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PSICOLOGIA APLICADA A FISIOTERAPIA CONTEÚDO 2: 1) Os primeiros filósofos da antiguidade que deram início aos questionamentos sobre o comportamento humano e os processos mentais foram: B- Platão e Aristóteles 2) Para os filósofos gregos e seu estudo sobre o “estudo da alma”, a alma ou espírito era concebido como: E- parte imaterial do ser humano e abrangeria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção. 3) Somente no século XIX a ________________________conquistou o status como ciência, separada da________________________ e o que era até então exclusivo desta ciência, passa a ser investigado também pela _____________________e pela ________________em particular. Preencha corretamente as lacunas da frase assinalando a alternativa correta: B- Psicologia – Filosofia – Fisiologia – Neurofisiologia 4) A Psicologia se aplica à fisioterapia por que: I-Todo fisioterapeuta é um pouco psicólogo, tendo em vista que ouve as queixas da doença do seu paciente/cliente. II- O homem é um ser biopsicossocial e qualquer alteração em uma dessas unidades (bio-psico-social) irá alterar as outras. III- Toda doença têm sempre como causa direta os aspectos psicológicos. IV- É necessário levar em conta a unidade humana sabendo que não se pode separar a psique e o soma. V- Dependendo da crença do paciente o fisioterapeuta poderá ajudá-lo psicologicamente. Estão corretas: B- As alternativas II e IV

Psicologia Aplicada a Fisioterapia

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PSICOLOGIA APLICADA A FISIOTERAPIA

CONTEÚDO 2:

1) Os primeiros filósofos da antiguidade que deram início aos questionamentos sobre o comportamento humano e os processos mentais foram: B- Platão e Aristóteles

2) Para os filósofos gregos e seu estudo sobre o “estudo da alma”, a alma ou

espírito era concebido como: E- parte imaterial do ser humano e abrangeria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.

3) Somente no século XIX a ________________________conquistou o status como ciência, separada da________________________ e o que era até então exclusivo desta ciência, passa a ser investigado também pela _____________________e pela ________________em particular. 

Preencha corretamente as lacunas da frase assinalando a alternativa correta: B- Psicologia – Filosofia – Fisiologia – Neurofisiologia

4) A Psicologia se aplica à fisioterapia por que:I-Todo fisioterapeuta é um pouco psicólogo, tendo em vista que ouve as queixas da doença do seu paciente/cliente.II- O homem é um ser biopsicossocial e qualquer alteração em uma dessas unidades (bio-psico-social) irá alterar as outras.III- Toda doença têm sempre como causa direta os aspectos psicológicos.IV- É necessário levar em conta a unidade humana sabendo que não se pode separar a psique e o soma.V- Dependendo da crença do paciente o fisioterapeuta poderá ajudá-lo psicologicamente.Estão corretas: B- As alternativas II e IV

5) Relacione as teorias psicológicas aos enunciados correspondentes:(I) Behaviorismo a)Teoria mais ligada à Filosofia

fazendo uso da percepção para compreender quais são os processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica para distinguir a figuras de seu fundo e de completar imagens.

(II) Psicanálise b) Argumentou que a psicologia deveria ocupar-se apenas com

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comportamentos possíveis de ser observados e medidos, acrescentando o conceito de reforço e recompensas

(III) Gestalt c) Recuperou para a Psicologia a importância da afetividade postulando o inconsciente como objeto de estudo e quebrando a tradição da Psicologia como ciência da consciência e da razão.

Assinale a única alternativa correta: E- I-b; II-c; III-a

6) Leia com atenção as afirmativas:I Para o fisioterapeuta o importante é estar tecnicamente preparado para atender as necessidades físicas do cliente.II- O tocar profissional pode desencadear reações negativas ou positivas no cliente, pois nem todas as pessoas recebem e sentem da mesma forma a proximidade física do outro. III- É necessário ao profissional conheça a realidade sócioeconômica e cultural da pessoa que irá atender, pois estes aspectos podem ser pontos de apoio e sustentação importantes no enfrentamento da doença.IV- O diálogo entre o profissional e a pessoa doente é fundamental, pois ajuda  a amenizar a situação e estimula a confiança da pessoa no profissional, bem como a autoconfiança.

Assinale a alternativa correta: D- II, III, IV

 A Psicologia é um ramo das Ciências Humanas que estuda, cientificamente, o comportamento e os processos mentais humanos. Isso abrange todos os aspectos do pensamento e dos comportamentos não se restringindo apenas aos comportamentos anormais. (Morris e Maisto, 2004)            Para entender a diversidade da Psicologia como ciência é necessário resgatar um pouco de sua história que teve início entre os gregos no Ocidente, no período anterior a era cristã, 700 a.C.. Nessa época, Platão e Aristóteles já questionavam sobre o comportamento humano e os processos mentais, dedicando-se a compreender o espírito empreendedor do conquistador grego. É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma Psicologia e é deles que vem o termo psyché, que significa alma, e de logos, que significa razão, ou seja, “estudo da alma”. A alma ou espírito era concebido como parte imaterial do ser humano e abrangeria o

