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Programa de Educação Continuada a Distância
Curso de
PSICOMOTRICIDADE E DESENVOLVIMENTO HUMANO
Aluno:
EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados
Curso de PSICOMOTRICIDADE E
DESENVOLVIMENTO HUMANO
MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na bibliografia consultada.
2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
respectivos autores
3
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Sumário
Módulo I I. Introdução À Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano 1 Conteúdo Epistemológico da Psicomotricidade 5
1.1 Origem, conceitos e definições de Psicomotricidade 5
1.2 Filogênese, Ontogênese e Retrogênese do ser humano 7
2 História da Psicomotricidade 11
2.1 Teorias e Movimentos da Psicomotricidade 13
2.2 Vertentes da Psicomotricidade 16
3 Psicomotricidade Terapêutica 21
4 Psicomotricidade Relacional 34
5 Educação Psicomotora 38
5.1 Currículo em Movimento 45
6 A Ação do Psicomotricista 49
6.1 Atuação do psicomotricista 50
6.2 Clientela e Mercado de Trabalho 50
6.3 Diagnóstico, intervenção e avaliação 50
6.4 Investigação e função do psicomotricista 53
ANEXO 1- Bateria Psicomotora e Atividades 58
ANEXO 2- Educação Psicomotora – Currículo em Movimento 62
GLOSSÁRIO 68
4
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Módulo II Pg.II. Introdução ao Desenvolvimento Humano 4
7 Etapas do Desenvolvimento Humano 6
7.1 Perspectivas Teóricas do Desenvolvimento Humano:
psicanalítica, aprendizagem, cognitiva, etiológica, contextual
7
7.2 Concepção e Influência da Hereditariedade e do Ambiente no
Desenvolvimento Humano 8
8 Desenvolvimento Físico Inicial e da Primeira Infância 14
8.1 Nascimento e Desenvolvimento Inicial 15
8.2 Desenvolvimento Motor 20
8.3 Testes de Avaliação do Desenvolvimento 30
9 Desenvolvimento Cognitivo Inicial e da Primeira Infância 31
9.1 Teoria Behaviorista: aprendizagem do bebê 32
9.2 Teoria Piagetiana: Etapas cognitivas 33
9.3 Abordagem Psicométrica: Testagem da inteligência 35
9.4 Abordagem Filosófica: percepção e simbolismo 37
10 Desenvolvimento da Linguagem nos Primeiros Anos de Vida 39
10.1 Linguagem Falada 42
10.2 Linguagem Não-verbal 44
10.3 Linguagem Escrita, alfabetização e Leitura 46
11 Desenvolvimento Psicossocial nos Primeiros Anos de Vida 48
11.1 Introdução 48
11.2 Neuropsicologia das Emoções 49
11.3 Independência e Interdependência nas Relações Humanas
51
12 O Brincar na Construção do Desenvolvimento da Criança 53
GLOSSÁRIO 59
5
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Módulo III
Pg.III. Introdução ao Desenvolvimento Humano na Segunda, Terceira Infância e Adolescência
4
13 Desenvolvimento Humano na Segunda e Terceira Infância 4
13.1 Desenvolvimento Físico: Crescimento e Mudanças
Fisiológicas
5
13.2 Desenvolvimento Cognitivo: memória, linguagem, inteligência,
pensamento
15
13.3 O Brincar na Segunda e Terceira Infância 21
13.4 Desenvolvimento Psicossocial: Relações com o EU, o outro, o meio ambiente
23
14 Desenvolvimento Humano na Adolescência 26
14.1 Etapas da Transformação: a puberdade 27
14.2 Fenômenos psicológicos, físicos e sociais da adolescência 28
14.3 Aspectos da Maturação Cognitiva 32
14.4 Aspectos Educacionais 33
14.5 Sexualidade 34
GLOSSÁRIO 39
Módulo IV
Pg.
IV. Introdução ao Desenvolvimento Humano na fase Adulta Jovem e na Terceira Idade 3
15 Desenvolvimento do Adulto Jovem 4
15.1 Aspectos Físicos: funcionamento sensório e psicomotor 6
15.2 Aspectos Cognitivos: Transição para o Pensamento Pós-formal 8
15.3 Aspectos Psicossociais 10
15.4 Inteligência Emocional 12
6
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15.5 Aspectos Educacionais da Vida Adulta 14
16 Desenvolvimento na Terceira Idade 17
16.1 Aspectos Físicos do Envelhecimento Humano 18
16.2 Aspectos Psicossociais na Velhice 21
16.3 Aspectos Cognitivos: Memória, Atenção e Motivação. 24
16.4 Educação na Terceira Idade 27
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31
GLOSSÁRIO 33
7
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I. Introdução à Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano
O material que ora se apresenta pretende contribuir na atualização, revisão
de conteúdo e aprendizagem de profissionais da educação e da saúde, que
manifestem interesse pelo tema Psicomotricidade e Desenvolvimento Humano. É
este um tema muito abrangente e complexo na medida em que envolve inúmeras
ciências, tais como: a neuroanatomia, a neurologia, a psicologia, a fenomenologia, a
psicopedagogia, as ciências do movimento humano, a pedagogia; entre outras que
se encontram intrinsecamente ligadas às primeiras supracitadas.
Assim, pretende-se aqui expressar e comunicar cada temática em uma
linguagem mais simplificada que nos seja possível, uma vez que o assunto exige
uma terminologia específica, cuja compreensão depende do conhecimento
etimológico de cada termo, no entanto usaremos neste instrumento didático notas de
rodapé, bem como um glossário em anexo ao conteúdo, para que o entendimento se
faça possível.
O tema se encontra descrito e dividido em dois capítulos, no qual o primeiro
disserta sobre a Psicomotricidade em sua epistemologia, conceituação, história,
vertentes e movimentos criados ao longo de cem anos de história da mesma. Em
sua abordagem também se encontra o trabalho desenvolvido nos três paradigmas
psicomotores existentes: psicomotricidade terapêutica, relacional e educativa, além
da forma de diagnóstico, intervenção e avaliação utilizada pelo psicomotricista.
Discute - se a função, atuação, clientela e mercado de trabalho em que existe a
necessidade do serviço do psicomotricista e a importância de uma investigação
contínua no campo da psicomotricidade.
O segundo capítulo aborda o Desenvolvimento Humano desde a concepção
até a morte do ser humano. Estudando todas as fases e os aspectos importantes da
vida humana. Será possível perceber que entre o capítulo I e II, existe uma
interdependência e inter-relação inevitável, visto que falaremos todo o tempo do
mesmo assunto, o Homem em sua evolução enquanto espécie e seu
desenvolvimento enquanto ser social. Para entender qualquer fenômeno que se
passa com uma pessoa, é necessário compreender que o Homem é resultado de
8
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sua própria interação com o meio, com outrem, com os objetos e consigo mesmo; e
que carrega em sua memória genética a história dos seus ancestrais, consciência
esta que todo indivíduo deveria possuir para evitar diversos problemas
conseqüentes da desinformação sobre o desenvolvimento humano, da má conduta
com seu próprio corpo e com seus semelhantes.
Portanto, trata-se de um conteúdo rico em informações e necessário para a
nossa própria compreensão sobre os fenômenos que acercam a vida humana.
1 CONTEÚDO EPISTEMOLÓGICO DA PSICOMOTRICIDADE
1.1 Origem, conceitos e definições de Psicomotricidade
Na origem da Psicomotricidade se encerra o estudo causal e a análise de
condições de adaptação e de aprendizagem que tornam possível o comportamento
humano. Um médico chamado Tissié (1894), que no século XIX "tratou" pela
primeira vez, "um caso de instabilidade mental com impulsividade mórbida", através
da chamada "ginástica médica". Dessa forma, entendeu-se que o movimento
humano gerava transformações na psique da pessoa, ou seja, era capaz de tratar e
curar certos comportamentos motivados e controlá-los mediante atividade motora
orientada. A ginástica dita médica, da época, consistia na execução de movimentos
elementares coordenados, de flexões de membros, de equilíbrios, de percursos a
pé, de boxe e de percursos de bicicleta, com duchas frias administrados em
intervalos regulares. Para Tissié, um trabalho muscular orientado, compensaria as
impulsões enfermas dos seus pacientes.
O paradigma na perspectiva higienística sustentava que "dominando os
movimentos, o paciente disciplinaria a razão", um conceito psicomotor relevante. A
ação curativa da ginástica médica juntou-se à ação psicodinâmica da "ginástica
respiratória", que emergiu essencialmente da medicina com a finalidade de
"estimular os centros da sugestão” (Tissié, 1894). Este médico, formador de opinião
da época, afirmava que a ginástica médica e o controle respiratório, desenvolviam o
9
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autodomínio, solicitando os centros cerebrais, região onde se encontram os
pensamentos e os movimentos, sendo o lugar em nasce à vontade.
Psicomotricidade é uma palavra que pode gerar diversos conceitos
diferentes e até mesmo, em alguns modelos, um verdadeiro caos semântico que se
espalha por várias profissões, desde fisiatras a psiquiatras, desde fisiologistas a
ortopedistas, desde psicólogos a psicoterapeutas, desde fisioterapeutas a
professores de educação física, desde professores de música a professores de
expressão artística e etc. Pois a Psicomotricidade é base para a compreensão de
muitas ciências que estudam o corpo e a mente. Damásio (1995), neurocientista
português de renome mundial, ressalta que o corpo e o cérebro encontram-se
indissociavelmente integrados por circuitos neurais e bioquímicos reciprocamente
dirigidos de um para o outro. Para este autor, qualquer que seja a questão que
possamos levantar sobre o que somos e porque é que somos ou como somos - uma
coisa é indiscutível: somos organismos vivos complexos, com um corpo
propriamente dito e um sistema nervoso.
Outros autores definem a Psicomotricidade:
Dalila Costalat (1976) – é a ciência da educação que realiza o enfoque
integral do desenvolvimento nos três aspectos: físico, psíquico e intelectual, de
maneira a estimular harmoniosamente o casamento dessas três áreas em diferentes
etapas do crescimento humano.
Ajuriaguerra (1980) – é a realização do pensamento através de um ato
motor, preciso, econômico e harmonioso.
Morizot (1982) – “é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem,
através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e
externo” (p.5). Este conceito foi proposto durante o 1º Congresso Brasileiro de
Psicomotricidade, com o intuito de viabilizar o entendimento comum do termo
Psicomotricidade.
Pierre Vayer (1986) – é a educação da integridade do ser através do corpo.
A Psicomotricidade é, portanto, uma atividade que reúne o sentir, pensar e
realizar no ato motor, pois como refere Wallon (1975), o pensamento e a ação
motora são indissociáveis.
1.2 Filogênese, ontogênese e retrogênese
Enfim, a psicomotricidade na sua essência, define Fonseca (1981), não é só
a chave da sobrevivência, como se observa no animal e na espécie humana, mas é
igualmente, a chave da criação cultural, em síntese: a primeira e última manifestação
da inteligência. A Psicomotricidade, em termos filogenéticos1·, tem, portanto, um
passado de vários milhões de anos, porém uma história restrita de apenas cem
anos. A motricidade humana, a única que se pode denominar por psicomotora, é
distinta da motricidade animal por duas características: é voluntária e possui novos
atributos de interação com o mundo exterior (Eccles, 1989). Ou seja, a idéia de
atividade ou de motricidade pressupõe uma noção de que o homem se orienta por
objetivos, agindo intencionalmente, planejando mentalmente, ação que o primata
não consegue alcançar, pois a idade mental de um macaco não ultrapassa os três
anos de idade mental do ser humano.
FONTE: Fonseca (1998)
1 Termos filogenéticos referem-se à filogênese – estudo da origem da espécie humana (FONSECA, 2004)
10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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11
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A evolução cultural ou social, conforme Leontiev (1978) condiciona a
evolução biológica ou corporal da espécie e da criança; ambas coexistem e
influenciam-se, ocorrendo uma interação mútua que revela a complexidade da
evolução da espécie humana. Este é o paradigma que explica a teoria da
psicomotricidade. A motricidade humana ocorre não apenas num sistema de
relações biológicas, igualmente e concomitantemente num sistema de relações
sociais, onde o trabalho humano ocupa o lugar fundamental. Uma vez que o trabalho
é uma atividade que exige múltiplas relações entre atividade psíquica e motora,
sugerindo ainda que a atividade psicológica interna, que lhe é inerente, tem sua
origem na atividade motora externa, a evolução da espécie não teria condições de
se realizar sem o trabalho humano, gerado pela necessidade de sobrevivência.
Dessa forma, podemos dizer que a evolução de cada ser humano está diretamente
relacionada à história de sua ascendência e aos aspectos filogenéticos de sua
existência, o que irá influenciar igualmente sobre sua descendência e na ontogênese
de seus descendentes, embora Luria (1986) não concorde com esse pensamento,
pois considera que cada sujeito constrói sua história na relação com o meio no qual
se desenvolve e que este tem poder de transformação das heranças genéticas e
filogenéticas.
O binômio cérebro-corpo (sinônimo de psicomotricidade), mais complexo do
reino animal é definitivamente o da espécie humana. Fonseca (2004) reforça que o
ser humano, evoluindo de Homo fabers, para Homo habilis, de Homo erectus para
Homo sapiens, atingiu uma multiplicidade de conquistas motoras adaptativas
importantes, que explicam o desenvolvimento do homem inclusive na ontogênese
(estudo da origem do desenvolvimento do ser humano). Exemplificando: a postura
bípede (em pé) desenvolveu as praxias2 finas (motricidade fina) e a especialização
sensoriomotora corporal e hemisférica, aperfeiçoando os sentidos, a orientação
espaço-temporal, a interação sexual e vinculação socioafetiva, as representações
sensórias dos movimentos (gnósico-práxicas) e elevada coordenação para trabalhar.
