29
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: INTEGRAÇÃO ENTRE MENTE E CORPO PARA CRIANÇAS ATÉ CINCO ANOS Ellen Fátima Botelho Jakobsen Rio de Janeiro, RJ abril 2002

PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

  • Upload
    vuxuyen

  • View
    217

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: INTEGRAÇÃO ENTRE

MENTE E CORPO PARA CRIANÇAS ATÉ CINCO ANOS

Ellen Fátima Botelho Jakobsen

Rio de Janeiro, RJ

abril 2002

Page 2: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: INTEGRAÇÃO ENTRE

MENTE E CORPO PARA CRIANÇAS ATÉ CINCO ANOS

Autora: Ellen Fátima Botelho Jakobsen

Orientador: Jorge Tadeu Vieira Lourenço, M.Sc.

Rio de Janeiro, RJ

abril 2002

Page 3: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: INTEGRAÇÃO ENTRE

MENTE E CORPO PARA CRIANÇAS ATÉ CINCO ANOS

Ellen Fátima Botelho Jakobsen

Trabalho monográfico apresentado como

requisito parcial para obtenção do grau

de especialista em Psicomotricidade

Rio de Janeiro, RJ

abril 2002

Page 4: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

EPÍGRAFE

“...uma harmonia entre a mente e o

corpo, com a mente treinada para usar o

corpo adequadamente, e o corpo treinado

para responder aos poderes expressivos

da mente.”

(Howard Garder)

Page 5: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

DEDICATÓRIA

À Isabella, querida filha, que me motiva,me inspira e

me ensina mais a cada dia;

ao meu marido pelo carinho e compreensão;

e todos que colaboram para o desenvolvimento do

ser humano e de si mesmo buscando a evolução e

a felicidade.

Page 6: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais pela oportunidade de estar aqui e pelos exemplos;

aos professores e colegas pelas colaborações e trocas;

e acima de tudo Deus que sem Ele nada seria possível.

Page 7: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

RESUMO

O objetivo deste trabalho é mostrar a importância das atividades

psicomotoras focando o esquema corporal, como facilitar e reforçar o

conhecimento e a percepção do corpo pelas crianças de até cinco anos.

A psicomotricidade tem como finalidade uma ação educativa que age por

meio do corpo, sobre as funções mentais e comportamentais perturbadas ou

não. Desta forma, influencia no desenvolvimento da personalidade auxiliando

as crianças na aprendizagem e no autoconhecimento.

O desenvolvimento infantil mostra a evolução da criança através de uma

sucessão de transformações e aquisições. Esta dinâmica da personalidade

explica a eficácia da psicomotricidade porque pode retornar às etapas

anteriores, excluídas ou mal realizadas e tentará reconstruí-las mais

harmoniosamente, possibilitando uma melhor adaptação.

Com as atividades psicomotoras, a criança vivencia e aprende através da

consciência de seu corpo e da coordenação de seus gestos e movimentos. Na

medida que ocorrem estímulos neste sentido, a criança se beneficia de uma

melhor interiorização de seu corpo, podendo aprender a se expressar e se

comunicar de forma mais adequada.

Page 8: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

SUMÁRIO

Páginas

INTRODUÇÃO.............................................................................................07

Capítulo 1 Psicomotricidade

1.1 Origem e definição.................................................................................

1.2 Tipos de movimentos.............................................................................

1.3 Tônus muscular e afetividade.................................................................

1.4 Elementos básicos da psicomotricidade.................................................

Capítulo 2 Desenvolvimento infantil

2.1 O desenvolvimento pré-natal.................................................................

2.2 O desenvolvimento do bebê....................................................................

2.3 O desenvolvimento nos anos pré-escolares...........................................

Capítulo 3 O esquema corporal

3.1 Origem e definição..................................................................................

3.2 Etapas do desenvolvimento do esquema corporal.................................

3.3 Perturbações do esquema corporal........................................................

3.4 Propostas de atividades psicomotoras....................................................

CONCLUSÃO........................................................................................................

BIBLIOGRAFIA......................................................................................................

ANEXOS – Comprovantes acadêmicos:

1. De estágios...................................................................................................

2. De participação em eventos culturais...........................................................

Page 9: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como tema a psicomotricidade e o esquema corporal

buscando a integração entre mente e corpo. Aborda estudos e atividades

psicomotoras ligadas à imagem corporal para crianças até cinco anos que

freqüentam creche ou maternal.

O objetivo deste estudo é sensibilizar educadores e famílias, que lidam

com crianças nesta faixa etária, para a importância do desenvolvimento infantil

e de atividades, que podem ser aplicadas em casa, na creche e no maternal,

facilitando e reforçando o conhecimento e a percepção do corpo e podendo

prevenir, amenizar ou solucionar possíveis perturbações.

