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Público20120718

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30 | LOCAL | PÚBLICO, QUA 18 JUL 2012

Caudal da barragem do Tua pode afectar navegação no rio Douro

A EDP — Energias de Portugal é a entidade responsável pelo plano de intervenção na foz do Tua e da via navegável do Douro, que visa mini-mizar os riscos que a construção da barragem naquele afl uente poderá ter na navegabilidade do rio. A infor-mação foi avançada pela dirigente do Partido Ecologista Os Verdes (PEV) Manuela Cunha, no seguimento da reunião que decorreu ontem entre o partido e a Delegação do Norte e Douro do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM).

Manuela Cunha disse ao PÚBLICO ter-lhe sido confi rmada, pelo director da Delegação do Norte e Douro do IPTM, Joaquim Gonçalves, a “exis-tência de um plano de intervenção, da responsabilidade da EDP e acom-panhado pelo IPTM”, mas salientou que é a única coisa que se sabe do mesmo, uma vez que nem na reunião teve acesso ao plano. Para a dirigente do PEV, esta foi uma “meia resposta” às questões colocadas pelo partido quanto ao facto de a construção da barragem do Tua afectar a navegabi-lidade do Douro.

“Não sabemos em que consiste o plano, quando arranca, quando foi exigido, nem quem o vai pagar. Só que existe e que, segundo Joaquim Gonçalves, as intervenções serão fei-tas à medida da necessidade. O PÚ-

Plano de intervenção na via navegável do Douro vai ser executado pela EDP

BLICO tentou obter esclarecimentos por parte do IPTM mas, até à hora de fecho, a sua Delegação do Norte e Douro não esclareceu as dúvidas colocadas.

O PEV foi informado que terá de pedir ao ministério para consultar o plano. Manuela Cunha avança que o requerimento para chegar ao mesmo será entregue hoje mesmo. O partido continuará a procurar es-clarecimentos sobre o assunto no dia 26 de Julho, data em que é recebido pelo secretário de Estado da Energia, Artur Trindade. A dirigente do PEV relembrou que o partido tem vindo a questionar o processo na Assembleia da República desde 2009, sem nunca obter respostas concretas.

Em Abril, Joaquim Gonçalves afi rmou que o IPTM tinha previsto o alargamento e aprofundamento do canal navegável ao longo de mais de seis quilómetros entre a foz do Tua e a barragem da Valeira. O plano que, à data, disse existir, teria previsto o aprofundamento daquele troço dos 2,5 metros até aos 4,2 metros e a du-plicação da largura, dos 20 para os 40 metros, numa operação que pre-via o investimento de 25,5 milhões de euros.

Vem já de 2010 o aviso quanto aos riscos da obra da EDP para a nave-gabilidade do Douro. Num parecer relativo ao estudo do impacto am-biental da barragem, o próprio IPTM alertou para a necessidade de serem realizadas obras no canal. Só assim, argumentava, se poderá minimizar o efeito que o caudal turbulento que será projectado da barragem do Tua pode ter no Douro, numa das zonas em que o canal de navegação é mais estreito, o que já agora difi culta o trá-fego fl uvial.

Barragem do TuaLuciano SantosOs Verdes tentaram, sem sucesso, perceber se há um prazo para execução da obra no Douro, exigida pelo IPTM em 2010

ADRIANO MIRANDA

Numa altura em que há muitos turistas na cidade, cresce o protesto contra a vedação

Quem visita Aveiro e os próprios habitantes da cidade continuam privados de usufruir em pleno da paisagem que a torna única: os ca-nais da ria. Tudo porque uma par-te considerável do Canal Central se encontrada cercada de taipais me-tálicos, instalados há meses e por força de uma obra que, afi nal, não irá avançar — a nova ponte pedonal, que ligaria o Rossio ao Alboi. Pelo menos para já. Têm sido muitos os apelos para que a vedação seja des-montada, especialmente nesta épo-ca propícia ao incremento de turis-tas na cidade, mas, apesar disso, os taipais continuam a fazer parte das fotografi as que muitos vão tirando ao ex libris da cidade da ria.

O movimento cívico Por Aveiro, que tem lutado contra a constru-ção da polémica ponte sobre o Ca-nal Central (ver caixa), já lançou um apelo público a defender a remoção imediata do estaleiro no Rossio. “A presença (inútil) do estaleiro pena-liza de forma signifi cativa a cidade,

Canal da ria continua vedado por causa de obra que não avança

os cidadãos e os seus agentes eco-nómicos, sobretudo os da área do turismo, pelo que, numa altura de crise, deveriam ser feitos todos os esforços no sentido de potenciar e valorizar os recursos existentes (a ria), eliminando todas as ‘bar-reiras’ que os possam penalizar”, escrevem os dinamizadores do mo-

vimento cívico, no apelo público.A questão também já dominou

uma das últimas reuniões da assem-bleia municipal, onde se ouviram vários pedidos para que a estrutura metálica seja retirada. “Enquanto não constrói, mande tirar o taipal”, solicitou o deputado socialista Nuno Marques Pereira ao líder do execu-tivo camarário, Élio Maia. Na oca-sião, o autarca mostrou-se disponí-vel para desmontar a estrutura, mas apenas quando a edilidade tiver a certeza que a obra não avança efec-tivamente.

Nesta altura, e segundo infor-mou o presidente da câmara, está em avaliação a cedência da posição contratual a uma outra empresa, de-pois de, em Abril, o empreiteiro que ganhou o concurso ter desistido da obra — terá exigido mais 400 mil eu-ros, alegando atraso no início da em-preitada, e a câmara não aceitou.

Desconhece-se, assim, qual pode-rá vir a ser o desfecho deste impasse que já dura há meses, bem como o prazo previsto para a autarquia para proceder à retirada da vedação que, segundo o PÚBLICO constatou, tam-bém suscita desagrado nos turistas. “Até se compreenderia se houvesse uma obra em curso, mas se não há a paisagem deveria estar livre”, notou Paula Silva, uma visitante da cidade, oriunda de Lisboa, depois de saber que a vedação se destinava a uma obra que não chegou a avançar.

AveiroMaria José SantanaCâmara não sabe se vai conseguir entregar a obra de nova ponte a outro empreiteiro, e recusa retirar taipais

Ponte polémica

Desde o seu início, o projecto de construção da nova ponte sobre o Canal Central tem sido

marcado pela controvérsia e contestação, dividindo a câmara e uma parte da população. A maioria PSD-CDS/PP foi confrontada com várias acções de protesto, abaixo-assinados e apelos cívicos, mas recusou sempre recuar nos seus propósitos de edi!icar uma nova travessia na ria. Cidadãos unidos no movimento cívico Por Aveiro contestam a localização e os custos da ponte, numa época de crise. Mas só a inesperada desistência do empreiteiro parece ter travado o avanço da obra orçada em cerca de 600 mil euros.

PAULO RICCA