A linguagem e a comunicação sofreram impressionante evolução, desenvolvendo-se
2 Praxia – ato motor voluntário; praxia fina refere-se à motricidade fina (movimentos pequenos que requer precisão), praxia ampla é sinônimo de motricidade ampla ou global (movimentos grandes que exigem grandes grupos musculares, equilíbrio e noção de espaço e tempo).
da mímico-gestual para a sonora e falada, a linguagem articulada e expressiva. Os
costumes sociais foram construindo a cultura e as tradições comportamentais que
eram intergeracionais. Assim, podemos afirmar que por trás da ontogênese
encontra-se a sociogênese (origem do comportamento social humano), pois todos os
componentes da motricidade infantil encontram-se dependentes do envolvimento
social e cultural, que contextualiza a conduta da criança nos seus fatores
psicológicos e motores indissociáveis. Em resumo, refere Fonseca (1998), a gênese
(origem) da consciência é a gênese da psicomotricidade, na qual a relação da
imagem do outro, regula, orienta e controla a postura, lateralidade e motricidade da
criança. Para Vygotski (1988), as capacidades psicológicas da criança desenvolvem-
se a partir, e através, das atividades motoras e práticas de relação e interação, com
o mundo social e com o mundo dos objetos, principalmente de forma lúdica, modo
que domina seu universo simbólico.
FONTE: www.photografos.com.br/galeriapublica.html
Por último, a retrogênese, em psicomotricidade, vem a ser o estudo dos
fenômenos relacionados à involução (retrocesso) das funções psicomotoras
(equilibração, noção de corpo, estruturação espaço-temporal, tonicidade e praxias) e
a adaptação do indivíduo à senescência (velhice), nos contextos ambientais desde a
família, à sociedade e às organizações. Dessa forma, o ser humano, no declínio de
suas capacidades vitais, cognitivas e motoras, inicia um processo de reconstrução,
ou de readaptação às situações da vida, ao meio social. É uma etapa de
reconhecimento e aprendizagem de novas formas de ação motora, dependendo
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principalmente da ação psíquica e da consciência das limitações físicas, espaciais,
estruturais e das praxias que demonstram o nível da involução motora. A
importância da construção de um relacionamento social produtivo e ativo torna-se
fundamental nesta etapa. O desenvolvimento das funções motoras se faz primordial,
mantendo ativo todo o sistema funcional, orgânico, psicológico e emocional,
retardando o processo de envelhecimento.
FONTE: arquivo pedagógico
A velhice envolve dois processos, sendo um fisiológico, (denominado
senescência) e outro metabólico (chamado de senilidade). Envelhecer é viver, é
mover-se, essa afirmativa é tomada como base para as justificativas de programas
de prevenções e de reabilitação psicomotora (Fonseca, 1998). O envelhecimento é
um processo contínuo e inevitável, que constitui uma etapa da vida onde é preciso
estudar, tendo em vista que ocorre uma série de modificações que necessitarão de
adaptações. Tais modificações somáticas, psíquicas e psicomotoras serão
combatidas com medidas reabilitativas, ativas e preventivas.
A motricidade humana pode, assim, ser entendida numa relação triárquica
teoricamente (FONSECA, 2004), que aqui faremos uma primeira referência e
abordaremos melhor em capítulo posterior:
A subteoria multicomponencial traz uma explicação filogenética do
desenvolvimento psicomotor. Refere-se à dimensão do mundo interior do indivíduo
e aos componentes do ato motor: tônus, postura, lateralização, noção de corpo,
estruturação espaço-temporal, praxia global ou coordenação motora ampla, e praxia
fina ou coordenação motora fina. Estes componentes são necessários, de forma que
13 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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o indivíduo tenha competências para solucionar problemas, e estão intrinsecamente
relacionadas à sua história evolucionária enquanto espécie humana.
A subteoria multiexperencial, por se referir à familiarização, à prática e à
aprendizagem integrada, que encerram a utilização dos componentes psicomotores
em concordância com a sua dimensão mnésica (relativo à memória) e ontogenética,
(FONSECA, 1989), encara a dialética dos diversos períodos de desenvolvimento, do
bebê ao idoso.
A subteoria multicontextual, por se relacionar com o mundo exterior e
com os ecossistemas onde decorre a evolução psicomotora, refere-se à
retrogênese, de certa forma, à eficiência dos vários sistemas biopsicossociais, como
reflexos da adaptabilidade dos contextos às características dos indivíduos, desde a
família, à escola, à sociedade e às suas organizações.
FONTE: Fonseca (2004) Figura 1
14 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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2 HISTÓRIA DA PSICOMOTRICIDADE
A psicomotricidade, cujo berço de origem é a França, no final do século XIX,
iniciou-se como prática terapêutica para crianças com distúrbios psicomotores.
Fonseca (1981, p.15) lembra-nos nomes de grandes pesquisadores e teóricos que
ajudaram a formar conceitos, diretrizes e técnicas científicas, na área da
psicomotricidade. Dupré, “a quem se deve um dos primeiros estudos sobre as
relações psíquicas e as relações motoras no seu ponto de vista patológico”, Collin,
Ozeretski, Wallon, Gesell, Stern, Piaget e Ajuriaguerra.
Com o passar das décadas, a psicomotricidade enriqueceu-se ao deixar de
ser estudada isoladamente, pois uma rede interdisciplinar colocou o estudo da
motricidade e do movimento humano em um enfoque cada vez mais científico,
menos mecanicista e com maior ênfase no contexto global do ser humano,
recebendo reconhecimento institucional a partir de Wallon.
No século XX, surgiram a psicomotricidade educativa ou educação
psicomotora e a psicomotricidade relacional que é uma psicomotricidade de cunho
educativo com enfoque relacional citado em Negrine (2002). Esta última vertente é a
mais recente, iniciada por Bernard Aucouturier e André Lapierre, é uma “abordagem
que se sustenta na ação do brincar como atividade-meio” e utiliza a intervenção
pedagógica de forma não-diretiva também, assim como a Psicocinética.
O método não-diretivo, segundo Negrine (2002, p.62), permite que “se
façam interpretações significativas das ações que a criança experimenta quando se
exterioriza” e, assim, mediante o ato exploratório dos espaços organizados, ela
realiza atividades múltiplas, isenta de julgamentos de mérito: se está certo ou errado,
se está bonito ou feio (NEGRINE, 2002).
Todas as vertentes se apóiam, inicialmente, nos mesmos pesquisadores e
estudiosos de psicomotricidade terapêutica, da época de seu surgimento, porém
com enfoques de trabalho e objetivos diferentes. Sendo assim, a educação
psicomotora tem por objetivo desenvolver as capacidades motoras dentro do âmbito
escolar, educando o ser integralmente, contribuindo para o desenvolvimento
evolutivo psicomotor e o sucesso escolar. Aucouturier (1986) sublinha que a
educação psicomotora favorece uma tríade indissociável: a comunicação, a criação
16
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e a operação (pensamento operatório). Isso acontece no momento em que o
indivíduo se relaciona consigo mesmo, com os outros e com o meio onde exercita
sua atividade.
A história da Psicomotricidade, no Brasil, segue os passos da escola
francesa. Os estudos de Dupré às respostas de Charcot originados das vias instinto-
emocional, a busca de crianças com dificuldades escolares, nortearam também os
cientistas sul-americanos e brasileiros a encontrarem na França, o refúgio ás suas
dúvidas. A Escola Francesa de Psiquiatria Infantil e da Psicologia na época da 1ª
guerra em todo mundo, ainda que tardiamente, influenciou o Brasil marcando com os
primeiros ventos da Pedagogia e da Psicologia. Nos países europeus,
pesquisadores se organizavam em grupos de trabalho: era preciso responder as
aspirações e necessidades da sociedade industrial, que levava as mulheres ao
trabalho formal, deixando as crianças em creches.
Henri Wallon ousou falar em Tônus e Relaxamento e Dr. Ajuriaguerra
combinou às suas pesquisas, a importância do tônus falada por Wallon em seus
escritos sobre o diálogo tônico. Dra. Helena Antipoff, assistente de Claparéde, em
Genebra, no Institut Jean-Jacques Rosseau e auxiliar de Binet e Simon em Paris, da
escola experimental "La Maison de Paris", trouxe ao Brasil sua experiência em
deficiência mental, baseada na Pedagogia do interesse, derivada do conhecimento
do sujeito sobre si mesmo, como via de conquista social.
A seguir se descreve um quadro de resumo comparativo entre os
movimentos que construíram os conceitos epistemológicos da psicomotricidade:
2.1 Movimentos da Psicomotricidade
TISSIÊ (1894) DUPRÉ (1925)
WALLON (1925/34) Reconhecimento Institucional
MOVIMENTO MOVIMENTO TERAPÊUTICO
MOVIMENTO EDUCATIVO
MOVIMENTO RELACIONAL/
CONSTRUTIVISTA
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TEÓRICOS Ayres(1979)
Petat(1942)
Babinsky(1934)
Lapierre(1968)
Parlebas(1970)
EFI Estruturalista
LeBoulch(1967/72)
Psicocinética
Mérand(1970)
Pedagogia
Institucional
Vayer(1961/71)
Lapierre;
Auconturier(1973)
Gardner(1995)
OBJETIVOS Identificar
Diagnosticar
Prescrever
Corrigir
Retificar
Recuperar
Educar/aperfeiçoar
Dominar/controlar
Integrar/totalidade
Do ser
Interagir/tomar
Conscientizar/explorar
Refletir/socializar
Cooperar/brincar
2.1 Teorias e Movimentos que construíram a Psicomotricidade
A ginástica médica, do paradigma higienista, iniciava, há dois séculos, o
movimento psicomotricista. Com Tissié, Charcot e Dupré, a execução de
movimentos coordenados tinha uma ação curativa (FONSECA, 1981), sustentando
que ao dominar os movimentos, o paciente disciplinaria a razão. Eram teorias
mecanicistas que supervalorizavam a anatomia funcional e morfológica, contudo,
nasce neste momento da história às primeiras afirmações ocidentais a cerca das
relações entre o pensamento e o movimento.
As impressionantes concepções psicanalíticas de Freud, Schilder, Lacan,
entre outros, levam os filósofos somáticos e fenomenologistas como Kant, Camus,
Nietzsche, Merleau-Ponty, e outros, a discussões muito produtivas sobre a
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Psicomotricidade, relacionando a percepção, o simbolismo, às emoções às
representações de corpo, imagem e consciência que influenciariam na formação de
novos métodos e práticas motoras do sujeito enquanto instrumento de reação com
ele mesmo, com objetos, com outros e com o meio. Surgem as primeiras
representações de um corpo emocional e intrapsíquico, construtor da personalidade
do indivíduo e da autoconsciência, o verdadeiro EU que emerge das experiências
relacionais. Estes princípios que nasceram em Wallon e Ajuriaguerra tornaram a
Psicomotricidade de terapêutica corretiva em reeducadora física e psicomotora.
Também Le Boulch, Vygotski, Piaget, Parlebas e Mérand contribuíram na criação
desta vertente pedagógica estruturalista. É o movimento cujo paradigma abraça a
intencionalidade e a consciência do EU, como refere Manuel Sérgio (1984?), a
motricidade é a “verdade da percepção” ou a “pensabilidade em ato, pois só se
pensa verdadeiramente o que é capaz de exprimir” (p.95). Toda e qualquer teoria
que trate da comunicação humana e do desenvolvimento da espécie terá de passar
obrigatoriamente pelas questões que se referem ao corpo, pois nada foge ao corpo,
tudo é matéria que transcende a carne. E é assim que a teia das relações entre
corpo, linguagem, movimento, percepções, pensamentos e sensações se trama.
Não existe maneira de segmentar o ser humano, fatiá-lo, dissociando essas partes
tão importantes como se não fossem igualmente vitais, como as partes orgânicas e
fisiológicas dos órgãos viscerais. São esses componentes interdependentes que
fazem um todo existencial e que dão sentido ao homem.
Mais recentemente, Antônio Damásio (neurologista português renomado) e
Howard Gardner (psicólogo americano criador da Teoria das Inteligências Múltiplas)
vêm contribuindo de forma imprescindível para a ciência do Movimento humano e a
Psicomotricidade. Estes teóricos, sócio-interacionistas, defendem a relação
construtiva do ser humano interagindo com o meio ambiente, onde não existiria
evolução se não existisse interação entre corpo e cérebro, reagindo com e ao
ambiente (DAMÁSIO, 1995). Com Gardner (1996), tivemos o surgimento da Teoria
das Inteligências (figura 2), no qual a inteligência criadora somente pode ser
compreendida à luz da evolução da inteligência sensório-motora e vertebrada, que
possibilitou à espécie humana, por intermédio de sua inteligência corporal-
cinestésica, transformar a natureza e acrescentar-lhe cultura. Dessa forma, a
inteligência não pode distanciar-se das condições sócio-históricas concretas, de
onde emerge, assim, ela se torna coronário da motricidade que se interiorizou
(AJURIAGUERRA; SOUBIRAN, 1959).
FONTE: Fonseca (2004) Figura 2
2.2 Vertentes da Psicomotricidade
O paradigma da motricidade, sendo um paradigma emergente, segundo
Sérgio (1984) insere-se hoje na base de muitos estudos e pesquisas, e é
reconhecido em sua importância por diversas profissões nas áreas da saúde,
educação e humanas, como: medicina, fisioterapia, terapia ocupacional,
fonoaudiologia, educação física, psicologia, sociologia, relações públicas,
comunicação, administração de empresas, antropologia, filosofia, entre outras. São
muitas as razões que fazem da motricidade humana um foco de pesquisa, porém a
busca de subsídios para a compreensão sobre a evolução e desenvolvimento do ser
humano e sua complexidade está entre as razões principais, como também a busca
de razões para a existência de tantas patologias, muitas de fundo genético.
A educação atual também vem se ancorando nos princípios psicomotores
para amenizar os efeitos terríveis do baixo rendimento escolar, causados por
19 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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inúmeros distúrbios de aprendizagem, desvios de comportamento social, disfunções
psicológicas, entre outras situações presentes no contexto escolar.
Com o intuito de facilitar a compreensão das características das principais
vertentes da psicomotricidade, alguns aspectos serão analisados e categorizados
em cada uma delas. No desenvolvimento deste exercício de categorização é
necessário um prévio entendimento a respeito do que cada um destes aspectos irá
tratar. Ao analisar a finalidade da vertente da psicomotricidade, procuramos aqui
entender o objetivo principal desta vertente, ou seja, o propósito de sua existência.
