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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO: “A VEZ DO MESTRE” CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PSICOMOTRICIDADE PSICOMOTRICIDADE Como Está Sendo Usada Atualmente Andréa de Cássia Cota da Rocha RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001

PSICOMOTRICIDADE Como Está Sendo Usada Atualmente DE CASSIA COTA DA ROCHA.pdf · Começou a estudar balé com 7 para 8 anos de idade e com 13 já entrou para o Corpo de Baile do

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM

PSICOMOTRICIDADE

PSICOMOTRICIDADE Como Está Sendo Usada Atualmente

Andréa de Cássia Cota da Rocha

RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO: “A VEZ DO MESTRE”

CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATO SENSU EM

PSICOMOTRICIDADE

PSICOMOTRICIDADE Como Está Sendo Usada Atualmente

Andréa de Cássia Cota da Rocha

Monografia apresentada à Universidade Cândido Mendes Pós-Graduação como requisito da realização do Curso de Especialização “lato sensu” em Psicomotricidade sob orientação da Profª Maria Esther de Araújo Oliveira

RIO DE JANEIRO, DEZEMBRO DE 2001

RESUMO

O presente trabalho visa a comentar o que os especialistas têm compreendido e

realizado em Psicomotricidade: qual o proveito por eles tirado dessa ciência e o que os

professores de Educação Física têm criado para melhoria das condições motoras dos

iniciantes. Foi buscar depoimento de professores especializados em exercícios psicomotores,

psicólogos e pais sobre os benefícios de tal ciência, sobretudo em relação às crianças, sem

esquecer os adolescentes e até os idosos em atividades esportivas e/ou intelectuais.

Finalmente conclui que, apesar dos grandes esforços despendidos pelas personagens, a

Psicomotricidade, a nosso ver, ainda não obteve o crédito necessário para resgatar a

importância de funcionar como remédio de uma carência dos humanos na atualidade, por

causa do desconhecimento de alguns e descaso de outros.

SUMÁRIO

1 - Introdução.............................................................................................................. 1

2 - A Realidade Atual.................................................................................................. 2

3 - O Comandante Júlio............................................................................................... 4

4 - Uma Mestra consciente: A Profª Wilma................................................................ 5

5 - A Professora Bertha.............................................................................................. 6

6 - O Professor L. C. M. Fonseca............................................................................... 7

7 - A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional............................................... 9

8 - A Professora Cristina............................................................................................ 11

9 - Os Deficientes Visuais........................................................................................... 12

10- Conclusão............................................................................................................. 19

11 - Bibliografia........................................................................................................... 20

12 – Anexos................................................................................................................. 21

“0 homem global é formado por corpo, mente, espírito

e emoção.

Parece até coisa sabida, praticada, mas não é! Vive-se

parcialmente.

Alguns esquecem do corpo e vivem no templo da

mente e por ela buscam aproximar-se do espírito.

Mas o corpo esquecido cobra-lhes sustentação, o

bem-estar, a disposição, o ar fresco pleno nos

pulmões. Falta-lhes o sangue forte e vivo correndo

nas veias.

Então suas mentes agonizam e seus espíritos se

apagam como luz noturna do farol da vida.”

Nuno Cobra

Dedico a todos que fizerem deste trabalho seu instrumento de estudo

Agradecimentos

Ao meu constante companheiro Maurício, companheiro não só

literalmente no sentido da palavra, mas físico e emocionalmente,

que mesmo com seu silêncio incentivou e apoiou o meu

desenvolvimento e crescimento profissional e pessoal.

Ao meu filho, que mesmo na inocência dos seus oito anos,

soube compreender a necessidade de muitas vezes me

acompanhar as aulas por não ter com quem deixá-lo, e relevar os

momentos em que poupei-lhe de atenção para me dedicar a este

trabalho.

INTRODUÇÃO

O termo psico no grego já possuía o significado de alma, espírito e chegou à nossa

língua atual sem modificação semântica. A prova disso está nos dicionários modernos da

língua portuguesa, que o registram com duas grafias, mas significados semelhantes: psico do

grego psykle, é o elemento da composição, com o sentido de alma, espírito; e psique

.(segundo Jung), princípio de vida mental e emocional, atribuindo-lhe uma visão materialista.

