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PROVA DE HISTÓRIA PERGUNTAS E RESPOSTAS COMENTÁRIOS SOBRE AS RESPOSTAS

Prova comentada ufrj(história)

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Prova de historia comentada

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Page 1: Prova comentada ufrj(história)

PROVA DE

HISTÓRIA

PERGUNTAS E RESPOSTAS

COMENTÁRIOS SOBRE AS RESPOSTAS

Page 2: Prova comentada ufrj(história)

1ª Questão

As relações entre a pregação protestante e as estruturas políticas então existentes foram muitas vezes decisivas tanto

para os destinos da pregação em si quanto para os rumos afinal tomados pela organização das novas Igrejas.

Francisco José Calazans FALCON

In: RODRIGUES, Antonio Edmilson M. e FALCON, Francisco José C.

Tempos modernos: ensaios de história cultural. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.

O texto acima se refere a processos da Reforma Religiosa ocorridos na Europa. O movimento reformista, entretanto,

conheceu diferentes reações em distintas áreas. Indique duas causas para a Reforma Religiosa na Inglaterra e uma

consequência econômica desse movimento.

Resposta

• interesse do rei Henrique VIII nas terras da Igreja;

• interesse da burguesia na queda de taxas e impostos;

• interesse da burguesia em ampliar o seu poder no Parlamento;

• interesse do rei em fortalecer sua autoridade a partir da criação de uma igreja subordinada diretamente a ele;

• não concessão da anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão pelo Papa e consequente interdição de seu

casamento com Ana Bolena;

Uma das consequências:

• aceleração do processo de cercamento dos campos;

• início da projeção da Inglaterra como potência econômica e naval na Europa;

• confisco e leilão das terras da Igreja Católica, ampliando os recursos disponíveis à monarquia.

Comentário

O processo de transformações econômicas, políticas e sociais ocorrido na Europa, a partir do século XII, culminou em

um amplo movimento de contestação à autoridade e ao poder material da Igreja Católica. Tal movimento, conhecido

como Reforma Protestante, foi precedido por manifestações nos séculos anteriores e em diversas regiões.

Com a organização dos Estados Nacionais, através da aliança entre a burguesia e o rei, a ação e interferência da Igreja

de Roma ficaram bastante reduzidas. A condenação da usura pela igreja entravava o desenvolvimento do comércio e

das atividades financeiras, o que a tornava bastante insensível às novas necessidades da burguesia. Além disso, a

igreja sofria críticas cujos principais alvos eram: a riqueza material da igreja e a atitude mundana do alto clero - muitos

usavam indevidamente a renda da igreja em beneficio próprio - e a prática da simonia – ou seja, o comércio das coisas

sagradas como a venda de cargos eclesiásticos, de indulgencias, etc. É o acirramento dessas práticas que faz eclodir o

movimento protestante.

No caso dos ingleses, durante o governo dos Tudor também se criticava os abusos da Igreja Católica, a ineficiência dos

tribunais eclesiásticos e o favoritismo na distribuição de cargos públicos para membros do Clero, além da crítica ao

pagamento e envio de dízimo para Roma.

Na Inglaterra, durante o governo de Henrique VIII (1509-1547), a burguesia pressionava pelo aumento do poder do

Parlamento, o que lhe daria oportunidade de legislar sobre a economia, inclusive sobre as taxas cobradas pela igreja, e

sobre a liberação da prática da usura. Henrique VIII, necessitando aumentar as riquezas do Estado, aproveitou-se

dessa situação para confiscar os bens da igreja. Isso gerou desentendimentos com o Papa. Tal situação foi agravada

quando o monarca solicitou a anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, pois não tendo sucessores

masculinos com a princesa espanhola, Henrique VIII temia que, em caso de sua morte, o trono inglês passasse para o

controle Espanhol. Esse temor era compartilhado por toda a nação que apoiou o rei diante da negativa do papa em

conceder-lhe o divórcio. O rei então rompeu com o papado e promoveu uma reforma na Igreja Inglesa, obrigando seus

membros a reconhecê-lo como chefe supremo e a lhe jurar fidelidade e obediência. Assim Henrique VIII obteve do

Clero Inglês o divórcio de Catarina de Aragão e pode casar-se com Ana Bolena. Em 1534 Henrique VIII decretou o ato

de supremacia que separava a Inglaterra do papa e assim transformou-se no chefe da igreja de seu país, passando a

reprimir seus opositores. Esse movimento foi chamado de Reforma Anglicana. A doutrina anglicana apresentou poucas

modificações em relação à doutrina Católica, a não ser o desencorajamento do culto aos santos e relíquias e a

popularização da leitura da Bíblia, traduzida para o idioma tradicional.

No aspecto prático, a reforma anglicana resolveu duas questões para a monarquia inglesa: a concretização do divorcio

do rei, que solucionou a questão da herança do trono; e a apropriação dos bens da igreja os quais, vendidos para a

nobreza e para a burguesia, deram o necessário suporte financeiro para coroa.

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2ª Questão

O trabalho na colônia

1. 1500-1532: período chamado pré-colonial, caracterizado por uma economia extrativa baseada no escambo com os

índios;

2. 1532-1600: época de predomínio da escravidão indígena;

3. 1600-1700: fase de instalação do escravismo colonial de plantation em sua forma “clássica”;

4. 1700-1822: anos de diversificação das atividades em função da mineração, do surgimento de uma rede urbana, mais

tarde de uma importância maior da manufatura – embora sempre sob o signo da escravidão predominante.

Page 3: Prova comentada ufrj(história)

Ciro Flamarion Santana CARDOSO

In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil.

9ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000.