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pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.            Na antiquidade, a Psicologia ganhou consistência com Sócrates (469-399 a.C.). A principal preocupação deste filósofo era o limite que separa o homem dos animais. Para Sócrates, a razão é definida como uma peculiaridade do homem ou como essência humana.            Platão também teve destaque nesse período procurando definir um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem e assim a medula seria o elemento de ligação da alma com o corpo. Platão concebia a alma como separada do corpo, quando alguém morria, a matéria (corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo.            Somente no século XIX a Psicologia conquistou o status como ciência, separada da Filosofia e o que era até então exclusivo desta ciência, passa a ser investigado também pela Fisiologia e pela Neurofisiologia em particular. Os avanços nessa área levaram à formulação de teorias sobre o sistema nervoso central, demonstrando que o pensamento, as percepções e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema. Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário então, compreender os mecanismos e o funcionamento do cérebro.            O primeiro laboratório de psicologia experimental surgiu na Alemanha, com Wilhelm Wundt (1879) e tornou-se conhecido como Estruturalismo. Mas foi nos Estados Unidos que a Psicologia encontrou campo para um rápido crescimento e ali surgiram as primeiras abordagens ou escolas em psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem até hoje.No século XX, para diversos autores, as três mais importantes tendências teóricas da Psicologia são:- Behaviorismo: nasceu nos Estados Unidos com Watson que argumentou que a psicologia deveria ocupar-se apenas com comportamentos possíveis de ser observados e medidos. Skinner acrescentou a ele o conceito de reforço e recompensas, fazendo com que o sujeito se tornasse um agente ativo no processo de aprendizagem.- Gestalt: na Europa, é a tendência teórica mais ligada a Filosofia. De acordo com a Psicologia da Gestalt, a percepção depende da tendência humana de ver padrões de distinguir figuras de seu fundo e de completar imagens a partir de poucas pistas. Os gestaltista estavam preocupados em compreender quais processos psicológicos envolvidos na ilusão de ótica, quando o estímulo físico é percebido pelo sujeito como uma forma diferente da que ele tem na realidade. A percepção é o ponto de partida e também um dos temas centrais dessa teoria.- Psicanálise: na Áustria, nasceu com o médico Sigmund Freud que a partir da prática médica, recuperou para a Psicologia a importância da afetividade postulando o inconsciente como objeto de estudo e

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quebrando a tradição da Psicologia como ciência da consciência e da razão. 

Psicologia e a Fisioterapia            Estar tecnicamente preparado não é o suficiente para que o profissional se relacione bem com o seu paciente. A técnica é importante, fundamental para que os resultados sejam positivos, mas toda a técnica será insuficiente se o relacionamento entre o fisioterapeuta e o seu cliente não for adequada. Considerando que o trabalho do fisioterapeuta exige o uso das mãos, o tocar o outro, podemos afirmar que apesar da ética e dos cuidados que o profissional usa para este tipo de procedimento, o tocar pode desencadear reações negativas ou positivas no cliente, pois nem todas as pessoas recebem e sentem da mesma forma a proximidade física do outro. É importante lembrar que a pessoa só chega até o profissional por que algo não está bem com ela e a fez procurar pelo profissional ou ser encaminhada até ele.

            É necessário ao profissional conhecer a realidade sócioeconômica e cultural da pessoa, pois estes aspectos podem ser pontos de apoio e sustentação importantes no enfrentamento da doença. Conhecer seus valores, o papel, ou lugar que ela ocupa na família, suas crenças, enfim, todas as informações sobre a pessoa ajudarão o profissional na sua avaliação sobre os possíveis recursos que a pessoa dispõe [ou não] para enfrentar o momento do adoecimento.

            Com certeza para todo esse conhecimento e também para o trabalho a ser realizado, o diálogo entre o profissional e a pessoa doente será fundamental, pois ajudará a amenizar a situação estimulando a confiança da pessoa no profissional, bem como a autoconfiança.

            Assim, não é possível estabelecer o sucesso do tratamento, sem antes conhecer a pessoa, o diagnóstico as causas que levaram o indivíduo para o tratamento [curativo ou paliativo]. É importante também conhecer as expectativas da pessoa que receberá o tratamento, seu estado emocional diante da doença, seu grau de ansiedade e avaliar que tipo de relação o paciente tem consigo mesmo e com os outros.

            É necessário que se estabeleça uma relação de confiança e ajuda mútua entre o fisioterapeuta e o paciente, para que o ideal do tratamento seja conseguido e para que a pessoa se sinta cuidada.

CONTEÚDO 3:

1) A partir dos estudos realizados, podemos definir doença como: A- Um estado no qual o funcionamento físico, emocional, intelectual, social do desenvolvimento ou espiritual de uma pessoa está reduzido ou deteriorado em comparação com experiência anterior.

2) Sobre as características da doença crônica, podemos afirmar que 

I- Normalmente seu desenvolvimento é lento e duram acima de 6 meses.II- Doença crônica se caracteriza como aquela que em seis meses a pessoa está recuperada.III- Uma fratura ou uma pneumonia pode ser considerada uma doença crônica.IV- As doenças crônicas são as principais causa de morte e incapacidade no mundo. 

Assinale alternativa correta: C- I, IV

3) Os estágios de adaptação descritos por Kübler-Ross estão divididos em: B- Negação e isolamento; Raiva; Barganha; Depressão; Aceitação

4) Podemos entender “ganhos secundários” como: E- De certa forma são compensações que a pessoa tem e que só foram possíveis a partir da doença.

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5) João, 25 anos é portador de uma doença degenerativa e sente dores intensas que são controladas através de analgésicos potentes.Pedro, 53 anos, sofreu acidente e teve fratura de membro inferior esquerdo. No momento do atendimento teve dor intensa que vem sendo tratada com analgésico.            Analisando as situações acima, responda qual é o tipo de doença e dor cada um dos personagens apresenta: D- João tem uma doença crônica e sua dor também é crônica. Pedro tem doença aguda e dor também aguda.