Antes Freud já se havia valido do termo para desenvolver sua ciência a que deu o nome de

Psicanálise e nomeou-a como a ciência do inconsciente.

Mais tarde, (Dupre em 1920) utilizou-se do radical psico, adicionou-lhe a expressão

motricidade e deu nome à ciência que estamos estudando aqui, acrescentando-lhe nossa

contribuição com o elemento espiritual, porque entendemos que o homem é uma instituição

composta de corpo, espírito, mente e emoção

Neste trabalho foram reunidos depoimentos de professores combatentes que fizeram

interessantes revelações especialmente da professora Wilma e suas pesquisas, assim como do

professor Fonseca e a sua descrença na maneira como os clubes estão preparando atletas de

competição. Nesta pesquisa também há preocupação com a ocorrência de profissionais

desinteressados ou incompetentes, cujo descaso se reveste em prejuízos para os alunos, os

pais, a comunidade e a sociedade como um todo.

Em contrapartida, existem educadores, como o Professor Luís, da Academia Júlio

Veloso, o qual emprega as atividades psicomotoras nas suas aulas para crianças, adolescentes

e adultos, com entusiasmo e profissionalismo invulgares.

Para confirmar que o cuidado com a formação física, psíquica e social da pessoa

humana é dever da família, da escola, da sociedade e do Governo, é importante também citar a

Lei de Diretrizes e Bases em v igor – Lei nº 9.394 de 20/12/1996.

A REALIDADE ATUAL

Atualmente, as pessoas alfabetizadas possuem o consenso de que a educação é

complementada pela aprendizagem de uma língua estrangeira, ou de um instrumento musical,

ou da prática de um esporte. Por isso, colocam seus descendentes para aprender,

preferentemente, a língua inglesa, ou numa escola de música, sem uma avaliação prévia e,

principalmente, em relação ao esporte, matriculam-nos numa academia ou na escolinha de um

clube, sem noção de quem será o orientador dos futuros atletas. Esquecem-se de que para o

adulto atingir um nível pelo menos razoável nessas atividades, é necessário que a preparação,

em tese, comece na infância, seja orientada por bons profissionais e se prolongue por muito

tempo de prática.

Para que isso aconteça, os pais, os professores, os técnicos, os médicos, os psicólogos,

os fonoaudiólogos serão chamados, convocados a dar uma assistência, pelo menos velada, às

crianças envolvidas nesse mister.

Seria lógico que, nesse sentido, os "baixinhos" saídos das camadas mais humildes da

população não tivessem possibilidade de se transformar em bons músicos ou ótimos atletas.

Tal fato não ocorre com precisão porque as crianças pobres, para vencer as vicissitudes do

cotidiano, procuram o lazer fora de casa. O pião, a pipa, a amarelinha, a bola de gude, a pelada

e outros divertimentos são responsáveis por condicionar o corpo, dando-lhe os movimentos

psicomotores de que ele necessita.

Os comentários incluídos neste trabalho, à luz dos conceitos e descobertas dos

especialistas, têm o objetivo de testemunhar as informações aqui prestadas. Causa estranheza

que, entre os autores pesquisados, quase não se vê alusão a atividades paranormais. As

afirmações feitas por eles dizem respeito à generalidade; não dão a devida importância à

ligação corpo-espírito; entregam-se a lucubrações e teorias acadêmicas às vezes até ingênuas;

desprezando um princípio lógico de que, em relação aos terrícolas, há algo mais que o corpo

físico sobre a terra.

A propósito, a sabedoria popular explica essa sensação: As pessoas mesmo idosas

ainda não estão terminadas, elas estão sempre mudando ... até a hora da morte.

O COMANDANTE JÚLIO

Júlio Cardoso Fernandes Filho, aeronauta por convicção e profissão, infelizmente

aposentado, por isso atualmente acadêmico de Direito das Faculdades Unidas Benett ʊ para

manter-se em atividade intelectual e afastar a possibilidade de esclerose ʊ e tenista

habilidoso, confessa que foi uma criança sadia, à exceção das doenças compulsoras da

infância.