A partir das informações do texto, verificam-se alterações ocorridas no sistema colonial em relação à mão-de-obra.

Apresente duas justificativas para o incentivo do Estado português à importação de mão-de-obra escrava para sua

colônia na América.

Resposta

Duas das justificativas:

• oposição da Igreja Católica à utilização do indígena como escravo;

• dificuldade de apresamento dos indígenas, em função de sua migração / fuga para o interior;

• lucratividade do tráfico internacional de escravos, semelhante à de uma grande empresa, favorecendo traficantes e a

Coroa Portuguesa;

• “falta de braços” para a lavoura dos principais produtos coloniais, devido a um ciclo de doenças ocorridas na segunda

metade do século XVI, responsável pela morte de milhares de indígenas;

• caráter fortemente hierárquico da sociedade portuguesa desse momento, marcada pelo uso legitimado da

escravidão.

Comentário

O regime baseado nas relações escravistas de produção surgiu onde existia a possibilidade, seja de produzir para o

mercado europeu artigos tropicais em quantidades amplas, seja de explorar jazidas de metais preciosos, desde que

fosse possível resolver o problema da necessidade de mão de obra abundante e disciplinada. Em segundo lugar tal

regime surgiu onde não foi possível estabelecer ou manter uma estrutura de exploração baseada principalmente na

incorporação da força de trabalho indígena.

No caso da colônia portuguesa na America, conforme mostra o texto de Ciro Flamarion apresentado na questão, o

período entre 1532-1600 foi uma época em que predominava um sistema escravista baseado no trabalho indígena,

com presença relativamente pequena de escravos da África. A transição gradual para um tráfico africano mais intenso

ocorre em função de características, dificuldades e necessidades intrínsecas da economia colonial do açúcar. A partir de

1570, por um lado, a resistência dos índios, as epidemias que golpeavam duramente a população e a legislação contra

a escravidão indígena, reduziram tanto a disponibilidade da mão de obra indígena quanto sua rentabilidade. Por outro

lado, conforme a produção do açúcar ia se intensificando surgia a necessidade de mais mão de obra.

A escravidão africana se colocava, então, como uma opção que oferecia não só mão de obra abundante como, também,

se fazia duplamente lucrativa. Ao mesmo em tempo que permitia acumulação por parte dos traficantes, já que ao

serem vendidos como mercadoria os africanos traziam enormes lucros - ao contrário do indígena cuja escravização era

um negócio local -, também gerava maiores lucros em nível de produção, pois o comércio de africanos conseguia

atender a demanda de uma produção intensiva e em larga escala, a qual vinha sendo implementada no Brasil.

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3ª Questão

O rei é vencido e preso. O Parlamento tenta negociar com ele, dispondo-se a sacrificar o Exército. A intransigência de

Carlos, a radicalização do Exército, a inépcia do Parlamento somam-se para impedir essa saída “moderada”; o rei foge

do cativeiro, afinal, e uma nova guerra civil termina com a sua prisão pela segunda vez. O resultado será uma solução,

por assim dizer, moderadamente radical (1649): os presbiterianos são excluídos do Parlamento, a Câmara dos Lordes é

extinta, o rei decapitado por traição ao seu povo após um julgamento solene sem precedentes, proclamada a República;

mas essas bandeiras radicais são tomadas por generais independentes, Cromwell à atesta, que as esvaziam de seu

conteúdo social.

Renato Janine RIBEIRO

In: HILL, Christopher. O mundo de ponta-cabeça: ideias radicais durante a Revolução Inglesa de 1640. São

Paulo: Companhia das Letras, 1987.

O texto faz menção a um dos acontecimentos mais importantes da Europa no século XVII: a Revolução Puritana (1642-

1649). A partir daquele acontecimento, a Inglaterra viveu uma breven experiência republicana, sob a liderança de

Oliver Cromwell. Dentre suas realizações mais importantes, destaca-se a decretação do primeiro Ato de Navegação.

Explique a importância do Ato de Navegação para a economia inglesa e aponte duas ações políticas da República

Puritana.

Resposta

A decretação do primeiro Ato de Navegação (1651) determinou que o transporte de produtos importados pela

Inglaterra deveria ser feito apenas em navios ingleses ou pertencentes aos países de origem dos respectivos produtos,

ampliando o processo de acumulação de capitais.

Duas das ações:

• dissolução do Parlamento;

• conquista da Jamaica à Espanha;

Page 4: Prova comentada ufrj(história)

• supressão da Câmara dos Lordes;

• vitórias militares contra a Holanda e a Espanha;

• submissão da Irlanda e da Escócia, outra vez, à Inglaterra;

• confisco e leilão das terras pertencentes à Igreja Anglicana e aos nobres que apoiaram o rei;

• autoproclamação de Cromwell como Lorde Protetor das Repúblicas da Inglaterra, Escócia e Irlanda.

Comentário

Em 1628, Carlos I, rei da Inglaterra, foi obrigado pelos líderes do Parlamento a assinar a Petição de direitos, em que se

comprometia a não cobrar impostos sem a aprovação do Parlamento. No ano seguinte, o rei dissolveu o Parlamento

readquirindo o controle da política financeira. Diante disso Carlos I adota a reativação da cobrança de antigos impostos,

por exemplo, o Ship Money - imposto antes cobrado apenas às cidades portuárias para financiar a marinha, o qual foi

estendido a toda a nação. Também determinou medidas para impor a religião anglicana em todos os domínios da Coroa

como forma de legitimação de poder.

