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DCG - TÓPICOS DE FILOSOFIA DA RELIGIÃO II 1ª Avaliação - 13.11. 2012 Prof.: Jair Krassuski Nome: Juliano Gustavo dos Santos Ozga Nota:___________ * Para a avaliação, escolha (5) cinco das sete questões que seguem; ** Consulte livremente as anotações pessoais para melhor desenvolver as respostas; *** A avaliação deverá ser entregue até o dia 20 de novembro, impreterivelmente, ou pelo portal (Moodle), ou impressa, pessoalmente ao professor. 1. A formação da religião no período clássico grego (sec. IV a.C.), possui três vertentes: 1ª. O culto agrário; 2ª. O culto doméstico dos ancestrais e 3ª. A mitologia. Descreva cada uma destas vertentes apontando sua importância na religião da cidade. 1ª. Culto agrário: Baseado na perspectiva de que o homem grego dependia em grande parte da sua produção agrária primitiva, foi possível um desenvolvimento de cultos e simbolizações que ao mesmo tempo prestavam homenagem e protegiam os provedores do sustento do homem grego, ou seja, as plantações e colheitas anuais. Dentro do aspecto agrário podemos apontar o fato germinativo das culturas agrárias, onde através da sua semente ou broto haveria um novo e sucessivo nascimento de outro alimento, sendo assim a analogia da vida-morte na natureza. 2ª. O culto doméstico dos ancestrais: O aspecto da religião grega que envolvia o culto doméstico dos ancestrais pode ser definido como o caráter particular e privado da religião grega. Uma dos motivos para o culto dos ancestrais era pelo fato de que os espíritos dos mortos ancestrais iriam proteger o clã ou a tribo. Caso contrário acreditava-se que o não comprimento das devidas homenagens e cultos poderiam deflagrar a ira e ódio dos espíritos. 3ª. A mitologia: A mitologia não deve ser confundida com religião. Porém, através das mitologias houve uma influência na religião grega, ou seja, as mitologias ajudaram a tornar públicos as crenças e ritos dos gregos. Através dos mitos os homens compartilhavam seu destino com os deuses de forma que as ações e

Prova Filosofia da Religião II

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DCG - TÓPICOS DE FILOSOFIA DA RELIGIÃO II1ª Avaliação - 13.11. 2012

Prof.: Jair Krassuski 

Nome: Juliano Gustavo dos Santos OzgaNota:___________ * Para a avaliação, escolha (5) cinco das sete questões que seguem;** Consulte livremente as anotações pessoais para melhor desenvolver as respostas;*** A avaliação deverá ser entregue até o dia 20 de novembro, impreterivelmente, ou pelo portal (Moodle), ou impressa, pessoalmente ao professor.

1. A formação da religião no período clássico grego (sec. IV a.C.), possui três vertentes: 1ª. O culto agrário; 2ª. O culto doméstico dos ancestrais e 3ª. A mitologia. Descreva cada uma destas vertentes apontando sua importância na religião da cidade.

1ª. Culto agrário: Baseado na perspectiva de que o homem grego dependia em grande parte da sua produção agrária primitiva, foi possível um desenvolvimento de cultos e simbolizações que ao mesmo tempo prestavam homenagem e protegiam os provedores do sustento do homem grego, ou seja,  as  plantações e colheitas  anuais.  Dentro do aspecto agrário podemos apontar  o  fato germinativo das  culturas  agrárias,  onde através  da sua semente ou broto haveria  um novo e sucessivo nascimento de outro alimento, sendo assim a analogia da vida-morte na natureza. 2ª. O culto doméstico dos ancestrais: O aspecto da religião grega que envolvia o culto doméstico dos ancestrais pode ser definido como o caráter particular e privado da religião grega. Uma dos motivos para o culto dos ancestrais era pelo fato de que os espíritos dos mortos ancestrais iriam proteger  o   clã  ou  a   tribo.  Caso   contrário  acreditava-se  que  o  não   comprimento  das  devidas homenagens e cultos poderiam deflagrar a ira e ódio dos espíritos.

