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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Educação CARLOS EDUARDO JIUPATO PRÁTICAS DE ENSINO HÍBRIDO NA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL CICLO II CAMPINAS 2020

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Educação

CARLOS EDUARDO JIUPATO

PRÁTICAS DE ENSINO HÍBRIDO NA DISCIPLINA DE

CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL CICLO II

CAMPINAS

2020

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CARLOS EDUARDO JIUPATO

PRÁTICAS DE ENSINO HÍBRIDO NA DISCIPLINA DE

CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL CICLO II

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Mestrado Profissional em

Educação Escolar da Faculdade de Educação

da Universidade Estadual de Campinas como

parte dos requisitos exigidos para a obtenção

do título de Mestre em Educação Escolar, na

área de concentração Educação Escolar. .

Orientadora: Profa. Dra. Claudia Amoroso Bortolato

ESTE TRABALHO CORRESPONDE A VERSÃO FINAL DE DISSERTAÇÃO

DEFENDIDA PELO ALUNO CARLOS EDUARDO JIUPATO E ORIENTADA PELA

PROFA. DRA. CLAUDIA AMOROSO BORTOLATO

CAMPINAS

2020

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PRÁTICAS DE ENSINO HÍBRIDO NA DISCIPLINA DE

CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL CICLO II

AUTOR : CARLOS EDUARDO JIUPATO

COMISSÃO JULGADORA:

Profa. Dra. Claudia Amoroso Bortolato

Profa. Dra. Elisabeth Barolli

Prof. Dr. Mauricio Fernando Gozzi

A Ata da Defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no SIGA/Sistema de Fluxo de Dissertação/Tese e na

Secretaria do Programa da Unidade.

2020

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Parafraseando o mestre Paulo Freire,

dedico este trabalho a todos aqueles que

aprendem ao ensinar e

ensinam ao aprender,

sabem que ensinar não é transferir conhecimento,

respeitam a autonomia do ser do educando,

ensinam com alegria e esperança

têm a convicção de que a mudança é possível,

compreendem que a educação é uma forma de intervenção no mundo,

querem bem aos educandos

e apesar das adversidades,

com humildade e tolerância,

lutam pelos seus direitos:

Os professores.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profa. Dra. Claudia Amoroso Bortolato, por seu

acolhimento, sua paciência, seu auxílio nas dúvidas e por confiar em

meu trabalho e minha pesquisa.

Aos professores do Mestrado Profissional, pelas ricas contribuições,

tanto para a pesquisa quanto para minha formação profissional.

À Beth e Emily, colegas de grupo, por compartilhar a orientadora e

também as angústias, as alegrias, as dúvidas e as respostas.

À equipe gestora da escola onde atuo por permitir que eu desenvolvesse

a pesquisa.

Aos meus queridos alunos, com quem aprendo tanto, acho que mais

aprendo do que ensino.

Aos meus pais, por me proporcionarem as melhores oportunidades de

estudo.

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RESUMO

Envolvido com uma realidade escolar pautada no paradigma do modelo tradicional

de ensino, onde do aluno se espera uma posição passiva de recebedor de

conteúdos e informações e do professor a aplicação de apostilas e transmissão de

conteúdos que devem ser reproduzidos nas provas, este trabalho teve como objetivo

discutir um modelo de ensino que mantém da escola aquilo que ainda acreditamos e

ao mesmo tempo acrescenta algumas práticas inovadoras, geralmente com o uso da

tecnologia. Apresentamos algumas experiências de Ensino Híbrido em uma escola

pública, na disciplina de Ciências e considerações do professor/pesquisador sobre

um ciclo reflexivo de quatro etapas: descrever, informar, confrontar e reconstruir. A

reflexão foi feita com base nas atividades desenvolvidas, nos relatos e autoavaliação

dos estudantes. Este trabalho buscou, portanto, contribuir para aprofundar os

estudos dessa modalidade de ensino, na educação básica, além de colaborar com a

construção de conhecimentos na educação e no desenvolvimento profissional dos

professores. A partir da análise do relato dos estudantes, em relação aos modelos

de Ensino Híbrido desenvolvidos, foi possível perceber uma predileção pelo modelo

de Rotação por estações em relação à Sala de aula invertida. Este modelo

apresenta mais elementos motivadores de acordo com a Teoria motivacional da

autodeterminação: percepção de competência, autonomia e estabelecimento de

vínculos sociais. Sugerimos, por fim, estudos futuros de correlação entre a

motivação dos estudantes e as tarefas organizadas no modelo de Ensino Híbrido,

além de um estudo longitudinal para avaliar a capacidade de manutenção da

motivação.

Palavras Chave: Ensino Híbrido; Motivação; autonomia.

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ABSTRACT

In a typical school environment where the day to day learning process tangibility is

ruled by the paradigm of the traditional way of teaching where the student is in the

role of a passive receptor of contents and information, and the teacher is merely a

pre-established books content transmitter (reproduced on the exam procedures), this

work had the objective to discuss a new teaching model keeping the good part of the

traditional processes in place but at the same time adding some innovative practices

technology wise. We present some experiences taken from a public school based on

what we called a Hybrid Teaching system on science related disciplines which takes

in consideration the teachers comments according to a four-step reflexive cycle

based on description, information, confrontation and reconstitution. The reflexive

process was made based on the developed activities, reports and students self

evaluations. This work sought to contribute on the studies deepening on basic

education and to collaborate with the construction of education knowledge and the

professional development of teachers. From the analysis of student’s reports

regarding the developed Blended Learning models, it was possible to observe a

predilection for the Station Rotation Model rather than the flipped classroom system

as the first presents more innovative elements according to the Motivation Theory of

auto determination: competence perception, self-determination and established links

between students and teachers. Finally, we suggest future correlation studies

between student’s motivation and organized tasks within the Blended learning

model, and a longitudinal study to evaluate the motivation sustainability.

Keywords: Blended Learning; Motivation; autonomy.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES.

Figura 1 Modelo tradicional, Sala de aula invertida e Rotação por estações. p.38

Figura 2 Metodologia da pesquisa esquematizada p.46

Figura 3 Atividade estação “medindo altura” p.48

Figura 4 Atividade estação “adolescer” p.49

Figura 5 Atividades estação “mapa mental” p.49

Figura 6

Figura 7

Figura 8

Figura 9

Atividade Rotação por estações 7s anos

Exemplos anotações realizadas pelos estudantes do 8 ano

Exemplos de anotações realizadas pelos estudantes do 7 ano

Exemplos de atividades Portfólio dos alunos

p.51

p.54

p.56

p.59

Figura 10

Figura 11

Figura 12

Figura 13

Figura 14

Figura 15

Figura 16

Figura 17

Exemplos de atividades Portfólio dos alunos

Exemplos de atividades Portfólio dos alunos

Exemplos de atividades Portfólio dos alunos

Exemplo de comanda atividade Rotação por Estações

Exemplo de tela do celular vista pelo aluno

Nuvem de palavras correspondente ao modelo de aula tradicional

Nuvem de palavras correspondente ao modelo de Sala de aula

invertida

Nuvem de palavras referente ao modelo de Rotação por estações

p.59

p.60

p.60

p.61

p.61

p.63

p.64

p.65

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LISTA DE GRÁFICOS.

Gráfico 1 – Resultado comparativo entre as modalidades de aula: Tradicional,

Rotação por estações e Sala de aula invertida p.62

Gráfico 2 – Resultado comparativo das atividades desenvolvidas fora da sala de aula

convencional e com uma dinâmica de aula diferenciada p.66

Gráfico 3 – Resultado comparativo entre o trabalho em grupo ou individual p.67

Gráfico 4 – Resultado da opinião dos estudantes com relação à participação ativa

durante as aulas p.67

Gráfico 5 – Resultado quando questionados se a tecnologia pode ajudar ou

prejudicar o aprendizado p.68

Gráfico 6 – Uso da tecnologia feito pelos estudantes p.69

Gráfico 7 – Resultado da percepção dos estudantes sobre o trabalho em grupo

mediado ou não pela tecnologia p.69

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Lista de siglas.

EF – Ensino Fundamental.

EM – Ensino Médio.

EJA – Educação de Jovens e Adultos.

GOE – Gerente de Organização Escolar.

NTIC – Novas Tecnologias de Informação e Comunicação.

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais

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Lista de quadros

Quadro 1 – Plano de aula de Rotação por estações 8º ano p.47

Quadro 2 – Plano de aula de Rotação por estações 7º ano p.50

Quadro 3 – Plano de aula de Sala de aula invertida 8º ano p.52

Quadro 4 – Plano de aula de Sala de aula invertida 8º ano p.53

Quadro 5 – Plano de aula de Sala de aula invertida 7º ano p.54

Quadro 6 – Plano de aula de Sala de aula invertida 7º ano p.55

Quadro 7 – Plano de aula de Sala de aula invertida - Roteiros 8º ano p.57

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Sumário

MEMORIAL ..................................................................................................................................................... 14

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 21

2 METODOLOGIAS ATIVAS E O ENSINO DE CIÊNCIAS. ..................................................................................... 26

3 ENSINO HÍBRIDO .......................................................................................................................................... 33

3.1 A SALA DE AULA INVERTIDA ................................................................................................................................ 36

3.2 ROTAÇÃO POR ESTAÇÕES ................................................................................................................................... 37

3.3 ENSINO HÍBRIDO – O QUE TEM SIDO PRATICADO. ................................................................................................... 38

3.4 ANALISANDO ALGUMAS CRÍTICAS. ....................................................................................................................... 40

4 A PESQUISA: CONTEXTO E PROCEDIMENTOS. .............................................................................................. 44

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES. ........................................................................................................................ 47

5.1 – DESCREVER – O QUE EU FAÇO? ........................................................................................................................ 47

5.2 – INFORMAR – O QUE ISSO SIGNIFICA? ................................................................................................................. 62

5.3 - CONFRONTAR – COMO CHEGUEI A SER ASSIM? O PROFESSOR/PESQUISADOR. ............................................................ 73

5.4 - RECONSTRUIR – COMO PODERÍAMOS FAZER AS COISAS DE MANEIRA DIFERENTE? ....................................................... 74

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS. ............................................................................................................................. 75

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................................................... 78

APENDICES...................................................................................................................................................... 83

APÊNDICE 1 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .................................................................................. 83

APÊNDICE 2 – E-BOOK PRODUZIDO A PARTIR DA PESQUISA. ............................................................................................ 86

APÊNDICE 3 – EXEMPLOS AMPLIADOS DAS ATIVIDADES DOS ALUNOS PARA MELHOR VISUALIZAÇÃO ...................................... 105

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MEMORIAL

O laboratório

(Pipoca1 que produzi na disciplina “Oficina Pedagógica II” retomando uma experiência discente)

Todos os dias fazíamos a fila no pátio. Uma de meninos e uma de meninas, os

menores na frente e os maiores ao fundo. A professora se dirigia até nós e dava o

comando para sairmos em direção ao laboratório. As meninas partiam primeiro.

Entrávamos no laboratório e vestíamos nossos aventais brancos. Era uma sala

ampla, com três bancadas de azulejo branco. Cada uma delas comportava duas fileiras

de alunos. Além das bancadas onde nos sentávamos havia uma ao fundo paralela às

nossas, com vidrarias e microscópios. Também havia um esqueleto pendurado no

canto da sala. A nossa frente ficava a lousa, que era utilizada constantemente pela

professora para fazer anotações que tínhamos que copiar no caderno.

Devidamente acomodados, abríamos nossos livros, acompanhávamos a leitura

feita pela professora e respondíamos a longa série de questões, às quais deveriam ser

decoradas e religiosamente reproduzidas na prova. E assim prosseguiam as aulas de

Ciências durante o ano letivo.

1 O termo pipoca é um registro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada (GEPEC), coordenado pelo professor Guilherme do Val Toledo Prado.

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Deixe-me fazer uma confissão: vim parar às coisas da educação por acaso. Mas, nesse dia, voltei-me para mim, procurei perguntas e respostas, e aprendi a

habitar este lugar. Carta a um jovem investigador em educação, António Nóvoa.

Desde criança sempre tive um grande apreço pelos animais e meu grande

desejo era ser veterinário. Na escola minhas disciplinas preferidas sempre foram

Ciências no Fundamental e Biologia no Médio. Biologia era uma opção, assim eu

pensava.

As circunstâncias não me permitiram cursar Medicina Veterinária e assim em

2007 ingressei no Curso de Ciências Biológicas, em uma instituição particular na minha

cidade, na modalidade Licenciatura. O grande objetivo era conquistar alguma área que

não fosse a sala de aula, sempre tem um jeito, esse não era apenas um pensamento

meu, mas de quase todos da minha turma.

E assim começou minha jornada pela educação.

Foram quatro anos de muito estudo e dedicação, afinal trabalhava durante o dia

em uma indústria e a noite cursava a Faculdade. Era daí que saia o dinheiro para pagar

as mensalidades do curso.

Minha grade curricular era composta por disciplinas específicas da Biologia, que

perfaziam a maior parte do curso, como Anatomia, Zoologia, Botânica, Paleontologia,

Bioquímica! Meu Deus essa não era de Deus, dizíamos! Acabei me apaixonando pelas

disciplinas ligadas à área da saúde, como a Microbiologia. A professora era estupenda!

Saía das suas aulas com a sensação de ter aprendido muito! Nas provas nem era

preciso estudar, tinha uma didática incrível! Tudo ficava mais claro e compreensível!

Bactérias Gram-positivas e gram-negativas, coloração de Gram, Fungos eram a sua

especialidade! Ai se saíssemos de jaleco do laboratório! Jaleco é EPI e não vestimenta!

Dizia ela.

Também havia as disciplinas da área pedagógica, alguma teve professores

ótimos – Filosofia da Educação – essa me marcou muito, foi aí que comecei a ver a

educação com outros olhos; já outras não tive essa sorte – História da Educação –

acho que nem o básico tivemos.

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Quando estava no último ano da faculdade, em 2010, resolvi prestar o concurso

público estadual, para o cargo de Professor da Educação Básica II, pela Secretaria de

Educação do Estado de São Paulo. Consegui passar em uma colocação bem baixa,

mas não me importei, pois afinal nem sei se era isso que eu queria.

Ah! O Estágio curricular. O que posso dizer? Poucas horas, observação de

aulas, alguns projetos, mas nada possa se comparar ao real trabalho de um professor.

Lembro-me das crianças correndo e gritando no recreio. A professora era tão

atenciosa e dedicada com os alunos. Procurava sempre em suas aulas utilizar algo

visual e palpável. Utilizava vídeos, dicionários e um modelo anatômico.

Em 2010 conclui a Faculdade e em 2011 iniciei meus estudos na Pós-graduação.

Como gostei muito de Microbiologia durante a Faculdade, ingressei neste curso em

uma instituição em São Paulo, única a oferecê-lo na região.

Neste mesmo ano comecei a lecionar Biologia, como professor categoria O, uma

categoria de professor na rede estadual de São Paulo com contrato de anual, substituía

uma professora que fora para a coordenação, em uma escola muito pequena no interior

de São Paulo. Eram seis salas no período noturno.

Ainda me lembro da minha primeira aula diante de uma turma de 2º ano. Olhei

para eles e tive vontade de sair correndo. Foi um ano de muito aprendizado! Nem diário

de classe sabia preencher corretamente!

Procurei planejar minhas aulas colocando em prática o que havia aprendido na

graduação e na maioria das vezes não obtive muito sucesso com os alunos. A maioria

trabalhava ou fazia curso profissionalizante e vinha para a escola com muita preguiça.

Lembro-me de confidenciar isto para os colegas na sala dos professores e me

desencorajavam, dizendo que os alunos não queriam saber de nada.

Trabalhava durante o dia na indústria e lecionava a noite na escola. Em um final

de semana por mês ia para São Paulo para cursar a Pós-graduação, afinal a sala de

aula era só uma passagem. Durante este curso me marcou muito o professor de

Virologia, pela sua grande humildade, pois mesmo sendo livre docente, nunca usou seu

conhecimento para nos diminuir. Em uma de suas aulas sobre HPV, sabendo ele que

eu era professor, me disse que meu trabalho na escola era de suma importância para a

saúde pública, pois se eu “desse uma aula de HPV para meus alunos estaria evitando

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que essa doença se espalhasse, que ele como médico não tinha muito a fazer, pois já

“pegava” o paciente contaminado”. Diante de tantos Farmacêuticos e Biomédicos de

minha turma, sai orgulhoso da aula, afinal professor era (e talvez ainda seja) visto como

coitado.

