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Psicologia Aplicada Prof. Dr. Antônio Fernando Gomes Alves Aula 1 – O que é a psicologia?

Psicologia Aplicada - Aula 1

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Psicologia Aplicada Prof. Dr. Antônio Fernando Gomes Alves

Aula 1 – O que é a psicologia?

Por que preciso estudar psicologia em administração?

A ciência é a forma moderna e avançada de pensar o mundo e as relações humanas;

A base dos elementos que compõem o pensamento da modernidade está o racionalismo científico, ou seja, a razão como premissa do pensamento;

Então a psicologia aparece como um conjunto de pensamentos/modelos mentais que tem o humano como sua preocupação central.

• Psicologia é uma ciência que tem como objetivo a subjetividade.

• A subjetividade representa uma perspectiva singular e individual que cada um vai constituindo em sua trajetória histórica de vida.

• O sujeito e o mundo se constituem no mesmo processo, mas sem que sejam a mesma coisa. Portanto, a subjetividade é um dos âmbitos da realidade.

• Entender a subjetividade é buscar compreender e dar visibilidade ao processo de produção dos modos de ser e estar no mundo.

• Assim as pessoas reconhecem a realidade mediante o reconhecimento de que o sujeito faz parte da realidade.

• Estudo de psicologia aplicada em administração diz respeito as relações humanas nas organizações;

• Diz respeito a compreender o pensamento e as atitudes entre os colegas;

• Como as ações de cada um são subjetivas, devemos minimizar as individualidades e construir uma coletividade (Eu Nós);

• Melhorar o ambiente de trabalho na identificação e formação de equipes;

• Melhorar a relação entre líderes/gerentes e funcionários;

• Atingir resultados comuns.

Os seres humanos vivem em contínua e progressiva interação social. A realidade se constrói a partir dos sentidos e significados que os seres humanos atribuem às ações que os cercam no mundo, ações que se intensificam em busca de objetividade para compreender e interpretar sua existência, que compõem sua visão do mundo – Weltanschauung -, seu modo de interpretá-lo (BERGER e LUCKMANN, 2009).

Observam Berger e Luckmann (2009, p. 35) que “a vida cotidiana apresenta-se como uma realidade interpretada pelos homens e subjetivamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente”, ou, muitas vezes, incoerente na medida em que as interpretações de cada indivíduo são dotadas de significados imersos na subjetividade humana, cabendo interpretações e percepções diferenciadas pelos sujeitos.

Na filosofia de Hussel, essa tentativa de compreender o ente constituiu o fundamento da sociologia, antropologia e psicologia para desvendar as relações que estruturam o ser humano, levando em consideração a forma e o desenvolvimento da consciência.

O entendimento torna-se central à medida que o ser humano interage com o mundo material, mais especificamente a partir das contribuições trazidas pelo materialismo histórico-dialético. O caminho desde então revelou a complexidade das relações humanas em desemaranhar as relações sociais.

O modelo mental que rege as leis que ordenam a criação do está carregado de valores e crenças que permitem novas ideias. Compreender os desdobramentos econômicos e sociais no decorrer da história da humanidade requer entender a construção do pensamento humano mediante os preceitos ideológicos que controlam e moldam a sociedade.

Desnecessário ressaltar que a ideologia é carregada de proposições, mas delimitá-la é uma tarefa quase impossível, uma vez que faz parte dos valores, crenças e atitudes dos indivíduos perante a sociedade. Imersa nesse caldo cultural, a ideologia está presente no cotidiano das relações humanas, assim como os princípios que regem as leis e regras do convívio social estão presentes no processo do avanço econômico.

Recuperando...O que é a ideologia?

A ideologia revela-se por meio da construção da consciência de uma relação social historicamente situada e com desdobramentos complexos no funcionamento da sociedade.

Parece que a busca por compreender a realidade social que organiza e classifica todos os seres humanos é cercada das “objetivações dos processos (e significações) subjetivas graças às quais é construído o mundo intersubjetivo”, como observam Berger e Luckmann (2009, p. 36).

Compreender a interação social como resultado das relações psicossociais a que se sujeitam os seres humanos à medida que convivem grupalmente, mediados pela constituição da consciência humana.

Aqui cabe pensar que papel exerce a consciência humana para o estudo da sociologia e antropologia? trataremos mais adiante.