Esta monografia tem como base as obras de La Pierre, Aucouturier,

Wallon, Gardner, Le Boulch, Meur, Celso Antunes e Piaget.

O capítulo 1 deste trabalho define o que é e quais são os elementos

básicos da psicomotricidade, abordando os tipos de movimentos e a relação do

tônus muscular com a afetividade.

É de grande importância que a criança desenvolva a habilidade de

aprimorar e aperfeiçoar o desempenho físico através da integração mente e

corpo. A psicomotricidade proporciona esta integração, buscando um

desenvolvimento “total” da pessoa.

Conforme Le Boulch (1992), as atividades psicomotoras ajudam a

criança a chegar a uma imagem corporal como uma unidade organizada, com o

seu mundo interno, suas partes, sua totalidade. Esta imagem é o instrumento

da relação dela com a realidade. A criança constrói sua imagem corporal

através de seus relacionamentos.

Wallon (1968) afirma que o controle do tônus muscular é fundamental na

atividade motora e postural, fixando a atitude, preparando o movimento,

sustentando o gesto, mantendo a estática e o equilíbrio.

Page 10: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

O ato motor através da motricidade expressiva, dá a dimensão afetiva do

movimento, mostra que todas as emoções podem ser vinculadas à maneira

como o tônus se forma, se conserva ou se contorna.

O capítulo 2 aborda o desenvolvimento infantil da fase pré-natal até os

anos pré-escolares demonstrando como a criança média de até cinco anos se

desenvolve para que se possa compará-la a normalidade e concluir se ela está

atrasada no seu desenvolvimento. Assim, educadores e famílias podem ser

aconselhados de como ajudar.

O capítulo 3 define o que é esquema corporal, quais são as etapas de

seu desenvolvimento, possíveis perturbações e propostas de atividades

psicomotoras.

Conforme Meur (1989), o desenvolvimento do esquema corporal é

fundamental porque possibilita a criança tomar consciência de seu corpo e de

suas possibilidades de expressão. Na medida que ela tem uma imagem de si

mesma, ela percebe e controla melhor o seu corpo.

Portanto, a psicomotricidade é indispensável no desenvolvimento da

criança, seja ela normal ou com problemas. Esta ação educativa auxilia a

capacidade de análise, de lógica, de organização, de relação com os números,

de conhecimento e percepção do corpo, colaborando assim na formação da

personalidade e na evolução do ser. Proporciona também a expansão e o

equilíbrio da afetividade através do relacionamento com outras pessoas.

A metodologia utilizada neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica e a

observação através de estágios em creche, academia de natação para bebês,

maternal e instituição de reabilitação.

Page 11: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

CAPÍTULO 1

PSICOMOTRICIDADE

1.1 ORIGEM E DEFINIÇÃO

Segundo Gislene C. Oliveira (1997), o termo psicomotricidade surgiu em

1920, quando um pesquisador chamado Dupré observou a relação entre os

problemas psicológicos e motrizes e usou esta palavra para significar a relação

entre o movimento e o pensamento.

Desde então, vários trabalhos têm sido relacionados à detecção, à

análise, à educação e à reeducação dos distúrbios psicomotores.

Conforme Lapierre e Aucouturier (1986), a psicomotricidade é o estudo

do homem através de seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo

interno e externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir, com

os outros, com os objetos e consigo mesmo. Está relacionado ao processo de

maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e

orgânicas.

Portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento

organizado e integrado, em função de experiências vividas pelo sujeito cuja

ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

A psicomotricidade pode ser exercida como educação e como

reeducação. A primeira visa prevenir distúrbios de aprendizagem e a segunda é

quando já existe um distúrbio e se usa atividades específicas para amenizar ou

resolver o problema.

1.2 TIPOS DE MOVIMENTO

O corpo evolui constantemente desde o controle dos movimentos

automáticos e voluntários até movimentos extremamente diferentes e

complexos. Isto depende da atenção, do rítmo e da intenção de cada ação.

Page 12: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

Os movimentos podem ser:

MOVIMENTO VOLUNTÁRIO: Este movimento depende de nossa vontade. Nele

existe uma intenção, um desejo ou uma necessidade. O ato voluntário é sempre

aprendido e formado por diversas ações encadeadas.

MOVIMENTO REFLEXO: Este movimento não depende de nossa vontade e só

após ter sido realizado é que tomamos conhecimento dele. É uma reação

orgânica. A resposta motora é provocada por um estímulo recebido por

receptores sensoriais e encaminhado ao centro nervoso central.