Com 76 anos considera-se saudável, inicialmente por motivos genéticos e depois por

ter sido comandante de aeronave, em vista de cuja função, exercida durante vários anos, era

obrigado a fazer uma dieta permanente e inspeção de saúde semestral. Declara que nunca

encontrou dificuldades para praticar os esportes que experimentou, naturalmente em nível

amadorístico.

É bem possível que o que se passa com o comandante Júlio seja reflexo de sua origem

ʊ filho e neto de antecedentes sadios e longevos ʊ e da profissão que abraçou. Entretanto,

como esportista consciente e sábio que é, não se descuida: antes das partidas faz seu

aquecimento, às vezes acompanhado de fisioterapeuta, alongamento e o correspondente

alongamento ao término delas.

Com um homem dessa envergadura, a psicomotricidade foi e pode até ser na

atualidade um conhecimento imperceptível, mas deveras existente. À primeira vista, o Júlio

parece ter-se submetido a uma cirurgia plástica geral, o que infelizmente não se concretiza

com observação mais minuciosa. Entretanto, seus amigos comprovam que sua aparência

biológica está muito aquém de sua idade cronológica.

UMA MESTRA CONSCIENTE: A PROFª WILMA

Wilma Patrício, 45 anos, residente em São Gonçalo, RJ, Licenciada em Educação

Física pela Faculdade Maria Theresa em 1989, e com Mestrado em Performance de

Treinamento Desportivo. Atualmente tem as seguintes ocupações: titular de Educação Física

em dois colégios e no Clube Mauá, funcionária da Secretária Municipal de Esporte e Lazer da

Prefeitura de São Gonçalo e da Federação de Futebol de Salão e Vôlei do Rio de Janeiro.

Informou que psicomotricidade foi matéria ministrada em quatro períodos do seu curso

de graduação e que, por isso emprega essa matéria com freqüência nos seus alunos e obtém

muito sucesso. Descobriu que em uma turma de iniciantes somente 20% se apresentam com

possibilidade de iniciar uma vida esportiva e que, apenas 5% aparecem prontos. Os outros

75% somente dão retorno através de treinamento psicomotor.

Verifica que as dificuldades mais ocorrentes nos neófitos são: quicar a bola,

movimentar a bola, lateralidade, alongamento e raciocínio lento. Atribui essas anomalias à

vida sedentária principalmente dos garotos da média e alta sociedade, pela presença de

atrações televisivas, de jogos eletrônicos e dos computadores, que os deixam inativos por

longos períodos. Com as crianças mais humildes, obrigadas a buscar lazer e divertimento na

rua através de atividades dinâmicas, esse comportamento as obriga a ter desde cedo noção

mais real do seu corpo.

A Profª Wilma é uma pessoa feliz porque se realiza através do seu trabalho. Diz que a

vida lhe dá muitos prêmios, por intermédio do sorriso da criança e da satisfação dos pais.

Confessa que só encaminha para o médico, psicólogo ou psiquiatra algumas crianças

visivelmente anormais. Com as outras, ela tem obtido sucesso ao fazê-las realizar-se,

respeitando as suas habilidades reduzidas.

A PROFESSORA BERTHA

Começou a estudar balé com 7 para 8 anos de idade e com 13 já entrou para o Corpo

de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, do qual foi nomeada primeira bailarina com

15 anos. Foi tudo muito rápido. Depois fez todos os grandes balés, isto é, teve a chance de

dançar todos os grandes repertórios importantes do clássico, como o Lago dos Cisnes, Gisele e

outros tantos mais. Foi parceira de famosos bailarinos brasileiros e estrangeiros que passaram

pelo Corpo de Baile. Fez viagem pela Europa e América do Sul, atuou em televisão e teatro.

Hoje é proprietária de uma escola , onde há 39 anos leva suas meninas a dançar.

Afirma que muitas atuais bailarinas passaram por suas mãos, algumas com brilhantes destinos.

Inclusive, algumas delas trabalham como professora da sua escola. Confessa que conhece e se

interessa por psicomotricidade há muito tempo, isto é, desde que começou a dar aulas. “ A

escola de dança não possui nenhum tipo de teste físico para as alunas iniciantes. A avaliação

inicial da candidata recai, naturalmente, sobre o tipo físico, a musculatura e a rapidez de

pensamento, seguida da própria dança, porque a boa coreografia já representa uma

preocupação com o corpo, com a postura” – declara a Profª Berta.

