14
PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS |127 PROTEÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS PONTO 1 Violação de direitos humanos e responsa- bilidade internacional do Estado. Relação entre violação de direitos huma- nos e crimes internacionais conexos: apar- theid, tortura, desaparecimento forçado, genocídio, trabalho e comércio escravo, crimes de guerra e crimes contra a huma- nidade. Proteção internacional dos direitos huma- nos e a reserva de jurisdição interna do Estado: limites e aplicabilidade do art. 2º, para. (7), da Carta da ONU. 1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA 1.1. STF Crime de Redução a Condição Análoga à de Escravo e Competência – 1 O Tribunal iniciou julgamento de recurso extra- ordinário, afetado ao Pleno pela 2ª Turma, interposto contra acórdão da 3ª Turma do TRF da 1ª Região que declarara ser da competên- cia da Justiça Estadual processar e julgar ação penal por crime de “reduzir alguém a con- dição análoga à de escravo” (CP, art. 149). O Min. Cezar Peluso, relator, negou provimento ao recurso. Entendeu que a conduta prevista no art. 149 do CP não basta para deslocar a competência da Justiça Estadual para a Fede- ral, quando não é caso de aplicação do art. 109, IV e VI, da CF. Relativamente à incidência do inciso VI, asseverou que não se desconhe- ceria o precedente da Corte consubstanciado no acórdão do RE 398041/PA (, DJE 19.12.2008). Lembrou que, na ocasião, teria se mani- festado no sentido de que, quando aquela norma constitucional se refere a crimes con- tra a organização do trabalho, está a tra- tar dos que, típica e essencialmente, dizem respeito a relações de trabalho, e não, aos que, eventualmente, possam ter relações cir- cunstanciais com o trabalho, haja vista que apenas no primeiro caso se justificaria a com- petência da Justiça Federal, perante o inte- resse da União no resguardo da específica ordem jurídica concernente ao trabalho. Res- saltou, ademais, não discordar que o cerne desse julgamento estaria em que o princípio da dignidade humana seria indissociável dos princípios que regem a organização do tra- balho. Ponderou, contudo, que, embora o princípio da dignidade humana seja a fonte última de todos os outros valores e direitos fundamentais, isso não autorizaria concluir que a violação daquele implique violação de todos estes. Aduziu que, no caso, a norma penal estaria a proteger não a organização do trabalho, não obstante tenha a dignidade humana como um de seus princípios infor- madores. Enfatizou que o tipo penal da con- duta de redução a condição análoga à de escravo não seria tutelar a organização do trabalho como sistema ou ordem, mas evi- tar que a pessoa humana fosse rebaixada à condição de mercadoria. Nesse sentido, o foco da tutela normativa seria o ser humano considerado em si mesmo, na sua liberdade imanente de sujeito de direito, cuja digni- dade não tolera seja reduzido a objeto, e não o interesse estatal no resguardo da orga- nização do trabalho, dentro da qual o ser humano é visto apenas como protagonista de

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos | 1 2 7

Proteção InternacIonal

de dIreItos Humanos

� Ponto 1

Violação de direitos humanos e responsa-bilidade internacional do estado.

relação entre violação de direitos huma-nos e crimes internacionais conexos: apar-theid, tortura, desaparecimento forçado, genocídio, trabalho e comércio escravo, crimes de guerra e crimes contra a huma-nidade.

Proteção internacional dos direitos huma-nos e a reserva de jurisdição interna do estado: limites e aplicabilidade do art. 2º, para. (7), da carta da onu.

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

1.1. STF

Crime de Redução a Condição Análoga à de Escravo e Competência – 1

o tribunal iniciou julgamento de recurso extra-ordinário, afetado ao Pleno pela 2ª turma, interposto contra acórdão da 3ª turma do trF da 1ª região que declarara ser da competên-cia da Justiça estadual processar e julgar ação penal por crime de “reduzir alguém a con-dição análoga à de escravo” (cP, art. 149). o min. cezar Peluso, relator, negou provimento ao recurso. entendeu que a conduta prevista no art. 149 do cP não basta para deslocar a competência da Justiça estadual para a Fede-ral, quando não é caso de aplicação do art. 109, IV e VI, da cF. relativamente à incidência do inciso VI, asseverou que não se desconhe-ceria o precedente da corte consubstanciado

no acórdão do re 398041/Pa (, dJe 19.12.2008). lembrou que, na ocasião, teria se mani-festado no sentido de que, quando aquela norma constitucional se refere a crimes con-tra a organização do trabalho, está a tra-tar dos que, típica e essencialmente, dizem respeito a relações de trabalho, e não, aos que, eventualmente, possam ter relações cir-cunstanciais com o trabalho, haja vista que apenas no primeiro caso se justificaria a com-petência da Justiça Federal, perante o inte-resse da união no resguardo da específica ordem jurídica concernente ao trabalho. res-saltou, ademais, não discordar que o cerne desse julgamento estaria em que o princípio da dignidade humana seria indissociável dos princípios que regem a organização do tra-balho. Ponderou, contudo, que, embora o princípio da dignidade humana seja a fonte última de todos os outros valores e direitos fundamentais, isso não autorizaria concluir que a violação daquele implique violação de todos estes. aduziu que, no caso, a norma penal estaria a proteger não a organização do trabalho, não obstante tenha a dignidade humana como um de seus princípios infor-madores. enfatizou que o tipo penal da con-duta de redução a condição análoga à de escravo não seria tutelar a organização do trabalho como sistema ou ordem, mas evi-tar que a pessoa humana fosse rebaixada à condição de mercadoria. nesse sentido, o foco da tutela normativa seria o ser humano considerado em si mesmo, na sua liberdade imanente de sujeito de direito, cuja digni-dade não tolera seja reduzido a objeto, e não o interesse estatal no resguardo da orga-nização do trabalho, dentro da qual o ser humano é visto apenas como protagonista de

Page 2: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

1 2 8 | leonardo GarcIa e roberVal rocHa

relações que daí se irradiam. Por essa razão, concluiu não ser possível incluir o delito tipi-ficado no art. 149 do cP na categoria dos cri-mes contra a organização do trabalho, a qual seria uma noção sistêmica cuja autonomia conceitual, apesar de refletir a preocupação da ordem jurídica com a pessoa do trabalha-dor, constituiria a objetividade jurídica pri-meira da norma. re 459510/mt, rel. min. cezar Peluso, 4.2.2010. (Info 573).