MOVIMENTO AUTOMÁTICO: Este movimento depende de aprendizagem, da

prática, da histórica de vida e das experiências próprias de cada um. Nem

sempre é iniciado pela vontade, como a manutenção da postura e do equilíbrio.

Em alguns casos começa com o movimento voluntário e passa para o

automático, como dirigir carro.

Os movimentos são controlados pelo sistema nervoso por contrações

musculares, enquanto alguns músculos estão relaxados outros estão

contraídos, dependendo sempre dos estímulos internos e externos.

1.3 TÔNUS MUSCULAR E AFETIVIDADE

O tônus muscular é o estado permanente de relativa tensão que existe,

mesmo em repouso, em cada um dos músculos. Ele está presente em todas

asfunções motrizes do organismo, ou seja, todo movimento realiza-se sobre um

fundo tônico e um dos aspectos fundamentais é sua ligação com as emoções.

A boa evolução da afetividade é expressa através da postura, de atitudes

e do comportamento. Pela litura do corpo pode-se transmitir o estado interior

como a tristeza, a dor, o medo, a alegria.

Page 13: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

Wallon (1968), afirma que as crianças podem ser hipertônicas,

hipotônicas ou normais.

As hipertônicas possuem um aumento do tônus, os músculos

apresentam grande resistência porque são contraídos em excesso. Os

movimentos voluntários e automáticos são comprometidos, por exemplo:

escrevem tão forte que rasgam a folha.

As hipotônicas apresentam uma pequena resistência muscular, têm uma

diminuição da tonicidade muscular da tensão, por exemplo: a escrita é tão leve

que quase não se enxerga.

Tanto as crianças hipertônicas quanto as hipotônicas precisam exercitar

o controle de seu tônus muscular para que possam ter o domínio de seu corpo

e agir de forma às diversas situações da vida.

Conforme Le Boulch (1992), o educador pode auxiliar a criança a

desenvolver ou refrear seu tônus através de exercícios psicomotores. O tônus

muscular depende muito da estimulação do meio. O educador e a família têm

um papel fundamental, na meda que auxiliam a criança a confiar mais em si

mesma, ela passa a agir no meio ambiente com mais segurança. Assim, seu

corpo responderá de forma satisfatória, nem tão tenso nem tão relaxado,

característica das crianças “normais”.

1.4 ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE

Segundo Meur (1989), os elementos básicos da psicomotricidade são: o

esquema corporal, a lateralidade, a estruturação espacial, a orientação

temporal e exercícios de pré-escrita. São as condições mínimas necessárias

para uma boa aprendizagem, constituem a estrutura da educação psicomotora.

ESQUEMA CORPORAL: é a consciência e percepção global do próprio corpo e

suas possibilidades de movimento.

Page 14: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

LATERALIDADE: é a dominância de um dos lados do corpo, nível de força e de

precisão dos membros superiores, dos membros inferiores e dos olhos.

ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL: é como o indivíduo se localiza no espaço que o

circunda, é a consciência do lugar e da orientação que seu próprio corpo pode

ter em relação às pessoas e coisas.

ORIENTAÇÃO TEMPORAL: é como o indivíduo se situa no tempo.

EXERCÍCIOS DE PRÉ-ESCRITA: é como a criança pode fortalecer seus

músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para os

diferentes movimentos da escrita.

Page 15: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

CAPÍTULO 2

O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

2.1 O DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL

A gravidez dura cerca de 266 dias e pode ser divida em três estágios: o

germinativo, que vai da fertilização até a segunda semana e é caracterizado por

uma rápida divisão celular e aumento de complexidade do organismo; o

embrionário, que vai da segunda semana até a décima segunda semana

aproximadamente e caracteriza-se pelo rápido crescimento e diferenciação dos

principais sistemas e órgãos do corpo; e o fetal, que vai da décima segunda

semana até o nascimento e é marcado pelo crescimento rápido e mudanças na

forma do corpo.

Conforme Celso Antunes (1998), o feto deixa de ser um habitante

passivo e passa a movimentar-se respondendo a sons e vibrações do

ambiente. Ele afirma que pesquisas indicam que o feto ouve e que há

diferenças individuais na atividade e no ritmo cardíaco.

O organismo em desenvolvimento é grandemente afetado pelo ambiente

pré-natal. Por isso, a mãe deve ter cuidado com a nutrição, a absorção de

drogas, doenças, irradiações, incompatibilidade sanguínea e alterações de

humor para que a criança tenha crescimento físico e emocional satisfatórios.

2.2 O DESENVOLVIMENTO DO BEBÊ

Ao nascer as necessidades elementares se manifestam e serão

satisfeitas pela mãe em maior ou menor grau. Assim, já aprece bem cedo, entre

a mãe e o bebê, uma relação entre a afetividade e a expressão tônica e motora

fundamental na formação da personalidade.

