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PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA LIPOFORINA E SEU PAPEL NO TRANSPORTE DE LIPÍDEOS NEUTROS NA HEMOLINFA DE LARVAS DA BROCA DA CANA-DE-AÇÚCAR Diatraea saccharalis (LEPIDOPTERA: PYRALIDAE). WENDEL MATTOS POMPILHO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ MAIO – 2006

PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA LIPOFORINA E SEU … · Os insetos apresentam um sistema circulatório totalmente aberto, onde a hemolinfa corre livremente no interior da cavidade

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PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA LIPOFORINA E SEU PAPEL

NO TRANSPORTE DE LIPÍDEOS NEUTROS NA HEMOLINFA DE

LARVAS DA BROCA DA CANA-DE-AÇÚCAR Diatraea saccharalis

(LEPIDOPTERA: PYRALIDAE).

WENDEL MATTOS POMPILHO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE – DARCY RIBEIRO

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

MAIO – 2006

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PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA LIPOFORINA E SEU PAPEL

NO TRANSPORTE DE LIPÍDEOS NEUTROS NA HEMOLINFA DE

LARVAS DA BROCA DA CANA-DE-AÇÚCAR Diatraea saccharalis

(LEPIDOPTERA: PYRALIDAE).

WENDEL MATTOS POMPILHO

Orientadora: Prof. a Dra. Marílvia Dansa de Alencar CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

MAIO – 2006

“Dissertação apresentada ao Centrode Biociências e Biotecnologia daUniversidade Estadual do NorteFluminense como parte dasexigências para a obtenção do títulode Mestre em Biociências eBiotecnologia, área de concentraçãoBiologia Celular”.

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"Algo é só impossível até que alguém duvide e acabe provando o

contrário”.

Albert Einstein

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Ilson e Maria Aparecida, que sempre acreditaram na realização

de meu sonho. Obrigado mãe por não medir esforços para que os obstáculos

encontrados fossem superados. Agradeço por tudo o que fez por mim durante estes

quatro anos.

A professora Marílvia, pela orientação e amizade.

Ao Beto, pelas sugestões que muito contribuíram na elaboração deste trabalho.

E pelo auxílio na aquisição de novos conhecimentos.

Flávia e Carol, obrigado pela amizade e paciência.

Ao professor Carlos Logullo e seu grupo (Boca, Léo, Josi, Ninja e Eldo).

A Cíntia, pelas caronas até a Rural pela alegria no laboratório.

A Inês, pela companhia e auxilio nos momentos difíceis.

Aos técnicos do LQFPP, Jucélia, Cristóvão, Izabela, pela assistênca na

execução dos experimentos.

A professora Olga e seu grupo.

As professoras Elenir, Kátia. Aos amigos do setor de Bioquímica Vegetal.

Ao professor Mauri da UFRRJ e sua equipe por fornecer as larvas de D.

saccharalis.

A todos professores e alunos do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de

Insetos da UFRJ, especialmente: A professora Geórgia, pela paciência e pela força. Ao

professor Mário, pela motivação. A professora Kátia, pelas dicas. Ao amigo Petter, pela

ajuda na execução dos experimentos.

Aos companheiros da República Tutanheta: Bill, Tadeu, e aos ex-companheiros:

Pablo, Fred, Jovem (Alex), Anderson.

Por fim agradeço a Deus, pela saúde e força nestes dois anos.

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Sumário

ÍNDICE DE FIGURAS............................................................................................. viii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................. x

RESUMO................................................................................................................. xi

ABSTRACT.............................................................................................................. xii

1 – INTRODUÇÃO................................................................................................... 1

1.1 - Os Insetos como Modelo de Estudo............................................................... 1

1.2 - Diatraea saccharalis........................................................................................ 2

1.3 – As Lipoproteínas e o Transporte de Lipídeos em Vertebrados...................... 4

1.4 - Lipoforina – A lipoproteína dos Insetos........................................................... 6

1.5 – Partícula Transferidora de Lipídeos - LTP………….........….…..…………….. 10

1.6 - Estoque e Mobilização de Lipídeos em Insetos.............................................. 11

2 – OBJETIVOS...................................................………… .................................... 17

3 – MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 18

3.1 - Obtenção das Larvas de Diatraea saccharalis................................................ 18

3.2 - Coleta de Hemolinfa, Corpo Gorduroso e Ovário........................................... 19

3.3 – Obtenção de Hemolinfa Metabolicamente Marcada com 3H.......................... 20

3.4 – Isolamento da Lipoforina................................................................................ 20

3.5 - Eletroforese em Gel de Poliacrilamida............................................................ 21

3.6 - Cromatografia de Filtração em Gel................................................................. 21

3.7 - Determinação da Massa Molecular da Lipoproteína Purificada por PAGE de

Poro Limite..............................................................................................................

21

3.8 - Dot Blot............................................................................................................ 22

3.9 - Determinação da Densidade da Lipoforina..................................................... 22

3.10 – Extração de Lipídeos da Lipoforina de Larvas de D.saccharalis.................. 23

3.11 – Identificação dos Lipídeos em Cromatografia de Camada Fina (TLC)........ 23

3.13 - Quantificação de Proteínas........................................................................... 24

3.14 - Quantificação de Açúcar............................................................................... 25

4 – RESULTADO..................................................................................................... 26

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4.1 – Ultracentrifugação da Hemolinfa de Diatraea saccharalis.............................. 26

4.2 – Análise das Frações do Gradiente................................................................. 27

4.2.1 – Absorbância................................................................................................. 27

4.2.2 - Densidade e Concentração de Proteínas.................................................... 28

4.2.3 – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida........................................................ 29

4.2.4 – Radioatividade............................................................................................. 32

4.3 - Dot Blot............................................................................................................ 33

4.4 - Análise da Fração Nove.................................................................................. 34

4.5 – Massa Molecular da Partícula e suas Subunidades....................................... 35

4.6 – Composição da Lipoforina.............................................................................. 38

4.7 – Identificação dos Fosfolipídios....................................................................... 38

4.8 - Identificação dos Lipídios Neutros.................................................................. 40

4.6 – Quantificação de Lipídeos Totais na Hemolinfa e Corpo Gorduroso de

larvas de Diatraea saccharalis................................................................................

42

4.7 – Transporte de Lipídeos Neutros na Hemolinfa de Larvas de Diatraea

saccharalis na Hemolinfa........................................................................................

43

4.8 – Acúmulo de Lipídeos Neutros no Corpo Gorduroso de Larvas de Diatraea

saccharalis...............................................................................................................

45

4.9 – Acúmulo de Lipídeos Neutros no Ovário dos Insetos Adultos....................... 46

5 – DISCUSSÃO.................................................................................................... 47

6 – CONCLUSÃO.................................................................................................... 54

7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 57

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Lista de Abreviaturas e Siglas

• ABS Absorbânica

• ApoLp I Apolipoforina I

• ApoLp II Apolipoforina II

• ApoLp III Apolipoforina III

• AMPc Adenosina Monofosfato cíclico

• AKH Hormônio Adpocinético

• BSA Albumina sérica bovina

• DAB Diaminobenzidina

• DAG Diacilglicerol

• DPM Dosagem por minuto

• EDTA Ácido Etilenodiaminotetracético

• Lf Lipoforina

• Lf- H3 Lipoforina-H3

• HDL Lipoproteína de alta densidade

• HDLp Lipoforina de alta densidade

• HPLC Cromatografia Líquido de Alto Desempenho

• IDL Lipoproteína de densidade intermediária

• LDL Lipoproteína de baixa densidade

• LTP Partícula de Transferência de Lipídeos

• PBS Tampão Fosfato de Sódio

• SDS Dodecil Sulfato de Sódio

• SDS-PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida na presença de

SDS

• TAG Triacilglicerol

• TLC Cromatografia em camada fina

• KBr Brometo de Potácio

• kDa QuiloDalton

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• VLDL Lipoproteína de densidade muito baixa

• VHDLp Lipoforina de densidade muito baixa.

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Resumo

Diatraea saccharalis é a principal praga da cana-de-açúcar. As larvas alimentam-

se do colmo da planta, sendo a sacarose o principal componente de sua dieta. O

metabolismo e o transporte de lipídeos é essencial para o crescimento e o

desenvolvimento dos diferentes tecidos. A hemolinfa dos insetos contém uma

lipoproteína majoritária e análoga a dos vertebrados, denominada lipoforina. O

envolvimento desta lipoproteína no transporte de lipídeos em outras espécies foi

extensivamente estudado, porém na literatura há uma carência de informação sobre a

lipoforina de D. saccharalis. Usando ultacentrifugação em gradiente isopícnico de KBr

purificamos a lipoforina da hemolinfa de larvas de D. saccharalis. Neste trabalho

caracterizamos a lipoforina. A densidade da lipoforina foi de 1,122 g/mL. A análise

química mostrou uma composição de proteínas correspondendo a 46%, lipídeos

correspondendo a 49% e 5% de açúcar. A massa molecular da lipoforina em sua forma

nativa, foi estimada em torno de 710 kDa, de acordo com o procedimento de

eletroforese em gel de poliacrilamida porolimite. A análise da lipoforina em SDS-PAGE

mostrou a presença de duas apolipoforinas, apoLp I e apoLp II de massa molecular de

250, 90 kDa, respectivamente. A lipoforina purificada de larvas de D. saccharalis

apresentou a composição de fosfolipídeos e lipídeos neutros da lipoforina da foi

revelada por cromatografia em camada fina (TLC). Os fosfolipídeos foram identificados

em TLC unidimensional e bidimensional, foram detectadas as presenças de:

fosfatidiletanolamina, fosfatidilcolina, fosfatidilserina, fosfatidilinositol, lisofofatidilcolina e

esfingomielina. A TLC unidimensional para identificar lipídeos neutros revelou a

presença de colesterol esterificado, triacilglicerol, 1,3 – Diacilglicerol e 1,2 –

Diacilglicerol. Foi acompanhado o transporte de lipídeos na hemolinfa destes insetos

usando lipoforina – H3.

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Abstract

Diatraea saccharalis is an important pest in sugarcane culture. Larvae D.

saccharalis feed mainly on sucrose from the host plant. The lipid metabolism and its

transport are essential to support the for growth and development of the different insect

tissues. Lipophorin is a major lipoprotein in the insect hemolymph. The role of this

protein in the transport of lipids is extensively known in several insect species, but there

is a lack of information about D. saccharalis lipophorin in the literature. We purified the

lipophorin from the hemolymph of D. saccharalis larvae using a isopycnic KBr density

gradient ultracentrifugation. In this work, we are characterizing this lipophorin. The

density of this lipoprotein is 1,122g/mL, similar to the Manduca lipophorin. The chemical

analysis of the purified lipophorin showed that it is composed by approximately 46%

protein, 49% lipid and 5% sugar. The molecular mass of the lipophorin in its native form

is approximately 710 kDa. The analysis of the lipophorin by SDS-PAGE showed that it is

composed by 250 and 90 kDa apoproteins. The composition of phospholipids and

neutral lipids of the D. saccharalis lipophorin was assayed by thin layer chromatography

(TLC). The phospholipid was identified by unidimensional and bidimensional TLC. We

detected the presence of phosphatidylethanolamine, phosphatidylcholine,

phosphatidylserine, phosphatidylinositol, lisophophatidylcoline and sphingomyelin. The

neutral lipids had been identified in unidimensional TLC. We detected the presence of

cholesterol esther, 1,3-triacylglycerol, 1,2-diacylglycerol and diacylglycerol. The

transport of lipids in hemolymph of these insects using lipophorin - H3 was folloied.