Diz ainda que considera a dança uma “ciência,” pois existem várias correntes de

estudiosos, como os russos, que desenvolveram grande parte da dança atual, beneficiando

seus integrantes. Testemunha que a dança é um exercício físico completo pois propicia uma

conscientização do corpo e de seu potencial.

A linha didática desenvolvida na escola e suas bailarinas por lá formadas são uma

mescla das escolas russa, francesa e inglesa, como um somatório dessas experiências e

desenvolvimento de tais profissionais.

Do ponto de vista avaliatório, a Profª Berta diz que a escola tenta de maneiras

diferentes selecionar seu corpo de baile e que, caso encontre algum aluno que não se encaixe

nos padrões, ela e sua equipe tentam ressaltar que existem outros esportes tão bons quanto a

dança nos quais aquele aluno poderia se encaixar.

O PROFESSOR L. C. M. FONSECA

Trinta e um anos, formado em Educação Física pela UERJ, presta serviço na Academia

Júlio Veloso, na Academia KDM, no Clube de Ginástica em Vila Isabel e na Academia Água

em Movimento na Tijuca. Observa que as academias seguem alguns procedimentos

diferenciados de trabalho.

Mas a princípio existe um consenso, cujo objetivo é trabalharem os professores de

Educação Física sob o mesmo aspecto metodológico, contudo existem algumas diferenças

entre elas.

Verifica que chegam pessoas às academias com muito fraco ou nenhum histórico

esportivo durante a infância. Por isso, apresentam uma dificuldade muito grande no

desempenho de alguns movimentos, mais nada é impossível. Dentro da prescrição de atividade

física para sedentário, existem alguns consensos e pesquisas recentes que mostram que as

atividades iniciais devem envolver grandes grupos musculares e, ao contrário do que se

acreditavam, as atividades devem receber uma sobrecarga relativamente alta e com um

número de repetições pequeno.

Foi observado que para sedentários, idosos e sofredores de osteoporose é menos lesivo

trabalhar com a sobrecarga elevada e número de repetições baixo. Nota também que a

mudança no condicionamento psicomotor, dependendo da pessoa, ocorre de uma a seis

semanas e vê com tristeza a imprensa recomendar crianças com seis, sete anos de idade

iniciar curso de judô, como vê nas piscinas crianças da mesma idade treinando para entrar em

equipe.

Será que essas crianças não ficam sobrecarregadas fisicamente? Não seria mais lógico

colocá-las em uma academia, para se desenvolverem fisicamente, sob uma boa orientação

psicomotora?

Diz que hoje é contra qualquer esporte que não respeite o limite físico das crianças,

porque certamente elas exacerbam a própria concepção de saúde. Não pode conceber uma

criança ou adolescente nadar dez mil metros por dia, fazer quatro, cinco horas de treinamento

por dia, seja em que esporte for.

Conclui informando que a Educação Física , principalmente em academias , hoje, visa

mais à qualidade de vida e não a preparação para competição.

A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL - LEI Nº 9394/96

O Governo, através da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), dá a sua contribuição para as

atividades físicas, pois o Art.26, parágrafo 3º determina: "A Educação Física (EF), integrada à

proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às

faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos."

Assim, o Governo entende que os exercícios psicomotores estão inseridos no ensino

fundamental, como componentes necessários ao bom desenvolvimento do corpo e do espírito.

Por isso, tanto no Brasil, como em diversos países, os educadores conscientes e atualizados

têm-se preocupado com a psicomotricidade e procurado alternativas para dinamizá-la.

Vários trabalhos e livros já foram publicados, tendo como destaque as experiências

realizadas nas atividades psicomotoras das crianças.

A LDB confere caráter de norma legal à condução do ensino em todos os níveis,

considerando-os como parte da educação básica, quando no seu Art.21 esclarece: "A educação

escolar compõe-se de educação básica formada pela educação infantil, ensino fundamental,

ensino médio e ensino superior."

Pelo que podemos perceber, em todas essas etapas deve estar presente a

psicomotricidade, como elemento necessário ao bom desenvolvimento do corpo da criança e

do adulto correspondente.