É importante que a mãe seja afetuosa e controle seu humor, assim

desenvolvendo uma relação rica com o bebê. Caso contrário, se a criança for

Page 16: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

tratada com excesso de tensão, ela reagirá por descargas tônicas, podendo

ficar irritável e nervosa.

Segundo Celso Antunes (1998), na primeira semana o bebê já identifica

a mãe pela voz e pelo cheiro. Desde o nascimento, busca a integração social e

a formação de vínculos afetivos.

A criança nasce com habilidade para aprender, mas a aprendizagem

ocorre com a experiência. Os bebês aprendem com o que vêem, sentem,

ouvem, cheiram, provam e tocam, transformando essas ações sensoriais a

partir do repertório de seus conhecimentos inatos. Conforme Papalia e Olds

(1998), a aprendizagem é uma forma de adaptação ao ambiente, é o início da

consciência das necessidades postas pelo social.

A aprendizagem possui limitações impostas pela maturidade. O bebê

precisa de certas competências motoras, sensoriais e neurológicas para

aprender a engatinhar, andar, correr, etc.

Celso Antunes (1998), afirma que no primeiro mês, os bebês exercitam

reflexos inatos e ganham certo controle sobre os mesmos, mas não coordenam

as informações e seus sentidos e não desenvolvem a percepção de

permanência do objeto.

Segundo Le Boulch (1992), no segundo mês a criança começa com o

“jogo das mãos”, leva a mão na boca, agarra uma mão na outra, olha para elas.

De um a quatro meses, os bebês repetem comportamentos agradáveis

que ocorrem ocasionalmente e começam a coordenar as informações

sensoriais. É importante conversar com o bebê, valorizar seu balbucio e fazê-lo

descobrir sua linguagem.

Conforme Le Boulch (1992), de quatro a seis meses ocorre a

coordenação do espaço visual e do espaço tátil: começa a preensão.

De quatro a oito meses, as crianças se interessam pelo ambiente e

repetem reações que levam a resultados interessantes. Mostram que dominam

o conceito de permanência de objeto. É importante deixar a criança brincar com

objetos de diferentes formas e reconhecer figuras.

Page 17: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

Le Boulch (1992), afirma que de seis a dez meses é o período da

manipulação, a aquisição da posição sentada, permite a aproximação da mão e

da tomada do objeto. Aos dez meses o bebê adquire suas características

definitivas de coordenação.

De oito a doze meses, os bebês podem prever eventos e o

comportamento é mais deliberado e intencional à medida que coordenam

esquemas aprendidos previamente.

Através da observação em estágios pode-se confirmar que, geralmente,

aos nove meses a criança pode rastejar e manter-se de pé com apoio. Aos

onze ou doze meses desloca-se com ajuda. Entre doze e quatorze meses a

criança entra no período da marcha. É indispensável que ela tenha equilíbrio. O

acesso à locomoção vai multiplicar as possibilidades de aquisição, graças à

exploração.

De onze a dezoito meses, os bebês mostram curiosidade e variam

propositalmente suas ações para perceberem os resultados. Exploram objetos,

tentam novas atividades e usam a tentativa e erro para a solução de problemas.

Deve começar a diferenciar sons e descobrir seus significados.

Segundo Celso Antunes (1998), de doze a vinte e quatro meses, os

bebês usam a linguagem, não se restringem mais à tentativa e erropara

resolver problemas. Começam a pensar em eventos e prever suas

conseqüências e já usam a linguagem para dizer o que querem ou não. É

importante que descubram o sentido dos talheres e das gravuras.

Howard Gardner (1999), afirma que o desenvolvimento intelectual

piagetiano da criança até dois anos é chamado de sensório-motor, é quando ela

adquire um conhecimento prático do mundo físico ao seu redor, o bebê

desenvolve o conceito de permanência de objeto.

2.3 O DESENVOLVIMENTO NOS ANOS PRÉ-ESCOLARES

A criança de três anos tem uma aparência mais esguia e atlética. Os

músculos abdominais se desenvolvem, troncos, braços e pernas se alongam.

Page 18: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

Esse desenvolvimento físico é acompanhado com rápido desenvolvimento

motor global como: correr, saltar, rolar. E também com igual desenvolvimento

motor fino como: copiar, abotoar, amarrar. A inteligência e a memória

apresentam um expressivo desenvolvimento e demonstram maiores

necessidades sociais.

