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Psicologia Aplicada Ao Direito Com Imagens

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Page 1: Psicologia Aplicada Ao Direito Com Imagens

Psicologia Aplicada ao Direito de Família

Raquel da Silva SilveiraRaquel da Silva Silveira

Psicóloga (UNISINOS)

Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS) Atribuições junto ao Curso de Direito do Centro Universitário Ritter dos Reis –

UNIRITTER: Professora da disciplina de Psicologia Aplicada ao Direito;

Supervisora do estágio de Psicologia; Coordenadora do Núcleo de Prática Jurídica de Mediação (SAJUIR);

Coordenadora do Núcleo de Extensão Universitária de Relações Comunitárias: atuações em bairros de periferia (Restinga e Cruzeiro);

Integrante do Grupo de Pesquisa Direitos Humanos e Fundamentais:Eficácia e Fundamentação – Pesquisa:

“ A Lei Maria da Penha e seus efeitos nos modos de subjetivação contemporâneos”.

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Reflexões iniciais sobre as relações entre Psicologia eDireito de Família

“O Direito de Família e os operadores deste sistema,

exatamenteexatamente, porque adentram no universo íntimo das pessoas, não podem ignorar que a subjetividade

permeia praticamente todas as suas questões. Com efeito, quando os conflitos são familiares, existem muitas insignificâncias cheias de

significado e, por isto, o que se diz soa tão importante quanto como se

diz.”

ESTROUGO, Mônica Guazzelli. Direito de Família: Quando a Família vai ao Tribunal. IN: ZIMERMAN, David e COLTRO, Antônio Carlos. Aspectos Psicológicos na Prática Jurídica.Campinas: Millennium, 2002, p. 204. Obs.: palavras em itálico são de Luiz Edson Fachin, do livro Elementos críticos do Direito de Família, Rio de Janeiro: Renovar, 1999.

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“Por isso já se disse – e nunca é demais repetir – que aquilo que se vê nas Varas de Família é tristeza, silêncio e ódio. E o drama humano, certamente, não pode ser resolvido com a aplicação pura e simples da letra fria da lei, porque sempre remonta a uma disfunção de ordem existencial, de origem psíquica ou mental capaz de produzir alterações no comportamento, comprometendo todo o grupo familiar”.

LEITE, Eduardo de Oliveira. A Psicanálise e o Advogado (Familiarista). IN: ZIMERMAN, David e COLTRO, Antônio Carlos. Aspectos Psicológicos na Prática Jurídica.Campinas: Millennium, 2002, p. 321. Obs.: palavras em itálico são de Antônio Cezar Peluso. “O menor na separação”. In: Repertório de Jurisprudência e Doutrina sobre Direito de família. Vol. 1, p. 30.

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FAMÍLIA ENQUANTO PROCESSO PSÍQUICO

Instituição social Funções: de pertencimento (sobrenome, gerações);

de individuação (construção do ap. psíquico)

Construída por vínculos inconscientes (projeções, expectativas e frustrações)

Page 5: Psicologia Aplicada Ao Direito Com Imagens

Sistema aberto, em permanente trocas com o meio, em que cada um dos seus membros exerce determinada função, alimentados e retroalimentados permanentemente entre si, configurando uma estrutura relacional. Quando qualquer movimento implica a

mudança de uma das peças deste sistema, gera-se um desequilíbrio que busca um novo equilíbrio. 

FAMÍLIA

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C R I S E - C R I E

“evolutiva” e acidental

pode funcionar como: adubo de crescimento/ fertilizador da vida

ou

geradora de rupturas

Page 8: Psicologia Aplicada Ao Direito Com Imagens

Funções primordiais dos vínculos de parentalidade(paralelo conceitual ao Poder Familiar)

O psicanalista Jacques Lacan criou os conceitos abaixo para explicitar a importância dessas funções na constituição da criança, que podem ser exercidas por homens ou mulheres, ou por apenas um dos cuidadores, desvinculando das questões puramente biológicas.

função materna: ter a sensibilidade para decodificar e suprir as necessidades do bebê, na sua “linguagem”;capacidade de continência das angústias, necessidades, desejos e demandas que a criança projeta, sem se deprimir ou revidar exageradamente;frustrar adequadamente (mãe suficientemente boa – Winnicott)  

função paterna:autoridade que coloca limites, normas e leis;evita a simbiose exagerada mâe/bebê;ser o terceiro na relação dual, pois esta é da ordem da completude total e de um objeto. É no espaço entre dois que o sujeito pode emergir.

Page 9: Psicologia Aplicada Ao Direito Com Imagens

Interfaces entre o Princípio do Superior Interesse da Criança e do Adolescente e a

vulnerabilidade absoluta que constitui o ser humano

O ser humano é o ser para o qual o mundo, tal como está, não basta. Isto decorre do fato de que ele nasce prematurado e, portanto, incompleto e, em conseqüência, incompatível com o meio-em-torno que o rodeia. O ser humano, ao nascer, em virtude da prematuração, sofre um corte para cujo preenchimento ele não tem equipamentos. (...)

