Upload
buihuong
View
230
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
CONHEÇA NOSSOS CURSOS
https://www.estrategiaconcursos.com.br/cursosPorConcurso/tj-sp-
juiz/
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015
COMENTADA
Questão 01
Em matéria de ilicitude dos atos jurídicos, e correto afirmar que
(A) o termo a quo da correção monetária na indenização por ato ilícito e a
data do efetivo prejuízo, enquanto que na indenização por dano moral e a
data do seu arbitramento.
(B) o descumprimento da prática convencional da pos-datacao não retira a
obrigação do sacado de efetuar o pagamento de título de crédito a vista e
não gera indenização por responsabilidade civil do beneficiário.
(C) a pessoa jurídica de direito público não tem direito a indenização por
dano moral.
(D) depende de prova do prejuízo a indenização pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais.
Comentários
A alternativa A está correta, em conformidade com a Súmula 43 e a Súmula
362 do STJ, respectivamente.
A alternativa B está incorreta, de acordo com a jurisprudência assentada no STJ: AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS EM RAZÃO DA
APRESENTAÇÃO ANTECIPADA DE CHEQUE PRÉ-DATADO, ENSEJANDO A
INSCRIÇÃO DO NOME DO EMITENTE NO BANCO CENTRAL - PROCEDÊNCIA - PROVA DO DANO - DESNECESSIDADE - INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO N. 83/STJ
- QUANTUM INDENIZATÓRIO - RAZOABILIDADE (AgRg no REsp 1222180/AL)
A alternativa C está correta, como se assentou no STJ: A pessoa jurídica de
direito público não tem direito à indenização por danos morais relacionados à
violação da honra ou da imagem (REsp 1.258.389/PB).
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa D está incorreta, novamente, já se tendo assentado tal entendimento no STJ: Em se tratando de direito à imagem, a obrigação da
reparação decorre do próprio uso indevido do direito personalíssimo, não havendo de cogitar-se da prova da existência de prejuízo ou dano. O dano é a própria
utilização indevida da imagem, não sendo necessária a demonstração do prejuízo
material ou moral (REsp 267.529/RJ).
Questão 02
Em tema de outorga marital ou uxória, e correto afirmar que
(A) e valida a fiança prestada durante união estável sem anuência do
companheiro, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
(B) o fiador tem legitimidade para arguir a invalidade da garantia fidejussória
independentemente de tal consentimento.
(C) a assinatura do cônjuge, na qualidade de testemunha instrumental do
contrato, supre a outorga exigida na garantia fidejussória, conforme o
entendimento do Superior Tribunal de Justiça.
(D) e exigível em todos os regimes de bens, e sua ausência implica ineficácia
total do contrato.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme jurisprudência do STJ: DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. DIREITO DE FAMÍLIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO. FIANÇA.
FIADORA QUE CONVIVIA EM UNIÃO ESTÁVEL. INEXISTÊNCIA DE OUTORGA UXÓRIA. DISPENSA. VALIDADE DA GARANTIA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA
N. 332/STJ (REsp 1299866/DF)
A alternativa B está incorreta, segundo o julgado a seguir: LOCAÇÃO.
PRORROGAÇÃO POR PRAZO INDETERMINADO. FIANÇA. OUTORGA UXÓRIA. LEGITIMIDADE RESTRITA AO CÔNJUGE NÃO CONTRATANTE (AgRg no Ag
1134564/RJ).
A alternativa C está incorreta, segundo o entendimento pacificado na corte:
AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO EXPRESSA QUANTO AOS TERMOS DA FIANÇA
PRESTADA POR CÔNJUGE. ASSINATURA LANÇADA NO CONTRATO DE LOCAÇÃO NA QUALIDADE DE TESTEMUNHA INSTRUMENTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE
PRESUMIR A OUTORGA UXÓRIA. SÚMULA 332/STJ (REsp 1185982/PE).
A alternativa D está incorreta, nos termos do art. 1.647, inc. III: “Ressalvado o
disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro,
exceto no regime da separação absoluta, prestar fiança ou aval”.
Questão 03
Acerca dos alimentos, e correto afirmar que
(A) considerando que se extingue o poder familiar pela maioridade (art.
1.635 do Código Civil), cessa desde logo o dever de prestar alimentos,
dispensada decisão judicial a esse respeito.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(B) a obrigação alimentar dos ascendentes e subsidiaria a obrigação
alimentar entre irmãos, germanos ou unilaterais.
(C) o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante e o que compreende as prestações que se vencerem no curso do processo.
(D) se o cônjuge declarado culpado pela separação judicial vier a necessitar
de alimentos e não tiver aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegura-los, desde que inexistam parentes na condição de
presta-los, limitados ao quantum indispensável a sobrevivência.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pacificado há tempos que a exoneração depende
de decisão judicial, não sendo automática a cessação do dever alimentar.
A alternativa B está incorreta, na dicção do art. 1.697: “Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão
e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
A alternativa C está incorreta, na forma do art. 528, §3º do CPC: “Se o
executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á
a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses”.
A alternativa D está correta, conforme o art. 1.704, parágrafo único: “Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes
em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será
obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência”.
Questão 04
No que tange aos direitos da personalidade, assinale a alternativa correta.
(A) A transmissão da palavra de determinada pessoa poderá, sempre e em
qualquer circunstância, ser proibida a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingir a honra ou se destinada a fins
comerciais.
(B) O pseudônimo licitamente utilizado goza da proteção que se dá ao nome.
(C) A proteção dos direitos da personalidade aplica-se igualmente às pessoas
jurídicas.
(D) É garantia legal a irrestrita liberdade de disposição do próprio corpo.
Comentários
A alternativa A está incorreta, nos termos do art. 20: “Salvo se autorizadas, ou
se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a
honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais”.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa B está correta, na dicção do art. 19: “O pseudônimo adotado para
atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome”.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 52: “Aplica-se às pessoas
jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”.
A alternativa D está incorreta, conforme o art. 13: “Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição
permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes”.
Questão 05
No capítulo relativo ao contrato de compra e venda, é correta a seguinte
hipótese:
(A) a fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, à taxa de
mercado ou de bolsa, em função de índices de subjetiva determinação, mas
não ao arbítrio exclusivo de uma das partes.
(B) de regra, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do vendedor,
mas as da tradição caberão ao comprador.
(C) juízes, serventuários e auxiliares da justiça não podem comprar bens
sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho, no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade, sob pena de nulidade, hipótese
inextensível à cessão de crédito.
(D) a venda realizada diretamente pelo mandante ao mandatário não é
maculada de nulidade.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que a determinação não pode ser subjetiva,
segundo os arts. 486 (“Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar”) e 487 (“É lícito às
partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis
de objetiva determinação”).
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 490: “Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do
vendedor as da tradição”.
A alternativa C está incorreta, nos termos do art. 497, inc. III: “Sob pena de
nulidade, não podem ser comprados, ainda que em hasta pública, pelos juízes, secretários de tribunais, arbitradores, peritos e outros serventuários ou auxiliares
da justiça, os bens ou direitos sobre que se litigar em tribunal, juízo ou conselho,
no lugar onde servirem, ou a que se estender a sua autoridade”.
A alternativa D está correta, pela aplicação da regra contida no art. 117: “Salvo
se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo
mesmo”.
Questão 06
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Assinale a alternativa correta.
(A) Os direitos autorais não podem ser objeto de proteção por meio de
interdito proibitório, dada a impossibilidade do exercício da posse sobre
coisas incorpóreas.
(B) A via adequada para fazer cessar o esbulho e a ação de manutenção de
posse, enquanto que o remédio para a turbação e a de reintegração de
posse, conquanto as ações possessórias sejam fungíveis.
(C) E também possuidor aquele que, mesmo achando-se em situação de
dependência para com o outro, conserva a posse em nome deste, sob suas
instruções.
(D) De regra, a posse do imóvel não faz presumir a das coisas moveis que
nele estiverem.
Comentários
A alternativa A está correta, estando assentada a controvérsia no STJ:
CONSOLIDADA A JURISPRUDENCIA DO STJ NO SENTIDO DE QUE INCABIVEL O INTERDITO PROIBITORIO PARA A PROTEÇÃO DE DIREITO AUTORAL (REsp
144.907/SP).
A alternativa B está incorreta, conforme o art. 1.210: “O possuidor tem direito
a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado
de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado”.
A alternativa C está incorreta, de acordo com o art. 1.198: “Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções
suas”.
A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 1.209: “A posse do imóvel faz
presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem”.
Questão 07
É correto afirmar que
(A) salvo no regime da separação, os cônjuges são obrigados a concorrer,
na proporção de seus bens e rendimentos, para o sustento da família e a
educação dos filhos.
(B) as causas suspensivas do casamento podem ser opostas por qualquer
pessoa.
(C) se excluem da comunhão parcial de bens os proventos do trabalho
pessoal de cada cônjuge.
(D) é obrigatório o regime da separação de bens aos que contraírem matrimônio com inobservância das cláusulas de impedimento da celebração
do casamento.
Comentários
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa A está incorreta, segundo a parte final do art. 1.568: “Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do
trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o
regime patrimonial”.
A alternativa B está incorreta, pela aplicação do art. 1.524: “As causas suspensivas da celebração do casamento podem ser arguidas pelos parentes em
linha reta de um dos nubentes, sejam consanguíneos ou afins, e pelos colaterais
em segundo grau, sejam também consanguíneos ou afins”.
A alternativa C está correta, conforme o disposto no art. 1.659, inc. VI:
“Excluem-se da comunhão os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge”.
A alternativa D está incorreta, já que em se tratando de impedimentos, não podem as pessoas casar; impõe-se o regime de separação de bens nos casos de
causas suspensivas, nos casos do art. 1.641, incisos.
Questão 08
Acerca do Direito das Sucessões, assinale a alternativa correta.
(A) Considera-se imóvel o direito a sucessão aberta, exigindo-se escritura pública para sua cessão, não se admitindo que a renúncia da herança conste
de termo judicial.
(B) A morte do responsável cambiário e modalidade de transferência
anômala da obrigação, repassavel aos herdeiros, salvo se o óbito tiver
ocorrido antes do vencimento do título.
(C) E eficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre bem da herança singularmente considerado.
(D) E intransferível ao cessionário de direitos hereditários o direito de preferência inerente a qualidade de herdeiro.
Comentários
A alternativa A está incorreta, em sua parte final, segundo o art. 1.806: “A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou
termo judicial”.
A alternativa B está incorreta, segundo o STJ: COMERCIAL. TÍTULOS DE
CRÉDITO. AVALISTA. ÓBITO ANTES DO VENCIMENTO. OBRIGAÇÃO NÃO
PERSONALÍSSIMA. TRANSMISSÃO AOS HERDEIROS (REsp 260.004/SP).
A alternativa C está incorreta, nos termos do art. 1.793, §2º: “É ineficaz a
cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da
herança considerado singularmente”.
A alternativa D está correta, na dicção do art. 520: “O direito de preferência
não se pode ceder nem passa aos herdeiros”.
Questão 09
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Assinale a alternativa correta, no que tange ao direito real de habitação,
assegurado ao cônjuge sobrevivente.
(A) E irrenunciável.
(B) Não da direito aos frutos.
(C) Exige registro imobiliário para a sua constituição.
(D) Não e extensível ao regime da separação de bens.
Comentários
A alternativa A está incorreta, sendo mesmo ilógico imaginar que não se poderia
renunciar a tal direito.
A alternativa B está correta, conforme o art. 1.414: “Quando o uso consistir no
direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode
alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família”.
A alternativa C está incorreta, por aplicação do art. 1.416 (“São aplicáveis à
habitação, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto”), que remete ao art. 1.391 (“O usufruto de imóveis, quando não resulte
de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de Registro de
Imóveis”).
A alternativa D está incorreta, na literalidade do art. 1.831: “Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo
da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único
daquela natureza a inventariar”.
Questão 10
Assinale a alternativa correta.
(A) A interrupção da prescrição por um credor aproveita aos outros.
(B) A exceção possui prazo autônomo e diverso que a pretensão.
(C) A decadência convencional não e suprível por declaração judicial não
provocada.
(D) A suspensão da prescrição em favor de um dos credores solidários
aproveita incondicionalmente aos demais.
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo o art. 204: “A interrupção da prescrição
por um credor não aproveita aos outros; semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais
coobrigados”.
A alternativa B está incorreta, nos termos do art. 190: “A exceção prescreve no
mesmo prazo em que a pretensão”.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa C está correta, conforme o art. 211: “Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação”.
A alternativa D está incorreta, na dicção do art. 204, §1º: “A interrupção por
um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a interrupção
efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros”.
Questão 11
A cláusula de reserva de plenário (art. 97 CF)
a) é compatível com o controle difuso de constitucionalidade.
b) não está relacionada ao reconhecimento incidental de
inconstitucionalidade.
c) aplica-se à declaração de constitucionalidade de ato normativo do poder
público.
d) aplica-se à inconstitucionalidade superveniente.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A cláusula de reserva
de plenário é compatível com o controle difuso de constitucionalidade. De acordo com o art. 97, da CF/88, aplica-se a cláusula de reserva de plenário no controle
difuso exercido pelos tribunais.
A alternativa B está incorreta. O reconhecimento incidental é aquele que ocorre
no controle difuso haja vista que a declaração acontece prejudicialmente ao
exame do mérito do caso concreto.
A alternativa C está incorreta. Não se aplica a cláusula de reserva de plenário
quando o tribunal mantiver a constitucionalidade do ato normativo.
A alternativa D está incorreta. Somente se fala em inconstitucionalidade quando
se tratar de atos normativos posteriores ao texto constitucional.
Questão 12
No que tange à revelia e seus efeitos, assinale a alternativa correta.
a) A fluência dos prazos, independentemente de intimação, vale para o réu
que não conta com patrono nos autos e não reconvém.
b) Em ação possessória tempestivamente contestada, a irregularidade de
mandato do advogado do réu, não sanada, permite que o magistrado admita
a pretensão inicial.
c) É vedada ao revel a produção de provas, ainda que em tempo oportuno.
d) A ação de anulação de casamento não contestada induz presunção de
veracidade.
Comentários
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa A está incorreta. A fluência dos prazos, independentemente de intimação, vale para o réu que não conta com patrono nos autos, mas não vale
para o que não reconvém.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Diante da irregularidade
de representação não sanada, o juiz concede prazo para sanar o defeito, não sanada a irregularidade, declarará o réu revel, podendo admitir sua pretensão
inicial, porque ação possessória não envolve direito indisponível. Vejamos o art.
76, §1º, do NCPC:
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte,
o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que
se encontre.
A alternativa C está incorreta. De acordo com a súmula nº 231, do STF, o revel, em processo cível, pode produzir provas, desde que compareça em tempo
oportuno.
A alternativa D está incorreta. Não se operam os efeitos de presunção de
veracidade em pleitos cujo objeto consiste em direito indisponível, ou seja,
matéria de ordem pública, que sequer admite confissão.
Questão 13
Com relação à confissão, assinale a alternativa correta.
a) Em ação que verse sobre direitos indisponíveis, a confissão não faz prova
contra o confitente se desacompanhada da confissão do outro cônjuge.
b) A confissão judicial faz prova contra os litisconsortes e o confitente.
c) É meio de prova que implica presunção absoluta de veracidade.
d) É, de regra, indivisível.
Comentários
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Vejamos o art. 395, do
NCPC:
Art. 395. A confissão é, em regra, indivisível, não podendo a parte que a quiser invocar
como prova aceitá-la no tópico que a beneficiar e rejeitá-la no que lhe for desfavorável,
porém cindir-se-á quando o confitente a ela aduzir fatos novos, capazes de constituir
fundamento de defesa de direito material ou de reconvenção.
Questão 14
É correto dizer, em relação à coisa julgada, que
a) emerge da parte dispositiva da sentença não mais sujeita a recurso, salvo
a remessa necessária.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
b) não se aplica à sentença omissa.
c) para que ela se opere, deve haver dúplice identidade entre as ações.
d) a alegação de decadência do direito do autor, reconhecida em ação
cautelar, autoriza seu reconhecimento na ação principal.
Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o §4º, do art. 337, do NCPC, há
coisa julgada quando se repete ação que já foi decidida por decisão transitada
em julgado.
A alternativa B está incorreta. A sentença é considerada omissa quando o juízo
não se pronuncia sobre determinada matéria submetida à sua apreciação. Se a matéria não foi analisada pelo juízo, ou seja, se a matéria não consta na
sentença, não há que se falar em formação de coisa julgada sobre ela.
A alternativa C está incorreta. A existência de ações idênticas em curso
caracteriza litispendência e não coisa julgada.
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 310, da Lei nº 13.105/15, o
indeferimento da tutela provisória cautelar não obsta a que a parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se o motivo do
indeferimento for o reconhecimento de decadência ou de prescrição.
Questão 15
Em tema de ação rescisória, afirma-se corretamente que
a) se admite sua propositura contra sentença transitada em julgado, mesmo
que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos.
b) o prazo decadencial para a sua propositura só se inicia quando da
intimação do pronunciamento rescindendo.
c) estão impedidos juízes que participaram do julgamento rescindendo.
d) é cabível contra a sentença que resolve o mérito, quando as partes
transigirem.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Cabe ação rescisória se
a parte não esgotar todos os recursos cabíveis e deixar a sentença transitar em julgado. Segundo a súmula nº 401, do STJ, o prazo decadencial da ação rescisória
só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento
judicial.
A alternativa B está incorreta. O prazo decadencial se inicia a partir do trânsito
em julgado da decisão, independente de intimação.
A alternativa C está incorreta. De acordo com a súmula nº 252, do STF, na ação rescisória, não estão impedidos juízes que participaram do julgamento
rescindendo.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa D está incorreta. Sentença homologatória de transação enseja
ação anulatória, e não rescisória.
Questão 16
No que se refere à execução de título extrajudicial, a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que
a) o instrumento de confissão de dívida originária de contrato de abertura
de crédito em conta corrente não constitui título executivo.
b) o contrato de abertura de crédito em conta corrente é título executivo
quando acompanhado do respectivo extrato.
c) a nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito em conta
corrente não goza de autonomia.
d) o contrato de abertura de crédito em conta corrente é título executivo.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Com base na súmula nº 300, do STJ, o
instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura
de crédito, constitui título executivo extrajudicial.