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1 - Introdução 1.1 - Os Insetos como Modelo de Estudo

Os insetos representam a forma de vida animal mais abundante no planeta, com

cerca de um milhão de espécies organizadas em aproximadamente 800 famílias e

distribuídas em 32 ordens (HOY, 1994).

O sucesso adaptativo deste grupo a diferentes ambientes é uma das causas de

sua diversidade. Tal sucesso pode ser atribuído, principalmente, à evolução da

Holometabolia (CISNE, 1974). Insetos holometabólicos são aqueles que apresentam

metamorfose completa; ovo larva pupa (ou crisálida) adulto.

Os insetos apresentam um sistema circulatório totalmente aberto, onde a

hemolinfa corre livremente no interior da cavidade corporal – a hemocele, banhando

órgãos e tecidos. A circulação é facilitada por órgãos tubulares pulsáteis, coração e

vasos dorsais. Os insetos não apresentam hemoglobina ou outras moléculas

carreadoras de oxigênio na hemolinfa. Quanto à composição química da hemolinfa,

estudos revelam uma considerável variação, sendo alguns dos maiores constituintes:

água; sais inorgânicos; materiais nitrogenados; ácidos orgânicos; carboidratos; lipídeos;

aminoácidos; proteínas; pigmentos; gases e hemócitos (MUTTKOWSKI, 1923;

SNODGRASS, 1993). O sistema respiratório tem sua origem em poros localizados no

tórax e abdômen. Estes poros estão ligados a tubos quitinizados – as traquéias, as

quais estão espalhadas por toda a cavidade corporal dos insetos, distribuindo oxigênio

a todos os órgãos (LAW & WELLS, 1989).

O sistema imune e o sistema hemostático dos insetos diferem marcadamente

daqueles encontrados em mamíferos. Imunoglobulinas não são encontradas nestes

organismos e a coagulação da hemolinfa não envolve fibrina ou proteínas similares

(LAW & WELLS, 1989). Além disso, os insetos possuem tecidos análogos, em função,

aos tecidos presentes em vertebrados. O corpo gorduroso é encontrado disperso por

todo corpo dos artrópodes. Este tecido é responsável pela síntese da maioria das

proteínas hemolinfáticas e atua como principal órgão de armazenamento de gordura,

glicogênio e proteínas. Tendo suas funções reguladas por hormônios. O corpo

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gorduroso combina características similares ao fígado e tecido adiposo dos vertebrados

(LAW & WELLS, 1989).

Além da importância econômica e médica, outros fatores contribuem na escolha

dos insetos como modelo experimental, entre eles: fácil manipulação; grande número

de indivíduos disponíveis para ensaios experimentais; muitas espécies se reproduzem

facilmente e produzem um grande número de descendentes; rápido ciclo de vida de

algumas espécies, tais como Musca domestica, o que permite a análise em diversas

fases de seu desenvolvimento (LAW & WELLS, 1989).

Descobertas cientificamente importantes foram observadas pela primeira vez em

insetos e posteriormente demonstradas em outros modelos, tais como mamíferos.

Dentre estas descobertas temos: a elucidação do mecanismo de ação de hormônios

esteróides através de experimentos com ecdisona (SCHELLER & KARLSON, 1977); a

identificação do processo de endocitose mediada por receptores (ROTH & PORTER,

1964; TELFER, 1960 e 1961); estudos de biologia molecular identificando genes

“homeobox” em Drosophila e sua homologia com vertebrados (AKAM, 1989); a

descoberta das secropinas, peptideos antibacterianos (BOMAN & HULTMARK, 1987);

citocromo c (KEILIN, 1966) e a abservação do processo de seleção natural em

mariposas (Biston betularia) (FISHER, 1933).

1.2 - Diatraea saccharalis

Diatraea saccharalis (Figura 1) é um inseto pertencente à ordem Lepidoptera,

sendo a principal praga da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) e causadora de

grandes prejuízos para esta cultura. Este inseto tem sua origem na América Central e

América do Sul (LONGO & HENSLEY, 1972).

Os ovos de D. saccharalis medem aproximadamente 1,16 mm de comprimento e

0,75 mm de largura. E são depositados agrupados e sobrepostos como as escamas de

um peixe (Figura 1A). Um conjunto de ovos pode conter de 20 a 50 ovos e são

depositados na superfície da folha da planta. Inicialmente são brancos, mas

apresentam cor laranja com o passar do tempo. A duração do estágio de ovo é de

quatro a seis dias (HOLLOWAY et al., 1928).

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As larvas recém eclodidas dirigem-se para as gemas da planta onde penetram

no colmo e alimentam-se de seu interior, sendo a sacarose o principal componente de

sua dieta. As larvas apresentam a cabeça na cor marrom, o corpo de cor amarelo-

palha, com pontos marrons em cada um de seus segmentos (Figura 1B) (HOLLOWAY

et al., 1928).

O número de estádios das larvas de D. sacharalis é completamente variável,

havendo relatos de três a dez, sendo o padrão cinco. Essa variação parece estar

relacionada com a estação do ano. A duração de cada estádio é de aproximadamente

3-6, 4-8, 6-9, 4-6, e 4-9 dias para os estádios de um a cinco, respectivamente. Estes

dados se referem a larvas que se alimentam da cana-de-açúcar em condições naturais.

Quando mantidas em dietas artificiais, a maioria das larvas tende a apresentar seis

estádios (HOLLOWAY et al. 1928). O tempo de desenvolvimento das larvas até o

estágio pupal varia entre 25 a 30 dias. As larvas alcançam um comprimento de

aproximadamente 2-4, 6-9, 10-15, 15-20, 20-30 mm durante os estádios de um a cinco,

respectivamente (ROE., 1982).

A fase de pupa ocorre dentro da planta, em uma galeria cavada pela larva

(Figura 1C). A larva limpa e expande esta galeria antes da fase de pupa, deixando

somente uma fina camada de tecido vegetal, que será quebrada ao término da

metamorfose. A crisálida é de cor marrom, alongada e fina, mede de 16 a 20 mm de

comprimento e a duração do estágio pupal é de oito a nove dias (HOLLOWAY et al.,

1928).

Os adultos, de cor amarelada (Figura 1D), possuem uma extensão de asa que

varia de 18 a 28 mm para os machos e de 27 a 39 mm para as fêmeas. Eles

apresentam hábitos noturnos permanecendo escondidos durante o dia. O ovoposição

começa no final da tarde continuando durante todo noite. As fêmeas podem colocar os

ovos por até quatro dias. A duração do estágio adulto é de três a oito dias

(HOLLOWAY et al., 1928).

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1.3 – As Lipoproteínas e o Transporte de Lipídeos em Vertebrados

O termo lipídeo é amplamente usado para descrever um grupo de compostos de

origem biológica, que apesar de quimicamente diferentes entre si, exibem como

característica comum o fato de serem imiscíveis em água e solúveis em solventes

orgânicos (HEMMING & HAWTHORNE, 1986). A natureza hidrofóbica dos lipídeos é a

base de suas principais funções biológicas, destacando-se entre elas as de reserva

energética e como componentes de membranas biológicas. Alguns lipídeos apresentam

ainda funções especiais, como por exemplo: hormonais (hormônios esteróides)

(RAMWELL & SHAW, 1970); regulador da ação de hormônios (prostaglandinas)

ABCD

Figura 1: Diferentes estádios da Diatraea saccharalis. (A) Ovo; (B) Larva; (C) Pupa; (D) Adulto.

Imagens retiradas de http://insects.tamu.edu/extension/bulletins/mp-1777.html

A B

C D

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(BERGSTROM,1967); segundo mensageiro (fosfatidilinositol) (DIVECHA & IRVINE.,

1995); e receptores de superfície celular (glicolipideos) (HOKIN., 1985).

Em vertebrados, a gordura absorvida da dieta e os lipídeos sintetizados pelo

organismo são transportados entre os vários tecidos e órgãos para armazenagem ou

utilização (WIRTZ, 1991). Os lipídeos são transportados pela circulação como

componentes das lipoproteínas (Figura 2), partículas globulares que consistem de um

cerne apolar de lipídeos neutros (como triacilgliceróis e ésteres de colesterol),

envolvidos por uma camada anfifílica de proteínas, fosfolipídeos e colesterol

(ELDESTEIN et al., 1979). A porção protéica de uma lipoproteína é conhecida como

apolipoproteína (apoLp) ou apoproteína, e tem a função de estabilizar os lipídeos,

podendo representar de 1% a 60% da constituição de diferentes lipoproteínas (MAYES,

1996).

De acordo com suas funções e propriedades físicas, as lipoproteínas de

mamíferos são classificadas em: quilomícrons, lipoproteínas de densidade muito baixa

(VLDL), lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de alta densidade (HDL) e

lipoproteína de densidade intermediária (IDL) (BEUCLER & TURPIN, 2001). Durante o

transporte através dos capilares, lipídeos provenientes da alimentação são

primeiramente empacotados nos quilomicrons. A maior parte do conteúdo lipídico desta

partícula é liberada para os tecidos, adiposo e muscular, por meio de uma lipoproteína

lípase. Os remanescentes de quilomícrons são captados pelo fígado. Lipídeos

endógenos e colesterol do fígado são liberados para os músculos e para os adipócitos

pelas VLDL. A extração de lipídeos das VLDL converte gradualmente parte delas em

LDL, as quais transportam o colesterol para os tecidos extra-hepáticos ou são captadas

novamente pelo fígado. O fígado capta remanescentes das LDL, VLDL e quilomicrons

por meio do processo de endocitose mediada por receptores. O excesso de colesterol

nos tecidos extra-hepáticos é transportado de volta ao fígado como HDL (SEIDEL,

1973).

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1.4 - Lipoforina – A lipoproteína dos Insetos

O transporte de lipídeos no sistema circulatório, via lipoproteína, não é uma

exclusividade de vertebrados. A hemolinfa dos insetos contém uma lipoproteína

majoritária denominada lipoforina (Lf) (CHINO et al., 1969, CHINO et al 1981a). A

lipoforina é responsável pelo transporte de lipídeos de seus sítios de síntese ou

absorção para os sítios de utilização (SOULAGES & WELLS, 1994).

Além de diacilglicerol (CHINO et al., 1969; CHINO & KITASAWA, 1981a), a

lipoforina transporta fosfolipídeos, colesterol, hidrocarbonetos e ácidos graxos livres

(CHINO et al., 1969; CHINO & GILBERT, 1971; GONDIM et al., 1989; SOULAGES &

WELLS, 1994; ATELLA et al., 2000). Porém, em Aedes aegypti os lipídeos neutros são

transportados sob a forma de triacilglicerol (FORD & VAN HEUSDEN, 1994). A

Figura 2: Lipoproteína de baixa densidade (LDL). (Adaptado de VOET et

al.,1999).

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lipoforina também está relacionada ao transporte de outros ligantes hidrofóbicos, como

o hormônio juvenil, feromônios e carotenos (BLACKLOCK & RYAN, 1994; SOULAGES

& WELLS, 1994; VAN DER HORST et al, 1993).

Em espécies que têm a capacidade migratória ou aquelas que voam por horas

sem parar, tais como Locusta migratoria e Manduca sexta, a lipoforina possui um papel

fisiológico fundamental. Durante longos períodos de vôo, os carboidratos fornecem

energia apenas nos primeiros 30 minutos; após este período os lipídeos tornam-se a

fonte primária de energia (BEENAKKERS et al., 1984).