[...] conhecer é pensar o que é: o conhecimento é uma certa relação – de conformidade, de semelhança, de adequação – entre o espírito e o mundo, entre o sujeito e o objeto. Assim, conhecemos nossos amigos, nosso bairro, nossa casa: o que temos no espírito, quando pensamos neles, corresponde mais ou menos ao que existe na realidade, André Comte-Sponville (2002, p. 55).

O que é conhecer?

Partilha constante do conhecimento pessoal e profissional acerca das vivências nos diversos espaços sociais, principalmente no mundo do trabalho, no qual decorre a maior parte do nosso dia a dia.

Interação Social

À guisa de uma cebola, que – ao se descascar – vai exibindo várias camadas, correspondentes às tramas sociais que envolvem as atividades humanas.

Como compreender a realidade?

Agir sem refletir criticamente impede a compreensão da realidade, da superposição de suas estruturas (ROSSLER, 2004, p.106-109), mas deter-se para examinar os aspectos do cotidiano – espontaneidade, probabilidade, economicismo, pragmatismo, ultrageneralização e entoação – pelo contrário, leva-nos a entender que é “inviável” a produção e reprodução da sua existência social sem considerar as especificidades da estrutura do desenvolvimento do pensamento no entendimento dos fatos cotidianos (HELLER, 2000).

Os seres humanos se formam em contínua e progressiva interação das relações sociais vividas no mundo e no trabalho, com a capacidade crítica percebida pelo uso da consciência humana.

Essa mesma realidade é construída a partir dos sentidos e significados que os seres humanos atribuem às ações que os cercam no mundo vivido pelo trabalho. Suas ações no mundo que os cercam são intensificadas pela busca da objetividade para compreender e interpretar a vida; o que caracteriza uma visão sobre o mundo, uma vez que o trabalhador forma-se em constante relação humana.

Explica Sandoval (1994, p. 59), “consciência é um conceito psicossociológico referente aos significados que os indivíduos atribuem às interações diárias e acontecimentos em suas vidas” num movimento histórico.

Camino (2011, p. 27), “a mente só pode conhecer através do corpo”, mediante a ação ao longo da evolução histórica.

Consciência Humana

Para entender o papel e a importância da consciência na constituição humana, cumpre remontar aos primeiros entendimentos elaborados pelos filósofos gregos.

Ainda sobre a consciência

A compreensão da consciência será condição de superação do pensamento do ser humano e o elevará em relação aos outros seres.

Heráclito (500 a. C) afirmava que era impossível a um homem banhar-se duas vezes no mesmo rio, pretendendo com isso ilustrar que o movimento e a expansão são contínuos no homem e no universo.

Reflexão que leva à gênese da consciência de si mesmo e do estar no mundo e à constatação de que não existem verdades fixas, somente “opiniões subjetivas, em constante mudança”, sustenta Rosenfeld, (2006, p 15).

Nossa existência não teria o menor sentido se não levássemos em conta sua relação básica com a natureza. Com efeito, ela não se constituiria existência especificamente humana se o ser humano não mantivesse, de forma continuada, suas relações com a natureza.

Inseparável de sua relação dialética entre o particular e o universal, o ser humano existe num contexto sócio-histórico, Lane (2002, p. 12),

[...] esta análise só estará completa se considerarmos o ser humano, ontogeneticamente, como um ser sócio-histórico, ou

seja, ele se desenvolveu através de ferramentas inventadas e de uma linguagem articulada a fim de transmitir a utilidade dessas

para os seus pares.

Leontiev escreve que,

[...] a realidade aparece ao homem na sua significação, mas de maneira particular. A significação mediatiza o reflexo do mundo pelo homem na medida em que ele tem consciência deste, isto é, na medida em que seu reflexo do mundo se apoia na experiência

da prática social e a integra (1978, p.101).

E sobre a realidade...

O mundo historicamente organizado se retroalimenta à medida que os instrumentos criados e utilizados na atividade humana não se ligam somente à objetivação na construção ou criação das coisas, mas potencializam a transformação das experiências articuladas na trama social das relações humanas, absorvendo e assimilando uma cultura de significações, elementos constituintes da consciência na experiência da humanidade (SILVA, 1986, p. 34), mediados pela cultura, linguagem e sujeitos.

Não obstante, a linguagem assume esse caráter socializador que permite aos seres humanos constituir sua condição terrena. Uma linguagem contextualizada e que, centrada na razão comunicativa admitiria mudanças nas condições sociais dos seres humanos.

Linguagem