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Psicologia da Linguagem Prof.: André Lopes [email protected]

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PROBLEMA: Quais são as necessidades que a criança tende a satisfazer quando fala?

• É um problema de psicologia funcional.

Linguagem Adulto Comunicação do pensamento (palavra)

Constatação (consciência)Transmite ordens ou desejos - causando sentimentos;

provocando atos

PROBLEMA 2: É certo que nos adultos a linguagem serve sempre para comunicar o pensamento?

•Piaget reconhece o pensamento em voz alta distinguindo-o da linguagem interior e afirmando que talvez esse fenômeno seja uma preparação para a linguagem social.

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NA FALA SOLITÁRIA a função da linguagem é desviada:• A pessoa experimenta prazer e excitação e se desvia da necessidade da linguagem (comunicação do pensamento).

PROBLEMA 3: Se a função da linguagem é somente a comunicação como explicar o fenômeno do verbalismo?

• Como explicar que as palavras, restritas pelo uso a significados precisos, pois são destinados a ser compreendidos, cheguem a disfarçar o pensamento, a criar a obscuridade por meio da multiplicação das entidades verbais, e até mesmo a impedir que o pensamento se torne comunicável?

•Conclusão: É impossível reduzir essas funções a uma função única: a de Comunicação do pensamento.

Assim, Piaget apresenta as diversas teorias que abordam o problema fundamental da linguagem:JANET – As primeiras palavras derivam de gritos que, no animal e mesmo no homem primitivo, acompanham a ação. As primeiras palavras são ordens

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FREUD – Como a palavra esta vinculada ao ato, a evocação das emoções e do conteúdo concreto pode ser evocado através das próprias palavras (fala – método catártico).

NEUMANN E STERN – Os primeiros substantivos da língua da criança não designam conceitos, mas ordens e desejos e supõe que a linguagem infantil primitiva desempenha funções muito mais complexas do que aparentam.

PIAGET:PERMANECEMOS BEM AFASTADOS DA IDÉIA DE QUE A LINGUAGEM DA CRIANÇA SERVE PARA TRANSMITIR SEU PENSAMENTO.

• •Piaget faz um experimento com duas crianças e assim estabelece o seu método:

Dois pesquisadores acompanharam cada um uma criança (menino) durante cerca de 1 mês, em uma escola, anotando minuciosamente tudo o que a criança disse e o contexto. O experimento visava o estudo da vida social e da linguagem da criança. A idade das crianças variava de 5 a 71/2

Nessa idade as crianças preferem o trabalho individual e solitário ao trabalho em grupo.

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PIAGET – Divide a linguagem das crianças observadas em dois grupos:

A. LINGUAGEM EGOCÊNTRICA: A criança fala sem se preocupar em saber a quem fala e se é escutada. Fala a si própria ou pelo prazer de associar não importa quem à sua ação imediata.Não fala a não ser de si mesma.Não se coloca do ponto de vista do interlocutor.Não sente a necessidade de agir sobre o interlocutor nem de lhe dizer verdadeiramente qualquer coisa

A Linguagem Egocêntrica pode ser dividida em:1.REPETIÇÃO – Repetição de sílabas ou palavras.

Entre os 6 e 7 anos a criança apenas repete a explicação que lhe foi dada e acredita que ela descobriu sozinha aquilo que apenas repeteECOLALIA – Tem o papel de um jogo: a criança sente prazer em repetir as palavras, pelo divertimento que lhe proporcionam e sem nenhuma adaptação a outrem, sem interlocutores.

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1. MONÓLOGO

A criança: fala sem se importar com o interlocutor, com a sua compreensão do que ela está dizendo. Supõe-se escutada, e isso é o que deseja. fala de si própria, como se pensasse em voz alta.

Para a criança a palavra é muito mais próxima da ação do que para os adultos. Portanto, Piaget tira duas consequências para a compreensão do monólogo infantil:a.A criança é obrigada a falar agindo, a acompanhar seus movimentos e seus brinquedos por gritos e palavras.b.Se a criança fala, para acompanhar sua ação, pode servir-se das palavras para produzir o que a ação não realizaria por si própria. Daí a FABULAÇÃO: cria uma realidade pela palavra.