Por área de base deve-se entender em qual área do conhecimento esta
vertente tem suas bases, visto que a psicomotricidade busca constantemente um
fundamento teórico em outras áreas do conhecimento, mudando, então, os objetivos
de sua prática. Em suas diferentes vertentes, esteve alicerçada no modelo
biomédico (neuropsiquiatria), passando depois para a psicologia e psicanálise e, por
último, na psicopedagogia, sem contar que utiliza meios da Educação Física para a
realização de sua prática.
Na seqüência, procuramos analisar as características, apresentando as
faces das diferentes abordagens da psicomotricidade a partir de três grandes
grupos: Reeducação Psicomotora, Terapia Psicomotora e Educação Psicomotora.
Historicamente a psicomotricidade tratou o ser humano de forma
fragmentada, baseada nos princípios fundamentais do dualismo cartesiano, que
consistem em separar o corpo e a alma. Posteriormente passou-se a considerá-lo
em sua totalidade, isto é, o corpo começa a ser visto como uma unidade que
expressa sentimentos e emoções que movem suas ações. Levin (1995) coloca que a
prática psicomotora tem seu início com Edouard Guilmain, em 1935. Este médico
inicia um novo método que chama de Reeducação Psicomotora, consistindo na
aplicação de baterias de testes psicomotores para a avaliação do perfil da criança.
Estabelece-se, então, um exame psicomotor padrão e um programa de sessões de
acordo com as características dos distúrbios motores que o indivíduo apresenta,
orientando as modalidades de intervenção do terapeuta.
A vertente denominada Reeducação Psicomotora destina-se às crianças que
apresentam déficit em seu funcionamento motor. Essa abordagem tem por finalidade
21
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ensinar a criança a reaprender como se executam ou se desenvolvem determinadas
funções. Para isso, avalia-se o perfil psicomotor da criança, utilizando métodos que
consistem na aplicação de baterias de testes psicomotores. Após o diagnóstico, a
criança é submetida a um programa de sessões que tem como objetivo suprir as
dificuldades aparentes (NEGRINE, 2002).
Esta abordagem tem como base estudos da neuropsiquiatria infantil. Dessa
forma, é muito voltada ao aspecto motor e entende o ser humano como um corpo
instrumental, isto é, uma máquina de músculos, que, se não estiverem funcionando,
devem ser reparados (LEVIN, 1995). Le Camus, ao analisar os estudos de Guilman
(1935), explica que a sessão de reeducação psicomotora destina-se a três
propósitos principais: reeducar a atividade tônica (com exercícios de atitude, de
equilíbrio e de mímica); melhorar a atividade de relação (com os exercícios de
dissociação e de coordenação motora com apoio lúdico); desenvolver o controle
motor (com exercícios de inibição para os instáveis e de desinibição para os
emotivos).
Aucouturier (1986), em conjunto com outros estudiosos do tema, começou a
sentir a necessidade da evolução de seus ensinamentos e de suas práticas. O grupo
estava preocupado em trabalhar com uma abordagem mais relacional, mais voltada
à globalidade da criança. A respeito disso, Aucouturier ressalta ao referir que
devemos respeitar o tempo da criança, sua maneira totalmente original de ser no
mundo, de viver, de descobrir, de conhecê-lo, valorizando sua totalidade, a unidade
de funcionamento da atividade motora, da afetividade e dos processos cognitivos.
A principal mudança na evolução da reeducação psicomotora está na
compreensão do corpo como uma unidade psicossomática e cujo movimento possui
significado. Com isso a postura do reeducador frente à criança toma outra direção:
ele passa a entendê-la como um ser de expressividade psicomotora. Outro aspecto
importante que é citado nesta nova fase da reeducação psicomotora é que a
formação do reeducador é composta por uma trilogia efetuada simultaneamente: a
formação pessoal, a formação teórica e a formação prática, ambas completando e
enriquecendo umas às outras, reforça Aucouturier (1986).
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A evolução que a reeducação psicomotora passou a servir como primeiro
passo de uma trajetória que a psicomotricidade ainda percorre, isto é, o
desenvolvimento de uma abordagem cada vez mais preocupada com o ser humano
em sua totalidade, inserido em um contexto sócio-cultural.
A vertente chamada de Terapia Psicomotora é destinada às crianças
“normais” ou portadoras de deficiências físicas, que apresentam dificuldades de
comunicação, de expressão corporal e de vivência simbólica (NEGRINE, 1998).
Através da avaliação, diagnóstico e tratamento, esta abordagem possibilita, por meio
da relação terapêutica, a compreensão das patologias psicomotoras e suas
conseqüências relacionais, afetivas e cognitivas, tendo sempre como referência o
desenvolvimento psicodinâmico da motricidade da criança.
A terapia psicomotora utiliza várias contribuições da teoria psicanalítica;
exemplos disso são os inúmeros conceitos que são utilizados: inconsciente,
transferência, imagem corporal, etc. Os psicomotricistas, agora preocupados com a
vida emotiva de seus pacientes, passam a citar vários autores da psicanálise, como
S.Freud, M. Klein, D. Winnicott, W. Reich, P. Schilder, J. Lacan, M. Manoni, F. Dolto
e Samí Alí. Com isso, surgem novas perspectivas clínicas – teóricas no campo
psicomotor (LEVIN, 1995).
Uma característica importante que estes mesmos autores explicam é que a
terapia psicomotora só pode ser realizada em ambiente apropriado, ou seja, clínica
especializada em terapia, hospital psiquiátrico, grupo de ajuda psicopedagógica ou
centro médico pedagógico. A sessão de terapia psicomotora se desenvolve de forma
individualizada. A relação, que o terapeuta estabelece com a criança, é de sintonia,
de escuta, empatia. E o seu corpo é o depósito das emoções da criança, o tempo da
sessão é de acordo com a disponibilidade da criança (AUCOUTURIER, 1986).
Na forma de pensar de Negrine (2002), o trabalho terapêutico, a partir da
perspectiva lúdica, requer muita disponibilidade corporal do psicomotricista com a
criança portadora de qualquer deficiência, pois ele, através dos estímulos e
intervenções que faz constantemente, tem a possibilidade de criar atitudes
comportamentais na criança. Este nível de intervenção do psicomotricista é que
diferencia a psicomotricidade terapêutica da educativa.
FONTE: arquivos pedagógicos
Nesta abordagem cabe ao terapeuta uma constante adaptação à evolução
da criança, um domínio na trilogia da formação, uma forte capacidade de escuta e o
mais importante - não impor às crianças os seus desejos e sim ajudá-las na
evolução e na criação de seus próprios desejos.
A vertente denominada Educação Psicomotora tem por finalidade
promover, através de uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as
potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio biopsicossocial (NEGRINE,
1986). Le Boulch (2001) explica que a Educação Psicomotora é formadora de uma
base indispensável a toda criança, pois tem como objetivo assegurar o
desenvolvimento funcional, levando em conta as possibilidades da criança,
possibilitando, também, através das relações interpessoais, a expansão e o
equilíbrio de sua afetividade.
Historicamente, a Psicocinética de Jean Le Boulch, teve por objetivo
sensibilizar os docentes do primeiro grau quanto à importância da Educação
Psicomotora na base da educação elementar formal da criança, visto que a
educação do corpo era um pouco desprezada na época. Foi um movimento da
educação psicomotriz que se iniciou na França e perdura ainda hoje. Este método
zela pela intencionalidade da ação motora, prima pela autonomia motriz e respeita a
evolução do esquema corporal da criança, pois o ser infantil, dotado de percepções
e sensibilidade, deve ser estimulado pelo educador a buscar sua função de
interiorização, mediante o ato de brincar com seu corpo, com os objetos e com o que
o meio lhe oferece. Cria, assim, seu espaço de identificação, economia funcional e
aprende a gerir sua ação para uma vida saudável, longa e prazerosa.
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FONTE: arquivo pedagógico
Para Falkenbach (2002), a finalidade da prática da Educação Psicomotora é:
• 1º) promover um meio lúdico-educativo para a criança expressar-se por
intermédio do jogo e do exercício, devendo possibilitar às crianças a exploração
corporal diversa do espaço, dos objetos e dos materiais;
• 2º) facilitar a comunicação das crianças por intermédio da
expressividade motriz;
• 3º) potencializar as atividades grupais e favorecer a liberação das
emoções e conflitos por intermédio da vivência simbólica.
A Educação Psicomotora atualmente se divide em dois eixos: a
Psicomotricidade Funcional e a Psicomotricidade Relacional. Negrine define o
aspecto que diferencia as duas práticas, elucidando-nos que, fundamentalmente, a
passagem da psicomotricidade funcional à relacional é a utilização do jogo (brincar
da criança) como “elemento pedagógico” Falkenbach (2002).
FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
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3 PSICOMOTRICIDADE TERAPÊUTICA
A psicomotricidade terapêutica, ou funcional, compreende o
desenvolvimento psicomotriz a partir de bases teóricas de neuroanatomia funcional,
tendo como base concepções sobre a motricidade que acreditam que o processo de
desenvolvimento humano é decorrente dos processos de maturação, define Negrine
(2002). As capacidades e habilidades motrizes seguiriam um padrão evolutivo igual
em todas as pessoas e poderiam ser avaliadas através de baterias de testes
mediante exercícios padronizados para as diferentes idades. Variáveis como sexo,
fatores culturais, experiências vivenciadas, não eram levadas em consideração.
Na avaliação do perfil psicomotor da criança algumas variáveis eram
analisadas, como por exemplo, equilíbrio estático e dinâmico, coordenação
apendicular, coordenação visomanual (movimentos finos e delicados), sincinesias,
paratonias, lateralidade e orientação espacial (NEGRINE, 2002). Este mesmo autor
explica que a psicomotricidade funcional se sustenta em diagnósticos do perfil
psicomotriz e na prescrição de exercícios para sanar possíveis descompassos do
desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se na repetição de
exercícios funcionais, que são estereótipos criados e classificados constituindo as
famílias de exercícios: exercícios de equilíbrio, estáticos e dinâmicos, exercícios de
coordenação, exercícios de flexibilidade, e exercícios de agilidade e destreza. Dentro deste eixo da psicomotricidade, Langlade (1974 apud NEGRINE,
2002) afirma que a educação psicomotriz é uma ação psicológica e pedagógica que
utiliza os meios da Educação Física com a finalidade de normalizar ou melhorar o
comportamento da criança. Após a análise dos problemas encontrados, a
psicomotricidade terapêutica tem a finalidade de educar, sistematicamente, as
diferentes condutas motoras, permitindo assim uma maior integração escolar e
social.
Em suas primeiras obras sobre a psicomotricidade terapêutica ou funcional,
Aucouturier e Lapierre (1986), colocam que a organização espaço gráfica,
necessária para a aquisição da leitura e da escrita, necessita da prévia organização
do espaço de modo geral e inicialmente corporal, com isso determinam como objeto
de sua prática, crianças com algum grau de dificuldade de aprendizagem (disléxicos,
disgráficos, agitados), traçando o perfil psicomotor da criança e depois apresentando
tabelas de exercícios com o objetivo de sanar os problemas.
O desenvolvimento da sessão de psicomotricidade terapêutica ou funcional
é estruturado de forma que o aluno imite os modelos de exercícios pré-programados,
que são propostos pelo professor, é uma prática sem intencionalidade, ou seja, na
qual a criança não tem escolha, todas ao mesmo tempo devem realizar os exercícios
que são propostos. O professor utiliza-se de métodos diretivos, tornando seu aluno
dependente de suas ações, não dando espaço para que a criança realize atividades
que permitam explorar o mundo simbólico, impedindo a exteriorização de sua
expressividade motriz. Em relação aos métodos diretivos, Negrine (2002) chama a
atenção para o fato de que estes estão relacionados a estratégias pedagógicas
voltadas à correção. O gesto motriz que não é realizado conforme a solicitação do
professor é considerado errado. Deste modo, criam-se inibições e resistências de
exteriorização corporal, e, devido a isso, a avaliação se torna uma ação puramente
quantitativa, só valorizando a correta execução dos exercícios propostos.
A relação - que o psicomotricista terapêutico tem com a criança - é uma
relação de comando, intervindo no corpo de forma mecânica e o contato corporal
entre eles, ou com outras crianças, só ocorre se estiver determinado no exercício
proposto.
Este eixo da psicomotricidade é seguido por muitos professores de
Educação Física, mas o desenvolvimento dessa prática se assemelha muito a forma
tradicional de uma aula de ginástica.
FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
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FATORES PSICOMOTORES QUE ORIENTAM TESTAGENS,
PLANEJAMENTO E PRÁTICA DE UMA SESSÃO DE PSICOMOTRICIDADE
TERAPÊUTICA
Os fatores psicomotores são propriedades funcionais que formam
subsistemas do Sistema Psicomotor Humano relacionado diretamente ao Sistema
Nervoso, ou seja, os fatores abaixo descritos recebem comando do Sistema Nervoso
Central, basicamente do tronco cerebral, cerebelo, mesencéfalo e diencéfalo, que
constituem a organização psicomotora de base.
Para compreender essas funções, é necessário conhecer um pouco da
anatomia cerebral. O cérebro humano possui quatro áreas, conhecidas como: lóbulo
frontal, lóbulo parietal, lóbulo temporal e lóbulo occipital. O lóbulo frontal é assim
chamado por localizar-se na parte frontal do crânio. Ele parece ser particularmente
importante por ser responsável pelos movimentos voluntários e também por ser o
lóbulo mais significante para o estudo da personalidade e inteligência. O lóbulo
parietal está localizado na parte posterior do lóbulo frontal, ele possui uma área
denominada somatossensória, responsável pela percepção de estímulos sensoriais,
que ocorrem através da epiderme ou órgãos internos. O lóbulo temporal possui uma
área especial chamada córtex auditivo, como o próprio nome já diz, esta área está
intimamente ligada à audição. Na parte de trás da cabeça, mais precisamente na
região da nuca, localiza-se o lóbulo occipital. Nele encontra-se o córtex visual, que
recebe todas as informações captadas pelos olhos, melhor dizendo, sua
especialidade é a visão. O hipotálamo controla da temperatura corporal, funcionando
como um "termostato". A hipófise e o hipotálamo são estruturas intimamente
relacionadas, morfológica e funcionalmente, que controlam todo o funcionamento do
organismo, direta ou indiretamente, atuando sobre diversas glândulas como a
tireóide, adrenais e gônadas. Finalmente o sistema límbico, que é a unidade
responsável pelas emoções, os sentimentos e os comportaento motivados; constitui-
se de células que formam uma massa cinzenta denominada de lobo límbico. Este
sistema é necessário à sobrevivência de todos os mamíferos, interferindo, positiva
ou negativamente, no funcionamento visceral e na regulação metabólica de todo o
organismo.