Howard Gardner (1999), mostra que o estudo de Piaget define o período

de dois a seis ou sete anos como intuitivo ou simbólico, onde ocorre o

desenvolvimento cognitivo, ou seja, podem pensar em símbolos. As crianças

agem e refletem sobre suas ações, mas ainda não podem usar a lógica.

Celso Antunes (1998), descreve que as crianças nesta fase são

centralizadoras, irreversíveis, antitransformadoras, trandutivas e egocêntricas.

Os estímulos utilizados devem levar em conta essas características.

Elas são centralizadoras porque não pensam, ao mesmo tempo, em

diversos aspectos de uma mesma situação. Como por exemplo, não imaginam

que um copo de água alto possa conter a mesma quantidade de água que um

copo baixo e largo. E diferenciam precariamente a fantasia da realidade.

São irreversíveis porque revelam a incapacidade de perceber que uma

ação pode tomar ambas as direções. Parece-lhes que a mesma quantidade de

água contida em dois copos iguais não pode ser a mesma quando em copos

diferentes.

São antitransformadoras porque não conseguem pensar de forma lógica

e em seu diálogo misturam causa e efeito. Como por exemplo: “ a menina caiu

do cavalo porque... quebrou a perna”.

São transdutivas porque não levam em conta o geral, vão de um

particular para outro particular. Não associam. Por exemplo: tomou chuva e

ficou resfriado, só entendem que as situações ocorrem ao mesmo tempo.

E são egocêntricas porque mostram incapacidade de ver as coisas do

ponto de vista do outro. É a compreensão centrada em si próprio.

De dezoito até vinte e quatro meses a criança torna-se capaz de captar

nos símbolos o conhecimento de que existem eventos e que estes envolvem

agentes, ações e objetos e têm lá suas conseqüências.

Page 19: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

Conforme Celso Antunes (1998), aos três anos a criança ao observar o

símbolo, capta certas relações de tamanho e de forma extraídas de uma

referência visual. Aos quatro anos a criança pode começar a enumerar um

pequeno conjunto de objetos e deve ser levada a perceber relações espaciais

como: acima, embaixo, à frente, atrás. E lógico-matemáticas como: fino, grosso,

largo, estreito, muito, pouco. Nesta fase ela está apta para captar quantidades e

relações numéricas relativamente precisa. Aos cinco, seis ou sete anos as

crianças são capazes de desenhar símbolos para se lembrar de alguém ou de

uma situação.

Howard Gardner (1999), considera o período de dois a sete anos como

um momento que a capacidade da criança de usar, manipular, transformar e

compreender diversos símbolos amadurece em uma velocidade feroz. Para ele,

no período simbólico, a criança é impulsionada para um dinamismo cuja origem

é intrínseca.

As habilidades cognitivas podem ser aceleradas e pesquisas recentes

sugerem que a maior parte de crianças pequenas, desde que estimuladas

coerentemente, são ligeiramente mais competentes, principalmente na

linguagem.

As atividades psicomotoras auxiliam fornecendo experiências,

estimulando os sentidos das crianças, abrindo espaços para a ação infantil.

Page 20: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

CAPÍTULO 3

O ESQUEMA CORPORAL

3.1 ORIGEM E DEFINIÇÃO

Segundo Le Boulch (1992), o termo “esquema corporal” foi criado em

1911 pelo neurologista Henry Head, representando um ponto de referência e

permitindo a construção de um modelo postural próprio da pessoa.

O modelo postural compreende todos os gestos do corpo, seja em

contato com o próprio corpo ou com objetos exteriores.

Conforme Meur (1989), o esquema corporal é um elemento básico

indispensável para a formação da personalidade da criança. É a representação

que a criança tem de seu próprio corpo, de seu ser, de suas possibilidades de

agir e transformar o mundo à sua volta.

A criança se sentirá bem na medida que seu corpo lhe obedece em que

o conhece bem, em que pode utilizá-lo não somente para movimentar-se, mas

também para agir.

O esquema corporal é base da estrutura espaço-temporal, só após

reconhecer-se é que a criança poderá apreender o espaço que a rodeia.

O esquema corporal é a organização das sensações relativas ao próprio

corpo, como resultado da associação de elementos cada vez mais coordenados

e complexos. Nada mais é do que a imagem de si mesmo, isto é, uma imagem

que tem como particularidade o interesse afetivo que lhe dirige o sujeito.

A construção do esquema corporal se dá a partir da maturação

neurológica, da evolução sensório-motora e da relação com o corpo do outro.

3.2 ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DO ESQUEMA CORPORAL

Esta pesquisa considera as etapas do corpo vivido que ocorre do

nascimento até três anos e do conhecimento das partes do corpo que ocorre de

Page 21: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

três até sete anos, já que o interesse aqui é verificar o desenvolvimento infantil

até cinco anos.