A lipoforina tem a habilidade de funcionar como um transportador de lipídeos

reutilizável, ou seja: ela é capaz de entregar lipídeos seletivamente a diversos órgãos

sem ser endocitada e degradada, e logo em seguida é reabastecida e novamente

distribui lipídeos entre os tecidos (VAN HEUSDEN et al, 1987; VAN DER HORST, 1990;

RYAN & VAN DER HORST, 2000; CANAVOSO et al, 2001).

Além do papel no transporte, a lipoforina é capaz de entregar ou receber,

seletivamente, lipídeos a tecidos específicos (Figura 3). Por exemplo: entregar

diacilglicerol (DAG) para o corpo gorduroso e ovócitos e recebê-lo do próprio corpo

gorduroso e intestino e, ainda, distribuir hidrocarbonetos e carotenóides para a cutícula

(ARRESE et al., 2001). Essa interação da lipoforina com tecidos distintos é mediada por

receptores específicos (BAUERFEIND & KOMNICK, 1992 a,b; GONDIM & WELLS,

2000).

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Figura 3: Esquema mostrando o complexo de entrega seletiva de lipídeos.A lipoforina (Lp) está associada a célula por meio de um receptor de membrana

(R). Os lipídeos são transferidos para célula via “partícula transferidora de

lipídeos” (LTP) e fatores específicos de transferência (FT), os quais são

proteínas de membrana. Estão ilustrados: FT D - fator de transferência de

diacilglicerol (DAG) e FTE – fator de transferência de Esterol (Adaptado de

ARRESE et al, 2001).

Lp LTP

R FTD FTS

DAG Esterol

HEMOLINFA

INTRACELULAR

Lp LTP

R FTD FTS

DAG Esterol

HEMOLINFA

INTRACELULAR

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A lipoforina é sintetizada no corpo gorduroso, um órgão que atua no

armazenamento de lipídeos e carboidratos, e ainda é o principal sítio de síntese

protéica em insetos. De acordo com a espécie, a lipoforina pode ser secretada na

hemolinfa como uma partícula deficiente em lipídeos, que será abastecida em outros

sítios (LAW & WELLS, 1989; RYAN & VAN DER HORST, 2000; CANAVOSO et al.,

2001), ou como uma partícula madura, completa em seu conteúdo lipídico (VAN DER

HORST et al., 1993).

A lipoforina pode existir em várias formas com respeito ao seu conteúdo relativo

de lipídeos, que se reflete no tamanho e na densidade da partícula. Sendo assim, a

lipoforina pode ser classificada como LDLp (lipoforina de baixa densidade), (HDLp

lipoforina de alta densidade) (BLACKLOCK e RYAN, 1994; RYAN & VAN DER HORST,

2000) ou VHDLp (lipoforina de densidade muito alta) (BEENAKKERS et al., 1988).

A porção protéica da lipoforina é tipicamente constituída de duas

apolipoproteínas: apolipoforina I (apoLp-I, ~ 240 kDa) e apolipoforina-II (apoLp-II, ~ 80

kDa), presentes na razão molar de 1:1 (VAN DER HORST, 1990; BLACKLOCK &

RYAN, 1994; RYAN & VAN DER HORST, 2000; CANAVOSO et al., 2001). Em

algumas espécies de insetos pode ocorrer a adição de outra apoproteína, a

apolipoforina III (apoLp-III, ~ 17 kDa) (VAN HEUSDEN et al, 1984). É o caso das

espécies M. sexta e L. migratoria, que têm várias moléculas de apoLp-III associada à

LDLp presente em adultos durante o vôo (VAN DER HORST et al.,1981; KAWOOYA et

al., 1984; RYAN & LAW, 1984; WELLS et al., 1985). O papel dessa última apoproteína

ainda não está totalmente elucidado, embora pareça que ela funcione na estabilização

da lipoforina quando esta é abastecida de lipídeos (KAWOOYA et al., 1984; WELLS et

al., 1985; HAUNERLAND & BOWERS, 1986).

Estudos da biossíntese de lipoforina revelaram que as apolipoforinas I e II se

originam de um precursor comum, explicando a estequiometria de 1:1 dessas

apolipoproteínas (WEERS et al., 1993).

1.5 – Partícula Transferidora de Lipídeos – LTP Ryan et al., (1986a) observaram que ao longo do desenvolvimento de M. sexta

ocorrem populações de lipoforina com densidades variadas. Tal observação levou a

identificação de um fator de interconversão destas populações (RYAN et al., 1986b).

Este fator foi denominado Partícula Transferidora de Lipídeos (LTP do inglês: “Lipid

Transfer Particle”) (RYAN et al., 1986 a,b). LTP é uma lipoproteína de alta densidade

(RYAN et al., 1986b) e formada por três apolipoproteínas: apoLTP-I (350 kDa), apoLTP-

II (85 kDa) e apoLTP-III (60 kDa). A massa de proteínas corresponde a 86% da

partícula. Os lipídeos somam 14% da massa total e os carboidratos correspondem a 5%

da massa de proteína (RYAN et al., 1986b).

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A LTP foi identificada e purificada da hemolinfa de outras espécies, tais como L.

migratória (HIRAYAMA & CHINO, 1990), P. americana (TAKEUCHI & CHINO, 1993),

Manduca sexta (CAPURRO & DE BIANCHI, 1990) and B. mori (TSUCHIDA et al.,

1997). A LTP é sintetizada no corpo gorduroso e secretada para a hemolinfa (VAN

HEUSDEN et al., 1996). Esta lipoproteína está presente no ovócito dos insetos onde

tem a função de converter a HDLp do adulto em VHDLp dos ovos (LIU & RAYAN,

1991). Porém, não está determinado se a LTP é sintetizada no ovócito ou transportada

para o mesmo (LIU & RAYAN, 1991).

Análise por microscopia eletrônica mostrou que a LTP possui uma cabeça

esférica e uma cauda cilíndrica longa e articulada (RYAN et al.,1990a; TAKEUCHI e

CHINO, 1993; TSUCHIDA et al., 1997). A localização das três subunidades da partícula

e a função específica de cada uma delas não está bem elucidada, mas dados

demonstram que as três apoproteínas são necessárias para a atividade da LTP (VAN

HEUSDEN et al., 1996).

O mecanismo de ação da LTP no plasma tem sido amplamente estudado. Uma

das hipóteses propõe que a transferência de lipídeos é mediada através de um

complexo de doador e receptor, onde a LTP atua como uma lançadeira (TALL, 1995).

Estudos in vitro têm mostrado a capacidade da LTP de transferir DAG (entre

lipoforinas obtidas de diferentes estágios do desenvolvimento de Manduca sexta), HDLp

(de larvas) e LDLp (de adultos) (RYAN & LAW., 1987). Ensaios in vitro usando TAG -

marcado de corpo gorduroso de adultos de M. sexta ou DAG – marcado de intestino

médio de larvas mostraram que a transferência é inibida quando no ensaio é adicionado

anticorpo anti - LTP e é restaurada ao acrescentar mais LTP (VAN HEUSDEM & LAW,

1989). Este experimento revela o papel essencial da LTP em promover a transferência

de DAG.

A LTP também tem a capacidade de transferir DAG entre lipoforinas de espécies

diferentes (RYAN et al, 1988b; CAPURRO & DE BIANCHI, 1990; TAKEUCHI & CHINO,

1993), entre HDLp ou LDLp para a vitelogenina, uma lipoproteína presente na

hemolinfa de fêmeas (TSUCHIDA et al., 1997), e entre lipoforina e lipoproteínas

humanas HDL (RYAN et al., 1992) e LDL (RYAN et al., 1990b; ANDOS et al., 1990;

SINGH et al., 1992). A LTP também atua na transferência de outros lipídeos de HDLp

para LDLp, incluindo fosfolipídeos (TSUCHIDA et al., 1997); carotenóides ( TSUCHIDA

et al., 1998) e hidrocarbonetos (TAKEUCHI & CHINO, 1993).

1.6 - Estoque e Mobilização de Lipídeos em Insetos

Durante a alimentação, lipídeos assimilados da dieta pelo intestino são

transportados para outros tecidos através da lipoforina presente na hemolinfa

(CANAVOSO et al., 2001).

A digestão de lipídeos provenientes da dieta ocorre no intestino médio, onde o

triacilglicerol (TAG), principal componente lipídico da dieta, é hidrolisado em ácidos

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graxos livres e monoacilglicerol pela ação da TAG lipase, como demonstrado em M.

sexta (figura 4) (WEINTRAB & TIETZ, 1973, 1978; TSUCHIDA & WELLS, 1988;

HOFFMAN & DOWNER, 1979; ARRESE & WELLS., 1997; ARRESE et al., 2001).

Os ácidos graxos e monoacilgliceróis são absorvidos pelos enterócitos e

convertidos em DAG, TAG e fosfolipídeos. O DAG pode ser convertido em TAG, o que

serve como reserva de ácidos graxos ou o DAG pode ser secretado para hemolinfa

(CANAVOSO & WELLS, 2000). Paralelamente ao processo de absorção dos lipídeos

da dieta, DAG e outros lipídeos, como os fosfolipídeos, são transferidos do enterócito

para a hemolinfa (CANAVOSO & WELLS, 2000; ATELLA et al., 2000; CANAVOSO et

al., 2001), onde são transferidos diretamente para a lipoforina preexistente na hemolinfa

sem que haja síntese “de novo” dessa lipoproteína durante o processo (CANAVOSO et

al., 2001).

A transferência de lipídeos dos enterócitos para a lipoforina, é mediada por

receptores na superfície do tecido. Esse processo ocorre sem que a partícula seja

endocitada e é facilitado pela presença da LTP (ATELLA et al., 2000).

Após se abastecer no intestino, a lipoforina, carregada de lipídeos, percorre a

hemolinfa até atingir o corpo gorduroso ou outros sítios de utilização ou estoque de

lipídeos, onde os componentes lipídicos podem ser descarregados (CANAVOSO et al.,

2001). Ao entregar lipídeos para o corpo gorduroso, a lipoforina interage com esse

tecido através de sítios de ligação de alta afinidade, já identificados no corpo gorduroso

de M. sexta e R. prolixus (TSUCHIDA & WELLS, 1990; PONTES et al., 2002; GONDIM

& WELLS., 2000).

Ao contrário do que acontece em vertebrados, a lipoforina não é internalizada

pelas células, nem suas apoproteínas são acumuladas. Ela apenas transfere seus

lipídeos para os tecidos (CHINO & KITASAWA, 1981a; CHINO, 1985).

A transferência de lipídeos para o corpo gorduroso é facilitada pela LTP (VAN

HEUSDEN & LAW, 1989) e sua mobilização é sinalizada pela liberação de um

peptídeo, o hormônio adipocinético (AKH), liberado pela glândula corpora cardiaca

(Figura 5) (BEENAKKERS et al.,1985).

O AKH se liga a um receptor no corpo gorduroso (ZIEGLER et al., 1995),

desencadeando uma via de transdução de sinal que promove tanto a ativação da

adenilato ciclase quanto um aumento de Ca+2 e dos níveis de AMPc (ARRESE et al.,

1999; VAN DER HORST et al., 2001). Esses mensageiros desencadeiam, por

fosforilação, a ativação de uma lípase (TGA lípase), a qual converte triacilglicerol em

diacilglicerol (KATAGIRI, 1985; KAWOOYA et al., 1991; CANAVOSO & WELLS, 2000;

CANAVOSO et al., 2001).