A LDB esclarece que o ensino médio, como uma objetiva etapa da educação básica,

concorre na construção do perfil da pessoa. Para muitos, esse ensino passa a ter característica

de terminalidade, o que significa assegurar a todos os cidadãos a oportunidade de consolidar e

aprofundar os conhecimentos físicos e intelectuais do ensino fundamental.

Nunca é demais lembrar que o papel da escola atual é o de também produzir

praticantes de atividades físicas. Os instruendos devem estar absolutamente conscientes do

porquê dessas atividades, de forma que a escola deve manter disponíveis as mais

diversificadas informações, inclusive para os responsáveis. Alertá-los para a associação

antagônica que há entre níveis habituais de prática da atividade física e os índices de

adiposidade e de desempenho motor. Isso indica que quanto mais ativo for o educando, menor

será sua tendência ao acúmulo de gorduras.

A PROFESSORA CRISTINA

Cristina Cardoso Resende, 25 anos, licenciada pela Universidade Estácio de Sá em

2000, com pós-graduação em Fisiologia do Esforço, especialista em condicionamento físico e

personal trainner pela Faculdade Maria Teresa.

Trabalha na Sede Esportiva do Clube Naval, na Lagoa, com musculação, alongamento

e spining. Percebe que , ao matricular-se os vários alunos são carentes de alguns movimentos

sem se aperceberem.

Por isso, procuram inicialmente fazer exercícios mais simples que começam com os

grandes grupos musculares.

Observa que 90% dos alunos conseguem uma substancial melhora. Como trabalha com

a maioria de adultos, é mais fácil diversificar os exercícios e corrigi-los bastante. Espera com

ansiedade que a diretoria inicie o projeto que objetiva avaliar o aluno por ocasião da matrícula.

Confessa que os exercícios psicomotores são aplicados com muita técnica e

apresentam resultados surpreendentes.

OS DEFICIENTES VISUAIS

Não foi pesquisado nenhum autor que fizesse ligação da psicomotricidade com os

excluídos ou esquecidos dos pesquisadores. Entretanto, alguns exercícios podem adaptar-se a

essa espécie de deficiência aqui citada, porque entende-se que o corpo, se exigido e

movimentado, normalmente dá o correspondente retorno.

Naturalmente, em se tratando desses deficientes, a educação visando a elevar a

qualidade de vida, além de ser dever dos responsáveis, da escola, da sociedade e do Governo,

é obra benemérita, que objetiva integrá-los na comunidade.

As professoras Jurema Lucy Venturini e Ana Amélia da Silva, no início da década de

70 já se envolviam com essa imperfeição humana ao declarar: “ A técnica da locomoção

envolve a restauração da mobilidade, implicando o uso sistemático de racionados movimentos

e sentidos, para garantir a segurança, equilíbrio, elegância e eficiência nos movimentos. Além

de outras técnicas necessárias, inclui a prática do uso da bengala longa, considerada um dos

mais eficientes auxílios na locomoção da pessoa cega. o uso da locomoção exige um prévio

treinamento psicomotor e abrange, entre outros, a locomoção em casas comerciais, correios,

transportes coletivos, bancos, escadas rolantes, portas giratórias, uso do guia vidente, técnicas

de proteção ao caminhar e outras.”

Para confirmação da matéria citada, foram selecionados alguns exercícios

psicomotores que poderão ser muitos úteis à locomoção e à vida dos aludidos deficientes.

1 – Com tiras de pano, desenvolvimento da coordenação fina de membros superiores:

a) Com as mãos, dar vários nós na tira de pano, desfazê-los e assim sucessivamente.

b) Com as mãos , tentar desfazer o nó dado pelo professor na tira de pano.

c) Com cinco tiras de pano, dar nós consecutivos fazendo uma corrente. Desfazê-la e

recomeçar o exercício.

2 – Com duas caixas de sapato, desenvolvimento das coordenações fina e grossas:

a) em pé, tendo cada pé dentro de uma caixa de sapato, deslocar-se de costas,

arrastando-as no chão.

3 – Estimular o aluno para a exercitação constante da coordenação psicomotora:

a) Vendar os olhos com a tira de pano e tentar equilibrar-se na perna direita,

elevando a perna esquerda para frente, tendo os braços paralelos na frente do corpo.