A organização de base do cérebro integra a tonicidade, equilíbrio e parte da
lateralização (componentes de grande passado filogenético) à atenção, postura e
filtragem dos dados de entrada (inptus) sensoriais, constituindo a primeira unidade
de Luria3 (base do cérebro) (6, 9 e 10). Luria dividiu as funções psicomotoras
cerebrais em três unidades: a primeira comanda a atenção, o sentir, perceber e
captar sensações, ligado diretamente ao sentido de auto-preservação; a segunda
unidade Luriana comanda a noção de corpo (somatognosia) e a estruturação
espaço-temporal, processando, analisando e realizando associações (região
occipital – visão, lobo temporal – audição e lobo parietal – sensitivo-motora,
percepções, memória) (3,4 e 5, 7) (FIGURA 3) 4. A terceira unidade de Luria se
encontra no lobo frontal e pré-frontal (regulação) e controla o ato mental e motor,
planifica, programa e executa as praxias finas e globais (coordenação fina e ampla)
(1 e 2).
FIGURA 3
3 Alexander Luria foi um grande cientista. Estudioso da neurologia da linguagem, do pensamento e da aprendizagem humana, discípulo e parceiro de Lev. S. Vygotski. 4 FONTE: Diament e Cypel (1996)
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Na região 8 e 9, da figura 3, localiza-se o sistema límbico, hipotálamo,
hipófise e hipocampo. Na figura 4 e 5 observamos os lobos frontal (terceira unidade
de Luria – responsável pela planificação e execução do ato motor e mental), os
lobos parietais, temporais e occipital (2ª unidade luriana – responsáveis pelo
processamento, análise e associação das informações que o corpo capta) e o tronco
cerebral, cerebelo, sistema límbico que se encontram abaixo do lobo occipital (3ª
unidade luriana que comanda a percepção, sente e capta as informações do meio).
FIGURA 4
(FACE) 3ª UNIDADE DE LURIA 2ª UNIDADE DE LURIA
(Frontal) (Parietal)
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(NUCA)
1ª UNIDADE DE LURIA
(Base-tronco cerebral)
FONTE: Diament e Cypel (1996)
FIGURA 5
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FONTE: Diament e Cypel (1996)
OBS: A figura acima mostra o sistema límbico, responsável pelo controle das
emoções, dos sentimentos e comportamentos motivados; o tronco cerebral que
comanda as funções vitais como respiração, regulação cardíaca entre outros, sendo
formado pelo bulbo medular, ponte e mesencéfalo. Na figura 6 temos a localização
dos principais órgãos que compõem o cérebro.
FIGURA 6
2ª UNIDADE DE LURIA (NUCA)
3ª UNIDADE DE LURIA
1ª UNIDADE DE LURIA
(FACE)
Associando os conhecimentos adquiridos em Ajuriaguerra às explicações de
Luria (1986) sobre o funcionamento cerebral dos fatores psicomotrizes, podemos
dizer que a psicomotricidade pressupõe o sentir (1ª Unidade de Luria), o pensar (2ª
Unidade Luriana) e o realizar no ato motor (3ª Unidade de Luria).
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FIGURA 7 PENSAR
2ª UNIDADE DE LURIA
3ª UNIDADE DE LURIA
REALIZAR NO ATO MOTOR 1ª UNIDADE DE LURIA
SENTIR FONTE: Diament e Cypel (1996)
A seguir se descreve os fatores psicomotores propriamente ditos:
Tonicidade: função do tronco cerebral, primeira unidade de Luria. A
tonicidade, que indica o tono muscular, tem um papel fundamental no
desenvolvimento motor, é ela que garante a atitude, a postura, à mímica, as
emoções - de onde emergem todas as atividades motoras humanas.
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Equilibração: função do cerebelo na organização postural auxiliado pelo
sistema vestibular; segurança e insegurança gravitacional. O equilíbrio reúne um
conjunto de aptidões estáticas (sem movimento) e dinâmicas (com movimento),
abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições de locomoção.
O equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de equilíbrio alcançado em determinada
posição, ou de apresentar a capacidade de manter certa postura sobre uma base. O
equilíbrio dinâmico é aquele adquirido com o corpo em movimento, determinando
sucessivas alterações da base de sustentação.
Lateralização: integração da linha média do corpo, assimetria funcional e
especialização hemisférica, segunda unidade luriana. A lateralidade traduz-se pelo
estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo.
A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o a
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utilizar um lado do corpo com maior desembaraço. O que geralmente acontece é a
confusão da lateralidade com a noção de direita e esquerda, esta está envolvida
com o esquema corporal. A criança pode ter a lateralidade adquirida (chamada de
dominância hemisférica), mas não saber qual é o seu lado direito e esquerdo, ou
vice-versa. No entanto, todos os fatores estão intimamente ligados, e quando a
lateralidade não está bem definida, é comum ocorrerem problemas na orientação
espacial, dificuldade na discriminação e na diferenciação entre os lados do corpo e
incapacidade de seguir a direção gráfica. A lateralidade manual surge no fim do
primeiro ano de vida, mas só se estabelece fisicamente por volta dos 4-5 anos.
FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
Noção de corpo (somatognosia): esquema corporal e imagem de corpo,
intimamente relacionado ao lobo parietal (percepção sensitivo-motora). A formação
do "eu", isto é, da personalidade, compreende o desenvolvimento da noção ou
esquema corporal, através do qual a criança toma consciência de seu corpo e das
possibilidades de expressar-se por seu intermédio.
Ajuriaguerra (1980) relata que a evolução da criança é sinônima de
conscientização e conhecimento cada vez mais profundo do seu corpo, e através
dele que esta elabora todas as experiências vitais e organiza toda a sua
personalidade. A noção do corpo, em psicomotricidade, não avalia a sua forma ou a
sua realização motora, procura outra linha da análise que se centra mais no estudo
da sua representação psicológica e lingüística e nas suas relações inseparáveis com
o potencial de alfabetização. Este fator resume dialeticamente a totalidade do
potencial de aprendizagem, não só por envolver um processo perceptivo
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polissensorial complexo, como também por integrar e reter a síntese das atitudes
afetivas vividas e experimentadas.
FOTO: arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
Estruturação Espaço-Temporal: integração simultânea e seqüencial das
percepções occipitais (visuais), temporais (compreensão visual e audição)
construindo a estruturação do tempo e espaço em relação ao corpo. A estruturação
espaço-temporal decorre como organização funcional da lateralidade e da noção
corporal, uma vez que é necessário desenvolver a conscientização espacial interna
do corpo antes de projetar o referencial somatognósico no espaço exterior (Fonseca,
2004).
FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
Este fator emerge da motricidade, da relação com os objetivos localizados
no espaço, da posição relativa que ocupa o corpo, enfim das múltiplas relações
integradas da tonicidade, do equilíbrio, da lateralidade e do esquema corporal. A
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estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação de seu
próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe conscientizar-se do
lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação aos outros e aos objetos.
Praxia Global (coordenação motora ampla): função do lobo frontal e pré-
frontal (córtex motor e pré-motor), terceira unidade luriana que comanda a
organização, planificação e regulação da ação motora e mental. Praxia tem por
definição a capacidade de realizar a movimentação voluntária pré-estabelecida com
forma de alcançar um objetivo. A praxia global está relacionada com a realização e a
automação dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num
determinado tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares.
FONTE: www.abrinquedoteca.com.br
Praxia fina (coordenação motora fina): micromotricidade, a mão faz a
inteligência e a inteligência faz a mão, terceira unidade de Luria. A praxia fina
compreende todas as tarefas motoras finas, onde associa a função de coordenação
dos movimentos dos olhos durante a fixação da atenção, e durante a fixação da
atenção e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de abranger as
funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e
manipulativas, mais finas e complexas. Crianças que têm transtornos na
coordenação dinâmica manual geralmente têm problemas visomotores,
apresentando inúmeras dificuldades de desenhar, recortar, escrever, ou seja, em
todos os movimentos que exijam precisão na coordenação olho/mão.
36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
4 PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL
A psicomotricidade relacional é uma abordagem psicopedagógica, que se dá
pela via corporal, englobando uma série de estratégias de intervenções e de ações
pedagógicas que servem como meio de ajuda à evolução dos processos de
desenvolvimento e de aprendizagem da criança. Ela compreende que o
desenvolvimento humano é decorrente da inter-relação entre fatores internos, que
correspondem aos processos biológicos, e fatores externos que dizem respeito ao
processo de aprendizagem que se origina nos aspectos histórico-culturais
(NEGRINE, 2002) 5. Este mesmo autor explica que a psicomotricidade relacional
utiliza-se da ação do brincar como elemento motivador, para provocar a
exteriorização corporal da criança, pois entende que a ação de brincar impulsiona
processos de desenvolvimento e de aprendizagem. Essas estratégias de
intervenções pedagógicas criam, também, condições favoráveis para a construção
de um vocabulário psicomotor amplo e diversificado e servem como meio de
melhora das relações da criança com o adulto, com os iguais, com os objetos e
consigo mesma.
5Prof. Dr. Aírton Negrine da Silva, gaúcho, professor de diversas Universidades no Rio Grande do Sul e escritor de mais de uma dezena de livros sobre o tema psicomotricidade, é o maior responsável pela introdução da Psicomotricidade Relacional no Brasil.
37 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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A utilização de métodos não-diretivos permite que a criança manifeste todo
seu interesse, atitudes e valores que retratam as emoções e os sentimentos de cada
momento vivido. Estes métodos também permitem que o psicomotricista faça
interpretações significativas das ações que a criança experimenta quando se
exterioriza, seja através da mímica, dos gestos ou das produções plásticas. Para
isso é necessário que tenha uma atenção maior, pois deve observar e identificar as
crianças que mais necessitam de seu auxílio (NEGRINE, 2002).
A psicomotricidade relacional está alicerçada em três aspectos, que
determinam suas finalidades. O primeiro diz respeito à experimentação corporal
múltipla e variada, no qual o psicomotricista deve permitir facilitar e provocar a
criança à experimentação de diversos movimentos com o próprio corpo, com objetos
ou com disfarces. O segundo aspecto é o estímulo à vivência simbólica, isto é,
permitir que a criança realize atividades representativas. Com a realização destas
ações corporais (movimentos, gestos, mímicas) a criança constrói o conhecimento
das coisas e do mundo, amplia seu vocabulário psicomotor, aciona mecanismos de
pensamento representativo. Este, por sua vez, aciona a fala egocêntrica,
exercitando a comunicação oral. O terceiro aspecto se refere à comunicação como
elemento de intervenção pedagógica, de socialização e de exteriorização da criança.
Isto quer dizer que a comunicação expressa de diferentes formas - verbal, plástica,
pictórica - serve como instrumental que o psicomotricista utiliza para fazer a criança
evoluir.
No que diz respeito à relação adulto/criança, é fundamental que o
psicomotricista ajude a criança a realizar tudo aquilo que ainda não é capaz de
realizar sozinha; é necessário que ele exerça um papel de mediador, seja para
provocar a sua exteriorização, seja para dar segurança, seja para determinar limites
à criança. Na relação do psicomotricista relacional com a criança, o toque corporal é
um forte aliado, pois com ele vínculos afetivos são estabelecidos, dando segurança
e ajuda à criança. “O papel do psicomotricista relacional é sempre de ajuda,
entretanto ele também interage, sugere, propõe, estimula e escuta a criança”
(NEGRINE, 2002, p.124). Segundo o autor, a sessão de psicomotricidade relacional
segue uma rotina que se divide em três momentos: 1º) ritual de entrada; 2º)
atividades livres de expressão, construção e comunicação e 3º) ritual de saída, pois
todo o ato pedagógico deve ter início, meio e fim.
No ritual de entrada, o professor e as crianças sentam-se em círculo, se
apresentam de forma que todos possam falar e ser escutados, estabelecendo as
combinações (regras de convivência) referentes àquela sessão. Cabe ao
psicomotricista neste momento provocar as crianças a realizarem diversas
experimentações.
A segunda parte da sessão é destinada à realização de atividades livres de
expressão, construção e comunicação. No início se dá um estímulo às crianças e
depois elas passam a brincar com o que quiserem. É importante que o
psicomotricista permita a experimentação de diversas atividades e que exija o
cumprimento das regras de convivência estabelecidas no ritual de entrada.
FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
O ritual de saída é o momento em que o psicomotricista diz que o jogo
acabou. Com isso as crianças devem interromper as brincadeiras e devem ajudar a
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
guardar o material que foi utilizado na sessão, pois isto havia sido combinado no
ritual de entrada. Após terem guardado todos os materiais, se dá início ao
encerramento da sessão. Todos devem sentar novamente em círculo e o
psicomotricista deverá provocar a verbalização das crianças ao grande grupo, sobre
aquilo que realizaram durante a sessão e sobre o que mais gostaram de fazer,
sempre lembrando que todos terão a oportunidade de falar e ser escutados.
É importante ressaltar que existem nuances dentro da psicomotricidade
relacional, e que autores que tiveram a mesma formação inicial, no decorrer de seus
estudos acabam seguindo linhas diferentes, como por exemplo: Aucouturier,
Lapierre e Negrine. Aucouturier (1986) determina que, na sessão, o jogo de pulsão
(jogo sensório-motor – classificação de Piaget) deve ser potencializado, e a prática
da psicomotricidade tem sua função até os oito anos, por outro lado Lapierre
entende que o jogo simbólico é que deve ser potencializado, e que a
psicomotricidade deve se aplicar às crianças, aos adolescentes e também aos
adultos (NEGRINE, 1995).