6) Analisando as características da dor, podemos afirmar que:I- A dor pode ser ininterrupta ou episódica, ocorrendo em diferentes intervalos de tempo.II- Quanto a localização a dor pode ser pontual e bem definida ou difusa, difícil de ser apontada.III- a variável desencadeadora da dor pode ser fratura, cirurgia, artrite reumatoide, cortes acidentais, acidente químico ou pancada, entre várias outras.IV- A dor pode ser orgânica, com causa física conhecida e reconhecida ou psicogênica. Assinale a alternativa correta: A- I, II, III, IV

Vamos iniciar o estudo do nosso tema com a definição de Potter e Perry (2009) sobre o que é doença: Doença é um estado no qual o funcionamento físico, emocional, intelectual, social, do desenvolvimento ou espiritual de uma pessoa está reduzido ou deteriorado em comparação com experiencia anterior (Potter e Perry, 2009, s/nº p). 

            A partir da colocação das autoras, podemos entender que o adoecer não é apenas algo físico, mas também psíquico, cognitivo, afetando também as relações da pessoa com o seu meio.            Vamos entender quais os tipos que ela pode se apresentar: 

Doenças agudas: geralmente são de curta duração e não necessariamente são graves. Uma virose, por exemplo, pode desencadear uma doença aguda, mas, adequadamente tratada, em poucos dias a pessoa retorna ao seu cotidiano. Outro exemplo é quando a pessoa sofre uma fratura.Doença crônica: são aquelas normalmente de desenvolvimento lento, e que duram acima de 6 meses. “De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as doenças crônicas são as principais causa de morte e incapacidade no mundo”[1] Como exemplo de doenças crônicas, podemos citar a hipertensão arterial, diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), e muitas outras. 

            A partir do diagnóstico de uma doença a pessoa não consegue conduzir sua vida da mesma forma como até então o fez, neste caso, mecanismos psíquicos inconscientes serão acionados até que ela possa enfrentar ou não a nova realidade que se vislumbra.

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            Tais mecanismos, conforme Simonetti (2009, p. 37) são: negação, revolta, depressão e enfrentamento, podem ser explicados pelo mesmo autor da seguinte maneira: 

Negação - na posição de negação a pessoa pode agir como se a doença simplesmente não existisse, ou então minimiza sua gravidade e adia as providencias e cuidados necessários. É o famoso “empurrar com a barriga”, deixando para amanhã a consulta com o médico, a realização de determinado exame, o início do tratamento, etc. (Simonetti, 2009, p.40).Revolta – em geral é a fase mais difícil para o profissional, pois a pessoa mostra-se inconformada com o que está vivendo, por estar doente e projeta sua frustração para o outro. Conforme Simonetti (2009) a pessoa “cai na real”, enxerga a doença e enche-se de uma revolta que pode ser dirigida para qualquer lado: contra a doença, contra o médico que a comunica, contra a equipe de enfermagem, contra si mesmo, contra a família, contra o mundo ou contra quem aparecer por perto. O autor justifica tal comportamento afirmando que:quando uma pessoa adoece, ela perde a liberdade, não pode mais fazer o que quer, tem que fazer algo em relação a doença, como, por exemplo, gastar seu tempo procurando tratamento, ou então mudar hábitos de vida, e todos nós sabemos como é irritante mudar nossos hábitos (p.44-45)Depressão –Kübler-Ross (1926-2004) considera que este tipo de depressão como reativa, ou seja, é uma reação emocional aos acontecimentos negativos pelas quais a pessoa está passando e pela perdas que poderão ocorrer. A mesma autora considera um momento importante e que ajudará na aceitação do diagnóstico e do tratamento.Enfrentamento – nesta posição a pessoa se sente fortalecida para enfrentar tudo o que está acontecendo: a doença, o tratamento e até mesmo a morte se essa for a situação. 

A médica Elizabeth Kübler-Ross (1926-2004) foi pioneira no estudo sobre as reações emocionais da pessoa com doença grave. Seu trabalho é fundamental para os profissionais que trabalham com pacientes crônicos, graves e/ou sem possibilidade de tratamento, pois nos ajuda na compreensão das reações e comportamento apresentados por esses pacientes.            Descritos como estágio de adaptação, Kübler-Ross escreve que esses estágios não se manifestam seguindo uma ordem, podendo variar de acordo com o momento e a própria situação da pessoa. 

            Assim, são descritos os estágios: 

Negação e isolamento – é mais observado no início, quando a pessoa recebe a notícia de sua doença e da gravidade da situação. .A frase mais comum nesse estágio é: “Não é possível, não é comigo”. Outra reação esperada é a dúvida quanto à troca dos exames. Quanto

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ao isolamento, isso ocorre como uma tentativa da pessoa de fugir do sofrimento. Gradativamente, vai havendo a aceitação parcial.Raiva – quando não há como negar a situação e tudo é uma certeza, a reação será de raiva e indignação. Aqui a frase comum é: “Com tanta gente ruim no mundo, por que isso foi acontecer comigo, afinal sempre fui uma boa pessoa”. Nesse estágio a relação profissional-paciente é difícil sendo importante a compreensão por parte dos profissionais. A raiva é sempre projetada para o exterior através de comportamentos agressivos.Barganha – nesse momento a pessoa tenta negociar com Deus ou com o que ela acredita que pode devolver-lhe a condição anterior à doença. Há uma tentativa de “troca”, o importante é resgatar a saúde e para tanto podem ser realizadas promessas, sacrifícios, enfim tudo será válido para que a doença regrida ou desapareça.Depressão – aqui uma grande tristeza se abate sobre a pessoa, há um desânimo, a vontade de ficar em silencio. A pessoa lamenta para si mesma as perdas que vem acumulando devido à doença e também pela possibilidade da morte. É importante a família e os profissionais estarem atentos para que esse estágio não se estenda por longo tempo, pois trata-se de um período de lamento, mas que deve haver uma reação para que o próximo estágio aconteça.Aceitação – é o ultimo estágio descrito por Kübler-Ross e nesse momento a pessoa conseguiu superar os estágios anteriores, principalmente a depressão. É possível para a pessoa, aceitar tanto o tratamento como também a morte.            Concluindo, Kübler-Ross afirma que em todos os estágios o sentimento de esperança sempre está presente, mesmo quando a pessoa já está na aceitação, pois tal sentimento está voltado para a sua recuperação e melhora. Enfim, é com a esperança que o profissional deve trabalhar junto ao paciente, pois isso trará confiança no tratamento e aumentará a sua expectativa de vida. 