Equilibrar-se ora na perna direita, ora na perna esquerda.

4 – Desenvolvimento de habilidades manuais envolvendo a direcionalidade:

a) Segurando uma caixa de fósforo com uma mão, tentar abri-la e fechá-la com

auxílio apenas dos dedos. Executar o exercício ora com a mão esquerda, ora com a mão

direita.

5 – Desenvolvimento das noções de distância e da coordenação dos membros

inferiores:

a) Sentado numa folha de jornal, procurar girar o corpo ora para a direita, ora para a

esquerda, apoiando-se apenas nos glúteos.

6 – Desenvolvimento das coordenações fina e grossas:

a) Segurando na extremidade de um cordão de aproximadamente um metro, com um

peso na extremidade, girá-lo sobre a cabeça em forma de circunferência ora para a direita, ora

para a esquerda, alternando também os braços.

7 – Desenvolvimento da noção de espaço, da capacidade rítmica em movimentos

diferenciados:

a) Na posição de quatro apoios, deslocar-se para a frente, equilibrando um livro na

cabeça.

8 – Desenvolvimento da coordenação apendicular a da noção de distância:

a) Andar para a frente, passando uma perna de cada vez sobre um cordão esticado e

seguro pelas mãos.

9 – Desenvolvimento da velocidade de deslocamento, criatividade e controle muscular:

a) Passar a tira de pano sobre os olhos e dar um nó na mesma atrás da cabeça.

Desfazer o nó , fazê-lo novamente e assim por diante.

10 – Desenvolvimento da percepção espacial e fortalecimento dos membros inferiores:

a) Colocar um pneu num plano horizontal com a abertura para cima. Deitar-se sobre

ele em decúbito ventral e com o auxílio das mãos, deslocar-se para a frente, conduzindo o

pneu com o corpo.

b) Em pé, com os pés na abertura do pneu e apoiados no chão,

c) deslocar-se para a frente arrastando o pneu.

11 – Desenvolvimento da noção do próprio corpo, do sentido espaço-temporal e do

equilíbrio.

a) Equilibrando uma caixa de sapato sobre a cabeça, tentar ficar sentado e levantar-se

novamente sem deixá-la cair.

12 – Desenvolvimento do sentido tátil e da coordenação óculo-manual:

a) Prender dois arames na mão e nos pés na posição de decúbito dorsal, procurando

manter os arames estendidos enquanto balanceia o corpo em forma de mata-borrão.

CONCLUSÃO

Desenvolvendo este trabalho, a partir da semântica de psicomotricidade, objetivando ir

adiante, dois aspectos pareceram contrastantes ou omissos pelos estudiosos: a ligação corpo-

espírito e as atividades psicomotoras para os adultos. Neste aspecto, a pesquisa realizada com

professores combatentes muito acrescentaram ao conteúdo deste trabalho.

Através de uma entrevista com um idoso com vida esportiva desde a mocidade foi

possível concluir que imperceptivelmente os exercícios psicomotores estão inseridos em sua

vida desde os seus primeiros passos como esportista, o que lhe garantiu uma aparência física

muito aquém de sua idade cronológica.

Foi colocado ao alcance dos estudiosos as pesquisas realizadas pela professora Wilma

Patrício que muito vão contribuir para facilitar o trabalho de profissionais neófitos que se

dispuserem a lê-lo.

Finalmente, acima de tudo está o professor: elemento insubstituível no processo da

educação. Funciona como um maestro à frente da orquestra que conduzirá, explorando a

harmonia e afinação de seus músicos. Deve, além do domínio global da matéria, ir mais

adiante, isto é, funcionar como um guia, um condutor, um orientador, um guru enfim.

Nos dias atuais, o professor deve ter noções fortes de filosofia, sociologia, didática e

liderança, para bem empregar esses conhecimentos extracurriculares nos alunos, porque no

presente caso de psicomotricidade, o mestre não deve cuidar somente do desenvolvimento

corporal, mas das ações espirituais ʊ e aqui consideramos o espírito como ânimo ʊ porque

ele é um dos responsáveis pela formação do cidadão.

BIBLIOGRAFIA

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ANEXOS