CORPO VIVIDO: Esta etapa é uma fase de adaptação, a criança delimita

progressivamente seu corpo, através de experiências realizadas na exploração

do ambiente e no contato com as pessoas. Os interesses da criança são

voltados para o mundo externo, explorando-o constrói seu mundo interno.

Prevalecem as sensações e vários exercícios motores. É o momento que toma

consciência do próprio corpo, da relação das partes entre si, das possibilidades

de movimento e ação.

Segundo Le Boulch (1992), a criança aos poucos melhora o controle da

motricidade global, é importante que ela possa exercitar o controle do tônus

muscular para que alcance um certo domínio global. Assim, ela poderá agir

adequadamente em momentos que geram uma carga emocional intensa.

O objetivo da psicomotricidade nesta fase é levar a criança a dominar

seus movimentos e a perceber seu corpo, constituindo um todo. São exerc´cios

que passam da atividade espontânea da criança para uma atividade integrada.

Isto quer dizer que começa com brincadeira livre e passa posteriormente a

responder dados verbais.

CONHECIMENTO DAS PARTES DO CORPO: Esta etapa ocorre após a

percepção global do corpo, é quando acontece a tomada de consciência de

cada segmento corporal. Isto se realiza de forma interna: quando a criança

sente cada parte de seu corpo, e de forma externa: quando ela vê cada

segmento num espelho, em outras pessoas ou em figuras.

Nesta fase a psicomotricidade convida a criança a situar todos os

segmentos do corpo, relacionando-os, a fim de reunificar a imagem corporal.

Ela deve conseguir apontar, nomear as diferentes partes do corpo e localizar

uma percepção tátil.

Page 22: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

Os primeiros exercícios têm como objetivo permitir que as crianças

conheçam as partes mais usadas de seu corpo. A partir dessa base, ela

exercitará o conhecimento das diferentes articulações.

3.3 PERTURBAÇÕES DO ESQUEMA CORPORAL

Todas as perturbações têm em comum o mau conhecimento ou

desconhecimento do corpo, uma regulação tônica e respiratória de má

qualidade, uma má integração do tempo e do espaço. Tudo isso num contexto

afetivo perturbado, acarretando bloqueio à aprendizagem. Segundo Masson

(1985), a evolução fica bloqueada pela ausência de estimulação ou pela recusa

de integração das estimulações.

Segundo Meur (1989), as perturbações são problemas de natureza

psicomotora que influem na formação do esquema corporal que podem interferir

na estruturação espacial e temporal.

A classificação dessas perturbações é difícil, porém é feita para facilitar a

compreensão desse estudo. É importante lembrar que existem interações entre

os diferentes tipos de distúrbios. O foco aqui é para as perturbações do

esquema corporal.

Meur (1989), afirma que as perturbações do esquema corporal são de

origem afetiva, exceto os casos referentes a problemas motores e intelectuais.

São elas apresentadas pelos seguintes sintomas:

SINTOMA 1 – NÃO RECONHECE PARTES DO CORPO: O desenho da figura

humana é pobre para a idade da criança, as partes são mal colocadas. Existe

incapacidade de reconstruir um boneco articulado. Ignora o vocabulário

corporal.

SINTOMA 2 – NÃO POSICIONA BEM SEUS MEMBROS AO GESTICULAR: A

criança ainda não descobriu todas as possibilidades espaciais de seu corpo ou

tem falta de concentração para perceber bem a posição de seus membros.

Page 23: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

Existe dificuldade para imitar bem um exercício apresentado e seus gestos não

são harmoniosos.

SINTOMA 3 – NÃO COORDENA BEM SEUS MOVIMENTOS: A criança não

tem problemas motores, mas é muito lenta. Ela precisa refletir para executar

seu gesto, não domina seu corpo em ação. Para realizar um movimento,

começa bem, mas depois se distrai e não consegue concluir. Em algumas

situações quer agir muito rápido e isto atrapalha seus movimentos.

Segundo Masson (1985), quando esses distúrbios existem, normalmente

levam a criança a uma dificuldade ou incapacidade de adquirir o simbolismo e a

conceituação na idade esperada, mesmo que não haja deficiência mental. O

problema afetivo jamais está ausente e é muito importante resolver a questão

do relacionamento, condicionando o desejo de expressão e de comunicação.

3.4 PROPOSTAS DE ATIVIDADES PSICOMOTORAS

Em qualquer atividade é importante observar: se a ação é adequada para

a idade, se os movimentos da criança são harmoniosos, se tem interesse,

equilíbrio e atenção.Se a maioria do grupo mostrar desinteresse pela atividade,

será necessário improvisar de forma que alcance os objetivos propostos. É

fundamental proporcionar um bom relacionamento do grupo, um ambiente

adequado e permitir descansos durante e após cada exercício.