Uma característica importante a respeito da psicomotricidade relacional de
Aucouturier (1986), que é seguida por diversos psicomotricistas, é que a
organização da sessão segue uma seqüência temporal, isto é, a criança deve seguir
uma determinada ordem para executar os jogos: momento inicial ou ritual de
entrada; jogos de segurança profunda, jogos de prazer sensório-motor; jogos
simbólicos; narração de história, atividades de representação e momento final, ou
ritual de saída.
Outro aspecto importante a ressaltar, que é bem diferente do contexto
escolar brasileiro, é que a sessão é realizada somente em ambientes fechados (sala
de psicomotricidade) que possuem materiais fixos (escadas, barra de equilíbrio,
tatames) e diversos materiais complementares (blocos de espuma, aros, bola grande
bichos de pelúcia, cordas, fantasias). Os estudos iniciais de Negrine estiveram
voltados à prática da psicomotricidade funcional. Sua formação na Escola de
Expressão e Psicomotricidade da Prefeitura de Barcelona seguiam as orientações
de Bernard Aucouturier, mas a linha pedagógica que ele segue no momento atual
está configurada dentro de uma perspectiva relacional (NEGRINE, 2002). Um
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aspecto importante a destacar é que a psicomotricidade relacional desenvolvida por
Negrine se diferencia das demais práticas, devido a fatores que são bem
referenciados por Falkenbach (2002, p. 76):
a) o autor se diferencia da maioria dos psicomotricistas pela sua
fundamentação teórica, que reconhece as diferentes vertentes da psicomotricidade e
os seus principais autores, bem como as limitações e as vantagens das práticas que
utilizam;
b) oxigena o referencial teórico da psicomotricidade com elementos da
antropologia, da psicopedagogia, que contribuem à tradicional visão psicanalista,
que ainda é hegemônica e a enriquecem;
c) inova com a utilização dos referencias teóricos de Vygotsky, teórico que
contribui para uma mudança na compreensão psicopedagógica do desenvolvimento
e aprendizagem infantil, bem como do significado dos jogos para a prática da
psicomotricidade;
d) estabelece um divisor de águas para a leitura do movimento que faz a
criança. Explica que em um ambiente lúdico a criança faz uma trajetória denominada
de trajetória lúdica e seu movimento flutua entre: ser um movimento técnico, o que
significa fazer exercícios e brincar de faz-de-conta, isto é, jogar simbolicamente;
e) desenvolve e estrutura a organização da prática psicomotriz educativa
com grupos de crianças, adequadas para o ensino regular e os diversos contextos
que promovem a movimentação infantil.
Este eixo da psicomotricidade educativa é multifacetado, cabendo ao
professor de Educação Física definir qual será sua proposta de trabalho, traçando
objetivos e tendo como base concepções sobre o desenvolvimento e aprendizagem
infantil.
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5 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
É possível, através de uma ação educativa, a partir dos movimentos
espontâneos da criança e das atitudes corporais, favorecer a gênese da imagem do
corpo, núcleo central da personalidade. A educação psicomotora concerne uma
formação de base indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas.
Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em
conta possibilidades da criança e ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-
se através do intercâmbio com o ambiente humano. Na educação infantil e no
ensino fundamental a Psicocinética toma a forma de uma verdadeira educação
psicomotora, fundada sobre o conhecimento das leis do desenvolvimento,
qualificando a ação educativa global e integradora.
A Psicocinética, como método pedagógico, constitui um meio educativo
fundamental às primeiras etapas de desenvolvimento do ser humano, aos olhos de
seu criador (Jean Le Boulch), bem como uma forma de desenvolvimento da tomada
de consciência sobre seu próprio corpo e os ajustamentos posturais necessários
durante a aprendizagem nas demais fases evolutivas do ser humano. Na faixa etária
que corresponde do zero aos doze anos de idade da criança, a educação
psicocinética compreende-se como uma legítima educação psicomotora.
Toda ação educativa pressupõe tomada de posições quanto à sua
finalidade, assim este método tem por objetivo favorecer o desenvolvimento integral
do ser e formar um indivíduo capaz de situar-se e atuar em um mundo em constante
transformação, por meio de (Foto C):
Melhor conhecimento e compreensão de si mesmo;
Melhor ajuste de sua conduta;
Verdadeira autonomia e acesso às responsabilidades ao longo da vida
social (LE BOULCH, 1983).
FOTO C
Com a finalidade de vencer as dificuldades de aceitação da Educação Física
na base da escolaridade infantil francesa, Le Boulch implantou o movimento humano
no aprendizado das aquisições instrumentais e atividades de expressão, querendo
assim provar a relevância da atividade corporal para o suprimento de qualquer
dificuldade que exista na aprendizagem da leitura, escrita e das ciências
operacionais.
Ao longo de seus estudos, percebeu três grandes causas para os problemas
na aquisição da leitura e escrita: os déficits da função simbólica, os atrasos e os
defeitos de linguagem e os problemas essencialmente psicomotores. Todos esses
problemas resultavam de debilidades na criança provenientes de “queima de
estágios” ou desvios de etapas do desenvolvimento psicomotor, quando não havia
no diagnóstico alguma disfunção neurológica comprometedora das funções ditas
“normais” ou padrão para um indivíduo saudável.
Dentro da questão das aquisições instrumentais, encontramos a escrita
como um tipo de linguagem, sendo essencialmente um modo de expressão e
comunicação por signos ou códigos gráficos e a leitura, que é a verbalização desses
símbolos gráficos. Portanto, conforme Le Boulch (1983), fundamentalmente existem
dois sistemas simbólicos concordes: um gráfico e outro sonoro. Os dois necessitam
da dimensão afetiva e da função simbólica corporal, associado à atuação das
funções psicomotoras. Através dessas funções, a compreensão dos signos e a
decodificação gráfica adquirem significado.
43 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
respectivos autores
FONTE: arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
Cabe ao professor conhecer as etapas do desenvolvimento psicomotor da
criança, características das faixas etárias, necessidades e interesses, para melhor
planejar a ação docente. Por isso, é de fundamental importância o professor
desenvolver atividades sabendo a que servem, e não aleatoriamente, arrolando-as
como necessárias ao domínio do esquema corporal, como se esta expressão
significasse apenas uma coisa. O desenvolvimento psicomotor, tanto de crianças
normais quanto de crianças portadoras de distúrbios, requer o auxilio constante do
professor, através da estimulação em sala de aula e do encaminhamento, quando se
fizer necessário. O professor pode ajudar e muito, saudável em todos os níveis, na
estimulação do desenvolvimento cognitivo e para o desenvolvimento de aptidões e
habilidades, na formação de atitudes através de uma relação afetiva e estável (que
crie uma atmosfera de segurança e bem-estar para a criança) e, sobretudo,
respeitando e aceitando a criança do jeito que ela é.
A educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo, uma
experiência ativa de confrontação com o meio. A ajuda educativa proveniente dos
pais e do meio escolar tem a finalidade não de ensinar à criança comportamentos
motores, mas sim de permitir-lhe exercer sua função de ajustamento,
individualmente ou com outras crianças.
Propriedades psicomotoras desenvolvidas nas sessões de Psicomotricidade
Educativa ou Psicocinética:
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respectivos autores
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ESPAÇO TEMPORAL
Até os dois anos e meio, o espaço da criança é um espaço vivido, dentro
do qual ela se ajusta desenvolvendo seus movimentos coordenados em função de
um objetivo a ser atingido. Entre os três e os seis anos, a criança chega à
representação dos elementos do espaço, descobrindo formas e dimensões. No final
do período pré-escolar, a evolução da relação corpo-espaço resulta numa
organização egocêntrica do universo. A criança descobriu sua dominância,
verbalizou-a e chega assim a um corpo orientado, que lhe servirá de padrão para
situar os objetos colocados no espaço circundante. A orientação dos objetos faz-se,
então, em função da posição atual do corpo da criança. Esta estabilização possibilita
a interiorização, que é um trampolim indispensável, sem o qual a estruturação do
espaço não pode efetuar-se. Atividades de orientação espaço temporal: andar
devagar até o fim da sala; andar depressa, voltando ao ponto de partida; andar
devagar e depois correr uma mesma distância demarcada na quadra.
Fazer os alunos perceberem o tempo despendido numa e na outra forma;
bater bola e pular corda. Correr, subir em coisas, bater palmas, com ritmo, dentro de
um espaço de tempo, em situações diversas em contato com o meio, com os outros,
com os objetos, consigo mesmo.
PERCEPÇÃO CORPORAL
Consciência do próprio corpo, de suas partes, com movimentos corporais,
das posturas e das atitudes. Habilidade de evocar e localizar as partes do corpo.
Exemplo: localizar o ombro do coleguinha. Não é simplesmente uma percepção,
uma representação mental do nosso corpo, mas uma integração de vários gestalts6,
todos em contínua modificação. Forma o esquema corporal, além da noção do
próprio corpo, a integração das noções de relação com o exterior em suas duas
6 Para se entender o que é uma gestalt, um exemplo simples: quando olhamos uma paisagem como um mar e passa uma gaivota, forma-se uma situação gestáltica. A gaivota representa a figura da gestalt, o que está em primeiro plano da observação; o mar, as nuvens e o céu correspondem ao fundo, que representa algo secundário no momento. Quando a gaivota desaparece do campo de visão, fecha-se então aquela gestalt.
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expressões de espaço e tempo, e a conexão com outras pessoas, através do
contato corporal, da evolução do gesto e da linguagem. É a comunicação consigo
mesmo e com o meio. Uma boa formação corporal pressupõe boa evolução da
motricidade, das percepções espaciais e temporais, bem como da afetividade. A
construção do esquema corporal (imagem, uso e controle do seu próprio corpo) se
realiza normalmente de uma forma global no transcurso do desenvolvimento da
criança, graças a seus movimentos, deslocamentos, ações, jogos, etc. Exemplo de
atividades psicomotoras: brincar com bolões, rolando o corpo sobre a bola. Jogar o
bolão para cima, sentar nele, correr junto com ele, rolar no chão.
EQUILÍBRIO
É o cerebelo que ajusta permanentemente o tônus postural em combinação
com o desenvolvimento do ato motor. Ele fixa estas reações sob forma de
automatismos posturais inconscientes, tradução das experiências vividas
individualmente. Estas atitudes de referência estabilizadas, verdadeiros esquemas
posturais inconscientes, são, no entanto, constantemente adaptadas às condições
atuais de desenvolvimento da ação, graças à atuação das reações de equilibração.
O desempenho normal da função de equilibração pode ser perturbado por causas
psicológicas. Todo medo ocasiona reações de enrijecimento que comprometem as
reações reflexas de equilibração. Manutenção do corpo em uma mesma posição
durante um tempo determinado. Pode ser estático ou dinâmico. Exemplo: brincar de
estátua, marchar nos calcanhares, permanência em pé, sentada ou deitada.
LATERALIDADE
Predominância do uso de todos os órgãos pares. Pode ser direita ou
esquerda. Deve ser observado o pé, a mão e o olho. No primeiro ano de vida não há
preferência por nenhum lado. No segundo ano de vida ela continua usando ambas
as mãos, mas gradativamente fixa a preferência por uma delas. Com dois anos
completos quase todas as crianças já definiram sua lateralidade, mesmo que depois
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
apareçam breves períodos de uso da outra mão. Finalmente, com seis anos está
completa a definição. Também há uma nítida preferência por um dos olhos, por um
dos pés, isto podendo ser no destro uma dominação dos três instintos. Exercícios de
lateralidade:
Com a mão dominante, pedir que a criança pegue um objeto qualquer.
Observar a mão que ela irá usar. Com o pé dominante, solicitar que a criança chute
uma bola. Observar qual a lateralidade do pé usado. Com o olho dominante;
solicitar que a criança espie em um monóculo. Observar o olho dominante. Andar
pela sala jogando uma bola ou bexiga, de uma mão para a outra. Colocar uma
criança no centro. Pedir a outra criança que fique à direita dela; outra atrás; outra à
frente e outra à esquerda. Batendo palmas, as crianças mudam de posição e dizem
a sua nova posição.
RÍTMO
Diz respeito à movimentação própria de cada um. Ritmo lento, moderado,
acelerado, cadenciado. Noção de duração e sucessão, no diz respeito à percepção
dos sons no tempo. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta,
silabada, com pontuação e entonação inadequadas. Na parte gráfica, as dificuldades
de ritmo contribuem para que a criança escreva duas ou mais palavras unidas, que
adicione letras nas palavras ou omita letras e sílabas. Exercícios de ritmo:
Permanecer na ponta dos pés, enquanto se conta até dez. Levantar e baixar na
ponta dos pés. Andar sobre linhas marcadas no chão: retas, quebradas, curvas,
sinuosas, círculos, mistas. Bater palmas no ritmo do professor (rápido, lento, forte,
fraco). Bater bola com a mão seguindo o ritmo marcado pelo professor.
COORDENAÇÃOVISOMOTORA
O arremesso tem um interesse educativo considerável, sob o ponto de vista
do desenvolvimento global da coordenação. O que vai nos interessar, principalmente
na educação infantil e no ensino fundamental, é o papel que esta atividade pode
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desempenhar na ligação entre o campo visual e a motricidade fina da mão e dos
dedos: coordenação óculo-manual. O parentesco com o mecanismo que atuam no
grafismo não pode escapar ao professor. Na mira, a operação que consiste em
traçar uma linha de um ponto a outro envolve a entrada em jogo das regulações
proprioceptivas ao nível dos membros superiores, de mesmo tipo das que atuam no
exercício de mira, que consiste em agarrar uma bola no espaço. Na coordenação
entre espaço cinestésico e espaço visual, o arremessar e o apanhar são atividades
maiores, de grande alcance educativo. Exercícios de coordenação óculo manual: Os
alunos trabalham em dupla e têm à sua disposição um aro para cada um e um
quadrado de linóleo. Uma bola grande, uma bolinha leve e uma bola pesada para
dois. Posicionar os alunos dentro dos aros colocados no chão à pequena distância.
Eles trocam passes com bolas, de todas as maneiras possíveis, sem deixá-las cair.