Inquérito e Redução a Condição Análoga à de Escravo – 1

o tribunal iniciou julgamento de inquérito no qual se imputa a senador da república e a co-denunciado a suposta prática dos tipos penais previstos nos artigos 149, 203, §§ 1º e 2º e 207, §§ 1º e 2º, todos do cP, em concurso formal homogêneo. no caso, a inicial acusató-ria narra que, a partir de diligência realizada por grupo de fiscalização do ministério do trabalho e emprego – mte, constatara-se que os denunciados teriam, no período de janeiro e fevereiro de 2004, reduzido aproximada-mente 35 trabalhadores a condição análoga à de escravos, inclusive com a presença de menor de idade entre os trabalhadores, nas dependências de fazenda de propriedade do parlamentar e administrada pelo co-denun-ciado. o ministério Público Federal atribui aos denunciados o possível aliciamento de traba-lhadores rurais — em unidade da federação distante daquela em que o trabalho seria prestado — com a consequente frustração de seus direitos trabalhistas. afirma que tais trabalhadores teriam sido reduzidos a condi-ção análoga à de escravos, ante as condições degradantes de trabalho, a jornada exaustiva e a restrição de locomoção por dívidas con-traídas. registra, ainda, que o mencionado relatório de fiscalização detectara que o alo-jamento para os trabalhadores consistiria em ranchos de folhas de palmeiras, sem qual-quer beneficiamento do piso, sendo que um deles levantado sobre um brejo com mau cheiro e excessiva umidade. constatara, tam-bém, a presença de trabalhadores enfermos e com lesões nas mãos. Verificara, ainda, ine-xistir: a) cozinha e sim fogareiros improvisa-dos; b) refeitório; c) sanitário e água potável;

d) fornecimento de equipamento individual de trabalho e material de primeiros socor-ros, tendo os trabalhadores que comprá-los em armazém existente na fazenda, assim como os alimentos de que necessitavam. o parlamentar sustenta em sua defesa que: a) interpusera recurso perante a delegacia regional do trabalho e, em razão disso, a punibilidade estaria condicionada à deci-são administrativa; b) todos os empregados foram unânimes ao afirmar que não eram proibidos de sair da fazenda; c) o vínculo de trabalho na fazenda era temporário; d) os empregados faziam refeições sem qualquer desconto na diária; e) a venda de mercado-rias pelo empregador não seria proibida e f) o fato de ser proprietário da fazenda não o vincularia criminalmente à imputação penal. o co-denunciado, por sua vez, alega que: a) o senador apenas o nomeara como pro-curador para comparecer à cidade na qual arregimentados os trabalhadores, com o fim de efetivar o pagamento das verbas traba-lhistas impostas pelos auditores-fiscais e b) não seria administrador da fazenda, pois, à época dos fatos, era assessor de Governador. Inq 2131/dF, rel. min. ellen Gracie, 7.10.2010. (Info 603).

2. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS

2.1. Questões Subjetivas

01. (MPF/26) o regime geral de responsabili-dade internacional do estado tem plena aplicação à proteção internacional dos direitos humanos? (máximo 30 linhas)

02. (MPF/26) a categoria de crimes contra a humanidade tem aplicabilidade no direito brasileiro? É juridicamente susten-tável, neste, a imprescritibilidade desses crimes? o estado brasileiro é obrigado a prossegui-los incondicionalmente? con-sidere, na resposta, a hipótese de cri-mes alcançados pela lei de anistia – lei 6683 de 28 de agosto de 1979. (máximo 30 linhas)

Page 3: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos | 1 2 9

� Ponto 2

Princípio da universalidade dos direitos humanos e o relativismo cultural. Gra-máticas diferenciadas de direitos. o ius cogens internacional em matéria de direi-tos humanos.

Princípio da indivisibilidade dos direi-tos humanos. a teoria das “gerações” de direitos. diferenças entre obrigações decorrentes da garantia de direitos civis e políticos e obrigações decorrentes da garantia de direitos econômicos, sociais e culturais.

direitos humanos e garantias constitucio-nais fundamentais: convergências e diver-gências conceituais. tratamento diferen-ciado entre direitos fundamentais e direi-tos sociais na constituição Federal.

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA1.1. STJ

Presídio. Segurança máxima. Renovação.

À luz do disposto no § 1º do art. 10 da lei 11.671/08, a renovação do prazo de per-manência do condenado em presídio fede-ral dar-se-á apenas excepcionalmente. em casos tais, é imperioso que o juízo reque-rente demonstre um plus de excepciona-lidade e, não, meramente reaproveite os fundamentos que justificaram, no passado, a concessão da medida extraordinária. cc 114.478, rel. min. maria moura, j. 9.2.2011 (v. Info. 438). 3ª s. (Info 462)

2. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS

2.1. Questões Subjetivas

01. (MPF/19) dissertação. a constituição da república e os direitos Humanos

2.2. Questões Objetivas

01. (MPF/22) a constituição Federal, relati-vamente à proteção dos direitos huma-nos:

I. estabelece que, nas suas relações internacionais, a república Federativa do brasil rege-se, dentre outros prin-cípios, pela prevalência dos direitos humanos.

