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Agrupamento de Escolas da Azambuja Psicologia – Cursos Profissionais 10º Ano

Módulo 1 – Descobrindo a Psicologia

Documento 1

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1.1.1. Definição e objeto de estudo

O termo psicologia origina-se de duas palavras gregas: psique, que significa a alma, o espírito ou a mente, e logos, que se refere ao estudo de um assunto. Estas duas raízes gregas foram inicialmente colocadas lado a lado para definir um tópico de estudo no século XVI, quando psique era usada para se referir à alma, espírito ou mente em contraposição ao corpo (Boring, 1966). Mas foi somente no início do século XVIII que o termo psicologia se tornou mais comum entre os estudiosos. Foi quando começou a significar “o estudo da mente”

Wayne Weiten, Introdução à Psicologia

A Psicologia é uma ciência com um campo próprio de estudo, o seu objeto, e meios de investigação, o seu método

Qual é o objeto da Psicologia? Dos seguintes exemplos, quais fazem parte do objeto de Psicologia?

• A forma como as pessoas se comportam ao longo de diferentes épocas. • O desenvolvimento dos organismos vivos. • A forma como reagimos perante uma grande desilusão amorosa. • Os fatores que interferem na nossa inteligência

Senso Comum: É pouco elaborado, inexato e muitas vezes errado

Ciência: Conjunto de conhecimentos consideradosprecisos, rigorosos, objetivos eque podem ser expressos em leis universais

Objeto: O objeto de estudo de uma ciência corresponde à parte da realidade estudada por essa ciência e apenas por essa ciência.

Método: Consiste no conjunto de procedimentos e etapas que possibilitam o conhecimento rigoroso e preciso de um objeto de estudo.

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Objeto da Psicologia:

Finalidades: • Descrever comportamentos e processos mentais • Explicar comportamentos e processos mentais • Controlar as circunstâncias em que ocorrem os comportamentos • Prever comportamentos

1.1.2. A especificidade da Psicologia enquanto ciência

Normalmente, as ciências são classificadas em ciências naturais ou da natureza e ciências sociais ou sociais e humanas. A questão que se coloca aqui é a da integração da Psicologia num desses grupos. Essa não é uma tarefa fácil. Porquê? Porque a Psicologia abarca áreas de estudo próximas dos dois tipos de ciências, embora seja muitas vezes integrada nas ciências sociais e humanas. Os psicólogos estudam, no comportamento humano, aspetos biológicos e aspetos sociais. Os psicólogos, nomeadamente os psicofisiologistas ou psicobiólogos, estudam sobretudo as relações entre a Biologia e o comportamento e os seus processos mentais. Aos sociólogos interessam sobretudo os grupos sociais, enquanto a Psicologia se interessa principalmente pela influência do meio social no comportamento do indivíduo.

O facto de a Psicologia se relacionar com muitas ciências mostra a sua complexidade. Por isso mesmo, temos de ter em consideração dois aspetos importantes: a importância do contributo dessas diferentes ciências, para que possa obter-se um melhor conhecimento do objeto de estudo, e a complexidade do seu objeto, o comportamento e os seus processos mentais, que abarca várias dimensões. Isto significa que esse objeto de estudo abarca temas muito diversos, o que dificulta a conjugação de teorias e métodos.

Disciplina científica definida como a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais

Comportamento: qualquer ato efetuado pelo organismo, que possa

ser observado e registado (ex.: sorrir e falar)

Processos mentais: fenómeno interno e subjetivo, inferido a partir dos comportamentos

observados

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Outro aspeto que caracteriza a complexidade da Psicologia, e que é partilhado por todas as ciências humanas e sociais, é o facto de o seu objeto de estudo ser de difícil análise. Não podemos fazer determinadas experiências com seres humanos como podemos fazer com rochas ou plantas, por exemplo. Não é correto, do ponto de vista ético ou moral, colocarmos crianças à fome por vários dias apenas para sabermos como reagem a essa privação; assim como afastarmos os pais dos filhos para estudarmos o desenvolvimento das crianças longe dos pais. Isto significa que o estudo experimental em seres humanos tem limites, há dimensões éticas a ter em consideração. Há ainda o facto de o ser humano poder apresentar fatores inesperados, pois é dotado de vontade, de sentimentos, de desejos, que são difíceis de prever.

A Psicologia é marcada também por uma certa subjetividade, uma vez que quer o psicólogo quer o seu objeto de estudo são seres humanos. Isto significa que pode haver interferências na investigação, devido a crenças, desejos, interesses e perspetivas pessoais. Deve, portanto, realizar-se um esforço para se ultrapassar isso. Há a crença geral de que, como somos seres humanos, compreendemos o comportamento humano. Mas esse conhecimento faz parte do senso comum, sendo incorreto, inexato e, por isso, deve ser questionado.

O conhecimento científico é um processo. Este processo muitas vezes não é linear, pelo contrário, é muitas vezes constituído por tentativas e erros. Isto significa que o conhecimento científico é revisível, não é definitivo e dogmático. É elaborado com o contributo de muitos cientistas e todos os contributos são importantes. Com um pensamento único não há avanço no conhecimento.

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Encontramos diferentes interpretações e teorias quanto ao método, ao objeto e aos objetivosda Psicologia, o que significa que não há uma uniformidade. Também não há acordo quanto ao facto de se estudar o comportamento animal com o objetivo de conhecer o comportamento humano, já que nem todos concordam que há semelhança entre um e outro. Ao longo da história da Psicologia surgem vários autores que têm diferentes perspetivas sobre o que Psicologia deve estudar e como. Mesmo nos nossos dias há diferentes opiniões quanto a isso. Vejamos, então, em que consistiu o processo de criação da Psicologia como ciência, tentando compreender o contributo de alguns dos autores mais significativos. É o que faremos na unidade seguinte.