Os ganhos secundários de adoecer e suas consequencias: 

            Podemos entender que os ganhos secundários são de certa forma compensações que a pessoa tem e que só foram possíveis a partir da doença.            Até mesmo na criança, conforme Peçanha (2008) observa-se o desejo de preservar ganhos secundários como a obtenção de maior atenção da mãe (p.216).            A atenção, o carinho e outros ganhos materiais que a pessoa pode ter a partir do adoecer, aparentemente parecem interessantes, mas do ponto de vista psicológico e da recuperação da pessoa, eles podem representar algo negativo, afinal para o paciente há o medo de que tudo se perca depois da cura.            É importante que o profissional esteja atento, principalmente quando o paciente começa a apresentar comportamentos de desinteresse pelo tratamento, Por exemplo, ausências injustificáveis, ou refere sempre não sentir melhora, mesmo quando tudo indica que ela deveria existir.

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A dor e suas repercussões emocionais. Os diversos tipos de dor: 

As características da dor e suas variações, podem se apresentar da seguinte maneira, conforme Carvalho (1999, p.17): 

localização – a dor pode ocorrer nos músculos, juntas, dentes, pele, ou membros amputados, caracterizando a dor fantasma. A localização também pode ser pontual e bem definida ou difusa, difícil de ser apontada.Qualidade – principal sensação, ou forma que a dor toma, pode ser formigamento, queimação, ardor, pontada, latejamento, pressão, perfuração e corte, entre outros.Intensidade – a “intensidade” da dor pode ser percebida como forte, fraca e em uma grande variedade de graduação entre os extremos “sem dor” e “dor excruciante”, ou insuportável.Frequencia – a dor pode ser ininterrupta ou episódica, ocorrendo em diferentes intervalos de tempo.Natureza – a dor pode ser orgânica, com causa física conhecida e reconhecida ou psicogênica, sem qualquer causa física, associada ao funcionamento ou momento psicológico da pessoa.Etiologia – a variável desencadeadora da dor pode ser fratura, cirurgia, artrite reumatoide, cortes acidentais, acidente químico ou pancada, entre várias outras.Duração – um episódio doloroso pode permanecer por diferentes períodos de tempo, variando de alguns segundos a meses. 

            Éimportante para o profissional conhecer e saber distinguir os tipos de dor, tendo em vista que ela poderá variar de acordo com o tipo e a sua duração. Quanto aos tipo temos:: 

Dor aguda – de acordo com diversos autores, a dor aguda é o desconforto que tem duração (de alguns segundos a menos de seis

meses). Ela está associada ao trauma ou lesão tecidual, algum processo inflamatório ou doenças. Por exemplo, se machuca, tem uma lesão ou trauma muscular, situação de pós-operatório, entre

outras.

Dor crônica – é o desconforto com duração superior a seis meses podendo durar muitos anos e geralmente acompanha alguma doença

ou está associada a uma lesão tratada. Como exemplo, temos a fibromialgia, a artrite reumatoide, alguns tipos de câncer e outras tantas, inclusive a dor fantasma que é a dor que ocorre na pessoa que teve um membro amputado, mas continua sentido, dores e/ou

latejamento, apesar de saber que o membro não mais existe. 

Dor recorrente – Carvalho (1999) escreve que a dor recorrente é também aguda, porque ocorre em episódios de curta duração, mas tem uma característica crônica, por que se repete ao longo de muito tempo, às vezes ao longo de quase uma vida, e não está claramente

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associada a uma etiologia específica, tal como ocorre com as dores agudas e crônicas. O exemplo mais conhecido de dor recorrente é a enxaqueca, na qual o paciente sofre de forte dor de cabeça intercalada por períodos livres de qualquer dor (Carvalho, 1999, p.17). 

            O assunto da dor é tão sério que diversos estudos são realizados a esse respeito; seu acompanhamento e tratamento exigem a participação de diversos profissionais num trabalho de equipe, em função do alívio da dor.            É fundamental que sejam oferecidos todos os recursos possíveis para o alívio e que a pessoa nunca seja banalizada em suas queixas, pois, é comum a pessoa ter seu humor alterado, e a própria percepção da realidade se compromete diante de todo sofrimento que a dor provoca.

CONTEÚDO 4:

1) Leia com atenção as afirmativas:

I- Imagem é algo que pode estar tanto internamente no sujeito ou ser algo externo, como é a autoimagem.

II- Temos a percepção de como é nosso corpo, mas não há garantias de que tal imagem é a mesma que as pessoas vêm.

III- Podemos considerar a autoimagem como algo pessoal, singular, mas sempre nos deparamos com pessoas que modificam nossa autoimagem.