II. dispõe que os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emen-das constitucionais.

III. preceitua que a lei deve considerar a prática de tortura como crime inafiançá-vel e insuscetível de graça ou anistia.

IV. dispõe que o Procurador-Geral da repú-blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o brasil seja parte, poderá suscitar, perante o supremo tribunal Federal, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência da Jus-tiça estadual para a Justiça Federal.

analisando-se as assertivas acima, pode-se afirmar que:

(a) todas estão corretas.

(b) estão corretas apenas as de números I, II e III.

(c) somente as de números I, III e IV estão corretas.

(d) estão corretas as de números II, III e IV.

02. (MPF/21) nas relações internacionais, a república Federativa do brasil:

I. considerando que direitos humanos são matéria de jurisdição doméstica e soberania nacional, não admite, de acordo com a constituição, qualquer jul-gamento ou manifestação de cortes ou organismos regionais ou internacionais sobre o assunto.

II. propugnará pela formação de um tribu-nal internacional dos direitos humanos.

Page 4: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

1 3 0 | leonardo GarcIa e roberVal rocHa

III. rege-se, dentre outros, pelos princípios da prevalência dos direitos humanos e do repúdio ao terrorismo e ao racismo.

IV. não exclui outros direitos e garantias decorrentes do regime e dos princípios adotados pela constituição, ou dos tra-tados internacionais de que seja parte.

analisando-se as asserções acima, pode-se afirmar que:

(a) somente as de números I, II e IV estão corretas.

(b) todas estão corretas.(c) estão corretas apenas as de números III

e IV.(d) as de números II, III e IV estão corretas.

03. (MPF/20) a prevalência dos direitos humanos:

(a) é norma que depende ainda da assi-natura e ratificação do Protocolo Facul-tativo do Pacto sobre direitos econômi-cos, sociais e culturais, uma vez que a constituição nada estabelece sobre a matéria.

(b) é princípio que rege as relações inter-nacionais da república Federativa do brasil.

(c) somente poderá ser cogitada como princípio constitucional se as autorida-des brasileiras adotarem a federaliza-ção dos crimes contra os direitos huma-nos.

(d) somente diz respeito aos direitos e garantias expressos na constituição Federal, não incluindo normas decor-rentes de tratados internacionais de que o brasil seja parte.

04. (MPF/19) a constituição brasileira, quanto à proteção dos direitos huma-nos:

I. estabelece como princípio regente das relações internacionais do País a preva-lência dos direitos humanos e preconiza ainda a criação de um tribunal interna-cional dos direitos humanos.

II. além de constituir a república Federa-tiva em estado democrático de direito, tendo como um dos fundamentos a dig-nidade da pessoa humana, assegura a

todos direitos e garantias fundamentais, direitos individuais e sociais, expressos no seu texto, além de outros decorren-tes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio-nais em que o brasil seja parte.

III. inova quanto aos princípios sensíveis da federação, incluindo entre eles os direitos da pessoa humana, cuja inob-servância pode resultar em interven-ção federal nos estados, decretada pelo Presidente da república no caso de provimento, pelo supremo tribunal Federal, de representação formulada pelo Procurador-Geral da república.

analisando-se as assertivas acima, pode-se afirmar que:

(a) somente a de número II está correta.(b) estão corretas as de números II e III.(c) apenas as de números l e II estão corre-

tas.(d) todas estão corretas.

05. (MPF/19) os princípios constitucionais de proteção aos direitos humanos, no estado democrático de direito:

I. não podem ser considerados no dever do estado de garantir a segurança pública, direito de todos, preservando a incolumidade das pessoas e do seu patrimônio.

II. devem ser sempre respeitados, sem prejuízo da maior eficiência no combate à criminalidade e na preservação da ordem e segurança pública sob a res-ponsabilidade do estado.

III. asseguram aos presos o respeito à integridade física e moral e garantem que ninguém será preso senão em fla-grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans-gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, devendo o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe ainda garantida a assistência da família e de advogado.

analisando-se as assertivas acima, pode-se afirmar que:

Page 5: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos | 1 3 1

(a) todas estão corretas.(b) somente as de números l e III estão cor-

retas.(c) estão corretas as de números II e III.(d) apenas a de número l está correta.

GaB01 02 03 04 05

B d B d c

� Ponto 3

relação entre o regime de proteção inter-nacional de direitos humanos, o direito internacional humanitário, o direito de minorias, o direito de refugiados e o direito internacional penal.

eficácia vertical e horizontal de direitos humanos (“drittwirkung”). obrigação de respeitar e de garantir respeito a direitos.

as nações unidas e a promoção univer-sal dos direitos humanos: inteligência do art. 1º, para. (3), da carta da onu. Valor normativo da declaração universal dos direitos Humanos.

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA1.1. STF

Extradição: refugiado e inexistência de razões para a concessão do refúgio

Pedido de extradição formulado pelo Governo da argentina em desfavor do nacio-nal argentino pela suposta prática dos crimes de privação ilegítima da liberdade agravada e ameaças. 2. no momento da efetivação da referida prisão cautelar, apreendeu-se, em posse do extraditando, documento expedido pelo alto comissariado da onu para refugia-dos – acnur dando conta de sua possível con-dição de refugiado. 3. o Presidente do comitê nacional para os refugiados – conare atesta que o extraditando é um refugiado reconhe-cido pelo Governo brasileiro, conforme o documento n. 326, datado de 12.06.1989. 4. o fundamento jurídico para a concessão ou não do refúgio, anteriormente à lei 9.474/97,

eram as recomendações do acnur e, por-tanto, o cotejo era formulado com base no amoldamento da situação concreta às refe-ridas recomendações, resultando daí o defe-rimento ou não do pedido de refúgio. 5. o extraditando está acobertado pela sua condi-ção de refugiado, devidamente comprovado pelo órgão competente – conare–, e seu caso não se enquadra no rol das exceções autori-zadoras da extradição de agente refugiado. ext 1170/república da argentina, rel. min. ellen Gracie, 18.3.10. Pleno. (Info 579)

2. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS

2.1. Questões Objetivas

01. (MPF/26) sobre a relação entre direito internacional dos direitos humanos e direito internacional humanitário, é cor-reto dizer que:

(a) enquanto o direito internacional dos direitos humanos disciplina a proteção de direitos em tempos de paz, o direito internacional humanitário a disciplina em tempos de guerra.