Ainda tem grande importância em torno dos 6 -7 anosA palavra tem função de excitante. Não está voltada para a comunicação.Palavra é uma ordem à realidade

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1. MONÓLOGO

AUSÊNCIA DA FUNÇÃO SOCIAL DAS PALAVRAS. O monólogo desaparece progressivamente. É uma função infantil

e primitiva da linguagem

2. MONÓLOGO A DOIS OU COLETIVO

É a forma mais social das variações egocêntricas da linguagem.

Associa ao prazer de falar o de monologar diante dos outros e de atrair o interesse destes sobre sua ação e pensamento. Cada criança associa outrem à sua ação ou à sua pessoa

momentaneamente, sem se preocupar em ser ouvida ou compreendida, realmente. O interlocutor é somente um excitante.

Aqui a criança não consegue se fazer escutar pelo outro, pois não se dirige a eles. Ela fala alto diante de si mesma para os outros.

A única distinção em relação ao monólogo puro é o emprego do pronome na primeira pessoa do singular: EU. Emprega o pronome, mas não se preocupa com a comunicação com os outros.

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B. LINGUAGEM EGOCÊNTRICA: A Linguagem socializada se divide em:

3. INFORMAÇÃO ADAPTADA

A criança: se faz ouvir pelo interlocutor, agindo sobre ele (comunicando). fala do ponto de vista do interlocutor. tem a intenção de informar algo ao interlocutor.

A função da linguagem é comunicar o pensamento (não se trata mais de induzir a ação daquele que fala).

Dá origem aos diálogos. As perguntas e respostas são categorias da linguagem da

criança que têm por função comunicar o pensamento intelectual.

As informações de criança a criança são estáticas – não se referem às relações de causalidade.

Discussões entre crianças são de um tipo inferior – constituem o choque de afirmações contrárias, sem demonstrações explícitas.

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2. CRÍTICA Compreende todas as observações sobre o trabalho ou a

conduta de alguém, tendo o mesmo caráter da informação adaptada, isto é, que sejam especificadas em relação a dado interlocutor. Mas tais observações são mais afetivas que intelectuais, isto é, afirmam a superioridade do eu e diminuem os outros.

Diferença entre a crítica e a informação adaptada depende apenas do contexto. Na crítica envolvem os afetos.

Crítica e as Zombarias – Não visam a comunicação do pensamento, mas a satisfação de instintos não intelectuais, como: combatividade, amor próprio, concorrência, etc.

Aqui as frases são dirigidas a um interlocutor e agem sobre ele, como na informação adaptada, mas ensejam a competitividade e provocam réplicas ou disputas.

MONÓLOGO COLETIVO INFORMAÇÃO ADAPTADA

A criança fala de si sem colaboração do interlocutor

Fala de si com colaboração do interlocutor

Fala de com o interlocutor que fala outra coisa sobre o objeto sem manter qualquer relação com o que foi dito.

Dialoga: quando o interlocutor responde em relação ao objeto em questão, sem falar de outra coisa.

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3. AS ORDENS, AS SÚPLICAS E AS AMEAÇAS Ordens: Há a ação de uma criança sobre a outra. (Ex.:

Faça isso, aquilo). Ameaças: Também há a ação, mas com ameaça. (Ex: Não

faça, senão eu conto). Súplicas: São perguntas que não são expressas de forma

interrogativa. (Ex: Eu quero o pincel )

4. AS PERGUNTA e AS RESPOSTAS A criança exige uma resposta às suas perguntas. Assim, as

perguntas encontram-se dentro da linguagem socializada. (Crianças de 5 – 7,5 anos)

Entre 3-5 anos a criança pergunta e ela mesmo responde. Recusas e Aceitações – respostas dadas às ordens ou

súplicas. As questões não referem-se às causas, mas ao aspecto

estático da realidade.

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• A MEDIDA DO EGOCENTRISMO Proporção da linguagem egocêntrica (repetição, monólogo

e monólogo coletivo) em relação ao conjunto da linguagem espontânea (conjunto de sete categorias: informação adaptada, crítica , zombaria, ordens, súplicas, ameaças, perguntas).

Linguagem egocêntrica = Linguagem egocêntrica Linguagem espontânea

• CONCLUSÃO: As crianças até certa idade pensam e agem de maneira

mais egocêntrica do que os adultos. Trocam menos suas experiências intelectuais do que os

adultos. Falam mais entre si sobre o que fazem. Grande parte do que dizem não é dirigido a ninguém. A reflexão da criança não é íntima – antes de

aproximadamente 7 anos a criança não guarda os pensamentos. Diz tudo.

