ao disposto nos arts. 18, da LPF e 30 da LCA, mas sim no tipo previsto no art. 29, inciso III, da Lei dos Crimes Ambientais, transcrito in verbis a seguir:

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Art. 29. Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Pena – detenção de seis meses a um ano, e multa.

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FARRA DO BOI A farra do boi não coaduna com o novo Estado democrático de Direito erigido com a Constituição Federal de 1988. Isto posto, a invocação de que tal prática é uma manifestação folclórica, popular, cultural e até mesmo histórica não deve ser aceita como juridicamente válida, devido ao fato de a Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, §1º, inciso VII, ter proibido, na forma da Lei, as práticas que coloquem em risco a função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade.

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FARRA DO BOI Logo, se alguém desafiar à Lei e praticar essa conduta, estará incorrendo no crime previsto no art. 32, da Lei dos Crimes Ambientais, que transcrevemos a seguir in verbis:

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Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, na­ tivos ou exóticos:

Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.

§1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

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RINHAS DE GALO

A jurisprudência do STF é harmoniosa ao afirmar que as rinhas de galo ferem de morte o art. 225, §1º, inciso VII, e, consequentemente, constituem condutas lesivas contra a fauna.

Proteção à Fauna – Lei n° 5.197/1967

No que se refere a essa prática, diversas Leis estaduais tentaram regulamentar as rinhas de galo. Contudo, quase sempre são questionadas pela Procuradoria Geral da República e levadas ao STF, que deferem pela inconstitucionalidade, sob o argumento de que o art. 225, §1º, inciso VII, proíbe, na forma da Lei, as práticas que coloquem em risco a função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais à crueldade e também porque os hábitos culturais não podem estar acima da proteção ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, direito fundamental de todos, previsto no caput do art. 225, da Constituição Federal de 1988.