A Escócia, que era predominantemente presbiteriana, reage contra a imposição do rei e organiza um exército para

invadir a Inglaterra. Para combater tal iniciativa, Carlos I solicita verbas ao Parlamento Inglês, porém, em uma

demonstração de força, o Parlamento impôs algumas condições. Dentre elas a dissolução da Câmara Estrelada (tribunal

judiciário), a extinção da cobrança do Ship Money, entre outras. O rei cumpre as exigências e consegue que os

escoceses recuem. Em 1641, eclode uma revolta na Irlanda católica. O Parlamento nega a Carlos I o comando do

exército para a repressão, a menos que submetesse a escolha de seus conselheiros à aprovação do Parlamento.

Recusando-se a cumprir tal exigência, o rei invadiu o Parlamento e tentou prender seus líderes, o que desencadeou

uma guerra civil, em 1642. O exército parlamentar liderado por Oliver Cromwell venceu as tropas do rei, obrigando

Carlos I a se refugiar na Escócia. Lá o rei se nega a reconhecer a Igreja Presbiteriana e é executado pelo parlamento

Inglês em 1649.

O exército Puritano, sob o comando de Cromwell, tornou-se uma força política poderosa, alijando do poder os

presbiterianos e proclamando a república em 1649. Durante a República Puritana, sob o governo de Cromwell, foi

suprimido a Câmara dos Lordes, o que ajudou a eliminar as estruturas feudais que entravavam o pleno

desenvolvimento da economia inglesa. Também foi criado o conselho de Estado, composto por 41 membros, mas o

poder de fato era exercido por Cromwell. No plano externo, o maior destaque, foi a promulgação dos Atos de

Navegação (1651), pelos quais ficou estabelecido que todas as mercadorias deveriam ir para a Inglaterra em navios

ingleses ou de seus países de origem. Com o prestigio dado à marinha e a remodelação do exército, a Inglaterra

conseguiu os primeiros ganhos na política exterior contra a Holanda e a Espanha, de quem obteve respectivamente

Dunquerque e Jamaica.

Fortalecido, Cromwell dissolveu o Parlamento Inglês em 1653, proclamou-se “Lorde Protetor das Repúblicas da

Inglaterra, Escócia e Irlanda”, o que dura até sua morte em 1658.

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4ª Questão

(...) Minuciosas até o exagero são as descrições das operações manuais de Robinson: como ele escava a casa na rocha,

cerca-a com uma paliçada, constroi um barco (...) aprende a modelar e a cozer vasos e tijolos. Por esse empenho e

prazer em descrever as técnicas de Robinson, Defoe chegou até nós como o poeta da paciente luta do homem com a

matéria, da humildade e grandeza do fazer, da alegria de ver nascer as coisas de nossas mãos. (...) A conduta de

Defoe é, em Crusoé (...), bastante similar à do homem de negócios respeitador das normas que na hora do culto vai à

igreja e bate no peito, e logo se apressa em sair para não perder tempo no trabalho.

Ítalo CALVINO

Por que ler os clássicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998

Daniel Defoe, no romance Robison Crusoé, deixa transparecer a influência que as ideias liberais passaram a exercer

sobre o comportamento de parcela da sociedade europeia ainda no século XVIII.

Com base no fragmento citado, identifique um ideal liberal expresso nas ações do personagem Robinson Crusoé. Em

seguida, explicite como esse ideal se opunha à organização da sociedade do Antigo Regime.

Resposta

Um dos ideais e sua respectiva explicação:

• Individualismo: com o individualismo, os liberais criticam a sociedade do Antigo Regime, que colocava a razão do

Estado à frente das necessidades dos indivíduos, privilegiando determinados grupos por sua origem ou nascimento em

detrimento de suas habilidades ou competências.

• Valorização do trabalho independentemente de sua natureza: a dignificação de todo tipo de trabalho se contrapunha

ao caráter estamental da sociedade do Antigo Regime, de acordo com o qual determinadas ocupações eram indignas

dos membros dos estamentos privilegiados.

Comentário

Ao longo da Idade Moderna, a burguesia adquire progressivamente poder econômico e passa a exigir também direitos

políticos. Nesse quadro, em que o Antigo Regime e o desenvolvimento capitalista passam a conflitar, produz-se um

conjunto de idéias que expressava as aspirações dos grupos sociais descontentes , formando uma filosofia contraria ao

Page 5: Prova comentada ufrj(história)

Antigo Regime, chamada de Iluminismo.

Os pensadores iluministas defendiam a liberdade política e econômica e dessa forma expressavam os meios burgueses

de crítica ao Estado Absolutista.

O século XVIII foi o momento de ruptura com a ordem moderna, gerando a Era das Revoluções que se inaugura com a

independência dos Estados Unidos e continua com a Revolução Francesa e os demais movimentos de independência da

América. Simultaneamente na área econômica processou-se uma transformação importante, a qual completou a

estruturação capitalista, a chamada Revolução Industrial. Como resultado desse período, que envolvia aspectos

religiosos, políticos, sociais e econômicos, uma nova ordem surge constituindo o sistema capitalista.

O pensamento liberal teve sua origem no século XVII por meio dos trabalhos sobre política publicados pelo filósofo

iluminista John Locke (1632-1704), o qual defendia a vida e a liberdade de propriedade como direitos naturais. Para ele

os governos haviam surgido em função de um contrato estabelecido entre os homens visando a preservação de direitos.

Nesse sentido, cabia a sociedade reclamar e até mesmo substituir o governante caso o contrato não fosse cumprido.