As alternativas B e D estão incorretas. De acordo com a súmula nº 233, do STJ, o contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta
corrente, não é título executivo.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê a súmula
nº 258, do STJ:
Súmula 258 - A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de
autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
Questão 17
Assinale a alternativa incorreta.
a) Prescreve a execução eis que alcançado o prazo de prescrição da ação.
b) É penhorável a nua propriedade, resguardado o direito real de usufruto.
c) O saldo em PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre), de forte natureza de
poupança previdenciária, é insuscetível de penhora.
d) Instituída a cláusula de inalienabilidade, torna-se impenhorável o bem
gravado.
Comentários
A alternativa A está correta, pois é o que dispõe a súmula nº 150, do STF:
Súmula 150 - Prescreve a execução no mesmo prazo de prescrição da ação.
A alternativa B está correta. A nua propriedade pode ser objeto de penhora e
alienação em hasta pública, ficando ressalvado o direito real de usufruto,
inclusive após a arrematação ou a adjudicação, até que haja sua extinção.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa C está incorreta e é o gabarito da questão. De acordo com o STJ,
acima de 40 salários mínimos é penhorável o saldo em PGBL.
A alternativa D está correta, com base no art. 1.911, do Código Civil:
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica
impenhorabilidade e incomunicabilidade.
Questão 18
Acerca da reconvenção, assinale a alternativa correta.
a) Nas ações possessórias, o usucapião pode ser arguido pela via
reconvencional.
b) É admissível em ação declaratória de nulidade de cláusula contratual.
c) É necessária a intimação pessoal do autor reconvindo para contestá-la,
no prazo de 15 (quinze) dias.
d) A existência de causa extintiva da ação obsta ao prosseguimento da
reconvenção.
Comentários
A alternativa A está incorreta. Não é cabível reconvenção na ação de usucapião.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe a
súmula nº 258, do STF:
Súmula 258 - É admissível reconvenção em ação declaratória.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o §1º, do art. 343, do NCPC, na reconvenção a intimação não será na pessoa do autor reconvindo, mais sim na
pessoa de seu advogado.
§ 1o Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para
apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
A alternativa D está incorreta. Com base no §2º, do art. 343, da referida Lei, a
existência de causa extintiva da ação não obsta ao prosseguimento da
reconvenção.
§ 2o A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu
mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
Questão 19
No que se refere ao mandado de segurança, é correto afirmar que
a) a existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede
o uso do mandado de segurança contra omissão de autoridade.
b) é inadmissível a via mandamental para discussão judicial, em execução,
da dívida ativa da Fazenda Pública.
c) se suspende o processo de mandado de segurança se o impetrante não
promove, no prazo assinado, a intimação do litisconsorte passivo necessário.
d) é substitutivo de ação de cobrança.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme estabelece a
súmula nº 429, do STF:
Súmula 429 - A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o
uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade.
A alternativa B está incorreta. Segundo o art. 38, da LEF, a discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta
Lei, SALVO as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito
ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros
e multa de mora e demais encargos.
A alternativa C está incorreta. Com base na súmula nº 631, do STF, extingue-
se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo
assinado, a citação do litisconsorte passivo necessário.
A alternativa D está incorreta. De acordo com a súmula nº 269, do STF, o
mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança.
Questão 20
A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, com relação a honorários
advocatícios, estabelece que
a) os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em
julgado, podem ser cobrados em ação própria.
b) os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à
execução do saldo sem exclusão da legitimidade da própria parte.
c) arbitrados os honorários advocatícios em percentual sobre o valor da
causa, a correção monetária incide a partir da sentença.
d) são devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções
individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não
embargadas.
Comentários
A alternativa A está incorreta, com base na súmula nº 453, do STJ. Vejamos:
Súmula 453 - Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em
julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.
A alternativa B está incorreta, segundo a súmula nº 306, do STJ:
Súmula 306 - Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver
sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo
sem excluir a legitimidade da própria parte.
A alternativa C está incorreta, de acordo com a súmula nº 14, do STJ:
Súmula 14: Arbitrados os honorários advocatícios em percentual sobre o valor da causa, a
correção monetária incide a partir do respectivo ajuizamento.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão, pois reproduz a súmula
nº 345, do STJ.
Súmula 345 - São devidos honorários advocatícios pela Fazenda Pública nas execuções
individuais de sentença proferida em ações coletivas, ainda que não embargadas.
Questão 21
É correto afirmar que:
(A) quem já é registrado como mau pagador não pode se sentir moralmente ofendido pela inscrição de seu nome nos cadastros de proteção ao crédito,
mesmo sem a prévia notificação do interessado acerca das notificações
anteriores.
(B) na comunicação ao consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros de inadimplentes é dispensável o aviso de
recepção.
(C) a inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos cadastros de
inadimplentes pelo prazo máximo de cinco anos, independentemente da
prescrição da execução ou da ação de conhecimento para cobrança da
dívida.
(D) compete ao credor ou à instituição financeira a notificação do devedor
antes de se proceder à inscrição no cadastro de proteção ao crédito.
Comentários
Alternativa correta, letra B
A questão versa sobre tema bastante cobrado em provas de Direito do
Consumidor: banco de dados e cadastros de consumidores.
Os bancos de dados e cadastros de consumidores, a exemplo do SERASA, são
instrumentos que se destinam à proteção do crédito, instituindo-se um cadastro daqueles consumidores inadimplentes. O Código de Defesa do Consumidor em
seu artigo 43, parágrafo 4º, estabelece que tais bancos de dados possuem caráter
público:
§ 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao
crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público.
Assim, apesar do SERASA tratar-se de uma pessoa jurídica de direito privado, o
cadastro de informações relativas aos consumidores por ele mantido é considerado de caráter público. E, exatamente, por isto, será cabível o manejo
de habeas data em face de cadastros de consumidores para obtenção e retificação
de informações sobre o consumidor.
A questão cobrou diversos entendimentos já sedimentados do STJ, a saber:
• Letra A, errada, em razão da segunda parte do item que afirma a
desnecessidade de prévia notificação ao interessado, conforme Súmula
359, do STJ:
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
STJ, Súmula 359. Cabe ao órgão mantenedor do Cadastro de Proteção ao Crédito a
notificação do devedor antes de proceder à inscrição.
Percebam que a letra D também está errada por ferir a mesma Súmula do STJ,
contudo, relativamente à primeira parte, eis que cabe ao órgão mantenedor
do cadastro a notificação e não ao credor ou à instituição financeira.
• Letra B, correta, em razão do disposto na Súmula 404 do STJ:
STJ, Súmula 404 - É dispensável o aviso de recebimento (AR) na carta de comunicação ao
consumidor sobre a negativação de seu nome em bancos de dados e cadastros.
• Letra C, errada.
Isto porque o registro no cadastro de inadimplentes dos devedores deve
permanecer pelo prazo máximo de cinco anos, conforme disposto no parágrafo
1º, do artigo 43, do CDC:
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre
ele, bem como sobre as suas respectivas fontes.
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em
linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas
referentes a período superior a cinco anos.
Contudo, acaso a dívida prescreva em período inferior ao quinquênio legal,
também não poderá constar no banco de dados de consumidores.
Mas professor, a mera prescrição da pretensão executiva exige a
retirada do nome do consumidor do cadastro de inadimplentes?
Não. Esta a interpretação do STJ na Súmula 323:
STJ, Súmula 323 - A inscrição do nome do devedor pode ser mantida nos serviços de
proteção ao crédito até o prazo máximo de 5 anos, independentemente da prescrição
da execução.
Percebam que o parágrafo 5º, do artigo 43, do CDC estabelece que consumada
a prescrição da cobrança dos débitos do consumidor, o nome dele deve ser
retirado dos cadastros de inadimplentes.
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão
fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que
possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores.
Assim, independentemente da prescrição da pretensão executiva (geralmente mais curta) poderá o nome do devedor ficar registrado por um período de cinco
anos.
Contudo, acaso prescrita a pretensão da ação de cobrança, não mais poderá
constar o nome do consumidor no cadastro de inadimplentes. Assim entendeu o
STJ:
PROCESSO CIVIL - RECURSO ESPECIAL - REGISTRO EM CADASTRO NEGATIVO DE CRÉDITO
(SERASA). ARTIGO 43, PARÁGRAFOS 1º E 5º, DO CDC. PRAZO QÜINQÜENAL. PRESCRIÇÃO.
PRECEDENTES.
1 - As informações restritivas de crédito devem ser canceladas após o quinto ano do registro
(Artigo 43, § 1° do Código de Defesa do Consumidor). Precedentes.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
2 - O prazo prescricional referido no art. 43, § 5º, do CDC, é o da ação de cobrança,
não o da ação executiva. Assim, a prescrição da via executiva não proporciona o
cancelamento do registro.
3 - Precedentes: REsp. 536.833/RS; REsp 656.110/RS; REsp. 648.053/RS; REsp.
658.850/RS; REsp. 648.661/RS.
4 - Recurso conhecido e provido.
(REsp 648.528/RS, Rel. Ministro JORGE SCARTEZZINI, QUARTA TURMA, julgado em
16/09/2004, DJ 06/12/2004, p. 335)
Questão 22
Assinale a alternativa correta.
(A) O diploma consumerista é aplicável às instituições financeiras, mas não
tem aplicação na relação entre entidade de previdência privada e seus
participantes.
(B) As instituições financeiras, assim entendidas como prestadoras de serviços, respondem, independentemente da existência de culpa exclusiva
de terceiros, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos relativos à prestação de serviço.
(C) Não vulnera o Código de Defesa do Consumidor a cobrança de tarifa
básica de assinatura mensal pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
(D) Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor
incide multa moratória de até 10% do valor da prestação
Comentários
Alternativa correta, letra C. Trata-se do exato teor da Súmula 356 do STJ:
STJ, Súmula 356 - É legítima a cobrança de tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia
fixa.
A alternativa A está errada porque procura confundir o candidato com o teor de
duas súmulas do STJ:
STJ, Súmula 297 - O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições financeiras.
STJ, Súmula 563 – O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de
previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários celebrados com
entidades fechadas.
Assim, o CDC aplica-se às instituições financeiras e às entidades abertas de
previdência complementar, mas não se aplica às entidades fechadas, apenas.
A alternativa B está errada, eis que em caso de culpa exclusiva de terceiros,
não responderá o fornecedor de serviços, por se tratar de uma excludente de
responsabilidade.
Trata-se, inclusive, de previsão do inciso II, do parágrafo 3º, do artigo 14, do
CDC:
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos
serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Por fim, a alternativa D está errada por contrariar a Súmula 285 do STJ:
STJ, Súmula 285 - Nos contratos bancários posteriores ao Código de Defesa do Consumidor
incide a multa moratória nele prevista.
Ora, o parágrafo 1º, do artigo 52, do CDC estabelece que:
§ 1° As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigações no seu termo não
poderão ser superiores a dois por cento do valor da prestação.
Assim, nos contratos bancários posteriores ao CDC, a multa de mora não poderá
ser superior a 02% (dois por cento).
Questão 23
Assinale a alternativa correta, no que concerne ao tema da oferta.
(A) Descabe a responsabilidade solidária do fornecedor por ato de seu
representante autônomo.
(B) O fornecedor, em caso de descumprimento da oferta, poderá exigir que
o consumidor rescinda o contrato, restituindo-lhe o valor pago,
monetariamente atualizado, além das perdas e danos.
(C) Em caso de oferta ou venda por reembolso postal, constarão o nome do
fabricante e endereço na publicidade utilizada na transação comercial.
(D) Cessada a produção, a oferta de componentes, via de regra, deverá ser
mantida por noventa dias.
Comentários
Alternativa correta, letra C.
A oferta é a proposta feita pelo fornecedor aos consumidores quanto aos seus
produtos e/ou serviços. Para o CDC, a oferta está intimamente ligada ao marketing, sendo certo que a oferta possui valor contratual, obrigando o
fornecedor quanto ao seu conteúdo.
Trata-se de tema regulado pelos artigos 30 e seguintes do CDC.
A alternativa A está errada por contrariar frontalmente o disposto no artigo 34
do CDC:
Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é solidariamente responsável pelos atos de seus
prepostos ou representantes autônomos.
Já a letra B está errada por confundir um direito do consumidor com um direito
do fornecedor.
Ora, em caso de descumprimento da oferta, o consumidor terá direito de optar,
dentre outras alternativas, pela devolução do valor pago. Assim, nos termos do artigo 35, do CDC, não é o fornecedor quem irá determinar a escolha do
consumidor:
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,
apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou
publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço equivalente;
III - rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia eventualmente antecipada,
monetariamente atualizada, e a perdas e danos.
Já a letra D está errada em razão do artigo 32, parágrafo único, do CDC, dispor
que o fornecedor deverá manter o estoque por prazo razoável, não
estabelecendo período mínimo:
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão assegurar a oferta de componentes e peças
de reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação do produto.
Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação, a oferta deverá ser mantida por
período razoável de tempo, na forma da lei.
Por fim, a letra C está correta por retratar o disposto no artigo 33 do CDC. Este,
exige que a embalagem, a publicidade e todos os impressos utilizados na
transação comercial constem o nome do fabricante e endereço.
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou reembolso postal, deve constar o nome
do fabricante e endereço na embalagem, publicidade e em todos os impressos utilizados na
transação comercial.
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e serviços por telefone, quando a chamada
for onerosa ao consumidor que a origina.
Questão 24
Em tema de abusividade contratual, é correto afirmar que
(A) a nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato,
desde que não caracterizada a onerosidade excessiva.
(B) é válida a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário
vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.
(C) a estipulação de juros moratórios superiores a 12% ao ano, por si só,
não indica abusividade.
(D) se admite limitação temporal de internação hospitalar do segurado em
contrato de plano de saúde.
Comentários
Alternativa correta, letra A.
Trata-se do disposto no parágrafo 2º, do artigo 51, do CDC:
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva não invalida o contrato, exceto quando
de sua ausência, apesar dos esforços de integração, decorrer ônus excessivo a qualquer das
partes.
A letra B está errada por ferir o disposto na Súmula 60 do STJ:
STJ, Súmula 60 - É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado
ao mutuante, no exclusivo interesse deste.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Já a letra C está errada por ferir a Súmula 382, do STJ que trata de juros
remuneratórios e não juros moratórios:
STJ, Súmula 382 - A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si
só, não indica abusividade.
Por fim, a letra D está errada por ferir a Súmula 302 do STJ:
STJ, Súmula 302 - É abusiva a cláusula contratual de plano de saúde que limita no tempo
a internação hospitalar do segurado.
Questão 25
Quanto à coisa julgada e seus efeitos, conforme previstos no CDC, é correto
afirmar que
(A) as hipóteses de efeito ultra partes relacionam-se à ação coletiva que
tratar de interesses ou direitos individuais homogêneos.
(B) se aplicam as regras da coisa julgada não só aos direitos do consumidor,
mas também à tutela de interesses difusos ou coletivos de outras espécies
que não consumeristas.
(C) os efeitos da sentença penal definitiva não são extensíveis aos direitos
difusos e coletivos, notadamente no que se refere à reparação de danos.
(D) a sentença fará coisa julgada erga omnes se o pedido for julgado
improcedente por falta de provas.
Comentários
Alternativa correta, letra B.
Isto porque o CDC faz parte de um microssistema da tutela coletiva e as
disposições processuais aplicáveis às relações de consumo aplicam-se à tutela de
direitos difusos e coletivos de outras espécies não consumeristas.
A alternativa A está errada, uma vez que o efeito ultra partes do processo
coletivo aplica-se aos direitos coletivos em sentido estrito e não aos direitos individuais homogêneos, conforme se depreende da leitura conjugada dos artigos
81, parágrafo único, inciso II e 103, inciso II, ambos do CDC:
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista
no inciso II do parágrafo único do art. 81;
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser
exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de
pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
A alternativa C está errada, uma vez que a sentença penal procedente
impactará sim em benefício dos lesados, conforme se depreende da leitura dos
parágrafos 3º e 4º, do artigo 103, do CDC:
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n°
7.347, de 24 de julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos
pessoalmente sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas,
se procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão proceder à
liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória.
Por fim, a letra D está errada, uma vez que se a sentença for julgada
improcedente por falta de provas, ela não fará coisa julgada e poderá a demanda
ser intentada novamente por qualquer legitimado, baseado em prova nova.
Trata-se de interpretação dos incisos do artigo 103, do CDC:
Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa julgada:
I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por insuficiência de provas,
hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação, com idêntico fundamento
valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do art. 81;
II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso anterior, quando se tratar da hipótese prevista
no inciso II do parágrafo único do art. 81;
III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas as vítimas
e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
Questão 26
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-
tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados,
sem prejuízo de outras providências legais,
a) ao Conselho Tutelar da respectiva localidade.
b) ao Hospital Regional Infantil responsável pelo domicílio da criança.
c) às Varas de Violência Doméstica para o cadastramento do domicílio.
d) ao Juiz Corregedor da Comarca para a viabilização da adoção.
Comentários
De acordo com o art. 13, do ECA, os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou
adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da
respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
Portanto, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão.
Questão 27
Quando o adolescente for apreendido em flagrante de ato infracional, será
encaminhado
a) à sua residência, uma vez que não é permitido prender o adolescente sem
que o policial esteja acompanhado de um membro do conselho tutelar.
b) aos familiares desde que esteja matriculado em escola da rede pública.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
c) à autoridade policial competente.
d) à autoridade judiciária.
Comentários
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Quando o adolescente
for apreendido em flagrante de ato infracional, será encaminhado à autoridade
policial competente. Vejamos o art. 172, da Lei nº 8.069/90:
Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infracional será, desde logo,
encaminhado à autoridade policial competente.