IV- Autoimagem é o que pensamos de nós mesmos e parte importante dela é nossa imagem corporal.

Assinale a alternativa correta: D- I, II, III, IV

2) A relação do sujeito com seu corpo é tão importante que nos permite afirmar que: A- Percebemos o mundo e nós mesmos com nosso corpo.

3) Leia com atenção as afirmativas:

I- Pessoas com baixa autoestima são aquelas que apresentam maior dificuldade no relacionamento interpessoal.

II- As experiências corporais que definem a imagem corporal contribuem para a modelação de um esquema que refletirá na adolescência e na vida adulta.

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III- Apenas algumas pessoas apresentam um potencial favorável para o desenvolvimento da autoestima.

IV- Uma pessoa com autoestima positiva, com certeza ela enfrenta as dificuldades com confiança e acredita que é possível superar as adversidades, mesmo quando elas parecem intransponíveis.

Assinale a alternativa correta: E- I, II, IV

Vamos iniciar nosso tema com a definição de Tavares (2003) sobre a imagem corporal:

A imagem corporal é a maneira pela qual nosso corpo aparece para nós mesmos. É a representação mental do nosso próprio corpo. A abordagem da imagem corporal incrementa a convergência de intervenções motoras e psíquicas na busca do desenvolvimento da pessoa. A questão central se refere ao cerne da identidade do ser humano (Tavares, 2003, p.27).

            Toda identidade pessoal é construída em consonância com a imagem corporal e que abarca tudo aquilo que a pessoa sente e percebe de si mesma

            Para melhor compreensão entre a autoimagem e a imagem corporal, citamos Silva (2002) que escreve que a autoimagem é o que pensamos de nós mesmos e parte importante dela é nossa imagem corporal (p.74).

            Quando nos referimos a imagem corporal estamos objetivamente discorrendo sobre o corpo físico e é sobre este corpo que a autoimagem é construída e consequentemente, a imagem corporal.

            Podemos observar, por exemplo, que nem sempre a imagem refletida no espelho é percebida da mesma maneira pela pessoa que se encontra em frente dele. Casos como este são considerados como distorções da autoimagem. O exemplo clássico deste tipo de distorção é das pessoas com anorexia nervosa.

            Estar bem consigo mesma, ter uma relação saudável com o próprio corpo é a essência para uma vida com equilíbrio.

A relação do sujeito com seu corpo é tão importante que Tavares (2003) escreve:

Percebemos o mundo e nós mesmos com nosso corpo. Nosso corpo carrega a memória de nossa existência. Cada memória representa uma história de relação com o mundo. Cada memória pode ser revivida, implicando uma pequena mudança em nosso corpo. Percebemos com esse mesmo corpo que se mostra aos outros. Ora nosso foco de percepção está no nosso corpo, ora está no mundo externo. E esse movimento de expansão e recolhimento é dimensionado pela nossa imagem corporal (Tavares, 2003, p.23).

            Todo corpo carrega em si a história de uma existência. No percurso do desenvolvimento humano e na própria trajetória da existência, são deixadas inscritas no corpo as suas marcas.

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            Quanto maior forem os estímulos e as possibilidades de novas experiências do recém-nascido durante sua trajetória de vida, mais completa será a formação do esquema corporal. Pois, as experiências corporais que definem a imagem corporal contribuem para a modelação de um esquema que refletirá na adolescência e na vida adulta.

     Sobre a imagem corporal, de acordo com diversos autores, a fase da adolescência é considerada como o período mais crítico para a formação da imagem corporal. As transformações corporais nessa fase ocorrem de maneira muito rápida e na maior parte das vezes a maturidade psicológica e a mental não acompanham as mudanças físicas.

A autoestima:

            Beraquet, Areias et al trazem a seguinte definição:

Auto-estima é o sentimento que a pessoa tem sobre si mesmo como um todo. A auto-estima é uma experiência íntima, é o que o sujeito pensa e sente sobre si mesmo, portanto se define como a auto-avaliação das características do indivíduo (MALLE, 1999). Para BROCKNER (1988), a auto-estima é definida como a auto avaliação favorável das características individuais. O autor formulou a hipótese de que pessoas com baixa auto-estima são mais vulneráveis aos eventos adversos do que pessoas com nível elevado de auto-estima (Beraquet, Areias et al, 2004, p.107).

            Podemos entender a partir da citação das autoras, que há em todas as pessoas, um potencial favorável ou não para o desenvolvimento da autoestima, tendo em vista que a relação que a pessoa tem consigo mesma pode ser de amor e afeto ou de desprezo e desprazer.

            Podemos afirmar que pessoas com baixa autoestima são aquelas que apresentam maior dificuldade no relacionamento interpessoal. A crença na vida e no sucesso pessoal são metas inalcançáveis para esse tipo de pessoa, pois o sentimento que os move é o de inferioridade, tanto com relação às pessoas como consigo mesmo.

            Todo profissional deve estar atento a pessoas que apresentam as características de baixa autoestima, afinal, recuperar-se pode representar algo que não condiz com o seu “merecimento”.

            Desta forma, o tratamento pode arrastar-se por muito tempo e dificilmente será sentido como uma melhora significativa.

CONTEÚDO 5:

1) Leia com atenção as afirmativa:

 

I- Personalidade corresponde ao conjunto de características de uma pessoa, abrangendo todos os seus aspectos, como os sentimentos, o comportamento e os pensamentos, fazendo o sujeito ser único e singular.