Neste ano comecei a ter problemas de relacionamento na indústria e pedi que

me demitissem, e assim se fez. Foi um alívio, pois trabalhava no setor administrativo

sem nenhuma relação com a área biológica.

No ano seguinte, em 2012, como era categoria O, mudei de escola... Fui

trabalhar em uma escola grande, próxima a minha casa. Tive a oportunidade de

lecionar para o Fundamental, Médio e EJA. Minhas turmas do Fundamental eram muito

difíceis. Indisciplina e falta de interesse, aliados à minha inexperiência prejudicavam o

meu trabalho. Findando o 1º Bimestre pensei em largar tudo, até que neste mesmo ano

fui chamado pelo concurso que havia prestado em 2010 e escolhi aulas na escola onde

estou atualmente, que só pude assumir no ano seguinte.

Os problemas da escola eram as drogas, gravidez na adolescência, famílias

disfuncionais e muitos alunos nômades, vinham, ficavam alguns meses e depois se

mudavam.

O que me animava muito era a equipe, éramos unidos e fazíamos muitas

atividades coletivas tentando contornar a falta de interesse dos alunos. Participei

ativamente da Semana “Prevenção Também se Ensina”, desde o planejamento até a

execução de algumas palestras. Também me recordo do projeto “Reciclagem de Papel”

onde fiz com uma turma, a mais “calma”, todas as etapas da reciclagem de papel.

Também nunca me esquecerei da turma de EJA, um dia me confidenciaram que

gostavam muito das minhas aulas, que eram sempre as últimas do período noturno.

Certa noite, de muita chuva, estava com preguiça de ir, mas como era professor

Categoria O, não poderia me ausentar ou o contrato se romperia. Chegando à escola

encontrei a sala cheia e eles me dizem – “professor viemos só por causa da sua aula”.

Como não se sensibilizar e se motivar com uma fala dessas?

Em 2013 assumi o cargo efetivo de professor PEB II, em Ciências, na escola

onde trabalho atualmente. Fui bem recebido pela gestão e pelos alunos. Agora sim!

Professor efetivo!

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Mas a sala de aula não era ainda uma certeza, conclui o curso de Microbiologia e

ingressei no curso de Tecnologia em Radiologia em uma cidade vizinha da minha.

Foram os três anos que mais refleti sobre educação. As aulas expositivas com projeção

em Datashow imperavam. Ensinar era visto como transferir conteúdo. Lembro-me de ter

de estudar muito em casa para conseguir lograr boas notas. Passei a dividir o meu

tempo entre o curso, lecionar e o estágio em um hospital em Sorocaba, que me fazia

pensar se minha “área” era realmente a saúde! Ter de lidar com os pacientes, suas

dores, acidentes de moto, pessoas idosas com fraturas causadas por osteoporose,

crianças! Não param quietas! Não foi fácil! Isso definitivamente não é para mim!

Pensava eu.

Na escola, onde assumi como efetivo, não temos os problemas da anterior.

Nossos alunos ingressam no 6º ano e em sua maioria continuam nela até o 3º ano do

Ensino Médio, muitos são filhos de ex-alunos da escola. Pensava que o problema seria

mais pedagógico. Alunos desmotivados pelas práticas tradicionais. Alguns me

confidenciaram que achavam a escola chata e que quando estão nela não veem a hora

de ir embora. Isto passou a ser a pauta nos meus pensamentos – por que a escola não

pode ser prazerosa para o aluno e para o professor?

E ao longo dos anos tenho me identificando mais com a educação. São

necessárias cabeças novas, um pensamento novo, vontade de caminhar e não ficar

estagnado no passado.

Em 2015 participei do curso de Ensino Híbrido oferecido pela Secretaria de

Educação e me interessei pela prática. Pensando: Será que dá certo na escola pública?

Tenho poucos recursos tecnológicos. Então, engavetei a ideia.

Em 2016 participo do curso Google Apps oferecido pela Diretoria de Ensino e

novamente ressuscitei o desejo de inovar em minhas aulas usando tecnologia.

Trabalhei com algumas avaliações on-line utilizando o formulário Google, e os alunos

realizaram as atividades em casa. Muitos fizeram e gostaram, diziam que era legal

responder uma questão com vídeo em vez de texto, mas outros não se envolveram,

não é comum, precisava ser cobrado, ter uma pressão externa – geralmente uma

ameaça...

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Em 2017 realmente me assumi na educação e desde então venho me

construindo enquanto professor. Participei da II Feira de Ciências da Diretoria de

Ensino e nosso projeto ficou em 2º lugar. Nosso projeto testou desinfetantes caseiros.

Fizemos meios de cultura com gelatina e cenoura e com cotonetes coletamos amostras

de microrganismos de vários lugares. Olha a Microbiologia ai! As amostras foram

coletadas de um local limpo com desinfetante caseiro, outro com água sanitária e outro

sem limpar. Dava orgulho de ver os alunos explicando o projeto para cada grupo de

pessoas que se aproximava do banner. E quando chamaram os nomes deles no

microfone, a alegria deles! O sorriso largo no rosto ao recebendo as medalhas!

A escola passou por algumas mudanças e sou mais incentivado nas minhas

ideias inovadoras.

No final deste mesmo ano me candidatei ao Mestrado Profissional na Unicamp.

Convite de minha prima, que pena que ela não entrou!

Sofri cada etapa do processo seletivo com muita ansiedade! A escrita do projeto,

claro que escolhi o tema do Ensino Híbrido. Era o momento de colocar em prática uma

ideia que carregava desde 2015, agora com o auxílio da academia. Depois vieram as

leituras para a avaliação. Cada etapa levava algumas semanas para sair a chamada

para o próximo passo e cada APROVADO era recebido com muita alegria e vibração,

cada vez chegando mais perto. No dia da avaliação, me recordo de ter utilizado em

meu texto António Nóvoa e o querido e sábio Paulo Freire. Até que chegou o grande dia

da entrevista, que nervosismo! Lá estava a Claudia, loira e alta! Perguntou-me algumas

coisas sobre alguns autores que usei na escrita do projeto. Acho que respondi bem. Saí

de lá e fui para casa, já com o coração na mão! E fiquei com ele na mão até sair o

resultado.

O grande dia do APROVADO estava lá em verde, vibrando na tela do meu

computador – APROVADO.

Minha trajetória pela educação começou por acaso e timidamente vou crescendo

na profissão. Aprendendo a habitar este lugar que não quero mais deixar. O meu

ingresso no Mestrado veio para corroborar meu trabalho e desejo de inovar, sempre

buscando o melhor para meus alunos e de fato uma educação de qualidade e igualitária

para todos.

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Cada momento aqui foi vivido com intensidade, quantos conhecimentos

adquiridos! Espero ter correspondido e ter feito a ponte entre Universidade e a Escola.

Espero continuar me voltando para mim e procurando perguntas e respostas.

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1 Introdução

realidade da maioria das escolas brasileiras, sobretudo na rede pública, ainda

se pauta no paradigma do modelo tradicional de ensino. Entende-se este como

aquele em que os conteúdos estão compartimentados em disciplinas estanques, os

alunos são separados por idade/série e trabalham quase sempre individualmente,

em salas numerosas e com carteiras enfileiradas onde prevalece e se valoriza o

trabalho individual. O professor é detentor da informação e deve passá-la aos alunos

tal quais devem ser reproduzidas nas provas que são utilizadas para classificar os

estudantes e definir se estes devem ou não prosseguir para a etapa seguinte.

Neste trabalho discutiremos outro modelo de ensino, talvez até possamos

chamá-lo de novo modelo de ensino no tocante da Educação Básica, visto que tem

sido mais comumente relatado na Educação Superior. Tal modelo conserva da

escola tradicional aquilo que funciona e ao mesmo tempo acrescenta práticas

inovadoras, geralmente com o uso da tecnologia.

Apresentaremos algumas experiências de Ensino Híbrido em uma escola

pública, na disciplina de Ciências e uma reflexão do professor/pesquisador segundo

um ciclo reflexivo de quatro etapas: descrever, informar, confrontar e reconstruir.

Parece ser do senso comum entre os professores de Ciências que a

transmissão mecânica de conteúdos se traduz em aprendizagem. O que caracteriza

a Ciência como um produto acabado e inquestionável, uma didática que favorece a

uma ciência morta (DELIZOICOV, 2011).

Apesar da rejeição verbal ao ensino dito tradicional, continua-se fazendo nas

aulas de Ciências o que se fazia sempre. Este ensino permanece influenciado pelo

velho paradigma, centrado no professor, onde conteúdo e produto são mais

importantes que o processo de construção do conhecimento. Imperam as aulas

expositivas, lousas repletas de conteúdos, muitas vezes não discutidos, tomados

como algo a se memorizar, listas de exercícios, leituras e cópias (MORAES, 1996;

GIL-PÉREZ, CARVALHO, 2011).

É o modelo industrial de educação, também discutido por Freire (1986; 2018)

como modelo de educação bancária, ou mesmo em teorias de currículo com

diferentes outros nomes (GOODSON, 1997; SOUZA, 2012; 2018; 2019; ALMADA &

SOUZA, 2017). Tal modelo foi criado para padronizar a forma de ensinar e de

A

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avaliar, onde os estudantes são agrupados por idade-série e recebem as mesmas

matérias, da mesma forma e ao mesmo tempo. Este modelo é insuficiente hoje, pois,

não levam em consideração os avanços dos estudos da cognição humana. Hoje

sabemos que crianças com a mesma idade, e mesmo jovens ou adultos, têm

necessidades e ritmos de aprendizagem diferentes, além de trazerem para a sala de

aula conhecimentos prévios em níveis diferentes e isso tem que ser levado em

consideração na aprendizagem de conceitos novos (KOLB, 1984; HORN; STAKER,

2015).

Na relação entre os textos sobre teorias de currículo e aqueles que escrevem

também sobre novas práticas educativas (BACICH; TANZI; TREVISANI, 2015),

podemos concluir que este modelo torna a escola pouco atrativa para alunos nativos

digitais, ou seja, crianças e jovens que estão inseridos em um mundo rico em

imagens, movimento, dinamismo. Essas crianças e jovens já nasceram em um

mundo onde a tecnologia parece resolver todos os problemas e a escola é como se

fosse um mundo à parte, distante desta realidade. É, portanto, anacrônica. Mesmo

que se tenham inúmeras críticas ao mundo digital, mesmo que queiramos ver

nossas crianças “com livros na mão”, não podemos ignorar outras realidades e impor

uma escola que não os envolva. A partir de outras e novas práticas, podemos

também fortalecer práticas antigas significativas e revitalizar outras importantes, mas

parece ser necessário trabalharmos com modelos que os aproxime e não os

subjugue.

O paradigma educacional tradicional fazia mais sentido em uma época em

que as informações eram limitadas e de difícil acesso, agora vivemos em um período

em que as informações veiculam com uma velocidade acelerada e ultrapassam os

espaços escolares – a chamada sociedade do conhecimento – é possível aprender

em qualquer hora e com pessoas diferentes. Tudo isso possibilitado pelas novas

tecnologias. Há poucos anos informação e conhecimento eram palavras usadas

como sinônimos, um indivíduo informado parecia saber das coisas. Hoje sabemos

que há muita informação disponível, porém poucas se relacionam a conhecimento.

Há muitos saberes vistos com superficialidade, tornando as pessoas especialistas

dispostas a discutir qualquer tema, sem o real conhecimento dele. Estas e outras

críticas ao mundo conectado e às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)

são sérias e uma das maneiras de se combater a superficialidade e as não verdades

é fornecendo, na escola, ferramentas para a análise críticas dessas TIC.

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A relação entre o físico e o digital não é antagônica, mas sinérgica

possibilitando estender a sala de aula. “Essa mescla, entre sala de aula e ambientes

virtuais é fundamental para abrir a escola para o mundo e para trazer o mundo para

dentro da escola”, diz Moran (2015, p. 16). Aliás, foi com este desejo de inovar que

saí da graduação, Licenciatura em Ciências Biológicas, e ingressei em 2011 no

magistério, em minha primeira experiência docente, em uma escola pequena, no

período noturno, com estudantes do Ensino Médio. Trabalhei os conteúdos de

Biologia utilizando o Datashow para projetar slides com imagens para facilitar a

compreensão dos conceitos pelos alunos. Na época esse uso da ferramenta

tecnológica já foi visto pelos estudantes como inovação. Hoje procuro me apropriar

das linguagens das tecnologias, para que deixem de ser apenas uma ferramenta,

mas sim mais um material didático.

Tento ainda hoje trabalhar com o Datashow, mas percebo que não é mais tão

atrativo, os alunos se dispersam e se perdem em cochichos e conversas paralelas.

Seria falta de interesse por parte dos alunos? A aula foi mal planejada? Alguns me

confidenciam que acham a escola chata e que quando estão nela, não veem a hora

de ir embora. Isto passa a ser a pauta de meus questionamentos – por que a escola

não pode ser prazerosa para o aluno e para o professor?

No ano seguinte, em 2012, comecei a trabalhar em uma escola maior, agora

com estudantes do Ensino Fundamental Ciclo II 2 (EF II), Ensino Médio (EM) e

Educação de Jovens e Adultos (EJA). A partir daí, não saí mais da escola. Na

minha busca pela inovação e mudança de paradigmas, passei a sair com os alunos

para realizar atividades práticas e atividades em grupo no pátio. Fui percebendo o

quanto eles se envolviam e se sentiam mais motivados. Motivação no sentido de se

moverem para uma atividade por e com prazer, por verem sentido naquela tarefa e

não porque havia uma pressão externa.

Em 2016 participei do curso de Ensino Híbrido oferecido pela Escola de

Formação de Professores da Secretaria de Educação de São Paulo - EFAP3, em

parceria com a Fundação Lemann e me interessei pela prática. Pensava: Será que é

possível na escola pública? Pensava que por ter poucos recursos tecnológicos eu

não conseguiria trabalhar com esse modelo e engavetei a ideia.

2 Etapa do Ensino Fundamental que compreende os estudantes do 6º ao 9º anos. Na BNCC esta etapa é denominada Ensino Fundamental – Anos Finais. 3 Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos profissionais da educação Paulo Renato Costa Souza. Criada em 2009 tem como objetivo o desenvolvimento profissional dos servidores da SEE-SP.

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Em 2017, após realizar o curso Google Apps 4 , oferecido pelo Núcleo

Pedagógico da Diretoria de Ensino onde atuo, novamente ressuscitei o desejo de

inovar, a partir da tecnologia, em minhas aulas. Trabalhei com algumas atividades

on-line, apenas. Utilizei o formulário google drive®, onde os alunos realizavam as

atividades em casa. Neste mesmo ano ingressei no Mestrado Profissional em

Educação Escolar na Unicamp com o projeto de desenvolver atividades na

metodologia do Ensino Híbrido. Tendo como objetivos:

• Descrever uma experiência de uso da abordagem do Ensino Híbrido na disciplina de

Ciências no Ensino Fundamental Ciclo II;

• Analisar os desafios e contribuições relacionados à escolha de tal metodologia de

ensino no contexto de uma escola pública;

• Promover uma reflexão sobre a prática e o papel do professor ao se trabalhar com

experiências educativas significativas e como os saberes docentes são apropriados,

modificados e mobilizados na prática pedagógica;

As mudanças na educação são urgentes e temos poucos modelos para nos

espelhar. Em um mapeamento sistemático da literatura verificamos a predominância

de práticas de Ensino Híbrido no ensino Superior ou de Pós-graduação,

evidenciando uma lacuna a ser estudada para o Ensino Fundamental (SCHIEHL;

GASPARINI, 2017).

Este trabalho busca, portanto, contribuir para aprofundar os estudos dessa

modalidade de ensino, nesta etapa da educação básica, além de colaborar com a

construção de conhecimentos na educação e no desenvolvimento profissional dos

professores.

Procuramos repensar a sala de aula bem como a abordagem pedagógica que

tem sido utilizada. Não podemos nos perder diante das mudanças pedagógicas

pelas quais passamos e prejudicar a aprendizagem dos alunos. Conforme Moran

(2015, p.29) “A qualidade não pode ser só um discurso, mas um compromisso

efetivo de todos os setores das instituições”.

Este trabalho está organizado da seguinte forma: após esta introdução onde

buscamos apresentar os interesses pela pesquisa, sua justificativa, relevância e

objetivos, seguem-se os demais capítulos.

4 Curso realizado no núcleo Pedagógico da Diretoria de Ensino com duração de 40hs. Entre os temas abordados estão o uso dos recursos do Google Drive® na educação.