Questão 28
O Estatuto da Criança e do Adolescente, acrescido pela Lei nº 12.010, de
2009, menciona que toda criança que estiver inserida em programa de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação reavaliada por equipe
interprofissional ou multiprofissional, no máximo, a cada
a) 4 (quatro) meses, e a permanência não se prolongará por mais de 1 (um)
ano, salvo comprovado abandono afetivo.
b) 12 (doze) meses, e a permanência não se prolongará por mais de 6 (seis)
meses, salvo comprovada incapacidade física ou mental da criança.
c) 2 (dois) meses, e a permanência não se prolongará por mais de 3 (três)
anos, salvo determinação do Ministério Público.
d) 6 (seis) meses, e a permanência não se prolongará por mais de 2 (dois)
anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse.
Comentários
De acordo com os §§ 1º e 2º, do art. 19, do ECA, toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar ou institucional terá
sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 meses, e a permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional não se prolongará
por mais de 2 anos, salvo comprovada necessidade que atenda ao seu superior
interesse. Vejamos:
§ 1o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em programa de acolhimento familiar
ou institucional terá sua situação reavaliada, no máximo, a cada 6 (seis) meses, devendo
a autoridade judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamentada pela possibilidade de
reintegração familiar ou colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades
previstas no art. 28 desta Lei.
§ 2o A permanência da criança e do adolescente em programa de acolhimento institucional
não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo comprovada necessidade que atenda
ao seu superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade judiciária.
Questão 29
Tendo como base o Estatuto da Criança e do Adolescente, assinale a
alternativa correta sobre as medidas da Adoção e do Estágio de Convivência.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
a) O adolescente pode ser ouvido judicialmente apenas para a apuração de
seu interesse em cumprir o estágio de convivência.
b) A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização
do estágio de convivência.
c) O estágio de convivência nunca poderá ser dispensado ainda que o
adotando já esteja sob a tutela ou guarda legal do adotante.
d) Nos casos envolvendo adoção por pessoa ou casal domiciliado fora do
País, o estágio de convivência deverá ser cumprido por no mínimo 90 dias.
Comentários
A alternativa A está incorreta. De acordo com o art. 28, §1º, do ECA, sempre que possível, a criança ou o adolescente será previamente ouvido por equipe
interprofissional, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e terá sua opinião devidamente
considerada.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o
§2º, do art. 46, da referida Lei:
§ 2o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa da realização do estágio
de convivência.
A alternativa C está incorreta. Segundo o §1º, do art. 46, da Lei nº 8.069/90, o estágio de convivência poderá ser dispensado se o adotando já estiver sob a
tutela ou guarda legal do adotante durante tempo suficiente para que seja
possível avaliar a conveniência da constituição do vínculo.
A alternativa D está incorreta. Com base no §3º, do art. 46, da referida Lei, em
caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domiciliado fora do País, o estágio de convivência, cumprido no território nacional, será de, no mínimo, 30
dias.
Questão 30
A condenação criminal de um pai ou de uma mãe, para efeitos relativos aos
cuidados e guarda da criança ou adolescente,
a) obriga o Estado a garantir as visitas da criança em local monitorado por
equipe interdisciplinar das Varas da Infância e Juventude ou da Família.
b) não implica a destituição do poder familiar, exceto na hipótese de
condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o próprio
filho ou filha.
c) impõe a imediata destituição do poder familiar e o encaminhamento do
filho ou da filha para família substituta ou acolhimento institucional.
d) implica sempre a suspensão e a posterior destituição do poder familiar
independentemente do crime cometido.
Comentários
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, pois é o que dispõe o
§2º, do art. 23, do ECA:
§ 2o A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a destituição do poder familiar,
exceto na hipótese de condenação por crime doloso, sujeito à pena de reclusão, contra o
próprio filho ou filha.
Questão 31
Em matéria de ação penal, a decadência apresenta diferentes efeitos. Sobre
isso, é correto afirmar que
(A) condiciona o agir do Ministério Público à condição de procedibilidade do
ofendido em face do ofensor.
(B) na ação penal pública condicionada à representação, impede que a vítima
apresente queixa-crime.
(C) sendo ação penal privada, ataca imediatamente o direito de agir do
ofendido, e o Estado perde a pretensão punitiva.
(D) na ação privada, atinge o direito de o ofendido representar, e este não
pode mais agir.
Comentários
a) ERRADA: Item errado, pois não é a decadência que condiciona o agir do MP, e
sim a representação do ofendido.
b) ERRADA: Item errado, pois na ação penal pública condicionada não é a vítima
quem ajuíza a ação penal, e sim o MP.
c) CORRETA: Item correto, pois na ação penal privada a vítima decai do direito
de queixa se não o exercer no prazo decadencial de seis meses, ocorrendo, neste
caso, a extinção da punibilidade, nos termos do art. 38 do CPP.
d) ERRADA: Item errado, pois isso ocorre na ação penal pública condicionada à
representação do ofendido.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
Questão 32
A mídia tem noticiado casos em que trabalhadores, em sua grande maioria estrangeiros, são submetidos a trabalhos forçados e jornadas exaustivas,
configurando assim o crime de redução à condição análoga à de escravo.
Sobre esse delito, assinale a alternativa que não o tipifica.
(A) Recusar o fornecimento de alimentação ou água potável.
(B) Restringir sua locomoção em razão de dívida contraída com o preposto.
(C) Vigilância ostensiva no local de trabalho.
(D) Apoderar-se de documentos ou objetos pessoais do trabalhador com o
fim de retê-lo no local de trabalho.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Comentários
O crime de redução à condição de análoga à de escravo está previsto no art. 149
do CP:
Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos
forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho,
quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o
empregador ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
(Redação dada pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de
retê-lo no local de trabalho; (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou
objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído
pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Vemos, assim, que apenas a alternativa A traz uma hipótese que não tipifica o
delito.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
Questão 33
A respeito da retratação nos crimes contra a honra, pode-se afirmar que fica
isento de pena o querelado que, antes da sentença, retrata-se cabalmente
(A) da calúnia ou difamação.
(B) da calúnia, injúria ou difamação.
(C) da injúria ou difamação.
(D) da calúnia ou injúria.
Comentários
Fica isento de pena o querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente
da calúnia ou da difamação, nos termos do art. 143 do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
Questão 34
No arrependimento posterior, o agente busca atenuar os efeitos da sua
conduta, sendo, portanto, causa geral de diminuição de pena. Sobre esse
instituto, assinale a alternativa correta.
(A) A grave ameaça não o tipifica.
(B) Pode ocorrer em crime cometido com violência, desde que o agente se
retrate até a sentença.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(C) O dano não precisa ser reparado quando o crime foi sem violência.
(D) Deve operar-se até o recebimento da denúncia ou queixa.
Comentários
O arrependimento posterior ocorre quando o agente, nos crimes cometidos sem
violência ou grave ameaça à pessoa, repara o dano ou restitui a coisa, até o
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário. Neste caso, a pena
será reduzida de um a dois terços, nos termos do art. 16 do CP.
A letra A é bastante nebulosa, dando margem para anulação, já que não há
arrependimento posterior se se trata de crime praticado com grave ameaça À
PESSOA. A alternativa não fala “grave ameaça à pessoa”, talvez por isso tenha
sido dada como incorreta.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
Questão 35
À luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa
correta.
(A) Não há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, mas o
agente não realiza a subtração de bens da vítima.
(B) Admite-se a suspensão condicional do processo por crime continuado, se
a soma da pena mínima da infração mais grave com o aumento mínimo de
um sexto for superior a um ano.
(C) A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o
permitido segundo a pena aplicada.
(D) A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime
permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da
permanência.
Comentários
a) ERRADA: Item errado, pois o STF possui entendimento sumulado em sentido
diverso, ou seja, no sentido de que, neste caso, o crime é consumado (súmula
610 do STF).
b) ERRADA: Item errado, pois se admite a suspensão condicional do processo por
crime continuado, se a soma da pena mínima da infração mais grave com o
aumento mínimo de um sexto NÃO FOR superior a um ano (súmula 723 do STF).
c) ERRADA: Item errado, pois a opinião do julgador sobre a gravidade em
abstrato do crime NÃO CONSTITUI motivação idônea para a imposição de regime
mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada, nos termos da súmula
718 do STF.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
d) CORRETA: Item correto, pois este é o entendimento do STF, conforme consta
no enunciado 711 da súmula de sua jurisprudência.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
Questão 36
Segundo a jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça,
assinale a alternativa correta.
(A) O tempo de duração da medida de segurança pode ultrapassar o máximo
da pena abstratamente cominada ao delito praticado.
(B) A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é
atípica, ainda que em situação de alegada autodefesa.
(C) É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da
existência ou sorte do processo penal.
(D) É admissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a
majorante de roubo.
Comentários
a) ERRADA: Item errado, pois o tempo de duração da medida de segurança NÃO
pode ultrapassar o máximo da pena abstratamente cominada ao delito praticado,
nos termos da súmula 527 do STJ.
b) ERRADA: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial
é TÍPICA, ainda que em situação de alegada autodefesa, nos termos da súmula
522 do STJ.
c) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão contida na súmula 438
do STJ.
d) ERRADA: Item errado, pois é INADMISSÍVEL aplicar, no furto qualificado, pelo
concurso de agentes, a majorante prevista para o roubo, conforme súmula 442
do STJ.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
Questão 37
Quanto ao crime de extorsão mediante sequestro, pode-se afirmar que
(A) se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzida
de 1 (um) a 2/3 (dois terços).
(B) a vantagem almejada com a extorsão é necessariamente o pagamento
do preço do resgate.
(C) se resultar em morte da vítima, tipifica homicídio.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(D) a pena é aumentada quando o sequestro superar, no mínimo, 48 horas.
Comentários
a) CORRETA: Item correto, pois esta é a exata previsão do art. 159, §4º do CP.
B) ERRADA: Item errado, pois a vantagem pode ser almejada como condição do
resgate.
c) ERRADA: Item errado, pois neste caso teremos o crime de extorsão mediante
sequestro qualificado pelo resultado morte, art. 159, §3º do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois a pena será mais grave (forma qualificada) quando
o sequestro durar mais de 24h, nos termos do art. 159, §1º do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
Questão 38
No crime de falso testemunho ou falsa perícia,
(A) a conduta é tipificada quando realizada apenas em processo penal.
(B) incide-se no crime quando a afirmação falsa é feita em juízo arbitral.
(C) a pena aumenta da metade se o crime é praticado mediante suborno.
(D) a retratação do agente, antes da sentença em que ocorreu o falso
testemunho, é causa de diminuição de pena.
Comentários
a) ERRADA: O crime de falso testemunho se verifica quando a conduta é praticada
em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral,
nos termos do art. 342 do CP.
b) CORRETA: Item correto, pois o crime de falso testemunho se verifica quando
a conduta é praticada em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial,
ou em juízo arbitral, nos termos do art. 342 do CP.
c) ERRADA: Item errado, pois neste caso a pena é aumentada de um sexto a um
terço, nos termos do art. 342, §1º do CP.
d) ERRADA: Item errado, pois a retratação do agente, neste caso, é causa de
extinção da punibilidade, nos termos do art. 342, §2º do CP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
Questão 39
O afilhado que cuida e tem a função de curador de sua madrinha, esta com 65 anos de idade, acometida de Alzheimer, vendeu imóvel da ofendida por
R$ 80.000,00, recebendo, inicialmente, R$ 20.000,00. Quando foi lavrada a
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
escritura pública, o curador recebeu o restante do pagamento, no importe
de R$ 60.000,00, apropriando-se do numerário. Assim,
(A) o afilhado é isento de pena por ter praticado o delito em prejuízo de
ascendente.
(B) o comportamento do afilhado caracteriza o crime de estelionato, na
modalidade de abuso de incapazes.
(C) o comportamento do afilhado caracteriza o crime de apropriação
indébita, agravado em face da qualidade de curador.
(D) o comportamento do afilhado caracteriza o crime de apropriação,
previsto no Estatuto do Idoso.
Comentários
O agente, neste caso, não será considerado isento de pena, tendo praticado o
crime de apropriação de bens de idoso, previsto no art. 102 do Estatuto do Idoso.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
Questão 40
Profissional nomeado pela assistência judiciária para atuar como defensor dativo ingressa com ação contra o INSS, em favor da parte para a qual foi
constituído, e posteriormente faz o levantamento do valor devido. Contudo,
não repassou o dinheiro à parte, cometendo o delito de
(A) peculato, tendo em vista apropriar-se de dinheiro ou valor de que tem a
posse em razão do cargo.
(B) furto mediante fraude, pois abusou da confiança da vítima.
(C) prevaricação, considerando que retardou ou deixou de praticar,
indevidamente, ato de ofício.
(D) apropriação indébita, uma vez que tinha a posse ou detenção do
numerário.
Comentários
Aqui há controvérsia. Há forte parcela doutrinária e jurisprudencial no sentido de
que o agente, neste caso, não é considerado funcionário público para fins penais,
exercendo mero múnus público. Todavia, há decisão do STJ (RHC 33133/SC) no
sentido de tratar-se o advogado dativo (aquele indicado pelo Juiz para a defesa
de uma causa específica, com remuneração paga pelo Estado) de funcionário
público para fins penais.
Caberia, portanto, a anulação.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
Questão 41
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A liberdade provisória, assegurada pela Constituição Federal e pelo Código de Processo Penal, não pode depender de um ato meramente discricionário
do magistrado. Assim, a decisão deve conter a
(A) desnecessidade da manutenção da prisão apenas no momento
processual.
(B) fundamentação sucinta e sem análise que prejudique o interesse do
mérito.
(C) invocação, ainda que formal, dos dispositivos ensejadores de sua
concessão.
(D) demonstração concreta que impõe a privação da liberdade antes da
decisão de mérito.
Comentários
A Banca considerou a letra D como correta. Todavia, a questão deveria ter sido
anulada, pois a resposta externada na letra D estaria correta se estivéssemos
falando da decisão que NEGA a liberdade provisória, mas o enunciado não trata
disso, fala apenas da decisão sobre a liberdade provisória. Assim, é incorreto falar
que o Juiz, ao decidir pela liberdade provisória, deve proceder a uma
demonstração concreta das razões que impõem a privação da liberdade antes da
decisão de mérito, pois isso é necessário para a decretação da PRISÃO
CAUTELAR, não da liberdade provisória.
Portanto, letra D correta, mas DEVERIA SER ANULADA.
Questão 42
O princípio do in dubio pro sociedade não altera a presunção de inocência,
mas permite que a pronúncia seja decretada
(A) por ocasião da fase da pronúncia, quando vigora o princípio do in dubio
pro reo.
(B) por mero juízo de admissibilidade, não sendo necessária prova
incontroversa do crime.
(C) pelo conselho de sentença, que irá analisar o juízo de admissibilidade da
acusação.
(D) porque o juízo de certeza é do presidente do tribunal do júri.
Comentários
Na decisão de pronúncia o Juiz ainda não possui prova incontroversa acerca do
que consta na denúncia, devendo haver prova da materialidade e indícios de
autoria, estando o Juiz autorizado a, neste caso, pronunciar o acusado, pois neste
caso temos uma mera decisão de admissibilidade, não de mérito, que ainda virá
a ser analisado pelo Conselho de Sentença.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA B.
Questão 43
A confissão do acusado no processo penal
(A) só pode ser admitida se houver outras provas.
(B) para ter validade, deve ser apresentada na polícia e em juízo.
(C) pode ser considerada válida ainda que feita somente na fase
extrajudicial.
(D) nunca será tida como valor probante se houver posterior retratação
judicial.
Comentários
A confissão pode ser feita tanto em juízo quanto fora dele, nos termos do art.
199 do CPP. Todavia, não tem a confissão um valor absoluto, de modo que o Juiz
pode deixar de considerá-la se houver outras provas em sentido contrário (art.
197 do CPP). Por fim, mesmo havendo retratação, o Juiz pode considerar a
confissão, nos termos do art. 200 do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
Questão 44
A sentença de transação penal, nos termos do artigo 76, parágrafo 5o, da
Lei no 9.099/95, tem as seguintes características:
(A) tem natureza homologatória e não faz coisa julgada material.
(B) tem natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada apenas
material.
(C) possui natureza condenatória e gera eficácia de coisa julgada formal e
material.
(D) possui natureza absolutória e não faz coisa julgada formal e material.
Comentários
A sentença que homologa a transação penal tem natureza homologatória e não
faz coisa julgada material, ou seja, havendo descumprimento das condições ali
impostas, pode ser retomada a persecução penal, nos termos da súmula
vinculante 35:
SÚMULA VINCULANTE 35
A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA A.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Questão 45
A formação da convicção do magistrado no processo penal tem por base
inúmeros elementos. Assinale a alternativa que contenha elementos que vão
ao encontro da sistemática do Código de Processo Penal como um todo.
(A) Vinculação das provas do processo à sua própria consciência e verdade
formal.
(B) Livre convencimento e verdade material.
(C) Livre convencimento e motivação da decisão.
(D) Hierarquia prefixada de provas e livre apreciação dos elementos
constatados nos autos.
Comentários
O sistema processual penal brasileiro adota, como critério de valoração das
provas, o sistema do livre convencimento fundamentado (ou baseado em
provas), de forma que o Juiz é livre para formar seu convencimento de acordo
com as provas dos autos, mas deve fundamentar sua decisão, nos termos do art.
155 do CPP.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
Questão 46
Reeducanda que cumpre pena em regime fechado obteve a remição, pelo
trabalho, de 37 dias de sua pena. Assim, os dias remidos serão computados
(A) do total da reprimenda e não considerados como pena efetivamente
cumprida.
(B) de parte da pena e considerada apenas essa parcela da reprimenda como
descontada.
(C) da integralidade da condenação, e a remissão computada como pena
resgatada.
(D) da totalidade da pena, sendo considerado apenas o quantum que foi
cumprido.
Comentários
ANULADA
Questão 47
Um sentenciado cumpria pena em regime fechado, quando sobreveio nova condenação, com substituição da pena privativa de liberdade por restritiva
de direitos.
Portanto, deve o magistrado
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(A) somar a nova condenação ao restante da pena que está sendo cumprida,
desconsiderando a restritiva de direitos.