Hélio Pellegrino no texto Édipo e A Paixão

Page 10: Psicologia Aplicada Ao Direito Com Imagens

O ser humano é, por definição, e em sua essência, impertinente. Nascido, faz uma experiência aguda de derrelição (abandono, desamparo). Ele é jogado no mundo, atirado a um meio que não lhe serve de chão, por faltar-lhe as cordoalhas instintivas pelas quais poderia tecer-se no tapete cósmico, fazendo parte de tudo. Nascimento é exílio amargo, crispação de angústia no corpo, auge de um despedaçamento que vulnera a carnalidade íntima do infante. Ele se vê marcado, no centro de sua experiência biológico-existencial, por um impasse originário que se constitui pelo esbarro formidável do corpo nascido com uma muralha impenetrável, incognoscível, nadificante, da qual não salta, de início, nenhuma resposta que corresponda de maneira plena a uma demanda instintiva pré-formada, capaz, portanto, de significar o mundo, tornando-o decifrável.

Crispar: encrespar, franzir, contrair, encolher, contrair-se espasmodicamente

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As tramas entre Sujeito do Desejo e Sujeito do Direito

“O direito inscreve o ser humano na ordem da filiação, segundo modalidades particulares e próprias a cada cultura. Cada criança é falada por antecedência, bem antes de seu nascimento, não somente como nos provam os tratamentos analíticos, no desejo e nos discursos de seus pais e ascendentes, mas também pelas leis determinantes de sua filiação e de sua nominação. O NOME institui um sujeito no conjunto social ordenado segundo regras, “arranjos arbitrários muito trabalhados” ao longo dos séculos. A criança humana não é o produto da carne de seus progenitores, nem mesmo de seu desejo de filhos, ou de proezas biotecnológicas desenvolvidas nos procedimentos medicais de procriação assistida. Ele é instituído como tal – criança, filho de... filha de... – pelo Direito. O ser humano – a menos que se aceite uma “concepção açougueira” e mortífera da filiação – é submetido ao primado do simbólico, às leis genealógicas”.

MOUGIN-LEMERLE, Régine. Sujeito do Direito, Sujeito do Desejo. In: ALTOÉ, Sônia. Sujeito do Direito, Sujeito do Desejo – Direito e Psicanálise. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.

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CICLO VITAL DA FAMÍLIA

1. Etapa da formação da Díade Fundadora2. Etapa da nutrição3. Etapa da proteção4. Etapa da educação5. Etapa da socialização6. Etapa da integração no mercado de

trabalho7. Etapa da separação e emancipação8. Etapa da formação de Novas Díades9. Etapa da reacomodação da Díade

Fundadora ou Síndrome do Ninho Vazio

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Dissolução da Relação Conjugal

• A Separação é um ritual ao contrário• Os “casamentos” atuais prometem amor,

companheirismo, segurança e sexo, quando isso não acontece na plenitude, as pessoas se sentem frustradas e prontas para procurarem um/a novo/a parceiro/a.

• Amor Líquido – Zygmunt Bauman• Sociedade de Consumo – impactos de efemeridade,

velocidade e descartabilidade dos objetos, inclusive os amorosos (Jurandir Freire Costa)

• Càrdenas – bom divórcio e divórcio destrutivo

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Ciclo do Divórcio

• Etapa da pré-ruptura• Etapa da ruptura• Etapa da família

uniconvivente/uniparental• Etapa de novos

relacionamentos (namoros)• Etapa de constituição de

novas famílias• Etapa da emancipação total

dos filhos e conseqüente separação definitiva das relações de co-parentalidade

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TEMAS COMPLEXOS DO DIREITO DE FAMÍLIA

• GUARDA

• VISITAS (DIREITO DE CONVIVÊNCIA)

• ALIMENTOS

• INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE E DNA

• ADOÇÃO

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Relações de Gênero e Violência Doméstica

A categoria gênero é entendida como um conjunto de arranjos pelos quais a sociedade transforma a sexualidade biológica em produtos da atividade humana e no qual estas necessidades sexuais são satisfeitas. Gênero é um modo primordial de significar relações de poder. A partir desse conceito formulado por Gayle Rubin em 1975, a categoria gênero passou a ser amplamente utilizada nos estudos sobre mulheres, representando uma recusa ao essencialismo biológico e à imutabilidade implícita no velho aforisma: a anatomia é o destino. O conceito de gênero envolve quatro dimensões: o aspecto relacional; as representações sociais do que é ser homem e ser mulher, a dimensão normativa que estabelece interpretações dos significados dos símbolos e, em último lugar, a identidade subjetiva .

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Ciclo da Violência Doméstica

Fase I – Acumulação da Tensão

Fase II – Explosão

Fase III – Lua de Mel