DAG é transferido para a HDLp circulante através de sua ligação a receptores na

superfície do corpo gorduroso em um processo facilitado pela LTP (PRASAD et al.,

1986; RYAN et al., 1988a,b, VAN HEUSDEN & LAW, 1989; VAN ANTWERPEN et al.,

1989; HIRAYAMA & CHINO,1990). Simultaneamente com a captura de DAG pela

lipoforina, moléculas de apoLp-III se associam com a partícula lipoprotéica (WELLS et

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al., 1987). A partícula de lipoforina resultante, maior e menos densa (LDLp), tem uma

grande capacidade para transportar DAG do corpo gorduroso para os músculos do vôo

(GILBERT & CHINO, 1974; CHINO & KITAZAWA, 1981b; CHINO, 1985; SHAPIRO et

al., 1988; VAN ANTWERPEN et al., 1988). No músculo de vôo uma lipoproteína lipase

hidrolisa DAG, originando glicerol e ácidos graxos livres, usados como fonte de energia

pelo músculo (VAN HEUSDEN, 1993). Assim que DAG é removido da LDLp, as

moléculas de apoLp-III dissociam-se da superfície da partícula, regenerando HDLp, que

retorna para o corpo gorduroso onde será recarregada com DAG (GILBERT & CHINO,

1974; CHINO & KITAZAWA, 1981b; CHINO, 1985, VAN HEUSDEN et al., 1987).

Em M. sexta, 40% do peso seco dos ovos é constituído de lipídeos, sendo 1%

deste total, proveniente de biossíntese e outros 5%, associados à vitelogenina, o

restante é entregue pela LDLp e HDLp ao ovócito. Da porcentagem total de lipídeos,

90% são entregues aos ovócitos mediado por uma lipoforina lipase, em processo similar

ao descrito para o músculo de vôo. O processo ainda envolve a endocitose seletiva de

HDLp. Os lipídeos da HDLp são extraídos com auxílio de uma lipase e da LTP,

resultando em uma lipoforina de altíssima densidade (VHDLp) a qual é armazenada no

corpo vitelínico. Durante todo este processo as subunidades da HDLp não são

degradadas (KAWOOYA & LAW., 1988 a; KAWOOYA et al., 1988 b) (Figura 6).

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Figura 4: Esquema mostrando a absorção de ácidos graxos em enterócitos dointestino médio, a síntese de diacilglicerol nas células do intestino e otransporte do mesmo para o corpo gorduroso, onde é armazenado. AG - ácido

graxo livre; AP - via do ácido fosfatídico; DAG - diacilglicerol; LTP - partícula

A

INTESTINO MÉDIO

síntese eAG AP

CORPO GORDUROSOSíntese e secreção de

lipoforina nascente (nLp); estoque de

nL

nL

TAG

Transportador de ácido graxo livre Receptor Lipoforina

LÚMEN INTESTINAL Digestão da

HEMOLINFA Transferência

de DAG do intestino para

lipoforina; t d

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Figura 5: Esquema mostrando a produção de lipoforina de baixadensidade (LDLp) pelo corpo gorduroso e entrega de lipídeos nomúsculo de vôo. AKH - hormônio adipocinético; ApoLp-IIIapolipoforina III; DAG - diacilglicerol; HDLp - lipoforina de alta

AKH

cAMP +

PKA

P

TAG

DAG

ApoLp

LDL LD

L

HD

HDDAG

ÁC. GRAXO

ENERGI

MÚSCULO

CÉLULA DO CORPO HEMOLINFA

Gota

TAG-LT

R

Lipoforina

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Figura 6: Entrega de lipídeos ao ovócito: Os lipídeos são entregues ao

ovócito principalmente pela lipoforina de baixa densidade (LDLp) em um

mecanismo que requer a atividade de uma lipoforina lípase. Uma outra rota

de menor importância: envolve a endocitose da lipoforina de alta densidade

(HDLp) a qual é delipidada dentro da célula e a lipoforina de muito alta

LD

Lp LDLp

HD

HEMOLINFA

Lipoforina

TA

DA

Gota

A

HDLp Lipase LTP VHDL

AC

TA

Ovo

OÓCITO CORPO

HD

Endocit

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2 – OBJETIVOS

2.1 - Identificar, purificar e caracterizar a lipoforina de Diatraea saccharalis;

2.2 - Investigar o papel da lipoforina no transporte de lipídeos neutros.

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3 – Materiais e Métodos 3.1 - Obtenção das Larvas de Diatraea saccharalis

As larvas de D. saccharalis foram obtidas na Universidade Federal Rural do Rio

de Janeiro (Campus Leonel Miranda), cedidas pelo Professor Mauri Lima Filho.

As lagartas foram criadas artificialmente em cortes de cana, os quais foram

trocados seguidamente para evitar aparecimento de fungos. Após a emergência dos

adultos, estes foram reunidos em casais e colocados em manta de vidro forrada com

papel de cera e posta sobre placas de Petri com sílica úmida e recobertas com papel de

filtro. Os adultos foram mantidos a temperatura de 28 oC e 60% de umidade relativa,

com um fotoperíodo de 12 h claro e 12 h escuro.

Os ovos foram coletados e desinfectados com solução de cloreto de mercúrio 1%

por 3 min. Em seguida, foram transferidos para o seguinte meio artificial (HENSLEY &

HAMMOND., 1986): Água destilada (1,558 mL); Aureomicina (0,50 g); Sais de Wesson

(18,0 g); Caseína (54,0 g) Sacarose (90,0 g); Germe de trigo (54,0 g); Cloreto de colina

(1,8 g); Solução vitamínica (18,0 mL*); Ácido ascórbico (7,2 g); FormaldeÍdo 37,2% (0,9

mL); Metil-p-hidroxibenzoato (2,7 g); Bacto-agar (36 g).

(*) A solução vitamínica consta das seguintes vitaminas, dissolvidas em 1.000

mL de água destilada: Niacinamida (1 g); Pantotenato de cálcio (1 g); Riboflavina (0,5

g); Tiamina (0.25 g); Piridoxina (0,25 g); Ácido fólico (0,1 g); Biotina (0,02 g); Vitamina

B12 1000 mg/cc (2 mL).

O meio artificial, depois de pronto, foi transferido para tubos de vidro tampados

com algodão. Os tubos foram previamente esterilizados a 150 oC por 3 h, em estufa. A

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temperatura de incubação dos ovos foi de 28 oC e 60% de umidade relativa com um

fotoperíodo de 12 h claro e 12 h escuro. Os ovos eclodiram em um período de 4 a 9

dias.

3.2 - Coleta de Hemolinfa, Corpo Gorduroso e Ovário

Larvas do quinto instar (vinte dias) de D. saccharalis foram mantidas sobre gelo

até que todos os seus movimentos fossem interrompidos. Em seguida, foi feita uma

incisão no dorso da larva, e a hemolinfa foi coletada com um capilar. Em média foram

obtidos 25 µL de hemolinfa por larva. Os insetos adultos (20 dias) foram colocados em

Placa de Petri e mantidos sobre o gelo até que todos os seus movimentos fossem

interrompidos. Em seguida, a cabeça foi removida cuidadosamente com auxílio de uma

pinça e um capilar foi imediatamente inserido na parte exosta do protorax para coleta da

hemolinfa. Em média, foram coletados 5 µL de hemolinfa por inseto adulto.

Durante a coleta o material foi mantida no gelo na presença de uma solução de

NaCl 0,15 M contendo 5mM de EDTA e uma mistura dos inibidores de protease, PMSF

1mM e Benzamidina 1 mM na presença de 1 mM de feniltiocarbamida.

Os hemócitos foram removidos por centrifugação a 11.000 xg, por 10 minutos, e

o sobrenadante foi congelado em nitrogênio líquido e mantido no freezer.

Para a coleta do corpo gorduroso, as larvas foram presas com alfinete

entomológico em uma placa de Petri preenchida com parafina. Foi feita uma incisão ao

longo da cavidade corpórea com uma pequena tesoura. Em seguida as cabeças,

intestinos e túbulos de Malpighi foram retirados com o auxílio de uma lupa

estereoscópica e pinças de dissecação. A carcaça do inseto foi então macerado em 750

µL de tampão fostato de sódio 20 mM pH 7,4 em um Poter de 3 mL, sobre gelo. Em

seguida, a cutícula deste inseto foi lavada com 250 µL do mesmo tampão e retirada da

solução com uma pinça. O corpo gorduroso foi congelado e armazenado em nitrogênio

líquido.

Para coleta do ovário, fêmeas adultas foram presas com alfinete entomológico

em uma placa de Petri preenchida com parafina. Foi feita uma incisão ao longo do

abdômen, com o auxílio de uma pequena tesoura. Em seguida, o ovário foi retirado com

o auxílio de uma lupa estereoscópica e pinças de dissecação. O ovário foi macerado

em tampão fostato de sódio 20 mM pH 7,4 e imediatamente congelado em nitrogênio

líquido.

3.3 – Obtenção de Hemolinfa Metabolicamente Marcada com 3H

Larvas de D. saccharalis (5o estádio) foram alimentadas artificialmente com uma

solução de H3-palmitato em metanol (1µCi/µL) administrando diretamente pela via oral

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com o auxílio de uma seringa Hamilton. Seis horas após a alimentação das larvas, a

hemolinfa foi coletada como descrito anteriormente.

3. 4 – Isolamento da Lipoforina

O método para ultracentrifugação da hemolinfa, ou hemolinfa-3H, foi adaptado de

CAPURRO et al. (1996). A hemolinfa (3 mL) foi diluída para 5 mL usando tampão

fosfato de sódio 100mM, NaCl 0,15 M, pH 7,2, EDTA 5 mM e 44% de KBr (p/v), na

presença ou ausência de 0,1% de “Sudam black” em etilenoglicol (CHUNG et al., 1986).

Sobre esta solução, foram adicionados mais 5 mL do mesmo tampão descrito acima,

porém sem KBr. Este material foi ultracentrifugado a 100.000 xg por 16h a 4oC em uma

centrífuga HITACHI (himac CP 85 Β) com o rotor P2852. As frações foram coletadas a

partir do topo do gradiente, em um total de 20 frações de 500 µL cada. Após a

separação, às frações foram dialisadas contra tampão fosfato de sódio 100mM, NaCl

0,15 M, pH 7,4 contendo 5 mM de EDTA, perfazendo 5 trocas de tampão. Este

experimento foi realizado com 10 amostras diferentes.

Após a ultracentrifugação foi estimado o índice de refração (IR) da luz em KBr de

cada uma das frações do gradiente usando um refratômetro (Milton Roy Company). O

equipamento foi calibrado com água ultra pura (ρ = 1,00 g/ml) e KBr 50% em PBS (ρ =

1,32 g/ml).

O IR foi convertido em densidade usando-se a fórmula: ρ = a. x η- b, onde ρ é a densidade, η

equivale ao índice de refração, a corresponde ao valor 6,4786 e b corresponde ao valor 7,6431

(a e b são constantes que dependem do sal usado para o estabelecimento do gradiente).

A radioatividade das frações foi estimada por cintilação líquida, usando Bray com líquido de

cintilação (BRAY, 1960).