(B) reconverter a restritiva de direitos em privativa de liberdade, mantendo
o cumprimento isolado de cada pena imposta.
(C) reconverter a restritiva de direitos em privativa de liberdade, unificando
as reprimendas.
(D) manter a restritiva de direitos suspensa, para que seja cumprida a
privativa de liberdade em primeiro lugar.
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Deve o magistrado reconverter a restritiva de direitos em privativa de liberdade, unificando as
reprimendas. De acordo com a jurisprudência desta Corte, a conversão das penas alternativas em privativa de liberdade, pelo Juízo das Execuções, restringe-se ao
eventual descumprimento injustificado de quaisquer das obrigações impostas pelo art. 44, § 4º, do CP, combinado com o art. 181 da LEP, ou quando, em
superveniente condenação, por outro crime, houver incompatibilidade com a
reprimenda corporal aplicada no art. 44, § 5º, do mesmo dispositivo legal.
Questão 48
Conforme o artigo 41, do Código de Processo Penal, “A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a
qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas”.
Portanto, a peça acusatória
(A) precisa apresentar algumas das condutas alegadamente praticadas pelo
agente.
(B) deve descrever os fatos ilícitos, ainda que não em sua totalidade.
(C) pode conter elementos que sejam prescindíveis, mas relevantes para a
imputação.
(D) necessita trazer a descrição do comportamento delituoso de forma
escorreita.
Comentários
A alternativa correta é a letra D, eis que a inicial acusatória, de fato, deve trazer
a descrição correta do comportamento delituoso. A letra C não está correta, eis
que se os elementos são relevantes para a imputação, não são dispensáveis.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA D.
Questão 49
Um réu foi condenado à pena de dois anos e quatro meses de reclusão pelo crime de furto mediante fraude, embora ainda no curso da instrução já
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
existissem elementos indicativos de que outra seria a conduta e a definição
jurídica do fato delituoso. Em sede de apelação, o Tribunal de Justiça deverá
(A) anular o processo para que haja a modificação da descrição do fato em
primeira instância.
(B) absolver o acusado em face do descompasso entre a imputação e a
condenação.
(C) determinar vista para que o Ministério Público adite a denúncia, no prazo
de 05 dias.
(D) atribuir definição jurídica diversa daquela realizada anteriormente.
Comentários
Neste caso, não pode o Tribunal aplicar o instituto da mutatio libelli, pois este
instituto não é cabível na segunda instância, nos termos da súmula 453 do STF.
Assim, só resta ao Tribunal anular a sentença e determinar o retorno dos autos
à primeira instância ou absolver o acusado. E é aí que reside a discussão
doutrinária.
Assim, apesar de a alternativa dada como correta ser a letra B, por haver
divergência doutrinária, o mais correto seria a anulação da questão, face à
possibilidade de consideração da letra A.
Portanto, a questão deveria ser ANULADA.
Questão 50
No julgamento pelo Tribunal do Júri, havendo condenação pelo crime de homicídio doloso por motivo fútil, a defesa recorre e requer a absolvição
alegando a ocorrência de decisão contrária à prova dos autos. A apelação
será desprovida com base no seguinte:
(A) o Conselho de Sentença decidiu de forma unânime e não cabe alteração.
(B) as decisões do Tribunal do Júri são soberanas e somente em casos de
nulidade podem ser revistas.
(C) os jurados adotaram uma das vertentes possíveis e optaram por uma
das versões apresentadas.
(D) o veredicto será alterado apenas quando a decisão for tomada por
maioria e não por unanimidade.
Comentários
Trata-se de questão muito mal elaborada. Presume-se que havia prova suficiente
para a adoção da tese de que houve homicídio qualificado, de forma que não
caberia absolvição. Ok. Todavia, por exclusão é possível concluir que a letra C é
a menos errada, já que as letras A e D são flagrantemente erradas, já que não
há menção à decisão unânime e mesmo a decisão unânime é passível de
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
anulação. Com relação à letra B, está errada porque cabe revisão em caso de
decisão flagrantemente contrária à prova dos autos, nos termos do art. 593, III,
d, do CPP, de forma que fica evidente que a revisão não ocorrerá apenas em caso
de nulidade.
Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA É A LETRA C.
Questão 51
O “constitucionalismo moderno”, com o modelo de Constituições normativas,
tem sua base histórica
a) a partir das revoluções Americana e Francesa.
b) a partir da Magna Carta inglesa e no Bill of Rights da Inglaterra.
c) com o advento do “Estado Constitucional de Direito”, com uma
Constituição rígida, estabelecendo limites e deveres aos legisladores e
administradores.
d) a partir das Constituições do México e de Weimar, ao estabelecer o
denominado “constitucionalismo social”.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. O “constitucionalismo moderno”, com o modelo de Constituições normativas, tem sua base histórica a
partir das revoluções Americana de 1787 e a Francesa de 1791, movimento este deflagrado durante o Iluminismo e concretizado como uma contraposição ao
absolutismo reinante, por meio do qual se elegeu o povo como titular legítimo do
poder.
A alternativa B está incorreta. O constitucionalismo medieval tem seu marco
histórico em 1215, com a Magna Carta inglesa.
A alternativa C está incorreta, pois se trata do neoconstitucionalismo.
A alternativa D está incorreta, tendo em vista que essas são as constituições
sociais.
Questão 52
A expressão “constitucionalização do Direito” tem, de modo geral, sua
origem identificada pela doutrina
a) na Constituição Federal brasileira de 1988, com seu conteúdo analítico e
casuístico.
b) nos julgamentos dos MI 712/PA, 670/ES e 708/DF, pelo Supremo Tribunal Federal, alterando entendimento anterior para reconhecer sua competência
para editar texto normativo diante da omissão legislativa, a fim de
concretizar previsão constitucional.
c) nos EUA, com o precedente firmado no julgamento do caso Marbury v.
Madison, em 1803.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
d) na Alemanha, especialmente sob a égide da Lei Fundamental de 1949.
Comentários
A alternativa A está incorreta. A expressão “constitucionalização do Direito” não
surgiu com a CF/88, e sim na Alemanha, em 1949.
A alternativa B está incorreta, pois não surgiu no Brasil. Ademais, o STF não
tem competência para editar texto normativo.
A alternativa C está incorreta. O caso Marbury v. Madison não é referência para
a constitucionalização do direito, mas sim para o controle de constitucionalidade
difuso exercido pelo Poder Judiciário.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A "constitucionalização do Direito" surge com o neoconstitucionalismo, que tem seu marco histórico em
1949, com a promulgação da Lei Fundamental de Bonn, a atual constituição
alemã.
Questão 53
Conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da Rcl 4345/AC, na declaração de inconstitucionalidade de lei em sede de controle
difuso, os efeitos da decisão
a) não podem ter caráter geral em relação aos Tribunais Estaduais, e a
Súmula Vinculante 10 (cláusula de reserva de plenário) impede a declaração de inconstitucionalidade de lei por órgão fracionário do Tribunal ou pelas
Turmas Recursais dos Juizados Especiais.
b) se tiverem reconhecida a sua eficácia geral, a vinculação ao decidido
limita-se à parte dispositiva daquela decisão.
c) podem gerar efeitos gerais, ultra partes, assemelhados a um caráter
vinculante.
d) podem ter efeito geral em relação aos Juízes e Tribunais Estaduais se e
quando convertidos em Súmulas Vinculantes.
Comentários
Essa questão segue entendimento específico do Min. Gilmar Mendes, exarado na Rcl. 4335/AC1:
Reclamação. 2. Progressão de regime. Crimes hediondos. 3. Decisão reclamada aplicou o
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, declarado inconstitucional pelo Plenário do STF no HC
82.959/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, DJ 1.9.2006. 4. Superveniência da Súmula Vinculante
n. 26. 5. Efeito ultra partes da declaração de inconstitucionalidade em controle difuso.
Caráter expansivo da decisão. 6. Reclamação julgada procedente.
1 Rcl 4335, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 20/03/2014, DJe-208
DIVULG 21-10-2014 PUBLIC 22-10-2014 EMENT VOL-02752-01 PP-00001
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Não obstante a questão adotar entendimento não dominante no STF e ainda efetuar referência ao julgado incorreto, a banca não anulou a questão e manteve como correta a alternativa C.
Questão 54
Reconhecida a força normativa do texto constitucional e aceita a
sistematização proposta por Robert Alexy, é correto afirmar que os direitos
fundamentais previstos
a) têm natureza prestacional quando correspondem aos denominados
direitos positivos.
b) têm natureza prestacional, desde que correspondentes aos denominados
direitos fundamentais da segunda “dimensão”.
c) têm todos natureza prestacional, em suas diferentes “dimensões”.
d) têm natureza prestacional, desde que vinculados à proteção da liberdade
e da saúde.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, pois afirma que será prestacional quando corresponderem aos direito positivos, ou seja, olha a
natureza prestacional do ponto de vista dos sujeitos, passivos e ativos, e não sob
o olhar de gerações ou dimensões.
A alternativa B está incorreta. Não se trata de dimensão, mas de direitos
positivos, negativos ou garantidores.
A alternativa C está incorreta. Não são todos que têm natureza prestacional
(positiva).
A alternativa D está incorreta. Não se pode afirmar que só tem natureza prestacional quanto a saúde e liberdade. Existem outros, como assistência
judiciária gratuita, alimentos, informações.
Questão 55
Ao analisar decisões do Supremo Tribunal Federal na aplicação do princípio
da igualdade, por exemplo na ADPF 186/DF (sistema de cotas para ingresso
nas universidades públicas), é correto afirmar que
a) o princípio da igualdade é absoluto no que se refere à igualdade de gênero.
b) a diferença salarial entre servidores com igual função em diferentes entes
públicos não se sustenta diante do princípio da isonomia, a justificar revisão
por parte do Judiciário.
c) as discriminações positivas correspondem a maior efetividade ao princípio
da igualdade.
d) a Constituição Federal não estabelece distinção entre igualdade formal e
material.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Comentários
A alternativa A está incorreta. A igualdade será relativa, e não absoluta.
A alternativa B está incorreta. O art. 37, XIII, da CF/88, veda a equiparação de qualquer natureza para o efeito de remuneração do pessoal do serviço público,
sendo juridicamente impossível a aplicação da norma infraconstitucional prevista no art. 461, da CLT quando se pleiteia equiparação salarial entre servidores
públicos, independentemente de terem sido contratados pela CLT.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. As discriminações positivas consistem em políticas públicas ou programas privados desenvolvidos
com a finalidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discriminações ou de uma hipossuficiência, econômica ou física, por meio da concessão de algum
tipo de vantagem compensatória de tais condições.
A alternativa D está incorreta. A Constituição consagra a igualdade formal,
conforme prevê caput do art. 5º, da CF/88:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Ao mesmo tempo em que impõe a busca por uma igualdade material, conforme
se depreende de vários dispositivos, como os que consagram direitos sociais,
como estabelece o art. 6º:
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o
transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância,
a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
E, de acordo com o art. 3º, III, o que aponta a 'redução das desigualdades' sociais e regionais como um dos objetivos fundamentais da República Federativa do
Brasil.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
Questão 56
Diante de informação relativa a iminente publicação de matéria considerada
ofensiva à intimidade e à honra de autoridade pública em jornal local, nos
termos definidos pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADPF
130/DF, é possível conceder ordem judicial que
a) proíba a circulação da publicação jornalística considerada ofensiva, com
base no art. 5º , V e X, da Constituição Federal.
b) assegure, após configurado o dano causado à honra e à intimidade, a sua
reparação.
c) imponha alteração do conteúdo da matéria a ser divulgada, a fim de riscar
ou suprimir expressões ofensivas à honra e à intimidade da vítima.
d) proíba a inserção da matéria considerada ofensiva naquela publicação
jornalística, embora autorizada sua circulação.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Comentários
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. O direito de resposta,
que se manifesta como ação de replicar ou de retificar matéria publicada é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra objetiva, ou então
subjetiva, conforme estampado no art. 5º, V, da Constituição Federal.
Questão 57
A divulgação, nos sites dos respectivos órgãos administrativos, de nomes e
vencimentos de servidores públicos, observado o decidido pelo Supremo
Tribunal Federal no julgamento do ARE 652.777, é medida que
a) deve ser reconhecida como legítima diante dos princípios constitucionais
que regulam a atividade pública e da Lei federal nº 12.527/11.
b) deve ser vedada, como regra geral, atendendo apenas a eventual requisição ou consulta justificada, porque a Lei Federal nº 12.527/11 (acesso
à informação) não impõe ou disciplina aquela divulgação.
c) deve ser autorizada em relação aos denominados agentes políticos,
ocupante de cargos eletivos, para conhecimento da população.
d) deve ser limitada à indicação da remuneração genérica dos cargos, sem identificação pessoal dos servidores, em respeito à inviolabilidade da
intimidade e da vida privada dos servidores.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. É legítima a publicação, inclusive em sítio eletrônico mantido pela Administração Pública, dos nomes dos
seus servidores e do valor dos correspondentes vencimentos e vantagens
pecuniárias.
A alternativa B está incorreta. A Lei de acesso à informação que criou a
obrigação de publicar.
A alternativa C está incorreta. Devem ser autorizadas para servidores públicos
em geral, não apenas agentes políticos.
A alternativa D está incorreta. Pode haver a identificação pessoal dos
servidores, seja divulgando o nome seja a matrícula do servidor. Essa matéria
envolve regime público, não é vida privada.
Questão 58
Proposta Ação Civil Pública pelo representante do Ministério Público, com pedido de alteração da política de transporte urbano do Município, a fim de
que recursos sejam direcionados para ampliação das linhas de metrô, forma considerada mais eficiente, sob os aspectos urbanísticos e ambientais, em
relação à construção de corredores para ônibus e reparos de vias públicas
para veículos, tal pretensão
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
a) deve ser deferida judicialmente porque é amparada constitucionalmente
e atende ao denominado interesse público primário.
b) não deve ser deferida sem prévia avaliação técnica e orçamentária, no
âmbito do Judiciário (prova pericial), quanto aos impactos da medida.
c) deve ser parcialmente deferida apenas para os exercícios seguintes, tendo
em vista a necessidade de previsão na lei orçamentária anual.
d) não deve ser deferida judicialmente porque preserva-se a escolha técnica
de políticas públicas aos órgãos da Administração.
Comentários
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão.
O MP tem capacidade postulatória para o inquérito civil e para várias ações
específicas como a ação penal pública e ação civil. Conforme o art. 129, I e III, da CF, o MP tem interesse para postular em juízo para defesa de direitos difusos
e coletivos. Nesse contexto, pode o MP propor ação para discutir política pública
e
O Ministério Público detém capacidade postulatória não só para a abertura do inquérito civil, da ação penal pública e da ação civil pública para a proteção do
patrimônio público e social do meio ambiente, mas também de outros interesses difusos e coletivos, conforme estabelece o art. 129, I e III, da CF/88. O Supremo
fixou entendimento no sentido de que é função institucional do Poder Judiciário determinar a implantação de políticas públicas quando os órgãos estatais
competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles
incidem, vierem a comprometer, com tal comportamento, a eficácia e a integridade de direitos individuais e/ou coletivos impregnados de estatura
constitucional, ainda que derivados de cláusulas revestidas de conteúdo
programático.
Questão 59
Determinada Câmara Municipal tem a iniciativa de, por meio de emenda à
Lei Orgânica Municipal, estabelecer mudança na base de cálculo de benefício
a servidor municipal e o respectivo pagamento é implementado. No ano seguinte, o novo Prefeito ingressa com a ação direta de inconstitucionalidade
daquela alteração legislativa, sendo correto decidir (conforme precedente do órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo na ADI
2222132-48.2014) que
a) existe inconstitucionalidade por vício de iniciativa e a decisão judicial tem
eficácia ex nunc, aplicando a modulação dos seus efeitos e declarando que
os valores recebidos pelos servidores são irrepetíveis.
b) existe inconstitucionalidade por vício de iniciativa e, diante do efeito repristinatório inerente à desconstituição da norma inconstitucional, devem
ser devolvidos pelos servidores os valores recebidos, mediante compensação
nos vencimentos futuros.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
c) existe inconstitucionalidade e seus efeitos são ex tunc, sendo que a modulação dos efeitos somente é permitida ao Supremo Tribunal Federal,
preservando-se apenas pagamentos feitos até a data da decisão judicial.
d) não existe inconstitucionalidade da modificação legislativa, tendo em vista
sua aceitação pelo Prefeito anterior e como medida de proteção à segurança
jurídica e boa-fé dos servidores.
Comentários
A ementa do julgado referido é a seguinte2:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. Art. 114, XV, da Lei Orgânica Municipal da
Estância Turística de Paraguaçu Paulista, com a redação dada pela Emenda nº 28, de 21 de
dezembro de 2010. Alteração da base de cálculo da sexta parte, paga aos servidores
municipais. Emenda de autoria parlamentar. Inadmissibilidade. Vício formal. Reserva de
iniciativa do Chefe do Executivo (art. 24, § 2º, 1, e 144, da Constituição do Estado).
Modulação de efeitos. Verbas recebidas de boa-fé. Ação julgada procedente, com efeitos
"ex nunc".
Desse modo, a alternativa A está correta e é o gabarito da questão.
Questão 60
Por meio de mandado de segurança preventivo, Vereador pretende obter
ordem judicial obstando a tramitação de projeto de lei municipal que disciplina, no âmbito do Município, como deve ser ministrado o ensino
religioso. Adotando como referência o decidido pelo Supremo Tribunal
Federal no julgamento do MS 32033/DF, é correto afirmar que
a) se não cabe mandado de segurança contra lei em tese, a pretensão
deveria ser expressa por meio de ação declaratória, com pedido de tutela
antecipada.
b) como a matéria é regulada pela Constituição e por lei federal, é cabível o
controle preventivo do conteúdo material da norma proposta.
c) não é cabível o controle preventivo de constitucionalidade material das
normas em curso de formação.
d) o parlamentar tem legitimidade para promover o controle abstrato
repressivo, logo, nada obsta que seja aceita a pretensão exposta em Juízo.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O mandado de segurança impetrado pelo parlamentar não é um controle da lei em tese, objetivo, mas sim um controle
difuso, por violação à direito subjetivo do parlamentar.