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O capítulo 2, Metodologias ativas e o ensino de Ciências, apresentará um

histórico do ensino de Ciências no Brasil bem como uma reflexão sobre as

condições didático-pedagógicas em que essa disciplina vem sendo trabalhada nas

escolas, e será finalizado com uma discussão sobre o papel das novas tecnologias

de informação e comunicação e a configuração da Sociedade da Informação.

O capítulo 3, Ensino Híbrido, trará o referencial teórico que embasa essa

metodologia ativa, mostrando, em especial, as duas modalidades trabalhadas na

pesquisa – A Sala de Aula Invertida e a Rotação por Estações – e fará uma

discussão de prós e contra mais comumente encontrados na literatura sobre estes

modelos de ensino.

O capítulo 4, Contexto e procedimentos, irá apresentar o contexto da

pesquisa, trazendo aspectos físicos e pedagógicos da instituição de ensino, bem

como dos estudantes que participaram do trabalho. Em sua parte final, será descrita

a metodologia da pesquisa.

No capítulo 5, Resultados e discussões, serão apresentados os resultados

das atividades de pesquisa, bem como sua análise, descritas em formato de ciclo

reflexivo.

Para finalizar, o capítulo 6, com as Considerações finais, que serão

apresentadas em dois momentos, o primeiro com as conclusões da pesquisa,

seguido de indicações de pesquisas futuras que podem vir a se desdobrar a partir

deste trabalho.

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2 METODOLOGIAS ATIVAS E O ENSINO DE CIÊNCIAS.

ensino de Ciências no Brasil passou, desde a sua introdução no currículo, por

diferentes reformas que trouxeram mudanças tanto nos objetivos quanto na

forma de ensino. Porém as mudanças, que em seu tempo foram chamadas de

melhoras no ensino de ciências, sempre ocorreram de acordo com interesses

políticos e econômicos (KRASILCHIK, 1992).

Tomando como marco inicial a década de 50, é possível reconhecer nestes últimos 50 anos movimentos que refletem diferentes objetivos da educação modificados evolutivamente em função de transformações no âmbito da política e economia, tanto nacional como internacional. Na medida em que a ciência e a tecnologia foram reconhecidas como essenciais no desenvolvimento econômico, cultural e social, o ensino de ciências em todos os níveis foi também crescendo de importância, sendo objeto de inúmeros movimentos de transformação do ensino, podendo servir de ilustração para tentativas e efeitos das reformas educacionais. (KRASILCHIK, 2000, p. 85).

No Brasil, pensando a partir dos anos 1950, o ensino de Ciências foi

fortemente influenciado pelos projetos estadunidenses e ingleses, período conhecido

como “sopa de letras” fazendo referência aos projetos Biological Science Curriculum

Study (BSCS); Physical Science Study Commitee (PSSC); Chemical Study Group

(CHEM); Chemical Bond Aproach (CBA) todos desenvolvidos nos Estados Unidos

da América do Norte; na Inglaterra ficaram conhecidos os projetos da sua instituição

patrocinadora, a Fundação Nuffield (KRASILCHIK, 2000).

Krasilchik (2000) complementa afirmando que em seguida o ensino de

Ciências passou a preocupar-se com o desenvolvimento de uma Ciência local e não

dependente. Pressão sofrida pela população no pós-guerra devido à falta de

matéria-prima. Mais tarde houve a ampliação do acesso da população à escola, a

Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 4024/61 aumentou a participação

das Ciências no currículo escolar, onde estas eram trabalhadas para desenvolver no

estudante a capacidade de pensar lógica e criticamente. O papel da escola passou a

ser a formação do trabalhador a partir da LDB nº 5692/71 que colocou como objetivo

do ensino de Ciências a formação profissional, tecnicista, sem a preocupação de

uma formação para a leitura crítica do mundo, conveniente para o período de

repressão política nos anos de chumbo.

Em 1996 a nova LDB nº 9394/96 vinculou a educação escolar ao mundo do

trabalho e à prática social. Os documentos que sucederam a LDB de 1996 se

alinham a um movimento internacional de reformas dos sistemas de ensino,

acompanhando as transformações econômicas, culturais e sociais do processo de

O

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globalização e políticas públicas neoliberais. Porém, embora não venha sendo

aplicada em sua íntegra, tanto a LDB de 1996 quanto os Parâmetros Curriculares

Nacionais de 1997 e 1998 (PCNs), expressam em seu texto a preocupação com a

formação ética, a autonomia intelectual e a compreensão dos fundamentos

científico-tecnológicos dos processos produtivos, tais documentos apresentam uma

proposta de educação científica que não visa tão somente à formação de cientistas

e tecnólogos, como em tempos de corrida espacial e Guerra-Fria, mas a formação

do cidadão como um todo.

O documento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foca em seu texto

o Letramento 5 Científico, entendendo-o como a capacidade de compreender e

interpretar o mundo e transformá-lo com base nas contribuições teóricas e práticas

da Ciência. Essa última proposta de parâmetro ou base curricular parece esperar

que a partir de sua formação escolar, os indivíduos sejam capazes de debater e

tomar posição em diversas áreas temáticas das Ciências. Documentos como os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). As O ensino desta disciplina deve ter o

compromisso com a formação integral dos estudantes, importante para o exercício

pleno da cidadania (BNCC, 2019).

A necessidade de letramento científico em seu nível multidimensional vem

sendo objeto de pesquisa há alguns anos. Busca-se formar um jovem capaz de

aplicar os saberes adquiridos, para resolver problemas reais, além de compreender

a ciência e a tecnologia como parte da cultura, em suma devem ser capazes de

participar das tomadas de decisões, em assuntos que se relacionam com a ciência e

tecnologia (CACHAPUZ et al, 2011).

5 Magda Soares (2004) discute o termo “letramento”, como uma invenção no campo da leitura e escrita. Nos anos 1980 o termo começa a aparecer na literatura da área no Brasil, ao mesmo tempo que illettrisme na França, literacia em Portugal, de modo a distinguir fenômenos relacionados à alfabetização (em francês: alphabétisation). O termo literacy já existia no idioma inglês, nos EUA e Inglaterra entre os demais, porém é nesse período também que aparece com significado distinto de reading instruction, beginning literacy. A Organização da Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no final dos anos 1970 já havia feito a proposta de ampliação do conceito de literate para functionally literate, levando para as avaliações internacionais a importância de se medir como domínio de leitura e escrita por competências além do simples ler ou escrever. Em termos geográfico, sociais, econômicos e culturais, o Brasil se difere significativamente dos países citados, talvez se aproximando um pouco de Portugal, A autora ao fazer essa abordagem nos diz também que a diferença fundamental, surge nas relações entre as práticas sociais de leitura e de escrita e a aprendizagem do sistema de escrita, ou seja, entre o conceito de letramento (illettrisme, literacy) e o conceito de alfabetização (alphabétisation, reading instruction, beginning literacy). Isso posto, podemos pensar na tentativa de ressignificar o termo e na mistura dele na literatura relacionada ao ensino de Ciências, onde alfabetização científica muitas vezes se confunde a letramento científico. De fato, nesse texto, estamos nos referindo ao conhecimento de fatos, normas e leis do mundo científico e sua apropriação no cotidiano, não só no escolar, mas em suas vidas.

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Essa temática nunca foi tão urgente quanto nos tempos que hoje vivemos,

onde nas redes sociais e internet podemos encontrar propostas de terraplanistas,

associações de síndromes à vacinação, sem a comprovação científica das

afirmações. O negacionismo às questões ambientais, não fundamentados na

ciência. E inúmeras outras questões de cunho moral e religioso tomadas como

verdades absolutas e negação da ciência.

A participação cidadã exige um mínimo de formação científica, pensando em

termos de escolhas conscientes, e o grande problema é que, salvo uma pequena

porção de maior poder aquisitivo, a maioria da população não tem acesso aos

conhecimentos científicos. Outro problema é a maneira como a Ciência é trabalhada

nas escolas e nas Universidades, sendo muitas vezes de forma abstrata e quase

dogmática, ou voltada para a formação de especialistas em Biologia, Química ou

Física. Os alunos são obrigados a aprender os mais diferentes conceitos, leis e

princípios dessas disciplinas, Cachapuz et al, (2011) nos apresenta o seguinte

dilema: Alfabetização6 científica para formação de cidadãos versus preparação de

futuros cientistas.

No cenário nacional, ainda temos questões como a preparação para a

resolução de questões de avaliações externas, que adquiriram importante papel na

escola pública e, particularmente na política de bônus adotada pelo governo do

Estado de São Paulo. Há ainda os vestibulares das grandes universidades e o

ENEM.

É necessário destacar que o reducionismo conceitual não favorece a

formação de indivíduos letrados em ciências e tampouco estimulados a carreiras

científicas, pois, transmite uma visão deformada e empobrecida da Ciência

passando a imagem de algo inatingível. Da mesma forma, o letramento científico

não é um rebaixamento para tornar a Ciência algo acessível a toda população, mas

sim uma reorientação necessária também à formação de indivíduos interessados no

conhecimento da área e até a futuros cientistas uma vez que torna possível uma

aquisição significativa dos conceitos (Cachapuz et al, 2011).

Para Pozo e Crespo (2009), temos um clima de sala de aula deteriorado que

se mostra incômodo e agressivo ao trabalho do professor, pois a maioria dos alunos

não aprende a ciência que lhes é ensinada. Em termos de letramento, os autores

6 Mantivemos o termo usado pelo autor, mas o significado é amplo

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afirmam que nossos alunos enfrentam dificuldades conceituais, atitudinais e

procedimentais, às vezes sabem fazer as coisas, mas não sabem aplicá-las em

novas situações. Dando-nos como uma das causas o fato de que as práticas

escolares não se pautam em verdadeiros problemas científicos, mas no ensino

puramente conceitual, fazendo com que o conhecimento científico perca sentido e o

aluno se torne desmotivado.

Num contexto de alunos com falta de interesse pelo conhecimento científico,

violência, evasão e desvalorização da escola e da profissão docente, percebe-se um

desejo de volta ao passado que ignora totalmente as mudanças culturais pelas quais

passamos e também que as dificuldades que os professores enfrentam são devido à

tentativa de fazer o modelo industrial, de transmissão, dar certo e não da aplicação

de novas propostas de ensino-aprendizagem. (POZO; CRESPO, 2009)

A partir de Pozo e Crespo (2009), também observamos na escola e na

sociedade a mudança na forma de produzir, organizar e distribuir os conhecimentos,

essas mudanças precisam ser levadas para o ensino de ciências. Há a necessidade

de uma mudança epistemológica do ensino de ciências, esta não deve ser ensinada

como saberes acabados e definitivos, mas como um saber histórico e provisório,

uma construção humana. Os alunos devem participar na elaboração do

conhecimento científico com dúvidas, questionamentos e incertezas.

A aprendizagem pela transmissão é importante, mas mais relevante é a

aprendizagem pela experimentação e questionamento, que deixa uma marca mais

ampla e profunda na compreensão dos estudantes, bem como aumenta a

flexibilidade cognitiva superando automatismos e modelos mentais rígidos. (MORAN,

2018)

As atividades de experimentação didática devem estar mais presentes e não

serem utilizadas de forma lúdica, apenas, ou como se fossem opcionais. Lugar que

lhe foi conferido por carência na formação dos professores, uma supervalorização

dos conteúdos conceituais, cobrados em avaliações externas e vestibulares, salas

com muitos alunos e a falta de recursos e um local apropriado para a execução de

atividades práticas (MARANDINO; SELLES; FERREIRA, 2009).

Estamos diante de uma nova cultura da aprendizagem mediada pelas

tecnologias, que apresenta três aspectos principais: a sociedade da informação – a

escola não é a única e nem a principal fonte de informação para os alunos, o seu

papel passa a ser o de formar um indivíduo crítico diante de uma informação;

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sociedade de conhecimento múltiplo e descentralizado – os conhecimentos não são

verdades acabadas, a escola deve então colaborar na formação de estudantes

capazes de construírem seu próprio ponto de vista e a sociedade do aprendizado

contínuo – a escola deve garantir que o aluno continue aprendendo após o Ensino

Médio. (POZO; CRESPO, 2009)

A era da Sociedade da Informação comporta uma nova forma de organização

social que perpassa por uma nova maneira de lidar com a informação e com a

formação de jovens (FOUREZ, 2003; BERBEL, 2011).

Com efeito, a internet não é apenas uma ferramenta de comunicação e de busca, de processamento e de transmissão de informações, que oferece alguns serviços extraordinários; ela constitui, além disso, um novo e complexo espaço global para a ação social e, por extensão, para o aprendizado e para a ação educacional (CASTELLS, 2001 apud COLL; MONEREO, 2016, p.2).

Moran (2018) nos alerta também que para que a escola atual continue sendo

uma instituição formal de educação, ela deve incorporar em seu projeto pedagógico

os novos caminhos de aprender, sejam eles processos individuais, colaborativos

e/ou com orientação de um tutor. Kolb (1984), embora muito discutido no mundo do

corporativo, traz ferramentas para que nós, professores olhemos para os alunos

como indivíduos, não únicos, mas não generalizados, divididos apenas por faixa

etária.

As metodologias são importantes meios para orientar os professores nos

processos de ensino e aprendizagem e podem ser concretizadas em estratégias e

técnicas. Quando falamos de metodologias ativas, estamos considerando as que

são centradas na participação efetiva dos estudantes na construção do processo de

aprendizagem. As metodologias ativas estão focadas no progresso da autonomia do

estudante, no desenvolvimento de competências e habilidades, na aprendizagem

colaborativa e na interdisciplinaridade. (CAMARGO; DAROS, 2018)

Assim, também nos é importante estabelecer qual a função social da escola,

para guiar o planejamento e as ações intencionais de ensino dentro das salas de

aula. Pensar em inovação na educação nesse momento é buscar um novo fôlego

para a escola, no nosso caso a escola básica, mantendo seu papel de mediação na

aquisição dos conhecimentos. (CAMARGO; DAROS, 2018)

Num mundo tecnológico, digital e conectado, alunos e professores assumem

papeis diferentes do tradicional. O professor deve passar de transmissor de

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informação para o de curador, orientador e mediador. Dentre as novas habilidades a

serem desenvolvidas pelos alunos temos: a capacidade de atuar com autonomia,

interagir em grupos heterogêneos, utilizar recursos de maneira interativa e aplicar

conceitos em diferentes contextos. As Novas Tecnologias da Informação e

Comunicação (NTIC) em si não são o mais importante, mas sim as práticas

pedagógicas que elas promovem e potencializam. As TIC na educação escolar

devem tornar mais eficientes e produtivos os processos de ensino e aprendizagem

(COLL; MONEREO, 2010).

O papel da tecnologia, neste contexto, está em apoiar o que Prensky (2010)

chama de nova pedagogia, definindo-a como aquela centrada no aluno e na qual os

professores saem da condição de palestrantes para a de mediadores da

aprendizagem.

A tecnologia não apoia – nem pode apoiar – a velha pedagogia do professor que fala/palestra, exceto em formas mínimas, tais como através da utilização de imagens e vídeos. Na verdade, quando os professores usam o velho paradigma de exposição, ao adicionarem a ela a tecnologia, ela com muito mais frequência do que o desejado se torna um empecilho (PRENSKY, 2010, p.202).

O professor não terá com a tecnologia apenas uma relação instrumental, ou

seja, da lousa para uma apresentação com Datashow, ou de pesquisas usando a

internet ao invés de livros e enciclopédias. O professor passa a dominar as

linguagens das NTIC, aprendendo e ensinando de forma nova. Concordamos com

Moran (2015), também quando diz que é necessário repensar o espaço e as

relações escolares. As metodologias ativas são o ponto de partida para essa

reflexão e reelaboração de novas práticas, pode-se enriquecer os materiais prontos

com metodologias ativas: aula invertida, pesquisas, jogos, aprendizagem baseada

em problemas, entre outras propostas centradas no aluno, na colaboração e

personalização.

O novo papel do professor é mais complexo e exige uma formação mais

ampla. Só saber o conteúdo a ser ministrado não basta, é necessário saber adaptar-

se ao grupo e a cada aluno, além de planejar, acompanhar e avaliar atividades

significativas e diferentes (BACICH; MORAN, 2018).

A habilidade de utilizar recursos e instrumentos de maneira interativa,

incluindo utilizar dados, linguagens e textos nos meios digitais, está relacionada com

o letramento digital, que se torna importante também, além do científico. É

necessário formar um indivíduo que não seja vulnerável a grande sobrecarga de

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informações errôneas, tendenciosas e mal-intencionadas. A formação crítica pelas

mídias e para as mídias se faz mais do que urgente. Possivelmente, o profissional

que melhor se adequa a essa função é o professor e o lugar é a escola (BERBEL,

2011. COLL; MONEREO, 2016).

Conseguir que, uma vez alcançado o acesso às TIC’s, todos os setores da população possam fazer um uso enriquecedor, construtivo e criativo dessas tecnologias é o verdadeiro e complexo desafio que enfrentamos atualmente. Mais uma vez, a educação formal e escolar, a única instituição das sociedades modernas capaz de chegar ao conjunto da população sem discriminações de nenhum tipo, é o melhor instrumento para atingir esse objetivo. (COLL; MONEREO, 2016, p. 45).