3ª. A mitologia: A mitologia não deve ser confundida com religião. Porém, através das mitologias houve  uma  influência  na   religião  grega,  ou  seja,  as  mitologias  ajudaram a   tornar  públicos  as crenças e ritos dos gregos.  Através dos mitos os homens compartilhavam seu destino com os deuses de forma que as ações e exemplos dos mitos também possuíam um caráter educativo. A mitologia grega possuía um caráter coletivo que foi influenciar a religião grega pública, ou seja, a religião grega era uma religião coletiva das cidades-estados. Através da religião grega havia uma unidade entre ser grego. A mitologia apresentava também um aspecto ético e educativo ao usar figuras míticas para expressar as ações e reações através das atitudes dos humanos e dos deuses, podendo assim, haver a possibilidade de uma analogia com a vida e ações humanas os homens refletirem sobre seu agir e se estava de acordo.

2. Apresente três justificativas que levaram as práticas e crenças religiosas relacionadas às divindade da natureza a ocupar lugar privilegiado na religião da cidade grega. (O totemismo, por exemplo).

1ª: O caráter inquisitivo grego foi uma das influências para que as práticas e crenças religiosas fossem   relacionadas   às   divindades   da   natureza.   Esse   aspecto   relacionado   ao  Homem possui referência ao próprio instinto humano de refletir sobre sua própria natureza e essência. Sendo o 

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homem grego inserido em um contexto de forte inclinação ao questionamento sobre o seu mundo espacial,  porém,   com uma concepção  de   tempo cíclica,  houve  a  possibilidade  de   teorizações cosmológicas envolvendo deuses e titãs como partes integrantes do cosmos, sendo esses deuses oriundos das fábulas e mitologias dos antigos povos que habitavam o espaço grego (minóicos, cretenses etc...).  Ou seja,  o questionamento humano também refletia acerca do mundo físico, acerca do homem e acerca dos acontecimentos que ultrapassavam o entendimento racional.

2º: Com o surgimento da cidade grega houve um crescente intercâmbio de cultos aos ancestrais do  clã  ou  das   tribos  de  outras   culturas  menores   relacionadas  aos  animais.  Cada  clã  ou  tribo possuíam um animal que lhe representava tanto no mundo físico como no mundo espiritual ou sobrenatural. Através da figura do xamã esses espíritos dos animais eram invocados para proteger e fortalecer o clã ou a tribo. Por exemplo, no clã que possuía o lobo como seu animal sagrado era vetado o assassinato do animal por um membro da tribo, sendo possível uma guerra caso um membro de outra tribo matasse um lobo. Em certas tribos a vaca era sagrada, podendo ser usado apenas seu leite e sua carne em oblações ou rituais específicos. Aqui a relação entre as divindades relacionadas à natureza é mais acentuada.

3º:  A tolerância e  intercâmbio da cultura grega com as culturas  nativas de outras   localidades podem ser considerados como influência para a atividade e prática religiosa grega. Os aspectos de intercâmbio e fluxo com que a cultura grega tratava outras religiões podem ser definidos como uma das particularidades gregas. Ao mesmo tempo em que a Grécia entrava em contato com outros povos e culturas, os aspectos positivos e salutares de outras culturas eram incorporados e reelaborados pelos gregos, porém, com uma nova concepção e tratamento. O aspecto público da religião grega permitia também uma maior unidade e homogeneização do povo grego reconhecida pelo estado grego.3. Considerando a noção de superstição, qual a relação entre política e religião, apontadas por Espinosa nos dois capítulos estudados do Tratado Teológico Político?