A alternativa B está incorreta. Nesse caso, não cabe controle preventivo
material. O único controle que se admite, via mandado de segurança, é o controle
formal.
2 ADI 2222132-48.2014, j. em 17.06.2015.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Em regra, não se deve admitir a propositura de ação judicial para se realizar o controle de
constitucionalidade prévio dos atos normativos. Porém, há duas exceções em que é possível o controle de constitucionalidade prévio realizado pelo Poder Judiciário:
caso a proposta de emenda à Constituição seja manifestamente ofensiva à cláusula pétrea; e na hipótese em que a tramitação do projeto de lei ou de
emenda à Constituição violar regra constitucional que discipline o processo
legislativo.
A alternativa D está incorreta. Não se trata de controle abstrato, e sim de
controle incidental de inconstitucionalidade.
Questão 61
O sistema eleitoral brasileiro atual tem como característica:
a) voto majoritário para o Executivo e o Senado, tendo como resultante o
denominado Presidencialismo de coalizão.
b) voto majoritário para o Executivo e o Senado, tendo como resultante o
atual modelo de financiamento das campanhas.
c) voto proporcional com lista fechada para as eleições majoritárias e
proporcionais, o que submete o eleitor às escolhas das lideranças
partidárias.
d) voto proporcional com listas abertas para as eleições aos cargos do Legislativo, o que assegura maior participação a grupos minoritários no
âmbito partidário.
Comentários
As alternativas A e B estão incorretas. O sistema eleitoral brasileiro atual tem
como característica o voto majoritário para o Executivo e o Senado, mas isso não resulta no denominado presidencialismo de coalização, nem o atual modelo de
financiamento de campanhas.
A alternativa C está incorreta. O sistema eleitoral brasileiro atual não tem como
característica o voto proporcional com lista fechada para as eleições majoritárias
e proporcionais.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O nosso sistema eleitoral
atual é de listas abertas, ou seja, você vota no partido e, se quiser, no candidato. Assim, a partir do número de vagas que o partido tenha direito, vamos formar
uma lista com base nos candidatos segundo o número de votos que receberam.
Os mais votados preencheram as vagas do partido.
Questão 62
A busca das condições de relativa “igualdade” na disputa eleitoral autoriza a
disciplina da propaganda eleitoral, condição que inclui
a) limitações à propaganda eleitoral em relação ao rádio e à televisão
durante o período de campanha eleitoral.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
b) proibição de veiculação de programas e material jornalísticos descrevendo fatos “positivos” ou “negativos” a respeito de candidatos durante o período
de campanha eleitoral.
c) o controle prévio do conteúdo do material apresentado pelos Partidos e
coligações para divulgação na campanha eleitoral.
d) vedação de manifestações individuais nas “redes sociais” no período de
campanha eleitoral.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art.
44, da Lei nº 9.504/97:
Art. 44. A propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-se ao horário gratuito
definido nesta Lei, vedada a veiculação de propaganda paga.
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 45, V, da Lei nº 9.504/97,
é permitido a veiculação de programas e material jornalísticos.
Art. 45. Encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, é vedado às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário:
V - veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro programa com alusão
ou crítica a candidato ou partido político, mesmo que dissimuladamente, exceto programas
jornalísticos ou debates políticos;
A alternativa C está incorreta. Segundo o art. 41, §2º, da referida Lei, é vedada
a censura prévia sobre o teor dos programas a serem exibidos na televisão.
§ 2o O poder de polícia se restringe às providências necessárias para inibir práticas ilegais,
vedada a censura prévia sobre o teor dos programas a serem exibidos na televisão, no rádio
ou na internet.
A alternativa D está incorreta. É permitida a manifestação individual nas redes
sociais no período de companha eleitoral. Vejamos o art. 57-B, IV, da Lei nº
9.504/97.
Art. 57-B. A propaganda eleitoral na internet poderá ser realizada nas seguintes formas:
IV - por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e assemelhados,
cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos ou coligações ou de iniciativa
de qualquer pessoa natural.
Questão 63
A Justiça Eleitoral, no exercício de suas atribuições legais e constitucionais,
não pode
a) emitir opiniões, respondendo a consultas partidárias a respeito de
situações apresentadas.
b) apreciar deliberações dos órgãos máximos partidários em relação a
questões eleitorais envolvendo os seus membros, diante da autonomia dos
Partidos.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
c) estabelecer, por meio do juiz da respectiva zona eleitoral, regras municipais diferenciadas para propaganda eleitoral, por conta das
peculiaridades locais, observada a competência legislativa municipal.
d) emitir resoluções com caráter normativo secundário, relativas ao processo
eleitoral diante do princípio da reserva legal.
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A Justiça Eleitoral, no
exercício de suas atribuições legais e constitucionais, não pode estabelecer, por meio do juiz da respectiva zona eleitoral, regras municipais diferenciadas para
propaganda eleitoral, por conta das peculiaridades locais. Trata-se de
competência privativa da União legislar sobre o direito eleitoral.
Questão 64
O art. 22 da Lei nº 9.096/95, com a redação da Lei nº12.891/13, estabelece
como hipótese de cancelamento imediato de filiação partidária, entre outras:
a) a filiação a outro partido, desde que comunicado o fato ao partido para
cancelamento da filiação anterior.
b) a expulsão do partido nos casos de posicionamentos contrários à liderança
partidária, desde que consultados os filiados.
c) a filiação a outro partido, comunicado o fato ao Juiz da respectiva zona eleitoral, prevalecendo a filiação mais recente em caso de coexistência de
filiações.
d) a perda dos direitos políticos diante de condenação, em decisão proferida
por órgão colegiado, por ato de improbidade decorrente de dolo.
Comentários
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o art.
22, V, combinado com o parágrafo único, da Lei nº 9.096/95:
Art. 22. O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos casos de:
V - filiação a outro partido, desde que a pessoa comunique o fato ao juiz da respectiva Zona
Eleitoral.
Parágrafo único. Havendo coexistência de filiações partidárias, prevalecerá a mais recente,
devendo a Justiça Eleitoral determinar o cancelamento das demais.
Questão 65
A liberdade e a autonomia partidária, asseguradas na lei e na Constituição
Federal, permitem que os partidos políticos
a) editem normas estatutárias definindo competência deliberativa exclusiva
à presidência nacional do Partido, por conta de seu caráter nacional.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
b) estabeleçam normas estatutárias relativas a penalidades, suspensão de direito de voto ou perda de prerrogativas quanto aos seus filiados, por conta
de suas condutas e votos.
c) outorguem aos seus órgãos diretivos competência para escolha dos
candidatos, independentemente de prévia fixação das regras de escolha em
seu Estatuto.
d) estabeleçam previsão estatutária que fixe sua imunidade ao controle
judicial, em se tratando de competência interna corporis.
Comentários
A questão requer o conhecimento do art. 15, da Lei nº 9.096/95 e o art. 5º, da
CF/88. Vamos analisar cada uma das alternativas.
A alternativa A está incorreta. Vejamos o inc. IV:
Art. 15. O Estatuto do partido deve conter, entre outras, normas sobre:
IV - modo como se organiza e administra, com a definição de sua estrutura geral e
identificação, composição e competências dos órgãos partidários nos níveis municipal,
estadual e nacional, duração dos mandatos e processo de eleição dos seus membros;
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão, conforme prevê o inc. V:
V - fidelidade e disciplina partidárias, processo para apuração das infrações e aplicação das
penalidades, assegurado amplo direito de defesa;
A alternativa C está incorreta, com base no inc. VI:
VI - condições e forma de escolha de seus candidatos a cargos e funções eletivas;
A alternativa D está incorreta, segundo o art. 5º, XXXV, da CF/88:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Questão 66
Assinale a alternativa incorreta.
(A) Exceto se houver expressa autorização no contrato social, na sociedade
limitada, um sócio não pode ceder quotas a outro quotista sem o
consentimento dos demais.
(B) Na sociedade limitada, a responsabilidade dos sócios é restrita ao valor das suas quotas, salvo quanto à obrigação de integralização do capital, que
é solidária.
(C) Na sociedade simples, a contribuição do sócio pode consistir apenas em
serviços.
(D) Na sociedade limitada, em que o capital social ainda não estiver
integralizado, a designação de administrador não sócio depende da
aprovação pela unanimidade dos sócios.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Comentários
A banca examinadora nos pede para marcar a alternativa incorreta, e neste caso
estamos falando da letra A, que nos cobra o conhecimento da regra do art. 1.057
do Código Civil de 2002.
Art. 1.057. Na omissão do contrato, o sócio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a
quem seja sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a estranho, se não houver
oposição de titulares de mais de um quarto do capital social.
Podemos ver facilmente, portanto, que, em regra, o sócio pode ceder sua quota a quem já seja sócio, mesmo sem anuência dos demais, e também a pessoa que
não faça parte do quadro social, sendo necessária, neste caso, a anuência de
mais de um quarto do capital social.
A alternativa B está correta, nos termos do art. 1.052 do Código Civil. Lembre-se aqui de que cada sócio responde limitadamente na proporção de sua quota,
mas todos os sócios respondem solidariamente pela integralização do capital
social, ok?
A alternativa C está correta. Apesar de não haver uma disposição legal que trate
especificamente do sócio que contribui para a sociedade apenas com serviços, temos alguns dispositivos que mencionam essa possibilidade, a exemplo do art.
1.007, segundo o qual o sócio deve, em regra, participar dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele cuja contribuição consiste em
serviços somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.
A alternativa D também está correta. Lembre-se de que as funções do
administrador não sócio são muito importantes, e por isso, quando o capital ainda não estiver integralizado, é necessária a aprovação de todos os sócios para sua
designação. A regra encontra-se prevista no art. 1.061 do Código Civil. Lembre-
se ainda de que, após a integralização, esse quórum cai para dois terços.
GABARITO: A
Questão 67
Em relação às sociedades anônimas, é correto afirmar que
(A) a critério de seus fundadores, a sociedade anônima que tenha por objeto
social atividade rural poderá ser inscrita no registro civil de pessoas jurídicas.
(B) desde que não haja oposição de qualquer dos acionistas presentes, a assembleia geral da S/A fechada pode deliberar a distribuição de dividendos
inferiores aos fixos ou mínimos estipulados para os acionistas
preferencialistas.
(C) o acordo de acionistas registrado na Companhia pode vincular o voto dos membros do conselho de administração eleitos pelos sócios que o tenham
firmado.
(D) a assembleia geral não pode suspender o exercício dos direitos de acionista em mora com obrigações impostas pelo estatuto, salvo se tal
obrigação decorrer de expressa disposição legal.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Comentários
A alternativa A está incorreta porque a sociedade por ações (gênero do qual faz
parte a sociedade anônima) é sempre uma sociedade empresária, nos termos do
parágrafo único do art. 982 do Código Civil.
Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por
objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e,
simples, as demais.
Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade
por ações; e, simples, a cooperativa.
Se a sociedade anônima é empresária, portanto, ela não pode ser registrada no
registro civil de pessoas jurídicas, mas sim no registro de empresas mercantis.
A alternativa B também está incorreta. Aqui a banca invoca o art. 203 da Lei n.
6.404/1979, conhecida como Lei das Sociedades Anônimas, segundo o qual deve ser preservado o direito dos acionistas preferenciais de receber os dividendos
fixos ou mínimos a que tenham prioridade.
A alternativa C está correta, e é a nossa resposta, nos termos do art. 118, §9o da Lei das Sociedades Anônimas, segundo o qual é possível a vinculação do voto
dos membros do conselho de administração eleitos pelos sócios que o tenham
firmado, quando isso for previsto no acordo de acionistas da Companhia.
§ 9º, LSA. O não comparecimento à assembleia ou às reuniões dos órgãos de administração
da companhia, bem como as abstenções de voto de qualquer parte de acordo de acionistas
ou de membros do conselho de administração eleitos nos termos de acordo de acionistas,
assegura à parte prejudicada o direito de votar com as ações pertencentes ao acionista
ausente ou omisso e, no caso de membro do conselho de administração, pelo conselheiro
eleito com os votos da parte prejudicada
A alternativa D está incorreta porque a suspensão dos direitos do acionista
inadimplentes é perfeitamente possível, nos termos da previsão do art. 120 da
Lei das Sociedades Anônimas.
Art. 120. A assembleia-geral poderá suspender o exercício dos direitos do acionista que
deixar de cumprir obrigação imposta pela lei ou pelo estatuto, cessando a suspensão logo
que cumprida a obrigação.
GABARITO: C
Questão 68
A respeito da escrituração mercantil, é incorreto afirmar que
(A) os livros obrigatórios do empresário e da sociedade empresária devem
ser autenticados na Junta Comercial.
(B) quando preencherem os requisitos legais, os livros contábeis fazem
prova a favor de seu titular, nos litígios entre empresários.
(C) as sociedades anônimas deverão manter registros permanentes, observando a legislação e os princípios de contabilidade geralmente aceitos
e registrar suas mutações patrimoniais segundo o regime de caixa.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(D) o exame de livros comerciais, em ação judicial envolvendo contratos mercantis, fica limitado aos lançamentos correspondentes às transações
entre os litigantes.
Comentários
Aqui mais uma vez a banca nos cobra a alternativa incorreta. Nossa resposta é a alternativa C, pois as mutações patrimoniais das sociedades anônimas deverão
ser registradas segundo o regime de competência, e não ao regime de caixa, nos
termos do art. 177 da Lei das Sociedades Anônimas.
A alternativa A está correta nos termos do art. 1.118 do Código Civil, segundo o
qual, salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de
Empresas Mercantis. A alternativa B invoca o art. 418 do Novo Código de Processo Civil, segundo o qual os livros empresariais que preencham os requisitos
exigidos por lei provam a favor de seu autor no litígio entre empresários. A alternativa D também está correta, fazendo menção à Súmula 260 do STF: “O
exame de livros comerciais, em ação judicial, fica limitado às transações entre os
litigantes”.
GABARITO: C
Questão 69
Sobre títulos de crédito, é correto afirmar que
(A) não é possível o preenchimento do título de crédito incompleto pelo
credor após a sua emissão.
(B) na cédula de crédito bancário pode ser constituída garantia real em documento separado, desde que se faça mera referência a isso no corpo da
cédula.
(C) o devedor deve conferir a autenticidade das assinaturas de toda a cadeia
de endossos lançados no título, antes de realizar o pagamento ao último
endossatário e portador.
(D) o endossatário de endosso em branco pode mudá-lo para endosso em
preto, desde que o complete com o seu nome ou de terceiro, bem como pode
endossar novamente o título, mas não pode transferi-lo sem novo endosso.
Comentários
A alternativa A está incorreta em razão da regra do art. 891 do Código Civil,
segundo o qual o título de crédito incompleto ao tempo da emissão deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados. O STF complementa a
interpretação da norma por meio da Súmula 387, que reconhece como lícita a
complementação das informações do título de crédito pelo credor de boa-fé.
A alternativa B está correta e é a nossa resposta, cobrando conhecimento da Lei
n. 10.931/2004, que trata de alguns títulos de crédito, entre eles e a cédula de crédito bancário. Segundo o art. 32 da lei, a constituição da garantia poderá ser
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
feita na própria Cédula de Crédito Bancário ou em documento separado, neste
caso fazendo-se, na Cédula, menção a tal circunstância.
A alternativa C está incorreta porque aquele que paga o título está obrigado a verificar a regularidade da série de endossos, mas não a autenticidade das
assinaturas, de acordo com a regra do parágrafo único do art. 911 do Código
Civil.
A alternativa D está incorreta porque, além da possibilidade de alteração do endosso em branco para endosso em preto e do reendosso, também é possível a
transferência, mesmo sem novo endosso.
GABARITO: B
Questão 70
Sobre alienação dos estabelecimentos empresariais, é correto afirmar:
(A) exige que o alienante ceda, separada e individualmente, ao adquirente
cada um dos contratos estipulados para a exploração do estabelecimento.
(B) permite que o alienante se restabeleça de imediato se assim desejar,
continuando a exploração da mesma atividade, caso não haja expressa
vedação contratual no contrato de trespasse.
(C) o contrato de alienação de estabelecimento produzirá efeitos imediatos entre as partes e perante terceiros, salvo se alienante e adquirente
exercerem o mesmo ramo de atividades, quando a operação ficará na
dependência da aprovação da autoridade de defesa da concorrência.
(D) a alienação implica a responsabilidade do adquirente pelos débitos
anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, sem
prejuízo da obrigação solidária do devedor primitivo na forma da lei.
Comentários
A alternativa A está incorreta por uma razão muito simples: não faria sentido que
a lei exigisse que o alienante precisa ceder separadamente cada um dos contratos para exploração do estabelecimento. Na realidade, de acordo com o art. 1.148
do Código Civil, salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-
rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do
estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal.
A alternativa B está incorreta porque, em regra, o alienante não pode fazer concorrência ao adquirente nos cinco anos subsequentes à alienação, nos termos
do art. 1.147 do Código Civil.
A alternativa C está incorreta porque o contrato, em regra, só produzirá efeitos
quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de
publicado na imprensa oficial.
A alternativa D é a nossa resposta, invocando os exatos termos do art. 1.146 do
Código Civil.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos
anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor
primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos
vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.
GABARITO: D
Questão 71
Nos termos da Lei no 12.529/11, não constitui por si só infração da ordem econômica os atos dos competidores que tenham por objeto ou possam
produzir o seguinte efeito:
(A) dominar mercado relevante de bens ou serviços.
(B) falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência.
(C) limitar a livre iniciativa.
(D) exercício de forma abusiva de posição dominante.
Comentários
A Lei n. 12.529/2011 é conhecida como Lei de Defesa da Concorrência. Entre
outros objetivos, essa lei tipifica em seu art. 36 as infrações à ordem econômica:
limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; dominar mercado relevante de bens ou serviços; aumentar
arbitrariamente os lucros; e exercer de forma abusiva posição dominante. A questão não vai além do texto legal, trazendo a tipificação das infrações em suas
alternativas, solicitando a indicação da errada. Nossa reposta está na alternativa A, apesar de esta ser uma conduta tipificada, em razão da exceção encontrada
no §1o, segundo o qual a conquista de mercado resultante de processo natural fundado na maior eficiência de agente econômico em relação a seus competidores
não caracteriza o ilícito.