Se, numa duração determinada, as bolas tiverem caído apenas três vezes, os alunos
têm o direito de trabalhar em distâncias maiores. Dois a dois, um ao lado do outro,
caminhando ou correndo ao redor da quadra, as crianças devem passar a bola umas
às outras. Efetuar o exercício primeiro em um sentido; a seguir, invertê-lo. Eles
devem encontrar os diferentes modos de arremesso que já foram feitos, sem sair do
lugar. Jogar a bola com uma das mãos; pegá-la de volta com a outra. Passá-la para
a mão de arremesso e executar um circuito contínuo e regular.
COORDENAÇÃO MOTORA AMPLA OU GLOBAL
Realização de grandes movimentos com todo o corpo, envolvendo as
grandes massas musculares, havendo harmonia nos deslocamentos. Não a precisão
nos movimentos, embora seja importante a coordenação perfeita dos movimentos.
Exemplo: marchar batendo palmas, correr, saltar, saltitar, rodopiar, descer, subir,
etc.
COORDENAÇÃO MOTORA FINA
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É a capacidade para realizar movimentos específicos, usando os pequenos
músculos, a fim de atingir a execução bem sucedida da habilidade. Requer um ato
de grande precisão no movimento. Movimentos manuais em que coordenação e a
precisão são essenciais. Exemplo: tocar piano, escrever, modelagem com
massinhas, recortar, colar, trabalhos com objetos pequenos como: pinças, alicates
de unha, etc.
AGILIDADE
São todas as atividades que exigem movimentos rápidos e precisos.
Exercícios de Agilidade: fazer uma fila, colocar cones enfileirados e pedir que alunos
corram em velocidade, esquivando dos cones. Aula de queimada. Os alunos com
bolas de plástico no meio da quadra vão arremessar as bolas num aluno que estará
no gol, este deverá livrar-se das bolas que serão arremessadas, brincar de pega-
pega, brincar de pico-bandeira ou jogos de esquiva.
TONICIDADE
É o ato de tonificar-se, fortalecer-se, robustecer-se. É a qualidade, estado
ou condição de tônico. Consideramos que a tonicidade é a força muscular que o
aluno/criança vai adquirindo devido a atividades realizadas no dia a dia.
5.1 Currículo em Movimento
Rogers (1985) defende que “a essência da aprendizagem é o significado”
(p.30), pois a aprendizagem somente é significante, para o autor, se integrar “o
lógico e o intuitivo, o intelecto e os sentimentos, o conceito e a experiência, a idéia e
o significado. Quando aprendemos dessa maneira, somos integrais” (p.30). Segundo
Le Boulch (1983, 1987), o educador psicocinético (psicomotricista) deve possuir
percepção focalizada nas atitudes que deseja desenvolver nos seus alunos,
elegendo entre os exercícios que conhece aqueles que lhe pareçam mais
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
apropriados para alcançar o resultado desejado.
Dessa forma apresento neste conteúdo didático um método psicocinético
adaptado, desenvolvido pela Profª. Ms. Liana Rosa Pinto (autora da presente
apostila), resultado de pesquisa transversal, documentado, registrado e publicado;
que se denomina currículo em movimento7. Este método nasceu de uma
necessidade: possibilitar às crianças, em fase de alfabetização, maiores recursos
pedagógicos. E também a exploração de suas inteligências, na busca de inter-
relações entre suas vivências prévias e as novas informações convencionadas pelo
currículo escolar. Mediante vivências psicomotoras, as crianças interagem com
objetos e jogos, com seu próprio corpo e com o meio, brincando e conhecendo o
universo simbólico das letras, seus sons fonéticos, seu grafismo (grafema) e
conexões possíveis entre elas.
Assim sendo, currículo em movimento é a educação psicocinética aplicada
ao currículo escolar, uma educação pelo movimento, que utiliza toda a forma de
expressões, inserindo o conteúdo de programa curricular de maneira jogada e
brincada. São atividades lúdicas propostas através de situação-problema e
mediação não-diretiva do professor (TUBELO, 2006). O objetivo deste trabalho
psicomotor é possibilitar ao aluno autonomia na busca do conhecimento de seu
próprio corpo em contato com o meio, associado ao conteúdo curricular de forma
lúdica e interativa. A sessão é semelhante a uma sessão de psicomotricidade
relacional, contudo com quatro momentos ou etapas:
Na primeira etapa da sessão, que constitui o momento exploratório das atividades preparadas (segundo o objetivo proposto pelo educador para a
sessão8), no qual são respeitadas as regras sociais propostas e combinadas com os
alunos, as crianças brincam livremente durante aproximadamente quinze minutos.
Após esse tempo, inicia-se a segunda etapa do trabalho que consiste no momento de atividades propostas, mediante situações-problema, pelo professor que, apesar de orientadas, proporcionam aos alunos a liberdade de atuar
7 PINTO TUBELO, Liana C. O brincar e a Psicocinética: a construção do vocabulário lingüístico, escrito e psicomotor da criança. Maringá, PR. Teoria e Prática da Educação, v. 9, p. 31-43, 2006. 8 Chamamos de sessão ao encontro de aproximadamente uma hora e vinte minutos com as crianças, no qual realizamos as atividades lúdicas. Negrine (2002) define o termo como “tempo de duração de um período estabelecido como aula” (p.62).
da forma como perceberem as informações recebidas. Ou seja, existe uma interação
entre o educador e seus alunos durante a construção prática desse momento que
dura aproximadamente vinte minutos. Esta etapa exige um esforço maior de
ajustamento práxico9 e gnósico, das crianças, para a sua execução, no qual se
percebe que os níveis de atenção e concentração aumentam, pois configuram
problemas ou desafios a resolver individualmente ou em grupo.
A terceira etapa, é o momento de integração, constitui o período de
interiorização do significado percebido pela criança sobre as vivências mediadas
pelo professor. Nesta etapa se revela a significação do ato vivenciado, no qual as
funções de ajustamento se ligam ao processo de assimilação e acomodação, que
acontecem durante um novo período de atividades exploratórias livres, com os
objetos ou situações oferecidas ao grupo. O corpo da criança interpreta o que foi
aprendido e o integra ao seu conhecimento prévio.
A quarta etapa é chamada de momento reflexivo da sessão. Este acontece
através de movimentos de expressão pictórica (desenhos e pinturas), corporal,
escrita, gestual ou falada. É o momento em que a criança nos proporciona o
feedback (realimentação) e sua percepção pessoal sobre o vivido e com ele, ao
mesmo tempo em que o educador pode avaliar os resultados da sessão, consegue
subsídios para planejar as próximas vivências. Esta etapa transcorre durante
aproximadamente quinze minutos.
DESENHO REALIZADO EM UM MOMENTO REFLEXIVO POR UMA MENINA DE 6 ANOS
9 Derivado de “praxia”, que Le Boulch e demais psicomotricistas utilizam, significa a capacidade de realizar movimentos voluntários aprendidos com uma finalidade. É planejada no lobo parietal, responsável pelas sensibilidades e as funções a elas relacionada, do sistema nervoso central (SNC) e executada no lobo frontal onde se encontram as funções: motora, psicomotora, vegetativa e psíquica (ROTTA; GUARDIOLA, 1996).
51 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
respectivos autores
DEPOIMENTOS ESCRITOS POR DOIS MENINOS DE 6 ANOS, NO MOMENTO
REFLEXIVO DE UMA SESSÃO DE CURRÍCULO EM MOVIMENTO (MÉTODO PSICOCINÉTICO)
No anexo 2 deste material didático encontram-se algumas atividades práticas utilizadas no
Currículo em movimento.
ESQUEMA COM RESUMO DAS VERTENTES PSICOMOTORAS
REEDUCAÇÃO
PSICOMOTORATERAPIA
PSICOMOTORAEDUCAÇÃO
PSICOMOTORA FUNCIONAL OU
PSICOMOTRICIDADE TERAPÊUTICA
EDUCAÇÃO PSICOMOTORA RELACIONAL
Ensinar a criança
a reaprender, a
executar
determinadas
funções motoras.
Tratar patologias
psicomotoras,
afetivas,
relacionais e
cognitivas
Sanar problemas
motores, melhorar as
aprendizagens
cognitivas e o
comportamento da
criança.
Desenvolver as
potencialidades
relacionais da
criança, utilizando
a ação do brincar
FINALIDADE
Biomédica
neuropsiquiatria
infantil
Psicanálise Psicopedagogia Psicopedagogia ÁREA DE BASE
Dupré Wallon Rogers Wallon Piaget Vygotsky
Winnicott
AUTORES
Darrault
Defontaine
Ajuriaguerra Levin Le Boulch Picq Vayer Aucouturier
Lapierre Negrine
PRINCIPAIS AUTORES
52 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
respectivos autores
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Empinet, Guilmain Manual de
reeducación
psicomotriz
1º, 2º, 3º año
La educación
psicomotriz como
terapia “Bruno”
A clínica
psicomotora
A educação pelo
movimento
Educação
psicomotora e retardo
mental
Simbologia do
movimento
PRINCIPAIS PUBLICAÇÕES
Comando, não
interage.
Escuta, ajuda
interação,
disponibilidade
corporal.
Comando, não
interage, é o modelo
da criança
Ajuda, mediação,
provocador,
escuta interação.
RELAÇÃO ADULTO-CRIANÇA
Grupos pequenos,
Individual
Individual Grupos Grupos COMPOSIÇÃO DOS GRUPOS
Programa de
sessões de
exercícios
conforme a
necessidade da
criança
Atividades em que
objetos e o corpo
do terapeuta se
tornem o depósito
das emoções da
criança
Atividades pré-
programadas, e os
alunos imitam os
modelos do professor
Ritual de entrada;
atividades livres
de expressão,
construção e
comunicação;
Ritual de saída
ORGANIZAÇÃO E PROPOSIÇÃO DA
PRÁTICA
Métodos diretivos Métodos não
diretivos
Métodos diretivos Métodos não
diretivos
DESENVOLVIMENTO DAS ROTINAS
Bateria de testes
que determinam o
perfil psicomotor
Avalia conforme a
evolução da
criança
Correção do erro Não mede,
Não compara
AVALIAÇÃO ACOMPANHAMENTO
Não ocorre
contato corporal
Ocorre contato
corporal
Raramente ocorre
contato corporal
Ocorre contato
corporal
POSTURA CORPORAL DIANTE
DA CRIANÇA
6 AÇÃO DO PSICOMOTRICISTA
Como foi estudado até este momento, vimos que a psicomotricidade é a
ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em
movimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem como suas
possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo
mesmo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas (S.B.P.1999) 10. Psicomotricidade,
portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e
integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de
sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
6.1 Atuação do psicomotricista
O psicomotricista é o profissional da área de saúde e educação que
pesquisa, ajuda, previne e cuida do Homem na aquisição, no desenvolvimento e nos
distúrbios da integração somapsíquica, conforme a Sociedade Brasileira de
Psicomotricidade. Atua na educação, em escolas e instituições educacionais, na
saúde, em clínicas (reeducação, terapia), consultoria e supervisão. Atende crianças
em fase de desenvolvimento, bebês de alto risco, crianças com dificuldades/atrasos
no desenvolvimento global; pessoas portadoras de necessidades especiais:
deficiências sensoriais, motoras, mentais e psíquicas; pessoas que apresentam
distúrbios sensoriais, perceptivos, motores e relacionais em conseqüência de lesões
neurológicas; família e a 3ª idade.
6.2 Clientela e mercado de trabalho
O mercado de trabalho para o psicomotricista é amplo podendo atuar em
creches, escolas, escolas especiais, clínicas multidisciplinares, consultórios, clínicas
geriátricas, postos de saúde, hospitais, empresas; entre outras opções na área da
saúde, educação, serviços sociais.
6.3 Diagnóstico, intervenção e avaliação
A Psicomotricidade, não pode ser analisada fora do comportamento e da
aprendizagem, e este, além de ser uma relação inteligível entre estímulos e
respostas, é antes, uma seqüência de ações, ou seja, uma seqüência espaço-
temporal intencional, para usar uma expressão piagetiana. A organização da ação
humana contém propriedades gerais que lhe dão coerência: em primeiro lugar,
10 SOCIEDADE BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
porque as ações são, na sua maioria, seqüencializadas; em segundo lugar, porque
as ações ocorrem num dado tempo, daí a importância dum plano, da emergência de
pré-condições e da previsibilidade da sua interrupção e dos seus lapsos; e em
terceiro lugar, a noção de que os objetos exigem ações apropriadas para manipulá-
los, ou seja, a propriedade final das ações é que elas têm um contexto apropriado. Em síntese, a psicomotricidade é tributária de uma arquitetura funcional que
se desenvolveu filogeneticamente e que se estrutura ontogeneticamente
(FONSECA, 1989), só possível numa dialética biopsicossocial, com a qual foi
possível acrescentar à natureza uma civilização, e é possível acrescentar aos
reflexos motores uma reflexão psicológica, que decorre dum processo de
aprendizagem dependente de uma mediatização que se opera num contexto social
concreto. Nem a motricidade nem a inteligência valem muito por si próprias, é a
interação e a relação inteligível e informacional entre ambas, que dá ao movimento a
função vicariada da inteligência (Fonseca, 1989).
Cientificamente a psicomotricidade desenvolve um padrão da normalidade a
partir do estudo da anormalidade, como acontece com inúmeras outras ciências
médicas, psicológicas, psicopedagógicas, sociológicas, etc. Dessa forma, abrange
subtipos de desorganização do movimento, relacionadas ou não aos problemas da
psique ou da afetividade. O diagnóstico em psicomotricidade, não substitui a
avaliação médico-neurológica tradicional, bem como a psicológica clássica. Ao
contrário, no diagnóstico psicomotor existe uma interação mais investida, relacional
e intencional, entre o sujeito observado e o avaliador ou observador, como refere
Fonseca (2004). Este tipo de diagnóstico tem por objetivo atuar com um conjunto de
tarefas e instrumentos envolvendo interpretação de dados que resultarão em uma
análise compreensiva do problema ou das perturbações psicomotoras do indivíduo,
propiciando a busca de estratégias para uma intervenção significativa.
Na intervenção o psicomotricista busca promover uma modificação
psicomotora, por ser simultaneamente centrada não só nos produtos finais da
motricidade, como nos processos que a integram, elaboram, regulam e controlam,
fazendo atuar em sincronia neurofuncional processos emocionais e cognitivos
interiorizados. Assim, o principal objetivo da avaliação psicomotora é criar condições
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
para que se possa emergir, facilitar, enriquecer o potencial de aprendizagem e de
adaptação do paciente ou cliente.