Graças às NTIC, chegamos a um novo estágio no que se refere à

comunicação em nossa sociedade, onde podemos obter, produzir e compartilhar

qualquer quantidade de informação de forma instantânea, de qualquer lugar, na

forma que preferir e com baixo custo. As opções de aprendizado estão se

expandindo, graças ao m-learning7, onde alguns aspectos das tecnologias como a

miniaturização e integração, plataformas móveis e internet sem fio, possibilitem aos

alunos continuar aprendendo a qualquer momento, com o uso do celular (BERBEL,

2011. COLL; MONEREO, 2016).

As redes digitais permitem novas formas e possibilidades de relacionamento

das pessoas com os saberes. Trata-se de uma verdadeira revolução, em que a

sala de aula transcende os espaços físicos. A produção e a troca de informações

nas redes exigem a necessidade de novas estruturas educacionais, ultrapassando

a formação fechada, hierarquizada e para um grande número de estudantes ao

mesmo tempo, como nos modelos existentes (KENSKI, 2018).

7 Mobile Learning – termo que designa o uso de dispositivos móveis nos processos de ensino e aprendizagem

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3 ENSINO HÍBRIDO

m modelo que vem crescendo na educação visando a inovação e

desenvolvimento de autonomia no estudante é o Ensino Híbrido. Um sistema

educacional formal, com o planejamento e a intencionalidade pedagógica que o

termo exige, onde o estudante tem parte de suas atividades on-line, não

necessariamente no ambiente escolar e apresenta certo controle sobre seu tempo,

escolha do lugar, do caminho e do ritmo. Na escola estuda e aprende

supervisionado pelo professor. Como há planejamento e intencionalidade

pedagógica, essas duas modalidades (on-line e presencial) estão integradas para

fornecer uma experiência de aprendizagem integrada (HORN; STAKER, 2015), essa

não é uma proposta de Ensino a Distância (EAD) e muito menos de homeschooling,

que apresentam outras características. No Ensino Híbrido as ações de curadoria de

conteúdos do professor são integradas às ações de desenvolvimento de autonomia

e controle de estudos dos estudantes. Seus encontros presenciais na escola

continuam com a mesma frequência e ritmo.

Para Horn e Staker (2015), há quatro modelos de Ensino híbrido e são

agrupados conforme mescla elementos da sala de aula tradicional com atividades

on-line, da seguinte forma:

1. Modelo por Rotações: dentro de um curso ou matéria, os alunos

revezam entre modalidades de ensino, sendo uma delas on-line.

Possuem outros subgrupos, rotação por estações, laboratório

rotacional, rotação individual e sala de aula invertida;

2. Modelo Flex: onde o principal é o ensino on-line;

3. Modelo a La Carte: os alunos participam de um curso on-line, com um

professor online e continuam a ter a experiência do ensino presencial;

4. Modelo virtual enriquecido: os alunos dividem seu tempo entre o

ensino em uma escola física e o aprendizado remoto. A ênfase está

nas disciplinas on-line podendo ocorrer atividades presenciais como

laboratório, experiências práticas ou aulas presenciais.

Neste trabalho quando comparamos o modelo Híbrido de ensino com o

tradicional levamos em conta os seguintes aspectos: a aula, as relações

professor/aluno e aluno/aluno, o uso da tecnologia, os espaços de aprendizagem e

as possibilidades de avaliação (BACICH; TANZI; TREVISANI, 2015).

U

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No modelo tradicional a mesma aula é dada para todos os alunos, baseada

na transmissão de conteúdo. O aluno, na maioria das vezes, é mero coadjuvante,

agente passivo dos processos de ensino e de aprendizagem. O professor parece

deter todo o conhecimento e ser a única fonte de informação, fala (ou tenta falar)

para todos ao mesmo tempo. Esse professor se coloca como o filtro de toda a

informação que deve chegar ao estudante. Na correria de uma carga horária muito

alta, tal professor muitas vezes tem sua ação limitada apenas ao livro didático e não

é capaz de diferenciar sua prática pedagógica em sala de aula, não há tempo e

muito menos condições que favoreçam um ensino mais personalizado, ensina a

todos como se estivesse ensinando a um só. Os alunos permanecem enfileirados e

a comunicação entre eles não é permitida.

Estabelecer o mesmo ritmo e a mesma dinâmica para todos os alunos acaba

prejudicando o grupo, já no modelo híbrido as atividades são diversificadas,

buscando-se a personalização, individualização e diferenciação, respeitando os

ritmos de cada aluno, valorizando e construindo sua autonomia. O aluno pode estar

mais próximo do professor, solicitando sua ajuda sempre que necessário. Pode

dialogar com seus pares e passar a dividir suas dúvidas, questionamentos,

descobertas e conhecimentos com os colegas de turma, numa relação de parceria e

apoio mútuo. Uma vez que o professor diferencia suas práticas pedagógicas,

promove discussões nas aulas, estimula o protagonismo dos alunos e é mediador de

conhecimento entre crianças e jovens, não apenas mediador de conflitos. A reflexão

e questionamentos, assim como a partilha com o grupo, podem influenciar também

no aumento de confiança e autoestima.

No Ensino Híbrido o papel do professor passa de transmissor de conteúdos

para o de curador e orientador, pois ele escolhe o que é relevante e ajuda os alunos

a significar os conteúdos nos materiais e atividades disponíveis. Além de dar apoio,

estimular, valorizar, orientar, inspirar a classe, os grupos e cada aluno.

A era da curadoria é um momento em que organizamos os nossos espaços de convivência, de vida comum, estruturados em algumas instituições como a escola, os meios de comunicação, em que aquele que é o responsável por coordenar as atividades tem o espírito do curador, isto é, alguém que tem que cuidar para repartir, alguém que precisa proteger e elevar para tornar disponível, para as pessoas que ali estão, seja o conhecimento na escola, seja a informação em relação ao mundo digital. É a atitude de um curador. Não é um guardião porque este retém, não passa adiante; não é um guarda do museu, que não deixa o visitante chegar perto; não é um proprietário, que mantém a obra de arte dentro de casa. O curador não tem a visão de dono de uma propriedade, mas a visão integrante de um condomínio. (CORTELLA; DIMENSTEIN, 2016, p. 19).

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Em uma aula no modelo tradicional a tecnologia é uma oportunidade de

substituir o quadro, ou seja, corrobora a metodologia de uma educação tradicional

baseada na transmissão de conteúdo, mas deveriam ser escolhidas com objetivos

pedagógicos muito bem definidos. Usar a tecnologia com intencionalidade

pedagógica.

A sala de aula tradicional é vista como um espaço de aquisição de saberes e

técnicas apenas, se tornando um meio de organização social. O espaço escolar

continua formatado para atender às demandas de uma sociedade que parece não

existir mais.

Na proposta do Ensino Híbrido a escola passa a ser o local de produção e

significação do conhecimento, além de ser espaço privilegiado de relações

humanas. O aluno não frequenta a escola para obter informações, essas já lhe

foram sugeridas pelo professor para suas atividades extraclasse e on-line. Na

escola, os jovens vão com questões sobre como usar e organizar essas informações

e transformá-las em conhecimento, ou seja, para atingir um objetivo específico. Além

do mais, todos os lugares da escola se tornam espaços de aprender.

A avaliação tradicional é classificatória, define quem prossegue e quem deve

refazer os conteúdos escolares. Tem uma dupla função de aprovação/reprovação.

Para o Ensino Híbrido a avaliação tem função diagnóstica. É utilizada como um

instrumento de reorientação da prática pedagógica, verificar brechas no processo de

aprendizagem que possam ser vencidas, um meio de desenvolver a aprendizagem.

A tecnologia viabiliza novos e distintos métodos de avaliação. É preciso repensar os

métodos avaliativos - papel, lápis e caneta não são mais os únicos recursos para a

realização de uma avaliação oficial.

Como expõe Martins (2016, p. 73):

A concepção de Ensino Híbrido na Educação Básica, que mais se aproxima do que tem sido encontrado em pesquisas atuais sobre o tema, é aquela que promove uma integração entre o ensino presencial e propostas de ensino on-line, que ocorrem na sala de aula ou fora dela, porém, preferencialmente na escola, sem modificar a carga horária presencial. O papel desempenhado pelo professor e pelos estudantes sofre alterações em relação à proposta de ensino tradicional e as configurações do espaço e envolvimento com as tecnologias digitais. Diferente da definição de Blended Learning como uma modalidade de ensino presencial e a distância, em que a carga horária on-line (à distância) não ocorre no ambiente físico da instituição de ensino, o Ensino Híbrido volta-se para uma proposta de “mistura” metodológica que impacta na ação do professor em situações de ensino e nas ações dos alunos em situação de aprendizagem e que, na

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maioria das vezes, ocorre no ambiente “físico” da escola. (MARTINS, 2016 p. 73 – itálico nosso).

O híbrido, no entanto, pode se dar também de outras formas: de saberes e

valores, metodologias, tecnologias, currículo e abordagens pedagógicas. (MORAN,

2015). O que nos trouxe tranquilidade em relação a ter ou não muitos recursos

tecnológicos na escola, ou mesmo em relação aos estudantes. As atividades a ser

realizadas a distância não necessariamente precisam da rede internacional de

computadores, smartphones, tablets, etc. Um livro texto, uma pesquisa em jornais e

revistas físicas, ou mesmo um filme no cinema podem ser objeto de estudo.

3.1 A sala de aula invertida

Um modelo que vem alcançando notoriedade no meio educacional é a sala

de aula invertida, assim chamada porque inverte a sequência da aula. Geralmente

em casa os estudantes têm contato com o conteúdo teórico, que pode ser por meio

de leituras e vídeos, e o tempo de sala de aula é utilizado para atividades mais

complexas que necessitem do auxílio direto do professor. Ao assistir os vídeos em

casa, os educandos são estimulados a agir conforme suas necessidades, eles

acabam por perceber que têm a possibilidade de retroceder ou avançar à medida

que compreendem o conteúdo, tendo mais autonomia em sua aprendizagem. O

período em sala de aula torna-se, então, um tempo para aprendizagem ativa

(HORN; STAKER, 2015).

Na área de ensino de Ciências é possível afirmar que a sala de aula invertida

surgiu por volta do ano 2006, com a experiência de dois professores de Química,

Jonathan Bergmann e Aaron Sams, em uma escola rural no Colorado, EUA. A

ausência dos alunos em muitas aulas era um problema que eles enfrentavam. Com

essa problemática tiveram a motivação para começarem a gravar as aulas e

disponibilizá-las para os estudantes. Logo, além dos alunos que faltavam às aulas,

os demais começaram a assistir também, como reforço, quando não compreendiam

muito bem um conceito ou para estudar para as avaliações. Após a postagem on-

line desse conteúdo, outros professores começaram a aproveitar os vídeos em suas

aulas bem como estudantes de outras escolas (BERGMANN; SAMS, 2018).

Dentre os motivos pelos quais se deve inverter a sala de aula podemos

afirmar que a inversão parece se aproximar dos jovens, pois eles vivem em um

mundo conectado e a maioria das escolas ainda proíbem o uso da tecnologia pelos

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alunos, outras a tem como inimiga, isso sem falar naquelas onde a tecnologia ainda

não chegou; Bergmann e Sams (2018) afirmam que as práticas educativas com

auxílio de tecnologia ajudam os estudantes que regularmente se sintam

desocupados na sala de aula por serem mais rápidos na realização de suas tarefas,

visto que com a flexibilidade, os que estão mais adiantados podem se dedicar a

outras atividades; ajudam também aqueles com dificuldades, uma vez que o

professor, livre da transmissão de conteúdos, pode se dedicar aos alunos com mais

necessidades; intensificam a relação aluno-aluno e aluno-professor, além do auxílio

personalizado e focado do professor, os próprios estudantes podem se agrupar e se

ajudar mutuamente; os estudantes percebem que com a inversão o professor não

quer exercer um autoritarismo pedagógico sobrecarregando-o com tarefas, mas que

eles realmente aprendam.

O foco da aula passa a ser o aluno, pois este tem o compromisso com as

atividades propostas, assistir aos vídeos, fazer anotações, trazer dúvidas para a sala

de aula, realizar e apresentar trabalhos e atividades escolares, entre outros. Após

tirar as dúvidas que podem ter ficado o tempo de aula pode ser usado para

atividades práticas mais extensas ou solução de problemas (BERGMANN; SAMS,

2018).

Ao se optar pelo uso dos vídeos para inverter a sala de aula, o professor pode

se deparar com a dificuldade de produzir os próprios vídeos, seja pela falta de

tempo, de equipamentos adequados ou a habilidade para produzi-los. Uma boa ideia

então seria a utilização de vídeos prontos produzidos por outros professores. O que

particularmente nos parece mais interessante. Cabe ao professor, fazer o trabalho

de curadoria desses vídeos, para disponibilizar aos alunos um material de qualidade.

O Youtube® se apresenta como uma excelente ferramenta para que o professor

comece a inverter as suas aulas, embora não seja a única plataforma para tal.

(BERGMANN; SAMS, 2018).

3.2 Rotação por estações

Modalidade de Ensino Híbrido em que os estudantes são organizados em

grupos que chamamos de estações de trabalho e cada grupo realiza uma atividade

previamente planejada pelo professor, sendo que as tarefas abordam uma mesma

temática, mas habilidades diferentes entre as estações. As atividades podem ser

individuais ou colaborativas, podem ser utilizados diversos recursos, como vídeos,

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atividades práticas, leitura de textos e imagens, escrita colaborativa, entre outros. É

interessante que uma das estações faça uso de recursos on-line se possível. Os

grupos podem ser divididos por afinidade ou de acordo com as necessidades dos

alunos, assim o professor pode se dedicar mais aqueles que precisam de

orientação. O professor também pode sugerir a formação de grupos equilibrados,

misturando habilidades e necessidades dos alunos. Essa é uma prática que pode

favorecer o crescimento do coletivo, mas é necessário que os estudantes já estejam

acostumados com esse tipo e organização da sala de aula. Após um determinado

tempo estipulado pelo professor, os estudantes trocam de estações de trabalho e

assim que todos passam por todas as estações faz-se o fechamento da aula. O uso

de diversos recursos e atividades diferentes abordando um mesmo assunto leva o

aluno a ter uma experiência personalizada de ensino (MEIRINHOS; OSÓRIO, 2007;

2014; HORN; STAKER, 2015).

Figura 1: Modelo tradicional, Sala de aula invertida e Rotação por estações.

Fonte: elaborado pelo autor

3.3 Ensino Híbrido – o que tem sido praticado.

Neste tópico serão discutidos alguns de exemplos de como o Ensino Híbrido

vem sendo implantado.

No artigo intitulado “A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino

personalizado: uma experiência com a graduação em midialogia”, Valente (2018, p.

26-42), apresenta o uso da Sala de aula invertida, na disciplina – Métodos e técnicas

de pesquisa e de desenvolvimento de produtos em midialogia – curso do Instituto de

Artes da Unicamp. Em complemento às aulas presenciais há atividades que

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requerem o uso do ambiente virtual, no caso foi usado o TelEduc. Entre as diversas

atividades da disciplina os estudantes foram levados a desenvolver projetos

midiáticos, como portfólios, sites ou vídeos. Ao final, a sala toda produziu o site da

disciplina que veio a hospedar os projetos desenvolvidos pela turma. O autor

salienta entre os aspectos positivos, o bom aproveitamento dos alunos, o

aprimoramento e a inovação das práticas em sala de aula e o aprimoramento do

professor também.

Gonçalves e Silva (2018, p. 59-76) descrevem uma experiência de sala de

aula compartilhada, semelhante ao modelo Flex de Ensino Híbrido. A prática ocorreu

em um curso de Licenciatura em Matemática. O objetivo foi integrar em uma mesma

sala alunos dos primeiro, segundo e terceiro semestres do curso, sob a supervisão

de dois professores, em um dia da semana. Três disciplinas eram trabalhadas em

regime de colaboração. Os aspectos positivos salientados pelos pesquisadores

foram a promoção de uma experiência diferenciada em um curso de licenciatura, o

exercício da colaboração entre os licenciandos, a flexibilidade curricular e a

possibilidade de integração entre as disciplinas.