Desta forma, Locke negava o Absolutismo e fundava o liberalismo político. Outros pensadores iluministas apresentaram

ideias importantes para o pensamento liberal. Montesquieu (1689-1755), filósofo francês, defendia a teoria da

separação dos três poderes do Estado, segundo a qual o governo deveria ser exercido simultaneamente por três

poderes distintos e independentes: o legislativo, o executivo e o judiciário. Já Voltaire (1694-1778), defendia uma

monarquia que respeitasse os direitos individuais. Jean Jacques Rousseau (1712-1778), ao contrario de Voltaire e

Montesquieu, os quais eram monarquistas liberais, foi um crítico radical do Antigo Regime, defendendo um governo

popular.

Este pensador defendia a liberdade e igualdade entre os homens, afirmando que o poder político repousava sobre o

povo.

As ideias iluministas pregando as virtudes da liberdade levaram ao aparecimento de uma nova doutrina econômica, a

chamada fisiocracia. De acordo com os fisiocratas, a economia seria regulada por leis naturais, sem intervenção do

Estado e para exprimir esse ideal de liberdade econômica usavam o lema “Laissez-faire, laissez passer” (deixa fazer,

deixa passar), considerando indispensável à liberdade para o funcionamento das leis naturais. Já no século XVIII, o

liberalismo econômico supera o fisiocratismo. Este ganhou força com as ideias defendidas pelo filósofo e economista

escocês Adam Smith (1723-1790) que apontava a livre concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio como

indispensáveis para o progresso da humanidade.

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5ª Questão

www.inpeau.ufsc.br

O mapa político apresentado demonstra a fragmentação ocorrida na América colonial espanhola, a partir dos

movimentos de independência. Esse processo resultou não só de fatores internos, mas também de fatores externos às

colônias, como a tentativa de restauração levada a cabo pela Santa Aliança, utilizando como regra básica o princípio de

legitimidade enunciado no Congresso de Viena (1814-1815).

Page 6: Prova comentada ufrj(história)

Cite duas consequências políticas ou territoriais para a Europa pós-napoleônica da utilização do princípio de

legitimidade. Em seguida, explique a influência desse princípio nas lutas pela independência das colônias espanholas na

América

Resposta

Duas das consequências:

• dissolução da Confederação do Reno;

• ausência de partilha territorial da França;

• recolocação no poder das dinastias europeias, destronadas durante a expansão napoleônica;

• reorganização do mapa europeu, levando-se em consideração os direitos tradicionais das dinastias consideradas

legítimas e restaurando-se as fronteiras anteriores a 1791.

Explicação: Esse princípio, por tentar frear os processos de autonomia que haviam se instalado na região, ampliou

ainda mais as insatisfações dos diferentes setores das aristocracias coloniais que, organizadas em cabildos livres,

comandaram as lutas pela independência dos vice-reinos coloniais.

Comentário

A Revolução Francesa, ao promover a queda do Antigo Regime, introduziu uma série de mudanças na Europa, que

aderiu aos ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade. Esses ideais, acompanhados por propostas de

liberalismo, soberania popular e nacionalismo, acabaram se tornando as características mais significativas do processo

histórico europeu ao longo do sec. XIX. No entanto, a opressão do regime imposto pelo império Napoleônico gerou, de

um lado, a reação das forças conservadoras - articuladas a partir do Congresso de Viena; e de outro , insuflou a

organização de movimentos nacionalistas de caráter liberal em diversas regiões do continente.

Com a derrota de Napoleão em 1814, as forças coligadas reuniram-se em Viena para reorganizar o mapa político da

Europa, completamente alterado pelas campanhas de Napoleão.

Apenas a Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia tiveram participação ativa no restabelecimento do equilíbrio continental.

As decisões de reformulação foram baseadas essencialmente no principio de legitimidade. Este princípio tem como

alicerce a restauração das monarquias e dos governos anteriores à Revolução Francesa, e a volta às mesmas fronteiras

européias existentes antes de 1791.

As principais decisões do congresso de Viena, que se encerrou em 1815, alteraram bastante o mapa político europeu e

das colônias em uma tentativa de restabelecer o equilíbrio entre as grandes potencias europeias. No caso da Espanha e

Portugal, não foram recompensados com ganhos territoriais, mas tiveram restauradas as dinastias de Bourbon e

Bragança, respectivamente. Foi por decisão do Congresso de Viena que o Brasil passa a categoria de Reino Unido a

Portugal e Algarves, o que permitiu que a família real permanecesse na América, sem perder o trono.

Para garantir as resoluções do Congresso de Viena, Alexandre I, czar da Rússia, propôs formar a Santa Aliança. Esta

era uma organização supranacional de ajuda mútua das monarquias europeias, cujo objetivo era estabelecer o direito

de intervenção em qualquer região da Europa em que irrompessem revoluções liberais. De fato, as grandes potências

Europeias interviram de forma decisiva no desenvolvimento das revoluções liberais, as quais desencadearam

principalmente em 1820 (Portugal – Revolução do Porto; Itália; Grécia).

As nações ibéricas não haviam conseguido um desenvolvimento econômico compatível com o restante da Europa

Ocidental. Enquanto outros países se industrializavam, Portugal e Espanha, cuja produção manufatureira era pouco

significativa, eram obrigados a recorrer aos ingleses e franceses para suprir seus mercados internos e fornecer as suas

colônias produtos industrializados em troca de matéria-prima. Assim, os Ibéricos foram se endividando cada vez mais,

tornando-se economicamente dependentes de outras nações, o que gerou seu enfraquecimento nas decisões políticas

mais importantes do continente. Diante disso, tanto os Espanhois como os portugueses, envolvidos no movimento do

despotismo esclarecido, adotaram no século XVIII alguns princípios iluministas. Através de reformas econômicas e

administrativas pretendiam conseguir um desenvolvimento mais rápido que lhes permitisse aumentar a renda, a

riqueza, o poder das monarquias e, ainda, preservar suas colônias, além de negociar sem prejuízos com outras nações.