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II- Personalidade é o conjunto de característica de um grupo que gradativamente vai refletindo nas pessoas fazendo com que cada um se comporte conforme o grupo deseja.III- O estudo da personalidade se dá através de diferentes concepções de pesquisadores e estudiosos.IV- A psicologia da personalidade, realiza seus estudos científicos sobre as forças psicológicas que tornam as pessoas únicas. 

Assinale a alternativa correta: C-I, III, IV

2)  Sobre o desenvolvimento da personalidade, leia com atenção as características descritas na coluna a esquerda e encontre seu correspondente posto à direita: 

1. Aspectos inconscientes A. A espécie humana vem evoluindo há milhões de anos e ainda assim, cada um de nós é um sistema biológico único;

2.Biológico B. Induz a ponderar sobre o significado de sua existência.

3.Dimensão cognitiva C. Cada um de nós tem determinadas capacidades e inclinações;

4.Dimensão espiritual D. Forças que não estão na consciência imediata.

5.Habilidade e predisposição E. As pessoas pensam e interpretam ativamente o mundo a seu redor.

 

Assinale a alternativa correta: B- 1D; 2A; 3E; 4B; 5C

3) Sobre as teorias da personalidade e seus representantes, podemos afirmar que a Teoria da Aprendizagem afirma que: D- Seus autores encontram as raízes da personalidade nos modos como as pessoas pensam o ambiente, agem sobre ele e reagem a ele.

4) Pioneiro no trabalho sobre a influência do apego na formação da personalidade, _________________________________ médico inglês considerava que todo o comportamento de vínculo tem valor de sobrevivência para todas as espécies, não apenas para o ser humano.

Complete a lacuna da frase acima assinalando a alternativa correta: A- John Bowlby

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5) O ____________________________se desenvolve gradualmente, resultando no desejo do bebê de estar com uma pessoa preferida, que é percebida com mais forte, mais sábia e capaz de reduzir a ansiedade ou a perturbação. O ______________________________ diz respeito aos sentimentos da mãe para com seu bebê. As mães, em grande parte, não precisam de seus bebês como fonte de segurança, como no caso do comportamento de ________________________________.

 

Complete as lacunas das afirmativas acima, assinalando a alternativa correta: C- apego; vínculo; apego

6) Podemos entender ambivalência como: E- Estado emocional em que a pessoa é atraída para direções psicológicas opostas.

7) O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) DSM-IV-TR agrupa os transtornos de personalidade em três classes sendo elas:

 Relacione a coluna da esquerda com a da direita de acordo com as características corretamente descritas: 

1. Grupo A A. Inclui os transtornos da personalidade esquiva depende, dependente e obsessivo-compulsiva e uma categoria denominada transtornos de personalidade sem outra especificação

2. Grupo B B. Cobre os transtornos de personalidade paranóide, esquizoide e esquizotípica; os indivíduos com tais condições costumam ser percebidos como estranhos e excêntricos.

3. Grupo C C. É formado pelos transtornos da personalidade anti-social, borderline, histriônica e narcisista; os indivíduos incluídos nesta categoria parecem dramáticos, emocionais e erráticos.

 

Assinale a alternativa correta: D- 1B; 2C; 3A

8) Leia com atenção as características de transtorno de personalidade conforme descrição do DSM-IV:

É diagnosticado em pacientes que exibem um padrão de reclusão social por toda a vida. Seu desconforto com as interações humanas, sua introversão e seu afeto embotado e restrito são notáveis. Os indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide costumam ser vistos como excêntricos, isolados e solitários. 

Tais características são encontradas no transtorno de personalidade conhecida como: B-Transtorno da personalidade esquizoide

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9) Indivíduos com transtorno da personalidade ________________________________ subordinam suas próprias necessidades às dos outros, conseguem que outros assumam responsabilidades pelas áreas principais de suas vidas, têm falta de autoconfiança e podem experimentar desconforto extremo quando sozinhos por mais que um breve período de tempo.

 

Assinale a alternativa que preenche corretamente a frase acima: A- dependente

 

Personalidade é uma palavra de origem latina, cujo significado é persona, e que está na raiz de ressoar; portanto, persona significa “soar através de”.            O estudo da personalidade se dá através de diferentes concepções de pesquisadores e estudiosos que se debruçaram na investigação da personalidade.            Friedman e Schustack (2007) comentam que a psicologia da personalidade, realiza seus estudos científicos sobre as forças psicológicas que tornam as pessoas únicas.            Abaixo as principais teorias da personalidade e seus representantes, conforme descrito por Morris e Maisto (2004, p.343): 

·         Teoria psicodinâmica – consideram que as origens da personalidade estão nas motivações e nos conflitos inconscientes, frequentemente, sexuais (Morris e Maisto, 2004, p.343). Seu principal representante foi Freud (1856-1939) que afirmava que o desenvolvimento da personalidade tem sua base principal na satisfação dos instintos sexuais, que ele denominou como libido. Alguns representantes desta teoria são: Carl Jung (1875-1961), Alfred Adler (1870-1937), Karen Horney (1885-1952); Erik Erickson (1902-1994).

·         Teoria humanista – Seus autores concentram-se nas motivações positivas para o crescimento e na realização do potencial na formação da personalidade (Morris e Maisto, 2004, p.343). Carl Rogers (1902-1987) defendia que todo ser humano desenvolve sua personalidade, a serviço de objetivos positivos.

·         Teoria de traços – categorizam as personalidades e afirmam que as pessoas diferem de acordo com o grau que têm de determinado traço de personalidade. Gordon Allport (1897-1967) afirmava que esses traços são codificados no sistema nervoso central como estruturas que guiam o comportamento. 