Silva e Sanada (2018, p. 77-90) descrevem no artigo “Procedimentos

metodológicos nas salas de aula do curso de pedagogia: experiências de ensino

híbrido”, usos da modalidade de Ensino Híbrido, Rotação por estações, em um curso

de Pedagogia. Uma das experiências ocorreu com 30 alunos do segundo e terceiro

semestres na disciplina Didática de alfabetização e a outra com 32 alunos do

primeiro semestre na disciplina de Aprendizagem e desenvolvimento humano. Ao

final das aulas no modelo de Rotação por estações, os estudantes participavam de

um grande círculo onde todos participavam, amarrando os conteúdos estudados que

eram anotados no quadro pela professora. Como ponto positivo as pesquisadoras

destacam a possibilidade desses estudantes agregarem esse modelo de ensino às

suas práticas futuras.

Em 2017 Schiehl e Gasparini (2017) publicaram no VI Congresso Brasileiro

de Informática na Educação (CBIE 2017) um mapeamento sistemático da literatura

com o objetivo de identificar os modelos de Ensino Híbrido adotados em instituições

de ensino no Brasil e no Mundo. Após utilizarem mecanismos de buscas

acadêmicas, levantaram 3010 trabalhos dos quais foram selecionados 32 artigos. O

mapeamento foi conduzido no período de outubro/2016 a novembro/2016. Dentre os

principais resultados verificaram que os trabalhos estão relacionados com uma

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instituição universitária, sendo 85% dos estudos se concentram em cursos de

Ensino Superior, 6% em pós-graduações, 6% no ensino médio e somente 3%

efetuados com o ensino fundamental. Desses não foi possível identificar se

ocorreram em escolas públicas ou privadas.

Salientamos novamente a importância de estudos dessa modalidade de

ensino na educação básica, sobretudo na etapa do ensino fundamental e em

especial nas escolas públicas. É fundamental que experiências nessa etapa da

escolaridade sejam realizadas e compartilhadas com os colegas professores.

3.4 Analisando algumas críticas.

A sala de aula invertida é o modelo de Ensino Híbrido que vem recebendo

mais críticas, talvez por ser o mais difundido (VALÉRIO; MOREIRA, 2018).

Uma dessas críticas está relacionada ao fato de não ser uma inovação em

termos pedagógicos, fato que é reconhecido por autores que trabalham com Ensino

Híbrido no Brasil.

Outro aspecto importante é que grande parte das propostas apresentadas não é novidade na educação[...]revisitando teorias pedagógicas, inserindo as tecnologias digitais na construção de um encaminhamento metodológico que tenha como objetivo valorizar a integração do ensino online ao currículo escolar e, ao mesmo tempo, valorizando as relações interpessoais e a construção coletiva do conhecimento, os modelos de ensino híbrido, de certa forma, organizam uma metodologia que engloba diferentes vertentes e que tem como objetivo principal encontrar maneiras de fazer o aluno aprender mais e melhor. (BACICH; TANZI; TREVISANI, 2015. p. 59-60).

E ainda

Certamente, não podemos considerar o ensino híbrido como uma solução para a aprendizagem e para uma utilização eficiente das tecnologias digitais. Não é a única resposta possível para resolver as questões relacionadas à formação de conceitos nem, tampouco, é uma proposta com fim em si mesma. (MARTINS, 2016 p. 182).

Os professores brasileiros são muito ocupados, lecionam em mais de uma

escola, quando não em três ou quatro, fica praticamente impossível debruçar-se

sobre livros de teorias pedagógicas e sistematizarem-nas em metodologias

específicas de ensino. Não haveria problema em professores fazerem esse trabalho

e disponibilizarem para os demais. Assim como Aaron e Sams sistematizaram a

Sala de aula invertida a partir de suas práticas, podemos citar o prof. Marco Antônio

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Moreira com as UEPS8 (Unidades de Ensino Potencialmente Significativas). Oxalá

tivesse uma grande comunidade de prática constituídas por professores trocando

experiências entre si em prol da aprendizagem e da qualidade da nossa educação.

Meirinhos e Osório (2007) comentam que a princípio o envolvimento com novas

metodologias e NTIC pode afastar o professor super ocupado, por conta de seu

receio por mais compromissos, o que acaba por se diluir e no fim, facilita a vida do

professor.

Outra desaprovação que aparece seria a dificuldade de nossos estudantes

adotarem uma postura mais autônoma e autorregulada em relação à sua

aprendizagem, fato que estaria mais ligado ao modelo tradicional transmissivo-

receptivo do que à Sala de aula Invertida. É evidente que nossos alunos levarão um

tempo até passarem da postura passiva de estudantes, para uma mais ativa.

Talvez a condenação mais inquietante seja a de que, o Ensino Híbrido, por

ser uma prática surgida e sistematizada nos Estados Unidos, a colocaria juntamente

com os seus usufruidores, a serviço do neoliberalismo e do capitalismo rentista. De

que por trás dessa prática estariam interesses puramente comerciais. A venda de

softwares e outros produtos tecnológicos educacionais justificaria essa opinião.

Porém os livros didáticos também são produzidos e comercializados por grandes

editoras e redes de papelarias. Hoje temos um grande avanço na mercantilização da

educação, com uma apropriação de institutos e fundações sobre a formação de

professores, edição de livros e composição de propostas curriculares, mas poucos

questionam essa sua presença em todas as escolas brasileiras, das privadas às

públicas.

Nessa perspectiva trazemos as contribuições do pensamento de Lévy (1999;

p. 10).

[...] O fato de que o cinema ou a música também sejam indústrias e parte de um comércio não nos impede de apreciá-los, nem de falar deles em uma perspectiva cultural ou estética. O telefone gerou e continua a gerar verdadeiras fortunas para as companhias de telecomunicação. Isso não altera o fato de que as redes de telefonia permitem uma comunicação planetária e interativa. Ainda que apenas um quarto da humanidade tenha acesso ao telefone, isso não constitui um argumento "contra" ele. Por isso não vejo por que a exploração econômica da Internet ou o fato de que atualmente nem todos têm acesso a ela constituiriam, por si mesmos, uma condenação da cibercultura ou nos impediriam de pensá-la de qualquer forma que não a crítica. É verdade que há cada vez mais serviços pagos. E tudo indica que essa tendência vai continuar e até crescer nos próximos

8 Para um aprofundamento vide o artigo Unidade de Ensino Potencialmente Significativas – UEPS. Disponível em < https://www.if.ufrgs.br/~moreira/UEPSport.pdf>

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anos. Ainda assim, também é preciso notar que os serviços gratuitos proliferam ainda mais rapidamente. Estes serviços gratuitos vêm das universidades, dos órgãos públicos, das associações sem fins lucrativos, dos indivíduos, de grupos de interesse diversos e das próprias empresas. Não há sentido em opor o comércio de um lado e a dinâmica libertária e comunitária que comandou o crescimento da Internet de outro. Os dois são complementares, para desgosto dos maniqueístas. (LÉVY, 1999. p.10)

Como já foi discutido no capítulo 2, não podemos ignorar as mudanças

culturais que passamos impulsionadas e possibilitadas pelas NTIC. Não podemos

mais pensar na prática da medicina sem tecnologia. Qualquer médico hoje se vale

de exames com uso de tecnologia, como a Tomografia ou uma Ressonância

Magnética para ter um diagnóstico mais preciso e rápido, sem falar nas cirurgias

delicadas e minimamente invasivas com o auxílio de robôs. A Indústria 4.0 já se vale

do conceito de Internet of things – IOT (internet das coisas) para agilizar a sua

produção. Os bancos, praticamente todos já contam com diversos serviços

automatizados por aplicativos, evitando filas e tempo perdido de seus clientes. Até

as Igrejas já contam com o uso de tecnologia. Já a escola continua com a mesma

configuração de séculos atrás e o pior de tudo com a mesma prática. Como se ela

fosse a única detentora de todo o conhecimento e responsável somente pela sua

disseminação.

É sabido que muitos professores gravam e disponibilizam suas aulas em

plataformas de vídeo e que muitos estudantes acessam como complemento para as

aulas presenciais ou como reforço quando não compreendem algo transmitido em

sala de aula (SILVA, PEREIRA, ARROIO, 2017).

Uma vez que os estudantes valorizam esses vídeos e fazem uso constante

deles é importante entendermos como essa ferramenta pode contribuir para o

aprendizado.

Diante disso temos que reconhecer de uma vez por todas, que o aluno de

hoje não quer ficar mais, em uma sala, enfileirado, olhando para o quadro e ouvindo

o professor falar em um monólogo horas a fio. Existem outras formas de aprender,

que perpassa pelo uso das novas tecnologias e espaços, assim como novas formas

de ensinar.

[...] É um absurdo educar de costas para o mundo conectado, educar para uma vida bucólica, sustentável e progressista baseada só em tempos e encontros presenciais e atividades analógicas (que são, também, importantes). O mundo é híbrido e ativo, o ensino e a aprendizagem, também, como muitos caminhos e itinerários que precisamos conhecer acompanhar, avaliar e compartilhar de forma aberta, coerente e empreendedora.

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As tecnologias facilitam a aprendizagem colaborativa, entre colegas próximos ou distantes. É cada vez mais importante a comunicação entre pares, entre iguais, dos alunos entre si, trocando informações, participando de atividades em conjunto, resolvendo desafios, realizando projetos, avaliando-se mutuamente. Fora da escola acontecem o mesmo, na comunicação entre grupos, nas redes sociais, que compartilham interesses, vivências, pesquisas, aprendizagens. A educação se horizontaliza e se expressa em múltiplas interações grupais e personalizadas. (Moran, 2018, p. 11).

É importante dar o primeiro passo, já é um bom começo.

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4 A PESQUISA: CONTEXTO E PROCEDIMENTOS.

pesquisa se realizou em uma escola pública estadual paulista, de periferia, no

interior do estado. Inserida em uma área residencial, bastante populosa, com

grande diversidade de comércio e algumas empresas. O bairro conta com água

encanada, rede de esgoto, energia elétrica, telefonia, calçamento, linhas de

transporte coletivo, posto de saúde, escola municipal de Educação Infantil e de

Ensino Fundamental Ciclo I.

A área total da escola é de 8.650,0 m², sendo 2.355,0m² de área construída e

6.295,0m² de área livre. O prédio é de alvenaria, térreo, distribuído em três blocos

térreos, com as seguintes dependências: onze salas de aula; sala multimídia;

diretoria; secretaria; sala de GOE (Gerente de Organização Escolar); sala da

coordenação pedagógica; sala dos professores; sala de internet; sala de leitura;

quadra poliesportiva coberta; bebedouros refrigerados; pátios cobertos; cozinha;

despensa; almoxarifado; sala de arquivo; depósito; sanitários administrativos;

sanitários para alunos e zeladoria.

A sala multimídia é equipada com Datashow e telão e a sala de internet é

equipada com quatro computadores; as salas de aula funcionam como salas-

ambiente com mobiliário adequado e em bom estado de conservação. A instituição

atende estudantes do Ensino Fundamental Ciclo II e Ensino Médio, nos períodos

manhã, tarde e noite. A cultura da escola, no geral, é tradicional. O conteúdo é

fortemente fragmentado entre as disciplinas. As aulas ocorrem em sua maioria nas

salas de aulas, com os estudantes enfileirados. Entre os professores não há espaço

para o planejamento conjunto das atividades.

As atividades foram desenvolvidas com estudantes dos 7ºs e 8º ano.

Inicialmente os estudantes foram informados sobre a pesquisa e levaram para casa

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), aprovado pelo parecer

2.843.906, para assinarem juntamente com os pais. Todos os alunos participam das

aulas no modelo de Ensino Híbrido, mas as atividades, o questionário para avaliação

e anotações são selecionadas entre aqueles que assinaram o TCLE. Ao todo 53

estudantes assinaram a autorização. Em seguida foi feito o planejamento da aula no

modelo de Ensino Híbrido, com a sala de aula invertida ou a rotação por estações.

Para o planejamento utilizou-se um formulário com base em Bacich; Tanzi; Trevisani

A

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(2015). Durante a aplicação da aula com a turma o professor fez observações

buscando analisar os seguintes pontos: a interação entre os alunos, a autonomia na

execução das atividades, a produção individual e coletiva dos estudantes, entre

outros. Após a finalização da aula, os alunos junto com o professor, em uma roda de

conversa fizeram a autoavaliação, levantando os pontos positivos e negativos, entre

outras informações importantes. Para compreender melhor essa percepção por

parte dos alunos e para ilustrar alguns dados ou trazer uma contribuição quantitativa

ao estudo, foi solicitado que os alunos respondessem um questionário do tipo Likert,

adaptado de MARTINS, 2016, contendo 16 afirmações simples, onde os estudantes

classificavam-nas de 1 a 5 de acordo com o seguinte critério: 1 – Discordo

totalmente, 2- Discordo parcialmente, 3- Não concordo nem discordo, 4 – Concordo

parcialmente e 5 – concordo totalmente. O questionário foi respondido na escola

após o trabalho com as aulas nos modelos de Rotação por estações e Sala de aula

invertida.

Também foi solicitado que escolhessem uma palavra que melhor lhes

definisse as metodologias de aula, a fim de construirmos uma nuvem de palavras.

Neste contexto foi necessário adotar uma postura reflexiva, mas não uma

reflexão por si só, sem ação. Para a reflexão foi utilizado o ciclo reflexivo de Smyth

(1989, 1991) que propõem quatro formas de ação:

1. Descrever – O que eu faço? Nesta etapa pode ser utilizado um diário

para descrever os eventos de ensino concreto. Essa descrição não

precisa ser acadêmica, mas em linguagem própria para que haja uma

apropriação pelos professores.

2. Informar – O que isso significa? Nesta etapa é importante recapitular

os princípios pedagógicos do que se faz. O professor reassume assim

sua posição de intelectual de fazer e testar teorias.

3. Confrontar – Como cheguei a ser assim? Aqui se devem sujeitar

essas teorias a uma forma de interrogação e questionamento,

localizando e situando o ensino em um contexto cultural, social e

político mais amplo.

4. Reconstruir – Como eu poderia fazer as coisas de maneira diferente?

Buscam-se alternativas para nossas ações, reconhecendo que as

realidades do ensino não são dados imutáveis.

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O ciclo proposto por Smyth propõe que o professor tome conhecimento de

sua prática, possibilitando transformá-la. É possível que os professores em seus

contextos façam essa reflexão e tomem consciência do que fazem e porque o fazem

e quais as consequências desse fazer (POBLETE, CARNEIRO, MARTINEZ, 2013;

MONTENEGRO, FERNANDEZ, 2015).

Segundo Freire (2018, p. 40) é por meio da reflexão crítica sobre a própria

prática que o professor passa da curiosidade ingênua para a curiosidade

epistemológica. Quer-se melhorar a minha prática é necessário o pensar crítico

sobre essa prática. “Quanto mais me assumo como estou sendo e percebo a ou as

razões de ser de por que estou sendo assim, mais me torno capaz de mudar, de

promover-me”.

Uma mudança que quer extrapolar os limites das realidades, superando-as e

reafirmar a importância da aprendizagem, empoderando o professor com a prática

reflexiva que lhe foi retirada e delegada a terceiros (SMYTH, 1989).

Figura 2: Metodologia da pesquisa esquematizada

Fonte: elaborado pelo autor.

•formulário com base em Bacich; Tanzi; Trevisani (2015).

Planejamento

•Durante o encaminhamento das aulas

Execução/observação•Pontos positivos e

negativos

•Autoavaliação

Autoavaliação/Roda de conversa/Nuvem de

palavras

•Descrever

•Informar

•Confrontar

•Reconstruir

Ciclo Smyth

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47

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.

5.1 – Descrever – o que eu faço?

oram realizadas seis aulas na Metodologia de Ensino Híbrido, sendo duas no

modelo de Rotação por estações e quatro no de Sala de Aula Invertida.

Uma das aulas no modelo de Rotação por estações foi realizada com uma

turma de 8º ano composta por trinta e oito estudantes.

Quadro 1 – Plano de aula de Rotação por estações 8º ano.

Conteúdo Puberdade e adolescência. Mudanças físicas, emocionais e hormonais no amadurecimento sexual de adolescentes.

Objetivos da aula

Os estudantes devem ser capazes de reconhecer as principais mudanças corporais que ocorrem em ambos os sexos da espécie humana durante a puberdade. Coletar dados e organizá-los em tabelas, calcular médias e construir gráficos para análise e comparação. Discutir direitos e deveres dos adolescentes e elaborar um cartaz informativo, reorganizar informações teóricas de forma gráfica e criar um conto.