GABARITO: A
Questão 72
Assinale a alternativa correta sobre os contratos empresariais.
(A) Existindo cláusula resolutiva expressa no contrato de arrendamento
mercantil, a constituição em mora do arrendatário não exige notificação
prévia.
(B) É permitida na representação comercial a estipulação de cláusulas del
credere.
(C) A circular oferta de franquia pode ser entregue pelo franqueador ao franqueado após a assinatura do contrato e do pagamento das taxas
pertinentes.
(D) No contrato de locação comercial de imóvel urbano que tenha sido
construído pelo locador para atender a especificações fixadas pelo locatário,
as partes podem estipular a renúncia à revisão do locativo durante a vigência
do contrato.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 51 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Comentários
A alternativa A está incorreta porque, ainda que haja cláusula resolutiva
expressa, a notificação prévia do arrendatário para constitui-lo em mora é
necessária. Sobre isso há inclusive a Súmula 369 do STJ.
A alternativa B nos exige conhecimento acerca da Lei n. 4.886/1965, que trata da representação comercial autônoma. Segundo o art. 43 da lei, É vedada no
contrato de representação comercial a inclusão de cláusulas del credere.
Aproveito para relembrá-lo de que a cláusula del credere é aquela que prevê a dedução de valores das comissões do representante comercial caso a venda seja
cancelada ou desfeita.
A alternativa C está incorreta porque a Circular de Oferta de Franquia deve ser
entregue antes da formalização do contrato, nos termos do art. 4o da Lei n. 8.955/1994, que trata do contrato de franquia empresarial, também chamado de
franchising.
A alternativa D é a nossa resposta, e invoca a regra do §1o do art. 54-A da Lei
n. 8.245/1991, conhecida como Lei de Locações ou Lei do Inquilinato. Segundo o dispositivo, poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor
dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação não residencial na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma
do imóvel então especificado pelo pretendente à locação.
GABARITO: D
Questão 73
Nos contratos bancários,
(A) o julgador pode conhecer de ofício a abusividade de cláusulas.
(B) os juros moratórios sujeitam-se ao limite de 1% ao mês, caso não se
trate de contratos bancários regidos por legislação específica.
(C) os juros remuneratórios superiores a 12% ao ano presumem-se abusivos, cabendo à instituição financeira demonstrar sua adequação e
razoabilidade.
(D) a comissão de permanência pode ser cumulada com os juros
remuneratórios contratados.
Comentários
Esta é uma questão totalmente pautada pela jurisprudência do STJ! Muita
atenção aqui!
A alternativa A está incorreta porque, segundo a Súmula 381 do STJ, o julgador
não pode conhecer de ofício a abusividade das cláusulas, devendo a abusividade
ser demonstrada a cada caso.
A alternativa B é a nossa resposta, fazendo referência à Súmula 379 do STJ, que
limita em 1% ao mês os juros moratórios que poderão ser convencionados nos
contratos bancários não regidos por legislação específica.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
A alternativa C está incorreta em razão da Súmula 382 do STJ, segundo a qual a estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não
indica abusividade.
A alternativa D, por sua vez, está incorreta porque a cobrança de comissão de
permanência excluir a exigibilidade de juros remuneratórios, moratórios, e de
multa contratual, nos termos da Súmula 472 do STJ.
GABARITO: B
Questão 74
No período de seis meses, a contar do deferimento da recuperação judicial,
(A) não são suspensas as execuções fiscais em face da recuperanda.
(B) é permitido retirar do estabelecimento do devedor bens móveis sobre os
quais o credor tenha propriedade fiduciária, mesmo que sejam eles
essenciais à atividade empresarial do recuperando.
(C) não tramitam as ações propostas contra a recuperanda que demandem
quantias ilíquidas.
(D) o juízo da recuperação judicial é competente para decidir sobre a constrição de todos os bens da recuperanda, mesmo que não abrangidos
pelo plano de recuperação da empresa.
Comentários
A alternativa A está correta, e é a nossa resposta, pois, nos termos do art. 5o,
§7o da Lei n. 11.101/2005, as execuções de natureza fiscal não são suspensas pelo deferimento da recuperação judicial, ressalvada a concessão de
parcelamento nos termos do Código Tributário Nacional e da legislação ordinária
específica.
A alternativa B está incorreta porque, nos termos do art. 49, §3o, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua
atividade empresarial.
A alternativa C está incorreta porque a ação que demanda quantia ilíquida deve
continuar. Não faria sentido suspender esse tipo de ação, porque nem sequer se
chegou ainda a uma conclusão acerca de quanto é devido pela recuperanda. A
previsão legal está no art. 6o, §4o.
A alternativa D está incorreta porque apenas os bens abrangidos pelo plano de recuperação estão sob a competência do juízo da recuperação judicial, nos
termos da Súmula 480 do STJ.
GABARITO: A
Questão 75
Na falência, é correto afirmar que
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 53 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(A) na realização do ativo, o juiz deverá dar preferência à alienação separada e individualizada de cada um dos ativos que integram a massa, em lugar da
venda em bloco dos estabelecimentos da empresa.
(B) são exigíveis contra a massa falida juros vencidos após a decretação da
falência, independentemente da suficiência do ativo apurado para pagamento dos credores subordinados, desde que estejam previstos em lei
ou contrato.
(C) um sócio da sociedade falida pode exercer seu direito de retirada, mesmo
após a decretação da falência.
(D) os créditos trabalhistas cedidos a terceiros passam a ser considerados
quirografários.
Comentários
A alternativa A está incorreta porque a regra é justamente o contrário. Segundo
o art. 140 da Lei n. 11.101/2005, a última opção é a alienação dos bens
individualmente.
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a
seguinte ordem de preferência:
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas isoladamente;
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do devedor;
IV – alienação dos bens individualmente considerados.
A alternativa B está incorreta porque, nos termos do art. 124, contra a massa
falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da falência, previstos
em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos
credores subordinados.
A alternativa C está incorreta porque o art. 116 determina que a decretação da falência suspende o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor
de suas quotas ou ações, por parte dos sócios da sociedade falida.
A alternativa D está correta e é a nossa resposta, reproduzindo exatamente o
conteúdo do art. 83, §4o, da Lei n. 11.101/2005.
Art. 83, § 4o, os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários.
GABARITO: D
Questão 76
Comerciante utiliza notas fiscais de compras de mercadorias para aproveitamento dos respectivos créditos de ICMS e, posteriormente, a
empresa fornecedora daqueles bens tem suas atividades encerradas, e reconhecidas pelo Fisco como inidôneas as notas fiscais por ela emitidas.
Diante de tal situação,
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(A) nos termos do art. 136 do CTN, a responsabilidade por infrações tributárias independe da intenção do agente, logo, no caso, irrelevante a boa
ou má-fé dos envolvidos nas operações.
(B) a boa-fé do comerciante não impede que seja apurada a veracidade
daquelas transações comerciais que originaram as notas fiscais declaradas
inidôneas.
(C) a boa-fé do comerciante que utilizou aquelas notas fiscais declaradas
inidôneas impede que seja autuado pelo Fisco.
(D) a má-fé do emitente das notas fiscais contamina as operações
subsequentes, invalidando-as e autorizando a autuação.
Comentários
Alternativa A: Na realidade, a jurisprudência do STJ protege o adquirente de boa-
fé, quando demonstrada a veracidade da compra e venda. Alternativa errada.
Alternativa B: De acordo com a Súmula 509 do STJ, é lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de nota fiscal posteriormente
declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e venda. Assim, se a operação é verídica, é lícito ao adquirente (comerciante) aproveitar
os créditos de ICMS. Alternativa correta.
Alternativa C: A boa-fé não é a única condição para que o comerciante fique
impedido de ser autuado, de acordo com a jurisprudência do STJ. É necessário que a nota fiscal tenha sido emitida anteriormente à declaração de inidoneidade
do vendedor e deve ficar comprovada ainda a veracidade da compra e venda.
Alternativa errada.
Alternativa D: A má-fé do emitente não necessariamente contaminará as
operações subsequentes, desde que o adquirente comprove ser de boa-fé bem como a veracidade da compra e venda. Ademais, é necessário que a nota fiscal
tenha sido emitida anteriormente à declaração de inidoneidade do vendedor.
Alternativa errada.
Gabarito: Letra B
Questão 77
Na cobrança do ISSQN sobre serviços bancários, é correto afirmar, com base
nos atuais julgamentos do STJ, que
(A) a lista de serviços previstos na legislação é taxativa e não admite outras
inclusões.
(B) a lista de serviços previstos na legislação é taxativa, porém, admite
leitura extensiva para serviços idênticos embora com denominações
distintas.
(C) a lista de serviços previstos na legislação é exemplificativa, logo, admite
outras inclusões.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(D) a lista de serviços previstos na legislação para a atividade bancária tem tratamento específico porque os serviços bancários têm natureza genérica,
sujeitos, portanto, como regra, ao pagamento daquele tributo.
Comentários
O ISSQN somente incide sobre os serviços definidos na lista de serviços anexas à LC 116/03. Portanto, a competência tributária dos Municípios, no que diz
respeito à incidência de imposto sobre serviços, se limita aos serviços
relacionados neste anexo.
Com relação aos serviços bancários, a jurisprudência do STJ firmou-se no sentido
de que a referida lista anexa é taxativa, admitindo-se, contudo, uma leitura extensiva de cada item, a fim de enquadrar serviços idênticos aos expressamente
previstos.
Gabarito: Letra B
Questão 78
Na Arguição de Inconstitucionalidade 0056693-19.2014, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao analisar legislação do
Município de São Paulo, fixando a base de cálculo do Imposto sobre
Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), concluiu que
(A) a base de cálculo do ITBI a ser considerada pelo contribuinte é aquela
periodicamente apurada pelo órgão municipal competente.
(B) compete ao contribuinte impugnar, caso discorde da cobrança, o valor indicado como base de cálculo do ITBI pela Municipalidade, presumido como
correto.
(C) é válido instituir como base de cálculo do ITBI o valor pelo qual o bem
ou direito é negociado à vista.
(D) o contribuinte deve recolher o ITBI e o IPTU adotando como base de
cálculo o valor venal de referência.
Comentários
Nesta questão, o examinador deseja saber exatamente o que foi decidido pelo
TJ-SP. Na Arguição de Inconstitucionalidade 0056693-19.2014, O referido Tribunal concluiu válido o dispositivo da Lei Municipal de São Paulo, que considera
como base de cálculo do ITBI o valor pelo qual o bem ou direito é negociado à
vista.
Cabe acrescentar, neste ponto, que, no julgamento do Recurso Especial 1.199.964/SP, o STJ decidiu que “o valor venal do imóvel apurado para fins de
ITBI não coincide, necessariamente, com aquele adotado para lançamento do IPTU”, inobstante o fato de os arts. 33 (IPTU) e 38 (ITBI) previrem como base
de cálculo o valor venal do imóvel.
Gabarito: Letra C
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Questão 79
O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do ARE 639632 AgR/MS, ao
analisar a questão relativa à cobrança progressiva do IPTU estabeleceu
alguns parâmetros e, de acordo com tal julgamento, é correto afirmar que
(A) a parafiscalidade é o fenômeno por meio do qual se busca a concretização
da função social da propriedade.
(B) é inconstitucional o regime de alíquotas progressivas do IPTU com base
no valor venal do imóvel.
(C) a progressividade extrafiscal também tem previsão normativa no
Estatuto da Cidade.
(D) os pressupostos e condições para aplicação da progressividade
extrafiscal e da progressividade fiscal devem ser os mesmos.
Comentários
Alternativa A: Na realidade, é a extrafiscalidade o fenômego que se relaciona com
a busca da concretização da função social da propriedade. Alternativa errada.
Alternativa B: Após a EC 29/00, a jurisprudência do STF é no sentido de que o
regime de alíquotas progressivas do IPTU com base no valor venal do imóvel é
constitucional. Alternativa errada.
Alternativa C: De fato, a progressividade fiscal também é prevista no Estatuto da
Cidade (Lei Federal n° 10.257/01). Alternativa correta.
Alternativa D: Na verdade, existem pressupostos e condições distintos. Na progressividade fiscal, a variação das alíquotas está relacionada ao valor do
imóvel; na progressividade extrafiscal, a variação das alíquotas está relacionada ao tempo em que o imóvel permanece sem o adequado aproveitamento.
Alternativa errada.
Gabarito: Letra C
Questão 80
Considerando o disposto no art. 24 da Constituição Federal, ao tratar da competência concorrente da União, Estados e Municípios, em matéria
tributária, é correto afirmar que
(A) a norma jurídica editada por um ente federativo no âmbito de sua
competência tributária exige que os demais entes federativos respeitem sua
incidência, dentro dos respectivos limites geográficos estaduais.
(B) a lei geral federal prevalece em relação às leis estaduais e estas prevalecem em relação às leis municipais, nos termos das Constituições
Estaduais.
(C) a competência residual tributária quanto aos impostos é da União,
observado o disposto no art. 154, I, da Constituição Federal.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(D) na ausência de normas gerais federais, os Estados têm competência para legislar em matéria tributária, e, na ausência de leis federais e estaduais, os
Municípios têm a referida competência, o que se denomina competência
concorrente cumulativa.
Comentários
Alternativa A: De fato, quando um ente edita uma norma jurídica no âmbito de
sua competência tributária, há exigência de que os demais entes federativos a
respeitem, dentro dos seus limites geográficos (não necessariamente estaduais, como apontado na assertiva). Deve ficar ressalvado também que o art. 24, § 4º,
dispõe que a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. Portanto, a alternativa está
errada.
Alternativa B: Trata-se, na realidade, de reserva de competência tributária,
observando-se que, em matéria de normas gerais, a competência é da União.
Alternativa errada.
Alternativa C: Realmente, a competência residual tributária para a instituição de
novos impostos foi reservada apenas à União. Alternativa correta.
Alternativa D: Embora haja previsão para que os Estados legislem em face da ausência de normas gerais editadas pela União, o mesmo não se pode dizer em
relação aos Municípios. Alternativa errada.
Gabarito: Letra C
Questão 81
Na hipótese da União, mediante tratado internacional, abrir mão de tributos de competência de Estados e Municípios, nos termos do decidido pelo
Supremo Tribunal Federal (RE 229096), é correto afirmar que
(A) se caracteriza a denominada isenção heterônoma, vedada nos termos do
art. 151, III, da Constituição Federal.
(B) se caracteriza violação ao princípio federativo, objeto de cláusula pétrea,
nos termos do art. 60, § 4º, I, da Constituição Federal.
(C) o tratado é válido desde que acompanhado de medidas de “compensação
tributária” em favor dos Estados e Municípios prejudicados.
(D) se insere a medida na competência privativa do Presidente da República, sujeita a referendo do Congresso Nacional, com prevalência dos tratados em
relação à legislação tributária interna.
Comentários
Alternativa A: No referido julgado, foi decidido pela Suprema Corte que este caso
não se caracteriza como isenção heterônoma. Alternativa errada.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Alternativa B: Justamente por não caracterizar isenção heterônoma, uma vez que o Presidente da República atua em nome da República Federativa do Brasil, não
há que se falar em violação ao princípio federativo. Alternativa errada.
Alternativa C: Não há que se falar nesta condicionante, isto é, na necessidade de
haver a previsão de medidas de “compensação tributária” em favor dos Estados e Municípios prejudicados como condição para o tratado ser considerado válido.
Alternativa errada.
Alternativa D: A celebração de tratados internacionais é de competência privativa
do Presidente da República, conforme prevê o art. 84, VIII, da CF/88, sujeita a referendo do Congresso Nacional, com prevalência dos tratados em relação à
legislação tributária interna. Alternativa correta.
Gabarito: Letra D
Questão 82
Na disciplina das isenções, imunidades e hipóteses de não incidência, é
correto afirmar que
(A) quem pode isentar também pode conceder imunidade.
(B) quem pode tributar pode isentar.
(C) alíquota zero e isenção são expressões juridicamente equivalentes.
(D) não incidência é situação juridicamente distinta de imunidade e de não
competência.
Comentários
Alternativa A: Apenas a CF/88 concede imunidade. Já as isenções situam-se no
âmbito da competência tributária dos entes federados, sendo concedidas por
meio de lei. Alternativa errada.
Alternativa B: De fato, se o ente pode tributar, também pode isentar (conceder benefícios fiscais). As isenções situam-se no âmbito da competência tributária
dos entes federados. Alternativa correta.
Alternativa C: Embora na prática o efeito seja o mesmo (desoneração), alíquota
zero e isenção não são expressões juridicamente equivalentes, pois aquela se
trata apenas tornar nulo o valor da obrigação tributária e esta implica exclusão
do crédito tributário. Alternativa errada.
Alternativa D: Pode-se dizer que a imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada. Assim, embora a imunidade tenha como
consequência a não incidência tributária, esta pode abranger outros casos além da imunidade. Seria o caso, por exemplo, de um Estado que, mesmo competente
para instituir o IPVA, não o faz, de modo que não há incidência tributária sobre um bem que, mediante autorização constitucional, poderia ser tributado.
Alternativa correta.
Gabarito: Letras B e D
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 59 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Questão 83
Quando a legislação tributária estabelece que é responsável pelo
recolhimento do tributo terceira pessoa, vinculada ao mesmo fato gerador
ocorrido, estamos diante da situação denominada
(A) reponsabilidade stricto sensu, “por transferência”.
(B) solidariedade passiva tributária por imposição legal.
(C) substituição tributária “para frente”.
(D) substituição tributária “para trás”.
Comentários
Alternativa A: Na responsabilidade por transferência, a responsabilidade é transferida a terceiros em decorrência de determinado fato posterior previsto na
lei tributária, como o falecimento de uma pessoa, por exemplo. Alternativa
errada.
Alternativa B: Não há qualquer indício de que esteja se tratando de solidariedade
passiva (dois devedores em conjunto). Alternativa errada.