Desta maneira, tinham como objetivo fortalecer o pacto colonial, para permitir uma exploração mais intensa dos

recursos de suas colônias.

Políticas de arrocho fiscal e reformas administrativas recaíam sobre as elites coloniais, o que se impunha como

obstáculo para a ascensão social e política destas e ao mesmo tempo as impedia de ter o controle sobre seus próprios

negócios. Tal situação gerou rebeliões com o propósito de independência, no final do sec. XVIII, como a rebelião

indígena de Tupac Amaru no Peru, em 1780, e a Inconfidência Mineira de 1789, no Brasil.

Influenciadas pelas ideias iluministas, pelo impacto político da Revolução Americana de Independência, e pela

Revolução Francesa, as elites da América colonial desencadearam o processo de independência, cujo objetivo era

assegurar o livre comércio e sua emancipação política.

No que concerne as colônias espanholas na América , sua elite (criollos) era composta por cerca de 3 milhões de

americanos brancos, descendentes de espanhois, que controlavam as principais atividades econômicas. Apesar de gerar

acúmulo de capitais para a colônia, os criollos não participavam da política e da administração da colônia, o que era

exercido por funcionários que vinham diretamente da Espanha (chapetones ou guachupines). A estes cabia a

fiscalização do pacto colonial e o exercício do comercio monopolista em nome da coroa. Ao tomarem conhecimento da

invasão Napoleônica na metrópole, os criollos trataram de converter rapidamente os Cabildos Municipais – únicos

canais de participação política da elite colonial - em juntas insurrecionais, a favor dos Bourbon, dinastia deposta.

A divergência de interesses locais levou os criollos a criarem exércitos próprios, inaugurando na America um período de

guerras civis, agravadas em algumas regiões pela eclosão de movimentos populares. Os povos das colônias anteviam

no processo de emancipação uma forma de superar sua condição. Temendo ser eliminados pelas insurreições populares,

Page 7: Prova comentada ufrj(história)

os criollos passaram a liderar os movimentos de independência, canalizando a insatisfação de vários grupos contra os

Espanhois.

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6ª Questão

A única lei de legislação operária que teve larga aplicação é aquela que um advogado dos fazendeiros de São Paulo,

um ilustre Adolfo Gordo qualquer, ampliou: a lei de expulsão dos

estrangeiros do território da república, aplicada aos operários mais ou menos estrangeiros que

se organizassem em liga de resistência e cuidassem dos próprios interesses.

Gigi DAMIANI

“O Brasil visto por um anarquista italiano”. In: A batalha, 04/09/1921.

Presente Álvaro de Oliveira Monteiro (3ª Testemunha), portuguez, com trinta e cinco anos de

idade, solteiro, padeiro, residente à rua Dois de Fevereiro nummero cinquenta e nove, sabendo ler e escrever, inquirido

disse que hoje, cerca de sete horas da manhã, conduzia um cesto de pão a fim de distribuir tal alimento a freguesia e

ao passar pela rua Doutor Dias da Cruz um grupo de grevistas e empregados da padaria o forçaram a largar o cesto de

pão no qual atearam fogo, impedindo assim que elle declarante exercesse o seu commercio; que desse grupo tomavam

parte os acusados presentes que foram presos, tendo os demais conseguido se evadirem.

Brasil: Arquivo Nacional, 7ª Pretoria Criminal, Freguesias de Inhaúma, Irajá

e Jacarepaguá – 1912-1922 (Fundo 72), Ano: 1912, Notação: 72.0465.

Os textos acima apontam para um quadro desolador da situação da classe trabalhadora brasileira na Primeira República.

O primeiro foi escrito por um militante operário, e o segundo é parte integrante de um arquivo policial da época. Ambos

demonstram tanto a ótica sob a qual as elites políticas viam o mundo do trabalho quanto a fragilidade do movimento

operário. Indique quatro razões que contribuíram para que esse movimento, no início do século XX, se encontrasse na

situação descrita nos fragmentos.

Resposta

Gabarito

Quatro das razões:

• divisão interna do movimento operário;

• reduzido peso da indústria na economia brasileira;

• pequena repercussão pública dos movimentos grevistas;

• esperança de muitos trabalhadores estrangeiros em retornar à Europa;

• posição contrária da maioria dos anarquistas à luta por leis trabalhistas;

• reduzida tendência à organização dos trabalhadores fabris em sindicatos;

• receio entre os trabalhadores em função de “listas negras” das indústrias;

• legislação essencialmente repressiva, com a questão social sendo tratada como “caso de polícia”.

Comentário

Desde o inicio do século XX, as greves se tornaram frequentes em quase todas as cidades fabris, sobretudo no Estado

de São Paulo e Rio de Janeiro, mas ao contrário do que já ocorria em alguns países europeus, não eram reconhecidas

como uma forma legítima de luta dos trabalhadores. A maioria dos operários se empregava nas indústrias de alimentos

e tecidos, porém o desenvolvimento fabril era incipiente e estabeleceu uma base salarial baixa, péssimas condições de

trabalho e exploração brutal da força de trabalho, que se encontrava em abundancia no país.

As principais razões para a superexploração do trabalhador na primeira metade do Séc. XX decorrem de natureza

política e econômica. A questão política tem base na inexistência de leis de proteção ao trabalho e assistência social. A

questão econômica está associada ao barateamento da força de trabalho. Na medida em que a mecanização das

indústrias limitava a oferta de empregos e também o grau de qualificação do trabalhador, por outro lado, a migração e

as crises periódicas da lavoura cafeeira contribuíram para aumentar a oferta de mão de obra.