Recursos Tablet, livro didático, caderno do aluno, folha pautada, folha sulfite, folha de flip

chart, régua, lápis de cor e canetas coloridas.

Estação de trabalho

Atividade

Medindo a Altura

Com o uso de uma trena realizar a medição da altura dos integrantes da estação e preencher as tabelas no caderno do aluno. Fazer um gráfico comparando essas

alturas.

Adolescer Responder as questões de reflexão sobre o que são adolescer p. 74 do caderno do aluno. Numa folha de flip chart produzir um cartaz relacionando de um lado as

necessidades dos adolescentes e do outro lado seus deveres

Mapa Mental Montar o mapa mental com os termos fornecidos pelo professor

Escrevendo um Conto

Escolher no tablet uma das imagens que retrata uma mudança física ou comportamental que ocorre durante a adolescência e escrever um conto onde a

personagem passa por esta mudança.

Avaliação

Participação ativa nas discussões nas estações de trabalho, criatividade na produção do cartaz e do conto.

No início da aula os alunos receberam a comanda das atividades

especificando o conteúdo de cada estação de trabalho. Na estação “Medindo a

altura” os estudantes trabalharam com trena para coleta de dados das alturas dos

integrantes do grupo e com a construção de tabelas, gráficos e cálculos de média. A

estação “Adolescer” exigiu deles a capacidade de discussão, expressão de opinião

F

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além de criatividade na elaboração do cartaz. A estação “Mapa Mental” requereu a

capacidade de síntese deles. As informações devem ser reorganizadas de forma a

explicar como ocorrem as principais alterações físicas no corpo humano, ao longo

das nossas vidas e como elas influenciam o nosso comportamento. E por fim, na

estação “Conto” os alunos trabalharam a capacidade de escolha e a escrita de um

conto, trazendo aqui conteúdos da disciplina de Língua Portuguesa sobre a estrutura

desse gênero literário.

Prosseguimos com a divisão dos grupos que foi feita por afinidades entre os

estudantes. Cada estação de trabalho foi composta por oito ou nove integrantes. Foi

delimitado o tempo de trinta minutos para realizarem as atividades de cada estação,

em seguida os grupos trocaram de estação.

Como espaço para a realização da aula foi utilizado o pátio da escola, por

haver bancadas e livre circulação dos alunos. Todas as estações envolveram

produções coletivas que exigiram um trabalho colaborativo. Quando todos

circularam por todas as estações partimos para a socialização das produções e em

seguida a avaliação da aula, por meio de uma roda de conversa, levantando os

pontos positivos e negativos.

Figura 3 – Atividade estação “medindo a altura”

Fonte: dados da pesquisa.

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Figura 4 Atividade Estação “adolescer”.

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 5 Atividades estação “Mapa Mental”

Fonte: dados da pesquisa

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A outra aula no modelo de Rotação por estações foi realizada com três

turmas de 7º ano composta por trinta e oito estudantes cada uma.

Quadro 2 – Plano de aula de Rotação por estações 7º ano.

Conteúdo Métodos de conservação dos alimentos

Objetivos da aula

Os estudantes devem ser capazes de reconhecer processos de conservação dos alimentos, explicar seu princípio de eficácia na conservação desses alimentos, reorganizar informações de forma gráfica, interpretar textos de gênero “reportagem” e argumentar com relação aos hábitos de consumir alimentos em bares, lanchonetes e cantinas.

Recursos Computadores com acesso à internet, livro didático, caderno do aluno, Folha

de sulfite, régua, lápis de cor, canetas coloridas, cola, tesoura.

Estação de trabalho

Atividade

Pesquisa Escolher um dos métodos de conservação dos alimentos da p. 10 do caderno do aluno e preencher o roteiro de pesquisa da p. 11.

Leitura e análise de texto

Ler o texto e responder as questões de interpretação da p. 14 e 15 do caderno do aluno, interagindo com os colegas.

Mapa Mental Montar o mapa mental sobre métodos de conservação dos alimentos com os

termos fornecidos pelo professor

Produção de texto

argumentativo

Fazer a leitura da reportagem “SP recolhe 600kg de comida estragada por dia” e produzir um texto sobre os cuidados ao se consumir alimentos vendidos nas

ruas.

Avaliação

Participação ativa nas discussões nas estações de trabalho. Pesquisa sobre os métodos de conservação dos alimentos. Mapa mental e o texto argumentativo.

No início da aula os alunos também receberam a comanda das atividades

especificando o conteúdo de cada estação de trabalho. Na estação “Pesquisa” os

alunos, por meio do roteiro, foram levados a explicar o método de conservação de

alimentos escolhido, descrever como ele é feito, inferir o porquê desse método

conservar os alimentos, bem como exemplificar alguns produtos conservados por

este método. Na estação “leitura e análise de texto” os alunos trabalharam a busca

de informações em um texto, assim como foram levados a julgar a escolha de

alguns elementos que estruturam o texto, como o título e as imagens. A estação

“Mapa Mental” requereu a capacidade de síntese. As informações foram

reorganizadas de modo a explicar os princípios que regem a conservação dos

alimentos, como altas ou baixas temperaturas. Para finalizar, na estação “Produção

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de texto argumentativo” foi exigida a compreensão de uma reportagem que serviu de

apoio para a produção de um texto argumentativo sobre os cuidados com as

comidas de rua, bem como a relacionar com o cotidiano deles.

Prosseguimos com a divisão dos grupos que foi feita por afinidades entre os

estudantes. As estações de trabalho foram compostas por oito ou nove integrantes.

Foi delimitado o tempo de trinta minutos para realizarem as atividades de cada

estação, em seguida os grupos trocaram de estação. Neste caso nas estações

“Mapa Mental” e “Produção de texto argumentativo” as produções eram coletivas, as

demais eram individuais embora pudesse haver troca de ideias entre eles. Na

estação “Pesquisa” um grupo de estudantes ficava na sala de informática, uma

dupla de alunos ocupava um computador e realizavam a pesquisa em conjunto. As

demais estações se realizaram no pátio da escola. Assim que todos os grupos

circularam por todas as estações, prosseguimos com a socialização das atividades

em sala de aula, seguindo o mesmo modelo da turma de 8º ano.

Figura 6 Atividades Rotação por estações 7s anos.

Fonte: dados da pesquisa.

Note-se neste caso como as tarefas podem ser adaptadas e

reorganizadas pelo professor a partir de materiais já prontos, como o caderno do

aluno e o livro didático.

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Foram realizadas quatro aulas no modelo de sala de aula invertida, sendo

duas com uma turma de 8º ano e duas com quatro turmas de 7ºs anos.

Quadro 3 – Plano de aula de Sala de aula invertida 8º ano.

Conteúdo Ciclo menstrual

Objetivos da aula Os estudantes devem ser capazes de identificar os principais fenômenos que ocorrem no ciclo menstrual correlacionando-os com os hormônios envolvidos.

Recursos Vídeos sobre o ciclo menstrual, livro didático, caderno do aluno, caderno

comum para anotações, formulários google docs.

Atividades

Em casa

Assistir aos vídeos sobre o ciclo menstrual, disponibilizados no formulário: https://bit. ly/2oSID71. Os alunos que não possuem acesso à internet deverão ler o tema 6 (p. 174) da Unidade 7 do livro didático.

Sala de aula Conferir as anotações dos alunos

Sala de aula Questionário de interpretação p. 78 e 79 do caderno do aluno

Avaliação

Qualidade das anotações no caderno. Participação durante as discussões.

Em aula anterior os alunos recebem orientações para assistirem aos vídeos e

realizarem anotações, além da comanda da atividade com o link para acessarem os

vídeos e indicação dos textos do livro didático. Para a inversão das aulas o

professor/pesquisador optou por utilizar o formulário Google Docs e selecionar

vídeos do Youtube. Para os alunos que não tinha acesso à internet ou que venham

a ter dificuldades de conexão foi indicado a leitura de um capítulo do livro didático.

Em sala de aula iniciou-se a atividade com a verificação das anotações e pontuação

dos estudantes que realizaram a atividade. Esta pontuação serviu de subsídio para a

avaliação processual dos estudantes o que já fazia parte da cultura deles. Nesta

turma 28 estudantes fizeram as anotações.

Em seguida respondemos o questionário do caderno do aluno, de forma

coletiva, em que cada um pôde contribuir com as respostas.

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Quadro 4 – Plano de aula de Sala de aula invertida 8º ano.

Conteúdo Aids e o uso de preservativos – Sexo seguro

Objetivos da aula Os estudantes devem ser capazes de identificar hábitos que aumentam a

vulnerabilidade às DST e/ou Aids, assim como suas medidas de prevenção.

Recursos Vídeos sobre o vírus HIV e a Aids – sintomas, transmissão e tratamento, livro

didático, caderno do aluno, caderno comum para anotações, formulários Forms Microsoft.

Atividades

Em casa

Assistir aos vídeos sobre o vírus HIV, a Aids – sua transmissão, sintomas e tratamento, disponibilizados no formulário: https://bit.ly/2DnGmuX. Os alunos que não possuem acesso à internet deverão ler a p. 173 do livro didático e a p. 83 do caderno do aluno.

Sala de aula Conferir as anotações dos alunos

Sala de aula Atividade Peer instructions

Avaliação

Qualidade das anotações no caderno. Participação durante a atividade de Peer Instruction.

Nesta aula foi utilizado o formulário Forms da Microsoft por apresentar melhor

interface. Como atividade em sala de aula realizamos a Peer Instruction ou instrução

por pares.

Após a conferência das anotações, que foram feitas por todos os alunos, o

professor/pesquisador fez questões de múltipla escolha sobre um determinado

tópico do tema e permitiu que os estudantes votassem na alternativa que julgassem

ser a correta. Se após a primeira votação o índice de acertos fosse entre 30% e 70%

permitiu-se que os alunos discutissem com seus pares para chegarem a um

consenso e aí, nova votação. Se na primeira votação o índice de acertos fosse maior

que 70% o combinado era fazer uma pequena explanação e prosseguir para a

próxima questão. Agora se na primeira votação o índice de acertos fosse inferior a

30% seria necessário que o professor/pesquisador retomasse o conteúdo para toda

a turma, pois a baixa margem de acerto indicaria que a maioria não conseguiu

compreender aquele conceito. A coleta das respostas foi por contagem de alunos

que levantassem as mãos para as alternativas que julgassem corretas e o cálculo

das porcentagens foi feito manualmente. Haveria mais dinamismo se essa atividade

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pudesse ter sido feita por meio de aplicativos como o Plickers, porém não foi

possível.

Figura 7 Exemplos de anotações realizadas pelos estudantes do 8 ano.

Fonte: dados da pesquisa.

Quadro 5 – Plano de aula de Sala de aula invertida 7º ano.

Conteúdo Os microrganismos e a produção de alimentos

Objetivos da aula Identificar a participação de microrganismos na fabricação de determinados

alimentos, elaborar questões e debater com os colegas em sala.

Recursos Vídeo sobre a fabricação de queijo de cabra, caderno para anotações.

Atividades

Em casa Assistir ao vídeo sobre o a fabricação de queijo de cabra, disponibilizado no formulário: https://bit.ly/2Obfqj1. Os alunos que não possuem acesso à internet deverão ler a p. 85 do livro didático.

Sala de aula Socialização das anotações com a estratégia 3, 2, 1.

Avaliação

Participação durante a atividade 3, 2, 1.

Como na turma de 8º ano os alunos recebem as instruções para que

assistissem aos vídeos e fizessem anotações, além da comanda com o link para

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acesso ao vídeo e indicação do texto do livro didático para leitura se porventura não

tivessem acesso à internet. Para a inversão foi utilizado o formulário Forms da

Microsoft. Em sala de aula prosseguimos a socialização da estratégia 3, 2, 19, que

consiste em: ao assistir ao vídeo ou ler o texto o aluno registrou três coisas que

aprendeu, duas perguntas sobre o conteúdo do vídeo ou do texto e uma dúvida

principal. Em aula eles relataram o que aprenderam, interagiram com os demais

colegas sobre as duas perguntas e compartilharam com o professor a dúvida

principal. Nesta aula também foi realizada a pontuação para a avaliação processual.

A média daqueles que fizeram as anotações ficou em torno de 17 estudantes em

cada sala.

Quadro 6 – Plano de aula de Sala de aula invertida 7º ano.

Conteúdo A biodiversidade e a classificação biológica

Objetivos da aula Os estudantes devem ser capazes de reconhecer o papel da classificação

biológica para a organização e compreensão da enorme diversidade de seres vivos

Recursos Vídeo sobre a taxonomia e os cinco reinos, caderno para anotações, fichas

com alternativas A, B, C e D

Atividades

Em casa Assistir aos vídeos sobre Taxonomia e os cinco reinos, disponibilizados no formulário: https://bit.ly/2NNz0Wc. Os alunos que não possuem acesso à internet deverão ler a p. 66 a 70 do livro didático.

Sala de aula Atividade Peer Instruction

Avaliação

Participação durante a atividade de Peer Instruction.

Nesta aula para coleta das respostas dos alunos durante a atividade de Peer

Instruction, optei por utilizar um flashcard com quatro alternativas A, B, C e D. O

aluno deveria segurar a letra correspondente a resposta que julgava correta para

cima. As respostas eram anotadas em uma planilha e o cálculo da porcentagem foi

9 Estratégia indicada por Bergman em: BERGMAN, J. Aprendizagem invertida para resolver o problema do dever de casa. Porto Alegre: Penso, 2018.

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feito manualmente. A média entre aqueles que realizaram as anotações ficou entre

23 estudantes nas turmas A, B e C e 18 alunos na turma D.

Figura 8 – Exemplos de anotações realizadas pelos estudantes do 7 Ano.

Fonte: Dados da pesquisa.

Outra forma de inverter as aulas foi a realização de um roteiro de atividades

conforme plano a seguir. Foi realizado com a turma de 8 ano e os estudantes

tiveram o prazo de 3 semanas para realizarem as tarefas e entregarem um portfólio

com as atividades.

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Quadro 7 – Plano de aula de Sala de aula invertida - Roteiros 8º ano.

O roteiro foi composto por 9 atividades, sendo 3 salas de aula invertida, além

de uma capa para o portfólio. Na primeira atividade foi solicitado que eles

assistissem ao vídeo com explicações sobre os movimentos do planeta Terra, a

incidência de luz solar sobre o planeta e a ocorrência das estações do ano. A

questão que deveriam responder solicitava as explicações científicas da ocorrência

das estações do ano. A segunda atividade trabalhou a habilidade de destacar

informações em um texto, deveriam ler alguns textos sobre o horário de verão e

destacar os argumentos favoráveis e desfavoráveis. Na terceira atividade houve a

indicação para assistir ao vídeo sobre o movimento de translação da Terra ao redor

do Sol e representar esse movimento em forma de esquema.

Na quarta atividade a indicação foi de leitura de textos sobre tipos de

calendários – o Maia, o Chinês e o calendário da Revolução Francesa – e fizeram

resumos que explicassem os princípios dos três calendários.

Com a quinta atividade, os alunos foram levados a trabalhar com tabelas, a

partir de informações sobre as fases da Lua obtidas em um calendário, para que

construíssem uma tabela e respondessem questões do caderno do aluno, onde

Conteúdo Planeta Terra e sua vizinhança cósmica. Regularidade dos movimentos dos astros e sua influência em nossas vidas.

Objetivos da aula

Os estudantes devem ser capazes de reconhecer a relação entre os movimentos dos astros e as estações do ano. Interpretar e analisar textos,

identificar características dos movimentos do planeta Terra, identificar e relacionar os movimentos da Lua e suas fases, compreender como

ocorrem os eclipses, realizar pesquisa e reorganizar informações teóricas em forma de mapa mental

Recursos

Vídeos sobre os movimentos do planeta Terra e a ocorrência dos eclipses, livro didático, caderno do aluno, caderno comum para

anotações, formulários Forms Microsoft, Internet para pesquisa, régua, lápis de cor, calendário, folhas de sulfite, roteiro cedido pelo professor.

Atividades

Neste caso os alunos planejam as atividades e escolhem aquelas que querem realizar em casa ou em sala de aula, com interação dos colegas e ajuda do professor.

Avaliação

Portfólio das atividades.

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foram levados a inferir conceitos relacionados às quatro fases da Lua: minguante,

nova, crescente e cheia.

A sexta tarefa requereu as mesmas habilidades que a quarta atividade, porém

o tema foi o Sol e a Lua em diferentes culturas.

A sétima atividade, também Sala de aula invertida, solicitou que os alunos

trabalhassem com a linguagem gráfica a partir da audiovisual. Após assistirem ao

vídeo deveriam esquematizar os eclipses solar e lunar.