ETAPA: CORPO VIVIDO

EXERCÍCIOS DE GRANDE MOTRICIDADE:

1. Arrastar, engatinhar, rolar, andar, correr, pular, utilizando ou não objetos

como obstáculos ou circuitos. Em algumas ações as posições podem ser

variadas: com um pé só, com os dois pés juntos, de joelhos. Mostrar a diferença

da atividade com barulho e sem barulho.

Page 24: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

2. Empilhar e destruir torres feitas com objetos que podem ser de espuma,

madeira, plástico, etc.

3. Atravessar túneis ou cabanas feitas com lençol.

4. Mostrar móbiles e soprar bolinhas de sabão.

5. Brincar de achar e esconder.

6. Encher saco grande com várias bolas de gás coloridas e abrir na frente da

criança, deixar que ela observe eles subindo.

7. Encher um saco grande com vários brinquedos e tirar um de cada vez

mostrando-os para o bebê.

8. Molhar os lábios, pressionar contra o braço ou barriga do bebê e soprar

devagar para criar uma vibração e fazer cócegas.Quanto mais alto o barulho,

melhor.

9. Passar uma fita ou outro objeto nos braços, nas pernas, na cabeça do bebê.

10. Brincar de olhar-se no espelho, fazendo caretas ou não.

11. Brincar de trem dando as mãos ou segurando-se pelos ombros.

12. Amarelinha, em duas versões: pular com um pé na ida e com outro na volta

ou alternar o pulo com um pé e colocar os dois pés nas casas 2-3 e 5-6.

13. Lançamentos: boliche; bola na lata; bola na cesta; atirar à distância objetos

de pesos diferentes; atirar à distâncias crescentes e decrescentes.

14. Jogos de bola: lançar e apanhar, jogando para o alto, contra a parede; rolar

a bola no chão; acertar alvos com a bola.

15. Jogos de equilíbrio: andar sobre bancos; passar de uma cadeira para a

outra; andar de quatro por baixo de bancos; pular com um pé.

16.Jogos de inibição: parar de correr ao toque do apito; parar diante de um

obstáculo; jogo de estátuas.

EXERCÍCIOS DE MOTRICIDADE REFINADA:

1. Rasgar, amassar ou torcer papéis.

2. Costurar placas perfuradas com barbante ou fio plástico.

3. Recortar em linha reta ou contornando figuras.

4. Enfiar macarrão ou miçangas em barbante ou fio plástico.

Page 25: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

5. Jogar bolas de gude e pião.

6. Rodar e puxar carrinhos.

7. Despir e vestir bonecos.

8. Abotoar panos e roupas.

9. Embrulhar objetos.

10. Girar e fazer ondulações com cordas na horizontal e vertical.

11. Jogos de encaixes simples.

12. Jogos de martelos e pregos.

13. Massa ou argila para modelar.

ETAPA: DO CONHECIMENTO DAS PARTES DO CORPO

EXERCÍCIOS DO PONTO DE VISTA MOTOR E SENSÓRIO-MOTOR:

1. Tocar as diversas partes do corpo após solicitação.

2. Apontar em figuras ou em outra pessoa as diversas partes do corpo.

3. Deitar no chão e pedalar com as pernas para cima.

4. Andar com uma bola entre as pernas.

5. Vestir diferentes objetos como: óculos, boné, etc.

6. Fazer mímicas como se estivesse: colocando as calças, escovando os

dentes.

7. Aplaudir.

8. Andar descalça na areia ou por cima de objetos de texturas diferentes.

9. Colocar-se sobre uma bola grande: rolar nas costas e no ventre.

10. Tapar os ouvidos e os olhos.

11. Estalar a língua.

12. Imitar os olhos do chinês.

13. Apanhar com a boca uma bala pendurada ou em cima de um móvel.

14.Tentar adivinhar objetos com os olhos vendados.

15. Andar de joelhos.

16. Imitar animais.

17. Colocar os cotovelos nos joelhos ou deitar apoiando-se nos cotovelos.

Page 26: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

18. Formar números com os dedos.

19. Músicas com coreografias.

20. Espirrar água com os dedos.

21.Fazer buracos na areia com os dedos e com as mãos.

22.Pegar uma bola com a ajuda de outra pessoa usando somente a testa.

21. Lavar as diversas partes de um boneco.

22. Amarrar um lenço em diferentes partes do corpo.

EXERCÍCIOS DO PONTO DE VISTA PERCEPTOMOTOR:

1. Jogos de memória: fazer pares com figuras iguais; reconhecer a mesma

pessoa em fotos ou figuras diferentes.