(b) os dois âmbitos de regulação compõem regimes internacionais distintos que não se comunicam, podendo, todavia, apre-sentar objetivos comuns de disciplina, tratando-se diferencialmente.

(c) os dois âmbitos de regulação se inter-ceptam quanto à disciplina do estado de emergência no direito internacional dos direitos humanos, em que se estipulam direitos mínimos inderrogáveis que coin-cidem, em grande parte, com as garan-tias mínimas do art. 3 comum às quatro convenções de Genebra.

(d) tratam as pessoas destinatárias de sua proteção de forma independente, sendo possível que haja âmbitos de exclusão recíproca de proteção, com atores em certos tipos de conflito que não gozam de proteção de nenhum dos dois regimes.

02. (MPF/25) "eficácia horizontal", no âmbito da proteção internacional de direitos humanos,

(a) tem o mesmo significado de "drittwirkung".

Page 6: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

1 3 2 | leonardo GarcIa e roberVal rocHa

(b) se aplica a tortura como grave violação de direitos humanos no marco da con-venção da onu contra a tortura de 1984.

(c) não se aplica ao trabalho escravo no marco da convenção sobre a escravatura de 1926.

(d) só se aplica a garantia de direitos huma-nos no âmbito do espaço publico.

03. (MPF/25) no tocante a declaração univer-sal dos direitos humanos, é correto dizer que

(a) é composta integralmente de normas de direito imperativo internacional (jus cogens).

(b) não é formalmente vinculante, mas é indicativo de amplo consenso internacio-nal, integrando o chamado soft law.

(c) é formalmente vinculante como direito costumeiro internacional.

(d) é expressão da universalidade cultural, sendo seus preceitos aceitos em todas as culturas.

04. (MPF/25) o art. 1º, para. 3º, da carta da onu, ao estabelecer, como fim da organi-zação, a promoção e o estímulo do "res-peito aos direitos humanos e as liberda-des fundamentais para todos, sem dis-tinção de raça, sexo, língua ou religião",

(a) incorre em potencial colisão com o dis-posto no art. 2º, para. 7º, da carta da onu, que desautoriza a intervenção da organização "em assuntos que depen-dam essencialmente da jurisdição de qualquer estado".

(b) não incorre em colisão com o disposto no art. 2º, para. 7º, da carta da onu, por-que a agenda de direitos humanos não depende essencialmente da jurisdição de qualquer estado.

(c) incorre em evidente colisão com o dis-posto no art. 2º, para. 7º, da carta da onu, mas esta fica afastada nas hipóte-ses de interseção da agenda de direitos humanos com a da segurança internacio-nal.

(d) não incorre em potencial colisão com o disposto no art. 2º, para. 7º, da carta da onu, porque, ainda que agenda de direi-tos humanos dependa essencialmente

da jurisdição de qualquer estado, o art. 1º, para. 3º, não estabelece, como fim, nenhuma ação interventiva, mas, sim, o dialogo politico.

05. (MPF/21) a proteção aos direitos huma-nos:

I. inclui, dentre outros, o combate à prá-tica da tortura, definida na constituição como crime inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, da violência policial, do trabalho escravo e infantil, do tráfico de pessoas e o respeito à integridade física e moral dos presos.

II. abrange, no sistema da onu, o alto comissariado para os direitos Humanos, e no sistema da oea, a comissão Intera-mericana de direitos Humanos e a corte Interamericana de direitos Humanos.

III. no plano global, encontra fundamento, no direito internacional público, sobre-tudo na declaração universal dos direi-tos Humanos de 1948 das nações unidas e nos Pactos de direitos civis e Políti-cos e de direitos econômicos, sociais e culturais de 1966, e, no plano regional, na convenção americana sobre direitos Humanos de 1969.

IV. por serem tais direitos inerentes à digni-dade da pessoa humana, independe de fronteiras nacionais e jurisdição domés-tica, segundo o direito internacional con-temporâneo.

analisando-se as assertivas acima, pode--se afirmar que:

(a) somente as de números I e III estão cor-retas.

(b) todas estão corretas.

(c) estão corretas apenas as de números II e IV.

(d) somente as de números II e III estão cor-retas.

GaB01 02 03 04 05

c a B d B

Page 7: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos | 1 3 3

� Ponto 4

Procedimentos especiais no âmbito do conselho de direitos Humanos da onu. os procedimentos das resoluções ecosoc 1235 e 1503. as relatorias especiais. o sis-tema de “peer review”.

sistema de monitoramento multilateral de direitos: relatórios periódicos, comunica-ções interestatais, petições individuais e investigações motu próprio.

direitos humanos e obrigações erga par-tes e erga omnes. direito de estados inter-ferirem em situações de graves violações de direitos.

1. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS1.1. Questões Objetivas

01. (MPF/26) os procedimentos especiais previstos nas resoluções e/res/1235 (1967) e e/res/1503 (1970) do conselhor econômico e social da onu

(a) Passaram a permitir à então comissão de direitos Humanos investigar, por via de subcomissão, graves violações de direitos humanos, quando constatado que estas se inseriam num padrão con-sistente de atuação do estado violador.