A absorbância das frações foi estimada em 452nm – para hemolinfa na ausência de “Sudam Black” e 605 nm – para hemolinfa na presença de “Sudam Black”. Foi usado um espectrofotômetro SHIMADZU UV mini 1240. Este experimento foi realizado com 10 amostras diferentes.

3.5 - Eletroforese em Gel de Poliacrilamida

As frações do gradiente foram analisadas por eletroforese em géis de poliacrilamida, em um gradiente de concentração variando de 3 a 22% na presença de SDS (LAEMMLI, 1970) ou de 3 a 15% em condições não desnaturantes (DAVIS, 1964), e coradas com “coomassie blue” (DUNN & CRISP, 1994). Os géis foram corridos em amperagem constante de 30 mA.

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3.6 - Cromatografia de Filtração em Gel

A cromatografia foi realizada em HPLC (Shimadzu LC10AT) utilizando uma

coluna de filtração em gel Superose 6 GL 10/300. A coluna foi equilibrada em tampão

Tris - HCl 20 mM, NaCl 1 M , pH 8,0 em um fluxo de 0,5 mL/min. O volume aplicado foi

de 50 µL de amostra.

3.7 - Determinação da Massa Molecular da Lipoproteína Purificada por PAGE de Poro Limite

A determinação da massa molecular da lipoforina foi estimada por eletroforese

em gel de poliacrilamida (NICHOLS et al., 1986). Foi usado um gel de separação de 3 a

20% (20 mL) e um gel de empacotamento de 3,3% (5 mL). A corrida foi realizada a 100

V por 24 horas. Os padrões usados foram: Tiroglobulina (669 kDa); apoferritina (440

kDa); β-amilase (200 kDa); BSA (66 kDa); Citocromo c (14 kDa).

3.8 – “Dot Bloting”

Experimentos de “Dot Blotting” foram realizados segundo procedimento padrão

descrito para “western blotting” (TOWBIN et al., 1979). Foram aplicados diretamente na

membrana de nitrocelulose 5 µg de lipoforina de Rhodinius prolixus, 15 µg da fração 9

do gradiente e 15 µg de BSA. A membrana foi incubada por 1 h com tampão TBS tween

molico - Tris 10 mM; NaCl; 0,01% de tween 20, pH 7,0, contendo 2 % de leite Molico

desnatado. O tampão foi filtrado. Após, a membrana foi incubada por mais 2 h com o

mesmo tampão contendo o anticorpo primário (policlonal), anti-lipoforina de R. prolixus,

numa diluição de 1:10000. Após esta etapa, a membrana foi lavada exaustivamente em

TBS e incubada por 1 h com o anticorpo secundário (anti-coelho) conjugado com

peroxidase, em uma diluição de 1:2000. A membrana foi então lavada exaustivamente

com PBS e revelada com diaminobenzidina (DAB) e peróxido de hidrogênio.

O anticorpo anti-lipoforina de R.prolixus foi obtido com a Professora Geórgia

Atella do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos do Instituto de Bioquímica

Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

3.9 - Determinação da Densidade da Lipoforina

A fração correspondente a lipoforina foi diluída em 5mL de PBS e aplicadas em

um segundo gradiente usando 5 mL de uma solução de NaCl 0,15 contendo KBr 50%

(p/v). Este material foi ultracentrifugado a 100.000 xg por 16h a 4oC. As frações foram

coletadas a partir do topo do gradiente, em um total de 20 frações de 500 µL cada, e

suas absorbâncias estimadas a 452 nm. Após o fracionamento foi estimado o índice de

refração (IR) da luz em KBr de cada uma das frações usando um refratômetro (Milton

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Roy Company). O equipamento foi calibrado usando água ultra pura (ρ = 1,00 g/ml) e

KBr 50% em PBS (ρ = 1,32 g/ml).

O IR foi convertido em densidade usando a fórmula: ρ = a. x η- b, onde ρ é a

densidade, η equivale ao índice de refração, a corresponde ao valor 6,4786 e b

corresponde ao valor 7,6431 (a e b são constantes que dependem do sal usado para o

estabelecimento do gradiente). O mesmo método foi usado para determinação da

densidade de outras lipoforinas (GONDIM et al., 1989).

3.10 – Extração de Lipídeos da Lipoforina de Larvas de D. saccharalis.

A extração dos lipídeos foi realizada de acordo com BLIGH e DYER (1959). Para

realizar a extração dos lipídeos, foi usada uma alíquota de lipoforina correspondente a

30 µg. A esta alíquota foi adicionada a solução de extração: metanol, clorofórmio e

água (2:1:0,8; v:v:v). O material foi agitado em vórtex durante 2 h, de 5 em 5 min. Em

seguida, o material foi centrifugado a 22.000 xg, por 20 min a temperatura ambiente. O

sobrenadante foi coletado e armazenado a 4oC. Ao precipitado foram adicionados 2 mL

da solução de extração acima, seguido de agitação por mais 1 h em intervalos de 5 min.

O material foi novamente centrifugado, sendo o sobrenadante combinado com o

coletado anteriormente e a estes adicionados 1 mL de clorofórmio e 1 mL de água. Este

material foi rigorosamente agitado em vórtex por 30 segundos e centrifugado a 22.000

xg por 15 min a temperatura ambiente. A fase orgânica (fundo do tubo) foi coletada com

uma seringa de ponta longa. Logo após, foi seca sob atmosfera de nitrogênio. O

material foi transferido para tubos e pesado em uma balança analítica (gravimetria). Em

seguida foi ressuspenso em 60µL de clorofórmio para serem aplicados em placas de

TLC.

3.11 – Identificação dos Lipídeos em Cromatografia de Camada Fina (TLC)

As amostras de lipídeos foram analisadas por cromatografia de camada fina

(TLC) em placas de sílica de dimensões de 20 cm X 20 cm.

Na TLC unidimensional de fosfolipídeos, os solventes usados foram: acetona, metanol, ácido acético, clorofórmio, água (15: 13: 12: 40: 8; v: v: v: v: v) e a corrida foi interrompida quando restaram aproximadamente 4 cm para o final da placa.

Para a TLC bidimensional de fosfolipídeos, os solventes usados foram na

primeira dimensão: clorofórmio, metanol, amônia (hidri-amônia) (130: 60: 15; v: v: v). A

corrida foi interrompida quando restaram aproximadamente 4 cm para o final da placa.

Antes de correr a segunda dimensão, a placa foi mantida em temperatura ambiente por

60 minutos. Na segunda dimensão os solventes usados foram: clorofórmio, metanol,

acetona, ácido acético, água (100: 20: 40: 30: 10; v: v: v: v: v). A corrida foi interrompida

quando restaram aproximadamente 4 cm para o final da placa (YAVIN & ZUTRA, 1977).

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Os lipídeos neutros também foram analisados por TLC usando-se como solvente

hexano, éter etílico e ácido acético (60: 40: 1; v: v: v). A corrida foi interrompida quando

restaram aproximadamente 4 cm para o final da placa (KAWOOYA & LAW, 1988).

Após as cromatografias, as placas de TLC foram incubadas em solução de ácido

fosfórico 10% e sulfato de cobre 8% e posterior aquecimento em estufa a 100oC, ou

coradas com vapores de iodo. As placas de TLC foram imediatamente digitalizadas ou

fotografadas.

Para a determinação da radioatividade associada aos lipídeos, as manchas correspondentes a cada classe de lipídeos foram raspadas da placa de sílica, e logo após os lipídeos foram re-extraídos da sílica. A radioatividade foi estimada por cintilação líquida.

3.13 - Quantificação de Proteínas

A quantidade de proteína das frações e da lipoforina foram estimadas de acordo

com o método de LOWRY et al (1951), com modificações: foi usada uma solução de

SDS (3,3%), substituindo a água e albumina sérica bovina Como padrão.

3.14 - Quantificação de Açúcar

A quantidade açúcar da lipoforina foi estimada de acordo com o método de

Dubois (1956) que usa glicose como padrão.

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4 – RESULTADOS 4.1 – Ultracentrifugação da Hemolinfa de Diatraea saccharalis O passo inicial para isolar a lipoforina presente na hemolinfa de larvas de D.

saccharalis foi a ultracentrifugação em gradiente isopícnico de KBr na presença ou

ausência de “Sudam black”, ou usando hemolinfa metabolicamente marcada com 3H

(hemolinfa-H3). O perfil do gradiente, ao final da ultracentrifugação, é mostra na figura 7,

onde é possível observar duas regiões enriquecidas com um pigmento amarelo. Estas

regiões foram denominadas; A - I – fração de coloração amarela próxima ao topo do

gradiente; A - II – segunda fração amarela próxima ao fundo do gradiente.

Após a adição de “Sudam black” ficou notório que as regiões anteriormente citadas

sofreram a ação deste corante (Fig 1B).

A B

A - I

A - II

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4.2 – Análise das Frações do Gradiente 4.2.1 - Absorbância

A figura 8 mostra o perfil espectrofotométrico da 20 frações do gradiente.

Foram obtidos dois picos de absorção, um na fração 9 e outro na fração 15,

para ambos os comprimentos de onda.

4.2.2 – Densidade e Concentração de Proteínas

Figura 7: Perfil da hemolinfa de D. saccharalis após a ultracentrifugação emgradiente isopícnico de KBr. Ultracentrifugação de 3 mL de hemolinfa de

D.saccharalis em gradiente isopícnico de KBr na presença ou ausência de

“Sudam black”, ou usando hemolinfa metabolicamente marcada com 3H

(hemolinfa-H3). (A) Na ausência de corantes durante a centrifugação; (B) Na

presença de “Sudam Black” durante a centrifugação. O experimento foi realizado

em 3 amostras distintas.

Figura 8: Perfil espectrofotométrico da hemolinfa de larvas de D.saccharalis após a ultracentrifugação isopícnica em gradiente de KBr. O gradiente foi fracionado em vinte partes de 500 µL cada.

Após o fracionamento partiu-se para a análise por espectrofotometria

das mesmas. O experimento foi realizado em 3 amostras distintas.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

ABS 452 nm ABS 605 nm

Frações

AB

S

A-I

A-II

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Como parte da análise, foi estimada a densidade e a concentração de

proteína para cada uma das frações.

Alíquotas de 20 µL, de cada uma das frações do gradiente, foram

analisadas em um refratômetro e obtidos o valor do índice de refração da

luz em KBr. Estes valores foram convertidos às densidades, como descrito

em materiais e métodos. A densidade do gradiente variou de 1,025 g/mL a

1,355 g/mL sendo a densidade da lipoforina 1,122 g/mL (figura 9). A quantidade de proteínas das frações foi estimada pela metodologia de

LOWRY (1951) com descrito em materiais e métodos. A partir da fração de

número 7 foram encontrados valores significativos na concentração de

proteína.

4.2.3 – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida 4.2.3 – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida

A figura 10 mostra as frações do gradiente submetidas à eletroforese em

condições não-desnaturantes em gel de poliacrilamida, variando de 3 – 15%, onde

observamos uma população variada de proteínas para as frações 15 – 17. Na figura 11

observamos o perfil eletroforético das mesmas frações por SDS-PAGE em gradiente de

concentração de 6 – 22%, ambos corados por azul de coomassie. Foram usados 5 µg

de cada uma das frações do gradiente e 1µg de hemolinfa. Como pode ser percebido

na figura 11 a fração 7 a 9 (marcadas) estão enriquecidas com uma proteína que se

Figura 9: Concentração de Proteínas e Densidade das Frações do Gradiente.As frações do gradiente foram analisadas em um refratômetro sendo obtidos os

valores do índice de refração da luz em KBr. Estes valores foram convertidos às

densidades das mesmas. A concentração de proteínas foi pela estimada pela

metodologia de LOWRY (1951). O experimento foi realizado com 6 amostras

distintas.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200123456789

1011121314

Concentraçâo de Proteínas

0.951.001.051.101.151.201.251.301.351.401.45

Densidade

Frações

Con

cent

raçã

o de

Prot

eína

s em

µg

Densidade g/cm

3

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encontra praticamente isolada das outras, a qual acredita-se que apresenta duas

subunidades majoritárias.