No oitavo exercício, os alunos deveriam realizar uma pesquisa na internet ou

em livros seguindo o roteiro proposto no caderno do aluno. O tema da pesquisa era

a Via-Láctea e as estrelas. Deveriam buscar informações sobre as galáxias e as

estrelas, como distância em relação ao Sol, como cores, temperatura, composição

entre outras.

Na última tarefa deveriam construir um mapa de distâncias de algumas

estrelas conforme instruções no caderno do aluno e após responder algumas

questões. Nesta atividade os estudantes trabalharam com o conceito de Ano-Luz.

Além de trabalharem com o compasso e com medidas em centímetros.

Nesta atividade foi possível ao professor/pesquisador trabalhar a habilidade

de curadoria selecionando os vídeos, reorganizar o material do caderno do aluno e

trabalhar como mediador durante a execução das tarefas. Os estudantes foram

levados a trabalhar também a capacidade de planejamento das tarefas.

Durante as aulas houve interação entre eles, cooperação, como quando um

aluno já havia realizado certa tarefa e ajudava o outro a realizá-la. Em geral as

atividades de leitura e pesquisa foram feitas em casa e as que requeriam a

construção de esquemas foram feitas em sala. Houve criatividade e capricho na

execução dos portfólios. Apenas 3 estudantes não entregaram o Portfólio de

atividades.

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Figura 9 - Exemplo de atividades do Portfólio dos alunos.

Fonte: dados da pesquisa

Figura 10 Exemplo de atividades do Portfólio dos alunos

Fonte: Dados da pesquisa

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Figura 11 Exemplo de atividades do Portfólio dos alunos

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 12 Exemplo de atividades do Portfólio dos alunos

Fonte: Dados da pesquisa

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Figura 13 Exemplo de comanda para atividade Rotação por estações.

Fonte: Dados da pesquisa

Figura 14 Exemplo de tela do celular vista pelo aluno, em uma das atividades

de Sala de aula invertida.

Fonte: Dados da pesquisa

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5.2 – Informar – o que isso significa?

Dentre as modalidades de aulas, os alunos preferiram a Rotação por

Estações, conforme se evidencia no gráfico abaixo:

Gráfico 1 – Resultado comparativo entre as modalidades de aula: Tradicional,

Rotação por estações e Sala de aula invertida.

Fonte: dados da pesquisa.

A sala de aula invertida ainda mantém muitos elementos da aula tradicional. É

uma aula expositiva e o aluno deve prestar atenção e fazer anotações, o único

diferencial é que o estudante possui certo controle sobre o tempo e o local de

estudo, podendo rever o vídeo quantas vezes for necessária para o entendimento.

Além de alguns vídeos acrescentarem à fala do professor, elementos audiovisuais,

que podem facilitar ainda mais a compreensão por parte do estudante.

Analisando as nuvens de palavras geradas pelos alunos fica possível

inferirmos o porquê da escolha feita por eles.

Para a aula expositiva (fig. 15) aparecem muitos termos negativos, sendo o

principal: entediante, bem como, desinteressante, cansativa, chata, ruim. As

05

10152025303540

Discordo totalmente.

Discordo parcialmente.

Não discordo nem concordo.Concordo parcialmente.

Concordo totalmente.

Comparação entre as modalidades de aula.

Aprendo melhor com a sala enfileirada e o professor explicando a matéria.

Aprendo melhor trabalhando em grupo, podendo haver uso de tecnologia. O professor passa pelosgrupos tirando dúvidas e conduzindo as atividades. Aprendo melhor estudando o conteúdo em casa, por meio de vídeos e ou textos e realizandoatividades em sala de aula.

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63

palavras positivas são: bom e interessante. Chama-me a atenção um grupo de

termos que estão relacionados com a aula tradicional e que aparecem na descrição

dos estudantes: Professor, uma vez que o centro desta aula é o professor com a

exposição do conteúdo, o que nos remete aos termos: teórica e demonstração. Os

alunos devem ouvir em silêncio as explicações do professor. Outros dois vocábulos

são: normal e rotineiro, o que nos leva a entender que para muitos dos nossos

alunos é assim que deve ser uma aula e tudo o que foge desse padrão não seria

uma autêntica aula.

Figura 15- Nuvem de palavras correspondente ao modelo de aula tradicional.

Fonte: dados da pesquisa

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64

Para a aula no modelo de Sala de Aula Invertida temos a seguinte nuvem de

palavras.

Figura 16 – Nuvem de palavras corresponde ao modelo de Sala de aula

invertida.

Fonte: dados da pesquisa.

A análise dos termos nos leva a evidenciar a presença de palavras positivas,

sendo a que mais aparece; Interessante. Também é significativa a presença dos

termos: diferenciada, inovador e diferente (aqui assumimos diferente como uma

resposta em oposição ao comum, normal ou rotineiro e entendemos como positivo).

Alguns vocábulos negativos também apareceram, mas em quantidade mínima, são

eles: horrível, chata e complicado. Neste caso também temos a presença de

palavras que denotam a dinâmica desta metodologia de aula. Ocorre uma troca na

sequência da aula, a exposição do conteúdo ocorre em casa e não mais na sala de

aula, o que se relacionamos à palavra conforto.

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Já com relação ao modelo de Rotação por Estações, vemos mais a presença de

palavras positivas.

Figura 17 – Nuvem de palavras referente ao modelo de Rotação por estações.

Fonte: Dados da pesquisa.

A principal seria dinâmica, ou seja, algo com movimento e atividade. Neste

modelo de aula ocorrem mudanças de estações e de atividades, podendo ocorrer

alterações na composição dos grupos também. As atividades exigem um papel ativo

do estudante, além de criatividade, capacidade de gerenciar o seu aprendizado e

colaboração entre os pares. Dentre os termos negativos observamos: bagunça.

Interpretamos a presença deste vocábulo de duas formas: i. Bagunça no sentido da

percepção do estudante que está acostumado com uma aula linear, com uma única

atividade a ser realizada, individualmente durante as aulas, sentado e de preferência

sem conversar; ii. Bagunça, no sentido de não haver o mesmo empenho dos

colegas nos grupos, ou seja, sem controle cada uma faz o que quer, pois durante a

roda de conversa, alguns alunos relataram haver colegas que não realizavam as

atividades e mantinham conversas paralelas. Um fato que associamos ainda a falta

de maturidade, são muito jovens e estão aprendendo a ser autônomos. Com o

tempo e a prática acreditamos que irão perceber a necessidade de envolvimento.

Os gráficos 2, 3 e 4, a seguir, validam a reflexão do parágrafo anterior. Os

estudantes preferem utilizar outros espaços da escola e não somente a sala de aula,

ainda mais na configuração de carteiras enfileiradas. Além do trabalho em grupo e

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colaborativo, autonomia cognitiva e a importância que se dá aos conhecimentos

prévios deles.

Gráfico 2 – Resultado comparativo das atividades desenvolvidas fora da sala

de aula convencional e com uma dinâmica de aula diferenciada.

Fonte: dados da pesquisa.

0

10

20

30

40

50

60Discordo totalmente.

Discordo parcialmente.

Não discordo nem concordo.Concordo parcialmente.

Concordo totalmente.

Dinâmica das atividades na escola

Gosto quando o professor muda as estratégias das aulas.

Gosto quando o professor utiliza outros espaços da escola e não somente a sala de aula.

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67

Gráfico 3 – Resultado comparativo entre o trabalho em grupo ou individual.

Fonte: dados da pesquisa

Gráfico 4 – Resultado da opinião dos estudantes com relação à participação

ativa durante as aulas.

Fonte: dados da pesquisa

0

5

10

15

20

25

30

35Discordo totalmente.

Discordo parcialmente.

Não discordo nem concordo.Concordo parcialmente.

Concordo totalmente.

Trabalho em grupo e colaborativo

O trabalho em grupo colabora com meu aprendizado.

O trabalho em grupo prejudica meu aprendizado.

0

5

10

15

20

25Discordo totalmente.

Discordo parcialmente.

Não discordo nemconcordo.

Concordo parcialmente.

Concordo totalmente.

Durante as aulas gosto de contribuir com comentários, minha opinião e conhecimentos

prévios.

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Já com relação ao uso da tecnologia na escola é evidente que os estudantes

reconhecem que ela pode potencializar o seu aprendizado, mesmo reconhecendo

parcialmente que utilizam mais como entretenimento do que para estudos, talvez até

mesmo por falta de incentivos.

Gráfico 5 – Resultado quando questionados se a tecnologia pode ajudar ou

prejudicar o aprendizado.

Fonte: dados da pesquisa

0

10

20

30

40Discordo totalmente.

Discordo parcialmente.

Não discordo nem concordo.Concordo parcialmente.

Concordo totalmente.

Uso da Tecnologia na Escola

O uso da tecnologia na escola pode prejudicar meu aprendizado.

O uso de tecnologia na escola pode me distrair e desviar dos estudos.

O uso da tecnologia na escola pode ajudar meu aprendizado.

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Gráfico 6 – Uso da tecnologia feito pelos estudantes.

Fonte: dados da pesquisa.

Gráfico 7 – Resultado da percepção dos estudante sobre o trabalho em grupo

mediado ou não pela tecnologia.

Fonte: dados da pesquisa.

0

2

4

6

8

10

12

14

16Discordo totalmente.

Discordo parcialmente.

Não discordo nemconcordo.

Concordo parcialmente.

Concordo totalmente.

Uso a tecnologia mais como diversão e conversar com os amigos do que para aprendizagem.

0

10

20

30

40

50Discordo totalmente.

Discordo parcialmente.

Não discordo nemconcordo.

Concordo parcialmente.

Concordo totalmente.

O trabalho em grupo com ou sem tecnologias digitais

O trabalho em grupo, mediado por tecnologia digital, é melhor que o trabalho em grupo semtecnologias digitais.

O trabalho em grupo, mediado por tecnologia digital, é tão legal quanto o trabalho em gruposem tecnologias digitais.

O trabalho em grupo, mediado por tecnologia digital, é pior que o trabalho em grupo semtecnologias digitais.

Não gosto de trabalho em grupo, seja ele mediado por tecnologia digital ou não.

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A motivação dos estudantes, durante as aulas organizadas no modelo de

ensino híbrido, pode ser interpretada a partir da Teoria da Autodeterminação, que

concebe o envolvimento dos alunos nas atividades como interesse em satisfazer

três necessidades psicológicas básicas: competência, autonomia e vínculo. Os

estudantes persistem nas tarefas se estas possibilitarem o desenvolvimento de

habilidades, desenvolverem suas capacidades e estabelecerem vínculos sociais

(BZUNECK; GUIMARÃES, 2010).

A Teoria da Autodeterminação distingue tipos diversos de regulação do

comportamento que varia conforme o nível de autonomia e autodeterminação. O

estudante sai de uma condição de total desmotivação, passa por uma sucessão de

motivações extrínsecas (o motivo é externo), até chegar à motivação intrínseca

(motivo é interno), autodeterminado e autônomo - (BZUNECK; GUIMARÃES, 2010).

Segundo os mesmos autores, a regulação extrínseca passa por níveis de

regulação a saber:

- Regulação externa: o aluno responde a controladores externos, como pressão,

obediência, para ter recompensas ou evitar punições;

- Regulação introjetada: os controladores agora são internos, como sentimento de

culpa ou ansiedade.

- Regulação identificada: aqui já pode haver certo grau de autonomia e

autodeterminação, pois o aluno assume o comportamento de estudar como de

importância pessoal, por exemplo, ter o hábito da leitura para se tornar escritor.

- Regulação integrada: o mais autônomo nível de regulação extrínseca, pois o aluno

assume um comportamento por escolha pessoal, sem coação, como algo

pessoalmente importante.

Bzuneck e Guimarães (2010) também dizem que o comportamento de

dedicação do professor na preparação das aulas, na pontualidade, o entusiasmo e a

vitalidade com que trata sua disciplina causaria um contágio afetivo nos estudantes

e facilitaria a motivação intrínseca, ou seja, aquela que vem de dentro. Ainda de

acordo com este autor, outros elementos motivadores estariam ligados à tarefa, com

grau intermediário de dificuldade, bem especificada, definida em detalhes e de

conclusão breve: respeitar o ritmo dos estudantes, trabalhos em grupo que permitam

o diálogo, negociação e trocas de experiências. Neste ponto é importante diferenciar

a atividade cooperativa da colaborativa.

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A aprendizagem cooperativa é essencialmente um processo de divisão do trabalho: os participantes concordam em ajudar uns aos outros em atividades dirigidas a atingir metas individuais de cada pessoa. Por sua vez, na colaboração, cada membro do grupo contribui para resolver conjuntamente o problema; a colaboração depende, por isso, do estabelecimento de uma linguagem e de significados comuns no que diz respeito à tarefa, além de uma meta comum para o conjunto dos participantes. (COLL, C.; MONEREO, C, 2010)

A cooperação entre os indivíduos é o mais alto patamar de socialização. Entre

os estudantes não há hierarquias e no debate um concebe o outro como igual

podendo refutar ou não as ideias do colega. Ao expor certo conteúdo o professor

pode ser coercitivo verbalizando sua posição de autoridade no tema ou

indiretamente, pois os alunos (em gral) têm na figura do professor, uma autoridade,

de modo que dificilmente iriam contrariá-lo. Por isso a importância das atividades

grupais e colaborativas, ainda mais na etapa da escolaridade que estamos

pesquisando (LA TAILLE, 2016).

Também nos apoiamos em Guimarães (2001) para essa discussão e

afirmações, pois eles nos dizem que a mudança de estratégias pedagógicas, de

materiais, de textos, assim como da disposição física da sala e o uso de

audiovisuais, também parecem ser fatores motivadores.

A avaliação continuada, ao longo das aulas, também é um fator que agrega

motivação. Os estudantes são avaliados pelos seus esforços e evolução e não

apenas em um único dia ao longo do bimestre letivo e muito menos com um único

recurso, a famigerada prova como única e determinante para quantificar

aprendizagem, que pode ser insuficiente para avaliar integralmente o aluno, pois

muitas vezes é utilizada para aferir ou verificar o conteúdo memorizado.

O modelo de ensino híbrido propõe que esse processo de reajuste da avaliação passe por uma mudança de foco: o aluno deve se tornar o ponto central da educação e, consequentemente, da avaliação. Isso permite uma mudança de abordagem do processo avaliativo que, em última instância, possibilitará uma personalização do ensino (BACICH, L; TANZI NETO, A; TREVISANI, F. M, 2015).

Aqui cabe fazer uma observação, é necessário superar as práticas avaliativas

que mensurem o aprendizado dos estudantes, sejam pelo uso da média simples ou

da ponderada, que foi utilizada neste trabalho, tanto por não refletirem o real

aprendizado dos estudantes quanto por promover uma motivação do tipo meta

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desempenho (aquela em que o estudante se preocupa mais com as notas do que

com o aprendizado) (BZUNECK; GUIMARÃES, 2010).

Embora neste trabalho não tenha sido feito nenhuma mensuração do

aprendizado dos estudantes, há diversas pesquisas que sustentam que quando bem

implementadas, as metodologias ativas melhoram a aprendizagem e há redução nas

taxas de reprovação. (FREEMAN et al., 2014; MICHAEL, 2006)

Verificamos que o Ensino Híbrido, como descrito na literatura, é uma

metodologia que pode ser eficaz na promoção da autorregulação da aprendizagem

por parte dos estudantes. Estamos entendendo como alunos autorregulados aqueles

com capacidade de escolha, com bom processamento da informação, e que sabem

e querem tomar decisões, planejam e são responsáveis pelas próprias ações,

estabelecem metas para aprender, fazem autoavaliação, utilizam estratégias de

estudo eficazes, se sentem capazes em relação ao querer e poder aprender. A

motivação intrínseca é um fator vital no desenvolvimento da autorregulação da

aprendizagem. Como também previsto na literatura, concordamos que níveis baixos

de motivação, associado ao nível fatigante das tarefas, pode levar a cansaço,

desinteresse e desengajamento. (BORUCHOVITCH; ALMEIDA; MIRANDA, 2017;

BORUCHOVITCH, 2014).

Temos que ter cuidado e paciência, pois a autorregulação não se desenvolve

espontaneamente, porém ela pode e deve ser fomentada no ambiente escolar. O

modelo de Barry Zimmerman propõe um processo de desenvolvimento da

autorregulação em quatro níveis, sendo os dois primeiros, predominantemente

sociais, ou seja, dependem da observação e estimulação externas, já os dois últimos

passariam pela autodireção e autocontrole, chegando à autorregulação. À medida

que o aluno percorre esses níveis, no início, ele precisa de mais apoio e orientação

social (professor) e essa necessidade vai diminuindo conforme atinge o nível da

autorregulação. (BORUCHOVITSCH, ALMEIDA, MIRANDA, 2017;

BORUCHOVITSCH, 2014).