·         Teoria da aprendizagem -cognitivo-social – encontram as raízes da personalidade nos modos como as pessoas pensam o ambiente, agem sobre ele e reagem a ele, ou seja, todo comportamento está baseado na interação do sujeito a partir da sua cognição (como ele pensa uma situação), as experiência passadas e de aprendizagem e do ambiente imediato. Para Albert Bandura as pessoas avaliam uma determinada situação a partir de expectativas internas e são essas expectativas que influenciam o comportamento. 

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A importância dos vínculos afetivos na formação da personalidade 

            De acordo com estudiosos, para que haja um vínculo positivo da pessoa com o mundo, é necessário que suas primeiras relações com o meio tenham sido desenvolvidas em uma base segura, que fará com que a criança sinta que mundo é um lugar confiável. Nesse sentido, é fundamental o estudo da teoria do apego que tem seu campo de pesquisa nessas relações.            Pioneiro no trabalho sobre a influência do apego na formação da personalidade, John Bowlby (1907-1990) médico inglês considerava que todo o comportamento de vínculo tem valor de sobrevivência para todas as espécies, não apenas para o ser humano.Sobre o apego, Sadock e Sadock (2007) explicam: O apego se desenvolve gradualmente, resultando no desejo do bebê de estar com uma pessoa preferida, que é percebida com mais forte, mais sábia e capaz de reduzir a ansiedade ou a perturbação. Assim, essa condição proporciona sentimentos e segurança. O processo é facilitado pela interação entre a mãe e o bebê. A quantidade de tempo que passam juntos é menos importante do que a quantidade de atividade entre os dois. (Sadock e Sadock, 2007, p.164). 

            A respeito do vínculo, os autores escrevem: O termo vínculo às vezes é usado como sinônimo de apego, mas os dois são fenômenos diferentes. O vínculo diz respeito aos sentimentos da mãe para com seu bebê. As mães, em grande parte, não precisam de seus bebês como fonte de segurança, como no caso do comportamento de apego. Muitas pesquisas revelam que o vínculo ocorre quando há contato de pele entre os dois ou quando outros tipos de contato são feitos, como pela voz ou pelo olhar. Alguns pesquisadores concluíram que a mãe que tem contato de pele com seu bebê imediatamente após o nascimento apresenta um padrão de vínculo mais forte e pode proporcionar um cuidado com mais atenção do que aquela que não teve essa experiência (Sadock e Sadock, 2007, p.164).                       Concluímos que para que a pessoa desenvolva uma personalidade saudável, é necessário que exista uma pessoa, não necessariamente a mãe biológica, mas alguém que sirva de apoio oferecendo apoio e confiança desde o seu nascimento.            Mas para que o desenvolvimento ocorra da maneira como explicam os autores, existem algumas etapas que devem ser vencidas pelo bebê na sua relação com a mãe ou cuidador. 

A importância da regulação da ambivalência na formação da personalidade 

            Para tratarmos do tema sobre a ambivalência e sua importância para a formação da personalidade, vamos entender o que significa ambivalência.       Cabral e Nick (2006) escrevem: 

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Estado emocional em que a pessoa atraída para direções psicológicas opostas (afirmação-negação, aceitação-rejeição, amor-ódio), gerando um estado de impasse mental. Escreve H. Guntrip: “A ambivalência é vida emocional de via dupla, caracterizada pelo amor e ódio simultâneos, que entram em conflito logo que a pessoa se envolve em situação emocional concreta. Constitui a base da depressão clássica. A culpa psicopatológica, por se odiar alguém a quem também se ama, converte o ódio pelo objeto em ódio pelo eu, até que toda a energia parece ficar absorvida na autotortura e a personalidade parece mergulhar em estado paralisante, no que diz respeito a suas atividades externas.” Sin.: Bipolaridade Psicológica (Cabral e Nick, 2006, p.18). 

            A alternância entre um estado emocional e outro caracterizam a ambivalência, pois conforme o desenvolvimento humano ocorre, diversos sentimentos se alternando na relação que a pessoa estabelece nas suas inter-relações.            Desde o início da vida da criança, a maturação anatômica, fisiológica e neurológica, somados ao desenvolvimento psicológico, vão construindo a formação da personalidade. Nesse percurso, é natural que a criança sinta prazer com a presença da mãe ou substituta, mas, conforme ela vai se desenvolvendo, há naturalmente um distanciamento físico da mãe, por volta do primeiro e segundo ano de vida.            Neste momento irão ocorrer sentimentos de medo e insegurança pela figura perdida, a criança normalmente chora, mas se há houver vínculo seguro a criança irá gradativamente percebendo que mãe estará de volta depois de algum tempo. Em situações como esta os sentimentos se alternam, mas o que deve prevalecer para a confiança.            Diante de situações de frustrações também podemos observar que os sentimentos se alternam, num misto de desejo e repulsa, amor e ódio, prazer e desprazer. Todas essas experiências provocam emoções e para a criança ainda em desenvolvimento será de fundamental importância aquilo que ela introjetar dentro de si. É necessário avaliar quais os sentimentos que irão prevalecer. 