Diante de tal situação, uma vez que o Estado e os empresários não prestavam assistência médica e social necessárias,

as diferentes categorias de trabalhadores criaram caixas beneficentes e associações de socorro mútuo, com fins

assistenciais.

Em 1903 ocorreu a primeira greve geral no Rio de Janeiro. Três anos depois, os ferroviários de São Paulo, em protesto

contra a redução de salários, abandonaram o trabalho numa das principais greves ali ocorridas. Nesse mesmo ano, foi

realizado o primeiro congresso operário brasileiro, sendo criada a Confederação Operária Brasileira, cujo programa

continha as principais lutas proletárias: redução da jornada de trabalho para 8h, estímulo a sindicalização,

regulamentação do trabalho, liberdade de reunião.

A partir de 1914 as condições de vida dos assalariados pioraram, aumentando os movimentos grevistas. Apesar da

expansão industrial, o custo de vida se eleva enquanto os salários não sobem a mesma proporção.

O proletariado urbano era constituído em sua maioria de imigrantes europeus. Muitos eram adeptos do anarco-

sindicalismo e estavam habituados à luta do proletariado na Europa. Ao perceber as condições de vida no Brasil,

Page 8: Prova comentada ufrj(história)

organizaram, ao lado de trabalhadores brasileiros, a maioria dos sindicatos operários e uma série de movimentos de

denúncia e reinvidicação, além de fundar uma série de jornais. Os anarquistas, porém, não foram os únicos a

influenciar o proletariado nascente.

Até o início dos anos 20, o movimento grevista foi intenso. Nos anos seguintes, o movimento operário declinou

reduzindo-se também a influência anarquista. Muitas foram as razões para o declínio: pequeno grau de sindicalização,

elevada taxa de desemprego – o que dificultava a organização -, além do isolamento dos anarquistas, cujas ideias

revolucionárias provocavam afastamento dos setores mais moderados.

Outra razão, bastante enfática, foi a repressão ao movimento operário e aos anarquistas, especialmente a partir de

1917. Em 1907 foi aprovada a Lei Adolfo Gordo, que estabelecia a expulsão de estrangeiros acusados de atentar

contra a segurança do país e impedia a participação nas diretorias sindicais dos não-naturalizados ou que estivessem

no Brasil a menos de cinco anos. Situação que se agravou a partir de 1917 com o governo de Washington Luiz, último

presidente da república dos fazendeiros, dono da frase: “A questão operaria é uma questão de polícia”.

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7ª Questão

A Primeira Guerra Mundial não resolveu nada. As esperanças que gerou – de um mundo pacífico e democrático de

Estados-nação sob a Liga das Nações; de um retorno à economia mundial de 1913; mesmo (entre os que saudaram a

Revolução Russa) de capitalismo mundial derrubado dentro de anos ou meses por um levante dos oprimidos – logo

foram frustradas. O passado estava fora de alcance, o futuro fora adiado, o presente era amargo, a não ser por uns

poucos anos passageiros em meados da década de 1920.

Eric J. HOBSBAWM

A era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

O período entre-guerras (1919-1939) começou com uma combinação de esperança e ressentimento. Diversos acordos

foram impostos pelos Estados vencedores aos derrotados. O mais conhecido deles é o Tratado de Versalhes de 1919.

Outros tratados complementares também foram assinados e igualmente tiveram grande importância para a geopolítica

mundial.

Indique duas transformações na geopolítica mundial decorrentes desses tratados complementares. Em seguida, cite

dois países que foram submetidos a eles.

Resposta

Duas das transformações:

• desaparecimentos de impérios centrais multiétnicos e pluriculturais, como o austro-húngaro e o turco-otomano;

• surgimento de novos Estados no leste europeu: Tchecoeslováquia, Polônia, Iugoslávia, além da Áustria e da Hungria,

separadas uma da outra;

• entrega de territórios anteriormente turcos ao Reino Unido (Palestina, Jordânia e Mesopotâmia) e à França (Líbano e

Síria) pela Liga das Nações;

• reforço da política de isolamento imposta à Rússia, com a criação de um cordão sanitário, formado também por

países surgidos da desagregação do império austro-húngaro.

Dois dos países:

• Áustria

• Hungria

• Bulgária

• Turquia

Comentário

Em janeiro de 1919, reuniu-se no Palácio de Versalhes a Conferência de Paris, para definir as condições de paz com a

Alemanha. Participaram somente os países vencedores. Os Estados Unidos, representados por seu presidente Woodrow

Wilson, e a Grã-Bretanha, por Lloyd George, formaram com a França o grupo dos Três Grandes e decidiram o que seria

imposto aos perdedores da Primeira Guerra Mundial. As condições da rendição envolveram questões territoriais,

militares e financeiras e as disposições deveriam ser cumpridas a partir da assinatura em junho de 1919 do Tratado de

Versalhes.

Dentre as resoluções estavam: a Alemanha foi responsabilizada pela guerra e como tal condenada a pagar aos Aliados

pesadas indenizações; os exércitos alemães foram reduzidos e a fronteira franco-gerrmânica desmilitarizada; a França

recebeu de volta a Alsácia-Lorena e adquiriu direitos de exploração das minas de carvão do Sarre por 15 anos; os

Aliados obtinham concessões de privilégios aduaneiros e a Alemanha reconhecia independência da Polônia.O Tratado de

Versallhes também criou a Liga das nações.

Além do tratado de Versalhes , foram assinados tratados complementares que resolveram a situação dos demais países

vencidos. Dentre os tratados complementares estão: Tratado de Saint-Germain, assinado em 1919 com a Áustria.