Alternativa C: Na substituição tributária para frente (ou progressiva), o
pagamento é antecipado, isto é, refere-se a uma obrigação cujo fato gerador
ainda não ocorreu, o que não é o caso apresentado. Alternativa errada.
Alternativa D: Na substituição tributária para trás (ou regressiva) o pagamento é postergado, ou seja, o fato gerador já ocorreu, mas o tributo só será pago em
momento posterior, por terceira pessoa. Alternativa correta.
Gabarito: Letra D
Questão 84
Diante do disposto nos artigos 173 e 174 do Código Tributário Nacional, fixando, respectivamente, prazo de cinco anos para constituição do crédito
tributário e igual prazo para cobrança do crédito tributário, é correto afirmar
que
(A) a prescrição intercorrente pode ser reconhecida nos períodos decorridos até a constituição do crédito tributário ou após iniciada a cobrança, contados
os prazos separadamente.
(B) nos casos de tributos sujeitos a lançamentos por homologação, diante
do pagamento do valor declarado e ausente fraude ou simulação, a prescrição do crédito tributário é de cinco anos, contados do fato jurídico
tributado.
(C) a Fazenda tem dez anos (regra cinco mais cinco) para obter seu crédito
tributário.
(D) a Fazenda tem cinco anos para obter seu crédito tributário.
Comentários
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Alternativa A: No Direito Tributário, a prescrição não é contada antes da
constituição do crédito tributário. Alternativa errada.
Alternativa B: Primeiramente, temos que saber que, se o sujeito passivo pagou um valor declarado, o crédito tributário foi extinto pelo pagamento (CTN, art.
156, I). Assim, quanto ao valor declarado, não há decadência nem prescrição.
Dessa forma, o que banca considera é que houve o valor do tributo foi apenas
parcialmente declarado e pago pelo sujeito passivo. Assim, quanto à parcela não declarada, o Fisco tem o prazo de 05 anos para identificá-la e constituir o crédito
tributário pertinente.
Discordamos da terminologia utilizada (prescrição), uma vez que, sendo a
decadência o prazo para o Fisco constituir o crédito tributário, a situação retratada nesta assertiva se refere exatamente à atividade da fiscalização
tributária, no sentido de identificar o valor realmente devido e não declarado e
constituir de ofício o respectivo crédito tributário. Alternativa considerada correta.
Alternativa C: Atualmente, não prevalece na jurisprudência pátria a regra cinco
mais cinco, no que diz respeito ao prazo decadencial. Alternativa errada.
Alternativa D: O prazo pode ser maior do que 5 anos, a depender das regras
previstas no CTN. Alternativa errada.
Gabarito: Letra B
Questão 85
O art. 655-A do Código de Processo Civil ainda em vigor e o art. 11 da Lei
no 6.830/80 indicam o dinheiro, em espécie ou depósito, como preferencial
para penhora; de outra parte, o art. 620 do Código de Processo Civil ainda vigente e o art. 185-A do Código Tributário Nacional recomendam,
respectivamente, que a execução se faça “pelo modo menos gravoso ao credor” e que, se o devedor não pagar ou indicar bens, deverá ser decretada
a indisponibilidade de seus bens e direitos. Diante de tais disposições, o
Superior Tribunal de Justiça tem concluído que
(A) o Juiz deve verificar, inicialmente, se foram esgotadas as diligências para
localização de bens do devedor antes de determinar a penhora on-line.
(B) a penhora de dinheiro em espécie ou depósitos judiciais só é possível
após expressa e fundamentada justificativa da Fazenda.
(C) indicados bens não poderá ser efetivada a denominada penhora on-line.
(D) não pago o valor devido nem indicados bens à penhora, o bloqueio de
ativos financeiros do devedor é medida que prescinde de outras diligências
prévias por parte do credor.
Comentários
De acordo com o art. 11, da LEF, o primeiro bem na ordem dos bens a serem penhorados é o dinheiro. Cabe destacar que, com a edição da Lei 11.382/2006,
que introduziu alterações ao antigo CPC, o dinheiro foi equiparado pelo legislador
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 61 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
aos valores em depósito ou aplicação em instituição financeira (CPC, art. 655,I).
Esta equiparação foi conservada na redação do NCPC, em seu art. 835, I.
Por esse motivo é que da jurisprudência do STJ entende que se permite a adoção da penhora online como primeira medida constritiva na execução fiscal, sendo
desnecessário, portanto, a adoção de outras diligências com objetivo de localizar
bens do devedor (REsp 1.112.943/MA).
Gabarito: Letra D
Questão 86
Sobre a servidão ambiental instituída pela Lei no 6.938/81 e alterada pelas
Leis no 7.804/89, no 11.284/06 e no 12.651/12, é correto afirmar que
(A) a servidão ambiental não pode ser instituída como modo de
compensação de Reserva Legal.
(B) a servidão ambiental pode ser alienada, cedida ou transferida totalmente
durante sua vigência.
(C) a servidão deverá ser sempre gratuita e pode ser instituída por
instrumento público ou particular.
(D) a servidão florestal não se confunde com a servidão ambiental, devendo
esta prevalecer sobre aquela quando houver sobreposição.
Comentários
A servidão ambiental pode ser instituída como modo de compensação de Reserva
Legal, conforme artigo 9º-A, §5º da Lei 6.938/81, o que torna a alternativa “a” errada. A servidão ambiental pode ser gratuita ou onerosa, e pode ser realizada,
também, por termo administrativo, conforme artigo 9º-B e 9º-A da Lei 6.938/81, o que torna a alternativa “c” errada. O artigo 9º-A,§7º da Lei 6.938/81 passou a
considerar a servidão florestal como servidão ambiental, não havendo que se falar em sobreposição, o que torna a alternativa “d” errada. A alternativa correta
é a “b”, conforme artigo 9º-B, §3º da Lei 6.938/81.
Questão 87
Com relação à gestão de resíduos sólidos instituída pela Lei no 12.305/10, é
correto afirmar que
(A) o titular do serviço público de limpeza urbana e de manejo de resíduos
sólidos pode, mediante termo de compromisso firmado com o setor empresarial, encarregar-se de atividades de responsabilidade destes nos
sistemas de logística reversa, vedada a cobrança por essas atividades.
(B) a lei instituiu a obrigação de estruturar e implementar sistemas de
logística reversa dividindo a responsabilidade entre os fabricantes e os comerciantes de produtos como pilhas e baterias, agrotóxicos, pneus,
equipamentos e componentes eletrônicos e lâmpadas, entre outros.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(C) a Lei de Resíduos Sólidos permite a incineração de resíduos sólidos desde que realizada com emprego de equipamentos devidamente licenciados pela
autoridade ambiental competente.
(D) não estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos
sólidos os estabelecimentos comerciais cujos resíduos gerados em suas atividades sejam caracterizados, por sua natureza, composição ou volume,
como não perigosos.
Comentários
A alternativa “a” está errada, pois as atividades ali elencadas deverão ser
devidamente remuneradas, conforme artigo 33, §7º da Lei 12.305/2010. A alternativa “b” está errada, pois a responsabilidade não é dividida, mas
compartilhada, conforme artigo 33 da Lei 12.305/2010. A alternativa “d” está errada, pois estão sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos
sólidos os estabelecimentos comerciais cujos resíduos gerados em suas atividades sejam caracterizados, por sua natureza, composição ou volume, como
não perigosos, conforme artigo 20, II da Lei 12.305/2010. A alternativa “c” está correta, pois o artigo 47, III da Lei 12.305/2010 proíbe a incineração em
instalações/equipamentos não licenciados para essa finalidade.
Questão 88
A Constituição federal previu que todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, estabelecendo incumbências ao poder público para assegurar a efetividade desse direito. Dentre essas incumbências
arroladas no art. 225, não está a seguinte:
(A) fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação de material
genético.
(B) definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus
componentes a serem especialmente protegidos.
(C) preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais.
(D) exigir para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradação do meio ambiente a recuperação do meio ambiente
degradado.
Comentários
A alternativa “d” é a única que não está elencada nos incisos do artigo 225, §1º
da CF, motivo pelo qual deve ser marcada.
Questão 89
Nos termos da Resolução CONAMA 001, de 1986, o relatório de impacto
ambiental – RIMA deve refletir as conclusões do estudo de impacto ambiental e terá um conteúdo mínimo. A alternativa que não reflete a exigência de
conteúdo mínimo obrigatório de um RIMA é:
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(A) a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos, mencionando aqueles que não puderem ser
evitados e a estimativa de custos para implementação das medidas
mitigadoras exigidas.
(B) os objetivos e as justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade
com as políticas setoriais, planos e programas governamentais.
(C) a síntese dos resultados dos estudos de diagnósticos ambiental da área de influência do projeto e a descrição dos prováveis impactos ambientais da
implantação e operação da atividade.
(D) a recomendação quanto à alternativa mais favorável para o
empreendimento.
Comentários
A alternativa a ser marcada é a “a”, pois não consta nos incisos do artigo 9º da
Resolução CONAMA 001/86 (mais especificamente no inciso VI) a exigência da estimativa de custos para implementação das medidas mitigadoras exigidas.
Todas as demais alternativas encontram-se nos demais incisos do artigo acima
citado.
Questão 90
Em relação às Áreas de Preservação Permanente, é incorreta a seguinte
afirmação:
(A) é permitido ao poder público se utilizar do direito de preempção para
aquisição de remanescentes florestais relevantes.
(B) todo imóvel rural situado no território nacional deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, no correspondente
a 20% da área total do imóvel.
(C) é lícita a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação
Permanente para implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do
direito de uso da água.
(D) é dispensada a autorização do órgão ambiental competente para a execução em Área de Preservação Permanente nas hipóteses de realização,
em caráter de urgência, de atividades de segurança nacional e obras de interesse da defesa civil destinadas à prevenção e mitigação de acidentes
em áreas urbanas.
Comentários
A alternativa “a” está correta, conforme artigo 25 do Código Florestal. A alternativa “c” está correta, conforme artigo 3º, X, b c/c artigo 8º do Código
Florestal. A alternativa “d” está correta, conforme artigo 8º, §3º do Código
Florestal. A alternativa a ser marcada (errada) é a “b”, conforme artigo 12 do
Código Florestal.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 64 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Questão 91
O instituto da desapropriação, no direito brasileiro, é regido por norma
editada por decreto-lei na década de 40 e recepcionada pela Constituição Federal de 1988, com algumas alterações pontuais procedidas por legislação
posterior. Sobre o instituto da desapropriação, é correto afirmar que
(A) só é possível a expropriação de bens imóveis com prévia indenização em
dinheiro ou, em algumas hipóteses, em títulos públicos com vencimento em
prazo de, no máximo, cinco anos.
(B) a desapropriação exige que os bens expropriados sejam destinados a
uma finalidade ou utilidade públicas, incorporando-se ao patrimônio público,
vedada a sua posterior alienação em favor de particulares.
(C) na desapropriação de bem imóvel, a declaração de utilidade pública deve especificar o bem dela objeto e se circunscrever àquela área necessária
àquela finalidade, vedada sob pena de nulidade do ato expropriatório a inclusão de área lindeira para futura alienação e captura da valorização
imobiliária pelo poder público.
(D) a prática dos atos necessários à desapropriação pode ser exercida por
particulares mediante delegação pelo poder público à iniciativa privada.
Comentários
a) ERRADA. Conforme prescreve o art. 5º, XXIV da CF, a desapropriação será
promovida “mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição”. As ressalvas previstas na Constituição se
referem à desapropriação de bens imóveis: desapropriação de propriedades urbanas que descumprem o plano diretor do Município (CF, art. 182, §4º, III);
desapropriação de propriedades rurais para fins de reforma agrária (CF, art. 184); e desapropriação de terras em que sejam cultivadas plantas psicotrópicas
ilegais ou haja exploração de trabalho escravo (CF, art. 243). Logo, a
desapropriação de bens móveis deve ser sempre feita em dinheiro.
b) ERRADA. Á época da prova vigora a redação dada pela Medida Provisória
700/2015 aos §§ 4º a 6º do art. 5º do Decreto-Lei 3.365/41, que diziam o
seguinte:
§ 4º Os bens desapropriados para fins de utilidade pública e os direitos decorrentes da
respectiva imissão na posse poderão ser alienados a terceiros, locados, cedidos, arrendados,
outorgados em regimes de concessão de direito real de uso, de concessão comum ou de
parceria público-privada e ainda transferidos como integralização de fundos de investimento
ou sociedades de propósito específico.
§ 5º Aplica-se o disposto no § 4º nos casos de desapropriação para fins de execução de
planos de urbanização, de renovação urbana ou de parcelamento ou reparcelamento do
solo, desde que seja assegurada a destinação prevista no referido plano de urbanização ou
de parcelamento de solo.
§ 6º Comprovada a inviabilidade ou a perda objetiva de interesse público em manter a
destinação do bem prevista no Decreto expropriatório, o expropriante deverá adotar uma
das seguintes medidas, nesta ordem de preferência:
I - destinar a área não utilizada para outra finalidade pública; ou
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 65 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
II - alienar o bem a qualquer interessado, na forma prevista em lei, assegurado o direito de
preferência à pessoa física ou jurídica desapropriada.
Daí, portanto, o gabarito. Ressalte-se, porém, que a MP 700/2015 teve sua
vigência encerrada, sem ser convertida em lei. Logo, tais dispositivos não
constam mais do DL 3.365/41.
c) ERRADA. Trata-se da chamada desapropriação por zona (alternativa “d”).
A desapropriação por zona, também chamada de desapropriação extensiva,
ocorre quando o Poder Público expropria uma extensão de área maior que a estritamente necessária para a realização de uma obra ou serviço, com a inclusão
de áreas adjacentes que ficam reservadas para uma das finalidades seguintes:
Ulterior continuação do desenvolvimento da obra ou do serviço;
Para serem alienadas depois que, em decorrência da obra ou do serviço,
ocorrer a sua valorização.
A desapropriação por zona possui previsão no art. 4º do Decreto-lei 3.365/1941:
Art. 4o A desapropriação poderá abranger a área contígua necessária ao desenvolvimento
da obra a que se destina, e as zonas que se valorizarem extraordinariamente, em
consequência da realização do serviço. Em qualquer caso, a declaração de utilidade pública
deverá compreendê-las, mencionando-se quais as indispensaveis à continuação da obra e
as que se destinam à revenda.
Parágrafo único. Quando a desapropriação destinar-se à urbanização ou à reurbanização
realizada mediante concessão ou parceria público-privada, o edital de licitação poderá
prever que a receita decorrente da revenda ou utilização imobiliária integre projeto
associado por conta e risco do concessionário, garantido ao poder concedente no mínimo o
ressarcimento dos desembolsos com indenizações, quando estas ficarem sob sua
responsabilidade.
Detalhe é que o ato expropriatório deve especificar qual área que se destina à continuidade da obra e qual a que se destina à revenda, em decorrência da sua
valorização. Nesta última hipótese, o bem não é expropriado para integrar o patrimônio público, mas para ser revendido, com lucro, depois de concluída a
obra que valorizou o imóvel, evitando que os proprietários daquelas áreas tenham ganhos extraordinários com a valorização causada pelas obras ou serviços
públicos.
Maria Sylvia Di Pietro ensina que o efeito da desapropriação por zona, para o
Poder Público, é o mesmo da contribuição de melhoria, tributo devido pelo proprietário de imóvel que se valorizou em razão da execução de obras públicas
(CF, art. 145, III). Ora, tanto na desapropriação por zona quanto na contribuição de melhoria há o fato de que o imóvel experimenta valorização em decorrência
de obras públicas. Portanto, havendo a previsão de valorização de imóveis vizinhos, o Poder Público poderá escolher: (i) cobrar simplesmente a contribuição
de melhoria do proprietário após a valorização ou (ii) antes da realização da obra,
desapropriar a área contígua que será valorizada para, após o término da obra, revende-la com lucro. Por óbvio, caso escolha a segunda opção, os novos
adquirentes não ficarão sujeitos ao pagamento da contribuição de melhoria.
d) CERTA. As concessionárias e permissionárias de serviços públicos
(particulares) podem promover a fase executória da desapropriação, desde que
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 66 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
recebam expressamente essa delegação por lei ou contrato. É o que está previsto
no art. 3º do Decreto-Lei 3.365/1941:
Art. 3o Os concessionários de serviços públicos e os estabelecimentos de carater público
ou que exerçam funções delegadas de poder público poderão promover desapropriações
mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
Gabarito: alternativa “d”
Questão 92
Quanto às parcerias público-privadas em sentido estrito, é correto afirmar
que
(A) é vedado que numa PPP o particular receba recursos públicos a qualquer título que não seja de financiamento por instituição financeira, antes de
iniciar a prestação dos serviços objeto da PPP.
(B) a contratação de parcerias público-privadas será precedida de licitação
devendo o contrato ser adjudicado à empresa ou ao consórcio de empresas que se sagrou vencedor do certame, vedado que o objeto da parceria seja
cometido a pessoa jurídica distinta dos adjudicatários.
(C) se inclui entre as cláusulas necessárias dos contratos de PPP a que
contenha as penalidades aplicáveis à Administração Pública.
(D) elas só podem ter por objeto a prestação de serviços públicos divisíveis de que a Administração seja usuária direta ou indireta, ainda que envolva a
execução de obra.
Comentários
a) ERRADA. Uma PPP se caracteriza justamente pela transferência de recursos
públicos para o particular concessionário, ou seja, há sempre uma contraprestação pecuniária do Poder Público em favor do parceiro privado. Essa
contraprestação pode ser tanto mediante ordem bancária (transferência direta de recursos), como também por cessão de créditos não tributários, outorga de
direitos em face da Administração Pública, outorga de direitos sobre bens públicos
dominicais e outros meios admitidos em lei.
b) ERRADA. Segundo o art. 3º da Lei 11.079/2004, o art. 27 da Lei 8.987/95 se aplica às PPP. Tal dispositivo da Lei 8.987/95 permite a transferência da
concessão em que o contrato de concessão é totalmente entregue nas mãos de terceiros, após autorização do poder concedente, havendo a completa
substituição da empresa originalmente vencedora da licitação. Portanto, não é absolutamente vedado que o objeto da parceria seja cometido a pessoa jurídica
distinta dos adjudicatários.
c) CERTA, nos termos do art. 5º, inciso II:
Art. 5o As cláusulas dos contratos de parceria público-privada atenderão ao disposto no art.