Distúrbios graves de personalidade 

            Os critérios que estabelecem os critérios que irão determinar o diagnóstico dos transtornos de personalidade estão descritos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) DSM-IV-TR, elaborado pelos psiquiatras da Associação de Psiquiatria Norte-americana.            O DSM-IV-TR agrupa os transtornos de personalidade em três classes: O Grupo A cobre os transtornos de personalidade paranóide, esquizoide e esquizotípica; os indivíduos com tais condições costumam ser percebidos como estranhos e excêntricos. O Grupo B é formado pelos transtornos da personalidade anti-social, borderline, histriônica e narcisista; os indivíduos incluídos nesta categoria parecem dramáticos, emocionais e erráticos. O grupo C inclui os transtornos da personalidade esquiva depende,

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dependente e obsessivo-compulsiva e uma categoria denominada transtornos de personalidade sem outra especificação (como o da personalidade passivo-agressiva e o da personalidade depressiva); nesses casos, os pacientes parecem ansiosos e medrosos. Vários indivíduos exibem traços que não são limitados a um único transtorno de personalidade. Quando não são satisfeitos os critérios para mais de um, os clínicos devem diagnosticar cada condição (Sadock e Sadock, 2007, p.853)    

Com base no DSM-IV-TR, Sadock e Sadock (2007, p.856-870), apresentam as características dos transtornos de personalidade que passamos a transcrever: 

·         Transtorno da personalidade paranóide – se caracterizam por suspeita e desconfiança, persistentes das pessoas em geral. Recusam responsabilidades por seus próprios sentimentos e atribuem-na aos outros. Costumam ser hostis, irritáveis e raivosos. Fanáticos, coletores de injustiças, cônjuges patologicamente ciumentos e maníacos litigantes muitas vezes têm essa condição.

·         Transtorno da personalidade esquizoide – é diagnosticado em pacientes que exibem um padrão de reclusão social por toda a vida. Seu desconforto com as interações humanas, sua introversão e seu afeto embotado e restrito são notáveis. Os indivíduos com transtorno da personalidade esquizoide costumam ser vistos como excêntricos, isolados e solitários.

·         Transtorno da personalidade esquizotípica – os pacientes com esta condição são notavelmente esquisitos ou estranhos, mesmo para pessoas leigas. Pensamento mágico, noções peculiares, ideias de referência, ilusões e desrealização são parte do seu mundo.

·         Transtorno da personalidade anti-social – trata-se de uma incapacidade de se adaptar às normas sociais que ordinariamente governam vários aspectos do comportamento do indivíduo adolescente e adulto. Embora caracterizado por atos anti-sociais e criminosos de forma contínua, o transtorno não é sinônimo de criminalidade (a décima revisão da Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-10) utiliza o nome transtorno de personalidade dissocial).

·         Transtorno da personalidade Borderline – paciente com tal condição se situam no limite entre a neurose e a psicose e se caracterizam por afetos, humor, comportamento, relações objetais e auto-imagem extraordinariamente instáveis. O transtorno tem sido denominado também esquizofrenia ambulatória, personalidade como se (descrita por Helene Deutsch), esquizofrenia pseudoneurótica (descrita por Paul Hoch e Phillip Politan) e transtorno psicótico do caráter (descrito por John Frosch). A CID-10 utiliza o termo transtorno da personalidade emocionalmente instável.

·         Transtorno da personalidade histriônica – as pessoas com transtorno da personalidade histriônica são excitáveis e emocionais e se comportam de forma colorida, dramática e extrovertida. Acompanhando seus aspectos bombásticos, contudo, por vezes há uma incapacidade da manutenção de relacionamentos profundos e duradouros.

·         Transtorno da personalidade esquiva – as pessoas com este transtorno exibem uma sensibilidade excessiva à rejeição e podem levar uma vida socialmente reclusa. Embora tímidas, não são associais e mostram um grande desejo de companhia, mas necessita de garantias muito fortes de aceitação sem críticas. Em geral, são descritas como tendo um complexo de

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inferioridade. (A CID-10 utiliza o termo transtorno da personalidade ansiosa).

·         Transtorno da personalidade dependente – indivíduos com transtorno da personalidade dependente subordinam suas próprias necessidades às dos outros, conseguem que outros assumam responsabilidades pelas áreas principais de suas vidas, têm falta de autoconfiança e podem experimentar desconforto extremo quando sozinhos por mais que um breve período de tempo. O transtorno tem sido denominado personalidade passivo-dependente. Freud descreveu uma dimensão oral-dependente da personalidade caracterizada por dependência, pessimismo, medo da sexualidade, dúvida a cerca de si próprio, passividade, sugestionabilidade e falta de perseverança. Tal definição é similar à categorização do transtorno da personalidade dependente apresentada pelo DSM-IV-TR.

·         Transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva – caracteriza-se por restrição emocional, tendência à ordem, perseverança, teimosia e indecisão. A manifestação essencial do transtorno é um padrão global de perfeccionismo e inflexibilidade. A CID-10 utiliza o nome transtorno da personalidade anancástica.

·         Transtorno da personalidade sem outra especificação – no DSM-IV-TR, a categoria transtorno sem outra especificação é reservada para transtornos que não se enquadram em nenhum dos tipos descritos anteriormente. O transtorno de personalidade passivo-agressiva e transtorno da personalidade depressiva são exemplos. Um espectro estreito de comportamento ou um traço particular – como oposicionismo, sadismo ou masoquismo – também podem ser classificados nesta categoria. Um paciente com manifestações de mais de um transtorno da personalidade, mas sem critérios plenos de qualquer um deles pode ser designado com essa classificação. 

            A partir das descrições apresentadas é importante considerar que cada uma das características dos transtornos da personalidade são uma referência para o diagnóstico da psicopatologia apresentada, sendo muito importante uma avaliação criteriosa para se estabelecer o diagnóstico.            Tão importante quanto a avaliação da pessoa, é também o cuidado com a família, pois toda doença, tanto física como psíquica afeta também o ambiente onde a pessoa vive.