Figura 10: Padrão de distribuição de proteínas por eletroforese em gel depoliacrilamida (3 – 15%) em condições não desnaturantes. Foram usados 5

µg de cada uma das frações do gradiente e 1µg de hemolinfa. O corante usado foi

o azul de coomassie. Os números sobre as raias representam as frações do

A-I H 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 11 12 13 14 15 16 17

A-II

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4.2.4 – Radioatividade

Hemolinfa-H3 foi ultrancentrifugada em gradiente isopícnico de KBr, como descrito

anteriormente.

Figura 11: Padrão de distribuição de proteínas por SDS-PAGE (6 – 22% de

poliacrilamida). Foram usados 5 µg de cada uma das frações do gradiente e 1µg

de hemolinfa. O corante usado foi o azul de coomassie. Os números sobre as

raias representam as frações do gradiente, do topo para o fundo do tubo.

H – Hemolinfa total.

H 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 11 12 13 14 15 16 17 A-I A-II

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Foram usados 5 µl de cada fração para estimar a radioatividade associada às

mesmas. É possível observar um pico de radioatividade associado à fração de número

9 (Figura 12).

4.3

- Dot

Blo

t

Foi

veri

fica

do,

por

“do

t blot”, a

reatividade

imunológica

cruzada da

proteína

associada à

fração nove

do gradiente com anticorpo anti-lipoforina de R. prolixus. Sendo possível observar o

reconhecimento do anticorpo a proteína em questão (Firura 13).

Para fins de controle, foi verificada a reatividade da mesma fração ao anticorpo

secundário e não foi detectada uma resposta positiva.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 200

2.5×10 3

5.0×10 3

7.5×10 3

Hemolinfa FraçõesFrações

DPM

/ µl d

e am

ostr

a

A-II

A-I

Figura 12: Radioatividade Associada às Frações do Gradiente. Hemolinfa-H3

foi ultrancentrifugada em gradiente isopícnico de KBr. Após o fracionamento do

gradiente 5 µl de cada fração foram usados para estimar a radioatividade

associada. A-I – fração de cor amarela próxima ao topo do gradiente; A-II – fração

de cor amarela próxima ao fundo do gradiente. O experimento foi realizado com 2

amostras distintas.

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4.4 - Análise da Fração Nove

Para observar o grau de homogeneidade da proteína encontrada na fração 9, uma

alíquota de 50 µg da fração foi submetida à cromatografia de filtração em gel em HPLC

(figura 14A) e 15 µg da mesma fração foi submetida à eletroforese em condições não

desnaturantes e corado com azul de coomassie (figura 14B).

Figura 13: Dot Blot. Após a ultracentrifugação da hemolinfa de larvas de

D.saccharalis em gradiente isopícnico de KBr foi testada a reatividade

imunológica da fração 9 ao anticorpo policonal anti-lipoforina de Rhodnius

prolixus. 1 – Lipoforina de R. prolixus (5 µg). 2 – BSA (15 µg) controle negativo.

3 - Fração 9 do grandiente de KBr (15 µg). 4 – Fração 15 do grandiente de KBr

(15 µg) O experimento foi realizado com 3 amostras distintas.

1 2 3 4

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A figura 14A revela um pico majoritário de absorção a 280 nm e na figura 14B é

possível observar, na raia 2, a presença de uma única banda de proteína.

4.5 – Massa Molecular da Partícula e suas Subunidades

Para estimar a massa molecular da partícula, em sua forma nativa, foi usada a

técnica de gel poro limite, como descrita em material e métodos. Foi possível

estabelecer que a massa da lipoforina de D.saccharalis é de aproximadamente 710

kDa, como pode ser observado na figura 15. Os padrões usados foram; tioglobulina

669 kDa, ferritina 440 kDa, albumina 66 KDa e catalase 232 KDa.

Ainda foi comparado o tempo de retenção da lipoforina de R. prolixus com a

lipoforina de D. saccharalis, em uma cromatografia de filtração em gel. Foi observado

um tempo de retenção muito próximo para ambas as partículas (dado não

demonstrado).

Uma alícota de lipoforina foi submetida a SDS-PAGE para observar o perfil

eletroforético das apolipoproteínas I e II. Foi usado um tampão de amostra contendo

SDS (Dodecil sulfato de sódio) e beta-mercaptoetanol. Um padrão comercial com as

seguintes massas: 250; 160; 50; 35; 25 e 10 kDa. A massa estimada para a apoLp I foi

de 250 kDa e para a apoLp II foi de 90 kDa (Fig 16).

0 1.0×103 2.0×103 3.0×103 4.0×103 5.0×1030

25

50

75

100

Tempo (seg)

AB

S 28

0 nm

*

1 2

B A

Figura 14: Perfil Cromatográfico em Coluna de Gel Filtração da Fração Novedo Gradiente Isopícnico em KBr da Hemolinfa de Larvas de D. saccharalis.

(A) Uma aliquota de 50 µg da fração foi submetida à cromatografia de filtração em

gel em HPLC. (B) Padrão de distribuição de proteínas por eletroforese em gel de

poliacrilamida (3 – 15%) em condições não desnaturantes. 1 – Hemolinfa total

(10 µg). 2 – Fração nove do gradiente isopícnico de KBr (20 µg). O experimento

foi realizado com 3 amostras distintas.

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0.2 0.4 0.6 0.8 1.010

100

1000

Migração (RF)

Log

Mas

sa M

olec

ular

(kD

a) Lf

710 kDa

A

B

FIGURA 15: Massa Molecular da Lipoforina de D. saccharalis. (A) Gráfico mostradando o log da massa molecular pela migração dos padrões

em PAGE de poro limite. (B) Raia mostrando a migração de uma alíquota de 10

µg de lipoforina purificada. Lf - Lipoforina. A seta indica a posição da migração da

lipoforina. O experimento foi realizado com 3 amostras distintas.

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4.6 – Composição da Lipoforina

A composição química da lipoforina de D. saccharalis foi analisada levando-se

em consideração a porção protéica, lipídica e glicídica da partícula. As massas das três

classes de macromoléculas citadas acima foram determinadas como descrito em

material e métodos. Verificou-se que a lipoforina de D. saccharalis é constituída por

aproximadamente 46% de proteína, 49% de lipídio e 5% de açúcar.

4.7 – Identificação dos Fosfolipídios

FIGURA 16: Massa Molecular das Subunidades da Lipoforina de D.

saccharalis. (A) Gráfico mostradando o log da massa molecular pela migração

dos padrões em SDS - PAGE. (B) Raia mostrando a migração das subunidades

de lipoforina purificada, alíquota de 10 µg. Lf - Lipoforina. A seta indica a posição

da migração das subunidades da lipoforina. O experimento foi realizado com 3

amostras distintas.

0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.710

100

1000

Migração (RF)

Log

Mas

sa M

olec

ular

(kD

a)

Lf

250

90

kDa

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Feita a extração dos lipídios da lipoforina, a próxima etapa foi à análise da

composição dos mesmos. Os lipídios presentes na lipoforina de larvas de D. saccharalis

foram analisados por cromatografia de camada fina (TLC), unidimensional e

bidimensional para os fosfolipídios e unidimensional para lipídios neutros. A quantidade

de lipídios usada em cada uma das TLCs, foi o correspondente a 100 µg de proteína.

Os fosfolipídios identificados na TLC unidimensional foram: fosfatidilinositol,

fosfatidilserina, lisofofatidilcolina, fosfatidiletanolamina e fosfatidilcolina (Dado não

mostrado).

Os fosfolipídeos identificados na TLC bidimensional foram: esfingomielina,

fosfatidilinositol, fosfatidiletanolamina e fosfatidilcolina (Figura 17). Percebemos a

presença de algumas moléculas não identificadas de acordo com os padrões

conhecidos.

1a D

NI*

2a D

Figura 17: TLC bidimensional para fosfolipídios. Os lipídeos extraídos da

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4.8 - Identificação dos Lipídios Neutros

Na cromatografia de camada fina para lipídeos neutros, podemos constatar a presença de monoacilglicerol, triacilglicerol, 1,2-diacilglicerol, 1,3-diacilglicerol e colesterol esterificado (Figura 18). Constatamos a presença de algumas moléculas não identificadas de acordo com os padrões conhecidos.

Figura 18: TLC unidimensional para lipídios neutros Os lipídios neutros foram

analisados por TLC em placa de sílica de 8 X 20 cm. Os solventes usados foram:

hexano, éter etílico e ácido acético (60: 40: 1; V: V: V). Ds – Lipídios extraídos da

lipoforina de D.saccharalis; AG - Acilglicerol; MG – Monoacilglicerol; TAG –

Triacilglicerol; CH – Colesterol Esterificado; NI – Não identificado.

1,2-DG

1,3-DG

CHTG

N

DsTGAG DG CH

NI

AG

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Para estimar a quantidade de lipídeos neutros encontrados na lipoforina de D. saccharalis foi usado uma alíquota da lipoforina-H3 (Lf- H3) purificada (Figura 19). Os lipídeos foram retirados da sílica como descrito em materiais e métodos. Foi observado que a maior parte da radioatividade associada a lipoforina estava na forma de DAG e uma pequena parte permaneceu na origem da placa de sílica.

4.9 – Quantificação de Lipídeos Totais na Hemolinfa e Corpo Gorduroso de larvas de Diatraea saccharalis

A quantidade de lipídeos presente na hemolinfa e no corpo gorduroso foi

estimada por pesagem (Figura 20). A hemolinfa apresentou uma média de 21,85 µg/µl

de lipídeos, já o corpo gorduroso apresentou 69 µg de lipídeos por larva.

OR CE CO AG DG TG0

2.5×104

5.0×104

7.5×104

1.0×105

DPM

Figura 19: Quantidade de Lipídeos Neutros Associados a Lipoforina de D.

saccharalis. Feita uma TLC usando os lipídeos extraídos da lipoforina-H3 a

próxima etapa foi re-extrair a mancha correspondente a cada uma da classe de

lipídeos e estimar a radioatividade associa por cintilação líquida. CE – Colesterol

Esterificado; OR – Origem; CO – Colesterol; AG – Acilglicerol; DAG –

Diacilglicerol; TAG – Triacilglicerol. O experimento foi realizado com 2 amostras

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Figura 20: Quantidade de Lipídeos na Hemolinfa e Corpo Gorduroso deLarvas de D. saccharalis. Os lipídeos foram extraídos dos tecidos usando

metanol, clorofórmio e água (2:1:0,8; V:V:V), logo após foram quantificados por

gravimetria. O experimento foi realizado três vezes; sendo usadas nove larvas por

experimento.