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• CONCLUSÃO: Criança diz tudo para si própria. Portanto, a palavra não socializa o pensamento, mas acompanha e reforça a atividade individual. Tudo o que a criança faz é acompanhado da fala. Não apresenta continência verbal, pois ignora a intimidade. Fala incessantemente, sem colocar o seu ponto de vista. Fala como se pensasse em voz alta. Afirma o tempo todo e não justifica. Tudo é expresso por alusões: ele, meu, dele. Não pensa nos outros e não se preocupa se está sendo compreendida – monólogo coletivo. A criança com menos de 7 anos pensa e fala de maneira egocêntrica, mesmo em sociedade enquanto o adulto pensa socialmente. Por que?

Ausência de vida social durável em crianças com menos de 7 anos. Verdadeira linguagem social da criança – brinquedo – é uma linguagem de gestos, movimentos, mímicas e palavras.

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• CONCLUSÃO: Até os 5 anos a criança só trabalha solitariamente. De 5 a 7,5 anos formam pequenos grupos de duas crianças. Entre 7 e 8 anos:

surge a necessidade de trabalhar em comum (idade em que Piaget acredita que a linguagem egocêntrica perde a importância). deve-se situar os estágios superiores da conversação propriamente dita entre crianças. as crianças começam a compreender-se nas explicações simplesmente faladas.

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• Pensamento Dirigido e Pensamento não dirigido

Pensamento Dirigido : É consciente: persegue objetivos que estão presentes no pensamento. É inteligente: adaptado à realidade e procura agir sobre ela. É suscetível de verdade e erro É comunicável pela linguagemObedece à lógica e às leis da experiência

Pensamento Não Dirigido: Pensamento autístico (Bleuler) É subconsciente: os objetivos visados ou os problemas que enfrenta não estão na consciência. Não é adaptado: à realidade externa , criando-se uma realidade imaginada ou sonhada. Tende a não estabelecer verdades: satisfaz seus desejos. É estritamente individual, sem ser comunicável pela linguagem.

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Pensamento Não Dirigido: Procede por imagens. Para comunicar os sentimentos que o dirigem recorre a procedimentos indiretos, por meio de símbolos e de mitos . Obedece a leis especiais que não as da experiência nem à lógica .

O pensamento dirigido (inteligente) – pois procede cada vez mais por conceitos, graças à linguagem que faz a ligação entre o pensamento e as palavras. Assim socializa-se gradativamente O pensamento autístico (individual) - continua ligado à representação por imagens, à atividade orgânica e aos movimentos.

ENTRE O PENSAMENTO AUTÍSTICO E O PENSAMENTO INTELIGENTE EXISTEM DIVERSAS VARIEDADES, DE ACORDO COM O GRAU DE COMUNICABILIDADE:

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Pensamento não comunicávelPensamento não dirigido Pensamento autísticoPensamento dirigido Pensamento

egocêntrico

Pensamento comunicávelPensamento mitológico

(Inteligência comunicada)

Lógica Egocêntrica x Lógica ComunicávelEgocêntrica Comunicável

+ intuitiva, - dedutiva + dedutiva, - intuitiva

Insiste pouco sobre as demonstrações

Procura provar ao outro

Raciocínio dirigido por experiências anteriores, sem explicitar a influência

Substitui a analogia pela dedução

Fundamenta-se nos esquemas visuais

Elimina os esquemas visuais

Maior influência dos julgamentos de valores pessoais

Elimina os julgamentos de valores pessoais

Não socializado

Socializado

Criança

Adulto

Relacionado ao imaginário, às analogias e aos símbolos

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Entre 7 e 11 anos a lógica egocêntrica não influencia mais a inteligência de percepção, mas reaparece inteiramente na inteligência verbal:

CONCLUSÃO DE QUE A COMUNICABILIDADE NÃO É PARA O PENSAMENTO, ATRIBUTOS OBTIDOS DO EXTERIOR, MAS TRAÇOS CONSTITUTIVOS QUE MODELAM PROFUNDAMENTE A ESTRUTURA DO RACIOCÍNIO.

O QUE É SOCIALIZADO PELA LINGUAGEM TOCA AS CATEGORIAS ESTÁTICAS DA LINGUAGEM