23 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no que couber, devendo também prever:
(...)
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 67 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
II – as penalidades aplicáveis à Administração Pública e ao parceiro privado em caso de
inadimplemento contratual, fixadas sempre de forma proporcional à gravidade da falta
cometida, e às obrigações assumidas;
d) ERRADA. A lei não restringe o objeto das PPP à prestação de serviços públicos
divisíveis.
Gabarito: alternativa “c”
Questão 93
À luz da Lei no 12.846/13, denominada Lei Anticorrupção (LAC), é correta a
afirmação constante em qual das alternativas a seguir?
(A) Com base na LAC, podem ser aplicadas na esfera administrativa as sanções de multa, publicação extraordinária da decisão condenatória e
declaração de inidoneidade da pessoa jurídica envolvida nos ilícitos.
(B) As punições previstas na LAC somente poderão ser aplicadas após
regular processo administrativo, no âmbito do qual seja possível o exercício da ampla defesa com todos os meios e recursos a ela inerentes, e conduzido
por comissão integrada por, no mínimo, dois servidores estáveis.
(C) A competência para instauração e julgamento do processo administrativo de responsabilização por atos de corrupção pelos envolvidos caberá à
autoridade máxima de cada órgão ou ente público do respectivo poder,
vedada a delegação desta competência.
(D) A autoridade máxima do órgão ou entidade pública, com a anuência do Ministério Público, poderá celebrar acordo de leniência com as pessoas físicas
ou jurídicas responsáveis por atos de corrupção desde que esta identifique os demais envolvidos na infração, forneça com celeridade provas e
documentos, seja a primeira a se manifestar e cesse completamente seu
envolvimento.
Comentários
a) ERRADA. Na esfera administrativa, a LAC prevê apenas as sanções de multa e publicação extraordinária da decisão condenatória. Não prevê a declaração de
inidoneidade.
b) CERTA. Como todo processo de natureza punitiva, deve ser assegurado o
exercício da ampla defesa com todos os meios e recursos a ela inerentes. Com base no art. 10 da LAC, o processo administrativo para apuração da
responsabilidade de pessoa jurídica será conduzido por comissão designada pela
autoridade instauradora e composta por 2 (dois) ou mais servidores estáveis.
c) ERRADA. Segundo o art. 8º, §1º da LAC, “a competência para a instauração e o julgamento do processo administrativo de apuração de responsabilidade da
pessoa jurídica poderá ser delegada, vedada a subdelegação”.
d) ERRADA. Para a celebração do acordo de leniência, não há necessidade de
anuência do Ministério Público.
Gabarito: alternativa “b”
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 68 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
Questão 94
Sobre o dever constitucional da Administração Pública realizar licitação para
contratar obras, serviços, compras e alienações, bem como para delegar a prestação de serviços públicos por meio de concessão ou permissão, é
correto afirmar que
(A) respeitadas as modalidades de licitação previstas na lei geral editada
pelo Congresso Nacional, Estados e Municípios podem estabelecer
modalidades licitatórias adicionais para a Administração Pública no seu
âmbito federativo.
(B) a licitação se presta a assegurar à Administração a obtenção da proposta economicamente mais barata e a garantir condições e oportunidades
idênticas a todos os particulares interessados.
(C) a Constituição prevê a existência de uma única lei contendo normas
gerais para todos os entes e órgãos públicos de qualquer ente da Federação.
(D) é possível que a licitação seja utilizada para a consecução de pautas de
políticas públicas que conflitem com os princípios da economicidade e da
isonomia.
Comentários
a) ERRADA. O §8º do art. 22 da Lei 8.666/1993 proíbe a criação de novas modalidades de licitação, bem assim a combinação de modalidades. Na verdade,
a Lei 8.666/1993 veda que leis estritamente locais criem novas modalidades de licitação. Outras leis nacionais podem cria-las, como é o caso da Lei 10.520/2002,
que instituiu o pregão.
b) ERRADA. A licitação se presta a assegurar à Administração a obtenção da
proposta mais vantajosa, e não necessariamente a proposta economicamente
mais barata.
c) ERRADA. A Constituição não exige a edição de uma única lei para estabelecer normas gerais de licitação. Tanto é verdade que, além da Lei 8.666/93, a Lei
10.520/2002 (pregão) e a Lei 12.462/2011 (RDC) também tratam do assunto.
d) CERTA. Embora a observância do princípio da isonomia seja a regra nas licitações, a Lei 8.666/1993 admite uma série de situações nas quais é possível
haver diferenciação entre os licitantes, situações que podem ser consideradas exceções a esse princípio, como na necessidade de dar preferência a bens e
serviços nacionais ou produzidos por microempresas e empresas de pequeno
porte, ainda que sejam mais caros.
Gabarito: alternativa “d”
Questão 95
Em matéria de processo administrativo, no Estado de São Paulo, convivem
normas processuais constantes em lei federal (Lei nº 9.784/99) e estadual (Lei nº 10.177/98). No regime jurídico do processo administrativo aplicado
à Administração Pública estadual, é correto afirmar que
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 69 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
a) a Administração não pode anular seus atos se passados mais de dez anos contados de sua produção, mesmo que causadores de prejuízo,
independentemente do direito ao ressarcimento.
b) no processo administrativo, os atos preparatórios ou de mero expediente
não podem ser objeto de recurso hierárquico, podendo ser impugnados por meio de agravo retido ou pedido de reconsideração endereçado à autoridade
que tiver praticado o ato.
c) a Administração poderá convalidar seus atos inválidos, quando a
invalidade decorrer de vício de competência ou de ordem formal, ainda que
o mesmo tenha sido objeto de impugnação por interessado.
d) as competências não são renunciáveis nem delegáveis, podendo ser
avocadas em caráter excepcional e transitório.
Comentários
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão, conforme estabelece o
art. 10, I, da Lei nº 10.177/98:
Artigo 10 - A Administração anulará seus atos inválidos, de ofício ou por provocação de
pessoa interessada, salvo quando:
I - ultrapassado o prazo de 10 (dez) anos contado de sua produção;
A alternativa B está incorreta. De acordo com o art. 41, da referida Lei, são irrecorríveis, na esfera administrativa, os atos de mero expediente ou
preparatórios de decisões.
A alternativa C está incorreta. Com base no §1º, do art. 11, da Lei nº 10.177/98,
não será admitida a convalidação quando dela resultar prejuízo à Administração
ou a terceiros ou quando se tratar de ato impugnado.
A alternativa D está incorreta. Segundo o art. 19, da referida Lei, salvo vedação legal, as autoridades superiores poderão delegar a seus subordinados a prática
de atos de sua competência ou avocar os de competência destes.
Questão 96
Sobre os consórcios públicos regulados pela Lei no 11.107/05, é incorreto
afirmar que
(A) se um consórcio público é inicialmente constituído pela União, dois
Estados e cinco Municípios situados no território de um desses Estados e, durante o processo de ratificação do Protocolo de Intenções pelos
legislativos, a Assembleia Legislativa de um desses Estados nega a ratificação, esse Consórcio não poderá ser constituído com a participação da
União.
(B) o contrato de consórcio deverá prever contribuições financeiras ou
econômicas de ente da Federação ao consórcio público, vedada a doação,
destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis e as transferências
ou cessões de direitos.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 70 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(C) o Consórcio Público formado por um Estado e vários Municípios, que assume personalidade jurídica de direito público, passa a integrar a
administração autárquica concomitantemente de todos os entes federados
integrantes de sua composição.
(D) constitui ato de improbidade do agente público delegar a prestação de serviço público a órgão ou pessoa jurídica pertencente a outro ente da
Federação por instituto diverso do contrato de programa.
Comentários
a) CERTA. Segundo ao art. 1º, §2º da Lei 11.107/2005, “a União somente
participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados”. Ou seja, a
União não pode celebrar consórcio diretamente com Municípios, devendo sempre haver a participação do Estado em que se situa o Município. Sendo assim, caso a
Assembleia Legislativa do Estado não ratifique a sua participação no consórcio, a
União não poderá participar apenas com os Municípios.
b) ERRADA, nos termos do art. 4º, §3º da Lei 11.107/2005:
§ 3o É nula a cláusula do contrato de consórcio que preveja determinadas contribuições
financeiras ou econômicas de ente da Federação ao consórcio público, salvo a doação,
destinação ou cessão do uso de bens móveis ou imóveis e as transferências ou cessões de
direitos operadas por força de gestão associada de serviços públicos.
c) CERTA. Nos termos do art. 6º, §1º da Lei 11.107/2005, “o consórcio público
com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os entes da Federação consorciados”. Parte da doutrina entende que os
consórcios de direito público passam a integrar a administração indireta dos entes
consorciados como uma espécie de autarquia, daí o item afirmar que eles passam
a integrar a administração autárquica”.
d) CERTA. Segundo o art. 10, XIV da Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), constitui ato de improbidade “celebrar contrato ou outro
instrumento que tenha por objeto a prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as formalidades previstas na lei”. E, segundo o
art. 13 da Lei 11.107/2005, “deverão ser constituídas e reguladas por contrato de programa, como condição de sua validade, as obrigações que um ente da
Federação constituir para com outro ente da Federação ou para com consórcio público no âmbito de gestão associada em que haja a prestação de serviços
públicos ou a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal ou de
bens necessários à continuidade dos serviços transferidos.
Gabarito: alternativa “b”
Questão 97
Sobre os Contratos Administrativos, é correto afirmar:
(A) na licitação na modalidade de pregão, regulada pela Lei no 10.520/02, apenas após o encerramento da etapa competitiva o pregoeiro verificará a
documentação do licitante vencedor, quando então deverá verificar sua
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 71 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
habilitação jurídica, fiscal, técnica, econômica e a validade de sua garantia
de proposta.
(B) a contratação integrada compreende a elaboração e o desenvolvimento dos projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de
engenharia, a montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as
demais operações necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.
(C) ressalvada a hipótese de contratação integrada nos demais regimes de execução é proibida a participação do autor do projeto básico como consultor
ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento, na
licitação de obra ou serviço ou na sua execução.
(D) a Ata de Registro de preços constitui modalidade de licitação para contratações cujo orçamento estimado não alcance o valor que obriga a
adoção da modalidade concorrência.
Comentários
a) ERRADA. No pregão, a verificação dos requisitos de habilitação ocorre após o
julgamento das propostas, ou seja, ocorre uma inversão de fases relativamente às demais modalidades de licitação, em que a habilitação precede o julgamento.
Segundo a Lei 10.520/2002, a “habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade
Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que atende às
exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e
econômico-financeira”. Ou seja, não há previsão de que seja verificada a validade
da garantia de proposta. Aliás, no pregão, a garantia de proposta é vedada.
b) CERTA. A contratação integrada é um instituto previsto na Lei 12.462/2011, que institui o Regime Diferenciado de Contratações (RDC). O que caracteriza o
regime de contratação integrada é o fato de que o contratado, além de executar as obras, também elabora o projeto executivo e o projeto básico (art. 9º, §1º).
O edital respectivo conterá apenas um anteprojeto de engenharia para
possibilitar a caracterização da obra ou serviço.
c) ERRADA. Nos termos do art. 9º, §1º da Lei 8.666/93, “é permitida a participação do autor do projeto ou da empresa a que se refere o inciso II deste
artigo, na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamento,
exclusivamente a serviço da Administração interessada”.
d) ERRADA. O Sistema de Registro de Preços (SRP) não é uma modalidade de
licitação. Na verdade, o SRP nada mais é que um conjunto de procedimentos para
a formação de um “banco de dados” de preços e fornecedores, que fica registrado numa ata, denominada ata de registro de preços, com característica de
compromisso para futura contratação.
Gabarito: alternativa “b”
Questão 98
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 72 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
O regime jurídico dos servidores públicos tem um amplo tratamento na Constituição federal, além de ser disciplinado em lei estatutária de cada ente
da federação. Com relação ao regime geral dos servidores públicos, é correto
afirmar que
(A) no direito brasileiro é possível que um não servidor público exerça função pública sem que o agente seja ocupante de cargo público em que tenha sido
regularmente investido.
(B) um servidor aposentado pelo regime de previdência do setor público
somente poderá acumular os proventos com a remuneração de cargo público se o cargo em que se aposentou e aquele posteriormente ocupado forem
acumuláveis nos termos da Constituição.
(C) o servidor público estável só pode ser demitido a bem do serviço público
após processo administrativo disciplinar em que lhe seja assegurado o amplo direito de defesa exercida por meio de advogado por ele constituído ou
dativo.
(D) o servidor aprovado em concurso público, após adquirir estabilidade, só pode deixar de ocupar o cargo no qual foi investido por promoção,
exoneração a pedido ou após regular processo administrativo disciplinar ou
ainda quando requerer a aposentadoria, preenchidos os requisitos legais.
Comentários
a) CERTA. De fato, é possível que não servidores públicos exerçam funções
públicas, a exemplo de cargos em comissão ou de funções de agentes honoríficos,
como mesários nas eleições.
b) ERRADA. O item trouxe apenas uma das hipóteses de acumulação de
proventos da aposentadoria com a remuneração de cargos efetivos. A Constituição também permite a acumulação dos proventos com a remuneração
de cargos em comissão e de cargos eletivos.
c) ERRADA. Nos termos do art. 41, §1º da CF, o servidor estável poderá perder
o cargo em virtude de (i) sentença judicial transitada em julgado, (ii) mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa, e (iii)
mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa
d) ERRADA. Além das situações mencionadas na alternativa anterior, o servidor estável também poderá deixar seu cargo nas hipóteses de vacância previstas no
regime jurídico de seu cargo. Por exemplo, a Lei 8.112/90 prevê como hipóteses de vacância: exoneração, demissão, promoção, readaptação, aposentadoria,
posse em outro cargo inacumulável e falecimento.
Gabarito: alternativa “a”
Questão 99
Sobre os serviços públicos, assinale a alternativa correta.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 73 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(A) As tarifas de remuneração da prestação de serviços públicos concedidos deverão ser fixadas pelo preço da proposta vencedora da licitação nos
termos de sua proposta e sua cobrança poderá ser condicionada à existência
de serviço alternativo e gratuito para o usuário.
(B) A prestação de serviço público diretamente pelo poder público é imune à aplicação do regime de proteção contido no Código de Defesa do
Consumidor por caracterizar relação de prestação ao usuário e não relação
de consumo.
(C) Os serviços públicos previstos na Constituição que sejam passíveis de
concessão aos particulares só poderão ser remunerados por meio de tarifas.
(D) A prestação do serviço público não pode ser interrompida por inadimplemento do usuário no pagamento das tarifas, pois sendo um serviço
essencial, o corte fere o princípio da dignidade da pessoa humana.
Comentários
a) CERTA, nos termos do art. 9º da Lei 8.987/95:
Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora
da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato.
§ 1o A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e somente nos casos
expressamente previstos em lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de
serviço público alternativo e gratuito para o usuário.
b) ERRADA. A prestação de serviço público configura uma relação de consumo e,
por isso, está sujeita ao regime de proteção contido no Código de Defesa do
Consumidor.
c) ERRADA. Além das tarifas cobradas diretamente dos usuários, os serviços também podem ser remunerados por receitas alternativas, complementares,
acessórias ou de projetos associados, que poderão ser geradas com a concessão, a exemplo da exploração de lanchonetes e estacionamentos nos aeroportos ou
de outdoors nas rodovias.
d) ERRADA. A Lei 8.987/95 (art. 6º, §3º) prevê que não se caracteriza como
descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após
prévio aviso, quando: (i) motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e (ii) por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade.
Gabarito: alternativa “a”
Questão 100
Sobre os bens públicos, é correta a seguinte assertiva:
(A) só se sujeitam ao regime de bens públicos aqueles bens que pertençam
a pessoa jurídica de direito público.
(B) é vedado o uso privativo de bem público de uso comum por particular,
salvo se a lei expressamente autorizar.
Prof. Ricardo Torques www.estrategiaconcursos.com.br 74 de 73
PROVA MAGISTRATURA TJSP 2015 COMENTADA ESTRATÉGIA CONCURSOS
(C) a afetação de bens ao uso comum pode decorrer de ato de vontade de
um particular.
(D) bens públicos de uso comum são aqueles abertos à fruição de todo
cidadão, de modo incondicionado e gratuito.
Comentários
a) ERRADA. Bens que pertençam a pessoas jurídicas de direito privado, mas que
estejam diretamente relacionados com a prestação de um serviço público,
também se sujeitam ao regime de bens públicos.
b) ERRADA. Os bens públicos de qualquer modalidade – de uso comum, de uso
especial ou dominical – podem ser utilizados de modo privativo por particulares, mediante institutos como autorização de uso, permissão de uso, concessão de
uso, concessão de direito real de uso e cessão de uso.
c) CERTA. A doutrina majoritária possui o entendimento de que que a mera ação
dos administrados não tem a capacidade de vincular ou desvincular um bem de sua destinação pública. Assim, por exemplo, a invasão do MST em repartição
pública, com a instalação de barracas, não reverte o bem de uso especial em comum do povo. De igual forma, o não uso frequente de uma praça pública ou
de uma praia pela população não é suficiente para desafetar esses bens. Contudo, a banca parece ter adotado o entendimento de Carvalho Filho, segundo o qual a
afetação e a desafetação constituem fatos administrativos. E, o fato administrativo tanto pode ocorrer mediante a prática de ato administrativo
formal, como através de fato jurídico de diversa natureza, no qual estaria incluído
o ato de vontade do particular.
d) ERRADA. De regra, o uso dos bens de uso comum do povo é gratuito, mas
pode ser oneroso, tal como na cobrança de pedágio em estradas rodoviárias ou na cobrança de estacionamento rotativo em áreas públicas (ruas e praças) pelos
Municípios.
Gabarito: alternativa “c”