Como já foi referido anteriormente, o diagnóstico se dá por observação
psicomotora ou bateria de testes psicomotrizes, que visam avaliar as capacidades
do indivíduo quanto aos seus fatores psicomotores (tonicidade, equilíbrio,
estruturação espaço-temporal, noção de corpo, lateralização, praxias global e fina)
seguindo os princípios de Luria quanto ao seu modelo de atenção, processamento e
planificação das condutas intelectuais ou motoras. A partir disso, desenha-se, então,
os objetivos da intervenção psicomotora, procedendo durante o processo
interventivo, uma avaliação contínua para acompanhar a evolução do paciente. Esse
processo contínuo de avaliação recebe o nome de investigação interventiva, ou seja,
cria-se uma teoria de intervenção psicomotora estratégica, ecológica e específica,
procurando sempre novas situações-problema que mobilizem reações no indivíduo
e, conseqüentemente, modificações estruturais em sua conduta.
Sobre situações-problema, é necessário considerar que a motricidade em si
é um pretexto, pois que, principalmente o que conta é a mediatização das funções
psíquicas, isto é, funções emocionais e cognitivas, que gerenciam a organização do
plano motor, como a interação sensório-motora (gnosio-práxica) da ação nos e com
os objetos; o ajustamento postural e a auto-regulação da atenção; processamento
da informação proprioceptiva dos dados tátil-cinestésicos e exteroceptiva dos dados
espaço-temporais, em que a ação e a interação com seus iguais acontecem; a
criatividade e ludicidade da ação e do jogo; a estruturação perceptiva, emocional e
cognitiva da imagem do corpo e da ação; do pensar antes do agir, etc.
Para atingir os objetivos necessários na intervenção, o psicomotricista deve
ser um mediador por excelência, intervindo simultaneamente nas funções
emocionais e afetivas, utilizando estratégias de intencionalidade, de significação,
metacognição, acelerando a plasticidade cerebral e a modificação dos potenciais
psicomotores ao mobilizar as áreas associativas, secundárias e terciárias do lobo
frontal, e não apenas as primárias do córtex motor.
57
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6.4 Investigação e Função da Psicomotricidade
A psicomotricidade, enquanto uma ciência do movimento humano deve
investigar os fenômenos do desenvolvimento humano, os distúrbios e anomalias do
desenvolvimento psicomotor, os desvios comportamentais e sociais, entre outras
patologias que estão relacionadas ao psíquico, emocional-afetivo, sócio-relacional e
físico do ser humano.
Como já foi visto anteriormente, no início desse estudo, a base da
psicomotricidade se encontra em investigações que já percorrem uma história de
cerca de cem anos, contudo seu passado filogenético remonta às origens da
espécie humana, estudada pela antropologia, que possui em torno de quatro
milhões de anos a.C., quando a macro e micromotricidade iniciou a evolução do
Homem. Já a linguagem falada, mediante o estudo da oromotricidade, possui uma
história evolutiva de um milhão de anos; a linguagem escrita, assim, é a mais jovem
de nossas habilidades, é a grafomotricidade com cerca de quatro mil anos, a maior
conquista da espécie humana, responsável por um salto impressionante na
sociogênese humana, refere Fonseca (2004). Essas pesquisas são de grande
importância para a compreensão do comportamento psicomotor, sociológico e
psicológico humano.
Dessa forma, é preciso em cada estudo ou investigação que se faz a cerca
de um paciente ou cliente, levar em consideração sua história prévia, analisando
como foi seu desenvolvimento, se possível desde a concepção. Em medicina, esta
investigação sobre vida-prévia, histórico de patologias entre outras questões,
chama-se anamnese. Deve-se considerar também a história da família, problemas e
patologias genéticas, ou adquiridas por parentes, situações tensas vividas pela
família, etc. Uma boa investigação garante metade do sucesso na intervenção
psicomotriz, pois a outra metade depende da forma como o psicomotricista planeja
as estratégias intervencionistas que usa, além da contínua avaliação de seu trabalho
junto ao observado.
Esta é a função do psicomotricista, mas sua função social é promover a
busca do equilíbrio e reestruturação psicomotora, ajustamento social daqueles
indivíduos que não se encontram em harmonia com o meio, com seus iguais, com os
objetos e consigo mesmo.
FONTE: Arquivo pedagógico (PINTO, 2002)
ANEXO 1
Bateria Psicomotora e Atividades
A Bateria Psicomotora de Vitor da Fonseca (BPM) propõe-se a buscar o
verdadeiro papel da motricidade no desenvolvimento psicológico e no processo de
aprendizagem das crianças. Caracteriza-se por um conjunto de situações e tarefas,
avaliando o perfil intra-individual e sua propensão à aprendizagem (FONSECA
1995), avaliando as funções integrativas sensoriais, assim como as funções
motoras, habilidades perceptivas e espaciais. A BPM se compõe de sete fatores:
tonicidade, equilibração, lateralização, noção do corpo, estruturação espaço-
temporal e praxia global/praxia fina.
A Bateria Psicomotora é classificada de acordo com a escala de pontuação:
Tonicidade
1 PONTO (amiotonia): ausência de respostas de tônus muscular,
desconjuntamento;
2 PONTOS (distonia): realização fraca, com dificuldade de controle;
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59
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3 PONTOS (hipertonia): realização prejudicada pelo aumento do tônus
muscular;
4 PONTOS (eutonia): realização completa, adequada, consciente e
controlada.
A avaliação ocorre mediante movimentos de extensibilidade de membros
superiores e inferiores.
Equilbração
Na avaliação são solicitados ao avaliado que execute movimentos de
equilíbrio estático (apoio retilíneo, apoio na ponta dos pés e apoio em apenas um pé
– assimétrico), equilíbrio dinâmico (marcha controlada-caminhar para frente, para
trás, para o lado esquerdo, para o lado direito, pés juntos para frente, pés juntos
para trás, pés juntos e olhos fechados).
1 PONTO (ataxia): ausência de equilíbrio ou coordenação de movimentos
voluntários;
2 PONTOS (distaxia): realização com dificuldade de controle;
3 PONTOS (eutaxia): realização completa e adequada;
4 PONTOS (hipertaxia): realização perfeita e econômica.
Lateralização
A lateralização é avaliada sob quatro subtarefas: lateralização ocular,
auditiva, manual e pedal. Para a lateralização ocular, o avaliado olha através de um
canudo de papel, depois olha através de um buraco feito no centro de uma folha de
papel. Na lateralização auditiva, o avaliado deve escutar um relógio de corda e, em
seguida, simular o atendimento a um telefone, sendo pedido ao mesmo que
reproduza o ritmo do relógio e simule uma conversa telefônica. Para a lateralização
manual, o avaliado deve simular escrever e depois simular a ação de cortar papel,
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com uma tesoura. Quanto à lateralização pedal, o avaliado deve realizar um passo a
gigante, partindo da posição de pés paralelos, depois deve simular o vestir calças.
Assinala-se direita ou esquerda, ou direita/ esquerda para cada tarefa de
lateralização e a cotação de consistência da tarefa realizada. Ex.:
LATERALIZAÇÃO DIREITA/ESQUERDA COTAÇÃO
OCULAR Direita 4
AUDITIVA Direita 2
MANUAL Direita 4
PEDAL Direita/esquerda 3
Noção do Corpo (Somatognosia)
Para avaliar a noção do corpo, observa-se o sentido cinestésico
(reconhecimento das partes corporais como testa, cabeça, queixo, ombros, joelhos,
tórax) pedindo que o avaliado coloque o dedo na parte do seu corpo solicitada; o
reconhecimento de direita e esquerda, auto-imagem (face) na frente do espelho,
imitação dos gestos e o desenho de seu próprio corpo.
Estruturação Espaço-Temporal
No parâmetro estruturação espaço-temporal é avaliada a organização (como
o avaliado se organiza para realizar uma tarefa em um determinado espaço e tempo,
respeitando os objetos, pessoas e o ambiente que o cerca sem bater, desequilibrar-
se, ex: rodar um bambolê no pé). A estruturação dinâmica (como o avaliado
desenvolve movimentos dinâmicos em um espaço pequeno), a representação
topográfica (desenho para avaliar a noção de espaço do desenho em relação ao
tamanho do papel) e estruturação rítmica (exercícios que necessitam de ritmo, como
pular corda).
Praxia Global
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Avalia-se a coordenação óculo-manual (pegar uma bolinha que lhe é
lançada), a coordenação óculo-podal (chutar uma bola que lhe é lançada), a
dismetria (colocar o dedo no nariz ou o calcanhar no joelho), a dissociação de
membros superiores e inferiores (executar exercícios simultâneos de membros
superiores diferentes de membros inferiores Ex.: polichinelo lateral; a agilidade. Ex.:
marchar rapidamente pisando no centro de pneus colocados em zig-zag, para pisar
com pé direito depois com o esquerdo, intercalando).
1 PONTO (apraxia):ausência de respostas, respostas incompletas e
descoordenadas;
2 PONTOS (dispraxia): realização fraca, com dificuldade de controle;
3 PONTOS (eupraxia): realização completa, adequada e controlada;
4 PONTOS (hiperpraxia): realização perfeita e econômica.
Praxia Fina
Praxia fina compreende todas as tarefas motoras finas, em que há
associação da função de coordenação dos movimentos dos olhos durante a fixação
da atenção, e manipulação de objetos que exigem controle visual, além de abranger
as funções de programação, regulação e verificação das atividades preensivas e
manipulativas mais finas e complexas. Avalia-se coordenação dinâmica manual
(montar um pequeno objeto de encaixe – bolinha de seis peças) e o tamborilar em
certas velocidades (bater com os dedos na mesa ou num tambor, conforme o
avaliador solicita dando o exemplo).
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ANEXO 2
Educação Psicomotora - Currículo em Movimento
Descrição das atividades e jogos utilizados nas sessões de Educação Psicomotora
1. Massagem escrita e Toque-sem-fio Procedimento: Na massagem escrita, a atividade pode ser executada a dois
ou mais, um atrás do outro. O último da fila (ou o participante que está atrás, no caso
das duplas), desenhará com o dedo uma letra nas costas do colega que está à sua
frente. A professora pode orientar através de gestos e movimentos de desenho no
ar, as letras de uma palavra específica, ou pode estimular os alunos à criação de
uma palavra conforme uma temática estudada. Esta prática pode ser utilizada para
diversos objetivos. Também pode ser vivenciada em posições como: deitado no
chão, sentado, de pé. Podem ser desenhadas figuras, números, etc.
Como o exemplo da atividade toque-sem-fio: em trios ou mais participantes,
um atrás do outro, o último da fila deverá desenhar um número nas costas de seu
parceiro de brincadeira, que se encontra a sua frente. Este, então, ao receber a
informação cinestésica (o toque), deverá identificar o número e desenhá-lo nas
costas do colega imediatamente a sua frente e, logo após, desenhar outro número
escolhido por ele.
O terceiro participante, ou seja, o segundo a receber o toque, deverá
identificar os dois números recebidos e aplicar mentalmente a operação matemática,
que deverá ser previamente combinada pela professora ou por eles mesmos, se
assim for estabelecido. Este terceiro participante, ao resolver a operação
matemática, deverá deslocar-se para trás do último colega e desenhar o resultado
da operação nas costas do mesmo. Então este deverá revelar o número que
identificou para o seu grupo e descobrirem se realmente o número é produto dos
números que cada um passou ou recebeu.
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2. Ginástica do alfabeto
Procedimento: Esta atividade pode ser feita com o auxílio de um recurso
musical ou sem a presença de música. A professora desenvolve com as crianças
movimentos induzidos ou criativos, utilizando o desenho das letras do alfabeto no
imaginário do papel, com diferentes segmentos corporais, direções e amplitude de
movimento. Ex: desenhar um A maiúsculo com o dedo indicador da mão direita,
iniciando do chão à frente do pé esquerdo, em grande amplitude (um grande A), em
que o vértice do A deve ser desenhado bem acima da cabeça (na ponta dos pés),
descendo, imediatamente em direção ao pé direito. O traço no meio do A pode ser
cortado com o dedo passando na linha da cintura e bem estendido à frente do corpo,
dobrando a coluna. Pode ser utilizado o som do A para executar o movimento, ou o
som de alguma coisa que comece com a letra A, por exemplo, AVIÃO. As
possibilidades são inúmeras, como: caminhar pelo espaço da sala, desenhando seu
nome no chão, sem bater (encostar) nos outros colegas de atividade.
3. Jogo de correr para sílabas gigantes
Procedimento: Desenhar no chão grandes sílabas, com distância de 1 metro
e meio a dois metros umas das outras. Neste trabalho, foram desenhadas as sílabas
NHA, ME, LI e CO em letras cursivas. A mediadora da atividade propõe às crianças
que, ao se falar palavras que possuam em sua formação silábica alguma das sílabas
gigantes desenhadas no chão, elas corram para a sílaba ou sílabas que foram
referidas. A criatividade deve ser explorada e variações inúmeras podem ser
descobertas em qualquer das propostas de atividades aqui apresentadas.
4. Macro jogo da velha cooperativo
Procedimento: No chão é desenhado, usando o giz de quadro negro, um
grande jogo da velha. As crianças participam do jogo sendo elas mesmas as peças
de colocação no grande tabuleiro. Cada uma das duas equipes é formada por cinco
participantes, que devem entrar um de cada vez, alternando-se entre equipes. As
regras do jogo seguem o jogo de tabuleiro tradicional. Ganha a equipe que
conseguir colocar três peças-participantes em linha horizontal, vertical ou diagonal.
5. Pula-minas
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Podem ser utilizadas inúmeras temáticas diferentes. Ex: sílabas, números,
operações matemáticas, etc. A brincadeira consiste em pular os quadros
desenhados no chão formando palavras, ou em ordem crescente (no caso dos
números) e decrescente, ou ainda, em ordem crescente resolvendo operações
matemáticas como os de multiplicação (tabuada). A criança deve se sentir livre para
criar, descobrir e realizar todas as possibilidades que identificar na brincadeira.