(b) se limitam a abrir o caminhão para a atu-ação do conselho de segurança da onu e, por isso, não atentam contra o art. 2º, parágrafo 7º da carta da onu.

(c) transformam as nações unidas em ver-dadeira corte internacional de direitos humanos, sendo, por isso, tidos por muitos estados como conflitantes com o disposto no art. 2º, parágrafo 7º da carta da onu.

(d) concorrem, em termos de propósitos e eficiência, com os sistemas convencionais regionais e universais de proteção dos direitos humanos.

02. (MPF/26) o sistema de relatórios Periódi-cos como instrumento de monitoramento de tratados Internacionais de direitos Humanos

(a) É inócuo porque estados podem escrever o que querem e distorcer a verdade.

(b) tem que ser articulado com outras facul-dades do órgão de monitoramento que lhe permitam conferir a correção das informações prestadas pelo estado-parte.

(c) exclui, de um modo geral, a participação de outros atores, como vítimas ou socie-dade civil, nesse mecanismo de monito-ramento.

(d) se destina apenas a instrumentalizar a atuação do órgão de monitoramento na elaboração de comentários gerias sobre a interpretação do tratado.

GaB01 02

a B

� Ponto 5

sistema interamericano de direitos huma-nos. a declaração americana dos direitos e deveres Humanos. a comissão Intera-mericana de direitos Humanos: origem, composição e competências. a corte Inte-ramericana de direitos Humanos: composi-ção e competências. medidas provisórias. Procedimento de fixação de reparações. exequibilidade doméstica das decisões da corte Interamericana de direitos Humanos.

carta democrática Interamericana de 2001. natureza jurídica. direito à democracia e obrigação de sua promoção. democracia e direitos humanos.

Protocolo de san salvador. monitora-mento pelo conselho Interamericano de educação, ciência e cultura, pelo conse-lho Interamericano econômico e social e pela comissão Interamericana de direitos Humanos. competência da corte Intera-mericana de direitos Humanos.

1. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS

1.1. Questões Objetivas01. (MPF/25) a carta democrática Interameri-

cana, de 2001, expressa consenso regional sobre a democracia representativa como forma de governo com partilhada pelos povos das américas e, nessa qualidade,

Page 8: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

1 3 4 | leonardo GarcIa e roberVal rocHa

(a) é apenas um documento de retórica polí-tica.

(b) corresponde a diretriz de "soft law” regional.

(c) é norma formalmente vinculante, porque se apoia na carta da oea.

(d) é norma formalmente vinculante como costume regional.

02. (MPF/24) de acordo com a jurisprudên-cia da corte interamericana de direitos humanos sobre as violações dos direitos humanos, praticadas pelos regimes de exceção na américa latina, é incorreto afirmar que:

(a) a justiça transicional pode justificar a validade interna e externa de leis sobre anistias, se tiverem sido incorporadas ou expressamente mantidas pela constitui-ção.

(b) a punição dos responsáveis pelas viola-ções é decorrência do conceito de estado de direito e do devido processo legal.

(c) o conhecimento dos registros de desapa-recidos constitui um direito dúplice, indi-vidual e coletivo, podendo, no primeiro caso, ser exercício pelos familiares das vítimas.

(d) as violações dos direitos humanos geram a responsabilidade internacional do estado à sua devida reparação.

03. (MPF/26) as medidas provisórias, no âmbito da corte Interamericana de direi-tos Humanos,

(a) só podem ser concedidas quando o caso esteja tramitando na corte.

(b) Podem ser concedidas pelo Presidente da corte ad referendum da mesma.

(c) Podem ser concedidas pela comissão Interamericana de direitos Humanos em antecipação da jurisdição da corte.

(d) Podem ser concedidas pela corte antes mesmo de o caso nela ter trâmite, se a comissão Interamericana de direitos Humanos assim lhe solicitar.

GaB01 02 03

d a d

� Ponto 6

derrogações implícitas e derrogações explícitas de direitos humanos. estado de emergência. condições para suspensão de direitos. direitos inderrogáveis. con-ceitos de segurança e ordem pública, direitos de outros, saúde pública, moral pública como critério de delimitação do gozo de direitos.

acesso à Justiça. Princípios de brasília adotados pela cúpula Judicial Ibero-ame-ricana.

tortura e penas ou tratos cruéis, desuma-nas ou degradantes” como conceito inte-gral. diferenciação entre os elementos do conceito na jurisprudência da corte euro-peia de direitos Humanos (caso irlandês) e seus reflexos no art. 16 da convenção da onu contra a tortura de 1984.

1. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS1.1. Questões Subjetivas

01. (MPF/25) dissertação. a tortura como grave violação de direitos humanos e como crime internacional – confluências e divergências entre os regimes de respon-sabilidade internacional do estado e de responsabilidade individual penal deri-vada do direito internacional. examine:

(a) tortura na fórmula do art. 5º da decla-ração universal dos direitos Humanos (“tortura” e “tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante”), reprodu-zida no art. 3º da convenção europeia de direitos Humanos (sem a expressão “cruel”), no art. 7º do Pacto Internacional de direitos civis e Políticos, no art. 5º da convenção americana de direitos Huma-nos e no art. 5º da convenção africana dos direitos Humanos e dos Povos;

Page 9: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos | 1 3 5

(b) tortura nas definições do art. 1º da con-venção da onu contra a tortura de 1984 e do art. 2º da convenção Interamericana contra a tortura de 1985;

(c) Violação da proibição da tortura como violação de direitos humanos e seus con-sectários na responsabilidade internacio-nal do estado, enfrentando os seguintes aspectos: (I) conceito de responsabili-dade internacional do estado; (II) obriga-ções primárias decorrentes da proibição da tortura; (III) modalidades de atribui-ção do ilícito ao estado: atos de agentes e órgãos do estado, atos de particulares; (IV) obrigações secundárias decorrentes da violação da proibição da tortura: des-continuação, não repetição, reparação (restituição, indenização e satisfação) e dever de perseguir (“duty to prosecute”); (V) monitoramento: funções dos órgãos respectivos dos diversos tratados que cuidam de proibir a tortura e seus ins-trumentos de trabalho; (VI) o problema da “tortura sistemática” (art. 20 da con-venção da onu contra a tortura de 1984), especial gravidade e políticas para sua superação.