R.:  Primeiramente  é  necessário  expressar  a   concepção  originária  negativa  da  superstição  que posteriormente foi   introjetada em uma síntese de poder entre o estado teológico-político.  Ou seja, é através do medo que surge a superstição dos homens cientes de sua limitação perante o mundo físico.  Decorrente disso,  a religião foi  um elemento que contribuiu para a superstição, porém, com outro foco e objetivo, auxiliado pelo poder político na figura simbólica não-espacial do Estado (pergunte onde se localiza o poder do Estado?). O que Spinoza pretende é refletir e esclarecer o problema oriundo da superstição e como através da superstição o poder teológico-político deixa o homem na sua maior limitação possível em relação a natureza de Deus e ignorante das causas últimas das coisas. É através da superstição e da ignorância que o homem torna-se refém da religião e dependente do poder político do estado.

5. Na afirmação de L. Feuerbach, “o ser absoluto, o Deus do homem é a sua própria essência” (p.47), Por que esta abordagem representa uma virada, a saber, da teologia em antropologia?

R.:  No tocante  ao aspecto  histórico  e  mitológico,  a  distinção entre  os  “limitados”,  ou  seja,  a finitude do ser, e o “ilimitante”, isto é, a pluralidade infinita que já ocorria entre os pitagóricos, entre eles Filolau de Crotona, segundo Gabrieli Cornelli em seu livro O pitagorismo como categoria historiográfica expresso em “uma síntese entre cosmologia milesiana do ilimitado e a concepção da  perfeição do ser  no  limite  da  matriz  eleática”.  Sobre  a   reflexão de Feuerbach,  o  que  nos 

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interessa é esse retorno ao já especulativo limite do conhecimento humano acerca da essência absoluta de Deus, porém, definido perante a  limitação e abrangência do aparato cognitivo do Homem,  ou   seja,   a  essência  atribuída  a  Deus   reflete  a  potencialidade   imagética  do  Homem, porém, atribuída à outra esfera superior e metafisicamente exterior.  Diante disso, a virada da teologia  para antropologia  pode ser  expressa na atribuição de qualidades humanas para uma imagem superior ao homem. Até que ponto essa antropologia de Deus é recorrente de uma antiga tradição ligada às raízes do cristianismo primitivo? Pensar o ser absoluto como o Deus do Homem é postular  uma cognoscibilidade  limitada do humano sobre seu próprio   limite do ser,  porém, atribuído a uma entidade ou ser infinitamente superior ou ilimitado. Aqui o enfoque pode ser expresso pela reflexão acerca de Deus baseada na própria essência humana. O homem expressa suas qualidades em proporções absolutas e transfere essas qualidades para um ser superior. Por isso, através da antropologia e do estudo do próprio homem, podemos averiguar a procedência e influência da essência do homem na concepção de Deus.

7. Quais as causas do seu surgimento da Filosofia da Religião, na modernidade? (Considere a Religião natural, a Reforma Protestante, o Estado moderno, o Deísmo, etc).

R.: No desenvolvimento histórico o renascimento e a reforma possibilitaram uma nova concepção de religião, ou seja, pública, de estado e que envolvesse a vida pessoal dos indivíduos, e isso envolvia questões de soberania, tolerância moral, e liberdade individual. A peculiaridade dessa época é a importância da concepção de sujeito e indivíduo na formação das variadas religiões do Estado Moderno. Outra característica desse desenvolvimento são as questões ligadas a religião receberem um forte influência racionalista. No entanto, a modernidade refletiu não apenas a religião com pretensões de estados ou países, mas deu maior valor a uma concepção de civilização objetivamente universal e laica, com forte influência inglesa e francesa. Sobre esse desenvolvimento, a religião também passou a ser tratada de forma racional, como a reflexão de Hume acerca da religião. Na modernidade também foi muito importante a influência dos estudos de Kant acerca da religião, porém, de forma racionalista e prática. Mas um importante expoente da nova concepção de filosofia na modernidade foi Hegel e sua concepção de religião como manifestação subjetividade, através de vivências individuais, sendo por isso possível o estudo da religião na filosofia, na arqueologia, na sociologia e na psicologia, ou seja, a religião passou a ser abordada pelas novas ciências que envolviam ou tinham o foco voltado para o estudo do homem em suas variadas perspectivas.