As aulas no modelo de Ensino Híbrido também provaram ser um momento

propício para o trabalho com estratégias de aprendizagem. Estratégias que, de

acordo com Weinstein, Acee e Jung (2011), podem ser categorizadas em três tipos:

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1- Estratégias de ensaio: treino ou exposição repetitiva para aquilo que o aluno

está tentando aprender. São exemplos dessas estratégias, a repetição de uma

definição, o uso de flash cards, ouvir podcasts, grifar informações em um texto etc.

2- Estratégias de elaboração: podem ser mais simples como criar e responder

questões, explicar o conteúdo para alguém, resumir, parafrasear, fazer analogias e

comparações, reescrever um texto com suas próprias palavras; ou mais complexas

como a resolução de problemas, aplicação de conceitos, comparação de materiais,

discussão em pares ou em grupos.

3- Estratégias de organização: requer processos cognitivos complexos como a

reorganização ou elaboração de um novo material de forma gráfica, como um mapa

mental.

Como é importante que o estudante tenha um repertório de estratégias de

aprendizagem e saiba usá-las de acordo com a necessidade, o que também só é

possível com o desenvolvimento de estudantes autônomos e autorregulados, o

desenvolvimento é gradativo.

5.3 - Confrontar – como cheguei a ser assim? O professor/pesquisador.

Minha motivação em testar, implantar e trabalhar com o modelo de Ensino

Híbrido está em romper com o modelo fabril ou bancário de educação. Alguns

questionamentos me inquietavam e incomodavam: como pode o aluno não gostar e

se angustiar de estar em um lugar onde passa boa parte da sua vida? Que tipo de

professor eu sou? Um aplicador de apostilas apenas. Que escola temos e que

escola queremos ser?

Desejo e busco trabalhar para que a escola retome seu papel de construtora

e disseminadora de conhecimentos, ela deve ser um lugar que faça sentido para

professores e alunos. É uma etapa longa da vida deles e o nosso local de trabalho!

Mudanças são necessárias. O Ensino Híbrido tem me mostrado que permite

conservar o que tem dado certo e inovar em pontos que são necessários. Pode-se

começar recolocando o aluno no centro do processo ensino-aprendizagem,

valorizando seus conhecimentos prévios, os seus esforços, sua cultura, ritmos e

individualidades. O professor pode assumir o papel de mediador desse processo,

papel que valoriza muito mais o trabalho docente do que simplesmente repetir

conteúdos de livros didáticos ou aplicar passivamente a sequência didática de uma

apostila.

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5.4 - Reconstruir – Como poderíamos fazer as coisas de maneira diferente?

Durante a observação das aulas, alguns alunos perdiam tempo com

conversas paralelas em vez de se dedicarem as atividades, o que poderia ser

corrigido dividindo a turma em grupos menores. Neste caso teríamos dois grupos

para cada estação de trabalho ou duas estações de cada tipo, ou até poderia

aumentar o número de estações.

Nas atividades de sala de aula invertida, alguns alunos tiveram dificuldade em

acessar o link, o que poderia ser corrigido colocando os links em uma planilha que

fosse compartilhada virtualmente com a sala ou então a criação de um grupo da

turma em aplicativos de mensagens.

Ainda há dois limitadores que quero evidenciar: i. A limitação dos

equipamentos tecnológicos de que a escola dispõe – somente 4 computadores e 1

tablet – de modo que o uso de tecnologia não teve um caráter inovador de

apropriação de linguagens, mas sim o trabalho quase isolado do

professor/pesquisador. ii. Algumas atividades poderiam ter sido planejadas de forma

interdisciplinar ou até mesmo transdisciplinar, rompendo com a visão fragmentada

do currículo e trazendo uma experiência de aprendizagem mais rica para os

estudantes, porém isso requer um tempo maior do que o possível para essa

pesquisa, como também envolve uma mudança na cultura escolar, faz parte de um

processo e não de uma simples tomada de decisão de um professor isolado.

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6 considerações Finais.

as considerações finais pretendo apresentar as reflexões provocadas por esta

pesquisa. A partir da análise do relato dos estudantes, em relação aos

modelos de Ensino Híbrido desenvolvidos, pude perceber uma predileção pelo

modelo de Rotação por estações em relação à Sala de aula invertida. Este modelo

apresenta mais elementos motivadores de acordo com a Teoria motivacional da

autodeterminação. A sala de aula invertida sustenta alguns elementos semelhantes

ao modelo tradicional de aula, porém é mais aceita em relação a esta,

principalmente se na etapa presencial forem trabalhadas atividades significativas

que justifiquem a inversão da aula. Em um ambiente que adota o modelo tradicional

de ensino, mesmo atividades simples, já houve capacidade para motivar os

estudantes.

É importante sublinhar que alguns alunos optaram pelo modelo de aula

tradicional, o que reforça a defesa dos modelos híbridos de ensino, pois nestes não

há a exclusão total de momentos de exposição do conteúdo por parte do professor,

mas recomenda-se um equilíbrio entre as modalidades, visando a contemplar os

diferentes modos de aprender que possam estar presentes num grupo de alunos.

Uma vez que este trabalho utilizou o auto relato dos estudantes, sugerimos

estudos futuros de correlação entre a melhora na aprendizagem e motivação dos

estudantes e às tarefas organizadas no modelo de Ensino Híbrido. Um estudo

longitudinal poderia avaliar inclusive se o modelo de Ensino Híbrido pode sustentar

esta motivação.

Outro ponto a se pensar na continuação desse trabalho seria desenvolver a

habilidade de curadoria nos próprios estudantes, solicitando que eles selecionassem

os vídeos ou materiais de estudo. Momento propício para desenvolver nos

estudantes estratégias de seleção de materiais confiáveis para estudo com toda

essa facilidade de acesso à informação, paralela à desconfiança crescente na

ciência. Fato que não pode ser visto superficialmente, mas sim encarado de forma

séria, visando a evitar consequências graves, inimagináveis e talvez irreversíveis

como nos aponta Andrade (2019). Porém, a falta de conhecimentos científicos

básicos nos parece parte da resposta ao fenômeno da crise de confiança na ciência.

Com isso, o letramento digital torna-se imprescindível para que os estudantes

saibam escolher suas fontes de pesquisa. Ainda temos a certeza de que antes das

N

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fontes, precisamos encontrar formas de chamar a atenções desses estudantes para

o estudo de Ciências, o que sempre justificará nossos esforços nesse sentido.

Com relação ao uso de tecnologia durante as aulas, é consenso entre os

alunos que seu emprego em sala de aula pode ser de grande valia para o

aprendizado, uma vez que já faz parte do seu cotidiano. Os estudantes estão

habituados a realizar diversas tarefas com o uso de tecnologia, principalmente e

quase que exclusivamente o celular. Desta forma demonstra-se que a proibição de

seu uso em sala de aula já não tem mais sentido. Por outro lado, devem-se fomentar

políticas públicas que equipem as escolas com tecnologia, principalmente aquelas

que conectam os estudantes e os espaços físicos de aprendizagem ao ciberespaço,

bem como a formação de professores para um uso inovador dessas tecnologias,

para que possamos de fato transformar a educação, trabalhando-se o uso das

ferramentas de comunicação e informação, o consumo consciente e ético de

informações produzidas e veiculadas nos espaços virtuais e o impacto dessas

tecnologias em nossas vidas, no meio ambiente e em nossas relações (BNCC,

2019).

Devemos ter consciência de que o Ensino Híbrido não é uma panaceia para a

educação, mas também não podemos romantizar sua adoção como se

estivéssemos revolucionando as instituições educacionais, prática adotada

principalmente por instituições privadas de ensino superior e normalmente como

puro marketing; muito menos devemos demonizá-lo como se fosse unicamente fruto

do mercantilismo na educação, que estaria apenas interessado em vender produtos

tecnológicos, desencorajando sua adoção e por não apresentar uma contrapartida,

acabaria colaborando com o marasmo pedagógico, abrindo espaço até mesmo para

um retorno de práticas autoritárias em sala de aula. Estas visões não têm apreço

pelo potencial psicopedagógico do Ensino Híbrido, por isso é importante o processo

reflexivo por parte daquele que trabalha no chão da escola, na sala de aula – o

professor.

O ciclo reflexivo adotado neste trabalho contribui para um retorno dessa

atribuição para o professor. É possível que este profissional olhe para a sua prática,

confronte-a com o referencial teórico que está a sua disposição e assim identifique o

que funciona e o que não funciona, o que é possível e o que não é, e assim trilhe

novas rotas, sempre buscando a eficiência do aprendizado por parte de seus alunos.

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Não iremos progredir para uma educação que preze pela autonomia do

estudante se não tivermos um professor também autônomo e respeitado em sua

liberdade de cátedra, que também ensine e aprenda entre seus pares, que produza

conhecimento em sua área, enfim, que tenha liberdade para falar e que seja ouvido.

O trabalho com o Ensino Híbrido, quando desenvolvido em um contexto que

faça parte do Projeto Político Pedagógico da escola, pode ir muito além do que

mudar o formato ou a sequência das aulas. Ele envolve o trabalho ativo tanto dos

alunos quanto do professor, aproveitará todos os espaços da escola, poderá fazer

uso crítico e inovador da tecnologia, desenvolverá o trabalho em equipe de todos os

atores da instituição escolar e o uso da avaliação como instrumento diagnóstico em

vez de aferição de conteúdos. Mudanças que ocorrem aos poucos e levam tempo.

Por isso a troca de experiências, principalmente no ensino fundamental, é

importante.

Espero que este trabalho venha contribuir para que outros professores

repensem a sua prática e também planejem ações que envolvam as modalidades de

Ensino Híbrido. Para auxiliar na tarefa de motivar os professores foi produzido um e-

book com algumas “Dicas Práticas”, que pode ser utilizado em reuniões e

planejamentos pedagógicos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APENDICES

Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Práticas de ensino híbrido na disciplina de Ciências no Ensino Fundamental

Ciclo II

Carlos Eduardo Jiupato Número do CAAE:

Você está sendo convidado a participar como voluntário de uma pesquisa. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar este Termo para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo se você não aceitar participar ou retirar sua autorização em qualquer momento. Justificativa e objetivos:

O presente trabalho visa colaborar com o desenvolvimento da pesquisa educacional ao descrever essa experiência e refletir sobre as metodologias, os desafios e os benefícios alcançados buscando também contribuir com a formação continuada dos colegas de profissão. E tem como objetivos:

• Descrever uma experiência de uso da abordagem do Ensino Híbrido na disciplina de Ciências no Ensino Fundamental Ciclo II

• Analisar os desafios e contribuições relacionados à escolha de tal metodologia de ensino no contexto de uma escola pública.

• Promover uma reflexão sobre a prática e o papel do professor ao se trabalhar com experiências educativas significativas e como os saberes docentes são apropriados, modificados e mobilizados na prática pedagógica.

• Realizar uma análise de prática por meio do ciclo reflexivo de Smyth.

Procedimentos: Sua participação envolve a coleta dos seus resultados avaliativos e atividades

produzidas, bem como seu relato para tentar compreender a sua percepção sobre a

prática utilizada nas aulas, os desafios e benefícios alcançados, se assim você

permitir.

Desconfortos e riscos: A pesquisa não apresenta riscos previsíveis.

Benefícios:

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Como benefício você terá um melhor desenvolvimento da autonomia e melhora na motivação e qualidade da aprendizagem e indiretamente você estará contribuindo para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento científico.

Sigilo e privacidade: Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado. Contato:

Em caso de dúvidas sobre a pesquisa, você poderá entrar em contato com o

pesquisador Carlos Eduardo Jiupato, 1195628-7250, [email protected].

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você poderá entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP das 08:30hs às 11:30hs e das 13:00hs as 17:00hs na Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936 ou (19) 3521-7187; e-mail: [email protected]. O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP).

O papel do CEP é avaliar e acompanhar os aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), tem por objetivo desenvolver a regulamentação sobre proteção dos seres humanos envolvidos nas pesquisas. Desempenha um papel coordenador da rede de Comitês de Ética em Pesquisa (CEPs) das instituições, além de assumir a função de órgão consultor na área de ética em pesquisas

Consentimento livre e esclarecido:

Após ter recebido esclarecimentos sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos,

métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa

acarretar, aceito participar e declaro estar recebendo uma via original deste

documento assinada pelo pesquisador e por mim, tendo todas as folhas por nós

rubricadas:

Nome do (a) participante:

________________________________________________________

Contato telefônico:

_____________________________________________________________

e-mail (opcional):

______________________________________________________________

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___________________________________________________________________________

_

(Assinatura do participante)

_______________________________________________________ Data:

____/_____/______.

(Assinatura do seu RESPONSÁVEL LEGAL)

Responsabilidade do Pesquisador:

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e

complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido

uma via deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo

CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e

os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste

documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

______________________________________________________ Data: ____/_____/______

(Ass)

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Apêndice 2 – e-book produzido a partir da pesquisa.

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Apêndice 3 – Exemplos ampliados das atividades dos alunos para melhor

visualização.

Atividade Estação “Medindo a altura” 8 ano. Esta atividade consta na Situação de

aprendizagem 9 do Caderno do Aluno, 8 ano Volume 1, material da Rede Estadual

da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Aparece como figura 3 na

página 48.

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Atividade Estação “Adolescer” 8 ano. Esta atividade consta na Situação de

aprendizagem 9 do Caderno do Aluno, 8 ano Volume 1, material da Rede Estadual

da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Aparece como figura 4 na

página 49.

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Atividade Estação “Mapa Mental” 8 ano. Aparece como figura 5 na página 49.

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Atividade Estação “Pesquisa” 7s anos. Esta atividade consta na Situação de

aprendizagem 2 do Caderno do Aluno 7 ano Volume 2, material da Rede Estadual

da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Aparece como figura 6 na

página 51.

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Atividade Estação “Leitura e análise de texto” 7s anos. Esta atividade consta na

Situação de aprendizagem 2 do Caderno do Aluno 7 ano, Volume 2, material da

Rede Estadual da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Aparece como

figura 6 na página 51.

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Atividades Estações “Mapa Mental” e “Produção de Texto Argumentativo” 7s anos.

Aparece como figura 6 na página 51.

O texto foi selecionado do livro didático Ciências Naturais Aprendendo com o

cotidiano 6º ano, de Eduardo leite do Canto. 4ed. São Paulo: Moderna, 2012.

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Exemplos de anotações realizadas pelos alunos durante as aulas no modelo de Sala

de aula invertida 8 ano. Aparece como figura 7 na página 54.

As regras para assistir aos vídeos são indicadas por Bergman em: BERGMAN, J.

Aprendizagem invertida para resolver o problema do dever de casa. Porto Alegre:

Penso, 2018.

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Exemplos de anotações realizadas pelos alunos durante as aulas no modelo de Sala

de aula invertida 8 ano. Aparece como figura 7 na página 54.

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Exemplos de anotações realizadas pelos alunos durante as aulas no modelo de Sala

de aula invertida 7s anos. Aparece como figura 8 na página 56.

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Exemplos de comandas recebidas pelos alunos durante as atividades de Rotação

por estações. Aparece como figura 13 na página 61.

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Exemplos de portfólios desenvolvidos por dois estudantes após a realização do

Roteiro.

Aparece como figura 9 na página 59.

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Esta atividade foi adaptada da Situação de aprendizagem 1 do Caderno do Aluno 8

ano, Volume 2, material da Rede Estadual da Secretaria de Educação do Estado de

São Paulo. Aparece como figura 9 na página 59.

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119

Esta atividade consta na Situação de Aprendizagem 2, do Caderno do Aluno 8 ano,

Volume 2, material da Rede Estadual da Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo. Aparece como figura 10 na página 59.

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120

Esta atividade consta na Situação de Aprendizagem 2, do Caderno do Aluno 8 ano,

Volume 2, material da Rede Estadual da Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo. Aparece como figura 10 na página 59.

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Aparece na página 60 como figura 11

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Esta atividade consta na Situação de Aprendizagem 2, do Caderno do Aluno 8 ano,

Volume 2, material da Rede Estadual da Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo. Aparece como figura 11 na página 60.

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Estas atividades constam na Situação de Aprendizagem 4, do Caderno do Aluno 8

ano, Volume 2, material da Rede Estadual da Secretaria de Educação do Estado de

São Paulo. Aparece como figura 12 na página 60.

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