(d) Violação da proibição da tortura como crime internacional, enfrentando os seguintes aspectos: (I) conceito de crime internacional e de crime de ius cogens; (II) responsabilidade individual penal derivada do direito internacional; (III) implementação direta e indireta (“direct and indirect enforcement”) das normas penais internacionais; (IV) finalidade da sanção penal internacional (retribuição e prevenção – sua efetividade no plano das relações internacionais); (V) tipo interna-cional da tortura: caráter convencional ou consuetudinário; caráter de crime de ius cogens? (VI) elementos do tipo interna-cional da tortura; (VII) tortura como crime próprio? (VIII) tortura como crime contra a humanidade e como crime de guerra.

(e) relação entre responsabilidade inter-nacional do estado e responsabilidade penal individual derivada do direito internacional: conjunção e disjunção da posição do estado e do indivíduo no caso de violação da proibição da tortura.

1.2. QUESTÕES ObJETIVAS

01. (MPF/26) a expressão “tortura (...) prati-cada de forma sistemática” no artigo 20 da convenção da onu contra a tortura de 1984

(a) remete para a definição de tortura como crime contra a humanidade (“ataque sistemático ou extenso contra qualquer população civil”).

(b) remete para a tortura como parte de um padrão consistente de grave violação de direitos humanos, nos termos das resolu-ções ecosoc 1235 e 1503.

(c) remete para a prética de tortura de forma não fortuita, mas habitual, extensa e deliberada, ao menos em parte do ter-ritório do estado em questão.

(d) remete para a existência de uma clara política governamental que dá susten-tação à prática de tortura, de forma extensa.

02. (MPF/25) a expressão "tortura ou penas ou tratos cruéis, desumanos ou degra-dantes", usual na declaração universal dos direitos humanos (art. 5º), na conven-ção europeia de direitos humanos (art. 3º, sem uso do termo "cruéis"), no pacto internacional de direitos civis e políticos (art. 7º) e na convenção americana de direitos humanos (art. 5º, para. 2º)

(a) deve ser interpretada de forma inte-grada, sem que o significado de seus ter-mos seja tornado isoladamente.

(b) foi desmembrada em seus diversos ter-mos no caso irlandês (Irish case, corte europeia de direitos Humanos, 1977), para separar o conceito de tortura do conceito de outros maus tratos.

(c) não foi acolhida pela convenção da onu contra a tortura de 1984, porque ali só se cuida de obrigações dos estados-Partes no tocante a – prevenção e repressão da tortura e não de outros maus tratos.

(d) deve ser interpretada de modo restri-tivo, de modo a não incluir a violência no espaço privado.

Page 10: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

1 3 6 | leonardo GarcIa e roberVal rocHa

03. (MPF/25) em caso de emergência que ameaça a vida de uma nação, o direito internacional dos direitos humanos per-mite a derrogação de direitos, contanto que

(a) o estado garanta o amplo acesso a Jus-tiça, para a hipótese de grave lesão de direitos fundamentais.

(b) o estado garanta alguns direitos funda-mentais inderrogáveis, como o direito a vida, a proibição da tortura e da escravi-dão, a liberdade de crença e consciência e os meios ("remedies") para proteger esses direitos.

(c) o estado de aviso prévio da derrogação, que pode afetar qualquer direito apenas pelo tempo necessário para debelar a emergência.

(d) o estado se restrinja a suspender somente as garantias que possam interferir com a formação da opinião pública e apenas pelo tempo necessário para debelar a emergência.

GaB01 02 03

c B B

� Ponto 7

direitos comunicativos. conceito, limi-tes e espécies. Formas de violação de direitos comunicativos.

Povos indígenas e comunidades tra-dicionais em face do direito Inter-nacional. convenção 169 da orga-nização Internacional do trabalho. convenção sobre a Proteção e Pro-moção da diversidade das expres-sões culturais de 2005. declaração da onu sobre os direitos dos Povos Indígenas de 2007.

Valor do tratado de direitos humanos na constituição Federal. Hierarquia supralegal. tratados “equivalentes a emendas constitucionais.”

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA1.1. STFContribuintes residentes ou domiciliados no estrangeiro: tratado internacional e lei pos-terior – 1

Quanto à suposta afronta aos artigos 2º; 5º, II e § 2º; 49, I; 84, VIII, todos da cF, após digressão evolutiva da jurisprudência do stF relativamente à aplicação de acordos inter-nacionais em cotejo com a legislação interna infraconstitucional, asseverou que, recente-mente, esta corte afirmara que as conven-ções internacionais de direitos humanos têm status supralegal e que prevalecem sobre a legislação interna, submetendo-se somente à constituição. salientou que, no âmbito tributá-rio, a cooperação internacional viabilizaria a expansão das operações transnacionais que impulsionam o desenvolvimento econômico, o combate à dupla tributação internacional e à evasão fiscal internacional, e contribuiria para o estreitamento das relações culturais, sociais e políticas entre as nações. re 460320/Pr, rel. min. Gilmar mendes, 31.8.2011. 460320 (Info 638).