Determinou a independência da Hungria , Polônia, Tchecoslováquia e da Iugoslávia, além de anexar à Itália os

territórios Trieste, Trentino e Ístria; Tratado de Neully, assinado em 1919 com a Bulgária, que foi obrigada a ceder para

a Romênia para a Iugoslávia e para Grécia a maior parte dos territórios anexados durante as guerras balcânicas;

Page 9: Prova comentada ufrj(história)

Tratado de Trianon, assinado em 1920 com a Hungria, que perdeu a Eslováquia que foi incorporada a Tchecoslováquia,

a Croácia, a qual foi incorporada a Iugoslávia e a Transilvânia, incorporada à Romênia; Tratado de Sèvres, assinado em

1920 com a Turquia. Esse tratado praticamente liquidou o Império Turco, pois tornou a Armênia independente, a Grécia

ficou com a maior parte da Turquia europeia, a França passou a controlar a Síria e os ingleses a controlar a

Mesopotâmia e a Palestina.

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8ª Questão

Tarsila do Amaral. São Paulo (Gazo) - 1924.

www.movebr.wikidot.com

Tarsila do Amaral foi uma das principais artistas da Semana de Arte Moderna de 1922. A tela acima é representativa da

primeira fase do movimento modernista no Brasil (1922 a 1930).

Nesse momento, as propostas desses artistas e intelectuais encontravam eco em reivindicações de diferentes setores

sociais do país, cuja mobilização levou ao fim da República Oligárquica, em 1930.

Identifique, a partir da tela apresentada, duas características da ordem socioeconômica defendida pelos modernistas na

década de 1920. Em seguida, explique de que forma elas contradizem a política e a economia brasileiras vigentes à

época

Resposta

Duas das características:

• desenvolvimento urbano;

• desenvolvimento industrial;

• modernidade tecnológica.

O desenvolvimento dos centros urbanos e a industrialização eram vistos como símbolos de modernidade pelos

integrantes da Semana de Arte Moderna que, assim, opunham-se ao modelo agrário-exportador vigente e ao domínio

das tradicionais oligarquias agrárias que controlavam o cenário político do país, por meio de currais eleitorais e do voto

de cabresto. Assim, colocava-se em xeque a vocação agrária da sociedade brasileira, pressuposto de políticas

econômicas, financeiras e tributárias empreendidas por governos republicanos.

Comentário

O término da Primeira Guerra Mundial marcou o fim de uma época não só na política e na economia internacionais,

mas, também, nas artes do Ocidente. As velhas estruturas, as classificações que por tanto século haviam norteado o

julgamento do “gosto” artístico perdiam a razão de ser, diante das divisões do mundo moderno. É nesse contexto que

surgem as chamadas Vanguardas na literatura, na música, nas artes plásticas, como o futurismo, cubismo e dadaísmo.

A intelectualidade brasileira buscava corresponder às exigências dos novos tempos e renegar os modelos arcaicos. Ao

mesmo tempo, era preciso liberar a criação artística local dos padrões europeus, movimento que culminou na Semana

de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em fevereiro de 1922.

Desde então, os intelectuais brasileiros passaram a dirigir sua produção para uma problemática bem mais próxima do

povo. Isso se refletia não só na linguagem utilizada, cuja preocupação dos poetas e pensadores de se expressarem

como brasileiros era constante, como também na temática. Os modernistas retomam os temas do indianismo, agora

Page 10: Prova comentada ufrj(história)

sem as idealizações românticas, além de apontarem para a necessidade de desenvolvimento urbano, industrial e

tecnológico no Brasil.

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9ª Questão

Tanto mar

Sei que estás em festa, pá

Fico contente

E enquanto estou ausente

Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá

Com a tua gente

E colher pessoalmente

Uma flor no teu jardim

Sei que há léguas a nos separar

Tanto mar, tanto mar

Sei também quanto é preciso, pá

Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá

Cá estou doente

Manda urgentemente

Algum cheirinho de alecrim

Chico Buarque de HOLANDA

A canção de Chico Buarque de Hollanda refere-se à Revolução dos Cravos, ocorrida em Portugal em 1974. Aponte duas

razões que levaram o exército português a liderar o processo revolucionário e explicite a principal consequência da

Revolução dos Cravos para a política portuguesa na África.

Resposta

Duas das razões:

• queda vertiginosa da economia portuguesa;

• desgaste das tropas portuguesas em prolongadas guerras coloniais;

• forte migração de jovens para a Europa e o Brasil para não participarem do conflito;

• crescimento de reivindicações corporativas das Forças Armadas, que aos poucos foram ganhando conotação política.

Consequência: fim do antigo sistema colonial português com o reconhecimento pelo governo de Portugal das

independências das suas colônias africanas: Angola, Moçambique, Guiné, Cabo-Verde e São Tomé e Príncipe.

Comentário

Diversos movimentos de libertação tiveram início na década de 60 em três colônias portuguesas: Angola, Moçambique

e Guiné. Em uma tentativa de barrar esses movimentos separatistas, Portugal envia contingentes militares as colônias,

iniciando uma longa disputa. As baixas patentes das Forças Armadas de Portugal iniciam um processo de reivindicações

contrárias as guerras nas colônias que culmina em 1974 na Revolução dos Cravos e que cuja consequência é o fim do

salazarismo, o regime totalitário português que vigorava no país desde a década de 20.

Inaugurou-se uma nova política em relação às colônias e seus respectivos movimentos de emancipação. Portugal se

colocou favorável aos movimentos de libertação, buscando acordos que viabilizassem a emancipação. Assim a

independência definitiva foi concedida a Guiné-Bissau em 1974 e no ano seguinte foi a vez de Moçambique.