Hemolinfa Corpo Gorduroso0

25

50

75

0

25

50

75µ

g/La

rva µ g/Larva

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4.10 – Transporte de Lipídeos Neutros na Hemolinfa de Larvas de Diatraea

saccharalis

Para avaliar a capacidade de transporte de lipídeos neutros lipoforina de D. saccharalis, larvas

foram alimentadas artificialmente com 3H-palmitato, como descrito em materiais e métodos.

Uma alíquota de 5 µl da hemolinfa coletada foi usada para estimar a radioatividade associada

(Figura 21), sendo o restante imediatamente congelado e mantido em nitrogênio líquido. É

possível observar um pico de radioatividade seis horas após a alimentação dos insetos com 3H-

palmitato (Figura 21).

Posteriormente, com o material congelado foi realizada uma TLC. Os lipídeos neutros foram identificados, raspados e extraídos da placa de sílica. A radioatividade associada ao monoacilglicerol, diacilglicerol e triacilglicerol foi estimada (Figura 22).

0 6 12 18 24 30 36 42 480

5.0×104

1.0×105

1.5×105

2.0×105

2.5×105

3.0×105

3.5×105

Tempo (H)

DPM

/ µl d

e H

emol

infa

Figura 21: Transporte de Lipídeos Neutros na Hemolinfa de Larvas de Diatraea

saccharalis. larvas de D. saccharalis foram alimentadas artificialmente com 3H-

palmitato. A hemolinfa destes insetos foi coletada em diferentes tempos. Uma alíquota

de 5 µl da hemolinfa coletada foi usado para estimar a radioatividade associada em

cintilação líquida O experimento foi realizado três vezes; sendo usadas 4 larvas por

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A maior parte da radioatividade está associada ao diacilglicerol, sendo o tempo de seis horas o máximo alcançado por este grupo de lipídeos (Figura 22).

4.11 – Acúmulo de Lipídeos Neutros no Corpo Gorduroso de Larvas de Diatraea

saccharalis

0 6 12 18 24 30 36 42 480

5.0×102

1.0×103

1.5×103

AG DG TG

Tempo (H)

DPM

Figura 22: A radioatividade associada ao monoacilglicerol, diacilglicerol etriacilglicerol presentes na Hemolinfa de Larvas de D. saccharalis. Foi

realizada uma TLC com a amostra da hemolinfa retirada dos insetos alimentados

com 3H-palmitato. Em seguida, os lipídeos neutros foram identificados, raspados

e extraídos da placa de sílica. AG – Acilglicerol; DAG – Diacilglicerol; TAG –

Triacilglicerol. O experimento foi realizado duas vezes; sendo usadas 4 amostras

distintas por ponto do gráfico.

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Larvas de D. saccharalis foram alimentadas artificialmente com 3H-palmitato para

verificar a deposição de radioatividade no corpo gorduroso. As larvas foram divididas

em seis grupos de quatro insetos cada um. O corpo gorduroso destes insetos foi

extraído, como descrito em materiais e métodos, e mantidos em gelo. A radioatividade

de cada um dos grupos foi estimada. Na figura 23, notamos que já é registrada uma

certa estabilidade na curva dosagem da radioatividade associada a lipídeos neutros no

corpo gorduroso destes insetos.

4.12 – Acúmulo de Lipídeos Neutros no Ovário dos Insetos Adultos

0 6 12 18 24 30 36 42 480

5.0×103

1.0×104

1.5×104

2.0×104

Tempo (h)

DPM

/ Lar

va

Figura 23: Acúmulo de Lipídeos Neutros no Corpo Gorduroso de Larvas deDiatraea saccharalis. Larvas de D. saccharalis foram alimentadas

artificialmente com 3H-palmitato, logo após a deposição de radioatividade no

corpo gorduroso foi estimada. O corpo gorduroso destes insetos foi extraídoe

mantidos no gelo. O experimento foi realizado duas vezes; sendo quatro amostras

distintas por ponto do gráfico.

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Um grupo de larvas de D. saccharalis foi alimentado artificialmente com 3H-

palmitato e seu desenvolvimento foi acompanhado até a fase adulta. As fêmeas tiveram

a hemolinfa e os ovários coletados, como descrito em materiais e métodos. Na figura 24

podemos observar uma alta dosagem de radioatividade no ovário e uma baixa dosagem

na hemolinfa.

Figura 24: A radioatividade associada a Hemolinfa e Ovário de D.

saccharalis. Os tecidos foram coletados e tiveram a radioatividade associada

estimada por cintilação líquida. O experimento foi realizado duas vezes; sendo

usado 6 larvas para cada experimento.

Hemolinfa Ovário0

1.0×104

2.0×104

3.0×104

DPM

/ µg

de p

rote

ína

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5 – Discussão

A cultura de cana-de-açúcar é de grande importância econômica e social para o

Brasil. Para a safra de 2004/2005 a área colhida totalizou 4.765.000 de hectares,

distribuídos por vários estados do país. O destino da produção da cana é o setor sucro-

alcooleiro, onde 60% da produção tem como destinado a fabricação de álcool e 40% à

fabricação de açúcar, gerando cerca de um milhão e trezentos mil empregos diretos e

três milhões indiretos (Fonte: UNICA - União da Agroindústria Canavieira de São

Paulo). As larvas de D. saccharalis se alimentam do colmo da cana-de-açúcar, onde

abrem galerias que deixam a planta frágil aos ventos, o que pode levar ao tombamento

deste vegetal. Além disso, outros prejuízos indiretos são causados pelas larvas, uma

vez que através dos orifícios e galerias penetram fungos, como Colletotrichum falcatum,

o qual é o agente causador da podridão vermelha do colmo, podendo abranger toda a

região compreendida entre as diversas galerias (NÍVIA,1997).

Além da importância econômica, a D. saccharalis apresenta um volume

considerável de hemolinfa e fácil manuseio o que torna, este inseto, um excelente

modelo de experimental.

A hemolinfa de D. saccharalis apresenta uma coloração amarela intensa. Essa

característica não é exclusividade desta espécie. O bicho da seda (Bombyx mori), por

exemplo, também apresenta a hemolinfa nesta cor devido à presença de carotenóides

(TSUCHIDA, 1998). Com a capacidade de conferir cor à carcaça dos insetos, os

carotenóides encontrados na hemolinfa são retirados da dieta (CANAVOSO et al.,

2001). A cor de um inseto está diretamente relacionada com sua sobrevivência, pois

possibilita a camuflagem; e também atua na reprodução como um atrativo sexual

(EDMUNDS, 1974). Em D. saccharalis a presença de carotenos na hemolinfa,

possivelmente, está relacionada a sua cor amarelo-palha (Figura 1B e 1D).

A hemolinfa dos insetos contém uma lipoproteína majoritária denominada

lipoforina (CHINO et al., 1969), mesmo em insetos com uma alimentação pobre em

lipídeos, como ocorre em mosquitos adultos que se alimentam de açúcar. Nestes

animais o glicogênio é sintetizado por 6 a 8 horas depois da alimentação. Após este

período há uma troca de síntese de glicogênio para síntese de lipídeos, sendo possível

a estes insetos acumularem mais lipídeos que glicogênio (VAN HANDEL, 1984). A

síntese de lipídeos é controlada pelo sistema neurossecretório destes insetos (VAN

HANDEL, 1984). Da mesma forma, a D. saccharalis, que se alimenta exclusivamente

de cana de açúcar apresenta a mesma proteína majoritária com características

semelhantes àquelas descritas para outras espécies.

O conteúdo lipídico diferenciado de uma lipoproteína permite a separação desta

partícula quando submetida à ultracentrifugação em gradiente de KBr (CHINO et al

1981). Para purificar a lipoforina de D. saccharalis uma alíquota de sua hemolinfa foi

ultracentrifugada na ausência (figura 7A) ou presença de “Sudan Black” (figura 7A). Na

Page 54: PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DA LIPOFORINA E SEU … · Os insetos apresentam um sistema circulatório totalmente aberto, onde a hemolinfa corre livremente no interior da cavidade

figura 7A observamos duas regiões distintas de intensa cor amarela, que foram

identificadas em A-I (região próxima ao topo do gradiente) e A-II (região próxima ao

fundo do gradiente). A cor amarela observada em A-I e A-II, provavelmente deriva de

carotenóides. Como descrito para M. sexta (VAN DER HORST et al, 1993) e B. mori

(TSUCHIDA, 1998) carotenóides estão associados a lipoforina, logo a próxima etapa é

identificar qual região contém a lipoforina de D.saccharalis.

Na figura 7B, observamos a marcação com “Sudam Black” em A-I e A-II. Esta

metodologia não discriminou as duas bandas protéicas, mostrando pouca eficiência na

identificação da lipoforina. Entretanto, é possível a existência de duas populações de

lipoforina na hemolinfa de D. saccharalis.

A análise do perfil do gradiente por espectrofotometria confirma a presença das

regiões anteriormente citadas, onde observamos dois picos de absorbância distintos

denominados A-I (fração 9) e A-II (fração 15) para os comprimentos de onda 452 e 605

nm (Figura 8). Este perfil de absorção é semelhante ao encontrado em Bombyx mori,

cuja lipoforina apresenta carotenóides (TSUCHIDA, 1998), indicando a presença destes

também na lipoforina de D. saccharalis.

A lipoforina pode existir em várias formas com respeito a sua densidade: LDLp

[lipoforina de baixa densidade], HDLp [lipoforina de alta densidade], (BLACKLOCK e

RYAN, 1994; RYAN e VAN DER HORST, 2000) ou VHDLp [lipoforina de densidade

muito alta] (BEENAKKERS et al., 1988). Esta variação é atribuída às diferenças no

tamanho e no conteúdo de lipídeos da partícula. A figura 9, revela uma densidade de

1,122 g/mL para a fração A-I, sendo esta densidade semelhante à HDLp (BLACKLOCK

e RYAN, 1994; RYAN e VAN DER HORST, 2000) e àquela encontrada para lipoforinas

de Periplaneta americana (CHINO et al., 1981b ), Locusta migratória (CHINO &

KITASAWA., 1981c.) e Aedes aegypti (FORD & VAN HEUSDEN., 1994.). A fração A-II

apresentou uma densidade de 1,294 g/mL, compatível com a densidade descrita para

LTP – “Lipid Transfer Particle” em outros insetos (TSUCHIDA, 1997).

As frações do gradiente foram submetidas à eletroforese em gel de poliacrilamida

em condições não-desnaturantes (Figura 10) e desnaturantes/redutoras (Figura 11). As

figuras revelam um perfil protéico diferenciado para A-I e A-II. Um bom indicativo da

presença de lipoforina em A-I foi a observação de duas subunidades majoritárias,

associadas à proteína de baixa densidade encontrada nesta região (Figura 11). Como

descrito para outras espécies a lipoforina é constituída por duas apoproteínas, apoLp I,

apoLp II. (CHINO, et al. 1981a; CHINO e KITASAWA, 1981; WELLS et al., 1985).

Com um perfil eletroforético (SDS-PAGE) bastante diferente de A-I, a segunda

região amarela (A-II) revelou a presença de várias bandas proteicas (Figuras 10 e 11).

Estas podem ser subunidades de uma lipoproteína de alta densidade contendo

carotenóides associados, ou várias proteínas com essa mesma característica. Nesta

região observamos a existência de uma elevada concentração de proteínas com faixa

de peso molecular muito próxima aquela encontrada para a arilforina. Arilforina são

proteínas sintetizadas no corpo gorduroso dos insetos e secretadas para hemolinfa.