65 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus
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8
4
6
12
10
11
9
7
5
2
1
3
MI LE
MA
CO
PA
DA
SA
LHA
TO
TE
RE
PI
TI
LA
NHA
BA
RA
NHO VI
CHO
CA
6. Jogo do rabo-antônimos e sinônimos
Procedimento: Cada aluno recebe uma tira de papel com uma sílaba colada
na ponta. Deverão colocar nas suas costas, presas na cintura. O objetivo da
brincadeira é correr para pegar mais rabinhos e não deixar o seu ser capturado. Ao
término da brincadeira, as crianças deverão montar, no chão, os quebra-cabeças de
sílabas, que formarão palavras sinônimas e antônimas.
7. Cantiga de roda da soma Procedimento: Duas rodas com o mesmo número de pessoas, uma dentro e
outra fora. Todos os alunos, de mãos dadas, devem recitar os versos: “Roda dentro,
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roda fora, vai andando sem demora. Roda dentro, roda fora, qual a soma que é
agora?” A roda de dentro caminha para a esquerda, a roda de fora, para a direita.
Quando todos pronunciarem a frase “qual a soma que é agora?”, os alunos deverão
se posicionar de frente para um colega da outra roda e dizer: “um, dois, três e já”.
Lançam os dedos para frente e falam rapidamente o resultado da soma. O primeiro
de cada dupla a pronunciar corretamente o resultado ganha um ponto para si. A
cantiga recomeça.
8. Dominó de gente-matemática
Procedimento: Cada aluno receberá da professora um cartão de papel
retangular, previamente elaborado, no qual haverá uma linha vertical no meio do
cartão dividindo as operações ou números. Do lado esquerdo do cartão estará o
resultado de uma operação de somar ou diminuir, do outro, uma operação de soma
ou de diminuir, que não seja compatível com o resultado que está no mesmo cartão.
Os alunos deverão montar o dominó, procurando os resultados e as operações
correspondentes ao seu cartão e, achando, deverão entrelaçar os braços com eles.
O objetivo final é que se forme uma circunferência de pessoas abraçadas.
9. Quem toca primeiro?- matemática
Procedimento: Em roda, os alunos recebem um nº. cada um. Ex: se houver
24 alunos, determinar dois grupos nomeando os alunos, ao começar pela direita, de
1 a 12. À esquerda fazer o mesmo nomeando de 12 a um, assim, para cada número,
haverá dois competidores. Coloca-se uma cadeira bem no centro da roda e a
professora elabora uma operação matemática cujo resultado esteja entre os
números da roda. Os números-resultado deverão levantar de suas cadeiras e sentar
primeiro na que está no centro da roda. O vencedor da dupla ganhará ponto para a
sua equipe.
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10. Escravo-de-Jó – Dança circular
Todos formam um grande círculo (roda) e circulam em volta de si uma
pequena circunferência, e ficarão dentro dela. A atividade consiste em cantar a
cantiga Escravo de Jó, aprendendo a marcar o tom rítmico da melodia.
EsCRAvos de JÓ joGAvam caxamBÓ. TIra, BOta, DEixa o Zé peREIra que
se VÁ.GueRREiros com gueRREitos fazem ZIG-ZIG-ZÁ.
O objetivo é pular para o círculo à sua direita conforme o compasso da
música, todos ao mesmo tempo e continuar executando o movimento de pulo até o
momento em que a música diz: “tira” - pular para fora, “bota” - pular para dentro do
círculo. E ao chegar ao Zig-zig-zá, o pulo do primeiro zig será para a direita, o
segundo zig, para a esquerda e o Zá, para a direita novamente. Este jogo, que
tradicionalmente se executa com pedrinhas no chão ou batendo palmas, dois a dois,
quatro a quatro participantes, pode ser jogado de inúmeras formas usando de
criatividade com as crianças.
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GLOSSÁRIO
ABASIA - Incapacidade para andar em virtude de uma incoordenação motora,
geralmente provocada por uma disfunção psíquica.
Fonte: HURTADO - BLAKISTON
ABULIA - Incapacidade Patológica para formular ou concretizar ações. Perda ou
deficiência da capacidade de tomar decisões.
Fonte: HURTADO - BLAKISTON Incapacidade Patológica para formular ou
concretizar ações. Perda ou deficiência da capacidade de tomar decisões.
Fonte: HURTADO – BLAKISTON
ACEITAÇÃOAcolhimento, ato de aceitar, aprovar.
Fonte: AURÉLIO
ACOMODAÇÃOÉ o processo que ocorre quando o indivíduo se defronta com um novo problema e
tenta através da modificação de seu modo de comportar-se e pensar, até então
vigente, resolver o novo problema. Arrumação; adaptação
Fonte: AURÉLIO – BRUNNER E ZELTNER
ADAPTAÇÃOEm psiquiatria as alterações experimentadas por um indivíduo e que levam ao
ajustamento. Em psicologia do desenvolvimento é o processo básico que além da
maturação determina o desenvolvimento psicofísico do indivíduo. Para Piaget
representa o equilíbrio dinâmico entre os processos da assimilação e da
acomodação.
Fonte: BRUNNER E ZELTNER – BLAKISTON
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AFASIA Transtorno cognitivo caracterizado pela habilidade deficiente em compreender ou
expressar a linguagem nas suas formas escrita ou falada. Esta condição é causada
por doenças que afetam as áreas de linguagem do hemisfério dominante. Os sinais
clínicos são usados para classificar os vários subtipos desta condição. Como
categorias gerais, estão incluídas as formas receptiva, expressiva e mista de afasia.
AFETO Em psicologia – Sentimento, emoção. Para FREUD – Sentimento ou emoção
específica, como alegria ou tristeza.
AFETOMOTOR Que manifesta transtorno emotivo e atividade muscular.
Fonte: BLAKISTON
AGILIDADE Desembaraço; presteza nos movimentos; rapidez nos movimentos; habilidade que
um indivíduo tem para mover o corpo no espaço.
Fonte: AURÉLIO – HURTADO
AGITAÇÃO
Estado de inquietação crônica e atividade motora.
Fonte: BLAKISTON
AGNOSIA
Perda total ou parcial da faculdade perceptiva de pessoas ou coisas, classificada
geralmente de acordo com o sentido ou os sentidos atingidos.
Fonte: BLAKISTON
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AGRAFIA Perda da capacidade de expressar idéias com símbolos escritos ou impressos. É
uma subdivisão da afasia.
Fonte: BLAKISTON – HURTADO AGRESSÃO Em psiquiatria – Ato ou atitude de hostilidade, que decorre, geralmente, da
frustração ou de sentimentos de inferioridade. Em psicanálise – predisposição inata,
independente e instintiva do homem. AGRESSIVIDADE “A agressividade faz parte do componente afetivo do homem. Ela está no homem...”
Fonte: AJURIAGUERRA
AMBIDESTRIA Aptidão de certos indivíduos para adquirir habilidade no uso de ambas as mãos, com
a mesma destreza, indistintamente.
Fonte: BLAKISTON – HURTADO
AMBIVALÊNCIA Diz respeito à coexistência de dois impulsos, desejos, atitudes ou emoções opostos
dirigidos para a mesma pessoa, o mesmo objeto ou o mesmo objetivo.
Fonte: BLAKISTON
AMIOTONIA Ausência de tônus muscular; desconjuntamento.
Fonte: BLAKISTON APRAXIA Impossibilidade de resposta motora na realização de movimentos com uma
finalidade, sem que isso se deva à paralisia, paresia, ataxia ou alteração do tônus.
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Fonte: HURTADO APTIDÃO MOTORA Capacidade de efetuar uma tarefa motora, englobando os seguintes elementos:
potência muscular, mobilidade, equilíbrio, agilidade e velocidade.
Fonte: HURTADO ASSINERGIA Coordenação deficiente de grupos de órgãos ou músculos, que normalmente,
trabalham em harmonia.
Fonte: BUENO
ATAXIA Dificuldade de equilíbrio e de coordenação dos movimentos voluntários.
Fonte: BUENO BIOMECÂNICA Ramo da fisiologia que trata dos processos vitais ativos dos organismos.
Fonte: HURTADO
BIOGÊNESE
Ciência da origem e desenvolvimento da vida.
Fonte: BRUNNER E ZELTNER
CARÁTER
Maneira habitual e constante de agir, peculiar a cada indivíduo.
Fonte: WALLON
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CINÉSIOLOGIA A ciência da anatomia, fisiologia e mecânica, dos movimentos musculares
voluntários com finalidade, do homem.
Fonte: BLAKISTON CINESTESIA Modalidade de sensibilidade proprioceptiva que informa o cérebro sobre os
movimentos dos segmentos corporais. Em relação aos segmentos do corpo pode
ser parcial ou global. Os estímulos podem ser sensoriais (extero, próprio e
interoceptivo).
Fonte: BUENO COGNIÇÃO A faculdade ou processo consciente de conhecer, de adquirir ou de Ter a noção de
idéias ou percepções, inclusive de raciocinar.
Fonte: BLAKISTON COMPORTAMENTO Conjunto de atitudes e reações do individuo em face ao meio social.
Fonte: AURÉLIO
COMPREENSÃO
Ato de compreender, faculdade de perceber.
Fonte: AURÉLIO
COMUNICAÇÃO
Processo de inter-relação humana caracterizada pelo emprego de signos
organizados em mensagens.
Fonte: HURTADO
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COORDENAÇÃO APENDICULAR É uma das aquisições motoras essenciais no desenvolvimento neuropsicomotor e
intelectual da criança, com ele a criança consegue realizar atividades importantes
como os movimentos de pinça e oponência do polegar, indispensáveis para a escrita
(relacionado também à lateralidade).
DISARTRIA Transtornos da articulação da fala, causados por coordenação imperfeita da faringe,
laringe, língua ou músculos faciais.
DISLEXIA Transtorno cognitivo caracterizado pela habilidade deficiente em compreender
palavras ou frases escritas e impressas, apesar da visão estar intacta. Esta condição
pode ser decorrente do desenvolvimento ou adquirida. A dislexia do
desenvolvimento é marcada por realização de leitura que decai substancialmente
abaixo do esperado, dada a idade do indivíduo, medida de inteligência e educação
apropriada à idade. DISMETRIA Perturbação da amplitude dos movimentos, visível, sobretudo nos atos sob comando
executados rapidamente (provas dedo-nariz e calcanhar-joelho). Esta perturbação
encontra-se nas lesões das vias e centros cerebelosos. V. hipermetria. (adj.:
dismétrico.)
DISCINESIA Disfunção na movimentação de uma estrutura orgânica.
DISGRAFIA
Perturbação na escrita proveniente de desarranjo cerebral, alcoolismo,
senilidade etc.
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DISORTOGRAFIA
Transtorno da escrita caracterizado por inversões, revisões, omissões,
aglutinações, substituições de letras.
FENOMENOLOGIA Ciência que estuda e trata de descrever, compreender e interpretar os fenômenos
que se apresentam à percepção.
FONTE: Fenomenologia da Percepção de Merleau-Ponty.
FILOGÊNESE História evolucionária das espécies.
FLEXIBILIDADE É a capacidade física que determina o grau de amplitude articular e de alongamento
de uma estrutura muscular. A flexibilidade pode ser melhorada com exercícios
específicos de alongamento muscular. FONTE: Aurélio (Dicionário)
LATÊNCIA (TEMPO) 1- Qualidade ou estado de latente; 2-Período de inatividade entre um estímulo e a
resposta por ele provocada; 3- Med. Incubação; 4- Psicol. Presença de elementos
psíquicos esquecidos na esfera subliminar da consciência, donde podem ressurgir. LÚDICO Referente ao que tem o caráter de jogos, divertimentos e brinquedos. METACOMUNICAÇÃO Além da comunicação, ou seja, além da capacidade de trocar e discutir idéias, de
dialogar, de conversar, objetivando mais que o bom entendimento entre as pessoas.
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MOBILIDADE Do lat. [Mobilitate] – 1- qualidade ou propriedade do que é móvel ou que obedece às
leis do movimento; 2- Facilidade de mover-se ou de ser movido.
MORFOLÓGICO Que diz respeito ao estudo de estruturas anatômicas e fisiológicas de um organismo.
MOTRICIDADE
[Do fr.motricité.] – Propriedade que têm certas células nervosas de determinar a
contração muscular.
ONTOGÊNESE
Estudo da formação e desenvolvimento do individuo, acompanhado em todas as
fases de sua evolução.
PARATONIA
Perturbação do tônus muscular (debilidade Motora). Consistindo principalmente
numa dificuldade do relaxamento.
PRAXIA Movimento intencional, organizado, tendo em vista a obtenção de um fim ou de um
resultado determinado. PRONO Deitado de barriga para baixo.
PULSÃO “Uma pulsão tem sua fonte numa excitação corporal: o seu alvo é suprimir o estado
de tensão que reina na fonte pulsional e no objeto...” (Freud).
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REAÇÃO Resposta motora involuntária, variável, transitória ou durável. REFLEXO Resposta motora invariável e imediata. O estímulo é preciso, involuntário, consciente
ou não. Os estímulos podem ser sensoriais (extero, próprio ou interoceptivo) ou
sensíveis. O reflexo pode ser inibido temporariamente pela fadiga.
RETROGÊNESE Estudo da involução humana – velhice.
FONTE: Fonseca, 2004. RELAXAMENTO Resistência – Resposta – Ritmo – Sensação – Sensibilidade –
Senso Perceptivo – É a faculdade de perceber através dos sentidos.
TÔNUS Uma das formas manifestas de energia em nosso corpo. Um estado normal de
resistência e elasticidade de um tecido ou de um órgão. Podemos distinguir, para fim
de estudo Objetivo do tônus, três formas básicas: TÔNUS DE BASE, TÔNUS DE
FORÇA e TÔNUS DE POSTURA. TÔNUS DE BASE Aquele que se observa na situação de repouso.
TÔNUS DE FORÇA Aquele que se observa quando o corpo, ou parte do corpo, faz resistência contra
algo, ou faz força.
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TÔNUS DE POSTURA Aquele que se observa quando o corpo, ou parte do corpo, se opõe à força da
gravidade.
-------------------- FIM DO MÓDULO I ------------------