Posteriormente, obtiveram a independência Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e, na Ásia, Timor, que acabou sendo

ocupado pela Indonésia. Os portugueses também se retiraram de Angola, onde prosseguiu uma disputa entre

diferentes grupos locais de distintas orientações políticas.

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10ª Questão

Page 11: Prova comentada ufrj(história)

Muro de Berlim antes de novembro de 1989

www.wikipedia.com

Muro de Berlim em novembro de 1989

www.são-paulo.diplo.de

A derrubada do Muro de Berlim completará vinte anos em 2009. Construído em agosto de 1961, sua destruição é

lembrada como marco do fim de uma época. Indique o significado político da queda do Muro de Berlim para a

Alemanha e o significado simbólico desse acontecimento para o contexto político internaciona

Resposta

Significado político: para a Alemanha, a destruição do Muro de Berlim definiu o início do processo de sua reunificação

política.

Significado simbólico: no contexto político internacional, a queda do Muro de Berlim simbolizou o fim da Guerra Fria, do

domínio soviético sobre a Europa do leste e, sobretudo, um marco do descrédito da via socialista como contraponto à

via capitalista.

Comentário

Os vencedores da Segunda Guerra Mundial, pelo Acordo de Potsdam, dividiram a Alemanha em quatro zonas de

influência, estabelecendo que a capital do Terceiro Reich, Berlim, também seria objeto de partilha entre França,

Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética. Berlim estava dentro da zona de ocupação soviética. No entanto, os

outros três quartos da cidade, sob ocupação ocidental, ficaram na posição de possuírem orientação capitalista, o que

tornava inviável uma administração conjunta. Os Estados Unidos, França e Inglaterra decidiram pela fusão de todo o

setor ocidental, estabelecendo um governo autônomo, capitalista. A parte oriental tornou-se capital da Republica

Democrática Alemã e a ocidental ficou sob administração da República Federal da Alemanha.

No dia 13 de agosto de 1961, o governo do setor oriental (comunista) construiu uma barreira murada entre ambos os

lados de Berlim, tentando extirpar o lado Ocidental. Apesar dos protestos, o muro de Berlim permaneceu até 1989

como o principal símbolo da Guerra Fria. Em novembro de 1989 o governo oriental desativou o muro de Berlim e em

outubro de 1990, com a destituição de Erich Honecker – dirigente que se mantinha resistente a perestroika - a

Alemanha foi reunificada.

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11ª Questão

Page 12: Prova comentada ufrj(história)

Brasil: participação do setor privado, estatais e governo na taxa de investimento na economia

Grafico

EUSTÁQUIO DE SENE e JOÃO C. MOREIRA

Geografia geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo: Scipione, 2007.

A importância do Estado na economia de um país varia ao longo do tempo de acordo, dentre outros aspectos, com o

papel que desempenha na produção de riqueza. No gráfico acima, é possível identificar o período de maior relevância

do Estado como agente direto do crescimento econômico no Brasil.

Esse período e a correspondente doutrina econômica que fundamentava os seus investimentos são identificados como:

(A) Estado Novo – monetarismo

(B) governo JK – protecionismo

(C) Nova República – liberalismo

(D) regime militar – keynesianismo

Resposta

GABARITO: D

COMENTÁRIO:

O Keynesianismo é uma doutrina econômica baseada nas formulações do economista inglês John Maynard Keynes. Em

sua principal obra,“A teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, Keynes apresenta modelos que serviriam como

solução para os EUA após a crise de 29. As ideias de Keynes foram aplicadas à economia norte-americana no governo

de Roosevelt inspirando o “New Deal”, que tinha como base a regulamentação da economia através do Estado visando

manter a demanda aquecida.

Para escapar de uma crise provocada pelo liberalismo, os EUA lançam mão, portanto, de uma política econômica

intervencionista. As propostas de Keynes, apesar de formuladas em um contexto que corresponde aos EUA na década

de 30, são adotadas também na América Latina.

No Brasil, durante o regime militar (1964-1985) a economia foi marcada por uma forte intervenção do estado, cujas

políticas econômicas adotavam algumas propostas do modelo do new deal, como por exemplo, grandes obras

financiadas pelo estado para absorver a mão de obra excedente, diminuindo o desemprego.

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12ª Questão

O impacto da vinda da Família Real portuguesa para o Brasil implicou alterações significativas para a cidade do Rio de

Janeiro que se prolongaram durante todo o período conhecido como “joanino”.

Essas alterações produziram uma nova dinâmica socioeconômica e redefiniram, em vários aspectos, a inserção da

cidade no contexto internacional.

Uma função urbana associada a essa nova inserção está indicada em:

(A) crescente pólo turístico em função da chegada da Missão Artística Francesa

(B) expressivo núcleo comercial articulado à nascente rede ferroviária brasileira

(C) principal porto brasileiro relacionado à importação legal de manufaturas britânicas

Page 13: Prova comentada ufrj(história)

(D) importante centro religioso decorrente da instalação do Tribunal da Santa Inquisição

Resposta

GABARITO: C

COMENTÁRIO:

Dentre algumas políticas executadas por D. João, no período “joanino” (1808-1821), estão os tratados de 1810.

Descontentes pelo fato de Portugal pagar apenas 16% de taxas alfandegárias no Brasil e a Inglaterra pagar tanto

quanto os demais países, 24%, o ministro inglês Canning, enviou ao Brasil o lorde Strangford, que através de ameaças,

conseguiu do governo joanino a assinatura dos tratados de Comercio e Navegação e o tratado de Aliança e Amizade.

Com estes tratados, Portugal perdeu o monopólio do comercio brasileiro e a economia brasileira aumentou suas

transações diretas com a Inglaterra.