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Normalmente, encontrada na forma hexamérica com subunidades em torno de 80 kDa

que apresentam carotenóides em algumas espécies (RYAN, 1985; TELFER,1983). Tal

proteína tem a função de reserva de aminoácidos, os quais são necessários para o

desenvolvimento do inseto adulto (KANOST et al., 1990).

Para identificar qual das frações (AI ou AII) era aresponsável pelo transporte de

lipídeos, os animais foram alimentados com H3- palmitato. A hemolinfa-H3 foi coletada e

submetida a ultracentrifugação em gradiente isopícnico de KBr. A radiotividade

associada ao ácido graxo foi encontrada principalmente na fração AI, confirmando que

este deve ser o pico de lipoforina deste inseto (figura 12).

A presença de lipoforina em A-I foi confirmada por “dot blot”, que usou um

anticorpo policlonal primário anti-lipoforina obtida a partir da lipoproteína de R. prolixus.

A fração AI da hemolinfa de D. saccharalis mostrou uma boa reatividade ao anticorpo

de lipoforina de R.prolixus (Figura 13).

Assim como para outras espécies (CHINO, et al. 1981a; CHINO & KITASAWA,

1981; WELLS et al., 1985) a ultracentrifugação em gradiente de KBr provou ser um

método bastante eficiente no isolamento da lipoforina da hemolinfa de larvas de D.

saccharalis, sendo possível obtê-la homogênea em uma única etapa. Uma análise por

cromatografia de filtração em gel revelou a presença de um pequeno contaminate e/ou

degradação (Figura 14A) a qual não é observada em eletroforese não-desnaturante

(Figura 14B). É possível que o coquetel de inibidores de proteases utilizado no

processo de purificação da lipoforina não tenha sido suficiente para evitar a ação de

alguma classe de proteases.

A massa molecular da lipoforina em sua forma nativa, foi estimada em torno de

710 kDa, de acordo com o procedimento de eletroforese em gel de poliacrilamida poro

limite (Figura 15). Assim como descrito para Locusta migratoria e Manduca sexta

(CHINO & KITASAWA, 1981; PATTNAIK et al., 1979), a lipoforina de D.saccharalis é

uma lipoproteína de alto peso molecular.

A análise de A-I em SDS-PAGE revelou duas subunidades de lipoforina. Essas

apolipoproteínas apresentaram massa molecular de 250, 90 kDa (Figura 16). Em R.

prolixus, a lipoforina é constituída de três apoproteínas, apoLp I, II, III, as quais

apresentam massa molecular de 226, 86, 16, kDa respectivamente (GONDIM et al.

1989). O papel da apoLp III não é totalmente conhecido, porém, a presença desta

apolipoproteína é relatada apenas para insetos adultos, onde elas parecem atuar

durante o vôo, provavelmente na estabilização da partícula (KAWOOYA et al., 1984;

WELLS et al., 1985; HAUNERLAND & BOWERS, 1986). No caso de D. saccharalis não

foi possível detectar a presença da terceira subunidade, a apoLp III, pois em nossos

experimentos foram utilizados apenas insetos na idade de larva. Ainda analisando as

amostras por SDS-PAGE, observamos com freqüência a presença de uma banda

próxima a 50 kDa, tanto para a lipoforina de D. saccharalis quanto para a lipoforina de

R. prolixus (dado não mostrado). Esta banda provavelmente corresponde a um produto

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de degradação das partículas, visto que em R. prolixus não foi descrito a presença de

uma apoLp com esta massa molecular(GONDIN et al., 1989).

Em geral, a lipoforina apresenta 30 - 50% de seu peso de lipídios e apenas uma

pequena quantidade de açúcar. Para a lipoforina de R. prolixus, por exemplo, 51.7% de

sua massa são proteínas, 47.6% são lipídios e apenas 0.7% açúcares (GONDIM et al.

1989). A lipoforina purificada de larvas de D. saccharalis apresentou composição de

proteínas correspondendo a 46% da massa total da partícula, enquanto a fração de

lipídios corresponde a 49%, dados estes muito similares aos descritos para outras

espécies de insetos. Por outro lado a lipoforina de D. saccharalis apresenta um elevado

conteúdo de açúcar (5%) em relação às outras espécies.

Como mencionado anteriormente, a lipoforina é um excelente veículo de

transporte das seguintes moléculas: diacilglicerol (CHINO et al., 1969; CHINO &

KITASAWA, 1981), fosfolipídeos, colesterol, hidrocarbonetos e ácidos graxos livres

(CHINO et al., 1969; CHINO & GILBERT, 1971; GONDIM et al., 1989; SOULAGES &

WELLS, 1994; ATELLA et al., 2000). A composição de fosfolipídios e lipídios neutros da

lipoforina de D. saccharalis foi revelada por cromatografia em camada fina (TLC). Os

fosfolipídios foram identificados por TLC (uni e bidimensional). Por esta metodologia foi

possível detectar a presença de fosfatidiletanolamina, fosfatidilcolina, fosfatidilserina,

fosfatidilinositol, lisofofatidilcolina e esfingomielina (Figura 17).

A TLC unidimensional para identificar lipídios neutros revelou a presença de

colesterol esterificado, triacilglicerol, 1,3 – Diacilglicerol e 1,2 – Diacilglicerol. A

composição lipídica (Figura 18), apresentada pelas TLCs, deixou bem claro que a

lipoforina de D.saccharalis é constituída pelas mesmas classes de lipídios que as

lipoforinas de outras ordens de insetos (CHINO et al, 1981).

Nos insetos os lipídeos assimilados da dieta pelo intestino são transportados

para outros tecidos através da lipoforina presente na hemolinfa (CANAVOSO et al.,

2001). A digestão de lipídeos provenientes da dieta ocorre no intestino médio, onde o

triacilglicerol (TAG), principal componente lipídico da dieta, é hidrolisado em ácidos

graxos livres e monoacilglicerol pela ação da TAG lipase (WEINTRAB & TIETZ, 1973;

WEINTRAB & TIETZ, 1978; TSUCHIDA & WELLS, 1988; HOFFMAN & DOWNER,

1979; ARRESE & WELLS., 1997; ARRESE et al., 2001). Os ácidos graxos e

monoacilgliceróis são absorvidos pelos enterócitos e convertidos em DAG, TAG e

fosfolipídeos. O DAG pode ser convertido em TAG, o que serve como reserva de ácidos

graxos ou o DAG pode ser secretado para hemolinfa associado a lipoforina

(CANAVOSO & WELLS, 2000). Em nossos experimentos constatamos que a maior

parte da radioatividade presente na hemolinfa de laravas de D. saccharalis estava na

forma de DAG – H3 (Figura 19) associado a lipoforina (Figura 18). Sendo assim, foi

possível usar o DAG – H3 como um marcador para lipoforina.

Na figura 20, usando hemolinfa e corpo gorduroso de insetos não alimentados

com palmitato-H3 encontramos uma quantidade significativa de lipídeos circulando na

hemolinfa de larvas de broca da cana-de-açúcar quando comparada àquela encontrada

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no corpo gorduroso. Essa quantidade de lipídeos encontrados na hemolinfa destes

insetos deve-se ao fato deles alimentarem-se continuamente (HOLLOWAY et al. 1928).

Para avaliar a capacidade de transporte de lipídeos pela lipoforina, larvas de

D.saccharalis foram alimentadas com 3H-palmitato. Seis horas após a alimentação

constatamos um pico de radioatividade na hemolinfa (Figura 21). A radioatividade

absorvida pelo intestino destes insetos é rapidamente liberada para hemolinfa, na forma

de DAG – H3 associado a lipoforina (Figura 22). Sendo assim, fica constatada a função

de transporte de lipídeos da lipoproteína purificada da hemolinfa de D. saccharalis.

No intestino dos insetos, os ácidos graxos e monoacilgliceróis são absorvidos

pelos enterócitos e convertidos em DAG, TAG e fosfolipídeos. O DAG pode ser

convertido em TAG (reserva de ácidos graxos) ou o DAG pode ser secretado para

hemolinfa via lipoforina (CANAVOSO & WELLS, 2000; CANAVOSO et al., 2001). A

figuras 22 mostra que a radioatividade do H3-palmitato ingerido pelas larvas de

D.saccharalis pode ser encontrada principalmente na forma de DAG, confirmando a

presença de lipoforina na hemolinfa destes insetos.

Nas figuras 21 e 22, no tempo de 24 horas após a alimentação com 3H-palmitato

observamos um substancial queda da radioatividade na hemolinfa. Como mencionado

na introdução, a lipoforina abastece com lipídeos no intestino, percorre a hemolinfa até

atingir o corpo gorduroso onde os componentes lipídicos são armazenados (Figura 4)

(CANAVOSO et al., 2001). O acúmulo de radioatividade no corpo gorduroso de larvas

da D. saccharalis foi acompanhado e pode ser observado na figura 23. A observação

das figuras 21 e 23 deixa evidente que a radioatividade ingerida pelas larvas e

detectada na hemolinfa está sendo armazenada no corpo gorduroso destes insetos.

Em lepidópteras, a maior parte da energia que será usada para a manutenção da

vida e reprodução no estágio adulto, é acumulada durante a fase larval, já que estes

animais não se alimentam quando adultos. Em comparação com as larvas, observamos

que fêmeas adultas de D.saccharalis apresentam uma quantidade bastante reduzida de

corpo gorduroso e hemolinfa. Porém, a maior parte da cavidade abdominal do inseto é

ocupada pelos ovários. Durante esse processo de crescimento dos ovos, os lipídeos

são fornecidos pela lipoforina a partir de lipídeos estocados no corpo gorduroso na fase

larval. Isso pode ser confirmado pela observação da transferência da radioatividade

associada a DAG e fornecida aos animais ainda como larvas, para o ovário de fêmeas

adultas (Figura 24). Esse resultado mostra o papel do corpo gorduroso como tecido de

estoque de lipídeos e a ação da lipoforina como distribuidora do estoque nos momentos

de baixa disponibilidade via alimentação.

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6 – Conclusões

• A ultracentrifugação em gradiente isopícnico de KBr foi eficiente para isolar a

lipoforina de larvas D.saccharalis;

• A lipoforina de D.saccharalis apresentou uma densidade igual a 1,122 g/mL e

massa molecular de 710 kDa.

• Foram identificadas duas subunidades para alipoforina; apolipoforinas, apoLp I e

apoLp II, com massas moleculares de 250 kDa e 90 kDa, respectivamente;

• A massa de proteínas corresponde a 46% da partícula. Os lipídeos somam 49%

da massa total e os carboidratos correspondem a 5% da massa de proteína.

• Os fosfolipídeos identificados na lipoforina de D.saccharalis foram:

fosfatidiletanolamina, fosfatidilcolina, fosfatidilserina, fosfatidilinositol,

lisofosfatidilcolina e esfingomielina;

• Os lipídeos neutros: colesterol esterificado, triacilglicerol, 1,3 – Diacilglicerol e 1,2

– Diacilglicerol;

• Foi encontrada a quantidade de 25 µg/larva de lipídeo para a hemolinfa de D.

saccharalis e 75 µg/ larva de lipídeo para o Corpo gorduroso;

• Nas primeiras seis horas após a alimentação de larvas com 3H-palmitato, os

lipídeos atingem a hemolinfa de D. saccharalis, principalmente na forma de DAG;

• Os lipídeos transportados pela lipoforina de D. saccharalis são acumulados no

corpo gorduroso e, provavelmente, serão utilizados na fase adulta do inseto nos

processos de ovogênese.

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