1.2. Questões Objetivas01. (MPF/26) entende-se por “direitos comu-

nicativos”(a) a liberdade de opinião, do ponto de vista

do uso dos meios de comunicação.(b) a liberdade religiosa, como direito de

comunicar a fé.(c) a liberdade de imprensa, como direito de

divulgar fatos e opiniões ao público.(d) a liberdade de expressar opiniões, pon-

tos de vista religiosos e conceitos em ciências e arte, assim como os direitos de quem sofre o impacto dessa expressão.

02. (MPF/26) o direitos à autodeterminação dos povos indígenas, no direito interna-cional,

(a) Implica que estes determinam livremente seu “estatuto político”, na expressão do art. 1º comum do Pacto Internacional de direitos civis e Políticos e dos Pacto Interna-cional de direitos econômicos, sociais e cul-turais, incluindo o direito a formar estado.

Page 11: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos | 1 3 7

(b) Implica que ester determinam livremente sua “condições política”, na expressão do art. 3º da declaração da onu sobre os direitos dos Povos Indígenas, incluindo o direito a ter suas próprias instituições políticas e judiciais e imunidade na justiça do estado em cujo território vivem.

(c) Implica, na forma do art. 5º da decla-ração da onu sobre direitos dos Povos Indígenas, que estes estão, de um modo geral, desvinculados das obrigações que o estado em cujo território vivem impo-nha indistintamente a seus cidadãos.

(d) não autoriza, nos termos do art 46 da declaração da onu sobre direitos dos Povos Indígenas, o desmembramento territorial do estado em cujo território vivem, nem a ação de outros estados contra sua integridade territorial.

03. (MPF/23) os tratados e convenções inter-nacionais sobre direitos humanos:

I. têm sempre o valor de normas infra--constitucionais em qualquer hipótese, prevalecendo a lei se com eles for incom-patível.

II. com a finalidade de assegurar o cumpri-mento de obrigações deles decorrentes, nas hipóteses de grave violação de direi-tos humanos, podem servir de funda-mento ao Procurador-Geral da república para suscitar, perante o superior tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.

III. como os tratados, convenções e de atos internacionais em geral, são celebrados pelo Presidente da república, como chefe de estado, e sujeitos a referendo do congresso nacional.

IV. que forem aprovados em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emen-das constitucionais.

analisando-se as asserções acima, pode-mos afirmar que:

(a) estão corretas somente as de números I, II e III.

(b) somente as de números II, III, e IV estão corretas.

(c) todas estão corretas.(d) apenas as de números I e III estão corre-

tas.

GaB01 02 03

d d B

� Ponto 8

Pena de morte. restrições no direito internacional e, em especial, na conven-ção americana de direitos Humanos.

História e evolução organizacional do regime internacional de proteção dos direitos humanos.

Proteção dos direitos das pessoas por-tadoras de deficiência no direito inter-nacional. a convenção da onu sobre os direitos das Pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo.

1. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS1.1. Questões Objetivas

01. (MPF/26) sobre a pena de morte, pode--se afirmar que, no atual estágio de desenvolvimento do direito internacional dos direitos humanos,

(a) embora não proibida universalmente, há sua abolição num âmbito regional e proibição de sua reintrodução quando o estado a tenha abolido em outro âmbito regional.

(b) não há qualquer limitação a sua previsão legal, podendo os estados adotá-la livre-mente.

(c) tem sido regularmente adotada por tri-bunais internacionais, desde o tribunal militar internacional de nuremberg e o tribunal militar interncional de tóquio.

(d) tem previsão no estatuto do tribunal internacional Penal para ruanda por exi-gência do governo daquele país.

GaB01

a

Page 12: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

1 3 8 | leonardo GarcIa e roberVal rocHa

� Ponto 9

Instituições e tratados de direitos huma-nos de que o brasil é parte.

anistias auto-concedidas no direito inter-nacional. colisão com o dever de perse-guir. diferenciação no tocante a perdão, graça e indulto.

Incidente de deslocamento de competên-cia para a Justiça Federal: competência para processo e julgamento, hipóteses de cabimento atribuição do Procurador-Geral da república. Intervenção federal para garantia dos direitos humanos: condições para decretação e escopo da medida.

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA1.1. STJ

Competência. Danos materiais e morais. Aci-dente. Trabalho. Organismo internacional.

definido que as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente de trabalho propostas por empre-gado contra empregador são oriundas da relação de trabalho e, por isso, são da com-petência da Justiça especializada laboral, a presença, num dos polos da ação, de um ente de direito público externo robustece a compreensão de competir à Justiça do traba-lho o conhecimento do litígio e não se pode negar a prevalência do inc. I do art. 114 sobre o inc. II do art. 109, ambos da cF. ro 89, rel. min. massami uyeda, j. 16.8.01. 3ª t. (Info 481)

Competência. Deslocamento. Justiça federal. Homicídio. Grupos de extermínio.

trata-se de incidente de deslocamento de competência suscitado pelo procurador-geral da república para transferir à Justiça Federal a investigação, o processamento e o julga-mento do homicídio de advogado e vereador conhecido defensor dos direitos humanos que, durante toda a sua trajetória pública, vinha denunciando grupos de extermínio que agem impunes há mais de uma década em região nordestina. os fatos que motivaram o pedido de deslocamento da competência nos

moldes do § 5º do art. 109 da cF fundamen-taram-se nos pressupostos exigidos para sua concessão: na existência de grave violação de direitos humanos, no risco de responsabi-lização internacional decorrente do descum-primento de obrigações jurídicas assumidas em tratados internacionais e na incapacidade das instâncias e autoridades locais de ofere-cer respostas efetivas como levantar provas, combater, reprimir ou punir as ações desses grupos de extermínio que deixaram de ser feitas, muitas vezes, pela impossibilidade de condições. Por outro lado, destaca que não foram trazidos elementos concretos em que se evidenciaria o envolvimento de membros do Judiciário ou do mP local ou ainda inércia em apurar os fatos. também explica que não poderia acolher pedidos genéricos quanto ao desarquivamento de feitos ou outras investi-gações de fatos não especificados ou mesmo sem novas provas. Idc 2, rel. min. laurita Vaz, j. 27.10.10. 3ª s. (Info 453)

2. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS

2.1. Questões Objetivas

01. (MPF/24) atenção ao diálogo que segue entre um presidente brasileiro e o chefe de segurança no curso do último regime de exceção no brasil: interlocutor a: “tem elemento que não adianta deixar vivo, aprontando, infelizmente, é o tipo de guerra suja que, se não se lutar com as mesmas armas deles, se perde. eles não têm o mínimo de escrúpulo”. interlocutor b: “é, o que tem que fazer é que tem que nessa hora agir com muita inteligên-cia, para não ficar vestígio nessa coisa” (Gaspari, elio. a ditadura derrotada. s. Paulo: cia. das letras, 2003, p. 387). a con-versa se refere à repressão de militantes da esquerda, realizada conjuntamente por diversos países do cone sul, à mar-gem do direito constitucional dos direitos humanos. acerca de tais episódios e do regime da anistia no brasil, não se pode dizer que:

(a) são exemplos da cooperação militar tra-tada no texto as operações condor, lupa-nário e mercúrio.

Page 13: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos | 1 3 9

(b) a anistia política constitucionalmente pre-vista em benefício das vítimas do regime de exceção (arts. 8° e 9° adct) submete--se à reserva de constituição.

(c) a anistia sob reserva de lei é destinada aos crimes políticos, mas pode abran-ger os crimes comuns e as sanções legal-mente previstas.

(d) a anistia e o estatuto da criminalidade política não se aplicam à práticas terro-ristas, seja as cometidas por particulares, seja as praticadas com o apoio oficial do próprio aparato de estado.

GaB01

a

� Ponto 10

convenção Interamericana para Preve-nir, Punir e erradicar a Violência contra a mulher (convenção de belém do Pará de 1994): definição de violência contra a mulher, obrigações dos estados-Parte e sistema de monitoramento. a lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (“lei maria da Penha”): origem e escopo.

Política nacional de direitos Humanos. o 3º Plano nacional de direitos Humanos. o conselho de defesa dos direitos da Pessoa Humana – cddPH. o ministério Público e a defesa dos direitos humanos.

direito à autodeterminação dos povos (art. 1º comum aos dois Pactos Interna-cionais da onu de 1966): conceito e con-vergência com o princípio de autodeter-minação dos povos (art. 1º, para. (2) da carta da onu e resolução 2625 (1970) da assembleia Geral da onu).

1. INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA

1.1. STJHomicídio. Competência federal.

trata-se de homicídio praticado por quadri-lha com o intuito de impedir investigações

desenvolvidas pelo conselho de defesa dos direitos da Pessoa Humana (cddPH), órgão do ministério da Justiça. essas inves-tigações estão inseridas no exercício das atribuições do cddPH definidas no art. 4º da lei 4.319/64. relata a denúncia que o homicídio foi praticado com objetivo de evitar que a vítima prestasse declarações ao cddPH de maneira a impedir que esse órgão federal descobrisse as práticas da organização criminosa. Ficou evidente que a infração penal maculou de forma indelé-vel serviço e interesse da união. Hc 57.189, rel. min. og Fernandes, j. 16.12.2010. 6ª t. (Info 460)

2. QUESTÕES DOS ÚLTIMOS CONCURSOS

2.1. Questões Objetivas

01. (MPF/26) espancada regularmente por seu marido durante dez anos, a ponto de ser internada com graves ferimentos em hospital, a senhora rodi alvarado Peña, guatemalteca, fugiu de seu país para os estados unidos da américa, onde pediu asilo. este lhe foi concedido em primeiro grau e revertido depois. somente após quatorze anos de liti-gância conseguiu ver reconhecido seu direito de permanecer nos estados uni-dos da américa para se proteger de seu marido. este notório caso é um exemplo de:

(a) aplicação, embora tardia, da convenção de belém do Pará.

(b) da limitação da convenção da onu con-tra a tortura, principalmente no que diz respeito à garantia do non-réfoulement (art. 3º).

(c) não-aplicabilidade da convenção das nações unidas relativa ao estatuto dos refugiados de 1951.

(d) Garantia, pela Guatemala, de eficácia hori-zontal do direito à vida e do direito à integridade física.

Page 14: Proteção InternacIonal de dIreItos Humanos · IV. dispõe que o Procurador-Geral da epúr - blica, nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, com a finalidade de assegurar

1 4 0 | leonardo GarcIa e roberVal rocHa

02. (MPF/25) o direito a autodeterminação dos povos

(a) é mera retórica política, uma vez que o direito internacional só reconhece a auto-determinação dos povos como princípio (art. 1º, para. 2º, da carta da onu) e não como direito.

(b) se aplica indistintamente a povos sob jugo colonial e aos povos indígenas.

(c) consolidou-se, como direito, a partir da resolução nº 2625, de 1970, da assem-bleia-Geral da onu.

(d) integra os direitos civis e políticos e os direitos econômicos, sociais e culturais, por força dos Pactos Internacionais res-pectivos, de 1966.

GaB01 02

B d

� Ponto 11

adequação do arcabouço legal bra-sileiro aos compromissos assumidos com o regime de proteção internacio-nal dos direitos humanos.

experimentação humana. limites bio-éticos. casos de convergência com o conceito de tortura.

os Pactos Internacionais da onu de 1966. direitos protegidos e sistemas de monitoramento.

assunto não abordado em jurisprudência ou questões.