2. Quebra-cabeças simples de seis peças usando o corpo humano.

3. Jogos de encaixes com o corpo todo ou com as partes do rosto.

4. Pintar determinadas partes do corpo em um desenho preto e branco.

5. Modelar um boneco com massinha ou argila.

6. Desenhar uma figura humana.

7. Preencher um rosto colocando: olhos, nariz, boca, etc.

8. Descobrir que parte do corpo está faltando em um desenho.

9. Montar figuras humanas utilizando formas geométricas ou recortes.

10.Construir um boneco articulado.

11.Reconstruir figuras humanas reunindo três partes recortadas, como se fosse

um quebra-cabeça, para a criança perceber largura, altura, diferentes

vestimentas.

Page 27: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

CONCLUSÃO

A família, a creche, a escola maternal e o ambiente que a criança vive

desempenham um papel determinante na preparação dela para o ingresso no

ensino fundamental e para a vida. Isto acontece de forma ainda mais eficaz

quando se tem como objetivo o desenvolvimento geral do indivíduo

promovendo todas as formas de expressão verbal e gráfica e favorecendo

através de jogos e experiências relacionais das crianças entre si e entre adultos

atraindo-as à cooperação.

Por meio de atividades psicomotoras a criança busca um equilíbrio entre

seu mundo interno e externo. Desta forma, ela condiciona e interioriza o

conhecimento do corpo. Ela tendo a consciência de seu corpo e de seus

movimentos, ela se expressa e se comunica melhor.

Além disso, o trabalho psicomotor beneficia a criança no controle de sua

motricidade utilizando-se de maneira privilegiada a base rítmica associada a um

trabalho de controle tônico e de relaxação.

Portanto, a aplicação de atividades psicomotoras para crianças de até

cinco anos, seja em casa, na creche ou na escola maternal, possibilita a criança

a aprender e conhecer melhor seu próprio corpo. A partir de movimentos e

atitudes corporais, favorece a gênese da imagem do corpo, que é fundamental

para a formação da personalidade. Assim, ela passa a nomear cada parte do

corpo, a usá-lo livremente, a manusear instrumentos que exigem coordenação

fina, a se expressar e se colocar de forma positiva através de movimentos

harmoniosos, buscando sempre a integração da mente e do corpo. Com esta

ação os educadores e a família proporcionam melhores condições de

aprendizagem e de autoconhecimento.

É essencial que a educação infantil seja plena de brincadeiras que

gratificam os sentidos, levam ao domínio de habilidades, despertam

imaginação, estimulam a cooperação e a compreensão sobre regras e limites, e

respeite, explore e amplie os inúmeros saberes que toda criança possui quando

chega à escola.

Page 28: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

O trabalho corporal constitui a melhor ajuda a uma criança incapaz de

controlar-se.

O quanto antes uma criança for estimulada com atividades adequadas à

sua idade e à sua realidade, melhor será o seu desempenho na escola e na

vida.

Em outra oportunidade ou para quem tenha interesse, este trabalho pode

ser aprofundado focando-se as outras bases da psicomotricidade como: a

lateralidade, a estruturação espacial, a orientação temporal e exercícios de pré-

escrita.

Page 29: PSICOMOTRICIDADE E ESQUEMA CORPORAL: … FATIMA BOTELHO JAKOBSEN.pdf · 2.1 O desenvolvimento pré-natal ... músculos e trabalhar sua flexibilidade articular, preparando-se para

BIBLIOGRAFIA

Antunes, Celso. Jogos para a estimulação das múltiplas inteligências. 5ºed.

Petrópolis: Vozes, 1998.

Gardner, Howard.Arte,mente e cérebro: uma abordagem cognitiva da

criatividade. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

Lapierre, André; Aucouturier, Bernard. A simbologia do movimento:

psicomotricidade e educação. 2ºed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

Le Boulch, Jean. O desenvolvimento psicomotor do nascimento aos seis

anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

Masson, Suzanne. Generalidades sobre a reeducação psicomotora e o

exame psicomotor. São Paulo: Manole, 1985.

Meur, A. de. Psicomotricidade: educação e reeducação: níveis maternal e

infantil. São Paulo: Manole, 1989.

Moore, Jack. Noventa e sete maneiras de fazer um bebê sorrir. 2º ed. Rio de

Janeiro: Ediouro, 1998.

Oliveira, Gislene C. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque

pedagógico. 5º ed. Petrópolis: Vozes, 1997.

Papalia, Diane; Olds, Sally W. O mundo da criança: da infância à

adolescência. 2º ed. São Paulo: Makron Books, 1998.